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Gita eager eae Os dy ae a ALGEBRA A ae yn evesii\ UEIREDO/WETZLER CIP-Brasil. Catalogago-na-Fonte Camara Brasileira do Livro, SP Algebra linear / José Luiz Boldrini ... {et al.]. - 3.ed. — A383 Sdo Paulo : Harper & Row do Brasil, 1980. 3.ed. —_Bibliografia. 1. Algebra linear I. Boldrini, José Luis. 17, CDD-512.897 80-0969 18, -512.5 Indices para catdlogo sistematico: 1. Algebra linear 512,897 (17.) 512.5 (18.) ae UNRATE A 241600 ALGEBRA LINEAR 3° edicao ampliada e revista JOSE LUIZ BOLDRINI SUELI |. RODRIGUES COSTA VERA LUCIA FIGUEIREDO HENRY G. WETZLER Depto. de Matematica da Universidade Estadual de Campinas — UNICAMP “fF - eintieca de WY editora HARBRA Itda. ote sa, UFPe! Estante 512.5/A394/3.ED. Obra 51280 C. Teenol. Registro 0102454 coe (A Diregdo Geral: Julio B. Emod Supervistio Editorial: Maria Pia Castiglia Coordenacao Editorial: Maria Elizabeth Santo Composigao e Artes. AM Produgdes Grificas Ltda. * Fotolitos: Ferrari Studio e Artes Gréficas Ltda. Capa: Maria Paula Santo Impressito ¢ Acabamento: Donnelley Cochrane Grafica Editora do Brasil Ltda. Fotografia da Capa: Néstor E. Massa A fotografia da capa ilustra a secdo 5.5. Para obté-la, utilizou-se 0 laser de arg6nio do Departamento de Eletrénica Quantica do Instituto de Fisica da UNICAMP-SP. ALGEBRA LINEAR - 3* edigio Copyright © 1986 por editora HARBRA Itda. Copyright © 1984, 1980, 1978 por Editora Harper & Row do Brasil Ltda. Rua Joaquim Tévora, 629 — Vila Mariana ~ 04015-001 ~ Sdo Paulo - SP Promogdo: (O11) 5084-2482 ¢ 571-1122. Fax: (011) 575-6876 Vendas: (011) $49-2244 e 571-0276, Fax: (011) 571-9777 Reservados todos os direitos. E terminantemente proibido reproduzir esta obra, total ou parcialmente, por quaisquer meios, sem a permissio expressa dos editores. Impresso no Brasil Primed in Brazil CONTEUDO Preficio i terceira edigéo CAPITULO 1 MATRIZES 1 1.1 Introdugao 1 1.2. Tipos especiais de matrizes 3 1.3 Operagdes com matrizes 5 14° Exereicios 11 *1.5 Processos aleatérios: cadeias de Markov 14 *1.6 Exercicios 26 1.7. Respostas 28 CAPITULO 2 SISTEMAS DE EQUACGES LINEARES 29 2.1. Introduggo 29 2.2. Sistemas ¢ matrizes 33 2.3. Operacdes elementares 35 24 Forma escada 37 2.5 Solugdes de um sistema de equagées lineares 41 2.6 Exercicios 49 2.7 Demonstragoes 60 CAPITULO 3 DETERMINANTE E MATRIZ INVERSA 64 3.1 Introdugio 64 3.2 Conceitos preliminares 65 3.3. Determinante 66 3.4" Desenvolvimento de Laplace 69 3.5 Matiz adjunta — matriz inversa 72 3.6 Regra de Cramer 77 3.7. Célculo do posto de uma matriz através de determinantes 80 *3.8 Matrizes clementares Um processo de inversao de matrizes 82 *3.9 Procedimento para a inversdo de matrizes 86 3.10 Exercicios 90 CAPITULO 4 ESPACO VETORIAL 97 4.1 Vetores no plano e no espago 97 4.2. Espagos vetoriais 103 43° Subespacos vetoriais 105 44 Combinagao linear 112 4.5. Dependéncia e independéncia linear 114 4.6 Base de um espago vetorial 116 4.7 Mudanga de base 123 4.8 Exercicios 129 49 Respostas 135 CAPITULO 5 TRANSFORMACOES LINEARES 142 5.1 Introdugo 142 5.2. Transformag6es do plano no plano 147 5.3 Conceitos ¢ teoremas 150 5.4 AplicagOes lineares ¢ matrizes 157 5.5 Aplicagdes 4 éptica 167 5.6 Exercfcios 171 CAPITULO 6 AUTOVALORES E AUTOVETORES 178 6.1 Introdugdo 178 6.2 Polinémio caracterfstico 185 63 Exercicios 194 CAPITULO 7 DIAGONALIZACAO DE OPERADORES 199 7.1 Base de autovetores 199 7.2 Polindmio minimal 206 “73 Diagonalizagao simultanea de dois operadores 210 7.4 Forma de Jordan 211 7.5 Exerctcios 213 CAPITULO 8 PRODUTO INTERNO 219 8.1 Introdugdo 219 8.2 Coeficientes de Fourier 225 83 Norma 226 84 Proceso de ortogonalizagao de Gram-Schmidt 230 8,5 Complemento ortogonal 234 8.6 Espagos vetoriais complexos — produto interno 235 8.7 Produto interno e estatistica 236 *8.8 0 ajuste de curvas e 0 método dos minimos quadrados 239 89 Exercicios 247 CAPITULO 9 TIPOS ESPECIAIS DE OPERADORES LINEARES 253 9.1 Introdugao 253 9.2 Operadores auto-adjuntos ortogonais 258 9,3 Diagonalizagdo de operadores auto-adjuntos ¢ caracterizagdo dos operadores ortogonais 261 9.4 Exerctcios 264 CAPITULO 10 FORMAS LINEARES, BILINEARES E QUADRATICAS 269 10.1 Formas lineares 269 10.2 Formas bilineares 270 103 Matriz de uma forma bilinear 272 10.4 Forma bilinear simétrica 274 10.5 Formas quadréticas 274 106 Diagonalizaggo da forma quadritica 277 10.7 Exercicios 278 CAPITULO 11 CLASSIFICACAO DE CONICAS E QUADRICAS 285 11.1 Introdugao 285 11.2 Retas no plano 287 11,3 Planos no espaco 288 11.4 Cénicas no plano 289 11,5 Quédricas em R? 298 11.6 Exerefcios 305 * 11.7 Propriedades geométricas das cOnicas 308 CAPITULO 12 RESOLUCAO DE SISTEMAS DE EQUACOES DIFERENCIAIS LINEARES 316 12.1 Introdugao 316 12.2 EquagSes diferenciais 317 12.3 Resolucao de sistemas de n equacdes lineares homogéneas de 19 ordem ¢ coeficientes constantes 327 12,4 Exercfoios 346 CAPITULO 13 PROCESSOS ITERATIVOS E ALGEBRA LINEAR 332 13.1 Introdugdo 332 13.2 Seqiiéncias de matrizes 333 133 Resolugao de sistemas lineares — processo iterative 337 13.4 Método de Jacobi 344 13.5 Processo de Gauss-Seidel 345 13.6 Estimativa de erro 345 13.7 Exercicios 348 CAPITULO 14 CONJUNTOS CONVEXOS E PROGRAMACAO LINEAR 350 14.1 Introdugao 350 14.2. Conjuntos convexos 351 14.3 Introdugo 3 programagio linear (PL) 362 *144 Exercicios 371 14.5 Método simplex ‘374 146 Exerefcios 398 14.7 Respostas 402 Bibliografia geral 406 Indice remissivo 407 PREFACIO - A TERCEIRA EDICAO Este livro teve como origem o texto de um curso de Algebra Linear, oferecido para alunos de Engenharia, Fisica, Matematica, Estatistica e Computagao da Universidade Estadual de Campinas. O programa foi estabelecido tendo em vista que seria o tinico curso de Algebra Linear que a maioria dos alunos receberia. Por isso, procuramos englobat 0s assuntos que seriam indispenséveis aos cursos que estes alunos seguissem posteriormente. Ele foi ministrado numa disciplina de segundo semestre que é seqiténcia de um curso, também semestral, de Geometria Analitica. Os pré-requisitos para a leitura deste texto so os topicos de Matematica, normalmente vistos até o curso Colegial. A partir destes, introduzimos e desenvolvemos razoavelmente as conceitos basicos de Algebra Linear, procurando sempre indicar aos alunos as fontes as quais eles podem recorrer para aprofundar seus conhecimentos. Alunos que cursam pela primeira vez esta disciplina, freqientemente julgam-na muito abstrata e no véem como podem utilizar os conceitos basicos. E, normalmente, muitos cursos terminam sem que se mostre aos alunos uma aplicagio concreta de tudo o que aprenderam. Procuramos, ento, dar aos tépicos uma abordagem com dois objetivos: 1. Conseguir uma exposigdo da matéria, de tal forma que a énfase seja colocada no uso dos conceitos. Neste sentido, optamos por uma exposi¢go em que estes sejam introduzidos, na medida do possivel, dentro de um contexto onde surja a necessidade de sua apresentacao. Algumas demonstragdes sdo propostas na forma de exercicios, o que permite uma maior fluéncia do texto e possibilita ao aluno desenvolvé-las dentro do seu raciocinio logico. 2. Encaminhar os conceitos para a solugdo de problemas nos quais os alunos jf tenham sentido dificuldade. Desta forma, é conveniente fixar qualquer um dos capitulos (Cap. 11: Classificagdo de Cénicas e Quddricas; Cap. 12: Resolugio de ‘Sistemas de Equagdes Diferenciais; Cap. 13: Processos Iterativos; Cap. 14: Conjuntos Convexos e Programapao Linear), como chave, ou seja, um capitulo que englobe 9s diversos conceitos apresentados no livro. Na busca das solugées para os problemas que colocamos nestes cap itulos recorremos a maioria dos conceitos incorporados em um curso tradicional de Algebra Linear (nogdes de espago vetorial, autovalores e autovetores, diagonalizagdo de operadores), de modo que 08 alunos possamn perceber a inter-relacao entre eles ¢ a aplicagdo conjunta dos mesmos. Dentro desta perspectiva, poderiamos sugerir algumas seqiéncias para © desenvolvimento de um curso de Algebra Linear: 1. Capitulos 1 a 11; 2. Capitulos 1 a8 ¢ 12; 3. Capitulos 1 2 8 e 13; 4. Capitulos 1a 8¢ 14. Uma outra sugestao é a de que 0 contetido deste livro seja desenvolvido, como jé vem sendo feito, em disciplinas que integrem os tradicionais cursos de Célculo, Algebra Linear e Equagdes Diferenciais. Quanto aos aspectos didaticos, gostariamos de ressaltar que os exercicios sdo importantes inclusive como extensdo de cada capitulo. O contetido foi elaborado de modo a se enquadrar em diversos programas, podendo-se deixar de estudar as segdes assinaladas com asterisco sem prejuizo do entendimento dos t6picos abordados. Por exemplo, segdes como Cadeia de Markov (seco 1.5) ¢ Ajuste de Curvas (8.8), que sfo t6picos especiais, podem ou nao ser incluidas de acordo com o interesse de cada aluno, grupo ou classe. Nesta terceira edigGo, a antiga seedo 4.9 foi ampliada e transformada no atual Capitulo 14: Conjuntos Convexos ¢ Programagao Linear. A relativa simplicidade deste assunto ¢ seu grande ndmero de aplicagdes priticas sio responsdveis por sua difusdo e interesse nos Ultimos anos. Anexamos a este novo capitulo uma segdo de autoria do Prof. Antonio Carlos Moretti, que descreve 0 algoritmo do método simplex para programagao linear e indica as etapas para a programago por microcomputadores deste método. ‘A nossa experiéncia, assim como a de outros professores, tem mostrado que o naicleo de um curso introdutério de Algebra Linear e, portanto, 0 deste livro, corresponde a matéria exposta nos Capitulos de 1 a 8, podendo ser excluidas as segdes 7.2 a 7.4, dependendo dos objetivos a atingir. Recomendamos especial atengdo aos capitulos introdutérios, principalmente ao que trata de Sistemas Lineares, e que fornecerdo a base técnica indispensavel para a boa compreensio dos demais capitulos, além de conterem em si métodos fundamentais aplicdveis a muitas situagdes. Acreditamos que as segdes e capitulos altemnativos permitam opgSes para trabalhar com os conceitos de Algebra Linear em diferentes 4reas. Queremos agradecer a todas as pessoas que leram e utilizaram o livro, enviando sugestées, ¢ de modo especial aos professores Antonio Carlos Gilli Martins ¢ Joao Frederico C. A. Meyer. Os Autores oer MATRIZES 4.1 INTRODUGAO Nesta segdo, apresentamos os conceitos bdsicos sobre matrizes. Estes conceitos aparecem naturalmente na resolugdo de muitos tipos de problemas e sio essen- ciais, nfo apenas porque eles “ordenam e simplificam” o problema, mas tam- bém porque fornecem novos métodos de resolugao. Chamamos de matriz uma tabela de elementos dispostos em linhas ¢ co- lunas. Por exemplo, ao recolhetmos os dados referentes a altura, peso e idade de um grupo de quatro pessoas, podemos dispo-los na tabela: Altura (m) Peso (kg) Idade {anos} Pessoa 1 1,70 70 23 Pessoa 2 1,15 60 45 Pessoa 3 1,60 52 25 Pessoa 4 1,81 R 30 2 ALGEBRA LINEAR Ao abstrairmos os significados das linhas e colunas, temos a matriz: 170 70 23 1,75 60 45 160 52 25 181 72 30 Observe que em um problema em que o nlimero de varidveis e de observagdes ¢ muito grande, essa disposigio ordenada dos dados em forma de matriz torma-se abso- Iutamente indispensével. Outros exemplos de matrizes so: dx -l 2 3 (3 0 1 ul o x Os elementos de uma matriz podem ser niimeros (reais ov complexos), fungdes, ou ainda outras matrizes. Representaremos uma matriz de m Jinhas ¢ » colunas por: ayy tn ain ay aan aan Amxn =| + : 2 | = leglmxn Imi Ome Amn, Usaremos sempre letras maitisculas para denotar matrizes, e quando quisermos especificar a ordem de uma matriz A (isto é, 0 ntimero de linhas ¢ colunas), escreveremos Am xn. Também sao utilizadas outras notagdes para matriz, além de colchetes, como parénteses ou duas barras. Por exemplo: 2a) , 2 a4 o 4 0 4 Nao obstante, neste livro as matrizes aparecerdo sempre entre colchetes. Para localizar um elemento de uma matriz, dizemos a linha e a coluna {nesta ordem) em que ele estd. Por exemplo, na matriz: 1 0 -4 Avco= [4 3 ;| © elemento que esta na primeira linha ¢ terceita coluna é -4, isto €, a3 Ainda neste exemplo, temos ay, = 1, dy2 = 0, dn, = 4.ay = -3 © da Matrizes 3 1.1.1 Definiggo; Duas matrizes Amxn = [aijlmxn © Brxs = [bijhxs sio iguais, A = B, se elas tém 0 mesmo numero de linhas (m = r) e colunas (n = = 8), & todos os seus elementos correspondentes so iguais (ay = bij). Bxemplo: Fy) jogi] _ [9 seng0” 0 2 PR 5sj)"|2 4 = $ 1.2 TIPOS ESPECIAIS DE MATRIZES Ao trabalhar com matrizes, observamos que existem algumas que, seja pela quantidade de linhas ou colunas, ou ainda, pela natureza de seus elementos, tém propriedades que as diferenciam de uma matriz qualquer. Além disso, estes tipos de matrizes aparecem freqiientemente na prdtica e, por isso, recebern no- mes especiais. Consideremos uma matriz com m linhas ¢ n colunas que denotamos por Am xn? 1.2.1 Matriz Quadrada ¢ aquela cujo numero de linhas é igual ao namero de colunas (m = 1). Exemplos: e (8) ao 1 2 3.0 4 5 No caso de matrizes quadradas Am xm, costumamos dizer que A é uma matriz de ordem m. 1.2.2 Matiz Nula € aquela em que aj = 0, para todo i e j. Exemplos: 0.0 1.2.3 Matriz-Cotuna é aquele que possui uma tnica coluna (m = 1). Exemplos: 1 . [>] -3 Analogamente, temos: oo° ooo ooo coos eeo 4 ALGEBRA LINEAR 1.2.4 Matriz-Linha 6 aquela onde m = 1. Exemplos: Bo -1] e f Oo 1.2.5 Matriz Diagonal ¢ uma matriz quadrada (m = n) onde aj = 0, para i Hj, isto é, 05 elementos que nao estdo na “diagonal” sio nulos. Exemplos: oon ono ° ooou eouc ouce wooo Um exemplo importante de matriz diagonal vem a seguir. 1.2.6 Matriz Identidade Quadrada é aquela em que aj; = 1 e ayy =0, para i#j. Exemplos: 1.2.7 Matriz Triangular Superior é uma matriz quadrada onde todos os elementos abaixo da diagonal sio nulos, isto 6, m =n e ay = 0, para i > j. 2 -1 0 0-4 4|e [3 | 0 0 3 . 1.2.8 Matriz Triangular Inferior é aquela em que m =n e ay = 0, para

3x2 1 4, 8 ALGEBRA LINEAR Exemplo 2: bY 3 2 Exemplo 3: [i] = [1 2] Propriedades: i) Uma matriz € simétrica se, ¢ somente se ela € igual 4 sua transposta, isto &, se, @ somente se A = A’. (Observe a matriz B acima.) ii) A" = A. Isto €, a transposta da transposta de uma matriz é cla mesma. ivi) (A + B)' = A’ + B’. Em palavras, a transposta de uma soma é igual 4 so- ma das transpostas. iv} (KAY! = KA‘, onde k & qualquer escalar. Antes de definir uma outra operago, a multiplicagio de matrizes, veja- mos um exemplo do que pode ocorrer na prética. ‘Suponhamos que a seguinte matriz.fornega as quantidades das vitaminas A, Be C obtidas em cada unidade dos alimentos I e II. A BC Alimento ii 3.0 Alimento I] LS 0 1 Se ingerirmos 5 unidades do alimento | ¢ 2 unidades do alimento II, quanto consumiremos de cada tipo de vitamina? Podemos representar 0 consumo dos alimentos I ¢ II (nesta ordem) pela matriz “consumo”: is 2] ‘A operagdo que vai nos fornecer a quantidade ingerida de cada vitamina € 0 “produto”: o afte Sy =15+44#2-+5 $+34+2+0 5-0+2+1] = {30 15 2J Isto 6, serdo ingeridas 30 unidades de vitamina A, 15 de B e 2 de C. Matrizes 9 Outro problema que poderemos considerar em relagdo aos dados anteriores € © seguinte: Se 0 custo dos alimentos depender somente do seu contéudo vitaminico ¢ soubermos que os precos por unidade de vitamina A, B e C sao, respectivamente, 1,5,3€ 5 U.c.p,, quanto pagarfamos pela porgdo de alimentos indicada anterior- mente? 1,5 cr) [30 15 2]-/3 5 [30(1,5) + 15(3) +2(5)] [100] Ou seja, pagariamos 100 u.c.p. Observamos que nos “produtos” de matrizes efetuados em (*) e (**), cada um dos elementos da matriz-resultado é obtido a partir de uma linha da primeira matriz e uma coluna da segunda. Além disso, com relagdo as ordens das matrizes en- volvidas, temos: em(*) Lhxa + Ehxs = lho Em (**)) (hixa + Ddsxa = ble O exemplo anterior esboga uma definigdo de multiplicagZo de matrizes A e B, quando A é uma matriz linha, Esta nogdo de produto pode ser estendida para 0 caso mais getal,¢ os elementos da matriz-produto serdo obtidos pela soma de produ- tos dos elementos de uma linha da primeira matriz pelos elementos de uma coluna da segunda matriz, Por exemplo, Sejam Aaya =f 78 22 42 Gaz G23 bu ba © Byx2 =[bar bo bay ba ‘A matriz-produto AB é a matriz 2 X 2 definida como: bu bis ant a AB = [m an el + | bay baa a2 aa ia by ba — Feud taba tabs dubia + anbe rere | ay by + ayqby + dasba @ybi2 + dnbn + Gsba Agora, passemos para a definico geral. 10 ALGEBRA LINEAR 1.3.5 Multiplicagéo de Matrizes: Sejam A = layla xn ¢ B= [oslrxp- Definimos AB = [evy}mx p onde a Cur = Y Gakbky = Surbry +» + Gundry ‘ket Observagoes: i) $6 podemos efetuar o produto de duas matrizes Amxn € Brxp Se 0 né- ~~ mero de colunas da primeira for igual ao nimero de linhas da segunda, isto , n = 1. Além disso, a matriz-resultado C = AB seré de ordem mxp. ii) elemento cy (/4sima linha ¢ j-¢sima coluna da matriz-produto) ¢ obti- do, multiplicando os elementos da i-ésima linha da primeira matriz. pelos elementos correspondentes ‘da /-ésima coluna da segunda matriz, e soman- do estes produtos. 1.3.6 Exemplos Exemplo 1: 201 La sL41-0 Wy+le4 42 [i 3] =[4-14+2-0 46-1) +264 = 5 3}sx2 2x2 +143-0 S(t) #3+4Jox0 Exemplo 2: 4 201 [: ‘hee . : | 5 3]ee Nao é possivel efetuar esta multiplicag4o, porque 0 mimero de colunas da primeira é diferente do ntimero de linhas da segunda. Exemplo 3: 1 0 0 6 1 23 o6 1] _]9 2 2 5 4 3.8 2hx, [12 62 -3 0 thexe 38 2hexs Mateizes ID Propriedades: i) Em geral AB # BA (podendo mesmo um dos membros estar definido ¢ 0 outro nao). Exemplo: 1o-rot 123 Seam A=|-3 2 -1feBs]2 4 6 2 1 «0 123 0 0 0 “Hl 6 -L Entio AB=|0 0 OjeBA=|-22 12 -2 0 0 0 “16 el Note, ainda, que AB = 0, sem que A = 0 ou B= 0. Desde que sejam possiveis as operagdes, as seguintes propriedades sio vilidas: ii) AL = IA = A (Isto justifica o nome da matriz identidade.) iti) A(B + C) = AB + AC (distributividade esquerda da multiplicagao, em re- lagHo a soma) iv) (A + B)C = AC + BC (distributividade a direita da multiplicagao, em relagdo 4 soma) ») (AB)C = A(BC) (associatividade) vi) (AB) = BYA' (Observe a ordem!) vil) 0-A=0¢A-0=0 1.4 EXERCICIOS 1. Sejam -1 12 3 201 . a-[} 1 jje-[8 0 i}e= 2 eD=(2 -I] Encontre: aA+B b)A-C oB-C djC-D e)D-A fyD-B ana h) -D 12 ALGEBRA LINEAR 2 sje a=|,2, |. Se A'= A entio x = BA=)ox-1 of” " 3. Se A é uma matriz simétrica, entdo A - A’ = 4. Se A é uma matriz triangular superior, entéo A’ é 5. Se A é uma matriz diagonal, entdo A’ = 6. Verdadeiro ou falso? a) (A) = -(A) b) (A + B)' = B'+ A’ c) Se AB = 0, entio A = 0 ou B= 0. ) (ky A) (2B) = (ks ka AB e) (~A) (-B) = - (AB) f) Se Ae B sao matrizes simétricas, entio AB = BA. g) Se A-B = 0, entio B- A= 0. 1h) Se podemos efetuar o produto A+ A, entio A é uma matriz quadrada. 2 1/7 22 = 7. Se A’ =a Avatto| | 8. Se A é uma matriz triangular superior, entfo A? é x y|f2 3]_f1 0 srmcreee 2 ZL TE 1-3 2 1 4 1 0 2 1 -1 -2 10, Dads A={2 1 -3/,B=/2 1 1 1JeC=/3 2 -1 -1 4 -3 -1 1 2 1 2 2-5 -1 0 mostre que AB = AC. : 11. Suponha que A # Oe AB = AC onde A, B, C sao matrizes tais que a multiplica- gfo esteja definida. a) B=C? ») Se existir uma matriz Y, tal que YA = I, onde I é a matriz identidade, entao BeC? 12. Explique por que, em geral, (A +B)? # A? + 2AB + B? ¢ (A +B)(A- B) # AP - B. 2-3 -- -163°5 2-2 -4 13, DadasA=|-i 4 S|,B={ i -3 -S}]eC=/-1 3 4], 1-3 4 -1 3 5 1-2-3 14 15. Matrizes 13 a) Mostre que AB = BA = 0, AC= Ae CA=C. b) Use 0s resultados de (@) para mostrar que ACB = CBA, A? - BY = = (A-B)(A+B) ¢ (A+B) =A? +B. Se A= [3 4} ache B, de modo que B? = A. Um construtor tem contratos para construir 3 estilos de casa: moderno, medi- terréneo ¢ colonial. A quantidade de material empregada em cada tipo de casa ¢ dada pela matriz: Ferro Madeira Vidro Tinta Tijolo Moderno. 5 20 16 7 17 Mediterraneo 1 18 12 9 2 Colonial 6 25 8 5 13 (Qualquer semelhanga dos némeros com a tealidade é meta coincidéncia.) a) Se ele vai construir 5,7 ¢ 12 casas dos tipos modemo, mediterraneo e colonial, respectivamente, quantas unidades de cada material serio empregadas? b) Suponha agora que os pregos por unidade de ferro, madeira, vidro, tinta e ti- jolo sejam, respectivamente, 15, 8, 5, 1 10 u.c.p. Qual ¢ 0 prego unitario de cada tipo de casa? c) Qual o custo total do material empregado? . Uma rede de comunicagao tem cinco locais com transmissores de poténcias distintas. Estabelecemos que aj = 1, na matriz abaixo, significa que a estago i pode transmitir diretamente & estagio j, aj = 0 significa que a transmisso da estagdo i ndo alcanga a estagao j. Observe que a diagonal principal é nula significando que uma estagdo nfo transmite diretamente para si mesma. 0 io ecotror o-o-e 0 0 1 0 coo Hore Qual seria o significado da matriz A? = A+ A? 5 Seja A? = [cjj]. Calculemos 0 elemento ce = S aquagy = OF0+1 4040-1. kat Note que a nica parcela no nula veio de a43+ aq = 1 - 1. Isto significa que a estagdo 4 transmite para a estacdo 2 através de uma retransmissio pela estagdo 3, embora nao exista uma transmisséo direta de 4 para 2. 14 ALGEBRA LINEAR a) Calcule A?. 5) Qual o significado de cy; = 2? ©) Discuta o significado dos termos nulos, iguais a 1 e maiores que | de modo a justificar a afirmagdo: “A matriz A? representa 0 némero de caminhos disponiveis para se ir de uma estado a outra com uma tinica retransmissio”. d) Qual o significado das mattizes A + A?, A? e A+ A7+ A°? e) Se A fosse simétrica, 0 que significaria? 17, Existem trés marcas de automéveis disponiveis no mercado: o Jacaré, 0 Piranha ¢ o Urubu. O termo aj; da matriz A abaixo € a probabilidade de que um dono de carro da linha i mude para o carro da coluna j, quando comprar um carro novo. Para J Po oU J[07 02 01 De P}03 05 0,2 U/04 04 9,2 Os termos da diagonal dao a probabilidade ay; de se comprar um carro novo da mesma marca. A? representa as probabilidades de se mudar de uma marca para outra depois de duas compras. Vocé pode verificar isto a partir dos conceitos basicos de probabilidade (consulte 1.5) ¢ produto de matrizes. Calcule A? e interprete. 18, Tente descobrir outras situagdes concretas que possam ser analisadas de modo similar a0 de cada um dos problemas 15, 16 ¢ 17. * 1.5 PROCESSOS ALEATORIOS: CADEIAS DE MARKOV Muitos dos processos que ocorrem na natureza ¢ na sociedade podem ser estu- dados (pelo menos em primeira aproximago) como se o fendmeno estudado passasse, a partir de um estado inicial, por uma seqiiéncia de estados, onde a transigio de um determinado estado para o seguinte ocorreria segundo uma certa probabilidade. (Supotemos nesta seceSo um conhecimento minimo sobre probabilidades.) No caso em que esta probabilidade de transi¢Zo depende ape- nas do estado em que o fenémeno se encontra e do estado a seguir, o proces- so seré chamado processo de Markov e uma seqiséncia de estados seguindo este processo serd denominada uma cadeia de Markov. Evidentemente, 20 se supor tal restriggo estaremos simplificando, talvez demasiadamente, uma vez Matrizes 15 que as probabilidades podem se modificar com 0 tempo. Mas, assim mesmo, a informagdo que obtivermos com este modelo jé nos servird de auxilio para uma previsio do comportamento de certos fenémenos. Suponhamos, por exemplo, que, em uma determinada regio, observa-se que se chover bastante durante um ano, a probabilidade de que chova bastante no ano seguinte &1., e que a probabilidade de que faga seca é de}. Ainda, se houver seca em um ano, no ano seguinte a probabilidade de haver seca ou chuva suficiente seri a mesma, e igual a 5. Suponhamos também, para simplificar {© que nao ocorre na pratica, embora possamos usar como recurso para ter um indicador da situagdo), que estas probabilidades no mudem com o decorrer do tempo. Os estados possiveis para este processo so: chuva e seca, Podemos ter, entdo, as seguintes seqiléncias de acontecimentos (4rvore de probabilidades): Assim, sabendo que no primeito ano houve seca, a probabilidade de que chova bastante no terceiro ano é 4+ L4+ 4.4.2. Conforme o mimero de anos aumenta, as contas se tornam mais complicadas ¢, se estivermos interessa- dos em previsdes a longo prazo sobre © clima da segido, temos que procurar um outro procedimento. Isto pode ser feito se introduzirmos a nogdo de matriz das probabilidades de transi¢@o, a de vetor de probabilidades. A matriz T das probabilidades de transi¢do ¢ obtida da tabela de probabilidades onde o ele! to na isima linha e j-ésima coluna indica a probabilidade de transigdo do mo para 0 i-6simo estado. 1° ano 22 ano 39 ano... a c= 4 a 1 c c= chwa 4 ~~ sa S — seca c 3 4 (4) 4 2 co Pe ey s aoe q ca —, 1 c 3 wt! ae Ng — s 1 —l z cma 1 s——— 2 Ss Tat Figura 1.5.1. zr Ciéncia & Pef 16 ALGEBRA LINEAR Ble al epee O vetor de probabilidades é a matriz po” po” cuja primeira linha dé a probabilidade de que haja chuva no n-ésimo ano e a segunda linha da a probabilidade de que haja seca no n-ésimo ano. Analisando a drvore de probabilidades vemos que @ 21 ow ylpw DE = 4 Pe) ty PS 1 pi) +d p® 11 1 1 wo) le xt Ppa) | gel? tae P| _|a 2] fp] _|4 2 Observamos que T =| PE | =| 2 7 }-) Pe) =| 3 ; PP] |e a] Lard | gee? + zal? € portanto PP) |r po 2 © mesmo ocorre do segundo para o terceiro ano, deste para 0 quarto etc. Temos, entdo, a sequéncia: 19 ano 2% ano 3° ano. po po? tT. po pi? _ po) _ po) [oe] Lo] Le 8 [ae] Lae a-ésimo ano Matrizes 17 Portanto, 0 comportamento do clima desta regido a longo prazo (isto é, quando n aumenta) poderd ser previsto se soubermos que os elementos das matrizes T”, n= 1,2, ... se aproximam dos elementos de uma matriz fixa P pois, neste caso, pf) — py ¢ pi” —+ Py quando n —+ 2 ay, “| Pa pi? (Tal previsio é importante, pois se chegarmos, por exemplo, 4 concluso que pi") 1 quando 1 +o, a longo prazo a regio se tornard um deserto.) Se T” ndo se aproxima de uma matriz P, ent#o no poderemos fazer ne- nhuma previsio a longo prazo, pois 0 processo se modificard bastante a cada passo, Assim, um dos problemas que devemos resolver ¢ quais sio as condigdes sobre a matriz T das probabilidades de transigGo, para que suas poténcias se aproximem de uma determinada matriz. Antes de resolver isto, porém, vamos formalizar a situagdo anterior. com 1.5.1 Definiggo: Um processo aleatério de Markov & um proceso que po- de assumir estados @,, a2, ..., dp, de tal modo que a probabilidade de transigfo de um estado aj para um estado a; seja py (um niimero que s6 depende de a; ea). A matriz das probabilidades de transigado (matriz estocdstica) é dada por: Pa Pr. Pir Pu Pn... Par tT-|.. Pra Pro ++. Pre (Observe que py > 0, e que a soma de cada coluna deve ser 1.) O vetor de probabilidades é aquele cuja i-ésima linha d4 a probabilidade de ocorréncia do estado a; apés n transagées: 18 ALGEBRA LINEAR Seguindo 0 raciocinio do exemplo anterior vemios que, apos 7 passos, nv” wa? aT} t a” A? 1.5.2 Previsbes a Longo Prazo: Para podermos fazer previsdes a longo prazo, a matriz T deve cumprir certas condigdes. Assim, introduzimos a definigo a seguir. 