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| | Olarallo Canady Capitulo 1 se I PT. A} UMA PAISAGEM ENVENENADA: ETNICIDADE E NACIONALISMO NO SECULO XIX O MITo Das NAGOES A invengio do nacionalismo sGaae 23 ese) 04 nossa compreenstio npregnads do veneno do, eS.que povoaram a dia nfo comega no séeulo V1, mas no XVI 0S negar que as pessoas que viveram nase passado re © um sentimento de nacionalidade ou eee 48 > ON dagnacber tum ambiente mais emplo de inguictagSesnacion de mmmierans de pesquisa ¢ escrita da histériainto so outros da academia mas ferramentas desenvolvidas Conheces & naturcua subjetiva de nosea inves fevendo resurmidamence o pro 1880 que prop Nacionalismo étnico eo periodo da Fevoluséo lismo no} séeulo XIX ji foi contada diversas vezet de base étnica dos dias d i S ¢ nacionalistas em programas Srande quantidade de livios ¢ artigos ~ alguns acad 5, i comum ~ defendem a idéia de que muitas imas’, das identidades nacionais s plaids eg Passam de umalinvencio cinieae recente de politicos ¢ 4 de verdade nessa afirmagio, especialmente % levarmos em conta que ela enfatia o papel fortader enn ann passado recente, de individuos e grupos na elaboragio de ideologias qPostamente antigas, Entrexanto seria absurdo sugeris que, pelo sentido * 0 sido geradas pela culo XIX, isso ndo a tna igmsapca TOSS 2 Toe de man anche. de romAnticos ¢ nacionaliscas do sé (Capltle 1: Uma palsagem envenenads @ 29 ‘cutras formas de nagées Imaginadas néo tenham existido no pas- = Heder, mesmo | Sue muito diferentes. Accdémicos, pol rt Fam 0 pas sscritas, lendas e crengas preexistente do de novas manelras para foar unidede ou autonomia munidades sejam em ce Imaginadas, elas sio bem teais e muit ‘menos histéricos import =Provavelmente macaram mais gente do que qu com excegio da peste negra, a Sa pete negra, Processo especifica pelo qual o nacionalismo emergiu como uma forte ideolo, jou de acordo com a regi tes. Bm regides carentes de organiza-_ tha lo nacionalismo estabeleceu uma wensificar o poder do Estado, Em etanfia] goverios € 1deblogo: as minoricéris, tradigbes culru- | Paraireivindicaro direizo ndo ap. cultureh mas também, como conseqiiéncia, & autor Dina verso bem defnida de como‘ Wealogianaclonalsts prop laa aio de movimentos de tadependéncia, ex a Central © no Leste Europen, prewsapbei de crlagdo dessas comunidades imaginadas > im primero lugar, ela 2 ele Dip data tenga lar ORG BOSS GeereEbende nah gihlichen scog ce pnctaeen ce verti Crsinn Peso Hae Menage Sere ae = 30 -» OMito des Necoes {ini oescudo da lingua, da culeura € da histéria de um povo subjue I lemanhe aaco nx Alemanie figs Oromatio, Russo ¢ i w Avie nes Amed, “ee Slonire péscolnizi do sécula XX A maiotia dos estudiosos do nacios descrigto geal do processo do desperar « én No encanto, ea tefiexio original ‘entereconlece um povo -ctuais P Q nacionalismo pode tencar ‘ondicées da subjugacto de sea 0, as ido pode: las"? Ax Te é certo ponto, ele esté cere 3 Vetemo mnie ‘et 984 p28 5. p.28 Nee ne eal Sa Ray RS TOS ‘Capitulo 1: Uma paisagem envenenaga e 31 riaram novas nagées, que entio foram ™ projewtlas no passado remo- ww da\iliaWdade Media! © ontexeo intelectual no qual 0 naconalismo modesno nas: oes er inilalmente formado pela fascinagto dat elves acade europélas pelo mundo antigo, especialmente na‘Franga e navAl manka. O fascinio pela cultura ¢ OWN 625 Nagbex sgermanica que havia precedido a compl xidade politics do Sacro Império Romano-Germinicoye de mostrar como, no passado, os {germanos haviam resistido a invasores que, assim como os France- ses falavam uma lingua romanicz. Como foi elaborado por Fichte com seus Diccures & Nagto Alema, uma identidade alemé unificada ‘contrastava, por um lado, com 2 dos eslaves, que “néo parecens cer se desenvolvido de formis distintiva o suficiente em comparagio com © resto d2 Europa, de modo que ndo & possivel ainda produzir uma descrigéo precisa desse povo” e, por outro, com a dos povos roma- izados de “ascendéncta ceucdnica’y ou seja, com a dos franceses. Em contraite com ésses povos, asprin | alemd eram sua co de geogrdlica ago ent idade nio era uma novidede no século XIX! Mais de meio século antes, 0 filbsofo francés Brienne Bonnot de Condillae havia afirnado que “cada lingua expressa o caréter 4 que povos como’s francés, que havia adotado wma lingua latina, do poderiam aspirar, Isso se dava porque, 20 contritio das Uinguas romanicas ~ que formavam palavras a partis de ratzes lx Fiche Naess othe armas aon, wxdugho eR fovese@ Trl, ra empressio cs 1 Te anguagesel feeds ace Reign ond Pik ‘entu.Cambidge ts, 1933 038 3p 4 AdeesesoheGemen Nate, V3 Céphiulo ts ums poisagem envenenaes ov 36 Haas ¢ greges, qué por sua vez haviam sido formadas em regises Gissnses~oalemo era compost inteiramente por clemenios gon ‘dnicos, originalmente cunhados para descrever o mundo habiesio Pelosalemaes, Esa lingua portant deta