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01 (2018) 155-172
Journal of Environmental
Analysis and Progress
Journal homepage: www.jeap.ufrpe.br/
ISSN: 2525-815X 10.24221/jeap.3.1.2018.1709.155-172
RESUMO
Os estudos hidrológicos em bacias hidrográficas partem da necessidade de se
entender o funcionamento do balanço hídrico e os processos que controlam o
movimento da água, assim como os impactos das mudanças do uso do solo sobre a
quantidade e qualidade da água. Pesquisas relacionadas ao entendimento dos
processos hidrológicos por meio da utilização de modelos de predição chuva-vazão
são de grande importância para a gestão e planejamento dos recursos hídricos. Nessa
perspectiva, o objetivo desse estudo foi realizar e analisar a modelagem hidrológica
por meio do modelo SWAT na Bacia Hidrográfica do Rio Pirapama-PE, buscando
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bacia, que em geral, em uma bacia experimental, satisfatórios (Srinivasan et al., 2009; Al-Dousari et
levaria muito tempo e pessoas capacitadas para al., 2010; Arnold et al., 2012; Santos et al., 2013;
analisar os fenômenos hidrológicos (Nóbrega et al., Pagliero et al., 2014; Sousa et al., 2015; Bressiani
2008). Para avaliar os processos hidrológicos que et al., 2015).
ocorrem dentro da bacia é necessário monitora-los Nessa perspectiva, o objetivo do estudo foi
no tempo e no espaço, por meio de estações realizar e analisar a modelagem hidrológica por
pluviométricas, fluviométricas, meteorológicas e meio do modelo SWAT na Bacia Hidrográfica do
sedimentológicas instaladas em diferentes locais na Rio Pirapama-PE, buscando resultados
bacia hidrográfica. Porém, esse monitoramento, relacionados aos processos hidrológicos, visto a
muitas vezes torna-se inviável pelo seu alto custo, necessidade de gerar informações que possam
e nem sempre abrange todas as partes da bacia. subsidiar a gestão dos recursos hídricos dessa
Por essa razão, muitos modelos bacia, considerada de grande importância para a
hidrológicos têm sido desenvolvidos desde bases região metropolitana do Recife.
conceituais mais simples até mais complexas com
o desenvolvimento da computação e inserção dos Material e Métodos
SIGs, que originou os modelos distribuídos de base Área de estudo
física. Esses modelos conseguem simular os O estudo foi desenvolvido na Bacia do Rio
processos hidrológicos de forma distribuída na Pirapama, situada na porção centro-sul da Região
bacia hidrográfica, permitindo estimar, com certa Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata
confiabilidade, a produção de água e sedimentos, Pernambucana, mais precisamente entre as
como, por exemplo, o Soil and Water Assessment latitudes 8º 07’29” e 8º 21’00” S e longitudes 34º
Tool (SWAT) (Colombo et al., 2016). 56’20” e 35º 23’ 13” W. Essa bacia possui uma área
O SWAT permite representar distintos de aproximadamente 600 km² com extensão de 80
processos físicos em uma bacia hidrográfica como, km, cuja nascente localiza-se no município de
a evapotranspiração, infiltração, escoamento de Pombos, no Agreste de Pernambuco, a 450 m de
água, entre outros, com o objetivo de analisar os altitude. Sua desembocadura localiza-se no rio
impactos gerados por alterações no uso do solo Jaboatão, entre os municípios de Cabo de Santo
sobre o escoamento (superficial e subterrâneo), Agostinho e Jaboatão dos Guararapes, considerado
produção de sedimentos e também qualidade de ponto estratégico para o abastecimento da RMR
água, de forma espacializada em bacias (CPRH, 1998). Conforme o Plano Estadual de
hidrográficas grandes e complexas, não Recursos Hídricos (SECTMA, 1998), a bacia
instrumentadas (Neitsch et al., 2011). Esse modelo hidrográfica do Rio Pirapama compõe a Unidade
se destaca pela sua robustez, capacidade de análise de Planejamento Hídrica, denominada UP15, do
e correlação que obtém entre elementos físicos de grupo de bacia GL2, grupo de Pequenas Bacias
uma bacia hidrográfica. Pesquisadores do mundo Litorâneas (Figura 1).
todo têm aplicado esse modelo com resultados
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Figura 2. Modelo Digital de Elevação (MDE) utilizado para delimitação automatizada da Bacia do Rio
Pirapama. Fonte: USGS (2016).