4.5.3 Definigéo: Uma matriz das probabilidades de transigdo é regular se alguma de suas poténcias tem todos os elementos nao nulos, ‘A importancia da matriz regular para as previsOes a longo prazo € dada pelo teorema abaixo: 1.5.4 Teorema: Se a matriz T, x, das probabilidades de transigfo ¢ regular, entio: ’) As poténcias T" aproximam-se de uma matriz P, no sentido de que cada elemento de T” aproxima-se do elemento correspondente em P. if) Todas as colunas de P so iguais, sendo dadas por um vetor-coluna Pi vel: Pr. com py > 0, Pz > 0, --» Pr > 0 iii) Para qualquer vetor de probsbilidades inicial pi? v=]: of? © vetor de probabilidades T"V, aproxima-se de V (dado no item anterior). i) O vetor V é 0 tinico vetor que satisfaz V = TV. Matrizes 19 O que este teorema nos diz é que se a matriz das probabilidades de tran- sigdo é regular, entdo é possivel fazer previsdo a longo prazo e esta ndo depen- de das probabilidades iniciais V,. Além disso, o item (iv) nos indicaré como achar as probabilidades depois de um longo prazo. O processo utilizado para se encontrar 0 vetor “final” de probabilidades, usando o item (iv), corresponde a procura de autovetor associado ao autovalor um da matriz T, segundo as deno- minagdes que veremos no Capitulo 6. Nao faremos a prova deste teorema por- que isto nos desviard demais de nossos objetivos. 1.5.5 Exemplos Exemplo I: No problema sobre previsio de clima que estévamos estudan- do na introducao, ‘Rie als Rie wpe 6 regular pois sua primeira poténcia, isto é, ela mesma, jé tem todos os elemen- tos estritamente positivos; e assim podemos concluir, usando o item (iv), que quaisquer que sejam as probabilidades iniciais, as probabilidades a longo prazo so dadas por: [ri] - [nr] Ps Ps 1,4 Pe = 5 Pe + 5 Ps ee 3 1 Ps] Pe + Ps | PH Pe iy dy 2Bs = Pe sor Como devemos ter pe + ps = 1 (que € & probabilidade total), temos pe +3 Pe = = 1 ov pe = 2 ¢, portanto, py = 3 . Assim, a longo prazo a probabilidade de 3 um ano de chuva é 2 , enquanto que a probabilidade de um ano de seca 6% (dentro das hip6teses simplificadoras), e portanto a regio tenderd a uma ligeira aridez. 20 ALGEBRA LINEAR __Exemplo 2: Suponhamos que em uma determinada regido, a cada ano trés por éento da populagao rural migra para as cidades, enquanto que apenas um por cento da populagdo urbana migra para o meio rural. Se todas as de- mais condigées permanecerem estiveis, as condigdes politicas ndo mudarem, e estas porcentagens de migracdo continuarem as mesmas, qual deve ser a relagdo entre as populagdes urbana e rural desta regido a longo prazo? Como trés por cento da populagdo rural migra para 0 meio urbano, a probabilidade de migra¢do do meio rural para 0 meio urbano é 0,03, enquanto que a probabilidade de ndo migra¢o € 0,97. Como um por cento da populagao urbana migra para 0 meio rural a probabilidade de migragdo do meio urbano para o rural & 0,01 e a de nao migragao ¢ 0,99, Denotando por U o meio ur- bano e por R o meio rural, temos a matriz das probabilidades de transigao: Rou R/097 001 U/ 003 0,99 Como a matriz é regular, a longo prazo as probabilidades pp, de viver no meio rural, e py, de viver no meio urbano, devem satisfazer 097 001] [pa] fre 003 099] [py] |e donde py = 3pg ¢, como devemos ter py + pa = 1, temos Py = 0,25 Py = 0,75. Ou seja, a longo prazo, se ndo houver modificagdes nas tendénci- as de migragdo, teremos 25% da populagdo no meio rural ¢ 75% da populagao no meio urbano. Exemplo 3: Observase experimentalmente que, em condigdes naturais ¢ sem ser submetida 4 pesca industrial, a quantidade de uma certa espécie de peixes varia da seguinte forma: se em um determinado ano a populacdo dimi- nuiu, a probabilidade de que diminua ainda mais no ano seguinte é de 0.6 ¢, se em um determinado ano a populacdo aumenta, a probabilidade de que dimi- nua no ano seguinte é de apenas 0,3. Entretanto, observa-se que sendo subme- tida 4 pesca industrial, quando a populagdo aumenta num determinado ano, a probabilidade de que diminua no ano seguinte se altera para 0,5, enquanto que se a populagdo diminui num ano, a probabilidade de que diminua no ano se- Matrizes 21 guinte continua sendo de 0,6. Deseja-se saber como, a longo prazo, a pesca in- dustrial estara afetando os peixes dessa espécie, para ver se € necessério diminuir a intensidade de pesca ou se, ao contritio, é possivel aumenté-la. Os estados deste processo so: diminuiggo da populacdo (D) e aumento da populagdo (A), Entdo, sem haver pesca industrial, a matriz de probabilidades de transigo ¢ D/06 03 A|04 07 Como é uma matriz regular, as probabilidades pp da populagdo diminuir ¢ p4 da populago aumentar a longo prazo sio dadas por [os 07] * [ml -[e] que, sendo resolvida (lembrando que pp + pg = 1), fornece Pp = 3 € py =4- Portanto, como a probabilidade de a populagdo aumentar € maior, em condi- Ges naturais, @ espécie tem a sobrevivéncia razoavelmente garantida. Com a pesca industrial, a matriz se altera para Como uma matriz. regular, a longo prazo pp € pg S40 dadas por 06 05) [pe] _[ Pp 04 05} ‘| pa} “Lp, Assim, temos pp = 4 € py = $. Como a probabilidade de 2 populagdo dimi- nuir é maior, se a espécie for submetida a pesca industrial, sua sobrevivéncia serd ameagada e, portanto, a pesca deve ser diminuida. Exemplo 4; Duas substancias distintas estdo em contato e trocam ions de sOdio entre si. Sabe-se (por dedugdo te6rica, ou experimentagao) que um fon de sédio do meio (1} tem probabilidade 0,7 de passar ao meio (2), enquanto que um ion de sédio que esteja no meio (2) tem probabilidade 0,) de passar a0 meio (1). Colocando-se dois moles de s6dio no meio (1), quais serdo as con- 22 «ALGEBRA LINEAR meio (1) meio (2) Figura 1.5.2 centragdes de s6dio em cada um dos meios, apés um longo perfodo de tempo? Os estados deste processo so: o fon estd no meio (1) € 0 fon esté no meio (2), A mattiz de probabilidades de transigdo é: meio (1) __ meio (2) meio (1) 03 0,1 meio (2) 0,7 09 Sejam p, © pz a3 probabilidades de estar no meio (1) ¢ (2), respectivamente. Enigo, iniialmente, quando todo 0 sédio foi colocado no meio (1), p{?? = 1 e p\!) = 0. Como a matriz de probabilidades é regular, a longo prazo as proba- bilidades ndo dependem das probabilidades iniciais, e devem satisfazer 03 Ol) fry far 07 09. Pol | pa Resolvendo (lembrando sempre que py + Pa = 1), temos Py =e Pa = Z. Logo, as concentragées finais em cada meio stot + 2 = 0,25 moles no meio = 1,75 moles no meio (2). ayes 1.5.6 Previsies em Genética: Com pequenas modificagdes das idéias usadas nos processos de Markov, podemos estudar varios problemas genéticos, Sabemos que 0 tipo mais simples de transmissfo de heranga genética € efetuado através de pares de genes, os quais podem ser ambos dominantes, recessivos, ou um dominante ¢ outro recessivo. Chamemos G o gene dominante ¢ g o gene reces- sivo. Um individuo seré chamado dominante se tiver genes GG, hbrido se tiver genes Gg, ¢ recessivo, caso os genes sejam gg. Um individuo herda os genes ao acaso, um deles de seu pai 0 outro de sua mie. Assim, nos varios tipos de cruzamento, temos probabilidades distintas de transmissdo de heranga genética. No caso de cruzamento de individuos dominantes teremos somente filhos de gendétipos dominantes. Mauizes 23 GG com probabilidade 1 GG cruzado com GG + Gg com probabilidade 0 8 com probabilidade 0 No caso de cruzamento de individuos recessivos, teremos: GG com probabilidade 0 gg cruzado com gg <—» Gg com probabilidade 0 No caso do cruzamento de um individuo dominante com um recessivo, temos: GG com probabilidade 0 GG cruzado com gg —»Gg com probabilidade 1 gg com probabilidade 0 No caso do cruzamento de um indivfduo dominante com um hibrido, temos: _-> GG com probabilidade 0,5 GG cruzado com Gg + Gg com probabilidade 0,5 “—* gg com probabilidade 0 No caso recessivo e hibrido, temos: GG com probabilidade 0 gg cruzado com Gg —» Gg com probabilidade 0,5 gg com probabilidade 0,5 E finalmente, no caso de dois individuos hibridos, temos: GG com probabilidade 0,25 Gg cruzado com Gg > Gg com probabilidade 0,5 gg com probabilidade 0,25 Denotando por d, dominante, r, recessivo ¢ h, hibrido, e os respectivos cruza- mentos por d X d, d X r etc., colocando as probabilidades em colunas, pode- mos montar a seguinte matriz T: 24 ALGEBRA LINEAR Além disso, numa populagéo numerosa composta por uma porcentagem p§? de individuos de caracteristicas dominantes, pf") de individuos hibridos & pi de individuos de caracteristicas recessivas, a probabilidade de cruzamento de genes de um individuo dominante com outro dominante € pi!) - ply). Se quizermos calcular a probabilidade de um cruzamento onde um dos individuos & dominante ¢ 0 outro € hibrido, temos que somar p§? - ph (considerando que © primeiro ¢ dominante e segundo ¢ hibrido) a pf!) - pf. Assim, a probabilidade ¢ de 2p) - pi). Os outros casos seguem © mesmo raciocinio € temos entdo: Cruzamento Probabilidade (Estamos supondo que a caracteristica genética analisada seja tal que ndo inter- fira no cruzamento natural.) Entdo, podemos ter as porcentagens de individuos dominantes, pip, de individuos hibridos, p, e de individuos recessivos, pi), da segunda geragao, multiplicando as matrizes: ph» pp 0), po Pp?) |1 0005 0 025 Pro + Pr Je p@ r|=|0 0 1 05 05 05 2 m aft pP®! |0 10 0 05 0,25 28? > Ph apf?) + pip Ph + ph Supondo que ndo haja novo cruzamento de individuos da primeira gesa- gdo (0 que, em geral, ocorre com populagdes de insetos etc.), uma vez obtidas as porcentagens de individuos da segunda geraso, podemos obter as porcenta- gens da terceira geragdo, multiplicando novamente 2 matriz T pelos novos da- Matrizes 25 dos, e assim sucessivamente. Dessa forma, obtemos 0 perfil genético de qualquer geracio. Evidentemente, os célculos tornam-se demorados, mas podem ser feitos facilmente, se usarmos calculadoras. Este tipo de andlise € muito simples (de- mais talvez), mas é importante em muitos campos, como em Agricultura, para se ter uma idéia da propagacdo da resistencia genética a certos tipos de doonga, da resisténcia de insetos a tipos de inseticidas etc. Exemplo: Aplica-se um certo tipo de inseticida em uma plantacdo, para se combater uma determinada espécie de insetos. Apés a aplicacio verifi: ca-se que, dos poucos insetos sobreviventes, 60% eram resistentes ao inseticida € 05 Outros 40% ndo o eram (€ haviam sobrevivido por raz6es casuais), Sabe-se que 0 ciclo de vida desses insetos € de um ano e que eles se cruzam apenas uma vez em cada geragdo. Além disso, ficou comprovada que a resisténcia a0 inseticida ¢ uma caracteristica dominante e que 0 inseticida no foi aplicado novamente. Tendo estes dados em mente, perguntamos qual é a porcentagem de insetos resistentes ao inseticida aps dois anos? Como a resisténcia ¢ uma caracteristica dominante, os insetos resistentes podem ter gendtipo GG ou Gg na telagdo 1:2, ¢ assim, 20% dos insetos resis- tentes sio dominantes e 40% sdo hibridos. Temos, portanto, p(t = 0,2, ph? = = 04c pf") = 04 ¢ assim, a distribuigdo da porcentagem dos insetos apés um ano é dada por (0,2) - (0,2) (0,4) + (0.4) (2) pe? 10 0 05 0 0,25 210.2) « (04) pPP|=|0 0 1 05 O05 05 |+|} 20.2) - 04) 2(0,4) + (0,4 PP} [0 1 0 0 OS 0.25 (O) : ow ou seja, p§P = 0,16, pf? = 0.48 e pl? = 0,36. Apés mais um ano, a distribui- ¢do de insetos serd dada por (0,16) (0,16) p> 10 0 05 0 os (0,36) (0,36) 2(0,16) (0,36) pPO[=|0 0 1 05 O05 O85 20,16) (0,48) @ 2(0,36) (0.48) Pr 0 1 0 0 OS 0,25 (048) (0,48) ‘ou seja, pf? = 0.16, pf) = 0.48 e p® = 0,36. Assim, apés dois anos, a por centagem dos insetos resistentes ao inseticida serd pl) + pj? = 0.16 + 0,48 = = 0,64, ou seja, 64% da populagdo € resistente. Dessa forma, se for necessiria 26 ALGEBRA LINEAR uma nova aplicagdo de inseticida, nfo serd conveniente aplicar 0 mesmo tipo, pois ele mataré no méximo 36% do insetos. Observe que a distribuigdo dos insetos quanto ao gendtipo GG, Gg ou gg permaneceu a mesma na segunda e terceira geracoes. (p> = pf? = 0.16 PAP = pf? = 0,48 ¢ pf?) = pf) = 0.36.) Calcule as probabilidades para a quarta geragdo de insetos (depois de txés anos). O resultado que vocé obteve ndo é uma casualidade. Existe uma “lei ge- nética” muito conhecida, que estabelece sob condigdes ideais que depois da se- gunda gerago, a distribuigdo entre os gendtipos permanece a mesma. Assim, se partirmos de uma populagdo onde a formagdo inicial ¢ dada por frequéncias PQ = u, pf!) = ve pl!) = w, temos: “ Genétipo | Geragao inicial | Gerades seguintes oc u Gg » 2u +5) Ow > we w w+5y Vocé pode mostrar esta relagdo através do produto de matrizes. No “modelo genético” considerado neste pardgrafo, ¢ assumida uma situa- gdo-padrdo: nao existe migragdo, os encontros so a0 acaso, no ocorrem muta- ces nem selegio, 0s dois sexos aparecem sempre em quantidades iguais. Esta relagdo de estabilidade genética aqui apresentada foi mostrada inde- pendentemente, pelo matemitico G. H. Hardy ¢ 0 genético W. Weinberg em 1908. *1.6 EXERCICIOS 1. Suponha que um corretor da Bolsa de Valores faga um pedido para comprar ages na segunda-feira, como segue: 400 quotas de ago A, 500 quotas da ago B e 600 quotas da agao C. As agdes A, Be C custam por quota Cr$ 500,00, Cr$ 400,00 e Cr$ 250,00, respectivamente. a) Encontre o custo total de agdes, usando multiplicagdo de matrizes. v » a Matrizes 27 4) Qual seré 0 ganho ou a perda quando as agdes forem vendidas seis meses mais tarde se as aydes A, Be C custam Cr 600,00, Cr$. 350,00 ¢ Cr$ 300,00 por quota, respectivamente? . E observado que as probabilidades de um time de futebol ganhar, perder e empatar uma partida depois de conseguir uma vitéria sto 5, © 3. respec- tivamente; e depois de ser derrotado so 4 a et . Fespectivamente; e depois de empatar sfo 4,2 eZ , respectivamente. Se 0 time no melhorar nem piorar, conseguiré mais vit6rias que derrotas a longo prazo? Numa pesquisa procura-se estabelecer uma correlacdo entre os niveis de esco- latidade de pais e filhos. Estabelecendo as letras P para os que conclusram o curso primério, $ para o curso secundario e U para o curso universitirio, a probabilidade de um filho pertencer a um destes grupos, dependendo do gru- po em que o pai esta é dada pela matriz Po S$ U 2 1 P\/S 3 0 111 Sis a 3 12 Ulo 7 Gg Qual é a probabilidade de um neto de um individuo que realizou 0 curso secundério ser um universitério? . Numa cidade industrial, os dados sobre a qualidade do ar sdo clasificados como satisfatdrio (S) e insatisfatorio (1). Assuma que, se num dia é registrado S, a probabilidade de se ter $ no dia seguinte é de 2e que, uma ver regis- trado I, tem-se+ de probabilidade de ocorrer $ no dia seguinte. a) Qual € a probabilidade do quarto dia ser S, se o primeiro dia é I? 5) O que se pode dizer a longo prazo sobre a probabilidade de termos dias Sour , Numa ilha maravilhosa verificou-se que a cor azul ocorre em borboletas de gendtipo aa, e nJo ocorre em Aa e AA, Suponha que a proporgao de bor- boletas azuis seja + . Depois de algumas geragGes, qual serd 2 porcentagem das borboletas ndo azuis, mas capazes de ter filhotes azuis? 28 ALGEBRA LINEAR 1.7 RESPOSTAS 1.7.1 Respostas de 1.4 2x=l 4, Triangular inferior 6a) V; 5) V, e)F, a) V; &) FSF; 8) BS AV 8. Triangular superior 12. Porque em geral 0 produto de matrizes néo é comutativo. 15. a) [146 526 260 158 388] 492 b) | 528 465. c) Cr$ 11.736,00 16a) [1 1 23 1 02 2 2 2 2102 121 o1 02 0 oo10 1 7. 0,59 0,28 0,13 044 039 0,17 048 0,36 0,16 1.7.2 Respostas do 1.6 2. As probabilidades de ganhar, perder ou empatar, a longo prazo, si0 aproxi- madamente iguais a 1/3, sendo a probabilidade de ganhar ligeiramente maior. 3. A probabilidade é 1/3. 4, a) 31/125 5) A longo prazo, a probabilidade de termos dias satisfatérios ¢ 1/4 ¢ de termos dias insatisfatérios € 3/4. Leituras Sugeridas e Referéncias » Herstein, IN; Tépicos de Algebra; Editora Poligono, Sao Paulo, 1970. 2 Lipschutz, S.; Algebra Linear, McGraw-Hill do Brasil Ltda., Rio de Janeiro, 1971. 3 SMSG: Maremética: Curso Colegial, vol. 3; Yale University Press, New Haven, 1965. 4 Campbell, H. G.; Linear Algebra with Applications; Meredith Corporation, New York, 1971. SISTEMAS DE EQUACOES LINEARES 2.1 INTRODUGAO Na natuzeza, as coisas esto sempre mudando, se transformando, e © ser huma- no, para garantir sua sobrevivéncia e melhorar sua existéncia, precisa conhecer e dominar estes processos de mudanga. Um dos métodos encontrados para se descrever estas transformagées foi o de procurar nestas 0 que permanece cons- tante durante a mudanga. Por exemplo, sabemos que o hidrogénio (H2) reage com o oxiggnio (2) para produzir agua (H;0). Mas, quanto de hidrogénio e de oxigénio precisamos? Esta é uma mudanga que podemos descrever do seguin- te modo: x moléculas de Hy reagem com y moléculas de 0, produzindo z mo- Igculas de HzO, ou esquematicamente: xH, + yO, — zH,0. O que permanece constante nessa mudanga? Como os dtomos nao s40 modificados, 0 niimero de dtomos de cada elemento no infcio da reagao deve ser igual ao ntimero de 4tomos desse mesmo elemento, no fim da reagao. Assim, para o hidrogénio devemos ter 2x = 2z, @ para o oxigénio, 2y' = z. Portanto, as a8 nossas incdgnitas x, y e 7 devem satisfazer as equagdes: bw-& dy- 2 9 0 30 ALGEBRA LINEAR Se conseguirmos descobrir quais s40 os ntimeros x, y, z que satisfazem simul- taneamente estas relagGes, teremos aprendido um pouco mais sobre como se comporta a natureza. Este procedimento que consiste em identificarmos 0 que permanece cons- tante na mudanga, leva a um sistema de equagdes que precisa ser resolvido e, em muitos casos, as equagSes envolvidas so lineares (como no exemplo ante- rior da reagdo de H; com O,). Evidentemente, vocé j4 sabe um pouco como resolver este tipo de sistema, mas quando o mimero de equagGes se torna muito grande, ou temos menos equagGes do que incégnitas (como no caso anterior), podem surgir muitas dividas, até mesmo sobre a existéncia ou nao de solugdo para o sistema. Por outro lado, em sistemas que apresentam mais do que uma solugio ¢ necessario ter-se uma forma clara de se expressar todas elas. Por exemplo, no sistema anterior vocé pode encontrar duas solucées distintas para (x, y, z) {faca isto!), mas s6 0 terd resolvido se conseguir expressar 0 conjunto de todas as solugGes. Por isso, nosso objetivo neste capitulo é estudar um método para a resolugdo de sistemas lineares em geral. A técnica que serd utilizada pode ndo ser a melhor no caso de sistemas muito simples, mas tem a vantagem de poder ser aplicada sempre e ser facilmente mecanizada. E particularmente stil em sis- temas com grande ntimero de inodgnitas onde o uso de calculadoras é inevitd- vel. Em sfntese, este método consiste em substituir o sistema inicial por siste- mas cada vez. mais simples, sempre “equivalentes” ao original. Comecemos com o seguinte exemplo. (Para efeito de visualizagao, coloca- remos a0 lado de cada sistema uma matriz a ele associada.) x, + 4x, + 3x3 =1 (1) 1 4 3 @ 42x, + Sx, + 4x9 = 4 Q) 25 4 x, = 3x, - 2x3 =5 (3) 1-3 2 Ee 19 Passo: Eliminamos x, das equagdes (2) ¢ (3). Para isto, multiplicamos a equago (1) por -2 e somamos a equagio obtida com a equacao (2), obtendo uma nova equagdo (2’). Da mesma maneira produziremos a equagio (3'), obti- da ao multiplicarmos a equacdo (1) por -1, somando esta nova equagéo 4 equa- do (3). Isto resulta no seguinte sistema: xy + 4x) + 3x3=1 (1) 14 31 (UI) 4 Ox; ~ 3x2 - 2x3 = 2 (2') 0 3 2 2 Ox, - 7x2 - 5x3 = 4 (3') 0 7 - 4 Sistemas de Equages Lineares 31 2 Passo: Tornamos © coeficiente de x, da equagdo (2') igual a 1, Para isto, multiplicamos a equagao (2') por -1/3. © sistema resultante é: x, + 4x, + 3x3 = 1 a) fio4 3041 2 2 J (ID 40x + xy t= -Z 2") o 1 2% Ox, - 7x2 - 5x3 =4 GB’) [0 -7 -S 4 3 Passo: Eliminamos x, das equagdes (1”) e (3"). Para isto, multiplicamos a equagHo (2) por -4 e somamos a esta a equagdo (1"), obtendo (1""). De ma- nejra andloga obtemos (3""), multiplicando a equagdo (2") por 7 ¢ somando a esta nova equagdo a equagdo (3”). m I, xy tO, + pay =H a") ro $+} 2 ar 2 2 (IV) ¢ Ox; + wat Eas ze) for F-4 a 1 2 oy tOx,- 4452-2 GB") Jo 0 -F -F 4 Passo: Tornamos 0 coeficiente de x3 na equagdo (3°”) igual a 1. Para isto, multiplicamos a equaggo (3) por ~3. Isto resulta no seguinte sistema: x t0n + $xy- a’) 1 0 WM don¢ m+ dy--$ @%) 0 1 ute wie dU 3 2 “Fa 2 Ox, +0x.+ x3=2 GG) |[o 0 5° Passo: Eliminamos x3 das duas primeiras equagdes do sistema V. Multiplica- mos a equacdo (3) por -1/3 e somamos a esta nova equagdo a equagdo (1"). De modo andlogo, multiplicamos a equagdo (3”) por -2/3 ¢ a esta nova equa- do somamos a equacdo (2”). Sistema resultante: x, + Ox; + 0x3 = 3 10 0 3 (IV) 4 Ox, + xg + Oxy = -2 010 -2 Oxy + Ox, + x3 = 2 001 2 ou ainda: — ere rhe Biblioteca de cieneia & Teen 32 ALGEBRA LINEAR Assim, cada sistema foi obtido a partir do sistema anterior, por “opera- gdes” que preservaram as igualdades. Por isto, cada terna (x1, ¥2, ¥3) que 6 so- lugo do sistema I, também sera solugio dos sistemas seguintes. Deste modo, uma vez encontradas as solugdes do sistema VI, as solugdes do sistema I, se existirem devem estar entre estas, isto é, toda solugto do sistema I também é solugdo do sistema VI. O ponto fundamental deste procedimento é que as etapas so todas re- versiveis. Por exemplo, partindo do sistema II podemos obter o sistema I, da seguinte maneira: . (y=) Q=2- 0940 3) =) +13) (Com esta notagdo estamos querendo indicar que, por exemplo, a segunda linha (2) do sistema I € obtida multiplicando-se por dois a primeira linha (1') do sis- tema II e somando-se a segunda linha (2') do sistema II, isto é, (2) =2- -0)+@) De modo andlogo, vooé pode obter o sistema V a partir de VI, IV a par- tir de V, UII a partir de IV e Il a partir de Hl, Usando 0 mesmo argumento anterior, podemos dizer que toda solugdo de VI também é solugdo de I. A pat- tir das duas afirmagdes destacadas acima conclurmos que os sistemas [, II, III, IV, Ve VI tém as mesmas solug6es e, portanto, x; = 3, ¥2 = -2 € X3 = 2, que ¢ a solugdo de VI, é 2 tnica solugo do sistema inicial 1. (Vocé pode ve- Tificar por substituigdo direta, que esta € uma solugo, mas apenas como ga- rantia de que no erramos nos célculos.) Podemos afirmar que no exemplo anterior os sistemas I, II, II], IV, Ve VI sao equivalentes segundo a definiggo dada a seguir. Observe que, no exemplo anterior, as tinicas operagdes que efetuamos so dos seguintes tipos: }) Multiplicar uma equago por um numero diferente de zero. fi) Adicionar a equagaio a outra. Existe ainda uma outra operacdo que as vezes precisaremos efetuar neste procedimento, e ela também é reversivel. iif) Permutar duas equagies. Por exemplo, no sistema: x + 3x3=5 (1) xy t3xy + x3=2 (2) Ixy + 4xy- x3 =1 (3) Sistemas de Equagdes Lineares 33 nosso primeiro passo seria permutar as equagdes (1) e (2), de modo a obter o coeficiente de x, diferente de zero na primeira equacdo. Estas operagGes num sistema produzem sempre sistemas com mesmo conjunto-solugio, como vimos no exemplo anterior. Uma demonstrag4o formal deste fato, usando matrizes elementares, sera vista em 3. Agora iremos usar matrizes para apresentar uma maneira organizada de resolver sistemas de equa- ges, seguindo a idéia do exemplo anterior. Antes, porém, vamos formalizar alguns conceitos. 2.2 SISTEMAS E MATRIZES 2.2.1 Conceitos Um sistema de equagées lineares com m equagGes e incégnitas € um conjunto de equagdes do tipo: db QyyX_ + 1X2 + + GainXy yx, tan Xt ot dank Gm sXy + dmaXq + + OmnXn = Om com ay, 1 L;) Exemplo: Ly — Ls 1 0 1 0 4 -l|—> |-3 4 -3 4 4-1 if) Multiplicaggo da éésima linha por um escalar ndo nulo k. (Lj —> KL) Exemplo: Ly —> -3L, 1 0 10 4 -f—]-12 3 34 3 4 iti) Substituiggo da é-ésima linha pela é-ésima linha mais k vezes a j-ésima li- nha, (L; —> L; + kLj) Exemplo: L; —> Ly + Ly 1 1 G 4 -L}—|] 4 -1 34 -1 4 36 ALGEBRA LINEAR Se A e B so matrizes m X n, dizemos que B ¢ linha equivalente a A, sc B for obtida de A através de um nimero finito de operagdes elementares sobre as linhas de A. Notagdes: A> B ou A ~ B. Por exemplo, 1 0 1 0 4 <1) é linha equivalente 2 |0 1 |, pois 3 4 0 0 1 0 10 4-1 0 1/—_——> 3g) eee] yg) eee 1 0 10 1 0 o -1.|——-]o 1|/-——7 ]9 1! 0 by -lLy 04 L3> by -4L2 00 J4 comentamos em 2.1 que as operagdes com finhas de um sistema pro- duzem outro sistema equivalente ao inicial. Em termos de matrizes, podemos enunciar este resultado como: 2.3.1 Teorama: Dois sistemas que possuern matrizes ampliadas equivalentes sdo equivalentes. (A demonstragao deste teorema, usando-se matrizes elementares, esté em 3.85.) Como vimos, 0 proceso utilizado para se resolver sistemas por cdo de incognita” corresponde a passar a matriz ampliada do sistema inicial para matrizes-linha equivalentes a esta, até que cheguemos a uma matriz conve- niente que indique a solugdo do sistema original. Vocé pode observar em 2.2. que a matriz final (associada ao sistema VI) tem uma forma especial. Bla é um exemplo do que chamaremos matriz-linha reduzida @ forma escada. O método que apresentamos aqui consiste em obter por linha-tedugao estas matrizes, por meio das quais chegamos @ solugio do sistema de uma forma explicita. Um outro método, conhecido como o Método de Gauss, reduz por linha- jaléneia a matriz ampliada do sistema a uma matriz “triangular”. (Vooé te- que é muito usado por “elimina- equiv: 14a oportunidade de resolver sistemas por este método, suas vantagens computacionais, no Exercicio 17 de 2.6, Nao perca!) Sistemas de Equagdes Lineares 37 2.4 FORMA ESCADA 2.4.1 Definigio: Uma matriz. m Xn é linha reduzida d forma eseada se a) O primeiro elemento no nulo de uma linha nao nula é 1. 5) Cada coluna que contém o primeiro elemento nfo nulo de alguma linha tem todos os seus outros elementos iguais a zero. c) Toda linha nula ocorre abaixo de todas as linhas nfo nulas (isto é, daquelas que possuem pelo menos um elemento nao nulo). ) Se as linhas 1, ..., r sio as linhas ndo nulas, e se 0 primeiro elemento no nulo da linha i ocorre na coluna kj, entdo ky < ky <... < ky. Esta dltima condigao impde a forma escada matriz: Y Figura 2.4.1 Isto 6, 0 nimero de zeros precedendo © primeiro elemento nao nulo de uma linha aumenta a cada linha, até que sobrem somente linhas nulas, se hou- ver. 2.4.2 Exemplos 10 0 0 Fremplo 1: [0 1-1. 