pecfiaineme ta © compreensivel para todos os felamtes do aleméo, colocando-o: pcias tornou possivel aelabsracio ‘ mudangas sstemdricas das linguas, pemitindo que o as se desprenderam de susr iva, rominica ou helénica) para formar ingilsticas, uunidades culturs Uma herenca perigosa lingtistica a respeito da etnicidade cul wiigam com folga binfamia que acometcu formas male de nacionalismo pseudo-histériso, Atualmente os neonarna recomhecem que & auroconsciéac moderno é um fendmeno des séculos afirmam que, embora a etnicidade pof Gidede cultural iga. Em outras palavras, sce povos antes de terem consciéncia ‘esrno tempo, os simbolos ¢ a5 real Gade Imutdvel, Sendo ass ismo ica seja algo novo, a cca) ¢ agénciasinternacionais de nas lingisticas quando n tnicos. Quando, por exemy lemos que a Licwania we te ta verdad signifi que x por cento de populacte denn © comio lingua m: Cento fla russ, Se, como nes casos da Bretan & mais possivel fazer tais afirmacées Por causa do desaparecimento a lingua natva no steulo pasa, isso significa que “e por cento da opulagio deveria falc uma dada lingua porque seus ancestrais 2 falavam", i, posta a servigo do na- basicamente a0 pérlodo entre os séculos III ¢ Xt, entre 0 fim do Impétio Romano e a formasio de nov come ‘idades @ partir das quais os mod ES Tao- vimentos nacionalisas tentaram efeabelece? fua leghiGIGde- Fai “também @ dpoce ‘a Qual OWES Grtpoy Mngisticos se tornarain lo- calicdveis na Europa. Nesse periodo, da “aquisicéo prim conhecido como © momento "08 ancestrals das nagSes moderas ~ falan- do suas prépria linguas nacionais, que sustetavam e expressavamn costumes culrais intelectual especticos ~surgiram na Europa, gos natu: © estudos do perlodo das migracées (ou perfodo des invasb os palses de lingua latina) mostravara, em meio a uma mix riscos'e seras, 0 surgimento dos povos dentro e fora do impér tenciados pelas Inguas ou di que surgisee uma GUE a “cientfica” usada para o mesmo fms alHOoR ETE 8 arguedlogos entravam em agio, buscando evi tetas das especificidades cultusais do povo em ques. ‘mente se uma lingua Corsespondia a um povo expectfico ava costumes ¢ valores comuns, esses tragos cule ES Sse rrp cule | {Capitulo Is Uma paisagem envencnads ex co Las dstntvesestariam manifesor nos aretitos descoberiog pelos Suctlogos. Esse busca es empreandida com gaande options LPeles arquedlogos alemies, inceressados nae origens dos poves ger manicos, ¢ mals tarde pelos acquedto; os eslavos inecressades nas otigens dos eslévicos) © mais radisdes especificas da culeura relacionadas 2 comunidades ling! ss dedicou 2 estabelecer a correspondénc 805 ¢ culturas materiats distineas, Ble cere 0 para que Kossinna eseus | las dos povos da Alta Made | ivas e penetraram no mundo | ac imolicases dessa nova ado da arquecogia nia fora | Eislteac unpre prs sends tes nr jaata Estados moderiog como a Ales) lear regites a pales vizinhos com bate na pos $40 de que esses terrséios cela sido as rerres natives Povos gecmanicos, Assim a expansio germinicaem dj Yara Chere Dignan oye -ANonweglanPoah fe 50 -» OMito docs Nagdes , 10 silo XI a do Tercera iehy no skeulo XX, poderiam see sopladas simplesiicnce como retomna : Agmmente, argumentos arquedlégicos seme ‘somo nos conflitosensze hingates e eslovenos,albaneves e sérvion, estonianos ¢ alemfes, Me \ 0 lixo téxico ~ —ALhetanga da lologia eda arqueologia naconalists continue e —do-basrante'na gengrafin politica das-nacSes eu leceram san. ificamence” os elemer 5 como os burgindies,go- jam no sul da Escandindvia, comesaram a impulsionados por mudancas climsti ntes, superpopulacio ou algum outro motivo a da desconhecido. Eses poves se deslocavam por rods a Europa, le ‘Yando coisigo suas Iinguas, costumes e tradicées, transmitinds suas ‘dentidades distincas aos seus filhos 20 longo das geragdes, tlgrando, até que se depararam com as fronteiras do Imy glierieites, descends sempre mano. Entio, conduzides por seus es de ‘antigas familias reais ou nobres, desafiaram Roma e estabeleceram seus reinos germénicos do impétio. Encre esses he- tis estavam oosoplsl descendente da antiga familia real dos Amali,Afatico] lider visigodo da dinastia dos Baltos AIT ‘Goins, comandante dos idos.