Mapa de uso e ocupação do solo e tipos de solo ocupação do solo para aplicação no SWAT (Figura
O mapa de uso e ocupação do solo 3). Entretanto, por causa da má qualidade da
utilizado neste estudo foi elaborado a partir de duas imagem gerada por esta composição, não foi
imagens de satélite do Landsat 5, com resolução possível obter um nível maior de detalhe quanto à
espacial de 30 m (sensor TM; órbita 214; ponto classificação do uso e ocupação do solo da Bacia
066), obtidas junto ao Instituto Nacional de do Rio Pirapama.
Pesquisas Espaciais (INPE). As imagens No processo de classificação do uso e
correspondem ao dia 06 de julho de 2005 e 28 de ocupação do solo da Bacia, definiu-se as classes de
julho de 2007, sendo as únicas que apresentaram usos do solo de maior evidência na região,
menor quantidade de nuvens na região. Por não utilizando a classificação supervisionada do
haver imagem sem a presença de nuvens na área de software Arcgis 10.2®, onde determinou-se seis
estudo e não haver classificação do uso do solo classes de uso e ocupação do solo, sendo elas: água,
espacializada em bibliografias referentes à área da área urbana, solo exposto, vegetação densa,
bacia fez-se necessário a montagem de uma vegetação rasteira e cana-de-açúcar. Depois de
imagem de satélite sem a presença de nuvens, por concluído o processo de classificação e a
meio do recorte das áreas onde não havia nuvens composição do mapa, os usos do solo existentes na
nas duas imagens do Landsat 5 – TM utilizadas. bacia foram associados aos usos do solo
Após o recorte das áreas sem nuvens nas correspondentes ao banco de dados do modelo
imagens de 2005 e 2007, aplicou-se o mosaico em SWAT após a introdução desse plano de
um ponto comum entre as duas imagens. Dessa informação no ArcSWAT. A Tabela 1 apresenta a
forma, transformou-se duas imagens de períodos associação dos usos do solo presentes na bacia com
distintos em uma única imagem de satélite, os usos do banco de dados do modelo SWAT.
tornando possível a confecção do mapa de uso e
Tabela 1. Associação dos usos do solo do SWAT com os usos presentes na Bacia do Rio Pirapama.
Uso e ocupação do solo Usos do solo no SWAT Área (km²) Área (%)
Água Water (WATR) 7,86 1,31
Cana-de-açúcar Sugarcane (SUGC) 277,19 46,20
Vegetação rasteira Pasture (PAST) 173,03 28,83
Solo Exposto Barren (BARR) 67,61 11,27
Área urbana Urban (URBN) 10,62 1,77
Vegetação densa Forest-Mixed (FRST) 63,61 10,60
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O Swat requer uma série de dados das (SOL_SAND - %), cascalho (SOL_ROCK - %) e
características físico-hídricas dos solos para poder carbono orgânico (SOL_CBN - %), densidade
realizar as simulações hidrológicas. Os parâmetros aparente (SOL_BD – g.cm-3), água disponível no
de solo necessários à simulação são os grupos solo (SOL_AWC – mm.mm-1), condutividade
hidrológicos ao qual o solo pertence (HYDGRP), hidráulica saturada (SOL_K – mm.h-1),
profundidade da camada (SOL_Z - mm) e da raiz erodibilidade (USLE_K) e albedo (SOL_ALB -
(SOL_ZMX – mm.h-1), percentagem de argila fração) (Neitsch et al., 2005).
(SOL_CLAY- %), silte (SOL_SILT - %), areia
Figura 4. Tipos de solo da Bacia do Rio Pirapama. Fonte: Adaptado de Embrapa - ZAPE (2002).