0| #062 forma estada pois 2 segunda 0 0 1 oO] ondigdo nao é satisfeita, 02 1 Exemplo 2: |1 0 -3| N#0€ 2 forma escada pois ndo satistaz « 0 0 0) Piimeira e a quarta condigdes, o1 3 01 . Exempo 3: |0 0 0 0 | Nao satisfaz a primeira nem « 0 0 0 -1 2| terecira condi¢ao. o 1 -3 0 Exemplo 4: |0 0 0 1 3 E a forma escada pois todas as 0 0 0 0 0, cendigdes si satisfoitas. 38 ALGEBRA LINEAR 2.4.3 Teorema: Toda matriz Amyn € linha equivalente a uma tnica ma- triz-linha reduzida a forma escada, Para a demonstragio, veja a secgdo 2.7. Este teorema permite-nos definir 0s conceitos abaixo que serio relacionados a seguir com o mimero real de equa- ges © 0 nGimero de solugdes de um sistema. 2.4.4 Definigéo: Dada uma matriz Amsco, Sei Bm xn @ matrizlinha te- duzida A forma escada linha equivalente a A. O posto de A, denotado por p, € © nimero de linhas ndo nulas de B. A nudlidade de A é 0 nimero n - p. Observamos que dada uma matriz A qualquer, para achar seu posto neces- sitamos encontrar primeiro sua matriz-linha reduzida a forma escada, ¢ depois contar suas linhas no nulas. Este ntimero ¢ 0 posto de A. A nulidade é a di- ferenga entre colunas de A e 0 posto. 2.4.5 Exemplos Exemplo 1; Desejamos encontrar 0 posto ¢ a nulidade de A, onde 1210 A=|-1 0 3 5 1-24 1 Assim, efetuamos as seguintes operagGes com matrizes: 1 21 0 1 2 1 0 -1 0 3 $/—>]0 2 4 5 2 12 0-4 0 Lf 0 -3 -5 10 -3 5 ol 2 3|-— o 1 2 oo 8 il oo. O posto de A & 3 e a nulidade de A é4-3= 1. Observacdo: Se interpretarmos a matriz A dada acima como sendo a matriz ampliada de um sistema linear, teremos: Sistemas de Equagdes Lineares 39 xy + 2x, + X3 ox, + Oxy + 3x5 x - yt x3 uo A matriz-linha reduzida a forma escada é linha equivalente 4 matriz A. Assim, © sistema que ela representa: , i 8 1 € equivalente ao sistema inicial, possuindo a mesma solugdo que este. Exemplo 2: Desejamos encontrar 0 posto e a nulidade de B, onde - wo Ne 2 1 1 5 4 16 Assim, efetuamos as seguintes operagGes matriciais: 2 -2 3 1 42 1 4 2 104 2) |2 4 3 0-9 -1 1-51 1-5 if lo 9 «a; 4 16 8 4 16 8 0 0 0 14 ra? 10 + Ol gloyor 4 cea ioe @ 00 0 posto de B é 2, a nulidade & 1. Repare que a matriz 40 ALGEBRA LINEAR tem o mesmo posto e nulidade que B. Reinterpretando as matrizes acima como sistemas de equages, diremos que © sistema de quatro equagoes associado & matriz inicial: ax- ps3 xt dy=2 x- Sy=l ax + l6y = 8 equivalente ao sistema de duas equagGes: xtoy= 3 ut yet associado 4 matriz-linha teduzida a forma escada. Este € um caso de sistema com equagées redundantes. A terceira e a quarta equagoes (que se tornam nu- las no final do proceso) podem ser desprezadas. Isto significa que o sistema inicial € equivalente ao sistema: w- y=3 xt4y=2 associado & matriz B,. Usamos dizer também que, neste caso, as duas primeiras equagdes si “independentes" ¢ que as demais so “dependentes” destas. Vocé vai se fami- iarizar com estas denominagGes no Capitulo 4. Ainda segundo esta terminolo- gia, denominamos posto de uma matriz. a0 mimero de linhas “independentes” desta, Vocé pode observar que uma linha seré “dependente” de outras (isto ¢, serd igual a zero no final do processo de reducdo) se ela puder ser escrita co- mo soma de produtos destas outras linhas por constantes, Costumamos dizer também que esta linha é uma combinagao linear das outras. Por exemplo, na matric B podemos dizer que a primeira e a segunda linhas sao independentes, enquanto que a terceira e a quarta sZo combinagées lineares das duas primeiras linhas. Vocé viu assim que um posto da niatriz ampliada de um sistema nos dio nimero de equagées independentes deste. Na préxima secgdo veremos que 0 posto também esté relacionado com © némero de solugdes de um sistema. Sistemas de Equacdes Lineares 41 2.5 SOLUGOES DE UM SISTEMA DE EQUAGOES LINEARES O objetivo desta secedo é estudar detalhadamente todas as situagdes que po- dem ocorrer na resolugdo de um sistema linear, 2.5.1 Se tivermos um sistema de uma equago e uma inedgnita ax=b existitéo trés possibilidades: i) a #0. Neste caso a equagao tem uma iinica solugdo x= a ii) a= Qe b = 0. Entdo temos Ox = 0 e qualquer némero seal sex solugio da equagao. iii) a = 0 € b # 0. Temos Ox = b. Nao existe solugo para esta equagio. Para analisar sistemas de duas equacdes ¢ duas incdgnitas, vejamos alguns exemplos. 2.5.2 Exemplos Exemplo 1: Oy + xm =5 X;- 3x56 Lembramos que 0 conjunto de pontos (x1, %,) € R X R, que satisfaz cada equacdo deste sistema, representa uma reta no plano. Para resolver este sistema devemos entao encontrar os pontos comuns a estas duas retas. % x (3, -1) Figura 2.5.1 Deste modo, (3, -1) é a unica solugdo, A matriz ampliada do sistema é 2 15 [? 3 ‘I. Transformando-a em matriz-linha reduzida & forma escada, 42 ALGEBRA LINEAR obtemos [o 0 3} que 6 a matriz ampliada do sistema 1-1 My = 3 xy = -1 i i ici i ica solugdo x, = 3 € equivalente ao sistema inicial. O sistema tem uma tinica sol . 2 = -1, como foi analisado graficamente. Observamos que o posto da matriz A 1 0 ‘ a: dos coeficientes do sistema reduzido [ ] eo da matriz. ampliada 10 3) eo o 1 -L Exemplo 2; bt ms 5 6x, + 3x2 ‘As duas retas que formam este sistema so coincidentes. x2 x Figura 25.2 walquer ponto de uma das retas é Neste caso, vemos geometricamente que qualqu 1 : solugdo deste sistema. A matriz ampliada do sistema e a matriz reduzida por linhas 4 forma escada s4o: 241 S|] 6 3 15 0 Portanto, o sistema acima equivalente ao sistema 1 3 xtieed ox, + 0 = 0 oN one CN Sistemas de Equacdes Lineares 43 onde a segunda equacio pode ser simplesmente “ignorada”, pois nao estabelece nenhuma condi¢0 sobre x, ou x. Ela é verdadeira para quaisquer niimeros x; € x2. O conjunto de solugdes deste sistema sera dado, atribuindo-se valores arbitrarios para incdgnita x, © tomando x, = S — “pa. Assim, para x2 temos: a Atribuindo diversos valores para A, obtemos varias solugdes para o sistema. Por Seay = 0. Para N= 1, temos x, = 2e Xz = 1 ete. Este sistema admite infinitas solugoes. Observe que a matriz ampliada e também a matriz dos coeficientes do sistema tém posto 1, pois, uma vez transformadas em matrizes-linha reduzidas na forma escada, elas possuem uma linha no nula. A nulidade da matriz dos coeficientes € 2 - 1 = 1 que é também chamada o grau de liberdade do siste- ma, Isto quer dizer que 0 nosso sistema apresenta uma variével livre. exemplo, para = 0, temos x Exemplo 3: 2x, + x, 6x, + 3x3 5 10 Geometricamente, temos duas retas no plano que nao possuem nenhum ponto em comum, pois sdo paralelas, ¢ portanto este sistema nfo tem solugdo. Isto é mostrado na Figura 2.5.3. x xy Figura 25.3 ‘A matriz ampliada deste sistema [? 5 al & equivalente 4 matriz-linha re- duzida a forma escada on Pee 44 ALGEBRA LINEAR Portanto, o sistema inicial ¢ equivalente a x, +x. =0 Ox, + Ox, = 1 ou x, capaz de satisfazer a segunda equagdo. jugio. Dizemos que ele é incompativel (im- pliada, reduzidas & Nao existe nenhum valor de x1 Assim, o sistema inicial ndo tem sol possivel). Vamos comparar a matriz de coeficientes ¢ & am forma escada do sistema 1 i r4l.ji zo o of lo o 1 Observe que o posto da matriz dos coeficientes do sistema inieial € 1 ¢ © Pos to de sua matriz ampliada é 2. 2.5.3 Caso Geral: Consideremos um sistema de m equagées lineares com " incégnitas xy, «5 Xn- Quyx1 tex, to tan = Gyas¥1 + dak + oo + Amat fe tenmos constantes bj s40 nimeros reais (ou complexos). cujos coeficientes ay Este sistema poderd ter xy sky i) uma dnica solugio: Xn = Kn ii) infinitas solugdes iif) nenhuma soluglo. No primeiro caso, dizemos que o sistema ¢ posstvel (compativel) determinado. dizemos que o sistema ¢ possivel e indeterminado, B no ter- possivel (incompativel). tomemos sua ma- No segundo caso, ceiro caso, dizemos que o sistema € iy Consideremos a matriz ampliada do sistema anterior ¢ triz-linha reduzida 4 forma escada: | i i Sistemas de Equagées Lineares 45 00m OTe ts a Oi By Gig dine Om msinesy |! ! 0 ww Ob6 0 9 jem | mxinen Procure entender e demonstrar (veja a secgdo 2.7) cada uma das afirma- ges do teorema abaixo. Leia com aten 2 io € volte 2.5.2, se achar conveniente. a 40s exemplos dados em 2.5.4 Teorema 1) Um sistema de m equagdes e 1 incégnitas admite solugio se, ¢ somente __ 56.0 posto da matriz amplieda¢ igual ao posto da matiiz dos coeficientes ii) Se as duas matrizes tém 0 mesmo posto p e p = n, a solugdo serd nica. iii) Se as duas matrizes tém 0 mesmo posto p ¢ p 2H,0 onde x, y, z devem satisfazer ax -22=0 w- 220 ‘A matriz ampliada, associada uo sistema é 2.0 2 0 o 2 -1 0 que, reduzida A forma escada, 44 0 0 o =! =o wie b Sistemas de EquagSes Lineares 47 ou seja, z € uma varidvel livre e, assim, se tornarmos z = A, teremos x- =O yrzh=0 z=h ou x 1 y f= als ? 1 Note 0 significado de termos um grau de liberdade na solugao deste sistema. Temos apenas estabelecida a proporgdo com que os elementos devem entrar na rea¢do, e, para diferentes valores de A, teremos quantidades diferentes de reagentes produzindo quantidades diferentes de dgua. Por exemplo, se A = 2, teremos 2H, +O, + 2H,0 se X= 4, teremos 4H, + 20, + 41,0 2.5.7 Exemplos Exemplo I: Resolver o sistema xtBtzt 620 xt3y-z+2%=0 A matriz associada ao sistema é 1 2 1 1.0 13 -1 2 0 que reduzida 4 forma escada fomece 10 5 -1 0 012 10 Reinterpretando o sistema, vemos que z ¢ f so varidveis livres (grau de liber- dade 2). Chamando z = Ay ef = Ay obtemos: xeShuth y= 2M- zh tes 48 ALGEBRA LINEAR ou, na forma matricial x 5 1 yl, ] 2 -l z[f™) ij elo t 0 1 Observe que [- 52 1 OJ’ e [1 - 1 0 1} so solugdes do sistema ob- tidas da seguinte forma: a primeira, fazendo A, = 1 ¢ Ay = 0, € a segunda, dy = Oe Ay = I. Blas sto chamadas solugdes bisicas do sistema porque geram todas as outras, Todo sistema homogéneo tem solugdo que pode ser escrita desta forma, Basta reduzir o sistema, observar as varidveis livres ¢ atribuir valores 1 para uma delas € zero para as outras, obtendo as solugdes basicas (tantas quanto o grau de liberdade). A solugdo seré uma soma destas solugdes multiplicadas por constantes. Exemplo 2; Resolver 0 sistema xt3y+ 220 2x + 6y +22 =0 -x-3y- 220 A matriz associada 6 1 3 1 0 26 20 -1 3 -1 0 que reduzida tornase [1 3 1 0 0000 0000 Reinterpretando, vemos que y e so varidveis livres, Fazendo y = Ay €z = 2a, temos As solugdes bdsicas sdo entdo: x = -3,y=1,2=0ex=-ly=0,2=1. Me fsdenEef8 Exemplo 3: Resolver o sistema {i +dytzt 1 xt3y-2+2=3 ‘Sistemas de Equagies Lineares 49 A matriz associada é 1 2 1o1 [i So 1 que teduzida A forma escada torna-se 10 5 -1 3] pointerpretand = oji 2 1 Qf ‘cinterpretando, vemos que z ¢ f sio livres, Fazendo z = Ay ¢ ft = dg, obtemos Sh thet 3 Wy - Ay +2 =h t=h x “3 1) 73 2 -1 || 2 ou ea] y ita +1 t 0 1} lo Compare com 0 exemplo 1. O que vocé nota? 2.6 EXERCICIOS 1. Resolva o sistema de equagdes, escrevendo as matrizes ampliadas, associadas aos novos sistemas. BROOCH Wx y +32 4x - 3y +22 xt yt B+ ytz 2. Descreva todas as possiveis matrizes 2 X 2, que esto na forma escada redu- zida por linhas, 3. Reduza as matrizes 4 forma escada reduzida por linhas. afi -2 3 -1 fo 2 2 -1 203 1 1 3 3012 3 3-4 2 2 301 ayfo 1 3 -2 1-4 3 23 24 50 ALGEBRA LINEAR > Calcule 0 posto e a nulidade das matrizes da questdo 3. a Dado o sistema [3x + Sy 2x +z Sx+ p-z=0 escreva a miatriz ampliada, associada ao sistema e reduza-a a forma escada reduzida por linhas, para resolver o sistema original. 6. Determine &, para que o sistema admita solugdo. n4x + By =2 5x - 4y =0 w- yak x Encontre todas as solugdes do sistema Xt 3xq + Dy + Bag - Tats = 14 2x, + Ory + xg - Deg + Say = -2 x, 43x - Xs + xs = -1 2 Explique por que a nulidade de uma matriz nunca € negativa, ~ . Foram estudados trés tipos de alimentos, Fixada a mesma quantidade (1 g) determinou-se que: i) O alimento I tem 1 unidade de vitamina A, 3 unidades de vitamina B 4 unidades de vitamina C. ii) O alimento II tem 2, 3 eS unidades respectivamente, das vitaminas A, B ec. ii) O alimento IL tem 3 unidades de vitaminas A, 3 unidades de vitamina C e no contém vitamina B. Se so necessdrias 11 unidades de vitamina A, 9 de vitamina Be 20 de vita- mina C, a) Encontre todas as possiveis quantidades dos alimentos 1, Il ¢ UL, que for- necem a quantidade de vitaminas desejada. b) Se o alimento I custa 60 centavos por grama e os outros dois custam 10, existe uma soluggo custando exatamente Cr$ 1,00? Resolva os sistemas seguintes achando as matrizes ampliadas linha reduzidas 4 forma escada e dando também seus postos, 0s postos das matrizes dos coeficientes e, se o sistema for possivel, o grau de liberdade. Sistemas de Equagdes Lineares 51 10. x; + 2%; = x3 + 3xa= 1 I. 12. 17. O método de Gauss para resolugdo de sistemas 6 um dos mais adotados quando se faz uso do computador, devido ao menor ntimero de operagdes que envolve. Ele consiste em se reduzir a matriz ampliada do sistema por linha-equivaléncia a uma matriz que s6 ¢ diferente da linha reduzida 4 forma escada na condiggo b) de 2.4.1, que passa a ser: 6’) Cada coluna que con- tém 0 primeiro elemento nao nulo de alguma linha, tem todos os elementos abaixo desta linha iguais a zero. As outras condigdes a, ¢ ¢ d séo idénticas. Uma vez reduzida a matriz ampliada a esta forma, a solugdo final do siste- ma 6 obtida por substituigao. Exemplo: 2x + xy = 3x 52 ALGEBRA LINEAR Bags 1 3 6 o- a iiitima matriz corresponde ao sistema: 1 5 mt gms st x= Por substituigdo, x1 - 4 = 3. ow seja, x1 = 2. Resolva pelo método de Gauss os Exercicios 14, 15 € 16 compare as res: postas, 18, 2) Mostre a proposigdo 2.4.3 para matrizes 2 X 2 quaisquer. ) Sinta a dificuldade que voce teri para formalizar o resultado para matric ‘yes n X m, mas convenga-se de que € s6 uma questdo de considerar to- dos os casos possiveis, escreva a demonstragao. Consulte 2.7. 19, Chamamos de sistema homogéneo de 1 equagdes € m incdgnitas aquele siste- ma cujos termos independentes, bj, fo todos nulos. a) Um sistema homogéneo admite pelo menos uma solugio. Qual ¢ ele? b) Encontre os valores de k € R, tais que o sistema homogeneo 2x - Sy +22 =0 xt yt 220 ax | tke tenha uma solugdo distinta da solugao trivial @ = y 20. Considere o sistema x + 6y - 8 2x + Oy - 4a Note que podemos escrevé-lo na forma matricial of 625) Sistemas de Equagées Lineares 53 1 x a) Verifique que a matriz X, = | = |4| € uma solugao para o sistema, z 0 4) Resolva o sistema e verifique que toda “matriz-solugo” ¢ da forma “4 ' =n 2 +} 4 0 onde AER. ©) Verifique =4 ~4h al 2}=] 2a 1 x 6 a solugdo do sistema homogéneo, associado ao sistema (+), colt § IEF Gh 4) Conclua, dos itens 4), b) € c), que 0 corjunto-solugdo do sistema * € 0 conjunto-solugdo do sistema *«, somado a uma solugdo particular do sis tema *. 21, Dado o sistema ANON BUNS Le Buen eR 1 1 1 3 a) Encontre uma solugdo dele sem resolvé-lo. (Atribua valores para x, y, Z ew.) 1b) Agora, resolva efetivamente o sistema, isto €, encontre sua matriz-s-iucdo. c} Resolva também o sistema homogénea associado, d) Verifique que toda matriz-solugdo obtida em 5) é a soma de uma matriz- -solugo encontrada em c) com a solugdo particular que vocé encontrou em a). 22, Altamente motivado pelos Exercicios 20 ¢ 21, mostre que toda matriz-solu- gGo de um sistema linear AX = B é a soma de uma solugdo do sistema ho- 54 ALGEBRA LINEAR mogéneo associado AX = 0 com uma solugdo particular de AX = B. Suges- do: siga as etapas seguintes, usando somente propriedades de matrizes. 1) Mostre que se Xo é uma solugio do sistema AX = 0 ¢ X, é uma solugdo de AX = B, entdo Xp + X, & solugio de AX = B. ii) Se X1 © Xz slo solugées de AX = B, entéo X, - Xz ¢ solugio de AX = 0, iii) Use 4) ii) para chegar & conclusio desejada, 23. Faga 0 balanceamento das reagdes: a) NOs > NO; + 0, >) HF + SiO) > SiF, + H,O ©) (NH,)2CO3_ + NH; + H,0 + CO, (decomposigao térmica do N;Os) (dissolugao do vido em HF) 24, Dado o sistema linear 3x + Sy + 122 - w xt yt 4z- yt wt 2) Discuta a solugao do sistema. ») Acrescente a equago 22 + kw = 9 a este sistema, encontre um valor de k que tome o sistema incompativel. 25. Sabe-se que uma alimentagdo diéria equilibrada em vitaminas deve constar de 170 unidades de vitamina A, 180 unidades de vitamina B, 140 unidades de vitamina C, 180 unidades de vitamina D e 350 unidades de vitamina B. Com 0 objetivo de descobrir como deverd ser uma refeigdo equilibrada, foram estudados cinco alimentos, Fixada a mesma quantidade (1g) de cada alimento, determinou-se que: 4) O alimento I tem 1 unidade de vitamina A, 10 unidades de vitamina B, 1 unidade de vitamina C, 2 unidades de vitamina D e 2 unidades de vitamina B, ii) O alimento Hl tem 9 unidades de vitamina A, 1 unidade de vitamina B, 0 unidades de vitamina C, i unidade de vitamina D e | unidade de vitamina E. ii) O alimento IH tem 2 unidades de A, 2 unidades de B, 5 unidades de C, 1 unidade de D e 2 unidades de E. iv) O alimento IV tem 1 unidade de A, ! unidade de B, 1 unidade de Cc, 2 unidades de D e 13 unidades de E. ¥) O alimento V tem 1 unidade de A, 1 unidade de B, | unidade de C, 9 unidades de D e 2 unidades de E. Quantos gramas de cada um dos alimentos 1, If, IMI, IV e V devemos ingerir diariamente para que nossa alimentago seja equilibrada? Sistemas de Equagdes Lineares 55 26. Necessita-se adubar um terreno acrescentando a cada 10m? 140 g de nitrato, 190 g de fosfato e 205 g de potissio. Dispée-se de quatro qualidades de adubo com as seguintes caracteristicas: i) Cada quilograma do adubo I custa 5 u.c.p. e contém 10 g de nitrato, 10 g de fosfato e 100 g de potassio. #) Cada quilograma do adubo II custa 6 u.c.p. e contém 10 g de nitrato, 100 g de fosfato ¢ 30 g de potissio, i) Cada quilograma do adubo III custa 5 u.c.p, e contém 50 g de nitrato, 20g de fosfato e 20 g de potéssio. i) Cada quilograma do adubo IV custa 15 u.c.p. e oontém 20 g de nitra- to, 40 g de fosfato e 35 g de potéssio, Quanto de cada adubo devemos misturar para conseguir 0 efeito desejado se estamos dispostos a gastar 54 u.c.p. a cada 10 m? com a adubagao? 27, Desejase construir um circuito como o mostrado na figura, “a onde V, = 280V, Vz = 100V, V3 = SOV, R, = 202, Rz = 309, Ry = 502, Ry = 402, Rs = 1002. Dispde-se de uma tabela de pregos de varios tipos de resistencias; assim como as correntes mdximas que elas suportam sem queimar. resistencias { 22 | 302 | 42 | son | 1002 cm | 05A | 10,00 | 10,00 | 2500 | 15,00 | 20,00 : ‘ 10A | 15,00 | 20,00 | 15,00 | 15,00 | 25,00 ri | 30a | 20,00 ; 22,00 | 20,00 | 20,00 | 28,00 7; | soa | 30,00 | 30,00 | 3400 | 3400 | 37.00 De que tipo devemos escolher cada resisténcia para que 0 circuito funcione com seguranga e a sua fabricagdo seja a de menor custo possivel? cibnetars Toe ncla & Tacs 56 ALGEBRA LINEAR 28. Uma placa quadrada de material homogéneo & mantida com os bordos AC ¢ BD & temperatura de 20°C, 0 bordo AB a 40°C ¢ CD a 10°C, com 0 uso de isolantes térmicos em A, B, C e D (vide figura). Apés ser atingido 0 equilfbrio térmico, qual é a temperatura aproximada em cada ponto da placa? 29. Consideremos uma unidade de produgio (muito simplificada) de um proces- so de produco industrial de um determinado composto C a partir de certos compostos A e B (segundo a reagdo quimica A + B = C): Ao, 80. Co alimentagao produto final Ag = 100 kg/h, By = 100 kg/h, Co = 10 kg/h sfio os fluxos de atimentacdo, isto é, a quantidade de material jogada dentro da unidade de produgdo por hora, enquanto que A;, Bj ¢ CG, sio os fluxos em cada estégio da produgao. Sabe-se, ainda que: . i) No reator a reagio processa-se em condigSes tais que a quantidade de A apés a reagao é 0,487 da sua quantidade antes da reago, enquanto a de BE 0,266 e a de Cé 4,675 de suas respectivas quantidades antes da reagao. ii) Baseado no fato do ponto de ebuli¢do de C ser inferior ao de A e B, © filtro constitui-se de um destilador. Dessa forma o vapor dentro do filtro tem maior concentragdo de C do que A e B, e & continuamente retirado do filtro, sendo levado para um resfriador do qual obtemos o produto final. Enquanto isso a parte ndo vaporizada no destilador € levada de volta a0 reator para ser reciclada. Tem-se a informagao de ‘Sistemas de Equagdes Lineares 57 que a quantidade de A em forma de vapor dentro do filtro é, em um determinado instante, 0,5854 da quantidade de A presente naquele instante na parte nao vaporizada, enquanto que para B e C estas tela- Ges sio 1,50 1,07 respectivamente. Deseja-se saber qual é o grau de concentraco de C no produto final se a unidade opera em condigdo estacionaria (isto é, os fluxos de A, B e Cnio mudam com o tempo em cada estégio), sabendo que a concentrago de C, na mistura que passa do reator para o filtro € de 68% 2.6.1 Respostas dex =-l, ys2, 255 3.a)f1 0 0 -4 gfi o 2 010 3 011 001 00 0 000 db) 7 5 yyio -2 4 01 3 2 00 0 0 1 1 oa x= ag, varage FE 9. a) Sejam x, y e 7 as quantidades de alimentos 1, Il e III respectivamente. Entao x= -3 +32, y= 8-32 onde fered b) Sim. x=, y=2, 222 ux Z- Pa = Per 13. pa 15. py = 3 = Pes 19. a) x; =0 23. yee ~oo~ a) 2N,05 —+ 4NO, + 0; 2) 4 HF + SiO) —> SiF, + 2H,0 ©) (NH4),CO; —> 2.NH; + H,0 + CO, Sugestao: Calcule as virias correntes que circulam no circuito para depois fazer a escolha dos tipos de resisténcia. Para isto use as Leis de Kirchoff: i) A soma das correntes que entram em um né de um circuito é igual a soma das correntes que saem deste nd. it) A partir de um ponto qualquer de uma malha, se a percorrermos em um sentido qualquer, ao voltarmos ao mesmo ponto, a soma algébrica das quedas de potencial é nula, Leve em conta as observagGes: i) a ——n—_—_——_—e Aa T B Neste caso, ao irmos do ponto A ao ponto B hd uma queda de poten- cial dada por Ri. Se féssemos do ponto B ao ponto A haveria uma queda de potencial de -Ri, ou seja, um aumento de potencial de Ri. i) — ——oqH4I I: ys A Vv 8 Neste caso, a0 irmos do ponto A ao ponto B hd um aumento de po tencial de V, ou seja, uma queda de potencial de -V. Se fassemos de B até A teriamos uma queda de potencial de V. Aplique, entao, as leis de Kirchoff ao circuito, obtendo um sistema linear. GeneratizagBes do problema podem ser obtidas nas situagdes: 4) Circuitos de Corrente Altemada (obtemos sistemas com coeficientes complexes). iH) Projetos de Circuito (céloulo das caracteristicas dos componentes para que © circuito tenha certas especificacées). Sistemas de Equagées Lineares 59 2B. Sugestio: Sabe-se que a equagdo que rege 0 fluxo de calor é dada por: onde 7 é 2 temperatura num ponto (x, y) no instante de tempo 1 e ¢ > 0 6 uma constante caracteristica do material de que é feita a placa. ar No equilfbrio térmico T' no varia mais com o tempo ¢, portanto, <= 0; a equagdo se tora ap € 0 problema se converte em achar T(x, y) satisfazendo (II) ¢ tal que T tem um valor pré-fixado no bordo da placa. Modelo Aproximado: Substituimos a placa por uma “aproximagdo discreta” que consiste em uma malha (espera-se que quanto mais fina a malha melhor seja a aproximagao — veja a figura abaixo) 20°C 6 (4, 3) nd (3, 2) € procuramos as temperaturas Ty nos (i, j) da malha que devem satisfazer a condigéo dada nos bordos e uma equapdo que é uma aproximaggo de (II). Para obter a aproximagdo de (II) temos, num ponto (i, /) do interior da malha: er oF Thang = 27Ty + Teas ~ wa R er Th je 2Ty + Taye wlan Ge 60 ALGEBRA LINEAR substituindo em (II) e simplificando obtemos entio: qT: + Ty jar + Ti, j- (uy Ty = = fen (Observe que a temperatura num ponto do interior da malha deve ser a média aritmética das temperaturas dos seus vizinhos mais proximos.) Impondo a condigao (III) nos pontos do interior da malha na figura acima, obtemos um sistema linear. Resolva-o! © que seria modificado se a “abertura” da malha na vertical fosse diferente da “abertura” na horizontal? Seriam necessdrias mais informagGes sobre a placa? E se o formato da placa fosse diferente? Sugestdo: O modelo teérico ¢ construido baseado no seguinte fato: a massa que entra em um determinado estagio deve ser igual 4 massa que sai. Usando este fato em cada estdgio, assim como as informag6es dadas no pro- blema, obtemos um sistema linear, Resolva-o ¢ interprete os resultados. Vocé acredita neles? Os dados so reais? 2.7 DEMONSTRAGOES Nesta segdo, faremos com detalhes as provas dos teoremas 2.4.3 e 2.5.4, que omitimos anteriormente, para ndo prejudicar a seqiiéncia de exposicdo do assun- to, Estas demonstragdes sfo apresentadas como matéria adicional, podendo ser estudadas ou nfo, dependendo de seu interesse. 2.7.1 Demonstragao do Teorema 2.4.3: Toda matriz é linha equivalente a uma tnica matriz-linha reduzida 4 forma escada. Demonstragao 4? Parte: Seja A uma matriz m X n qualquer, Se todo elemento da primeira linha de A é zero entdo a condigo (a) est satisfeita, no que diz respeito 2 esta linha. Se a primeira linha tem algum elemento nao nulo, seja k 0 menor inteiro j tal que aj # 0. Multiplicamos a primeira linha por 1/aj¢ a condigao (@) ficard satisfeita. Agora, para cada i > 2 somemos (-ajx) vezes a primeira linha a i€sima linha. Como resultado, teremos uma matriz cujo primeiro ele- mento da primeira linha ¢ 1 e ocorre na coluna k. Além disto, todos os outros elementos da coluna k sio nulos. Sistemas de Equagées Lineares 61 Consideremos agora a matriz B obtida acima. Se a segunda linha desta matriz for nula nada fazemos. Se houver elementos nfo nulos nesta linha, seja a coluna k’ a primeira a conter um destes, Multiplicamos a segunda linha por A/bax’ & a seguir, somando miltipios adequados desta nova segunda linha as de- mais linhas, obtemos uma matriz cujo primeiro elemento nao nulo da segunda linha é 1 € todos os outros elementos da coluna em que este elemento (I) se encontra s4o nulos. O importante ¢ que neste processo ndo foram alterados os elementos by1, by, ¢ nem a k-sima coluna da matriz B. (Por qué). Repetindo 0 procedimento acima em relagao as demais linhas (33, 42, ... m-ésima) obteremos no final uma matriz M que é linha equivalente 4 inicial A, © que satisfaz as condigdes (a) e (b) da definigao 2.4.1. As condigées (c) e (d) serdo satisfeitas através de um numero finito de permutagdes de linhas da matriz M. 2% Parte: Assim, mostramos nesta primeira parte que toda matriz A é linha equivalente a wma matriz-linha reduzida 4 forma escada. Para mostrarmos que 86 existe uma unica matriz-linha reduzida 4 forma escada linha equivalente a A, observamos primeiramente que duas matrizes-linha reduzidas a forma escada que sGo linhas equivalentes s6 podem ser iguais, De fato, vocé pode observar que nenhuma das trés operagdes com linhas (exceto a multiplicagio de uma linha pela constante 1) pode ser efetuada numa matrizdinha reduzida 4 forma escada, sem que ela perca esta condicao. (Pense nisto!) Agora, suponhamos que por operagdes com linhas, partimos de uma ma- triz M e podemos chegar a duas matrizes-linha reduzidas 4 forma escada, N e P. Teremos entio M ~ N e M ~ P. Como as operac6es com linhas sao reversiveis, isto significaré que N ser linha-equivalente a P, e, portanto, da afirmagio desta- cada acima, N = P. 2.7.2 Demonstragéo do Teorema 2.5.4 J? Parte: Se o posto da matriz ampliada for maior que 0 da matriz dos coefi- cientes (menor no pode ser), entdo esta matriz reduzida a forma escada deve- ter pelo menos uma linha do tipo (00 ... Ocg), com ce # 0, Isto significa que © sistema associado a esta matriz (que é equivalente ao inicial) tem uma equa- go do tipo: Ox, +. + OX_ = ce FO @ portanto nado admite solugao, 2 Parte: Por outro lado, se o posto da matriz ampliada, P, for igual ao da ma- triz dos coeficientes, temos dois casos a considerar: 62 ALGEBRA LINEAR a) se p = ni, teremos a matriz-linha reduzida a forma escada: 0 o 00 A solugdo do sistema seri x1 = C1, «5 Xn = Cn, portanto o sistema admi- te uma dnica solugio. b) se p # n entio p dankn Xpea= Cp~ Op Xper tut dppkn sendo x1, Xpeas = Xm Varidveis livres, E assim podemos prosseguir de uma maneira sistematica e ver que ei to- das as possibilidades para a matriz-linha reduzida 4 forma escada de posto p 0). Por exemplo 3! = 3-2-1 = 6. Define-se ainda O! = J. 3.3.1 Definigdo: Dada uma permutagio dos inteizos 1, 2 uma inversdo quando um inteiro precede outro menor que ele. n, existe Consideremos as permutagdes de 1, 2, 3 ¢ vejamos em cada permutagio © niimero de inversdes, Permutagéo | Numero de inversces (23) a 32 (2 1 3) (2.3 1) B12 G2) wrneno an innit Determinante e Matriz Inversa 67 Como um outro exemplo, podemos tomar duas das 4! = 24 permutagdes de 1, 2, 3, 4. Assim, (3 2 1 4) tem 3 inversdes € (4 3 2 1) possui 6 inversdes. Voltemos 20 determinante: Gy My 3 Gy M2 a3) = ay an 33 = G4142039 ~ 3187339 ~ @y2421@33 + @y24aada1 + 4139421@32— G13@22031 Observe que aparecem todos os produtos a y,dz/.daj. onde (/, jz 73) 80 as per- mutagies de 1, 2.