¢ membro dos Gauti, 0 ffan- S Cris) membro da dinastia mezovingia. Algum tempo depois, omandantes dos povos eslavos, como ‘Chrobatos, lider dos croatas. cc: Capita 1: Uma paiagece enven \ ienada em 5) ¢lsperihk, comandante dos bilgaros, conduciram S8Us povos pel los destzogos imperiats. Bssés aconte ccorreram no dito mo. fo qual teve ink imentos continuam servindo como tes dos grupos écnicos europeus. Na 4.559 condigéo e da luta pela autodeterminagio po acional ndo tem argumentos conta esas aspics se sua impra de, sua i ou 8 forca brua~ algo insufielente diance das fortes ‘que 0s povos ide econdmice ‘convicgbes de inagéo. Porém, apesar do apelo emotional dessas 5 segumentos Taglar © Rios vo aba ap rae Wando aplicndos ds questbes contemporineas de diferencas ‘nicas, ¢sio ainda menes apropria -paraa dist uropeus da Alea Idade Média, Niles do a lin apelos paral lea que na verdade séo' | como semore fi tira Zum | material que podem r | pee & \ A confuséo do passado Nao se slbe exacamente qu: final da Antigiidade e na cificas entre os elementos da cultura | jicamence. Os mapaz_ claborados por Kossinna ¢ seus a disposigio geogrifica das culcu- rem se modificado gradualmente, discanciandorse cade vex mais dos padebes sugeridos pelasUneuas ‘Como observou o historiador britdnicor Chie Wicktim Yum ho- mem ou uma mulher com um broche em erilo Tombardo ndo é ne- cessaziamente mais lombardo do que uma familia de Bradford com uum Toyota € japoness. Os arcefatos no so um parkmetzo seguro pataa distingSo das exrilas™™ tt ‘Aparentemente a lingua no determinava a culeura nem corres- r 9g da historia, as elites politicas geralmente falavam linguas bastante diferentes das de seus subordinados. Além cotrespondem is diferencas es disso, o fato de os historiadores estarem inclinados a pensar geo- / | graficamente, seguindo 0 modelo do nacionalismo éenico do século XIX, constitu parte do problema conceirual da compreensio dos | povos europeus da Alt Tdade Méila: eles buscam wina cotrespon- | 535 Gu With Eri wer) ea Powe Sd acl oy TO TOOT. pes. a rin patsagem envenenaga e $3 os regis ena grupos nies qu ok {atam, Porém, tes mode Me sm formadss por pficiais kes de todas as parces do interior. A chegada dos godos, ‘sa scuagio, Evidéncias arqueolégicas sim como os gove estabeleceramse ses ¢ comandantes militares que substitulram, ics, onde poderiam manter 9 por meio da unidade, enquanco viviam dos impos- vincias conferidas a cles, Fora das cidades, a ubrovinik, Budva e Kotor ~ de cultura romana, cujos habicantes z falavam grego. A popullagio da Zona rural adjacente passou a ser domsinada por uma confederacio das estepes, conhecida como confed: leragio dos évaros, que termina- corporando as sociedsdes eslavas. A expanséo germana em ‘ltesdo 20 nordeste da Buropa também ctlou cidadee que pouce 54 ~> O Wlito das Nacoes Capitulo 1: ums paisagem envenensde e 5$ inham em comum — politico ou ico ~ com as dreas rurais adjacentes que contcolavam, ses modelos medievais perduraram pot multo tempo. Até mes: stculo XX, cidades importantes (como as cidade ciredas do 0) permaneceram politica, ling tas de zona rural adjacente, sem que com i Por outro lado, gontinuam falando arabe, tu: sentinusm falando drabe, wr ds faladas pela cla hostlidade ¢ medo.¢ vite como uma novided ‘um modelo iauito mais antigo de diversidad: [i913 Europa esed comeraindo a se parecer com seu pasado dale XIX, quando os campo: | fbb eee ae culos d a apear a et tdtica ¢ arquealogicamente, pode-se co clas foram malsucedidas. seis estonianos se referam aos sats (x6es), a palavea a pr cograficamente 0s povod}| do século XX cflaram = mou devem ser mapeadashA Supressio da diversidade cultural em Estados como Espa 9 Turquia fer com que os bascos, ca be curdos ¢ oucras minorias “desaparecessem” dos Es Holocausto ¢ a “limpeza eu que se seguiy 8 Segunda Guerra Mundial fizeram com que milhazes de habtances de Europa do Leste que falavam alemo migrassem em di ese de mode que as populagées de cidades come Danzig, Kénigs berg, Rige e Vilna passaram a se asemelhar is populagées da sore ‘ural adjacente pela primeira vea na histtia, Encretanto hi indicios7 : i 7 de-queo-aniga mode! gra Europa, onde a diversidade a diferenciar lores do conceito de nagao 0s por eles néo surgiram do nada: eles se basea fo de idencifcagio dos poves mi i ang idads Aes préprios document s-nagies. O #2F 05 povos do $0. com ferramentas Tals seinadas,d dade Csteg eee etnograica da A; as fase sempre (ou sempre) fazem uso do inglés, deixando de ds jee |, GR Raw Non andatoralim pA fico de nacionalisme éenico que conhecemos hoje é algo reien | ~1t: Em épocas passadas, as pessoas tinham formar diftieatse ia ‘gualmente poderosas, de estabelecet sua identidade, s¢ dos outros ¢ mobilizando essa identidade pare fins p sretanto geralmente cemos difculdade em reconhecer as difereagas entre essas formas mais antigas de percepeio da identidade coletivas as mais concemporineas, jé que, mais uma ver, somos ludibtiados pelo préprio processo histérico que tentamos estudar, Usamos os termos “povo”, “tnicid: am Embota o modo eipecifico Como usamos esses termos Seja novo, eles ¢ seus equivalentes vém ‘uma longa histéria, que comega por volta do século V a.ec,, ou até antes disso, Eles sfo 0 produto de milhares de discussées, cbserva- sbes € hipéteses, ¢ assim chegam a nés, impregnados da culeura do passado, ‘antes de Fichte e Herder, esses termos jf eram clementos importantes ¢ impactantes na tradigdo inselectual da Bux rentar novos termos para os grupos sociais do passado: estamos pesos so vocabulétio que herdamas. No en- --No entanto, seria mais correto afirmar que 0 tipo es" _ $8 ~» OMIte dos Nezbes #9INd60s na Amtigaicade e 39 fanto, precisamos entender 0 process hi (( Beado através dos tempos. Os mos pelos | _sompreender as dit iV 2.6. Herédoto foi o primeira exndgrafe, © 0 modo como ‘omprttndiae desrevao muda continua vio nen die fe hoje, la como a etnografia a0 escrever S.