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Tabela 2. Área ocupada por cada tipo de solo presente na Bacia do Rio Pirapama.
Tipos de Solo Área (km²) Área (%)
Água 8,03 1,34
Neossolo Quartzarênico 3,28 0,55
Gleissolo 153,42 25,57
Espodossolo 1,86 0,31
Latossolo Amarelo 118,50 19,75
Argissolo 307,42 51,23
Solos de Mangue 7,10 1,18
Área Urbana 0,39 0,07
Tabela 3. Características dos postos pluviométricos, fluviométrico e das estações meteorológicas utilizados
no estudo. *NCEP = National Centers for Environmental Prediction.
Código Nome Tipo Responsável Latitude Longitude
39220000 Destilaria Bom Jesus Fluviométrica ANA -8,15 -35,04
83350 Globais Meteorológica NCEP* -8,27 -35,00
83353 Globais Meteorológica NCEP* -8,27 -35,31
82900 Recife-Curado Meteorológica INMET -8,05 -34,95
835138 Pirapama Pluviométrica ANA -8,16 -35,03
835068 Vitória de Sto. Antão Pluviométrica ANA -8,64 -35,17
835137 Pombos Pluviométrica ANA -8,08 -35,23
A comparação sem a calibração norteia os teórico de entrada de dados, publicado por Arnold
primeiros resultados simulados pelo SWAT com as et al. (2012). Os dados foram devidamente
informações adquiridas no momento. O posto organizados em formatos de tabela requeridos pelo
fluviométrico utilizado para este estudo foi SWAT. Para o preenchimento automático de falhas
escolhido por apresentar dados observados de o SWAT utiliza o gerador climático WXGEN
vazão com um período relevante para a pesquisa, e (Sharpley & Williams, 1990), que tem como
que não apresenta falhas no período adotado, uma referência os dados mensais de estações climáticas.
vez que nas datas anteriores ao período selecionado A Figura 5 apresenta a espacialização das
há presença de falhas. Dessa forma, foram estações utilizadas neste estudo. Três estações
selecionados os dados observados de vazão que meteorológicas foram utilizadas para aquisição dos
correspondem aos anos de 2000 a 2013, no entanto parâmetros climáticos necessários à execução do
para a simulação inicial e composição desta modelo, no entanto para alimentar o gerador
pesquisa foi adotado o período de 2000 a 2006. climático (WXGEN) utilizou-se apenas as duas
Para a seleção dos postos pluviométricos estações Globais (Figura 5). A estação
foram consideradas as séries históricas que climatológica Recife-Curado (INMET) não foi
correspondessem ao mesmo período dos dados utilizada para alimentar o gerador climático, por
fluviométricos e meteorológicos, e que causa da constância de erros ao inserir os dados
apresentassem o menor número de falhas durante o desta estação no banco de dados do SWAT. Dessa
período adotado para o estudo (2000 – 2006). Para forma, optou-se por não utilizar esses dados para
o processamento do modelo, as falhas foram alimentar o gerador climático (WXGEN) nesta
preenchidas com -99, conforme recomendações pesquisa.
técnicas do modelo apresentadas no referencial
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Figura 6. Análise de consistência dos dados pluviométricos utilizados na modelagem da Bacia do Rio
Pirapama.
Figura 7. Elevação da área da Bacia do Rio Pirapama e as sub-bacias delimitadas pelo ArcSWAT.
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A partir da sobreposição dos mapas de URHs são definidas a partir de áreas homogêneas
tipos e uso do solo e das informações de de uso e ocupação do solo, tipos de solo e
declividade foram definidas as URHs para a bacia declividade. Para este estudo as URHs derivaram
do Rio Pirapama. Esse processo resultou em 2138 da sobreposição de 6 tipos de uso e ocupação, 10
Unidades de Respostas Hidrológicas, com tipos de solo e 5 classes de declividade. A Tabela 4
definição do nível de sensibilidade de 0%. O apresenta a quantidade de URHs geradas para cada
número de URHs geradas varia para cada bacia. As sub-bacia.