¢ 3. Além disso, vemos que o sinal do termo é negativo, se a permutagdo tiver um niimero impar de invers6es. (Veja a tabela acima para verificar 95 sinais.) ; : Como generalizagdo, o determinante de uma matriz quadrada [ay] 2n dado pela definigao a seguir. 3.3.2 Definigao: det fag] = x (aaj aaj, - @yjy onde J = JG) win) Pe & 0 mimero de invers6es da permutagdo (ji/2 ... jn) € p indica que a soma é estendida a todas as n! permutagdes de (1 2... 7). Em telagdo a esta definigao podemos fazer trés observagées: i) Se a permutagdo (/1 jz «- jn) tem um ntimero par de inversdes, 0 coe- ficiente (-1)/ do termo correspondente na somat6ria terd sinal positivo; caso contrario, terd sinal negativo. ii) Em cada termo da somatéria, existe um e apenas um elemento de cada linha, e um e apenas um elemento de cada coluna da matriz, iti) Através de uma reordenagio conveniente dos termos, mostra-se que tam- bém € possivel definir um determinante por det lay) = SY) (1) aja aja — dign pe variando os primeiros e deixando fixos os segundos indices. Verifique isto no caso 3 X 3. 68 ALGEBRA LINEAR Propriedades i) Se todos os elementos de uma finha (coluna) de uma matriz A sio nulos, det A = 0. ‘A razio disto é que, pela observagdo (ii), em cada terme que aparece no calcu- lo do determinante hé um dos elementos da linha (coluna) nula ¢, portanto, todos os termos se anulam, e 0 determinante € zero. ii) detA = det A’ Daf inferimos que as propriedades que so vilidas para linhas também 0 sio para colunas. A prova desta propriedade é a seguinte: se A = [ay], sabemos que A’ = [by], onde by = aj. Entdo, pela definigio de determinante, ternos det (by) = YC bj baiy Ont ? 0 YC ai tiga Mn p = det [aij] pela observagao (iif). iff) Se multiplicarmos uma linha da matriz por uma constante, 0 determinan- te fica multiplicado por esta constante, Para verificarmos isto, chamemos de A a matriz original e B a matriz obti- da de A, multiplicando uma linha de A por uma constante k. Entio, ao calcular- ‘mos 0 determinante de B, pela observagdo (ii), em cada termo aparece um ele- mento daquela linha que foi multiplicada por &. Podemos colocar k em evidén- cia, e © que permanece é exatamente o célcuto do determinante de A. Portanto, det B = k det A. iv) Uma vez trocada a posiggo de duas linhas, 0 determinante troca de sinal. A razio disto é imediata se observarmos que ao trocar duas linhas de uma matriz, alleramos a patidade do niimero de inversbes dos indices e, portanto trocamos 0 sinal dos termos. ») O determinante de uma matriz que tem duas linhas (colunes) iguais ¢ zero. Isto € verdade porque se trocarmos as posigbes das linhas que so iguais, a matriz , portanto, © determinant permanecerdo os mesmos. Por outro lado, pela propriedade anterior, 0 Geterminante deve trocar de sinal ¢, portanto, a Tinica possibilidade ¢ que o determinante seja nulo. Determinante ¢ Matriz Inversa 69 v) | an ain ay dm Bint en [=| bn Bin | + | en fin ant ann any enn any ann Para mostrar esta propriedade, usamos a definigdo de determinante ¢ a distributividade. Mas cuidado! Observe que aqui temos a soma numa linha, & nao uma soma de matrizes. De um modo geral, o determinante de uma soma de duas matrizes ndo é igual 4 soma dos determinantes das matrizes. Ou seja, det (A + B) # det A + det B. Veja o Exercicio 4 da secgdo 3.10. vii) O determinante nao se altera se somarmos a uma linha outra linha mul- tiplicada por uma constante. Exemplo: 30201 30-201 5 of=|2 5 0 2 4 -2/ [8 0 0 Aqui, & terceira linha, somamos a primeira linha multiplicada por 2. Para pro- var esta propriedade usamos as propriedades (vi), (di) ¢ (»). vii) det(A - B) = det A + detB Mostre, inicialmente, esta propriedade para matrizes 2 X 2. Sinta a difi- culdade que se teria para demonstré-la ja em matrizes 3 X 3. A demonstragao deste resultado para matrizes 2 X n é bem mais elaborada, mas vocé terd con- digdes de fazé-la usando matrizes elementares (veja a seco 3.8). ‘A proxima propriedade é tio importante e Util no célculo de um deter- minante que destacamos sua importéncia apresentando-a numa segao separada. 3.4 DESENVOLVIMENTO DE LAPLACE Na segiio 3.2 vimos que: ayy Az 413 JA =| aa daz a3 y= ay 4x 433 F dip ygdg3 = 1142392 — P1282 493 + A r2Gr3@31 t+ disdadm ~ A1s42241- 70 ALGEBRA LINEAR Mas, podemos escrever esta soma como: 4), (@a2@35 ~ 23432) - 2 (dar@s3 ~ 223831) + 2134 dy ~ ands) Ou ainda: a, da ay dn ay 423 a3 433 ap a3, ay 33 4 tay ay Observe que © determinante da matriz inicial 3 X 3 pode ser expresso em fun- G0 dos determinantes de submatrizes 2X 2, isto 6, det A = a lAns| - @alAval + ailAisl onde Aj € a submatriz da inicial, de onde a i-ésima linha e @ /-ésima colina foram retiradas. Além disso, se chamarmos by = Cy 1Agl obtemos a expressio det A = ay 4), + aA + disdis Esta propriedade continua sendo vélida para matrizes de ordem x’, e assim po- demos expressar: det Anxn = aida +. + tindin n ; Yay Vaet Ay jn A = ayy fa ‘Ao numero Ay (que é 0 determinante afetado pelo sinal (-1)'*/ da submatriz Ajj, obtida de A retirando-se a i-ésima linha e a j-¢sima coluna), chamamos cofator ou complemento algébrico do elemento aj. Observe que na formula da- da, o determinante foi “desenvolvido” pela i-ésima linha. Uma forma andloga é valida para as colunas, 3.4.1 Exemplos Exemplo 1: =(-Ddn + dn + Non 1Para uma demonstracao, veja por exempio Lipschutz, Si Algebra Linear, McGraw-Hill do Brasil Ltda., Rio de Janeiro, 1971. Determinante e Matriz Inversa 71 onde da= Cy] 3 | An =(ipe] tate aI?) 38 ecps2tt 3]. 4a = (-1 F al=7 Portanto IA] = (-2)(-2) + 1-8 + (-1)7=5 O desenvolvimento de Laplace ¢ uma formula de recorréncia que permite calcular o determinante de uma matriz de ordem 1, a partir dos determinantes das submatrizes quadradas de ordem 1 - 1, Em grande parte dos casos ele sim- plifica muito 0 ediculo de determinantes, principalmente se for utilizado um conjunto com outras propriedades dos determinantes, Exemplo 2: 1203 12 3 2 1 a/]o 7 ale 2-1 2 0 0 1 =recp]) Tl ei-araes 0 indice acima da igualdade indica 0 mimero da propriedade usada. Neste caso, somamos a segunda linha a terceira. Exemplo 3: “1203-4 42 0 0 -1 2 3 0 25 3 1 5 3 -4{ =urrts 3 of @ 8 3 1 72 ALGEBRA LINEAR Note que na primeira passagem usamos a sétima propriedade ao somarmos a se- gunda coluna multiplicada por 2 4 primeira coluna, Nosso intuito foi o de ‘obter uma segunda linha com apenas um elemento nao nulo, e entdo abaixar a ordem do determinante, usando menos calculos, Seguindo este raciocinio, vocé pode também obter o determinante inicial, por exemplo, igualando o dltimo elemento da primeira linha a zero. 3.5 MATRIZ ADJUNTA — MATRIZ INVERSA Dada uma matriz A, lembramos que 0 cofator Ay do elemento ay da matriz ¢ (1 det Ay, onde Aj é a submatriz de A, obtida extraindo-se a i¢sima linha e j-ésima coluna. Com estes cofatores podemos formar uma nova matriz A, de- nominada matriz dos cofatores de A. A= lay] Exemplo: ‘emp 2 1 0 314 1 6 5 aft 4 ay =n |, f= -19 [34 dn=(it| 3 f]e 19, ete “19 19-19 Entio, A=] -5 10-11 48°55 3.5.1 Dada uma matriz quadrada A, chamaremos de matriz adjunta de A 4 transposta da matriz dos cofatores de A. adj A = A No exemplo anterior -19 S54 adj A=] 19 10-8 “19 -1h 5 Determinante ¢ Matriz Inversa 73 Vamos efetuar, neste exemplo, A - A’. -19 0 oO 1 0 0 0-19 O| =-19 QO 1 0 | =-191, oO Oo -19 0 0 1 Além disto, podemos verificar que det A =~ 19. Entdo A « A’ = (det A)I3. Este resultado no foi obtido por acaso, mas é vilido para toda matriz quadrada A de ordem n. 3.5.2 Teorema: A - A’ = A - (adj A) = (det A)I, Para demonstrarmos esta proposigdo, usamos a propriedade (v), segundo a qual o determinante de uma matriz que tem duas linhas (colunas) iguais é zero. © 0 desenvolvimento de Laplace. Vamos fazé-la esquematicamente, para matrizes 3X 3. A demonstragdo é a mesma para matrizes n Xn. Prova: (n = 3) ay 42 aay An An As A (dj A)=} an 42 34+} 42 Ay Ax | = ley] ay dm 33 Ais Ars Asy Caleulando os elementos ci, achamos que Cn = dA + ap dy, + a)34)3 = det A, C12 = aya, + ay2Ag + di3d23, Usando desenvolvimento de Laplace em relagdo & segunda linha, temos: M1 a a3 en det], ay 43] = 0 ay dy 433 pois duas linhas so iguais. Analogamente, =detA © cy=0 se fF) detA 0 0 A-(adjAy=| 0 detA 0 |= (det ADIs 0 0 deta 3.5.3 Definigdo: Dada uma matriz quadrada A de ordem n, chamamos de inversa de A a uma matriz B tal que A - B= B+ A =I, onde I, 6 a matriz identidade de ordem x. Escrevemos A“! para a inyersa de A. 74 ALGEBRA LINEAR 3.5.4 Exemplos Exemplo 1: . 23 ae Seja A = i ;}. Entfo A i ¢ ATA=L (Verifique!) als ales pois A» A7 = 2: Exemplo 6 a SiaA= li 4 Procusemos sua inversa, isto €, s-[2 | talque A-B-1, ¢ B-A=h Impondo a primeira condigio, (IIL jatr &+uM|_[t ‘| lla + 4c 11b + 4d ool Portanto, 0 ° < Za sf ++ ge wo =o 6a + 2c lla + 4c=0 Resolvendo os sistemas, temos a=2 Teremos entdo, Determinante © Matriz Inversa 75 ou seja, A B = I. Também i le d-B 9 ou seja, B + A = Le, portanto, € a inversa da matriz A. (B = A“), Observagies: 4) Se A e B sio matrizes quadradas de mesma ordem, ambas inversiveis (isto é, existem A7 e B"'), entdo A + B é inyerstvel e (AB)! = B! « A“, De fato, basta observar que (AB)(B-'A~') = A(BB~')A“* = AIA“ = = AA = Le que, analogamente (B"'A™!)(AB) = I. if) Se A é uma matriz quadrada e existe uma matriz B tal que BA entéo A é inversivel, ou seja A“ existe e, além disso, B= A~. Em outras palavras, basta verificar uma das condigdes para a inversa de uma matriz, e esta serd Unica. A prova da primeira parte, ou seja, de que A“! existe, serd feita em 3.8.6. Por ora, mostraremos apenas que B = A“. De fato, se A~! existe, temos 4 seguinte seqiiéncia: B = BI = B(AA“) = (BAJA = JA = Aw, iii) Nem toda matriz tem inversa. Por exemplo, para mostrar que [: ] no tem inversa, 6 suficiente mostrar que a equagao matricial [: | [E ‘ = [i 9] nao tem solugdo. Isto & verdade, pois 2 2d)_fi o ce a}*{o 1 implica que 2c = 1 e ¢ = 0, € néo podemos ter estas igualdades simultanea- mente. 76 ALGEBRA LINEAR Suponhamos agora que Anxn tenha inversa, isto é, existe Av tal que A+ A= L,. Usando 0 determinante temos det(A + Ay = det A= detAt e detl, = 1 Enta detA + detAt = 1 Desse produto conclurmos que se A tem inversa, idetA #0 1 if a e iat A" = TK Ou seja, det A # 0 & uma condigao necesséria para que A tenha uma inversa, Vamos ver que esta condigao também é suficieute. J4 vimos em 3.5.2 que A« Al (dev A)L Se detA #0, A Gar: A’ = Le como a inversa é tint 1 jo A= —L-. ca, entio A! = FF Em resumo: 3.5.5 Teorema: Uma matriz quadrada A admite uma inversa se, e somente se det AF 0. Neste caso: 1 © det A % (adj A) Este resultado nos fornece um novo método de calcular a inversa de uma matriz. Consideremos a matriz do Exemplo 2 anterior: wf) det A = 24 - 22 = 2 # Oe, portanto, existe a inversa de A. Calculemos sua ao at. — fai inyersa pela relagio A“ = g--q (adj A). . “il . 42 Ae [3 ‘] e wae[ i :| a_i aay tl 4 21L Avs ga dM =F) 6} > |- Entao Determinante e Matriz Inverss 77 3.6 REGRA DE CRAMER O cilculo da inversa de uma matriz fornece um outro método de resolugdo de sistemas lineares de equagdes. Este s6 se aplica a sistemas lineares em que o nt- mero de equagées ¢ igual a0 mimero de incégnitas. Suponhamos que desejdsse- mos resolver © sistema linear de n-equagies e n-incégnitas. aX, tt dapXy = Dy UX) +... + danXn = bp Podemos escrever este sistema na forma matricial ay. din] [xt by Gm. an Xn bn ou A+X=B onde ay in A=|: : | €a matriz dos coeficientes ¢ any ann x, € a matriz dos termos independentes, eX = by Xn a matriz das incdgnitas, Para esta equagHo suponhamos que det A # 0 € por- tanto, que A tenha a inversa A~!. Entao A‘ (AX) = AB (AT A)X = AB 1,X = A™B X=A"B Na forma matricial ay ain |* an ann 78 ALGEBRA LINEAR Usando a relagio para matriz inversa dada em 3.5.4, temos x Ay Am | |r 1 . : “Geta |: : Xn Din Ann | (on Entao _ bd tw + On Ont He get A Mas note que 0 numerador desta fragdo é igual a0 determinante da matriz que obtemos de A, substituindo a primeira coluna pela matriz dos termos indepen- dentes, De fato, usando 0 desenvolvimento de Laplace, obtemos: Dy ai Bin : 2 Diy + oe + On nt On de nn Ou seja by an an Bn de nn xy ay Gia 4in an Om Onn ay by an Gm bu Ann yo ay in ant Grn para i= 1,2, Observe que no denominador temos determinante da matriz dos coeficientes (det A #0), € no numerador aparece 0 determinante da matriz obtida de A, Determinante ¢ Matriz Inversa 79 substituindo a i-ésima coluna pela coluna dos termos independentes. Este méto- do de resolugdo de um sistema linear de 1 equagdes e n incégnitas, que s6 po- de ser aplicado quando 0 determinante da matriz dos coeficientes for ndo nulo, 6 chamado Regra de Cramer. 3.6.1 Exemplo Dado o sistema de 3 equagdes ¢ 3 incdgnitas: w-3yt2e1 x +3255 ay- 7220 temos 20-307 det}1 0 3]2-1#0 0 2-1 Portanto, podemos usar a Regra de Cramer. Entdo: 1-3 7 5 0 3 0 2 - x= = -49 -l 21 7 15 3 0 0 = ’ =9 -1 20301 105 o 20 fs ig Cabe aqui um comentério sobre a Regra de Cramer. Embora seja muito til, pois dé uma forma explicita das solugdes de um sistema, ela ndo ¢ muito usada para célculos numéricos. Isto porque o numero de operagces que ela envolve é muito grande, quando trabalhamos com muitas equagdes. No célculo do determinante de uma matriz de ordem n, temos que calcular »! produtos de ni fatores, ¢ depois soméd-los, (Veja a definiggo.) Efetuamos entdo ni(m - 1) + + (n! ~ 1) = nin - 1 operagdes. Como para resolver um sistema a X a pela 80 ALGEBRA LINEAR Regra de Cramer precisamos calcular 1 + J determinantes de ordem 7, 0 niime- to de operagées se elevaria a(n + I)(ntm ~ 1), que € maior que x72. Como um exemplo, para resolvermos um sistema de 10 equagdes e 10 incégnitas, pela Regra de Cramer terfamos um niimero de operagdes superior a 10710! = 362,880,000 operagées, enquanto que pelo método de reducao de li- nhas nfo chegarfamos a 14.000. Muitos dos problemas que aparecem em Engenharia, Economia, Biologia etc., costumam envolver um grande nimero de incégnitas, de ordem 100 ou 1,000, por exemplo. Nestes casos, mesmo os métodos de eliminagdo e redugao por linhas podem nfo ser adequados. Entdo nos meios computacionais prefere- se usar métodos numéricos iterativos (como, por exemplo, 0 de Gauss-Seidel). Estes processos iterativos sero nosso objeto de estudo no capitulo 13. 3.7 CALCULO DO POSTO DE UMA MATRIZ ATRAVES DE DETERMINANTES Muitas vezes, € suficiente saber apenas se um sistema de equagdes lineares tem solugdo sem precisar resolvé-lo, isto é, sem explicitar as solugdes. Por exemplo, ao estudar a posi¢do relativa de duas retas no plano, dadas pelas equacdes y - 2x =3e y - 3x = 2, podemos estar interessados em saber apenas se elas se interceptam ou nao, sem determinar seu ponto de intersecgfo. Ou seja, que- remos saber se o sistema yd =3 y - 3x admite ou no solugao. Como j vimos em 2.5, a existéncia e 0 numero de solugGes esto relacio- nados com o posto da matriz dos coeficientes e 0 posto da matriz ampliada. Vamos ver agora uma maneira de obter 0 posto de uma matriz usando deter- minantes. " w 3.7.1 Teorema: O posto (caracteri‘stica) de uma matriz A (quadrada ou nao) é dado pela maior ordem possivel das submatrizes quadradas de A, com determinantes diferentes de zero. (Para uma demonstragdo, deste teorema veja os exercicios 18, 19 ¢ 20 da seglo 3.10.) Determinante e Matriz Inversa 81 3.7.2 Exemplos Exemplo 1: Dada a matriz 4 X 5 1 30 -20=«¢5 3 1 ol -15 19) 14 3 1 7 1-2 7 -3 28 -7 O podemos verificar que cada submatriz. de ordem 4 (hd $) tem determinante 0. Também o determinante de cada submatriz de ordem 3 (hd 40) é zero. Mas 1 3 a {t niesee Exemplo 2: Dado 0 sistema linear x + dy + 32 -ixt pts 6x - 3y - 3z Entio, 0 posto € 2. 1 0 -1 vamos dizer se ele é possivel ou nao, sem resolvé-lo. A matriz dos coeficientes 1 2 3 A=/-2 1 1 6 3 -3 tem determinante 0, pois a terceira linha é igual & segunda multiplicada por -3. Portanto, 0 posto de A é menor que 3, (Se det A # 0, 0 posto seria 3, pois A & submatriz dela mesma.) Como [3 ; de ordem 2, com determinante diferente de zero; portanto, seu posto é 2. | = 5, A tem uma submatriz quadrada Tomemos agora a matriz ampliada do sistema 1 1 2041 6 3 3 -1 3 1 Como 1 0} = 1,0 posto de B é 3. Concluimos assim, que © sistema 3-1 82 ALGEBRA LINEAR nfio admite solugdo, pois o posto da matriz dos coeficientes ¢ diferente do pos- to da matriz ampliada. Observagao: Num sistema de 1 equagdes e + incégnitas, onde o determinante da matriz dos coeficientes ¢ diferente de 0, existe uma inica solugao. * 3.8 MATRIZES ELEMENTARES Um processo de inversdo de matrizes © céleulo da inversa de uma matriz usando determinante, envolve um ame: To muito grande de operagdes. O processo pritico de inverséo que vamos apresentar nesta segdo & baseado nas operagées com as linhas de uma matriz crem termos de célculos, € muito vantajoso. O conceit de matrizes elemen- tares que introduziremos aqui seré utiizado para mostrar « validade deste pro- cesso © ainda para demonstrar virios resultados j# enunciados em segSes ante- riores. Observemos, inicialmente, que cada operagdo com as linhas de uma ma triz corresponde a uma multiplicagdo dessa matriz por uma matri2 especial. 3.8.1 Exemplos Exemplo 1: Ao multiplicarmos a primeira nha da matriz 12 4 aA=|o 1 3 2 1 -4 por 2, obtemos a matriz 24 8 o 1 3 20 1 -4 que é exatamente 0 produto 20 offi 2 4 o 1 ofjo 1 3 o o 1}\2 1 -4 Determinante © Mateiz Inversa 83 Exemplo 2: Ao trocarmos a primeira e a segunda linha da matriz A acima obtemos ‘ ool 3 12 4 2 1 -4 Este resultado é 0 mesmo que o produto 01 o| fi 4 1 0 of-jo 1 3 oo 1} [2 4 Exemplo 3: Ao somatmos & primeita linha da matriz A a segunda linha multiplicada por 2, obtemos 1 4 10 o1 3 201 <4 que é 0 mesmo que 0 produto rr 2 ojfi 2 4 0 1 ojfo 1 3 oo t}[2 1 -4 Observando mais cuidadosamente estes exemplos, vemos que aplicar uma operagdo elementar nas linhas da matriz A é 0 mesmo que aplicar esta opera- go elementar na matriz identidade e, em seguida, multiplicar esta nova matriz por A. Vejamos isto em outros exemplos. Exemplo 4; Se tomarmos a matriz identidade I; e trocarmos a primeira e a terceira linha, obteremos a matriz =eco ovo con Se multiplicarmos esta matriz pela matriz A do exemplo 1, teremos a) [21 -4 3)=}0 1 3 4 12 4 001 o1 0 1 0 0 Ren 2 1 1 cajo resultado é exatamente a troca da primeira e terceira linha da matriz A. 84 ALGEBRA LINEAR Exemplo 5: Se tomarmos 1, € somarmos @ terceira linha a segunda multi plicada por -3, obteremos 0 1 0 301 oom Se multiplicarmos esta matriz pela matriz A do Exemplo I, teremos 1 0 0 12 4 102 4 o 1 O}jo i 3)=|0 1 3 o -3 1 2 1 -4 2-2 -13 Este resultado é exatamente aquele que obtemos se somarmos 4 terceira linha de A a segunda multiplicada por -3. ‘Através desses exemplos podemos perceber que existe uma relagdo intima entre as operag6es com linhas de uma matriz ¢ certas matrizes especiais cons- trufdas a partir da matriz identidade. Estas matrizes serio denominadas matri- zes clementares. 3.8.2 Definiggo: Uma marriz elementar € uma matriz obtida a partir da identidade, através da aplicago de uma operagiio elementar com linhas. © relacionamento entre matrizes elementares ¢ operagdes com linhas dado pelo teorema abaixo. 3.8.3 Teorema: Sc A é uma matriz, 0 resultado da aplicagdo de uma ope- rago com as linhas de A é 0 mesmo que 0 resultado da multiplicagZo da ma triz elementar E correspondente & operaggo com linhas pela matriz A |A prova deste resultado poderd ser feita por voce. Consiste apenas em escrever a matriz E, efetuar o produto E-A ¢ verificar que o resultado obti- do € 0 esperado. Este procedimento deve ser efetuado para cada tipo de opera: go com linhas. Uma conseqiéncia importante da proposi¢éo anterior é 3.8.4 Corolério: Uma matriz elementar E, é inversivel sua inversa & a matriz elementar E,, que corresponde 4 operagdo com linhas inversa da opera: gGo efetuada por Ey. Por exemplo, se E, é a matriz elementar cuja operagdo consiste em mul- tiplicar uma determinada linha por k, a matriz inversa de £, serd a matriz ele- mentar E, que cotresponde 2 operagdo de multiplicar a mesma linha por fA prova deste corolério é deixada a seu encargo. Determinante e Matriz Inversa 85 Como consegiéncia do resultado anterior, podemos mostrar agora 0 teo- rema 2. 3.8.5 Teorema: Sistemas associados a matrizes linha equivalentes séo equi- valentes. Prova: Sejam A e A’ matrizes-linha equivalentes. Por 3.8.3 A!’ = MA, onde M é um produto de matrizes elementares e, portanto, inver- sivel (veja 3.8.4 ¢ (i) de 3.5.4). Os sistemas (1) ¢ (II) que tem A e A’ como matrizes ampliadas podem ser escritos respectivamente: N-X=BeNX=B’, onde N é a submatriz de A da qual se retirou a iltima coluna e B é esta coluna. (Idem para N’, A’ e B'.) Além disto, vocé po- de verificar que N=M-Ne B=M-B, Portanto, NX = B <=> MNX = MB == N’'X = B. Isto significa que os sistemas (1) e (II) so equivalentes pois toda matriz: x X=| : | que seja a solugdo do I serd solugio de If e vice-versa. Xn 3.8.6 Usando os resultados 3.8.3 ¢ 3.8.4 podemos também completar agora a demonstrago da observagdo (ii) de 3.5.4, Repetindo-a da maneira co- mo foi enunciada: Se A é uma matriz quadrada e existe uma matriz B tal que BA = I, entdo A é inversivel, ou seja, A~! existe e B= A”'. Ja havfamos mos- trado que se A é inversivel, entdo B = A“!. Mostremos agora que A é realmen- te inverstvel. Comecemos analisando o sistema de equagdes lineares que corresponde a AX = 0, onde X é um vetor coluna ¢ 0 é © vetor-coluna cujos elementos sio nulos. Observamos que a tinica solugdo posstvel para esse sistema é X = 0 pois, multiplicando AX = 0 por B, temos 0 = B - 0 = B(AX) = (BA)X = IX = X. Por outro lado, se resolvermos o sistema A: O através de operacdes com li- nhas, obteremos um sistema equivalente RX = 0, onde R € a forma escada li- nha teduzida de A e, portanto, R = ExEx.. «.. E,A. Mas, como o sistema RX = © 6 equivalente a AX = 0, a sua tinica solugdo ¢ X = 0, e como R estd na forma escada linha reduzida, a unica possibilidade é R = I. Entao 1 = E,E;.; .. E,A, e, multiplicando sucessivamente por Eg', Ex... (que sao matrizes elementares, como vimos na seggo 3.8.4), teremos A = E;'E;! ... Ej, ou seja, A é um produto de matrizes elementares e, pela observagdo (i) de 3.5.4, é inversivel. 86 ALGEBRA LINEAR *3.9 PROCEDIMENTO PARA A INVERSAO DE MATRIZES ‘Com argumentos andlogos 20s usados em 3.8.5 vocé pode provar o teorema enun- ciado a seguir. 3.9.1 Teorema: Se A é uma matriz inverstvel, sua matriz-linha reduzida 4 forma escada, R, é a identidade. Além disso, A é dada por um produto de ma- trizes elementares. A reciproce deste resultado ir fomnecer um novo processo para se calcular a inversa de uma matriz A. Suponhamos que, a0 reduzir A a forma escada linha reduzida, a matriz identidade seja obtida como resultado, Neste caso, como a ca- da operago com linhas corresponde uma multiplicago por uma matriz elementar, E;, teremos entao: P= By Ep se Ba BA = (Ex Exes Ey By DA Mas isto quer dizer que Ey + Eee: * By 7 By T= At que podemos colocar em palavras através do teorema abaixo. 3.9.2 Teorema: Se uma matriz A pode ser reduzida A matriz identidade, por uma seqtiéncia de operagGes elementares com linhas, entfo A é inversivel ¢ a matriz inversa de A é obtida a partir da matriz identidade, aplicando-se a mesma sequéncia de operagdes com linhas. Na prdtica, operamos simultaneamente com as matrizes A ¢ I, através de operagdes elementares, até chegarmos 4 matriz I na posigio correspondente a mattiz A. A matriz obtida no lugar correspondente 4 matriz I seré a inversa de A. (A: Vejamos como este procedimento pode ser colocado em pritica. ) at) 3.9.3 Exemplos Exemplo 1: Seja 201 0 _[1 0 41 A= ool tod -1 0 0 3 Determinante © Matriz Inversa 87 Coloquemos a matriz junto com a matriz identidade e apli a y pliquemos as operacdes on Baha, para reduzir a parte esquerda (que corresponde a A) a forma exca finha reduzida, lembrando que cada operagdo deve ser efet mente na parte direita. sds simultanea- 21 0 of1 000 10+ 1/0100 o1 1 1;0 01 0 10 03/0001 Trocando a primeira e segunda linhas, obtemos 10-1 1!'01 00 21 0 011000 or 1tiootda 10 03/0001 Aon, somamos 4 quarta a primeira e 4 segunda, a primeira linha multiplicada por -2. 10-1 1/0 100 01 2 211 2 00 or 1 110 010 oo -+ 4;0 101 Subtraimos a segunda linha da tereeira, obtendo 10-1 4/0 100 01 2 2} 1 2 00 oo -1+ 37-1 2 1 0 oo 1 4; 0 101 Trocamos o sinal da terceira linha e, subseqiientemente, anulamos o resto da terceira coluna. 10 0 -2 ; I -1 -1 0 010 4}-1 2 2 0 oo1 3! 1 2 -1 0 000 1] 1 a AD Biblioteca de Ciencia & Tecnolbgia Pel 88 ALGEBRA LINEAR Finalmente, obtemos a identidade a esquerda e a inversa de A a direita. 