€OHf€ 05 grupos socials foram herdadoy | fa Biblica. Em poucas pala ifere | -Rsstadorna sscendéncia cosumes | _Ro_processo da cransformacdo hiseéri 1 mos dizer que essa é um: ‘Assim, suas investigagées ndo se licares ¢ poltcteas d a 160 ¢ pela Asia Menor para apresentar a chamada do mundo conhecido, As unidades desse mands \ethnes singular: eshnay), geralmente subdliyi \ . \ ~ TW angD OF ators cotieparam a descrever ot ney enn 0 Curopeus de hoje, bascaramse nesascrdcges te Sa da, prstadts. Sendo assim, pecisamos compreender + in luén | = Gis des hipéteses provenienes taco da Antglidede gteco-romana De modo geral, de acosdo con Ficrédore como da Biblia sobre esses autores, cjos textos si asian clam geogréiae cy Ebon Hen ade as pobtt # Sciedades que surgicam na Eusopa ne nal te | © povos possam migrar de ums reps Para outa, um pove espe. dade Antiga, cifica, de acordo com suas Hed Beralmente habita uma drea 8 poves se diferene almente, Enbora Herédoto reconhega que Desse modo, com o cbjetivo de enxergar Por crds dessas camadas de acréscimos cultural, devemos primsiamenc inves gens de nossa lingus, de nossa etnicidade eda conaca a de pettencer a um povo, Temos sspadécios ou siies, ss clanos ¢ 0 d? Ciisia3 A maiorta des Povos em sua prépria lingua, “sade a dos fgis a mais antiga, mas nem todos foe uma segun- 05 povos naturais eo povo romano tC Ot rtm dar madas om SeipdnGpur AS crlgens.de tefexio ernogritica curopéia remontam as chamae 7 des Htabriasde Herbdoo de Hialicaraasc, escritas em meados do da lingua. Enfim os poves tém suas prépria religibese costumes, sendo que os mais significativos, segundo Hetédote, sto aqueles que idades das mulheres, préticas de sepulea- ades econdmicas. As distingses entre evhme (povos)e gene (tribos) so fuidas, mas Herédoto néo vé problema nenhum em identi es. Do mesma modo, ele orqué de uma tribo expecifice p dado etbnas, mesoio que os membros da tribo néo admicam pet €2t 20 povo em questdo, Ao esciever sobre ot iéni caracterizados como o'mais fraco dos povos helénicos, Herédote aficma que, por vergonha, a maior parce dos descendentes de j do continente se recusa a reconhecer suas origens Apesar de aceitar a existéncie objetiva dos povos, Henddoto estd lente de que cles podem surgic desapatecer. A respeito das or dos poves, ele escceve de modo condescendente tanto sobre os mitos nativos das origens dos diferentes erhne como sobre as lendas gregas Gus 0s telacionigm a Hé:cules, Minos ou alguma oucra figura da iitologa grega, As lendas de etnogénese, ou formazio dos povos, que ele conta séo essencialmente de dois tipés, Um deles consiste no selato das origens da familia real ou governance, gecalmen do uma gencalogia mitica que estabelece o cariter duradouro da familia em questo ¢ sua autoridade sobre 0 povo. Quando esereve detalhadamence sobre os cita, 0 mais recente das povos, Heeédoto presenta dos relatos genealégicas alternatives, O primeito, que se. undo ele o ela de como os prépros cite descrevem sus oigem, sstabelece que eles descendiam dos txts fihor de Targieaus;Lipo- xis, Arpoxzis¢ Colaxais, Os cites aucates descendiam do primetro, plos, do segundo, ¢ os paralates, do verceto, Apés ns | dstcendiam dos creteses que haviam sido expulss com seu Capitulo 2 Poves imaginades na Antigaidade e 6t desctigéo desse mito nativo, Hlexédoto escreve sobre um relato dos Steg0s do litoral do Ponto Euxino? que ligava 25 origens dos ris cites ao herbi grego Hércules. Ele nfo dé prefertncia a nenhum doe dois mitos. Na verdade, eviea 2 questio inteiramence, alegando que ©: citas chegaram & regio péntica por terem fugido de sua terra patria na Asia ao serem acossados pelos massigetas, de descrevet as ori 0 se todos dese colons gregos, mas também zos aio gregos, Desea forma, or Suspédon por Minos, seu iemio, é os saurdmaas vera surgide quando 0s citasjovens seduzitam e se casatam com 23 amnazonas? © desaparecimento dos povos é menos comum, apesar de Herédoro ‘econhecer que os povos de seu eermpo as vezes ocupavam repises Anteriormente habitadas por outros, que podiam deixar tragos de ‘sua lingua por meio de topéuimos.Os cimétios, forcados pelos citas” & abandonar sua terra pli, foram parar na Asia, de onde p ormente foram expal idios, deixando apenas alguns no- m idéncia de sua passagem, r i 7 de como os povos surgi ences dean da passagem do wempo, Além de reconhecer que o terttério e a lingua séo ~masrife detiiidores absolutes de cada eahnon, rae. Asia sem le I habitavarn, Em paree, isso | dos persas, que