Analisando a Tabela 4 é possível para o aquífero profundo de 28,69 mm. Para esta
identificar que a sub-bacia 17 apresenta um maior bacia o escoamento superficial simulado pelo
número de URHs, porém não apresenta a maior SWAT foi de 284,89 mm.
área da bacia. Entretanto, essa sub-bacia Os dados apresentados a seguir mostram os
apresentou uma maior diversidade de usos, tipos de resultados iniciais da simulação da vazão sem
solo e declividade, o que possivelmente gerou um calibração, para o posto fluviométrico adotado. A
maior número de combinações de URHs. Verifica- Figura 9 apresenta o hidrograma da vazão simulada
se ainda que as sub-bacias 12, 20, 25 e 28 também e observada para o posto fluviométrico Destilaria
apresentaram valores elevados de URHs, cujo Bom Jesus, para o período de 2000 a 2006 e a
motivo possivelmente está relacionado à maior média precipitada em três postos pluviométricos
diversidade de combinações entre os mapas próximos a bacia (Pirapama, Pombos e Vitória de
sobrepostos. Por outro lado, as sub-bacias 4, 11, 14 Santo Antão).
e 24 apresentaram um menor número de URHs, por Observa-se que a vazão simulada no posto
ter maior homogeneidade nos usos, tipos de solo e da Destilaria Bom Jesus segue a tendência de
declividade, sobretudo nas informações de tipos de variação da vazão observada, onde os valores
solo e declividade. simulados estão bem mais ajustados aos
observados, visto algumas exceções, como em
Modelagem Inicial para a Bacia do Rio Pirapama meados de 2004 a 2006, cujos resultados foram
A Figura 8 ilustra os resultados da mais discrepantes em relação aos outros anos.
simulação dos processos hidrológicos na Bacia do Identifica-se que a maior parte dos dados foram
Rio Pirapama, obtidos por meio do modelo SWAT. subestimados pelo modelo, sobretudo nos picos
Observa-se que a precipitação média da bacia para mais elevados de vazão, como em meados dos anos
o período estudado foi de 1891,4 mm, a 2000, 2002, 2004 e 2006, onde a subestimativa foi
evapotranspiração potencial foi de 1626,3 mm, mais significativa (Figura 9). No que se refere à
enquanto que a evapotranspiração real foi de 841 precipitação, a vazão observada representou
mm. melhor as máximas de chuva, exceto em meados de
A percolação para o aquífero raso foi de 2004 e 2005, onde a vazão não correspondeu muito
573,83 mm, o fluxo de retorno igual a 515,86 mm, bem às máximas de chuva.
a ascensão capilar igual a 29,76 mm e a recarga
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Figura 8. Processos hidrológicos simulados pelo modelo SWAT para a Bacia do Rio Pirapama.
Figura 9. Relação entre as vazões (m³.s-1) observadas e simuladas para o posto da Destilaria Bom Jesus.
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Figura 10. Comparação entre a vazão observada e simulada na modelagem inicial para o Posto da Destilaria
Bom Jesus.
Tabela 5. Dados estatísticos da comparação entre a vazão observada e a simulada pelo modelo SWAT para o
posto da Destilaria Bom Jesus.
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alterações atmosféricas, diferenças na rede de aceitável dos dados mensais de vazão, cujo R² foi
drenagem, resultando em processos hidrológicos de 0,89. Apesar dos valores obtidos terem sido
com comportamento distintos. considerados aceitáveis, os autores indicam aplicar
A geração das Unidades de Respostas a calibração do modelo para tentar ajustar melhor a
Hidrológicas permitiu mostrar em cada sub-bacia vazão simulada em relação à observada, sobretudo
todos os tipos de solo, uso do solo e declividade, nos valores de pico.
pois adotou-se o nível de sensibilidade de 0%, cuja A análise desta pesquisa também pode ser
intenção foi detalhar o máximo possível as comparada aos encontrados por Santos et al.