1000 {3 3 3 2 oO 100/15 6 2 4 001 0,4 5 4 3 ooo} 1 31 1 1 Portanto 303 3 «(2 _|5 6 24 “lq 4 3 Paoaiod Exemplo 2: Seja 01 As|1 2.1 020 Partimos de 101 ]1 00 1211010 o20f001 ¢ fazemos operages com linhas, para converter a parte esquerda (que corres- onde a A) 4 forma escada linha reduzida. Obtemos entdo 0 oon \- 2 Hoo 1 9 oO | | ool 0 I Como a forma escada nfo é a identidade, a matriz A nao tem inversa. 3.9.4 Agora, iremos demonstrar a propriedade det (AB) = det A = det B conforme nos propusemos a fazer em 3.3 (viil). Determinante ¢ Matriz Inversa 89 Pasa isso, queremos que vocé descubra qual é 0 determinante de uma matriz elementar E nos seguintes casos: #) E € obtida de I por uma permutagao de linhas, if) E é obtida de 1 pela multiplicagdo de uma das Linhas por uma constante k (k #0). iii) E é obtida de I pela substituigdo da éésima linha por k vezes a j-ésima, mais a i-ésima linha. Agora vocé deverd provar 0 seguinte resultado, 3.9.5 Teorema; Se E for uma matriz elementar ¢ A uma matriz qualquer da mesma ordem que E, entio det EA = det E - det A. Para provar este teorema, considere as trés possibilidades para a matriz E (i), () ¢ Gii) dadas acima, Tudo ficard realmente simples se vocé tiver chegado 4 conclusio que, em (#) temos det E = -1, em (ii) det E = k ¢ em (iif) det E= 1. Finalmente, podemos demonstrar a propriedade do determinante do pro- duto. 3.9.6 Teorema: Se A e B so matrizes n X n quaisquer, entdo det (A - B) = det A + det B. Prova: 12 caso: Se A ou B so nao inverstveis, temos A + B nao inverstvel (veja o Exercicio 10 da se¢do 3.10). Neste caso, det(AB) = 0, e como detA = 0 ou det B = 0, a igualdade se verifica. 2 caso: Se A e B sio inversiveis, usando 3.9.1 temos: det (AB) = det (E, ... ExB) Apos sucessivas aplicagdes do teorema 3.9.5 chegamos a: det (AB) = det E, + det(E2 ... ExB) detE; » detE, +...» det Ey - detB det (Ex-, + Ex) + detB +E, +. + Ey) + detB det A + detB 90 ALGEBRA LINEAR Determinante ¢ Matriz Inversa 91 7. Propriedade: © determinante de uma matriz triangular Ay», é igual a0 pro- duto dos elementos de sua diagonal. a) Prove esta propriedade no caso em que A é uma matriz triangular supe- rior (genérica) 5 X 5. (Sugestdo: Use e abuse do desenvolvimento de La- 3.10 EXERCICIOS 1, Dé o nimero de inversdes das seguintes permutagdes de 1, 2, 3, 4, 5: a35412 b)21435 place.) 054321 b) O que vocé pode dizer sobre 0 mimero de solugdes dos sistemas abaixo? d) No determinante de uma matriz 5 X 5, que sinal (negative ou posi- tivo) precederia os termos aysdos@sedadsr © disdradsaGartsi? ) Pi ast2s@sa@aids2 © dys@radazantsi Sx, + 2xy - 3x, + 9X4 = 0 2. Quantas inversdes tem a permutagio (v n-1 ... 2 1) dos némeros 1, 2, ..., : @ -3x; + 9x5 - 4x4 = 0 n-1, nm -txjt m= 0 xe 2 0 «1 ‘ 3.Calcule det]3 0 2 3x5 + 2x + x, =0 4-37 * ext mM eS : (i) -9%3- Xt 9K, =0 @) pela defini¢io ¢ -3x, + xy = 0 5) em telacdo & segunda coluna, usando 0 desenvolvimento de Laplace. Xe ™=0 "8, Calcule det A, onde A 12 30-1 4, Dadas as matrizes A = [! ;| eB= [i i} caleule a) 3 4s 8 3 i302 4 a) det A + detB az|? 2 0! -[8 # te ») det (A + B) 2 0 41 3 2 1 -1 0 1 1 20 af O11 S. Sejam A e B matrizes do tipo 1 X nn. Verifique se as colocagdes abaixo so verdadeiras ou falsas. ») 3 0 00 0 a) det (AB) = det (BA) 19 18 0 0 0 b) det (A’) = detA A=|6 7 5 0 0 c) det (2A) = 2det A 2 4 V¥2 V3 0 0 d) det (A?) = (det A)? y 8 3 5 6 -l e) detAy 0 considerar um novo ve- tor w = kv, que possui a mesma diregdo de v e tem como comprimento ke ve zes 0 comprimento de v. Se k <0, 0 vetor w = kv serd igual ao oposto do vetor ikl + v. Se k = 0, w = kv serd 0 vetor nulo, 100 ALGEBRA LINEAR Figura 4.1.5 Observe que a multiplicagdo de vetor por um ntimero corresponde 4 multipli- cagdo da matriz-inha (ou coluna) por esse mimero. Assim, se v = (4, 6) & w = ky, entdo w = (ka, kb). Por exemplo, para v = (2, -5), w = 3v = (6, -15). b} Adigdo de dois vetores. Para introduzir a soma de vetores, vamos voltar ao exemplo de forgas atuando num corpo. Uma forga que atua num ponto pode ser representada por um vetor, de comprimento igual 4 intensidade da forga, com a mesma diregéio em que a forca atua, (Estamos supondo que a origem do sistema de coordena- das esté no ponto onde a forga atua.) Suponhamos agora que temos duas forgas F, e F, atuando no mesmo. objeto. Podemos representar o resultado destas duas forgas por uma ‘inica for- ga R? Em outras palavras, 0 que & 2 “soma” de duas forcas? Figura 4.1.6 A experiéncia mostra que a forga resultante & representada pelo vetor diagonal do paralelogramo construido a partir dos vetores F, e F>. Chamamos a forga resultante de soma de F, com F, e denotamos R = F, + F;. Agora, pensemos em termos de coordenadas. Se F, = (a, b) ¢ Fz = (c, d), quais so as coordena- das de R? Figura 4.1.7 Espago Vetorial 101 Usando congruéncia de {riangulos, voc® pode notar que as coordenadas de R sfo (a +c, +d). ; Foram resultados como este que motivaram a definiggo formal de soma de dois vetores no plano. Se v = (@, 5) e w= (c, d), entao © vetor-soma seré v tw = (a+, b +d). Observe que somar vetores corresponde simplesmente a somar as matrizes que os representam. As operagGes entre vetores herdam, por- tanto, todas as propriedades das operagdes correspondentes para matrizes. Podemos ainda observar que a soma de um vetor v = (a, b) com seu oposto w=~v=(-a,-5) €0 valor nulo, Isto é,v +w=v +(-v)=(@-a, b= b) = (0, 0). . Por diferenga entre dois vetores ve w, entendemos a soma do primeiro com o oposto do segundo vetor, v - w = v + (-w). Isto € mostrado geometrica- mente, pela Figura 4.1.1. Figura 4.1.8 4.1,3 Vetores no Espago Da mesma forma que fizemos no plano, podemos considerar vetores no espago. Teremos entdo um sistema de coordenadas dado por trés retas orientadas, per- pendiculares duas a duas, ¢, uma vez fixada uma unidade de comprimento, cada ponto P do espaco estard identificado com a terna de mimero reais (x, y, 2). que dé suas coordenadas. 102 ALGEBRA LINEAR Também aqui os vetores so dados por segmentos orientados, com ponto inicial na origem, e existe uma correspondéncia biunivoca entre vetores e pon- tos do espago que a cada vetor OP associa seu ponto final P = (a, b, ¢). Deste modo, 0 vetor v = OP costuma ser denotado pelas coordenadas de P. @ ve! b} ou v=, 4c) © Exemplo Figure 4.1.10 A origem fixada para © espago representard o vetor nulo (0, 0, 0). Assim, se chamarmos de V 0 conjunto de vetores no espago, podemos identificar Vis (1, xa X34, € RE RX RX R=R* non 4.1.4 Operagdes com Vetores no Espaco A soma de dois vetores e 0 produto de um vetor por um nimero (escalar) também so definidos da mesma forma que no plano Seu = (1, ¥2,%3) € V= On, Yas Ys): utv= (x) + yy, %2 + 32, %3 t Ys) © ku = (hx, kxa, kes) Por exemplo, se u = (2, -3, 5) e v= (1, 2, 0), u + ¥ = (3, -1, Se 2u = (4, -6, 10). Como jd observamos no caso do plano, estas operagSes correspondem exa- tamente as respectivas operagGes das matrizes-linha que representam os vetores e gozam de uma série de propriedades decorrentes daquelas relativas as ope- ragSes com niimeros reais. Espago Vetorial 103 Propriedades: ) (utytweut(vtw) i) utveveu di) Existe 0 € V tal que u + 0 = u. (0 € chamado vetor nulo.) iv) Existe -u € V tal que u + (-u) = 0. ») a(u + v) = au+ av vi) (a + by =av + bv vii) (ab)v = a(bv) vit) lu =u Estas propriedades servirdo para caracterizar certos conjuntos que, apesar de terem natureza diferente dos vetores no espago, “comportam-se” como eles. Estes conjuntos receberdo 0 nome de espacos vetoriais. 4.2 ESPACOS VETORIAIS 4.2.1 Definigao: Um espago vetorial real é um conjunto V, no vazio, com duas operagées: soma, V X V—>+ V, e multiplicag3o por escalar, RX V—> ¥, tais que, para quaisquer u, v, w © Ve a, & € R, as proprieda- des de i) a viii) sejam satisfeitas. Se na definicfo acima, ao invés de termos como escalares, niimeros reais, tivermos mimeros complexos, V serd um espago vetorial complexo. Usaremos doravante a palavra vetor para designar um elemento de um espago vetorial. Assim, por exemplo, se consideramos 0 espago vetorial V = M(2, 2), 08 vetores sero matrizes. (Mostre que M(2, 2) realmente é um espago vetorial, verificando as condigGes indicadas na defini¢ao 4.2.1. Lembre que os vetores u, v e w deste espaco vetorial si matrizes 2 X 2 e os escalares ainda mimeros reais.) Agora, convém introduzir alguns exemplos de espacos vetoriais. 4.2.2 Exemplos Exemplo 1: 0 conjunto dos vetores do espago Vie R? = (01, X2, 3); x7 © RY € evidentemente um espago vetorial real (veja 4.1.3), 104 ALGEBRA LINEAR Exemplo 2: No tugar de ternas de nimeros reais consideremos como ve~ tores m-uplas de nimeros reais. VERT = (4, %9, xn) 4 ERY ese w= (Xp, Xa, ws Xs V= Os Y3y os Pn) OT ER, wt vs OF Yi a tay ey Mn tn) © aU = (WE, BRD5 or aX) Neste caso perdemos, é claro, a visio geométrica de “vetores”, pois saimos de tum espago de “dimensdo” 3 da geometria e passamos a um espago de “dimen- sio” n, Apesar disto, podemos trabalhar com estes espagos da mesma maneira que em R°. Subexemplo: n = 5, V = RS V = (4, x2, X35 Xa Ms) 47 RY Se u= (1,0, 2-3, 4) e v= (0,1, 1, -2, 5), entéo u = 2v = (1, 0, 2, ~3. 4) - 2(0, 1, 1, -2, 5) 1, 0, 2, -3, 4) - ©, 2, 2, -4, 10) = (1, -2, 0, 1, -6) Observe que, neste caso, o vetor nulo é (0, 0, 0, 0, 0). As ruplas de némeros reais ou, equivalentemente, matrizesdinha 1X " (ow matrizes-coluna a X 1) aparecem naturalmente na descrigZo de muitos pro- blemas que envolvem vérias varidveis. Como um exemplo para determinar @ po- siglo de uma barra no espago precisamos dar as coordenadas de suas duas extremidades A = (ay, @, @3) € B = (by, bp, bs). Assim, sua coordenada seré dada por (ay, dy, a3, By, bz, a), € estaremos trabalhando com 0 espago veto- rial R® Exemplo 3: V = M(m, n), 0 conjunto das matrizes reais m X nm com a soma ¢ produto por escalar usuais. Subexemplos: i) rome. ff ih b caer} Qual é 0 vetor nulo deste espago vetorial? (Veja o Exercicio 1 da secgao 48.) iy V = MQ, 1) = (len an tink au © R}. Observe que este espaco vetorial pode ser identificado com V = R" (veja 0 Exemplo 2 desta segao). Espago Vetorial 105 Exemplo 4: V = Pn, 0 conjunto dos polindmios com coeficientes reais, de grau menor ou igual a 1 (incluindo 0 zero). As operagoes so soma de po- linémios e multiplicagao destes por numeros reais, Subexemplo: n = 2 Pz = {ay + a,x +.4,x": aj © R}. Todos os exemplos anteriores foram de eg ini c spagos vetoriais reais, O proxim exemplo € de um espago vetorial complexo. penne Exemplo 5: V € 0 conjunto das matrizes 2 X 2, cujos elementos sio né- meros complexos. As operagdes so adie20 de matrizes e multi multipli por ndmeros complexos. ipeapio destas Exemplificando: T+i OF, | 2 O}_Jo+e O 2 -t 2tio i 4+ 0 2 i a {ict 242 ary 3 . * Os espagos complexos aparecem, por exemplo, no estudo de sistemas de equagies diferenciais. (Veja 0 Capitulo 12.) Salvo mengo em contrério, todos 0s espagos vetoriais que abordaremos a seguir serdo espagos vetoriais reais. 4.3 SUBESPACOS VETORIAIS As yezes, é necessario detectar, dentro de um espago vetorial V, subconjuntos W que sejam eles proprios espagos vetoriais “menores”, ais conjuntos serdo chamados subespacos de V. Isto acontece, por exemplo, em: V = R?, o plano, onde W é uma reta deste plano, que passa pela origem. , , Figura 4.3.1 106 ALGEBRA LINEAR Veje que a reta W funciona sozinha como espago vetorial pois, a0 somarmos dois vetores de W, obtemos um outro vetor em W. Da mesma forma, se mul- tiplicarmos um vetor de W por um numero, 0 vetor resultante ainda estard em W, Isto é, 0 subconjunto W é “fechado” em relagfo & soma de vetores e 3 multiplicagdo destes por escalar. Estas sfo as condig6es exigidas para que um subconjunto W de um espaco vetorial Y seja um subespago. 4.3.1 Definigdo: Dado um espaco vetorial V, um subconjunto W, nao va- zio, seré um subespago vetorial de V se: i) Para quaisquer u, v € W tivermos u + v E W. ii) Para quaisquer ¢ © R, u € W tivermos au € W. Podemos fazer trés observagdes: a) As condigies da definigo acima garantem que 20 operarmos em W (soma ¢ multiplicagdo por escalar), ndo obteremos um vetor fora de W. Isto € suficiente para afimar que W é ele proprio um espaco vetorial, pois assim as operagdes ficam bem definidas e, além disso, no precisamos verificar as propriedades de (i) a (viif) de espago vetorial, porque elas so vélidas em V, que contém W. b) Qualquer subespago W de ¥ precisa necessariamente conter 0 vetor nulo (por causa da condigdo (i) quando a = 0). ¢) Todo espago vetorial admite pelo menos dois subespagos (que so chama- dos subespagos triviais), 0 conjunto formado somente pelo vetor nulo (ve- rifique (i) e (ii) € © proprio espago vetorial. 4.3.2 Exemplos Exemplo 1: ¥ = R? e W © V, um plano pasando pela origem. Figura 4.3.2 Veja geometricamente a validade de (i) e (ii). Observe que se W ndo passasse pela origem, ndo seria um subespago. Note que na verdade os ini Expago Vetorial 107 cos subespagos de R® sio a origem, as retas e plan i cos subesaias de planos que passam pela ori- Exemplo 2: V = B® e W = (0, x, x b = {0, x2, x5, x4, 5); x; © R} Isto 6, W & 0 conjunto dos vetores de R3, cua primeira. fekputes as eae as , cuja primeira coordenada é nula. Du = (0, x, Xx, XH Xs), ¥ = (0, yo, Va, Ya Ys) © Entao u + v = (0, x2 + yo, x3 + Ys, X4 + Ya Xs + Ys) que ainda » pertence a W, pois tem a primeira coordenada nula ii) ku = (0, kx2, kx3, kxq, kxs) W, pois a primei fa = (0 daa pois a primeira coordenada é nula Portanto, W é um subespago vetorial de RS. : Exemplo 3: V = M(n, n) e W € 0 subconjunto das matrizes triangula- res superiores. W é subespago, pois a soma de matrizes triangulares superiores 4 ainda é uma matriz triangular superior, assim como o produto de uma matriz triangular superior por um escalar. | __Exemplo 4: Uma situagdo importante em que aparece um subespaco ¢ B obtida ao resolvermos um sistema linear homogéneo. Por exemplo w+4y+ z xt ytR xt3y- ore t " oco Observe que, se colocarmos este sistema na forma matricial, teremos 204 I} |x 0 @li 1 2) /y]=]o 13 a} [z 0 Desta forma, estamos procurando, dentro do espago vetorial M(3, 1) das matrizes-coluna de 3 linhas, aqueles vetores que satisfazem a relacio (+), : to €, aqueles vetores-solugdo do sistema. Queremos saber se 0 conjunto dos Vetores-soluciio 6 um subespago de M(3, 1). Para isto, teremos que tomac , dois vetores-solucio. xu os 4 X yi] e | a2 |, © verificar se sua soma |y,| + | y2 21 2, a 22 108 ALGEBRA LINEAR ainda 6 um vetorsolugdo. Entdo 24 «1 x x 2 4 1] [x 2 4 1) |x 11 2fef lft yeff= fe 2 2p bape fe bo 2p pe 13 41 21 Za 130-1) fz 13 =} [ze 0) fo] fo = jo] +]o}= 0 o} Lo} lo}. xy Isto é, a soma é solugiio. Além disso, se multiplicarmos ) por uma cons- a tante k, teremos 24 1 x 2 4 1] [x o| fo 11 2]. fel] Jeatja 4 2] [rf] eayop = [o 13 41 Zz 13 «| fa o| jo Isto é, 0 produto de uma constante por uma solucio ainda é uma solugdo. Por- tanto, 0 conjunto W dos vetoressolugao de (#) & um subespago de M(3, 1). (Considerando a identificagéo M = (3, 1), como R¥, W pode ser dado geometri- camente pela intersecgio dos trés planos no espago descritos por cada uma das equagées de (+),) Exemplo 5: O conjunto-solugdo de um sistema linear homogéneo de n inc6gnitas € um subespago vetorial de M(n, 1). Tente provar isto. ‘Alguns exemplos em que W ndo & subespago de V so os seguintes: Exemplo 6: V = R?, onde W € uma seta deste plano que nao passa pela origem. Figura 4.3.3 Espago Vetorial 109 W nao é subespaco de V, pois existem ue v em W, tal que u + ¥ ¢ W. Outra maneira de ver que W no é subespago de V € notar que o vetor nulo ndo pertence a W. (Veja a observasao b em 4.3.1.) Este ultimo fato € usado frequentemente para determinarmos que UC V nao é subespago de V, isto é, sempre que 0 ¢ U, podemos afirmar que U nao é subespaco de V. Mas, cuidado: Nao vale a rectproca, pois podemos ter 0 € U sem que U seja subespago, como mostra o exemplo seguinte. Exemplo 7: V = R? e W= {(x, x4); x © R}. Se escolhermos u = a. ne v= (2, 4), temos u + v = (3, 5) @ W. Assim, W nio é subespaco vetorial de 7 pois, caso contrdrio, a condigdo (i) deveria ser satisfeita para quaisquer ue v & EW, € isto nao ocorte neste exemplo. (0, 0 Ew Figura 4.3.4 Exempio 8: V = M(u, n) e W € 0 subconjunto de todas as matrizes em que @,, <0. Mosire que a condigao (i) & satisfeita, mas (ii) no é; portanto, W nao é um subespago. Exemplo 9: Se um sistema linear nfo for homogéneo, 0 que acontece ‘com seu conjunto-solugao? Considere 0 exemplo: Oxt4yt ze () yp xt prizes wt3p- zs one Prove que a soma de dois vetores-solucdo nem sempre € um vetor-solucao, ¢ assim © conjunto-solugio néo é um subespaco de M(3, 1). (Veja o Exercicio 17 da secgio 4.8,) Embora nes Exemplos 6 e 9, W nao seja subespago, ainda assim ele é um Subconjunto especial que recebe o nome de variedade linear. Estudaremos me- thor este tipo de subconjunto em 4.9. O Exemplo 7 ndo é uma variedade linear, Agora veremos as principais propriedades dos subespagos, coBblogee oe 110 ALGEBRA LINEAR 4.3.3 Teorema: (Intersecgdo de subespagos): Dados W; © W2 subespagos de um espago vetorial V, a interseceo W, MW, ainda é um subespaco de V. Prova: Observamos inicialmente que W, 1 W nunca € vazio pois ambos os subespagos contém © vetor mulo de V. £ necessirio verificar entdo as condigbes i) e fi) para mostrar que W, 1 W também € subespago vetorial de V. i) Dados x, y € W, 9 W2, x e y pertencem a W,, ¢ também a W;. Entao, x+y EW, ex ty € Wz, sendo W, © W, subespagos de V. Portanto, xtyeWaly. ii) Agora, vocé devera provar a segunda condigdo como um exereicio. 4.3.4 Exemplos Exemplo 1: V = R? W, 0 W &a reta de intersegdo dos planos W, ¢ W. my, Oe "| Figura 4.35 Exemplo 2: V = M(n, n) W, = {matrizes triangulares supericres} W, = {matrizes triangulares inferiores} Entao W, 9 W, = imatrizes diagonais}. Uma vez que a intersegdo de dois subespacos ainda é um subespago veto- rial, poderYamos esperar 0 mesmo da reunido. Mas isto nfo acontece, como po- demos ver no préximo exemplo. Exemplo 3: V = R? Wy Figura 4.3.6 Espago Vetorial 11 W, © W, siio retas que passam pela origem. Entdo, W, 0 W, = {0} e Wy U Wy & 0 “feixe” formado pelas duas retas, que nao é subespago vetorial de R*. De fato, se somarmos os dois vetores u ¢ v, pertencentes a W, U W>, vemos que u + v est no plano que contém W, ¢ W; masut+v¢é W, UW. Assim, W, U W, nao é subespaco de V. Entretanto, podemos construir um conjunto W, que contém W, e W; © & subespago de V. W seré formado por todos os vetores de V que forem a soma de vetores de W, com vetores de W,, W = W, + We serd chamado “soma de W, e W,”, Seré conveniente colocar- mos esta afirmagao de forma mais precisa, 4.3.5 Teorema: (Soma de subespacos): Sejam W, © W subespagos de um espao vetorial V. Entio, 0 conjunto W, + W, = tye Viv =w, + wo, Ww, © We w, © W,} € subespaco de V. Prova: (Veja 0 Exercicio 23 da secgao 4.8.) 4.3.6 Exemplos Exemplo 4: No exemplo anterior, W = W, + W, €0 plano que contém as duas retas, mm Ww, + we Figura 4.3.7 Exemplo 5: Se W; © R? é um plano e W; € uma reta contida neste pla- no, ambos passando pela origem, W, + W2 = My M+ Wy my We Figura 4,38 112 ALGEBRA LINEAR Exemplo 6: W -{[5 aff cw, -{f ‘j}- ome a,b, 4, d ER. ab Entdo W, + W, {{: alf7 M22: Quando W, OW, = {0}, entdo W, + W, & chamado soma direta de W, com Wz, denotado por W, @ W;. Os Exemplos 4 e 6 so exemplos de soma direta, e um contra-exemplo é dado no Exemplo 5. Observe que tanto no Exem- plo 1, como no 2, temos que o espago todo V = W + W2, mas a soma nio é direta. 4.4 COMBINAGAO LINEAR Vamos comentar, agora, uma das caracteristicas mais importantes de um espago vetorial, que & a obtengdo de novos vetores 2 partir de vetores dados. 4.4.1 Definigio: Sojam V um espaco vetorial real (ou complexo), Vis Vas wes Vn EV Cd), ony dy miimeros reais (ou complexos). Entdo, 0 vetor v AV, tGg¥g tt OAV é um elemento de V ao que chamamos combinagio linear de vy, ... Yn- Uma vez fixados vetores v1, ..., Vy em V, 0 conjunto W de todos os ve- tores de V que sfo combinago linear destes, é um subespago vetorial. (Mostre isto como exercicio.) W & chamado subespago gerado por ¥;, .... Yn € usamos & notagao W = [¥, ws Val Note que, formalmente, podemos escrever Welv, oo wl= WEVveay t.. tanvn, a ER, 1 Si (, =i) - 10, + ZU. D = © 0). 4.6 BASE DE UM ESPACO VETORIAL Agora, estamos interessados em encontrar, dentro de um espago vetorial V, um conjunto finito de vetores, tais que qualquer outro vetor de V seja uma combinagdo linear deles. Em outras palavras, queremos determinar um conjun- to de vetores que gere V ¢ tal que todos os elementos sejam realmente ne- cessirios para gerar V. Se pudermos encontrar tais vetores, teremos os alicerces de nosso espago, com estes vetores fazendo o mesmo papel que i, j, k na Geo- metria Analitica no espaco. Denominaremos um conjunto de vetores desse tipo de base. 4.6.1 Definicdo: Um conjunto {v;, ..., Yn} de vetores de V seré uma ba- se de V se: a &, .., Ya} 6 LT i) Wy, Vl = 46.2 Exemplos Exemplo 1: V = R?, e, = (1, 0) @ e: = (0, 1) te1, €3) 6 base de V, conhecida como base canénica de R, (Veja o Exemplo 3 da secio 4.4.2 e 0 Exemplo 3 da segio 4.5.3.) O conjunto {(1, 1), (0, 1)} também é wma base de V = R?. De fato: Se (0, 0) = a(l, 1) + (0, 1) = , @ + d), entdo a = = 0. Isto é, (U1, 1), (0, Dp} é LL. Ainda [(1, 1), (0, 1)] = V pois dado v = (x, ») € V, temos @, y= x, D+ - x), D ou seja, todo vetor de R? 6 uma combinagdo linear dos vetores (1, 1} e (0, 1). Veja a Figura 4.6.1. 1 ay Figura 4.6.1 Expago Vetotial 117 Exemplo 2: {(0, 1), (0, 2)} nao é base de R?, pois é um conjunto LD. Se (0, 0) = a(0, 1) + B(0, 2), temos @ = -2b e a e b nao sio necessariamente zero, Veja a Figura 4.6.2. (0, 21 Figura 4.6.2 40, 11 Exemplo 3: V = {C, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1D} é wana base de R3. Esta & a base candnica de R?, Podemos mostrar que i) fey, e:, e3} @Le ii) (x, y, 2) = xe, + ye; + 285 Exemplo 4: {C, 0, 0), (0, 1, O)} néo é base de R3, E LI, mas nao gera todo R®, isto é, LG, 0, ©, (0, 1, 1 +R Exemply 5; V = MQ, 2) [: 4] 2 i : 3] [: ‘ é uma base de V. (Veja o Exercicio 9 da seccao 4.8.) Existem espagos que ndo tém base finita. Isto acontece principalmente quando trabalhamos com espagos de fungdes. Nestes casos, precisaremos de um conjunto infinito de vetores para gerar 0 espago. Isto no quer dizer que esta- mos trabalhando com combinagGes lineares infinitas, mas sim, que cada vetor do espago € uma combinacdo linear finita daquela “base infinita”. Ou sea, pa- ta cada vetor, podemos escolher uma quantidade finita de vetores da “base” para, com eles, escrever o vetor dado (veja o Exercicio 16 da secgao 4.8.). Nes- te texto, consideraremos sempre espayos vetoriais que tenham uma base finita, Para obter propriedades acerca das bases de um espago, consideremos as Proposigées seguintes, 118 ALGEBRA LINEAR 4.6.3 Teorema: Sejam Vj), Va, «Yn Vetores nfo nulos que getam um es- pago vetorial V. Entdo, dentre estes vetores podemos extrair uma base de V. Prova: Se ¥,, Va, 1 Yq S40 linearmente independentes, entdo eles cumprem as condigées para uma base, e ndo temos mais nada a fazer. Se v1, V2) «1 Yn SHO linearmente dependentes, entdo existe uma combinagao linear deles, com algum coeficiente nfo zero, dando © vetor nulo yyy #2a¥y +o. + XA = 0 Seja, por exemplo, Xn # 0. Entdo podemos escrever ou seja, vq € uma combinagdo Linear de vi, ..., Ya-1 & POrtanto, vis Yar s- Yn-1 ainda geram V. Se v,, .., Vn-1 for LD, entdo existe uma combinagdo linear de: les dando o vetor nulo e com algum coeficiente diferente de zero; portanto, poderemos extrair aquele vetor que corresponde a este coeficiente. Seguindo desta forma, apés uma quantidade finita de estigios, chegaremos a um subcon- junto de {v,, .., Ya}, formado por r(r n. Existem, entdo, constantes aj, tais que wy = yyy tava HH ey Wy = QayV, + Ga2¥2 +. + dar¥y wm Wm = GmiVa + QmaV2 + + Omr¥r Consideremos agora uma combinagdo linear de Wy, .... Wm» dando zero. (2) O = xywy FW, +. tm Espago Vetorial 119 Substituindo as relagdes (1) em (2) e coletando os termos, obtemos 0 = xy + aay tt ams + # (Gig Xt Ugg ky t+ bm XmWW2 + FGipXy + dapXy + 2. + dmpXm ¥en v, séo LI, entdo Como v4, V2, « AX, + da Xy to + mi Xm = 0 1m GypXy + apy + + MmrXp =. 0 Temos entéo um sistema linear homogéneo com 7 equagdes e m incégnitas Xt, Xm €& como r para v = (-2, 3), isto é v= -2ey + 3ep, temos [vJg = [3] Figura 4.7.5 e@ queremos determinar as coordenadas de v na base 6" = {f1, fy}. Espago Vetorial 129 Como vimos, [vg = [: i] va © onde y; = x1 cos8 + xz sen@ = -2cos> + 3sen 2 3 3 Vo = “xy send + xzc0s0 = 2senF + 3cost 2+ 3V3 2 donde Why =| 3 4 V3 2 ou seja, ¥ +42V3 erent 48 EXERCICIOS N s > a) Scja V 0 espago vetorial R, definido no Exemplo 2 de 4.2.2. Qual é 0 yetor nulo de V €0 que & -(x1, £2, -, Xn)? B) Seja W = M(2, 2) (veja 4.2.2 Exemplo 3 i)) descreva o vetor nulo e vetor oposto. Mostre que os seguintes subconjuntos de R* sfo subespagos a We{(x, ¥ 2% DER xty 2007-20} b)U={x, yz OE RY Wet y- ts 027 = 0} Responda se os subconjuntos abaixo so subespagos de M (2, 2). Bm caso afirmativo exiba geradores a)V= [: Jeon abode Redec owe{[E 5 om abc, d€ Reo-eti} Considere dois vetores (4, 6) e (¢, 2) no plano. Se ad - bc = 0, mostre que eles so LD. Se ad - be # 0, mostre que eles sio Li. Verifique se os conjuntos abaixo sf0 espago vetoriais reais, com as opers- Ges usuais. No caso afirmativo, exiba uma base © dé a dimensio. a) Matrizes diagonais n X 1 b) Matrizes escalares nm X n 130 ALGEBRA LINEAR of *p)} a sen} ad V= (@ 4, .. a) € Ra € RK} e) (i, a, 5): a, 6 © R} fi Arteta {((% x + 3): x © R} 8) {(@, 2a, 3a): a © R} 6. Considere 0 subespago de R* S = (1, 1,-2,4), (1, 1, -1, 2), 1,4, ~4, 81 4) O vetor (2, 1, -1, 2) pertence a 5? b) O vetor (0, 0, 1, 1) pertence a S? 7. Seja W 0 subespago de M(2, 2) definido por we {ls “13 | woer| #3 “jer vfs ile 8. Seja W 0 subespago de M(3, 2) gerado por oo] jo 1 0.1 0 2 1 1{ lo -1}e]o of. Ovetor |3 4] pertence a W? 0 oj.{1 of jo o 5 0 9. Mostre que (ae aera 10. Escreva uma base para o espaco vetorial das matrizes n X n. Qual a dimen- so deste espago? 