geralment. ces politicas, as eles locais ou in cooptislas. Desse modo, m dominantes, os povos manté is povas, a servidio abjea vode| alment sto mais uma consea ariedade; embora aja my icas implicieas nas lingaas dos edine « conhece.os elementos que poste sengas biol6gicas ou racaiso | | | | | | CeFItute 2: Fovos imaginados np Aniigdidade e 63 . Ge Impéto Peri, puto devia* Herédorodesreve os peons conn, “ce todos os homens, aqueles que melhor acolhem on costumes es- Tangelros"? Ele relaca com aparente aprovagéo como Dario, em ert PEXBUNCOU 205 Bregos se cles estariam dispostos a comer © cadéver de seus puis, Os gregos, hortorizado, tesponderam que nunca fariam uma coisa daguelas, E ¢ lhes perguntou se estariam dispostes « queimé los Os Cadac Fskirar com igual horror &sugesti. Para Herédoto, xe BeOS, egipcios e persas tinham codas a mesma 's:"Todo povo, observou, sem diivida considera seus pro. Pros costumes Supetires, e le no questionava eta per Ape Terédoto talvec tena igual importancia ade tom que ele considerave as 0 dos historiadovese esndgrafos pos- ‘cvlores, ee nfo mantinha elagbes potticasdiretas com as cde, Petsas nem coin as gregas que se opunhem a elas. Embora esse Yisjado bastante e vivido um bom tempo em Atenas, continuava um ids a respeito das relacses de poder aE + os > wmice oas nagoes "cule sspectalmente apés as conquistas de Alexandre 0 Grande, A part de enréo, ox autores gregos passariam a fizer parte de umaltradico iperialista¢ seu inceresse pelo “outro” estaria intiimamen- te Vinculado 2 uma preccupaso com’o doininio, uma perspectiva, ‘nacuralmence herdada pelos autores impérialiseas romanos, Portanco Herédoto representa uma perspectiva cultural que pode ser tomada como “pré-orlentalista”na'a¢epeto desenvolvida. pelo critico literdrio americano Eaard WSGid,\sendo © o “ 40 ontolbgica ¢ epistemolégica entre ‘o Oriente’ e (aa das veues)‘o Ocidente” negrir os costumes dos outros the rendeu o epi O mito das Nacdes ialmente 0s geégrafos e enciclopediscas descreviarn os poves como 4 cstivessem em um presente eterno, simplificando ou até mesmo os elementos miticos da abordagem de Herd Por exemplo, deletava-se ao agregar o maior niiero possivel de fon. cluindo povos havia muito desaparecidos, a grupos étnicos de po em sua Hlstivia Narural, O resultado era uima espécie. de le de conservagéo dos povos ~ nenhum povo neahuma caracterfsrica mudava, Na melhor das antigos adqu avam 0 maior ndmero possivel de povos, ¢ os mapas do mundo romano ficavam cada vez mais abarrotados, * Gentes eo populus A caracterizacio dos costumes, localizagao geogréfica econtinuidae de propiciou modifcagées sutis mas significativas no modo come os Bistortadores¢ctndgrafos romanos subseqientes descreviam os gr os soclais, Em primeico lugay, eles escreviam os outros ¢a mos de acordo com crcérios fundamentalmnéé Ufa Buide: complexidade. A emogénese do povo romano, sacralizads nas obras de|Viegihiate ‘Teli, criou 0 populus a partis de gents dispares, Para Livio, a identidade romana era o 20 Processo continuo de fusio politica, Primeiro Enéas nativos “sob uma sé lel c um sb nome” es "Ti a, Are cand, ecb ode oma lam neato aemaut eater pein 2 Poves imaginados na Antigaldade e 67 es deu leis com as quais eles pucessem se ” Dessa manciza, apenas 0 papilas ry 20 contritio dos “povos” Nesse ca ¥os barbaros eram formados estuidiosos romanos, sermos empregados, os somanos clasifcavam seas Bos ¢vitmas de acordo com um sistema baseado ons vos ¢ imutdveis. Assim os outro Sue suas ovigens estavam perdidas em meio acs eer 95 ere determinada pelo nasch. savam a fazer parce da his » Como, €espe- Ho dos euzopeus que viviam a lesve Por eses povos que, io fosse por cialmente, em Germani do Reno, ele demonstra simpatia ————— ei popup he STS 68 > Oita aa cle, estariam fore da etnografia clisica, Ainda assim, Técito nfo escapa cotalmente & tradicéo etnogréfica que elabora os nao roma- nos como os “outros” — até mesmo em sua abordagem cos bretbes, a quem arribui s mais nobre condenagio do imperialismo romano, ena de ees carecteriza os bretGes com inaig vircuosos que os gaule- que, mesmo perdendo sua liberdade, mantinham a coragem. Exaltava seu nobre desejo de vinganga contra aqueles que os tinham lider dos bresées, esta frase sobre a 2 romana: “eles criam um deserto €o chamam de sumerosos detalhes de suas tocantes descrigSes ddos bretées revelam que Ticito, na verdade, nfo cabia muito sobre eles, terminava recaindo em muleos dos velhos ester equivocadamente origem germinica 20s caledénios, por secern rui vyos e corpulentos. Supée que os silures do sul, por eausa de sua pele sscura e seus cabelos encaracolados, so oriundos da Espanhe, to sabia um pouco mais sobre os habitantes do 5 semelhantes aos gauleses em termos de lingua, ce Porém, além dessas distingbes superficiais ¢ gecais, pouco vem a di- ‘er sobre os costumes, organizagbes e tradicées