características contidas nessas áreas. De acordo (2013), que utilizaram o modelo SWAT para
com Santos et al. (2015), a indicação de zero 0% analisar o escoamento superficial da Bacia do Rio
no nível de sensibilidade permite que todos os tipos Tapacurá em Pernambuco, para o período de 1997
de uso e ocupação e tipo de solo, bem como a 2004. Os resultados desse estudo mostraram que,
intervalos de declive, sejam considerados na na fase de simulação, o modelo superestimou a
criação das URHs. Castro (2013) obteve 628 URHs vazão da área de estudo, no entanto apresentou R²
geradas pelo modelo SWAT na bacia experimental de 0,73, considerado bom quando comparado aos
do alto rio Jardim, no Distrito Federal. dados observados. Após a fase de calibração houve
um ajuste considerável da vazão calculada pelo
Modelagem Inicial para a Bacia do Rio Pirapama modelo com a vazão observada, cujo R² aumentou
Na modelagem com o SWAT são obtidos para 0,90.
diversos resultados que simulam o comportamento Dessa forma, infere-se que o
das variáveis hidrológicas ao longo do tempo. Os comportamento das vazões mostrada nas Figuras 9
resultados incluem informações de precipitação, e 10, obtidas a partir da modelagem inicial, é um
evapotranspiração, escoamento superficial, fluxo indicativo de que o modelo poderá ser calibrado em
de base, ascensão capilar, percolação para o estudos futuros, apesar de apresentar boa
aquífero raso, recarga do aquífero profundo, correlação e baixa discrepância entre os dados.
informações sobre uso do solo, pesticidas, Esses valores são aceitáveis conforme Moriasi et
qualidade da água, nutrientes, entre outros. al. (2007), que analisaram diversos métodos
Por meio dos resultados apresentados, estatísticos para verificar o comportamento dos
pode-se inferir que parte da precipitação que ocorre modelos de simulação para bacias hidrográficas,
na bacia, quase 50%, retorna para a atmosfera por considerando assim, como satisfatório para valores
evapotranspiração (ETr), ou seja, pela evaporação de R² < 0,70 (Bonumá et al., 2013). A calibração
do solo e transpiração das plantas. No entanto, do modelo poderá ajustar os valores da vazão
identifica-se que o valor da evapotranspiração simulada aos da vazão observada, cujo objetivo é
potencial encontra-se bastante elevado, sendo representar os dados observados de maneira mais
necessário melhores ajustes na modelagem do satisfatória
balanço hídrico.
Na simulação inicial, sem o processo de Conclusão
calibração, percebe-se que o modelo representa De acordo com as informações geradas, o
bem a sazonalidade, mesmo com algumas modelo subestimou a maior parte dos dados de
superestimativas quanto ao volume de escoamento vazão no posto Destilaria Bom Jesus, no entanto
comparado aos valores observados, assim como apresentou dados simulados relativamente bem
representa bem a redução da vazão, porém não ajustados aos valores observados, quando se
representa bem o pico da vazão. No que se refere considera que os mesmos não foram calibrados.
ao resultado do R², os valores simulados indicaram Dessa forma, entende-se que
boa acurácia em relação aos dados observados, possivelmente após o processo de calibração os
mesmo havendo subestimativa de grande parte dos dados estimados podem melhorar em relação aos
dados. observados, uma vez que o modelo parece
Colombo et al. (2016) realizaram uma representar adequadamente os processos
análise prévia dos resultados através da simulação hidrológicos na bacia. Em estudos futuros serão
inicial (sem calibração) para verificar a aplicados o processo de calibração e validação do
concordância entre os dados simulados e medidos modelo SWAT na Bacia Hidrográfica do Rio
da variável vazão em uma bacia hidrográfica no Sul Pirapama. Após a calibração e validação o modelo
de Santa Catarina, Brasil. A análise mostrou que na pode ser usado para cenários de previsão de
maior parte do período analisado, a vazão simulada impactos de mudanças climáticas e de alterações de
foi superestimada em relação aos dados medidos, uso do solo.
exceto em dois meses da série, em que a vazão foi
subestimada. O modelo apresentou um ajuste
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