12. Quais sio as coordenadas de x = (1, 0, 0) em relagdo a base B= (1, 1, 1), G1, 1, 9, G, 9 -DF 17. a Espago Votorial 131 . Qual seria uma base “natural” para Py? (Veja o Exemplo 4 de 4.2.2), Dea dé- mensio deste espago vetorial. Mostre que os polindmios 1 - £9, (1 - #)?, 1 - ¢ © 1 geram o espago dos polinémios de grau < 3. }. Considere [-a, a] um intervalo simétrico e C'{-a, a} 0 conjunto das fungées reais definidas no intervalo [-a, a] que possuem derivadas continuas no intervalo, Sejam ainda os subconjuntos V; = {f0x) © C" (-a, al |-x) =f), Vx € [-a, a}} e V2 = {Ax) EC [-a, a] | fl-x) = - fx), Vx € [-a, a]}. a) Mostre que C? [-a, a] & um espaco vetorial real b) Mostre que V; ¢ Vz sio subespagos de C' [-2, a]. c) Mostre que V;@ Va = C! a, al. Seja V o espago das matrizes 2 X 2 sobre R, ¢ scja Wo subespaco gerado por Lith qk a Encontre uma base, ¢ a dimensdo de W. Seja P © conjunto de todos os polindmios (de qualquer grau) com coeficien- tes reais. Existe uma base finita para este espago? Encontre uma “base” para P e justifique entio por que P é conhecido como um espago de dimenséo infinita. a) Dada uma matriz A de ordem m X 1, vocé pode considerar as m linhas como vetores do R” e © subespaco V, de R”, gerado por estes m vetores. Da mesma forma para a matriz B, linha reduzida 4 forma escada de A, podemos considerar 0 subespago W gerado pelos mi vetores, dados por suas linhas, Observando que cada linha de B € obtida por combinagao linear das linhas de A e vice-versa (basta reverter as operagdes com as linhas), justifique que V = W. 4) Mostre, ainda, que os vetores dados pelas linhas ndo nulas de uma matriz~ linha reduzida a forma escada sio LI. . Considere o subespago de R* gerado pelos vetores v, = (1, -1, 0, 0), v2 = ©, 0, 1, 1), vs = C2, 2, 1, Ie va = C1, 0, ©, 0). a) O vetor (2, -3, 2, 2) € [m1 v25 Ys» Ya]? Justifique b) Exiba uma base para [7, v2, V3» Yal- Qual € a dimensio? ©) by, v2, va, va] = R*2 Por qué? 132 ALGEBRA LINEAR 19. Considere 0 subespago de R? gerado pelos vetores vy = (1, 1, 9), v2 = (0, -1, 1) e v3 = (1, 1, 1). (ry, ¥2, v3] = RP? Por qué? 20, Use 0 exercicio 17 para exibir uma base para o subespago S, definido no Exercicio 6. Qual é a dimensao de S? 21. Considere o sistema linear 2x, + 4x - 6x3 = ®ix- yt 4a 6%) - 14x35 = ¢ Seja W = (x1, x2, X3) © R?: (x1, x2, x3) € solugdo de (§)}. Isto é, W é 0 conjunto-solucao do sistema. 4) Que condiges devemos impor a a, be ¢ para que W seja subespago ve- torial de R°? b) Nas condig6es determinadas em a) encontre uma base para W. ¢) Que relagdo existe entre a dimensio de We o grau de liberdade do siste- ma? Seria este resultado vélido para quaisquer sistemas homogéneos? 22. Seja Uo subespago de R%, gerado por (1, 0, 0) e Wo subespago de R®, ge- rado por (1, 1, 0) e (0, 1, 1). Mostre que R? = U@W. 23 Demonstre 0 teorema 4.3.5, isto é, mostre que, dados u = w, + W2 & EW, + Wy ev = wy + w EW, + W, (onde wy, WL EW, © Wa, ws EW), entiou+v EW, + W, e ku€ W, + W, para todo k ER. 24. Mostre que, se V = W@W, ea ={v1, .... ve) € a base de W, B= {w,, ..., We} & a base de W, ent¥o y = {V,, ..., Ve, Wis os Wet E base de ¥. Mostre com um exemplo que 0 resultado nao continua verdadeiro se a soma de subespacos néo for uma soma direta. 25. Sejam Wy = {(x, y, 2 DIERS | xt y=0ez-1=O0} © W. = {(x, 2 Ee Rl x-y-ztr=0} subespagos de R*, a) Determine W, 9 W, 6) Exiba uma base para WO W. ¢) Determine W, + W.. d)W, + W, 6 soma direta? Justifique. e) W; + Wy = R'? Espago Vetoriat 133 2 x 6 Sejam Wi 4[f ‘| tais que @ 6 e W, {° ‘| tais que @ subespagos de M (2, 2) a) Determine W, 7 W, e exiba uma base. 5b) Determine W, + W2. £ soma direta? W, + W, = M(2, 2)? 27. a) Dado o subespago V, = {(x, y, z) © R? | x + 2p +z = 0} ache um subespaco V, tal que R? = Vy ® V2. 5) Dé exemplos de dois subespagos de dimensdo dois de R® tais que V, + Vz = R®. A soma é direta? 28. Ilustre com um exemplo a proposigao: “Se U e W sfo subespagos de um espago vetorial V que tem dimensfo finita, entdo: dim(U + W) = dimU + dimW - dim(U 9 W).” 29. Sejam 6 = (C1, 0), (0, Dh. Br = (1, D.C, D1 br = V3, D, (V3, -D) e By = {(2, 0), (0, 2)} bases ordenadas de R?, a) Ache as matrizes de mudaca de base: 0 Um a uf, ii) UM Uh b) Quais sf0 as coordenadas do vetor v = (3, -2} em relagdo 4 base: dB i) By fi) By ») Bs €) As coordenadas de um vetor v em relagdo base 8, sio dadas por 4 Wh, = [3] Quais sio as coordenadas de v em relagdo a base: dB i) By itt) Bs 134 ALGEBRA LINEAR 31, Se 6" é obtida de B, a base candnica de R?, pela rotagio por um angulo =F. ache aup o ue, 32. Sejam B, = {(1, 0), (0, 2)}, 62 = (C1, 0), (1, D} e Bs = (1, 1), -1)} trés bases ordenadas de R?. a) Ache a ue i Up aay Uf ») We + ue b) Se for possivel, dé uma relagdo entre estas matrizes de mudanga de base. 33. Seja V 0 espago vetorial de matrizes 2 X 2 triangulares superiores. Sejam fe Lb Ab 3) oA IG IE | duas bases de V. Ache Uf 34, Volte a 4.7.2 e mostre efetivamente que ug 35. Se a é base de um espago vetorial, qual é a matriz de mudanga de base wee Espago Vetorial 135 4.9 RESPOSTAS 4.9.1 Respostas de 4.8 1.0 = (0, 0, ..., 0) e -Qr, ey Xn) = Cos os Xn) 2. a) Fagamos os testes, lembrando-nos que o que define W sao as condigées dentro dos parénteses i) Sejam vy = Orr, Yay 215 11) © We M1 = C2, 2, 22, 2) EW. Entio », + 2 esté ainda em W? Vejamos: yt Pe = Gat Xa Yat 2, tt 22, tt ta). Testemos se este novo vetor satisfaz as condigdes que definem W: G1 + x2) +01 + 2) = Git yn) + Gr + 2) = 040-0 (t+ 22)-@it)=(i-n)t@-h)=0+0=0 pois », € vz estio em We satisfazem as condig&es implicando que v, + v2 também o faga. Portanto v; + v2 € W. if) Seja v = (x,y, 2,0) © We NE R. Entdo A+ y = (dy, Ay, ds, MD). Testemos as condigdes: Met ly =A ty =A-0=0 M- M=AG-=dA-0=0 Assim Av € W. Portanto W ¢ subespago. +) © mecanismo é andlogo. 3. a) Fagamos os testes para V. Sejam | |e] 42 52 | vetores em Ve XE R. Ento a. a | le ay a bi), far be] fate: bith], a dt c. d,| let dtd, vale que by +b, = cy +z pois bi=c, © b= cy a, by] [an Ms . ne le @J-[e 3a Je te Nas der pois by = es. Portanto W é subespaco de M (2, 2). b) Fagamos os testes para W. Supondo os vetores acima em W ao fazermos a soma teremos que testar se 5, + bz = cy + c, + 1, que 6 a propriedade que caracteriza W. Porém b, = ¢ + 1 € by = c, + 1 e, portanto, byt by =e, + 1 +e, + 1 = ey + C2 + 2. Assim W no & subespago. 136 ALGEBRA LINEAR O Poderfamos ter a resposta mais rapidamente se observéssemos vel 3] ngo esté em W pois no satisfaz a propriedade que o caracteriza. Vamos exibir geradores apenas para V j4 que nao existe este conceito on W(no é subespago). Observe que a forma mais geral de um vetor de 1 01,,f0 7 [ 2 ue pode sr eta com [5 t\-«[p eof oj° 1 0 01 [2 ) esti af 9] Ate dso n=l l= [t dJer=[o 3 | ote em V, Portanto, todo vetor de V ¢ combinagio linear de v1, v2 € ¥3, OU sej, Yu, Ya, Ys Sio os geradores procurados V = [vs, ¥2, val KR 0 om 5. a) Sim; “OA |, o ~O b) Sim; [Ps] 1 osm{{t 3h[3 i} 2 im; sey DE I J) Nao. 3 Nae (Dh g) Sim. (12,35 L 7, a) Pertence b) Nao pertence of sheaf Sees ae hee fl e os vetores sio LI. 1. ely = we ole ate Espago Vetorial 137 13. Seja at? + bf? +r +d=a(i-P)+pb-O? +71 -N+6 Entio -« = 4,8 = b,-28-y=c,atBryti=d Portanto a = a, 8 = b,y = -2h-c,62a+bterd. 14. c) Note que toda fungao f(x) € C’ [-a, a] pode ser escrita como Fle) = Fy(x) + Fy(x) com Fx) 2) +), e Fi) fe) Além disso F,(-x) = F,(x) ¢ F,(-x) = ~F2(x) e portanto F,(x) € V, ¢ Fy(x) € V2. Assim V; + V2 = C" [-a, a], Ainda que g(x) EV, 0 Vy devemos ter ao mesmo tempo g(-x) = g(x) = -g(x) donde g(x) = 0 para todo x. Portanto ¥, 9 F, = {0} e C! [-a, al = Vi @OV3. td 16. Nao; {(1, 4, 27, 18, a) Temos que saber se existem x, y, z ¢ t © R tais que (2, -3, 2, 2) = = x(1,-1, 0, 0)+y@, 0, 1, 1) +2(-2, 2, 1, 1) +2(1, 0, 0, 0), ou seja, temos que saber se o sistema x -2+t -x +22 pra pra & possivel ou impossivel. Utilizando as técnicas (operagdes com linhas) do Capitulo 2 obtemas que o sistema ndo somente é posstvel como admite infinitas solugdes. Portanto (2, -3, 2, 2) pertence a Tr, 2, va, vale 4) J& pelo item (a) poderiamos afirmar que {¥1, ¥2, V3, ¥4} no formam uma base pois uma das propriedades de uma base é o fato de qualquer vetor poder ser escrito de modo tinico como combinacdo linear dos vetores da base e, pelo item {@), como o sistema ¢ indeterminado, existem infinitas maneiras de se fazer isto. Nao utilizaremos isto, entretanto, no raciocinio que se segue. Coloquemos os vetores um sob 0 outro obtendo a matriz own 2 -3 2 2 1 -1 00 0 01 1 2 2 17 1 0000 Operagdes com as linhas desta matriz sfo equivalentes no espaco vetorial a fazer combinagées lineares e portanto as novas linhas sero ainda vetores do subespago. Além disso, sendo as operagSes, com as linhas reversiveis, as novas linhas gerario os mesmos vetores que as Hinhas — aipicteca 3 Bibi cencia Tec! 1 138 ALGEBRA LINEAR originais. Assim, a0 operarmos com as linhas da matriz para consegurla na forma escada no estaremos alterando o subespago e, na forma escada, as novas linhas ndo nulas representardo vetores linearmente independentes que geram o subespago, ou seja, uma base (veja o exercicio 17). No nosso caso obtemos 1-1 0 oJ] [1 0 0 oO o o1 1{jo0 100 2 2141 0011 1 00 of lo 000 Pelo raciocinio anterior, sendo w, = (1, 0, 0, 0), w2 = @, 1, 0, Oe Ws = (0, 0, 1, 1), Wr, Yas 35 Pal = (wn, Way Wale (1, Wa Wa} Ea base procurada. A dimensio, sendo o numero de vetores da base, € 3. c) 1, v2, ¥3, Ya) ndo é igual a R* pois dim [v1, ¥2, ¥3, Val = 3 € dim R* = 4, 20. {(1, 0, 0, 0), (0, 1, -1, 2}; 2 Maa=b=e=0. b) Resolva o sistema operando com as linhas como no Capitulo 2. Verifique © grau de liberdade © quais sfo as varidveis livres. Atribua valor 1 para uma delas e zero para as outras e vi repetindo o processo para obter a5 solugdes bésicas (veja 2.5.7), Cada solugdo bésica foreceré um vetor da base de W (por qué? ). ©) A dimensao de W € exatamente o grau de liberdade pois cada grau determina uma solugio bisica do sistema. O resultado ¢ vélido para qualquer sistema homogéneo. 22. dim{(1, 0, 0)] = 1, ¢ dim{(L, I, 0), (0, 1, 1D] = 2. Os trés vetores so LI € portanto geram o R®. Como dimR* = 3, pela proposigao 4.6.9 dim {(1, 0, 0) NIG, 1, 0), © 1, 1)]} = 0. Ent&o a soma é direta. 24. Sugestdo: Suponha que 7 10 seja base de V. Entdo ou v1, -. Ves Wi nao geram V ou no so LI. As duas situagGes resultam numa contradi Exemplo: Sejam W; 0 plano xy e W, o plano xz em R?. A soma nao € di- reta. Uma base de W, e {(1, 0, 0), (1, 1, 0)} e uma de W, € {Q, 9, 1), (0, 0, 1)}. Mas {(1, 0, 0), (1, 1, 0), (1, 0, 1), (0, 0, 1)} nfo € base de R®. 25. Inicie achando os geradores de W; € W, observando que eles sfo dados por sistemas lineares e portanto devemos procurar as solugGes fundamentais para tais sistemas (veja o exercicio 21 e sua resposta). Para W, teremos Espago Vetorial 139 Portanto x = -y ez = fe teremos dois graus de liberdade fazendo y = 1 ¢ t= Oe depois y = Oe = 1, teremos os vetores w; = Cl, 1, 0, Oe ‘a = (0, 0, 1, 1) que so LI (verifique). Assim W, = [w,, 2]. Para W, eremos: x - y - z + = 0 que fomece x = y +z -¢ com tré Iberdade. Fazendo y 1,7 F001 0, depo y Or elec oe depois y = 0,2 = Oe r= 1 teremos ws = (1, 1, 0, 0), wa = (1, 0, 1, 0) € ws = (-1, 0, 0, 1) que sdo LI (verifique). Portanto W = [ws, wa, ws]. Por outro lado WOW; = {G92 Dlxty=0,2-t=00 - X~y-z44= 0}. Para achar W, 9 Wy resolvemos o sistema xty =0 z-t=0 x-yrztt=0 Operando com as linhas (como no Capitulo 2), obtemos x =0 y =0 z-1=0 Portanto um grau de liberdade (na varidvel r), Fazendo solugdo x = 0, y = 0,z = 1 e t= 1, ou seja,o vetor » Portanto a} WO W,=[(0, 0,1, 1). b) Uma base para W, 9 Wz é {(0, 0, 1, 1)} (unidimensional). c) Wy + W2= (C1, 1,0, 0), 0,0, 1, 1), (1, 1,0, 0), (1, 0, 1, 0), (-1, 0, 0, 1)) d) W, + W, nao € soma direta pois W, 1 W2 # {0} : ¢) Para responder se W, + W=R* vamos exibir uma base de W, + Ws. Para isto, considere seus geradores e opere com eles como no exercicio 18 para obter novos geradores linearmente independentes = 1, teremos a 0, 0, 2, 1). -1 1 0 0] [1 0 0 o oo 1 1] fo 1 00 11 0 of~}o 010 o -1 0) |O oo 1 -- 0 0 1] [0 0 0 o Portanto, W, + Wz = [(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0,0), (0,0, 1, 0), (0, 0,0, 19] e dim(W, + Wz) = 4 portanto W, + Wy = RY‘. 27. a) Vamos calcular, inicialmente, os geradores de V,. Observe que o sistema linear x + 2y + z = 0 tem dois graus de liberdade. Entdo x = -2y - z. Fazendo y = 1 ¢ 2 = 0, obtemos a solugio x = -2, y = 1, z = 0, ou seja, Espago Ve 140 ALGEBRA LINEAR Pago Vetorial 141 © vetor »; = (-2, 1, 0). Por outro lado, fazendo y = Oe 2 =) obtemos © vetor » = (-1, 0, 1). Como toda solugdo do sistema ¢ combinag: linear dessas solugdes fundamentais, todo vetor de YW oo linear de ¥, € v2. Portanto V, = {v1, v2} (veja exerefcios 21 e > ore Observe ainda que como >; € ¥%2 $40 u Vy é de dimensto dois. e se temos subespacos W, = [W1, Wa. os Wk we wees, ws Wel ntao Wy + W, sendo formado pelos vetores que so obtidas por somas de vetores de W, e vetores de Ws, pode “ es W, + Wa = (wy, Wa, mv Wie Wher, ~- Wel: Portanto para obter ae \, que ¥)@V2 = R®, Vs deve ser gerado por apenas um terceiro vetor ¥3 LI com ¥; € v2 (para completar a dimensio ee R Deal a . Vy Vz = {0}. Podemos tomar, por exemplo, v3 = (0, 0, 1) ¢ % = (©, 0, Dl = {@ », Dlx =0,y=0ez © R}. A disposigao geométrica deste exercicio € Procure outras solugdes. 6) Um exemplo seria V, = [(1, 0, 0), 0, 1, Ole Vs = 1, 1, 0), (0,0, 1) Neste caso a soma no seria direta pois Vi; M V2 = [(0, 1, 0)]. Note ainda que V, ¢ V2 poderiam ser escritos como V; = {(x, y, z)|z~=0, x € ¥ reais quaisquer} ¢ V2 = {(x, y, 21x = Oe pez reais quaisquer}. Procure outros exemplos mas note que em nenhum exemplo a soma pode ser direta porque sendo a dimenséo de R® seria 4 (veja o exercicio 29). 35. A matriz identidade. Leituras Sugeridas e Referéncias 'Herstein, I. N.j Tépicos de Algebra, Editora Poligono, Sio Paulo, 1970. ?Hoffman, K. e Kunze, R.; Algebra Linear, Editora Poligono, Sio Paulo, 1971, Kemeny, J., Snell, J. e Thompson, G.; introduction to Finite Mathematics; Prentice Hall, Va Englewood Cliffs, 1957. 4Leithold, L.; 0 Célculo com Geometria Analftica; HARBRA, So Paulo, 1977, v3 oo ae ee ale ele 29. a) i) ft 1] i) (J s ale ae wo eit 2 > fl bh es = i TRANSFORMACOES LINEARES 5.1 INTRODUGAO FungGes lineares descrevem o tipo mais simples de dependéncia entre varidveis. Muitos problemas podem ser representados por tais fung6es. Por exemplo: Se de um quilograma de soja, so extrardos 0,2 litros de éleo, de uma produgo de x kg de soja, seriam extraidos 0,2x litros de éleo. Escrevendo na forma de fungdo, teremos Q(s) = 0,28, onde Q = quantidade em litros de dleo de soja e s = quantidade em kg de soja. Estes dados podem ser colocados graficamente: Q = 02s Figura 5.1.1 Transformagées Lineares 143 Vamos analisar neste exemplo simples duas caracteristicas importantes: 1) Para calcular a produgdo de leo fornecida por (s, + s,) kg de soja, pode- mos tanto multiplicar (¢, + s,) pelo fator de rendimento 0,2, como calcular as produgdes de Sleo de cada uma das quantidades s, © s; e somé-la, isto €, Qs, + 52) = 0,2(s) + 82) = 0,28) + 0,25 = Q(s,) + Q(sp). 2) Se a quantidade de soja for multiplicada por um fator k, a produgdo de 6leo seré multiplicada por este mesmo fator, isto é, Q(ks) = 0,2(ks) = = (0,28) = k + O(s). Estas duas propriedades, que neste caso so Sbvias, servirdo para caracte- rizar 0 que denominaremos “transformagdo linear”. Vejamos ainda um segundo exemplo de uma situagdo envolvendo mais fatores e que presenta o mesmo comportamento. A quantidade em litros de 6leo extrayéa por quilograma de cereal segundo um determinado processo pode ser descrita pela tabela. [ Soja Mitho | Algodao Amendoim | Oleo (X) 0,2 0,06 013 0,32 A quantidade total de dleo produzido por x kg de soja, y kg de milho, zkg de algoddo e wkg de amendoim ¢ dada por Q = 0,2x + 0,06y + 0,13z + 0,32w. Observe que a quantidade de 6leo pode ser dada pela multiplicagao da “matriz rendimento” pelo vetor quantidade, Q@=(02 0,06 0,13 0,32] = 0,2x + 0,06y + 0,132 + 0,32 ZN Formalmente, estamos trabalhando com a fungio Q:A C R*+R —= [0,2 0,06 0,13 032) ENG Eat w 144 ALGEBRA LINEAR que, como no exemplo anterior, goza das propriedades: y x x a x2 vil 4 |e Ys} 4g [2 Q ay 2a @ Zy Q 2 wy W2 wi. Wa 2 x x y\\e peal’ ok)? | )=«-o]2 w Ww Vocé deve verificar e interpretar estas propriedades. Pensemos agora em termos de espagos vetoriais. Uma fungao entre gos vetoriais, satisfazendo as condigdes 1e 2, éa “mais natural possivel” respeita toda a “estrutura” de espago vetorial. 5.1.1 Definiggo: Sejam V e W dois espacos vetoriais. Uma transformagio linear (aplicagéo linear) é uma fungéo de Vem W, F:V-rW, que satisfaz as seguintes condigdes: i) Quaisquer que sejam u e v em V, F(u + v) = F(u) + FY) if) Quaisquer que sejam k Reve V, F(ky) = KF(v) espa- pois §.1.2 Exemplos Exemplo I: As fangSes apresentadas a0 introduzirmos este capitulo, ume vez que as varidveis so positivas, i) V=W=ReQ:R>R x1 0,2e i) V=R‘W=Re Q:RtSR (0,2 0,06 0,13 0,32) ENGH ENwe Exemplo 2: vV=Re W=R FRR definida por wou ou F(u) = au sdo restrigoes das seguintes aplicagoes lineares: Transformagdes Lineares 145 sondgio Jomo Aika) = tk) 2 Rea et PDF satisan 2 primeia i = a(ku) = k(au) = kF(u), F satis i. go. Logo F € uma transformagio Linge, i) F satin @ segunda cond Mais ainda, toda transformagao linear De fato, F(a) = F(x = 1) ¢ come Fé uma ‘rafermacse ear e's tan en lar, F(x » i) = x + F(1). Chamando F(1) = a, temos Fx) = ax “ O nome transformaglo linear certamente foi inspirado neste caso, V = = W = R, pois o grafico de F(x) = ax é uma reta que passa pela origem, Exemplo 3: FRR usu? ou Flu) =u. Voce ja pode conc que F nao é linear pelo que foi mostrado no exemplo anterior. Se vocé desconhecesse o resultado dado, teria i ridade de F diretamente: rte ae monies @ of lines F(u + v) = (u + v)? =u? + Quv+ 2 e Flu) + FQ) su tv Portanto, Fut v) # Flu) + Flv) Exemplo 4: V=R? e W=R? FR? +R? (xy) (2x, 0,x +7) ou F(x y) = Qx, 0, x+y). Por exemplo, F(L, 2) = (2, 0, 3) € R°. Dados u, v € R?, sejam u = (x, ¥1) © ¥ = (2, Y2) onde x, y; © R. Temos: F(u + ¥) = F(a, 1) + Oa ¥2)) = FG + x2, 41 + 2) 2%, + x2), 0, Gr + ¥2) + On + ya) = (2x,, 0, +31) + (2x2, 0, 2 + ¥2) = Flu) + FW) Logo, a primeira condigdo € satisfeita, Mais ainda, F(ku) = F(KQs y)) = F(kx, ky} = (2kx, 0, kx + ky) = k(2x, 0, x + y) = kF(u) a segunda condiedo ¢ satisfeita, Entéo F é uma transformacdo linear. 146 ALGEBRA LINEAR Observagio: Decorre da definigdo que uma transformagdo linear T:V > W leva 0 yetor nulo de V no vetor nulo de W, isto é, se 0 € V, T(0) = 0 € W. Isto nos ajuda a detectar transformagGes nfo lineares. Se T(0) #0, T ndo & linear (veja © Exercicio 1 da seccio 5.6). Mas cuidado T(@) = 0 no € suficiente para que T seja linear (veja 0 Exemplo 3 acima). Assim, por exempio, 7:R' + R? onde T(x, y, 2) = (x + 1, y, 2) no é linear. Exemplo S: Sejam V = W = P,(polindmios de grau ¥ urs O & linear. Seria conveniente que vocé demonstrasse esta afirmacao, pois assim vocé poderia compreender melhor a definigdo 5.1.1 0 proximo exemplo € muito importante. O que mostra este exemplo que 2 toda matriz m X n estd associada uma transformagdo linear de R" em R”, Em outras palavras, podemos dizer que uma matriz; produz, uma transfor- magio linear. A implicago inversa também & verdadeira, isto é, uma transfor magfo linear de R" em R” pode ser representada por uma matriz m X n. Isto serd mostrado posteriormente. Seja A uma matriz m Xn. Definimos LaiR"™ +R” por wedey x onde v & tomado como vetor coluna, ¥ = xn % a Law = As ji} = ls Xn} Ym Transformagoes Lineares 147 Das propriedades de operagdes de matrizes: La(u + v) = A(u + ¥) = Aut Av=Z u = Lau) + La(v) e La(ku) = Aku) = = K(Au) = KL (vu), € portanto La é uma transformagio ie Meo | 2 0 Como caso particular suponhamos que A= |0 0 |. 1d Ly:R?>R? 20 [z|-— 0 0 [3] = s 2 11 * x +X, Entdo La(x,, %2) = (2x1, 0, x, + x2). Surpresa! Esta é a aplicagdo linear do Exemplo 4. Seria interessante que vocé também notasse o relacionamento que existe entre o Exemplo 1, ¢ o Exemplo 7. 5.2 TRANSFORMACOES DO PLANO NO PLANO Agora iremos apresentar uma visio geométrica das transformagées lineares, dan- do alguns exemplos de transformagGes do plano (R?) no plano. Vocé verd assim, que, por exemplo uma expansio, uma rotacdo ¢ certas deformagées podem ser descritas por transformagoes lineares. 5.2.1 Expansdo (ou Contragdo) Uniforme: T:R?>R,.aER vea-y Por exemplo: T:R? > R? ve 2v, ou T(x, ¥) = 2%, ¥) Esta fungGo leva cada vetor do plano num vetor de mesma diregao ¢ sentido de y, mas de médulo maior. Tv} v io. Figura 5.2.1 148 ALGEBRA LINEAR Observe que, escrevendo na forma de vetores-coluna, kJ—As}~ fF) 0 i “ x Se toméssemos F:R?-> R? tal que FG, ») = 5%, »), F seria uma contracio. 5.2.2 Reflexdo em Torno do Eixo-x: F:R? +R? Gyo Oy) Fw) Figura 6.2.2 5.2.3 Reflexdo na Origem: T:R? + R? ver-v, ou soja, T(x, ») = Cx -y) TW) Figura 5.2.3 Bscrevendo na forma de vetores-coluna, temos (I— Bl: fe Ib] ‘TransformagGes Lineares 149 5.2.4 Rotag3o de um Angulo #: (no sentido anti-hordrio) x = rcos(a + 6) = rcosa cosd - rsena send Mas rcos@ = x e rsen@ = y. Ent&o x’ = x cos@ - ysené. Analogamente, y' = rsen(a + 0) = r(sena cos@ + cosa sen@) = pcos@ + + xsend. Assim Rg(x, y) = (x cos# ~ ysend, y cos + x sen @) ou na forma coluna, x xcos@- ysend] _[cosd -send] fx y yoosd +xsen@}|~|sen® cos®| iy Consideremos 0 caso particular onde @ = i Neste caso, cos = Oe mm (heft aE Entao, [x — y Agi) 6 ~ _ Figura 5.2.5 Bibtoteca de | Gianeta Tecnol oa 150 ALGEBRA LINEAR 5.2.5 Cisalhamento horizontal: T(x, y) = (& + ay, y), a ER Por exemplo: T(x, y) = (x + 29, y) IE TW) Figura 5.2.6 Como jé ressaltamos, as transformagdes do plano no plano apresentadas através dos exemplos anteriores so lineares, pois sio dadas por vr A - v onde A é uma matriz 2 X 2. A aplicagdo a seguir nao é linear. 5.2.6 Translagso: T(x, yy = (x tay + 6) ou J* 1 olfx], fa y o iffy} > le Esta é uma translagdo do plano segundo o vetor (a, 5) ¢, a menos que a = b= = 0, T ndo é linear. Por qué? (Veja a observagio depois do Exemplo 4.) 5.3 CONCEITOS E TEOREMAS Separamos nesta secgdo os resultados que dardo uma estrutura para um estudo mais fecundo das transformagées lineares. Um fato importante sobre aplicagées lineares é que elas so perfeitamente determinadas conhecendo-se apenas seu valor nos elementos de uma base, Transformagbes Lineares 151 5.3.1 Teorema: Dados dois espacos vetoriais reais V e We uma base de V, Wis oy Vn}, sejam Wy ..., Wy elementos arbitrarios de W, Entéo existe uma tinica aplicagdo linear T:V> W tal que T(v;) = wy, ... T(Wn) = Wn Esta aplicagdo é dada por: , SOV = ayV, +o + Onn TOW) = a, TO) +. + aT (vp) = Wy to + agWq Verifique que 7 assim definida ¢ linear e que é a tinica que satisfaz as condigdes exigidas, 5.3.2 Problemas Problema 1: Qual é a transformagdo linear T:R? + R? tal que T(1, 0) = = (2, -1, 0) e T(0, 1) = (0, 0, 1)? Solugdo: Temos neste caso ey = (1, 0) € e, = (0, 1) base de R?e w, =(2,-1, 0) ew) = (0, 0, 1). Dado v = (x, x) arbitrério, v= xe, + x3e) @ Ty) = xT (e,) + x2T(e2) = x1(2, -1, 0) + x2(0, 0, 1) = (2X1, %1, ¥2) Problema 2; Qual é a transformagao linear TR? + R? tal que TQ, 1) = = (3, 2, 1) e T(0, ~2) = (0, 1, 0)? Resolva o problema como exercicio, mas, cuidado! Aqui ndo temos base cand- nica, Veja o Exercicio 4a da sec¢ao 5.6. Vamos analisar mais profundamente as transformagées lineares, obtendo alguns resultados titeis ¢ ao mesmo tempo interessantes. Para comegar necessita- mos definir imagem e micleo, que sio dois subconjuntos especiais dos espacos vetoriais envolvidos na definigdo da transformagao linear. 5.3.3 Definigio: Seja 7: > W uma aplicagdo linear. A imagem de T ¢ 0 conjunto dos vetores w € W tais que existe um vetor v © V, que satisfaz T(¥) = w. Ou seja Im(T) = {w EW, TW) = para algum ye Y} Observe que /m(T) € um subconjunto de W e, além disso, € um subespaco ve- torial de W. (Veja o Exercicio 16 da secga0 5.6.) As vezes Im(T) é escrito co- mo 7(V). 152 ALGEBRA LINEAR 5.3.4 Definigdo: Seja T:V + W uma transformagdo linear. O conjunto de todos os vetores v € V tais que T(v) = 0 € chamado micleo de T, sendo deno- tado por ker(T), Isto € ker(T) = {v © V, T(v) = O} Observe que Ker(7) © V é um subconjunto de V e, ainda mais, € um subes- paco vetorial de V. (Veja o Exereicio 16 da seceao 5.6.) Figura 5.3.1 5.3.5 Exemplos Exemplo 1: T:R?>R ( yaxty . Neste caso temos ker T = {(x, y)€ R?; x + y = O}, isto é, ker T é a reta Podemos dizer ainda que kerT = {(x, -x); x © R} = {x(1, -1); x © R} = [(, -I)]. ImT = R, pois dado w € R, w = T(w, 0). Figura 5.3.2 ‘Transformages Lincares 153 Exemplo 2: Seja a transformago linear T:R? > R? dada por T(x, y, 2) = (x, 2y, 0) Entio a imagem de 7 Im{(T) = ix, 2y, 0): 2%» ER} {x(1, 0, ©) +40, 2, Oy: x y ER} = (C1, 0, 0), (0, Observe que dim Jm(T) = 2. O nécleo de T 6 dado por: = {0 » 2): & 2p, 0 ), z): 2 © R} {2(0, 0, 1): 2 © R} (0, D] Observe que dim ker(7) =1 Vamos recordar agora as nogdes de funcao injetora e sobrejetora ¢ posterior- mente estabelecer © relacionamento entre estes conceitos e os de micleo e ima- gem quando a fungdo é uma transformagao linear. 5.3.6 Definigdio: Dada uma aplicagio (ou funcgo) T:V> W, diremos que T € injetora se dados u € V, v © V com T(u) = T(v) tivermos u = v. Ou equi- valentemente, 7 € injetora se dados u, v © V com u # y, entéo 7(u) # T(v). Em outras palavras, T é injetora se as imagens de vetores distintos sfo distintas. sw Figura 5.3.3 5.3.7 Definicéo: A aplicacio T:V + W sera sobrejetora se a imagem de T coincidir com W, ou seja T(V) = W. Em outras palavras, T serd sobrejetora se dado w € W, existir v € V tal que T(v) vtow Figura 8.3.4 154 ALGEBRA LINEAR Exemplo T:R>R? xe (x, 0) Mostremos agora que se T'é injetora, entdo ker T = {0 }. Seja v € ker(T), isto Entdo (x, 0) = (y, 0} implicando que x = y. Logo T é injetora. Mas T no é sobrejetora uma vez que Jm(T) # R?. A transformagio do Exemplo 1 de 5.3.5 € sobrejetora mas nao ¢ injetora, a do Exemplo 2 de 5.3.5 no é nem injetora nem sobrejetora. Um bom exer- cicio seria vocé examinar os exemplos de transformages lineares dados até aqui ¢ decidir se sio injetoras ov sobrejetoras, O préximo teorema afirma que uma transformagao linear injetora s6 tem © vetor nulo no seu micleo. E, por outro lado, se uma transformagio linear ti- ver somente 0 no nucleo, entéo quaisquer dois vetores distintos devem ter ima- gens distintas também. 5.3.8 Teorema: Seja 7: V+ W, uma aplicacdo linear. Entdo ker(T) see somente se T é injetora. Prova: Mostremos primeito que se ker T = {0}, entéo T € injetora. Suponhamos que u, v € V tais que T(u) = T(v}, Entao T(u) - T(v) = = T(u-v) = 0, isto 6, u - v € ker(7). Mas por hip6tese o nico elemento do nieleo é 0, Entdo u - v = 0, isto é, u = v, Em resumo: como T(u) = T(¥) implica que u = v, T € injetora. Mostremos agora que se T é injetora, entdo ker J = {0}. Seja ve ker(T), isto 6 T(¥) = 0. Como necessariamente T(0) = 0, T(v) = T(0). Logo v = 0, pois T € injetora. Portanto, 0 dnico elemento do nucleo é 0, ou seja, ker(T) {0}. Voltando ao Exemplo de 5.3.7, observe que podemos dizer se T € injeto- 1a simplesmente calculando 0 seu ndcleo. Para que (x, 0) seja o vetor nulo, de- vemos ter x = 0 e portanto ker T = {0}, donde conclurmos que T ¢ injetora. Uma conseqiiéncia da proposigo 5.3.8 & que uma aplicagdo linear injeto- ra leva vetores LI em vetores LI. (Veja 0 Exercicio 9 da secgao 5.6.) Um resultado importante, que relaciona as dimensGes do niicleo ¢ imagem de uma transformagdo linear T:¥> W, com a dimensio de V ¢ dado pela se- guinte proposigéo. 