espectfcas das vdrias lngar-com do que uma descrigéo realmense dis : €.0 amor i liberdade que atibui.2os Brees sto mais um p ar condenar os imperadores New ¢ Doman, os quai do que o reflexo de uma compreensio genuina desse “povo”, “Ala, sigue olor copa pean capitulo 2: Povos 105 no Aniigbidade e 69 Apesar de mais detalhada e bem informada, sua descrigéo dos Sermanps também se enquadta na ampla tadicio da etograa er seo entre as grandes po. [p3s-Herédotol Néo hi uma di lagbes € seus subgrupos tm seu vocal é splicado nos dois casos. Entcetanto Técito cevela sensibilidade « ‘corresdo em suas desctgées da atcensio e queda dos difecentes “po- vos"-e nas distingées entre os grandes grupos populaciona 05 sucvos, esuas indimerss gents, entze as sieas eculcurais desses grupos, Ainda assim, at OMito dos Necoes ‘\ "© mundo dicorémico dos tomanos nao’ és 6 Unico, Os tnham uma nogio de categorizacio social andloga, que dividia'a humanidade em dus: 0 povo de Deus(emye 05 outros pos ‘g2yimou, como sio comumence releridos a partir do termo Bare“povos", os gentios, A Biblia apresenta dois model O primeiro, subeatendido em termos como geyim Septuaginta como esbne e, por sio Jeronimo, como Bico. O Génesis e 0 Exodo enfatizam bastante essas ra As gencalogias € a histria de Babel apresencam explicagéer para a diversidade em detrimento da unidade original dz humanidade, ‘Apesar da semelhanca em virios aspectos entre o sen Ereco-romano de ethos, os textos judaicos apresentam gencalogias ios, ¢ no apenas de alguns j fazendo com que os povos das Escricuras Sagradas paregam ainda mats homogtneos do que ot da etnograiagreco-ro- mana, Como no caso das gente birbaras, 405 goyims £ supostamence of 06 eine ou genses dos etnégrafos cléssicos sio vittualmence idénti- 0s. Eles pertencem ao mundo natural eterno, ¢ nfo a0 mundo da historia, O segundo modelo € © do avs (icaduaido como laos, popu ovo de Israel, um corpo constieucional como de Roma, mente como Romulo, que reuniu uma mdtitudo de albanos ¢ latinos pela le, 05 transformou em um povo, os descendentes de formaram o povo de Israel ou de Deus peta aliznga no Monte Sinai} No entanto, nem todos os descendentes de Iscael'seriima herdeiros dessa alianca. Ambos os grupos slo dererminados constitucional ‘mente, ¢ nao biologicamente. A satureza consticucional do povo de lac! nem sempre é refe- ‘ida nos livros heterogéneos que consticuem as Escrituras Sagrades uutvel: Os goyira da Os gentios eo pove de Deus « Cepituio 2: Povot imaginsdes na Antigolaade 71 ‘cus. Nos livros'Bxdras é Neemias os fillos dos isaelicas que se haviam casado com estrangeiras foram excluidos do ‘grupo que re- tornava do cativeiro, Neste caso, pode-se ve definicgo excludente ¢ 6 pelo menos| par ar aotigem de uma jgica do povo escolhido, Ainda assim, s profetas posteriores/ a condigéo de pertencer ‘ost limita aos que descendem biologicamence de Abraio, ‘bac Jac$, Todos os que aceitam a alana podem ser ios de Abraio, assim come 0 populus romaiits ode ser acessivel a rodos, hun ve ainda mais irelevancia das herangasf 5 do novo povo de Deus nfo odas as nag “Nisco nio hé jud: Som Bfe80; ada a servo nem livre; ado hd macho nem fee por | SRE fodor vs seis um enh Cela Jesus” (Glas, 3:28) O pove de [ Deus, portanto, une-se seth distin, Claro que™nem rode absorviam Por vole século IV, os pensadorescrstos, eles prépriosineisamen, ‘ “romanos” em termos de educaelo cideologi, tinham que lider com um mundo que conservava as distingbes excluden ‘uk, eram familiares aos judeus ¢ roma clramente em sua tradugéo da Bib! 5 Agostinks, expi ments ern stu A Cidade de Deus, fundirai as etnografias romana judaies em um mensagem do Evangelho e, © concstos de(uhne ¢goyimeonsinuamn presences em ambes, ‘om suas! dtigéns biolbgieas, status objetivo e continuidade anisté- | 12 > Unite ous Nasoes, outro lado, o povo de Deus, os israeitas do Antigo Testa ios do Novo}, possui as caracterlstieas de win povo jseb as perspectivas romana e judalca! Embora a di ingdo no uso da cerminologia néo seje sempre cio clara como alguns sugeriram, os viam os cidaddos da “Cidade de Deus” como uma ide de base consticucional, que, como as de Roma e Israel, bascava-se na lei e no conti : Pare Agostinho, o tesceiro perfodo do mundo, entre Abraio € foi o perfodo da etnogénese dos israelicas. E 0 vempo de esco- Tha, 0 cempo em que o povo de Deus se separa das gentes, 0 tempo do pacto com Abraio, do exile do éxodo.?