5.3.9 Teorema: Seja F:V-> W uma aplicagdo linear. Entéo dim ker T + dimImT = dim V. Transformages Lineares 155 Prova: Considere ¥,, ..., Yn uma base de ker T. Como ker T © V 6 subespaco. de V, podemos completar este conjunto ge modo a obter uma base de V. Seja entd@ {¥y, ..., Vp, Wis; Wm} a base de Ve Queremos mostrar que TOW ,). 5 T(Wm) € uma base de Im T. isto 6, 1) [T(), s TOW] = mT fi) Z(v1), - TWm)} € linearmente independente. Provemos i) Dado w € Im T, existe u € V tal que T(u) = w. Se u € V, ento WE Vy + 2. + yy + DW + oe + be Wy. Mas, Tu) = Tay, +. + dav, + Bywy + oe + BmWm) aT) + oe + an Tn) + ByTEWy) + ot Bm Tm) Como os vetores Vy, .. Vy pertencem ao ker T, T(y) = 0 para i= 1,2, 2 Assim, w= BTW) +. + Bm TOW) © a imagem de T é gerada pelos vetores T(w,), .., T(Wm)- i) Consideremos agora, 2 combinagao linear a T(w1) + aT (wz) +... + Oy T(Wm) = 0 € mostremos que os a; so nulos. Como T é linear, T(ayw, + a,W, +... + mW) = 0. Logo aywy + wu. + @igWm © Ker T. Entao a); + ... + dmWm pode ser escrito como combinagio linear da base {v1, 4. Yn} de ker(T), isto 6, existem by. .... by tais que QW + oe + Om@Wm = iY, +. + DyVny OU ainda, GyWy to + Win — BY, ~ - OnYn =O Mas {vj, . .. Win} & uma base de V, e temos entdo a, = a, = - dm = dy mn = 0. Decorrem desta proposigdo dois resultados: 6.3.10 Coroldrio: Se dim V = dim W, entio T linear é injetora se ¢ somente se T'é sobrejetora. Faca a demonstragio como exercicio. 5.3.11 Corolario: Seja 7:V > W uma aplicagao linear injetora. Se dim V = dim W, entdo T leva base em base, 156 ALGEBRA LINEAR Prova: Considere {¥,, ..., Vn} base de V.O conjunto {7(¥1), 1 T(va)} CW é LI pois dados escalares Ky, ..., ky tais que &T(v,) + ... + knT(¥n) * 0, temos T(kivs +. + nV) = 0. Logo ky; +... + ka¥y = 0. Mas {¥1, «5 Va} € LI. Logo ky = ... = ky = 0. Desde que dim V = dimW = 2, {T(¥1). -- Tm} € base de W. (Veja 4.6.8.) 5.3.12 Quando uma transformagdo linear T: V+ W for injetora e sobreje- tora, a0 mesmo tempo, dé-se 0 nome de isomorfismo. Quando ha uma tal trans- formagdo entre dois espagos vetoriais dizemos que estes so isomorfos. Sob 0 ponto de vista de Algebra Linear, espagos vetoriais isomorfos so, por assim di- zet, idénticos. Observe que devido 4 proposigao 5.3.9 espacos isomorfos devem ter a mesma dimensio, Portanto, pelo corolério 5.3.11, um isomorfismo leva base em base, Além disso, um isomorfismo T:V + W tem uma aplicagdo inver sa T1:W V que é linear, como voce poderia provar, ¢ também é um isomor- fismo. Exemplo: Seja T:R? > R® dada por T(x, y, 2) = (« - 2y, 5 x +3). Va mos mostrar que T € um isomorfismo, e calcular sua inversa 7-'. Se pudermos mostrar que T é injetora, teremos que T é um isomorfismo pelo corolério 5.3.10. Isto equivale a mostrar que ker T = {(0, 0, 0)}. Mas ker T = {(x, », 2); Tx ¥, 2) = (0, 0, O} e TOs y, 2) = (0, 0, 0) se ¢ somen- te se (x - 2y, 2, x +») = (O, 0, 0). Resolvendo o sistema de equagées lineares x-2y=0 z=0 xt y=0 achamos que x = y = z = 0 € a Unica solugao ¢ portanto T é um isomorfismo. Tomando a base candnica de R?, sua imagem pela Té {T(1, 0, 0), 7(0, 1,0) T(0, 0, 1)} = {, 0, 1), (-2, 0, 1), ©, 1, 0)} que é ainda uma base de R?. E conveniente que vocé verifique isto. Calculemos agora a aplicagio inversa de T. Como T(1, 0, 0) = (1, 0, 1), T(0, 1, 0) = (-2, 0, Ie T(0, 0. 1) = (0, 1, 0), temos que T“(1, 0, 1) = (J, 0, 0), T7'(-2, 0, 1) = @, 1, 0) e T(0, 1, 0) = = (, 0, 1). Queremos calcular T(x, y, z). Para isto escrevemos (x, y, z) em relagdo a base {(1, 0, 1), (-2, 0, 1), (0, 1, O)}, obtendo: Seo, + x (% y 2) = (-2, O, 1) + ¥(0, 1, 0). 3 x +22 3 x Entao T(x, y, 2) = TA, 0, 1) + T-\(-2, 0, 1) + »T™(0, 1, 0). Ou seja, TQ, yz) = x¢Qe rx A0eE. y). ‘Transformagdes Lineares 157 5.4 APLICACOES LINEARES E MATRIZES Nesta segdo veremos que num certo sentido o estudo das transtormagGes linea- res pode ser reduzido ao estudo das iatrizes. Vocé jé viu no Exemplo 7 de 5.1 que a toda matriz m X n estd associada uma transformagao linear: T:R" > R”. Vamos formalizar, a seguir, este resultado para espagos vetoriais Ve We também estabelecer © seu reciproce, isto é, veremos que uma vez tixadas as bases, a toda transtormagao linear T:V > W estard associada uma tnica matriz. inicialmente veremos como, dados dois espagos vetoriais V e W com bases Be 6’ e uma matriz A, podemos obter uma transformacio linear. 5.4.1 Considereinos R? ¢ as bases B= (1,0), (0, D} e B= (1,0, 1, DE 2.0 Queremos associar a esta matriz A uma aplicagHo linear que depende de A e das bases dadas B e 8’, isto €, Ty:R? +R? ve Ta(v) x y [5 PEE) me Considere v = (x, »). Sea X = [vlg = [ | Figura 5.4.1 Entdo, Ta(v) = 2x1, 1) + Cl, 1) = Qx - y, 2x ty). Por exemplo, se v = (2, 1), entdo Ta(2, 1} = (3, 5). Note que se tivéssemos partido de 8 = 6’ = {(1, 0), (0, 1)}, terfamos obtido Ta(v) = (2x, y) = Av. vicy) Taw) Figuea 5.4.2 158 ALGEBRA LINEAR De um modo geral, fixadas as bases 8 = {v), ..., val € B= {iy Wal a matriz yo in A= Pr podemos associar Ta:R" >R”. ve Ta(y) como: x Seja X= [v]g = | : Xn an) fa] pr A- sll Amn) [Xn] [> Entdo, Ta(v) = Y1W. + + ¥mWm onde yi = Ay + X @ Aj €a é€sima linha de A. Em geral, dada uma matriz Am xj, ela ¢ encarada como uma aplicagdo linear Ta:R" +R em relagdo as bases candnicas de R" ¢ R™. Exemplo: a-[} 4 jhe Gone 8 = {(1, 0, ©, (0, 1, 0), ©, 0, 1}. T,:R? > R*. Encontremos esta transformagao linear. x Seja X= z acxe[} 3 S)jppief arte 204 41 ae tay - 7 Entdo Ta(x, ». 2) = (x ~ 3y + 52)(1, 0) + Qx + 4y- 2), = = (x - 3p + $2, x + dy - 2) ws Transformagées Lineares 159 5.4.2, Agora iremos encontrar a matriz associada a uma transformagio linear. Seja T:V> W linear, 8 = (vj, ..., Vg} base de Ve B= {W1. ... Wm} base de W. Entdo T(v,), ..., T(v_) so vetores de We portanto T(¥)) = aw) to + Umi Wm Tin) = Gini + + dn A transposta da matriz de coeficientes deste sistema, anotada por rh € cha- mada matriz de T em relacio as bases B e p'. Observe que T passa a ser a aplicagdo linear associada a matriz A ¢ bases 6 e BY isto éT = Ty 5.4.3 Exemplos Exemplo 1: Seja T:R? > R? tal que T(x, y, z) = (x + y - 2, Bx — y+ 42). Sejam 8 = {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, O} eB = (1, 3), CL, 4}. Proeuremos [TH Calculando T nos elementos da base B, temos: TU, 1, = (2,5)= 30, 3) - 10, 4) TU, 1, 0) =, l) = HG, 3) - 8, 4) TU, 0, 0) = (2, 3)= S(1, 3) - 30, 4) Enta ; 3 °n 5 um wp [3 8 3] Observe que se fixarmos outras bases 8 e 6’, teremos uma outra matriz para a transformagdo 7. Exemplo 2: Seja Ta transformagdo linear do Exemplo 1 e sejam 6 = {(1, 0, 0), 0, 1, 0), (0, 0, I} eB = {(1, 0), (0, D}. 160 ALGEBRA LINEAR Calculemos (Th. 2(1, 0) + 3(0, 1) 10, 0) - 20, I) 10, 0) + 4(0, 1) Entdo pf? 1 +t (Ty = [3 ] T(0, 0, 1) = (-1, 4) = 24 Observagdo: Usa-se denotar simplesmente por [7] & matriz de uma trans- formagao linear T:R™ > R" em telagdo as bases candnicas. Assim, no Exemplo 2 (FB: = [7]. Também € comum usar-se a notagio simplificada: Tv = T(v). Exemplo 3: Seja T:V>V vey Isto 6, 7 é a identidade Sejam B= (Wi, os Val eB = 1 My} bases de V. Caleulemos [T.. Como Ty, = ayy, tt Yn Tin = Vn = dinYs +... + dap Vhs ay dan (rh =|: Lf uh ana dan a matriz mudanga de base. Veja 4.7.1. Exemplo 4: Dadas as bases 6 = i(1, 1), (0, 1D} de R? e B= {(0, 3, 0), (1, 0, 0), (0, 1, 1)} de R3, encontremos a transformagao linear T:R? + R? cuja matriz € Interpretando a matriz, temos: TU, 1) = O{0, 3, 0) - 1(-1, 0, 0) - 10, 1, 1) = (1, -1, -I} T(0, 1) = X0, 3, 0) + O-1, 0, 0) + 3(0, 1, 1) = (0, 9, 3) Devemos encontrar agora T(x, y). Para isto escrevemos (x, y’) em relagdo 4 ba- se B: (sy) = x, D+ Or - 20, 2 Transformages Lineares 161 Aplicando T e usando a linearidade, temos: Tix, y) = TC 1) + (y ~ 9 7(0, 1) + Gy - x)(0, 9, 3) 10x, 3y ~.4x) resultado a seguir da 0 significado da matriz de uma transformagao linear. 5.4.4 Teorema: Sejam Ve W espacos vetoriais, a base de V, 8 base de W e T:V> W uma aplicagdo linear Entdo, para todo v € V vale: [TW)]g = Ivy Figura 5.4.3 Para ficar mais fécil a compreensio faremos a demonstrago no caso dim V = 2 e dimW = 3. O caso geral totalmente andlogo e pode ser feito como exerci- cio. Prova: Sejam a = {v,, v2} base de Ve B = iwy, Wa, Wa} base de We a an ay yy UE =] enn ayy |. Sejam ainda ve V e [rly = [ ‘| e LTvg = ay an x Da matriz [7] sabemos que Tey = ayWy + G2)W2 + OW Tvy = ayzW + 0y2W2 + das Além disso, v = x1; + x2¥, € como T é linear, Ty = x,Tv, #7, = Xy(Gy Wy + dyyW2 + Gg Ws) + 2(@i2W1 + a22W2 + aw ) = (dy X1 + ayy Xa)wy + (tard F G22%2)W2 + @apx) + ay2X2)W3. Mas Tv = y.w, + J'2W, + )’3Ws & como as coordenadas em relagdo a base B so tinicas, temos yes dun + ax Vo 2 aM + dx Ys = aay + dane Bidltece cides SRS as 162 ALGEBRA LINEAR ou seja, Mi) fan ae x ¥2| = |@n an [2] x Ys} [an ae Através deste teorema, o estudo de transformagées lineares entre espagos de dimensio finita é reduzido ao estudo de matrizes. Quando V = We T=, observe que o resultado ¢ 0 mesmo da matri2 de mudanga de base dado em 47.1. Exemplo: Seja a transformagio linear T:R? + R? dada por Isto é, LTvJg = ITB Lv Lo- [7h=|0 1 5 2 3 onde a = {(1, 0), (0, D} € base de R?, 6 = {(1, 0, 1), (-2, 0, 1), 0, 1, O} é ‘base de R°. Queremos saber qual € a iinagem do vetor v = (2, -3) pela aplica- do T. Para isto, achamos as coordenadas do vetor v em relagio a base a, obtendo [v]y 3 1 -l 5 (vp = TB lvly = 2) |. metrgiee [2 iL] [3 13 Eh a seguir, usando 0 teorema, temos ou seja, Tw = 5(1, 0, 1) - 3(-2, 0, 1) - 130, 1, 0) = (11, -13, 2) relacionamento entre as dimensdes do nécleo ¢ da imagem de uma transformagio linear e 0 posto de uma matriz a ela associada & dado no teore- ma a seguir, cuja demonstracao deixamos ao scu encargo. 5.4.5 Teorema: Seja T:V'-> W uma aplicagdo linear e « e B bases de Ve W respectivamente. Entdo dim Im(T) = posto de (7 dim ker(T) = nulidade de (ri = mimero de colunas - posto de (Th. ransformaySes Lincares 163 5.4.6 Teorema: Sejam 7,:V + We Tz:V> U transformagoes lineares ¢ a, B, y bases de V, We U respectivamente. Entéo a composta de 7; com 7,, T,0Ty:V > U, € linear (noth = (hb ig o~_>@ Figura 5.1 A demonstragao desse teorema é direta mas bastante trabalhosa. Por esta razo nao a faremos aqui, indicando apenas suas etapas. Podemos efetud-la sim- plesmente lembrando a construgdo das matrizes das transformagdes T, ¢ T2, obtendo desta forma suas atuagSes sobre as bases respectivas. A seguir, por composigéo achamos o que 7,07, faz na base de V, e chegamos entdo 4 matriz (ToT, t. observando que esta exatamente o produto das matrizes anteriores. 5.4.7 Exemplos Exemplo 1; Consideremos uma expansio do plano R? dada por T(x, y) = 2¢x, ¥), e um cisalhamento dado por T(x, y) = (x + 2y, y). Ao efetuarmos primeiro a expansdo e depois 0 cisalhamento, teremos a seqiiéncia Ln Tr yp Ly yy a. $$$ 70N Figura 5.45 164 ALGEBRA LINEAR ‘As matrizes (em relagdo 4 base candnica de R, £) das transformagdes séo mge[5 o]te-[o i] Entdo, a matriz (em relagdo 4 base candnica de R*) da aplicagio que expande ¢ cisalha (que é justamente a composta 73°7,) sera 1 2]. f2 oj_f2 4 o if’ lo 2} Lo 2 Exemplo 2: Sejam as transformagGes lineares Ty:R? > R? ¢ T,:R° > RK? cujas matrizes sio 1 0 wipe] lem§-[ 8%] em relagdo as bases a = {(1, 0), (0, 2}, B= a. 0, -3), (1, 1, 15), (2, 0, 5)} ey = (2, 0), CL, 1}. Queremos encontrar a transformagdo linear composta T,0T,:R?+ R?, ou seja, precisamos achar (T,°T;)(% ¥). Para isto, usamos o teorema anterior para achar a matriz da composta. wone-(3 5 alt ]-[ 7] Escrevemos agora as coordenadas do vetor (x, y) em relugdo base a. [em yy = iF 2 Entdo, usando 0 teorema 5.4.6, temos x x 2 [TOT Yy = [0 3] | Portanto, (T2071) (x. ») = (x - y(2. 0) + OC, 1) 4 (2x - 2y, 0). Transformagées Lineares 165 5.4.8 Corolario: Se T:¥> W’ é uma transformaggo linear inversivel (T é um isomorfismo) e a ¢ 8 sio as bases de V ¢ W. entio T7!:W> VF € um ope- rador linear e irk = Ti ; te eo "G) —— Figura 5.4.6 Prova: A matric identidade, UME = (ToT = Le RATE. 5.49 Corolar Ve W, Entio T & inversivel se e somente se det |7 [5 # 0. Seja T:¥ > W uma transformagdo linear ea e 8 bases de Exemplo: Seja T:R? + R* uma transformagao linear dada por mets 3 onde £ & a base candnica de R?. Como det (The = 1, 0 corolério 5.4.9 afitma que T é inversivel. Pelo corolirio 5.4.8 sabemos que aes gneeel3 4]'. [3 -4 igeantrr=[2 $]"= (3 3] | els 3-4 x 3x - 4y Entdo [Tx ye = (TE (he [3 3] . [?] * [3 + 21. om seja, T(x, ») = (3x = ay. -2 + 3). Se T:V + W € uma aplicacdo linear, a, a” bases de Ve B, 6’ bases de 1, poderos relacionar as matrizes [7I§ ¢ (7 If" do seguinte modo: 166 ALGEBRA LINEAR 5.4.10 Corolario: Qu. / (hs Wore = WB TR Ue Em palavras, conhecendo a matriz de uma transformagdo linear em relagio a, certas bases @ ¢ fe as matrizes de mudanga de base para novas bases a’ ¢ 6’, podemos achar a matriz da mesma transformagao linear, desta vez em relagdo as novas bases a’ ¢ 6’. foToteT Figura 5.4.7 Como caso particular da situagdo anterior temos: Se T:¥> V € uma transformagio linear e a e 8 sio bases de V, entio ® v loTol=t v @®) Figura 5.4.8 (rh = woTonh = UH Ire UR. Lembrando que = (UY? © chamando [/]f = A, vem que (Tha (rie. at Dizemos neste caso que as matrizes [Tf ¢ [Tf sdo semelhances. Pelo coroldrio anterior, observamos através de mudangas convenientes de bases qual a modificagdo que a matriz de uma transformagao linear sofre. Transformagées Lineares 167 Exemplo: Seja a transformagio linear T:R? > R? cuja matriz em relagdo a base canénica & é . 24 6 iTk=/1 2 1 346 5 Calculemos a matriz desta transformagao em relagao a base £ = (0. 1, 1), (-1, 0, 1), 1, 1, 1}. Para isto, usamos a relagio ta = Uy (in UF onde Oo -1 1 “1020-1 = Be [ryt = . ue 10 0] e (ui) Wit = 9 1 1 1 11 1 0 2 0 rh = [3 Isto nos sugere a pergunta: Dada uma transformagdo linear, hd um proce- dimento pratico para se calcular uma base em que a matriz desta transformagao seja a “mais simples possivel”? A resposta a esta pergunta seré um dos nossos objetivos nos proximos dois capitulos. Entio one *5.5 APLICACOES A OPTICA Consideraremos nesta secgdo © caso de um feixe de luz de raios paralelos (cuja diregdo pode, portanto, ser dada por um vetor) que se reflete em espelhos planos. Iniciamos observando a situagdo mais simples possivel: a propagagao se dé no R? (isto é, estamos observando o fendmeno de perfil) e o espelho est co- Jocado no eixo horizontal (veja a Figura 5.5.1) raio de luz ingidente na direcdo (a,b) Figure 5.5.1 168 ALGEBRA LINEAR Dado um raio de luz incidente na direcao do vetor (a, 6), perguntamos em que direcdo (c, d) estara o raio refletido? Para responder a esta pergunta devemnos recordar um pouco sobre as leis que tegem a reflexdo da luz em um espelho. Sao elas: i) O raio de luz incidente, a normal ao espelho no ponto de incidéncia € 0 raio refletido estéo no mesmo plano. ii) Angulo entre o raio incidente e a normal ao espelho é 0 mesmo que © Angulo entre a normal e 0 raio refletido. ii) Supondo que 0 espelho € perfeito, isto é, nfo ha absorgao da Juz, a luz se reflete com a mesma intensidade que tinha na incidéncia. No caso simples que temos, ndo precisamos nos preocupar com (i) pois as propagagdes se déo no mesmo plano, Se o comprimento do vetor indicar a intensidade da luz, (iii) indica que o vetor refletido tera 0 mesmo tamanho que © incidente. Estes resultados, juntamente com (ji), implicam que ¢ = @ ¢ d=-b, ou, em forma de matriz cl. fi o) fa aj)" lo-a} ls Podemos concluir, portanto, que um espetho plano atua sobre os raios luminosos como uma transformagio linear E (compare com 5.2.2). Passemos agora a estudar qual é a matriz associada a um espelho numa posigdo um pouco mais geral (veja a Figura 5.5.2), isto ¢, formando um Angulo @ com a horizontal. Figura 6.5.2 Podemos fazer este caso cait na situagdo anterior considerando uma mu- danca de base. Tomamos a base B= {e1, én} onde e1 = (cos 0, sen 6) esté na diego de x’ (espelho) ¢ ¢2 = (cos (+ 8), sen G +8) = (-sen@, cos 4) esta na diregdo normal ao espelho. Em relagdo a esta base tel = I 4] Transformag6es Lincares 169 Portanto, em relagdo a base canénica temos {verifique, calculando ue, tng) le = ub, ee tng = [sx 28 sen 2a sen 28 ~cos 29 e, portanto 55.1 [: ] _ [cos2@ sen2e] fa d sen 26 -cos 26 b A matriz tel poderia ser obtida diretamente simplesmente observando © que a transformagao linear (0 espelho) faz nos vetores da base candnica (raios luminosos na diregiv do eixo dos x e dos y). (Veja a Figura 5.5.3.) espelho (cost F- nt F200) = (sen 28, - cos 26) Figura 5.5.3 Note que ao colocarmos as componentes dos vetores refletides em coluna obteremos a mesma matriz que antes. | Como podemos tratar o problema em que hajam varios espelhos e, con- seqilentemente, reflexes sucessivas? Simplesmente pela composiggo das trans- formag6es lineares associadas a cada espelho na ordem em que ocorrem as reflexes ou, em termos de matriz, pelo produto das matrizes na ordem correta (veja 5.4.6). Vamos exemplificar analisando a situagdo seguinte: um feixe de luz se propagando na diregGo do vetor (1, -1) e refletindo nos espelhos da figura: Em que diregio estard o feixe ap6s as reflexdes? 170 ALGEBRA LINEAR Para responder a isto basta utilizar a matriz de 5.5.1 com @ = t para a primeira reflexdo ¢ @ = cs para a segunda, Temos entdo (verifique): © 1 .v3) 4 VB 1 13 2 “2/2 2 a a |e al’ ° d 2 2 \l2 2 1 -14+¥3 Concluimos, entio, que o feixe estara na diregio de (—3— © mesmo raciocinio poderd ser feito quando estamos com espelhos planos no espago. Fagamos um exemplo. Vamos mostrar que se tivermos 3 espelhos colocados dois a dois perpendiculares, qualquer feixe de luz de raios paralelos que incide sobre 0 conjunto saira paralelo a diregfo de incidéncia apés as refle- xées (veja a Figura 5.5.4). Figura 5.5.4 ‘As matrizes associadas a cada espelho podem ser obtidas observando o que ele faz com cada um dos vetores da base candnica. Obtemos entdo: -1 0 0 1 0 0 10 0 M,= |0 1 Of ,M2=]0O -1 G] ,Mj=J/0 1 0 001 o 01 00 -1 para os espelhos I, Il e TU respectivamente (verifique). Se 0 feixe de luz incidente est na diregio (a, 6, c) a diregio do feixe refletido pelo conjunto serd d a “a e| = Ms-My-M-| 6] = |-2 f ¢ mc © mesmo resultado serd obtido se as reflexGes se derem em outra ordem (MjM3M,, M,M>Ms etc.). Podemos concluir, portanto, que a directo de saida é paralela e contraria a de entrada. ‘A reflexdo da luz (ou som) feita em espelhos ndo planos nao é descrita por transformagées lineares. Vocé vera alguns exemplos de espelhos néo planos em 11.7. Aguarde! Transformagées Lineares 171 5.6 EXERCICIOS 1. Seja T:V> W uma funggo. Mostre que: a) Se T & uma transformagdo linear, entio , entio T(0) = b) Se T(0) # 0, entio T nao é uma transtovogao tinea 2. Determine quais das seguintes fungdes so aplicagSes lineares: a) f:R? > R? * & yo ty, xy) 6) g:R?>R (yr xy ©) AM, > R ab ab [: 3] aai|é Al d) k:Py > Ps ax? + bx +o — ax? + bx? 4 ox €) M:R? +R? 1 2 ADR >& y ofp “| 101 DN:ROR xPlxl 3. a) Ache a transformagio linear T:R?~ R? tal : que T(1, 0, 0) = (2, 0), T(0, 1, 0) = (1, Ibe TO, 0, 1) = (0, -1). eo 5) Encomtre v de R? tal que T(v) = (3, 2). 4. a) Qual é a transformagdo linear T:R? +R? tal +: que 7(1, 1) = (3. T@, -2) = (0, 1, 0)? =G2De b) Ache T(1, 0) e T(0, 1). ¢) Qual é a transformagio linear S:R°+ R? tal que S(3, 2, 1) = S(O, 1, 0) = (0, -2) e S(O, 0, 1) = (0, 0)? Pe D= CD, d) Ache a transformacio linear P:R? +R? tal que P = SoT, 5. a) Ache a transformagao T do plano no plano que é uma reflexdo em torno da reta x = y. ») Escrevaa em forma matricial. 6. No plano, uma rotagao anti-hordria de 45° é seguida por uma dilatagdo de V2. Ache a aplicagio A que representa esta transformagdo do plano. 172 ALGEBRA LINEAR 1 . 7. Qual é a aplicagdo A que representa uma contragdo de Fy seguida por uma rotacao hordria de 45°? 8. Verifique qual 0 niicleo é imagem e suas respectivas dimensoes das transfor- mages dadas nos exemplos do pardgrafo 5.1. 9, Dados T:U+ V linear € injetora e wy, Uz, .., Ux, vetores LI em U, mostre que {T (uy), T(ux)} € LL. 10. Sejam R, Se T trés transformagGes lineares de R® em R?. 1 01 Se [IR] =]2 1 lye Oo -l 1 T tal que R = SOT. 11, Sejam a = {(1, -1), (0, 2} € B= {1,0 -1), (0, 1, 2). (1, 2, 0) bases de R? e R® respectivamente ¢ 1 0 (h=}1 1 i 0-1 a) Ache T. b) Se S(x, y) = (2y, x - YX), ache (she 10 ©) Ache uma base y de R? tal que rh, = (3 | 0-1 12. Se [R] = Li HI elsl= [2 1 aste Ros: 13, Se RO») = Ox x= ¥ eS 2)=0-42-%), a) Ache [ROS], b) Ache [SOR]. Transformagées Lineares 173 14. Seja V o espago vetorial de matrizes 2 X 2 com base eqio ol [0 olf? sh ls ty} pe ab Se Tov +R? 6 dads por 7 (| ‘} =@t+db+0), a) Ache [7B onde a & a base candnica de R?, 24 pt fto-l Se $:R?+V e [Sf = “0 oo b) Ache S e, se for possivel, («, 6) tal que S(a, b) = [ i ‘| 15. Seja T:R? +R? tal que (T] = tf 7} Ache os vetores u, v tal que a) T(u) b) T(v) = u v 16. Mostre que se T: V+ W & uma transformagio linear, 4) Im(T) € um subespago de W. 5) ker(T) & um subespago de V. 17. Sejam Se T aplicagdes lineares de V em W. Definimos 5 + T como (S + T)v = S(¥) + T(v) para todo v E Ve definimos aS como (aS)v = = a + S(v) para todo aE Reve V. 2) Mostre que S + T é uma transformagio linear de V em W. 4) Mostre que aS é uma transformagao linear de V em W. ©) Mostre que X = {7 | T:¥— W} € um espago vetorial sobre R. 4) Suponha que dim V = 2 e dim W = 3. Tente procurar dim X. 18. No Exercicio 11 determine ker T, Im T, Im S, ker S ¢ comprove a validade dos teoremas 5.3.9 e 5.4.5 para estas transformagées. 19. Considere a transformagao linear T:R? +R? dada por T(x, y, 2) = @ x-¥, -z). a) Determine uma base do niicleo de T. b) Dé a dimensao da imagem de T. ©) T & sobrojetora? Justifique. d) Faga um esbogo de ker Te Jm T. cine Ecole Pel 174 ALGEBRA LINEAR 20. Dé, quando possivel, exemplos de transformagées lineares T,S,L,MeH satisfazendo: a) T:R® > R? sobrejetora R?, com ker S = {(0, 0, 0)} b)S RF c) LR? + R?, com imL = {(0, 0)} d)M:R? > R?, com kerM= (x, ») © R*; 0) HR? > R3, com ker H= U(x, y,2) € Ry z =} 21. Seja Ps = conjunto dos polindmios com grau menor ou igual a 3, € T:Py +P5 fof" (derivada) a) Mostre que P; é um espago vetorial de dimensio 4. b) Mostre que T é uma transformacao linear. c) Determine ker T ¢ mT € encontse uma base para cada um destes subespagos vetoriais. 22, Seja D:P3 > P3 fief” (derivada segunda) Mostre que D é linear e determine uma base para ker D. 23. Sejam a = {(0, 2), (2, -I} e B= (C1, 1,0), ©, 0, -1), (1, 0, 1)} bases de R?e R’. 24, Seja Encontre ker ne bases para estes seis subespagos. (Ty oT) lm(Tg 0 T,). Determi- Transformag6es Lineares 175 25. Seja T: R? > R? uma reflexio, através da reta y = 3x a) Encontre Tix, y). , b) Bncontre a base a de R?, tal que [Tf = [: ° O +1 %, Seja TT: R? > R® Bx + +250, a) Encontre T(x, y, z). onde T(v) 6 a projeso do vetor v no plano +) Encontre uma base ordenada 6 de R®, tal que 5 1 0 0 (Th= [0 0 0 oo 1 27. Seja L : R® > R? onde L é a reflexao através do plano 3x + ay tz=0. “ a) Encontre L(x, », 2). b) Encontre uma base ordenada de R°, tal que t 1 0 Oo (R= 0 1 0 0 oO -I 28. Enconte a expresso da transformagio linear T : R° > R? que é uma totagdo de 1/3 em toro da reta que passa pela ori i do vetor (1, 1, 0). ane pase pels One ¢ tem a Grega0 *29. Um espelho plano esté apoiado em uma parede vertical formando um an- gulo de 30° com ela. Se um feixe de luz de raios paralelos for emitido ver- ticalmente (do teto para o cho) determine a direcéo dos raios refletidos. 176 ALGEBRA LINEAR *30, Um espelho plano triangular é apoiado no canto de uma sala da forma des crita na figura abaixo. x y Em que diregdo serd refletido um feixe de luz de raios paralelos emitidos verticalmente de cima para baixo? 5.6.1 Respostas 3.) Ty 2) = Ox + ¥-2) b)v=(x 3- 2x, 1-28) 5. a) T(x, y) = 0 *) ofl—E lp] 7.AG ») = (2, +52) HLT y) = C3. 02 2 1 2 13.) [Ros}= |1 1-2 2) [Sor] = [3 ‘| -1 0 1 15. a) v= (x, -x) byv=G, 0) 17. d) dimX = 3X 2=6 19. a) ker T= [(1,1,0)] base = {(1, 1, 0)} 5) dim Jm T = 3 - dim ker T=2 Veja (5.3.9). ¢) Nao. dimdm T = 2. TransformagGes Lineares 177 ker T 21. a) (Veja Exemplo 4 de 4.2.2) base dest : a x3 5) (Veja Exemplo 5 de 5.1.2) f sspapo: (hax 22°} ©) ker T = {A(x) = k (constante)} base: {1} ImT = (P(x) = ax? + bx + 6, a, b, CER} base: {1,x, x4} 23. Sty) = -Fx, ¥ +4, -3x- yy) WU. ker Ty = (x, y,2) € R3;x = 002-29) base: ry x=Oez base: (0, 1, ~ ImT, ={(.1,0), (0,1,-1)] base: (00.1.0), 0,1 yp ker T, ={(1,0)] ImT, = (G2, )) , ker T,°T, = [(1,0)] ImT,oT, = [(0,0,1)] 25. a) T (x,y) =Car + 3y, 3x - 4) 5) @ pode ser qualquer base {v,, v; } tal que v; pertenga a reta e Vy @ V2 sejam perpendiculares, por exemplo, a = {(1, 3), (-3, 1)} i 1 2. a) T(x, y,2) = (- Ix ~ by = 32, -Ge + 3y - 2, ~3x - Dy + 62) 5) y pode ser qualquer base {v,, v2, V3 }do R® tal que V, V2 pertencam ao plano ¢ v3 seja normal ao plano dado. Por exemplo, y = {(1, 0, - 1,-2.2, }. 7 (0.0.9) Leituras Sugeridas e Referéncias F sGelfand, 1. M.i Lectures in Linear Algebra; Interscience Publishers, New York, 1961 Hoffman, K. © Kunze, R.; Algebra Linear: Fditora Poligono, Sio Paulo, 1971. AUTOVALORES E AUTOVETORES 6.1 INTRODUCAO Dada uma transformago linear de um espago vetorial nele mesmo, T: V+ V gostarfamos de saber que vetores seriam levados neles mesmos por esta trans: formagao. Isto ¢, dada T:V > V, quais sfio os vetores v © V tais que T(v) = = y? (v é chamado vetor fixo). Tentaremos elucidar esta questdo, considerando algumas transformagdes que j4 foram estudadas no capitulo anterior. 