® Com estas exp clas ~ particularmente com a renovagio da alianga no Monte Sinai, com os ands de peregrinagio, com a organizagéo politica em tribos com 2 conquista de Canad -, nasceu 0 povo de Israel. Apesar de 0 povo de Deus sero populus perfito, que apenas ele se baseia na verdadeica justiga ¢ no amor absoluc Rgoitno ect lnclinado a reconhecer que as sociedades profanas rafabém compar- cilham das caracteristicas desses povos, Entestanto, embora a sad “f ovas. Entsecanto, embora a trad “aus. O popular dos romanos, assim comma" atenlenses, 0 dos outros gregos, o dos egipcios, o da antiga Babi dos asst ‘ou o de qualquer outre gens que se, & um populus ger i que, como os outros, é “waldo por uma comunhao baseada cet ¥ Assim, por volta dofinteis"aesécilo Vos habitantes do mundo romano, fossem efist "4 pagios, conheciam dois modelos \ ————rree | ‘Fy Dany aT apt tag ode eFC ToeT ‘emmy. New Heaven 17, 2 Agee ACsadedt Du 2 op tt aes mtd tol sn rr cnet ane deen éo romana cenha dividido a humanidade em romanos ¢ oF =| 102: Povos imaginadot ns Antigoidsce ex 73 ds povo: 0 povo que podernoschamat d¢ ini baseado na ances. 1 tralidade, costumes ¢ terri I 0 avid Uma teeminolopeeat TD Brcncesse, nem mesmo carzcertstices clase que os A diferenga era apenas uma questio de perspect faterno — fosse romano, judeu ou ean Um observador io ~ percebia a complexidade * heterogénea de sua prépria comunidade, A adesio a ela Gta determinada tanto pela accicasdo do individuo pela comanidade come pela disposigao do individuo para acetar as leis ¢valotes da comunidade. Desse modo, a adesfo era, pelo menos em atte, gub- Jesiva..condicional For outa lado, o mesmo individu, a0 observa extros povos, sexergava homogeneidade, implicidade e auséncla érico, Na melhor das hipéteses/Roma, eidades gies ico e talver os grandes impérios da\Pérsiz'e de} set vistos como corpos constitucionals baseados na Bropétito. Mas 0 outro modelo — o da ascendéncia mica, da cate,“ Sorieagio biolégica cimutivel baseida na geograi, lingua ecostu. inss~ prevalecia especialmente quando se observavam as genterbin ‘ares, que ceccavam e ameagavam cada vez mals a romantien Borg sto no, ea feta com base nas realidades das organizagses socials ou culeurais reconhecidas, mas nos Preconceitos herdados 20 | / longo de séculos, desde rejeigd da investigagao imparciel, levada + cabo por Herédoro, dos poves do mundo conhecide, \ Etnografia classica e as migragées barbaras Snal de Antgtidads, espectalmerce rifano Marcelino, Procépide Brisco! percebiam as contradig6es entre a trae Gisto herdada suas experitacias pessoais coin of poyos bdrbaros, ‘ue transformaram o impétio entre of sécules Ill ¢ ViAo com, Forage M4 my O Mito das Nagdes distanciamento des fatos permitiam que classificessem os poves do undo de acordo com um sistema demasiado abrangente ea Quando, por exeinplo |Amiano descreve as camp rador romano Juliano contra os alamanos no séeul de que os alamanos constisuem ume confederagio complexa. Sio iderados por sete rei, sendo Chnodomarius e Serapio, segundo 0s mais poderosos, Mas esse exército nio ¢ formado pot uma inica esté lente godos ¢ gépidas.?® Quando Prisco visitou a corte de Atle, os hunos como uma combinagio de v guz huna, 0 gético eo latim2” Ainda assim; o peso da tradigéo era rio forte que nem mesmo esses observadores prbiimos pudéram se desvencilhar das as da etnografia clissicei Amiano, por exemnplo, ‘ent pessoa! dos alamanos e outros povos da fronteira oclden mas freqitencemente se referia a eles simplesmente como germa ——————E 235 lana Morning Xi 6 Sobre elon vr De a “Aenanoen,statigar 1957 etans Hummes “Te Fy. fAlemantiang See AD200-50, oy eial ere manic Pee ‘Aire Man ens hs inage, Budapeit ule 2 Fovos imaginados na Ant ou barbari, Ele nig inelula povos do Leste, come os godos, ec Germari~ 0 tecmo tinha um significado geogrfic, née ling tico, Procépio, apés distinguir uma varledade de godos, cecorreu 4 wadigao para declarar que seus ancigos nomes eam “sautrématas” “melanclenes’ dois povos de Herédoto, e entéo aflemou que tain ‘bém eram conhecidos como os ete getas. Segunda omes eram diferentes — em rermos de apar sido, ‘cram exaramente 05 mesmos## Claramente, apesar dos decalhes de sues informages cle ainda era um prisioneio daliteracuca etnoged- fica clissica que o precedera, Por que ele no foi capaz de dar sento da tradicéo, reconhecendo nos 01 complexidades que havia encre 05 romanos? A eo chau ia, é claro, tam- em relagio aos” também era em parte uma pers- pectiva prética: os imperialistes romanos achavam mais fici com 05 ourros povos quando vistos como povos éenlcos homogéne- 5 endo come téo complexose tides quanto e populacio comana As comunidades que efetivamente desafiavam essas categorizacées objetivas ~ especialmente os judeus eerstios, que compaztilhavam 10 dicorbmice do munido dos romanos, mas que se calocavam ~ cram particularmente frustrantes, © imperadot Marco 4 respeito de suas negociagées com os judeus, supostamente “Oh, seus marcomanos, seus quad rmatas! Pelo| ‘menos encoatrel um outro povo ainda mais perturbado do que vor » 20 recamar com os cristéos, lembrando Marco Auré- cuter, vocts, a quem os alamanos e francos andaram ouvindo”# Se pelo menos os judeus ¢cxstios pudessem agit como as gentes batbaras, tudo estatia bem no impétio, O problema era Cepitito 2: Povosimaginados na Ant =2 C070 05 prdprios romanos, exam tunidades p ade @ 77 : Ue, como se podia esperar, nem as genter bérbaras agiam de acordo 0s limites da cidadania, e portanto da lei romana, dependiam da Com os padrées artibuidos a eles, facia e da civitas, de modo que reforcava as a ‘Ses romanas, of povos bérberos — cuja en- Porém, apés ‘ada no mundo romano o havia ransfocmado to profindanars amente todos ° iduos li luindo pags € judeus ~ 0 que, | uma medida pare aumencara receta publics messas distings nadz.'A partir de enti, 0 que im- bascads principalmente na condicéo ica, ene os onesie iperador € que gozavam_ ‘em caso de acusages severas,e osu 8 & autoridade dos governadores das pr \ tes radicbes, oo Ao que parece, eles tambim aparecoam desapareceam de] modo consideravelmente rfpido, apesar da tendéncia que tnham | apelagéo, stsalizagio da cidadanie também eve | 4 abolise vireual das tradicoes legis nfo romans | TEUiomana Gniversal. Apesar de isso nunca ter ai US"Biiente a vargas | ado, enfraquecey aj & de adotar nomes de “povos” antigos ¢ da tendéncia dos romanos de He ‘dentfcar oF novos ‘povos” por melo de nomes ciadoe por Herédo. inio ou qualquer outra auroridade da Anti Embora, por toda a 0s das elites coneinuas- clvitas, esse tipo de apego idade romana, ¢ nio > Esse sentimento nfo era forte a ponto de colocar as comunidades umas contra as outra, Pelo contrdto, ee se man’ tava como uma espécie de orgutho local, expresso pela de seus campos férteis, seus qualidade e suas tradigoes, A medida que o govecno centtal se enfagucca,csasidentidae 1 des locais, expressas com termos provententes des subdivieées oh ste as populagses 1's romanas ¢ do vocabulévio “éeico" peé-romano, comegatam a dio Ou ndo cldadgo, No século domjnar a revérica dos discursos provincianos, Nadia} onde a: ‘emocional e bain seu subst era uma linha diviséria que nio se bascava necessariamente ra lingua, no etbnor ou na geografia, como bem ilustca @ histéria da cidadania romana de sio Paulo e uas conseqiiéncias. Entretanto =, graf grocer Da mesma forma, i medida que o poder imperil perdi forga na bésbaro-tomanas comegavamn a tentar lades sociais ¢ politcas sob a perspectiva cas ¢ etnogrdficas herdadss. Longe de rejetar a6 as de exnicidade, elaboradas dicance céculos de es- coio asouerae” ti tenieo, pela sscendéacia comum, pel Ainds assim, cssis novas cies buscava ppérioceriam que adquiir uma histria tho ancien e glo 8 dos romanor. As origens trolanas de Roma haviam colocade chr teri romana aleradagrege. Os defensores da if judien, dee os da crise, haviam eafrcataco 0 metmo problema ¢o reslverun estabelecendo a histbria do povo hebrex em um eon geco-tomano, prestupondo nde apenas'uma como também um aacigo contato e wma epropr & profes hebreus pelos fildsoos¢ legisloresgregos. Nu prime. {2 tentative conhecid de reavalagdo do pov bitbaro) Casors\ Sperencemente langou mio da mesma abordagem, baseando se em {utres antigos para claborardescigSes dos povos que supostamen, xe cram godos ¢ ass Manica tradigéo univers £m vor de seus governance ottogodos, Em sua hisra dos godos hoje perdi, cle afrmava que havi “wansfrmado a orgen gu, combinar as tra Capitulo 2: Povos imaginadas na antigtidede @ 79 como uma “biografia em séiie’, § mancira dos dotes romanos.¥ Ao estabelecer 17 geragées de ris gécicos riimero que havia entse Enéas e Rémulo), 20 descoby os em liveos (gregos e latinos), e ndo em sua tradigao on Gassiodore mastave que 0s godes, apesar de irberos, perien a0 mesmo mundo dos romanos, N; Jor cultivam, 4 flosofis ea teologia mesmo antes de entrazem na drbita do mundo. romano, versio de" Jérnatides ida incluséo dos godos na hi beleci'o modelo que seria seguido por codos os historia. ores das “histbrias bérbaras” subseqilentes. Independentemente dos_ Programas polices, religiosos ou lcerdtidS GUE Epulivémn, do séeule WT ao XI 08 autoret do que ¢ conkecido feco-romana 0 mals lente de herdis ‘ORM, 30 meimo tempo em-que as inssrnalizavam a tradicional perspeciva romana dos bitbaros, eae apagavam @ antige ¢ estimada distingéo entre brbaros ¢ roman Esse fois intengio explicta de Jomnandes, que conclu! aen Ges io entre os Amali ¢ 08 Ani ‘mento de Germanus Posthumus,filho do tiltimo dos Amali esobst, ‘ho do imperador Justiniano, A reducto de romanose godos a cuss Vago timo Originer | & 5 5 _ familias, que puderam se uni devido « uma allanga matcimonial reuita, modificou nfo apenas a compreensio dos ezine bérbaros, [7 mas também a do povo roniano, Rarunlta da sfculo VI, 0 papulur | Tamas era vito, pelo menos por autores coma Jornandes, da mes- socials pediam de fato ser fundados ¢ desse modo far de fora da , ,ondem natural de nascimento e ancestalidade (como na nogio mais corginica de natio) estava enfiaquecendo, Os romanos estavam se tornando wina gens como seus vizinhos ¢ sucessores bar os volkamos agora.

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