6.1.1 Exemplos Exemplo 1: I:R? +R? (Aplicagdo identidade) & ym &¥) Neste caso, todo R? ¢ fixo uma vez que I(x, y) = (, y), para todo (x, y)ER?, Exemplo 2: Te 2R? + R® (Reflexdo no eixo-x) (x, yer (x, -¥) ow Autovalores € Autovetores 179. Geometricamente x we xe Wev ° lad # Figues 6.1.1 Intuitivamente podemos notar que todo vetor pertencente ao eixo-x ¢ mantido fixo pela transformagao r,. De fato: 1 ojfx]_fx o -1{Lo}~ lol, ou seja, rx (x,0) = (x, 0). Ainda mais, estes vetores so os tinicos com esta propriedade, visto que, procurando yetores [5] tais que i ol}x| _|x o -ljtyy Ly x+oy Ox - xex yey As tinicas solugées deste sistema sio vetores do tipo (x, 0), ou seja, so os vetores pertencentes ao eixo-x. caimos no seguinte sistema: 180 ALGEBRA LINEAR Exemplo 3: N:R? > R? (Aplicagao nula) (J (0, 0) Neste caso, © tinico vetor que ¢ fixo pela aplicagZo dada € o vetor nulo, N(O, 0) = (, 9). Passaremos agora para o seguinte problema: Dada uma transformagao linear de um espago vetorial T:V > V, estamos interessados em saber quais vetores so levados em um miltiplo de si mesmo; isto é, procuramos um ve- tor v € Ve um escalar } ER tais que Ty) = v Neste caso 7(y) serd um vetor de mesma “diregdo” que v. Por vetores de mes- ma “‘diregdo” estaremos entendendo vetores sobre a mesma reta suporte Como v = 0 satisfaz a equacdo para todo A, estaremos interessados em determinar vetores v + 0 satisfazendo a condigao acima. O escalar ) serd cha- mado autovalor ou valor caracteristico de T e 0 vetor v um autovetor Ou ve tor caracteristico de T. Vamos formalizar este conceito. Passaremos doravante a dar a designagdo usual de operador linear para uma transformagao linear T:V -» V (de um espago vetorial nele mesmo) 6.1.2 Definigdo: Seja T:V > V um operador linear. Se existirem v & V, v#0,e AER tais que Tv = Av, A é um autovalor de T e v um aurovetor de T associado a X. Observe que X pode ser o nimero 0, embora v ndo possa ser o vetor nulo. Daremos a seguir exemplos de como calcular autovalores € autovetores, usando a definigao. 6.1.3 Exemplos Exemplo 1: Ph iG) 210) vee Wv Neste caso, 2 € um autovalor de 7 e qualquer (x,y) # (0, 0) € um autovetor de T associado ao autovalor 2. Observe geometricamente: Autovalores ¢ Autovetores 18] Ti =a Figura 6.1.2 De um modo geral toda transformagao T:R? + R? verav, a #0 tem a como autovalor e qualquer (x, ») # (0, 0) como autovetor corresponden- te. Observe que 7(v) & sempre um vetor de mesma diregdo que v. Ainda mais se: ° i) a <0, T inverte 0 sentido do vetor. ii) jal > 1, T dilata o vetor. iit) tal <1, 7 contrai o vetor wv) w= 1, Téa identidade. Exemplo 2: 1 :R? +R? (Reflexdo no eixo-x) & ym &, ¥) Os vetores da forma [°] so tais que 1 offo]_ fo]__fo o -l}[y}> by yi, Assim, todo vetor (0, y), » # 0, € autovetor de ry com autovalor = -1. Como ja vimos no Exemplo 2 da segde 6.1.1 0s vetores (x, 0) si0 fixos por esta transformagao, rx(x, 0) = 1(x, Q), ou seja, (x, 0) séo autovetores corres- pondentes ao autovalor 1. 182 ALGEBRA LINEAR ox rel} =u Figura 6.1.3 Exemplo 3: T:R? +R? (Rotagdo de 90° em tomo da origem) eee aE Note que nenhum vetor diferente de zero € levado por T mim miltiplo de si mesmo. Logo, T ndo tem nem autovalores nem autovetores. Este é um exemplo de que nem todo operador linear possui autovalores e autovetores. Este fato serd comentado melhor posteriormente (veja 0 Exemplo 2 de 6.2.2) Exemplo 4: Seja ae[j ‘| eww -[5]-(3 2][5]-[737] e Ty (x, y) = (2x + 2y, ¥)- Para procurar os autovetores ¢ autovalores de 7, resolvemos a equagic Ta(v) = Av ov ae ty] _ fe] pd y “"y] > py Assim, temos 0 sistema de equacies Autovalores e Autovetores 183 Ax ny frre Consideremos os casos quando 1) » # Oe ii) y = 0. i) Se » # 0, entdo da segunda equagio ) = 1. Logo 2x + 2y=x e yp 2. Obtemos assim, para o autovalor XE 1, 0s autovetores do tipo (x, - 3 x), x # 0. Em outras palavras, 1 x) = 1%, - 7%), 0s vetores sobre a reta x = -2y sfio mantidos fixos pela transformagdo T: ii) Se y = 0, x deve ser diferente de 0, pois sendo 0 autovalor (x, DY) seria nulo, 0 que nao pode acontecer pela definiego de autovetor. Da primei- 1a equagio, 2x + 0 = Ax ou A = 2. Portanto, outro autovalor é 2 € qual- quer vetor nfo nulo (x, 0) € um autovetor correspondente. Entdo, todos 0s vetores sobre 0 eixo-x sdo levados em vetores de mesma diregdo: T(x, 0) = (2x, 0) ou Tv) = 2v. Temos assim, para esta transformagio 7, autovetores (x, - + x), x # 0, associados ao autovalor 1 e autovetores (x, 0), x + 0, associados ao autovalor 2. Todos os outros vetores do plano so levados por T em ve- tores de direc6es diferentes. 6.1.4 Teorema: Dada uma transformagéo T:¥+ ¥ e um autovetor v associado a um autovalor A, qualquer vetor w = av (a # 0) também é autove- tor de T associado a . Observe isto nos exemplos e mostre que em geral isto é ydlido. Mais ainda, mostre que © conjunto formado pelos autovetores associados a um auto- valor X ¢ 0 vetor nulo é um subespago vetorial de V, isto €, Vy = = {v © V:T(v) = dv} € subespago de V. (Veja 0 Exercicio 20 da seccao 6.3). Vamos dar um nome a este subespago. 6.1.5 Definiggo: O subespago Vy = {v © V:T(v) = Av} é chamado o subespaco associado ao autovalor X. As nogdes de autovetor ¢ autovalor de uma transformagio linear (ou matriz) si fundamentais por exemplo em Fisica Atémica porque os niveis de energia dos dtomos e moléculas sdo dados por autovalores de determinadas ma- trizes. Também 0 estudo dos fendmenos de vibragdo, andlise de estabilidade de um avido € muitos outros problemas de Fisica levam a procura de autovalores € autovetores de matrizes. 184 ALGEBRA LINEAR No Capitulo 12 vocé terd uma idéia de como as nogdes de espago vetor rial, autovalores € autovetores sio utilizadas na resolugao de sistemas de equa- goes diferenciais, e muitas situagdes fisicas sdo descritas por um sistema de equacdes diferenciais. (Veja o Exemplo 3 de 12.2.1 ¢ os Exercicios de 12.4.) ‘Outra aplicagdo importante que estamos visando ¢ a classificaglo de coni cas ¢ quédricas que seri vista no Capitulo 11, Nela, autovalores ¢ autovetores serdo usados para “normalizar” formas quadraticas. Mais especificamente, eles sero usados para encontrar mudangas de referencial que permitam identifica quais as figuras geométricas que representam certas equagdes NO plano e no espago. 6.1.6 Autovalores e Autovetores de uma Matriz Dada uma matriz quadrada, A, de ordem n, estaremos entendendo por lor e autovetor de A autovalor € autovetor da transformagao linear to é, A,eum autoval Ty :R" +R", associada matriz A em relagdo a base candnica, is T,(¥) = A+¥ (na forma coluna). Assim, um autovalor AER de autovetor v € R®, so solugdes da equacdo A + v = Av, vy # 0. Exemplo: Dada a matriz. diagonal a, O « O ¢ dados os vetores e, = (1, 0, - = (0, 0, ... 0, 1), temos Ave = = aye, @ em geral, 0 A+ ej = aje;. Entdo, estes vetores da base candnica de R” so autovetores para A, ¢ 0 autovetor ej & associado ao autovalor aj. Veremos na proxima secgio que dada uma transformagdo linear T:V-> V e fixada uma base 6 podemos reduzir 0 problema de encontrar autovalores e autovetores para 7 4 determinagao de autovalores para a matriz 8 hy Autovalores e Autovetores 185 6.2 POLINOMIO CARACTERISTICO Observamos nos exe: a soaks mos nos ox mmoles oo Sedo anterior que se nos basearmos nas defini- goes de autovalor ¢ autovetor, pure efetuar os cdlculos que determinam seus we roe sarees ee on ‘© um procedimento muito complicado. Por isto va- vm entre rea ae ee ratce para encontrar autovalores ¢ autovetores de ns ‘aremos um exemplo caso n= 3, € em seguida generalizaremos para n qualquer peeessem ne Exemplo: 0 As/-l Lt 0 2 Procuramos yetores v G R? e e: scalares ) € R tais que A + v= que se I for a matriz identidade de ordem 3, entio a equa ie ena pode eserita na forma Ay = (AD)v, ou ainda, (A = ADv = 0. S80 selma pode ser Escrevendo explicitamente “ 4 2 0] [a o of\[x 0 “11 O{-}0 a Of jf yf=yo Oo 1 2) fo o al/iz 0 Temos entdo a seguinte equagdo matricial: 4-X 2 0 x 0 “1 t-k 0 JJ y}=fo 0 ft 2-d]Lz 0 Se eserevermos explicitamente 0 sistema de equagdes lineares equival equagio matricial, iremos obter um sistema de tres equagdes © és incSeviten Se 0 determinante da matrie dos coeficientes for diferente de zevo. ssbtrenvg que este sistema tem uma tnica solugo, que é a solucdo mula sro. eaberemes = y = 2-0. (Veja a observacdo final de 3.7.2.) Mas estamos invereseados e caleulst os autovetores de A. isto €, weiores ¥ 0, tas que (A Dee On Neste caso det(A - dl) deve ser zer0, ou seja (A- Avs 4-2 2 0 “1 1-k 0 |s0 o 1 2-n 186 ALGEBRA LINEAR E portanto -A? + 7A? - 16 + 12 = 0. Vemos que det(A - AI) é um polindmio em ). Este polindmio € chama- do o polindmio caracteristico de A. Continuando a resolugdo, temos @- 2% @-3)=0. | Logo X= 2 € 4 = 3 sfo as raizes do polindmio caracteristico de A. ¢ portanto os autovalores da matriz A sio 2 e 3. Conhecendo os autovalores ontrar os autovetores correspondentes. Resolvendo a equacao podemos enci ‘Ay = Xv, para 0s casos: ) d=2 4 olfx x 4x + 2p =x -1 1 O}|y}=2jv] sy*t ¥ = o 1 2{[2 z yt22=2 A terceira equagio implica que y = 0 @ por isso verios na segunda que x = 0. Como nenhuma equagdo impde uma restrigdo em z, os autovetores “esaciados aA = 2 G0 do tipo (0, 0, 2), 0 seja, pertencem ao subespaco {(0, 0, 1)}. i) =3 Resolvendo a equacéo Av = 3v, temos ax + 2y =3x xty =3y yt =3z Tanto da primeira equagdo quanto da segunda vemos que x = terceira vem z = y. Os autovetores associados ao autovalor * tipo (-2y, y, ¥), ov seja, pertencem ao subespago {(-2, 1, vl 6.2.1. © que fizemos neste exemplo com uma matriz A de ordem 3, po- de ser generalizado, Seja A uma matriz de ordem n. Quais sdo os autovalores ¢ autovetores correspondentes de A? Sdo exatamente aqueles que satisfazem a equagio Av = Av ou Av = (AD ou ainda (A - Adv = 0. Escrevendo esta equagdo explicitamente, temos Escrevendo esta equagao explicitamente, temos ay-d a ay, fxr} | a and aon xa} .|° am Oya am -> ||} | Autovalores € Autovetores 187 Chamemos de B a primeira matriz acima, Entdo B - v = 0. Se detB # 0, sa- bemos que o posto da matriz B é n ¢ portanto o sistema de equagdes lineares homogéneo indicado acima tem uma tinica solugo. Ora, como x; . = Xn = 0 (ou v = 0) sempre € solugdo de um sistema homogéneo, entio esta Jinica solugdo seria a nula. Assim, a tinica maneira de encontrarmos autoveto- res v (solugées nao nulas da equagdo acima) é termos detB = 0, ou seja, det(A - Al) = 0. Impondo esta condigZo determinamos primeizamente os autovalores \ que satisfazem a equagdo e depois os autovetores a eles associados. Observamos que Oh ag PQ) = det(A - Al) = det er 6 um polindmio em 2 de grau n. PO) = Gir 0) Grn ~ 2) # termos de grau R* a ela associada como em 6.1.6. 3-3-4 ]fx x 3x = 3y - 47 = 3x Podemos estender este conceito para qualquer transformagao linear 03s ilyleaty ay tse-3y — T: V+ V, partindo do seguinte argumento, oo cle : y Seja 6 uma base de V, ento temos as equivaléncias: ay 40 T= Wo o3y = dz = 6 TIBI], =X 20 UTE VI, = Alvlg a os (rib - | v)=0 [wh-™ Jt, -0 0 3 -4 0 o1 40 01 40 det (TH - 0 0 0 5 O]~ ~ ~ to a 00 5 0 0 0 : Observamos que a altima condigio € dada por P(A) = 0 onde P(X) € 0 poli- 00 -4 0 oo - ndmio caracterfstico da matriz [718 conforme o conceito dado em 6.2.1. 0100 Neste caso P(A) também seré chamado polindmio caracteristico da transforma- ~|o 0 1 0 gio T e suas raizes sero os autovalores de 7. O fator fundamental nesta defi- 0000 nigdo & sua independéncia da base B escolhida. De fato, seja a uma outra base de Ve A = [7] . Entdo (veja 5.4.10), y =0,z=0,x qualquer. a a 1 8 ad Os autovetores sio do tipo v = (x, 0, 0), x #0. det([7]q - M) = det arpa -MIAT) = det ACT IR - M+ AT] ii) Para dy = -1 = det (4) + det a7 - + det (4%) = det (| TH - WD = PO). 3x 4x - 3y - 42 =0 => 4y + 52 =0 o=0 6.2.7 Exemplos 43°40 -3 1 0 1 2 10 Exemplo I: Seja T: R?> R? dada por T(x, y) = (-3x + 4y, -x + 2y). 0 45 0|~Jg 4 5 of|* 5 ~ Procuremos seus autovalores ¢ autovetores. Notemos que se a é a base cand- o 00 Of] lg goo ol | 1 #? nica de R? 0 000 IT = [3 ‘| ©, portanto, 10 4h 0 alt 2 16 ~ 5g | € vemos que podemos dar o polindmio caracteristico de T como P(A) = det ([T Ie 0 a Vocé pode agora concluir 0 exemplo copiando de 6.2.2 — Exemplo f. 0 0 0 Exemplo 2: Seja P, o espago vetorial dos polindmios teais de grau menor 5 ou igual a um e seja T:P, +P; a transformagio linear que Jeva o polindmio =-3l =-37, Iquer. igus zl wan Ps * ie Penge? quay 1+x em 5+2x e 0 polinomio 4+.x em -2+(4+x). Note que w, = 1+x e Os autovetores so do tipo v = (4 z, -$-2,2), 2 #0. Wa = 4 +x sao vetores LI, ¢ portanto formam uma base a de Py € portanto T esté bem definida. Observe ainda que 7(w,) = w, + wae T(ws) = -2W2- 194 ALGEBRA LINEAR Portanto [71 = [} 3): O polindmio caracteristico ¢ P(A) = (1 - A)(-2-) e 08 autovalores serdo, por- tanto, Xy = 1 e Az = -2. Calculemos os autovetores associados: i) (TI Ily = Iv], 0 que implica [v]y = [*] a eR it) (TR Ivly = -2lvly 0 que implica [vy = [3]. beR Assim, os autovetores associados a A, = 1 sdo da forma yv = aw, + 3aw, = 13a + 4ax, Va Ainda, os autovetores associados a 2; = -2 sfio da forma = 0+ w, + bw, = 4b + bx 6.2.8 Vamos aproveitar os exemplos de 6.2.5 para introduzir 0 conceito de multiplicidade de um autovalor, Chamamos de multiplicidade algébrica de um autovalor a quantidade de vezes que ele aparece como raiz do polindmio caracteristico. No Exemplo 1 de 6.2.5 0 autovalor X, = 3 tem multiplicidade algébrica igual a 2. (Ou ainda, 3 & uma raiz dupla do polindmio caracteristico.) No Exemplo 2 0 autovalor A, = 3 tem multiplicidade algébrica 2. Observe que no Exemplo 1 encontramos para o autovalor X, = 3 autove- tores do tipo v = (x, y, 0). Note que {(x, y, 0) © R?; x, y ER} = = (x(1, 0, 0) + (0, 1, 0):x, y € R} = IC, 0, 0), (0, 1, 0)] & portanto a dimensio deste subespago associado ao autovalor 4, = 3 € 2 (dois vetores LI). Neste caso dizemos que a multiplicidade geométrica de 4, = 3 ¢ 2. Mais pre- cisamente, a multiplicidade geométrica de um autovalor € a dimensio do subespago V) de autovetores associados a 4. No Exemplo 2, 0 auto- valor 4; = 3 tem multiplicidade geométrica 1, visto que a dimensdo de {(x, 0, 0); x ER} = {x(1, 0, 0); x € R} = [(1, 0, 0)] € 1. Observe ainda que se a multiplicidade algébrica de um autovalor for 1, a multiplicidade geo- métrica seré necessariamente igual a 1. 6.3 EXERCICIOS 1. Seja T:R? +R? (x, ye Oy, 2y). Mostre que \ = 2 € um autovalor de 7 e vetores da forma (x, 2x) sio os autovetores correspondentes. Autovalores ¢ Autovetores 195 Ache os autovalores © autovetores correspondentes das transformagdes linea res dadas: 2, T:R? +R? tal que Te, y) ~ Qy, x) 3. TR? +R? tal que Tx, y) = e+y, We +y) 4. T:R? +R? tal que (x, y, 2) (vty, x-y 22, ty -2) T:P, +P, tal que Tlax* + bx + ¢) = ax? tox +b s T:Mz+M, tal que Ar A’ (Isto €, 7 é a transformacdo que leva uma matriz na sua transposta.) 7. T:R4 +R tal que Me, », 2, w) = xtyxtytextytztw) 2 Encontre a transformagdo linear T:R? »R®, tal que T tenha autovalores -2 & 3 associados aos autovetores (3y, y) @ (-2y, y) respectivamente. Ache os autovalores e autovetores correspondentes das matrizes: as 3 tod wa-[! 3] 010 123 asl 0 | W.A=)O 1 2 1-0 0 001 13 3 3°43 «-4 weal 4° 0 12.A=/0 3 5 33 1 0 0 -1 -1 -4 «14 102 nal? -7 14 13,.A=]-1 0 1 2-4 11 11 2 2 0190 112 0 201 waz|1 201 BAT 9 3 0 2 101 Oo -! 0 0 ibhotea oo ciencia &teonol Da 196 ALGEBRA LINEAR Autovalores ¢ Autovetores 197 ¢) Encontre os autovetores de AB ¢ os de BA, O que vocé nota? -1 -2 0 : a d) Motivad i i : fi - 19. Seja A= | 0 -I 1 |. Quais so os autovalores ¢ autovetores de A de ) Motivado pelos itens anteriores, mostre que: se A ¢ B so mattizes in lo versiveis de mesma ordem, 0S autovalores de AB ¢ BA sd0 0S mesmos. Mostre mais ainda: se 4, € um autovalor de AB com autovetor v, entdo Ay € autovalor de BA com autovetor By, Da mesma forma, se 4) € um autovalor de BA com autovetor w, entio dy é autovalor de AB com autovetor Aw. um espaco vetorial: a) Real 5) Complexo 20. Se A é autovalor da transformacdo linear T: V> V & vy é um autovetor asso- ciado a ele, mostre que a) kv € outro autovetor associado a A se k # 0. b) O conjunto formado pelos autovetores associados a & 0 vetor nulo € subespago de V. . Suponha que A, € Xz sejam autovalores distintos e diferentes de zero de T:R? + R?. Mostre que a) Os autovetores v, € V2 correspondentes sio LI. b) Tly,) & Tlvz) sdo LI. 6.3.1 Respostas 2 3 = 1+ VBu = OV20; = 1-20 = V8) S.X=1veax? thx +b 7A= 1, v= (0, 0, 0, w) 22. Seja A = [° i} 8. Thx, y) = (-6y, +9) a) Ache os autovalores de A e de At 9A = Lew = &, OA. =-lwe =O) b) Quais sio os autovetores correspondentes? IL A= 1, v= @, 0, 0) 23. Suponha que A seja autovalor de T:V—> V com autovetor ve a um nimero nao nulo, Ache os autovalores ¢ autovetores de aT. 1B. Ay = A, vy = CY, OD; Aa = 1, va = GH, 2x, 5 As = 3, vs = G, 0.2) 24, Suponha que v € V seja autovetor de T:V > Ve S:V>V, ao mesmo 16. ds = 4,41 = - 2,» 2); Aa = -2, 12 = &, 0, x) UA = 4, tempo com autovalores X, ¢ Az respectivamente. Ache autovetores e auto- vy = Oy. Os Aa = 4, Ve = (2, 0, 2): Aa = -2, Va = (, 0, x) valores de ay S+T. b) SOT. v= Qy = 72, ¥ 2); 02 = 9, ¥2 =, 8) 18. Ay = 1, ¥s = (0, ¥, 0, -y); Ao = -1, va = & 0, -2x, 0) Ag = 25. Seja T:¥ + V linear a) Se X = 0 € avtovalor de T, mostre que T nio é injetora. v3 = (x, 0, 4x, 0) b) A reciproca € verdadeira? Ou seja, se T ndo é injetora, X = 0 € autova- lor de 7? 19. a) A = -2, v = (2x, x, =) BY AL = -2, va = (2x, x, -x)5 a = A Me = [G1 + dy, y, (1 + dls 1240 1301 dy =i, vs = (C1 -dy. » C1 - OY] 2%. ScamA=|0 -1 l}e B=|0 2 0 0 -I 0 0 3 22. a) Os de A sdo -1 e 2; 08 de A, led. matrizes inversiveis. b) Os de B so (-2y, y) © (%, 2x); 0s de A“, (-2y, y) e (x, x) a) Calcule AB e BA ¢€ observe que estes produtos sao distintos. 6) Encontre os autovalores de AB e os de BA. O que vocé observa? 23. Autovalor a com autovetor ¥. 198 ALGEBRA LINEAR 25. a) Como A = 0 € autovalor, existe v-# 0 tal que Tv = O-v = 0. Entdo TO = 0 e Tv = 0. Portanto, T nao é injetora. b) Como T nao ¢ injetora, existe v # w tal que Tv = Tw. Entéo Tv - Tw = T{v - w) = 0 = 0 - (v - w). Portanto, 0 € autovalor de T com autovetor v - w. 26. b) Sdo iguais. 4y = 1, Az = -2, X43 = -3 €) Sio diferentes. vy = (x, 0, 0), v2 = (43, % 0), vs = (Fz, 22,9) Leituras Sugeridas e Referéncies * Herstein, I. répicos de Algebra, Editora Poligono, Sdo Paulo, 1970. 2 Hoffman, K. ¢ Kunze, R; Algebra Linear; Editora Polfgono, Sio Paulo, 1971. DIAGONALIZACAO DE OPERADORES No Capitulo 5 foram introduzidas as aplicagoes lineares e as matrizes a elas associadas. Nosso objetivo neste capitulo serd encontrar uma base do espaco vetorial na qual a matriz de um determinado operador linear seja a mais sim- ples possivel. E facil deduzir as conveniéncias priticas de se trabalhar com os operadores, usando tais matrizes. Por muitos motivos, como vocé vera, a me- Ihor situagao possivel € aquela em que conseguimos uma matriz diagonal asso- ciada a um operador. 7.1 BASE DE AUTOVETORES Dado um operador linear T: V+ ¥, nosso objetivo € conseguir uma base f de V na qual a matriz do operador nesta base ang ) seja uma matriz diagonal, que é a forma mais simples possivel de se ceptsentar um operador, Observe- ‘mos inicialmente a seguinte propriedade dos autovetores, 7.1.1 Teorema: Autovetores associados a autovalores distintos so linear- mente independentes. 200 ALGEBRA LINEAR Prova: (Este teorema seri provado para 0 caso de dois autovalores distintos.) Sejam Xj, Xz autovalores, A; # Ag, © Vj, ¥g autovetores associades aos autovalores X; € Az respectivamente. Provaremos que vi ¢ Vz sf0 LI Seja av, +42¥2 = 0, Apliquemos a esta equagio a transformagao T - dai. Usindo a linearidade de Te lembrando que Teyj) = Awe ¢ Mj = Vi para i = = 1, 2, resulta aA, = AgWvp + a2 = Aa)v2 = O ou a Qy - Ay = 0 Como y, #0 € dy # Aj, determinamos que a, = Voltando a equagdo original e aplicando 7’ - X,/, temos a@y(Xy = Aidvn + a2(Ag - AW2 = 0 ou a2(z - Wa = 0 Isto €, a2 = 0. Portanto y, v2 so LI. ‘A demonstragéo deste teorema para o caso geral em que temos Ay, Aa, - dy autovalores distintos € feita de maneira andloga. Partimos da igualdade ay¥, + a2¥, +o. # dyvy = 0 ¢ aplicamos os operadores T ~ yf para mostrar que a, = a = =0. Por exemplo, para mostrarmos que @2 = 0, aplicamos sucessivamente 4 equacio original os operadores: Tl, T= dah, T- Yab, T Nabe ony Tol Uma consequéncia deste teorema que nos interessaré particularmente & dada a seguir. 7.1.2 Corolario: Se V é um espago vetorial de dimensfo ne T:V>V é um operador linear que possui 1 autovalores distintos, entao V possui ima base cujos vetores so todos autovetores de T. Em outras palavras, se conseguirmos encontrar tantos autovalores distintos quanto for a dimensio do espago, podemos garantir a existéncia de uma base de autovetores. 7.1.3 Exemplos Exemplo 1; Soja T:R* +R? a teansformagio linear definida por Thx, v) = (3x + 4y, << + 2y) cuja matriz em relacHo 4 base candnica a é Diagonalizagio de Operadores 20] a [3 4 (7g = [3 | (Veja o Exemplo J de 6.2.2.) Queremos encontrar uma base J de autovetores, se possivel, ¢ ainda observar de que tipo é a matriz (78. Desde que dy = 1 € Xz = -2, € portanto AL # Az, podemos garantir, pelo corolério anterior, a existéncia de uma base de autovetores, De fato, dois autovetores associados a A, ¢ Ay HOV, = (1, He v2 = = (4, I) respectivamente, os quais formam uma base de R?. Isto é, 0 espaco admite uma base 6 = {v,, v2} formada por autovetores de T. Calculemos agora (TIP. Como Tiv,) = Iv, = 1, + Oy € Thv2) = 209 = On = 22, p_fl o inh [3 5] _ Observe que a matriz de T em relagdo 4 base de autovetores € uma ma- triz. diagonal. Exemplo 2: Seja T:R? > R° uma transformagdo linear caja matriz em relagdo 4 base candnica « ~ [20-4 Wh =}0 30 5 * lo 0 -1 PO) = det ((7} =) = 3-07 1-0. Os autovalores sfo hy = 3 ¢ Xy =~-I. Associado a A; = 3 temos auto- vetores do tipo (x, y. 0) Portanto obtemos dois autovetores LI. vy, = (1, 0, 0) v2 = 0, 1, 0) Associado a Az = -1 temos um autovetor LI, u = (4, ~5, 4), Entao 8 = {v,, v2, u} é uma base de R? constituida de autovetores de Te (nf = cou owe ° 202. ALGEBRA LINEAR éuma Observe que em relagdo a esta base de autovetores, a matri2 de T matriz diagonal EE claro que as matrizes diagonais ir que foram obtidas nos Exemplos } e 2 nfo o foram por aceso. Dada uma transformagdo linear qualquer crore T-V-+V, se conseguirmos uma base 8 = {¥), .-. Va} formada por autov de T, entéo, como Davy + Ov, +. + OVn TK) Ovy + Xav2 + + OVn T(v2) Tig) = Ovy + OV # aw + AnMns iz di diagonal princi- a matriz (ri serd uma matriz diagonal onde os elementos da diagonal p pal sfo os autovalores 2j, isto , 4 0 0 (ig.}o * ~ ° 0 0 Mn sariamente os 2j distintos (veja 0 Exemplo 2). ai is neces Nao precisamos ter ance bem os Na verdade, um autovalor aparecerd na diagonal tantas vezes autovetores LI a ele associados. Por outro lado, se Y= (ty, ... Uy} & uma base de V tal que a 0 0 0 a 0 \y = r=)" 0 0 « an Up sto necessariamente autovetores de J com autovalores eo ee definigdo de ir) temos: ay, Gp Tespectivamente. De fato, da Tuy) = a) Uy + Ou, +... + Og = ai Us Tua) = ou, + Ou, +. + Ant = Inn Diagonalizagio de Operadores 203 Concluimos entéo que um operador T: V+ V admite uma base 8 em re- lagdo & qual sua matriz [Tf é diagonal se, ¢ somente se essa base 6 for forma- da por autovetores de T. E este 0 motivo da definicdo que se segue. 7.1.4 Definigao: Seja T: V+ V um operador linear. Dizemos que T é um operador diagonalizdvel se existe uma base de V cujos elementos sio autoveto- res de T. Os operadores dos Exemplos 1 ¢ 2 sio, portanto, diagonalizaveis. Vamos dar a seguir um exemplo de um operador nao diagonaljzével, Exemplo: Seja T:R? +R? a transformagao linear cuja matriz em relagio a base canénica a é 30-30 +4 Img=|o 3 5 0 0 -1 Como P(A) = (3 - 0)? (-1 - A), os autovalores sfo 4, = 3. dy = - Associado a Ay = 3 conseguimos apenas um autovetor LI, por exemplo, v = = (1, 0, 0). Associado a Az = -1 temos o autovetor LI, u = (-1, -20, 16). Neste caso, temos apenas dois autovetores LI para T, ¢ portant no existe uma base de R® constituida s6 de autovetores. Isto significa que em nenhuma base a matriz de T é uma matriz diagonal, ou seja, T ndo é diagonalizdvel. 7.1.5 Aplicagao ao Estudo de Vibraées Consideremos dois corpos de dimensies despreziveis e massas m, mg, res- pectivamente, presos a 3 molas de constantes elisticas ky, ky ¢ ky conforme mostra a Figura 7.1.1. Supondo que o movimento s6 ocorra na horizontal, como podemos estudar a posi¢do dos dois corpos em fungdo do tempo a partir de uma posigdo diferente da de equilibrio? ky ky bs posi¢do aa de equilibria = | I i posi¢do em m™ 1 m um instante ¢ j a zs ra Figura 7.4.1 1 I 204 ALGEBRA LINEAR Chamando de x e y os deslocamentos (horizontais) em relagdo 4 posi¢ao de equilfbrio de mm e mz, ¢ lembrando que © produto da massa pela acelera- gio é igual a forga aplicada e que a forga que uma mola exerce (em primeira aproximagdo) ¢ igual menos o produto da sua constante de elasticidade pelo deslocamento em relago 4 posigdo de equilibrio, podemos escrever (onde 5 e jf indicam a derivada segunda em relagdo ao tempo): my¥ = -kyx + kgQ - x) m2 = -ky(y - x) + kay ‘ou, em termos de matriz: x) [ate fa x _| om m | . k ky k 7 Ap _ kat ha g im m | |” Devemos achar ento como x ey variam em fungdo do tempo, ou seja, resolver 0 sistema de equagdes diferenciais anterior. Observe que uma das diti- culdades de resolver o sistema é 0 fato dele ser acoplado, isto é, em ambas as equagdes aparecem ambas as varidveis. Uma possivel tentativa de resolver 0 problema é a de tentar desacoplar as equagdes, isto é, obter duas novas equa- ges, equivalentes as anteriores, de tal forma que em cada uma delas aparega apenas uma incognita, Resclvemos, entdo, cada uma destas equagdes ¢ volta- ‘mos para as incOgnitas originais.(No Capitulo 12 vocé poder ver outros mé- todos para tentar resolver tais sistemas.) Observe que em uma situagdo deste tipo terfamos um sistema da forma: Y=Y¥ ou, na forma matricial ets sl Isto nos da a pista para tentar desacoplar o sistema original: devemos diagonalizar (se possivel) a matiiz do sistema original. Facamos isto no caso particular em que m, = my = me ky = k= k ‘As equagSes tornam-se entéo (na forma matricial) x x yp ¥ Diagonalizagéo de Operadores 205 Podemos pensar na matriz 2k Ok] Az|™ ed mm como a matriz de um operador linear de R? em R? em relagdo 4 base cand- e ase X € Y como as componentes de um vetor em relacdo A base candnica. Tentemos diagonalizar tal operador: - ( +tYh ’ x) A ma} wey ck m 2 = 7 @ Os autovalores associados a th PQ) = det | ™ * ™ 3[g sl Poi to os autovalores s40 A, eles sdo vy = (1, 1) e » = (1-1), respectivamente. Chamando a a base cand nica, 6 = i»), +2} a base composta por tais autovetores ¢ bly -[}] temos: onde eff i Além disso, por simples derivagio: ae [*] Substituindo estes resultados na equagdo original vem: ue [3] =A. ing Hy 206 ALGEBRA LINEAR ou ¥]- cub a. ue |% [| ou ¥| |-£ ollx _| y -3k ¥ 3k Portanto ° m Podemos resolver separadamente cada uma dessas equagdes obtendo we avsen( (He +0) ik y= Agsen( Ee + 02) que so 0s chamados modos normais de vibragao do sistema. Voltando para as varidveis originais temos k 3k avsen( Ee + a) aasea( JZ + a) k Bk asen( JE + ») - Assen + a) 7.2 POLINOMIO MINIMAL x WW " Nos exemplos anteriores nés mostramos que 0s operadores eram ou nJo diago- nalizaveis, exibindo uma base de autovetores, ov mostrando a inexisténcia desta base. Em casos de espacos vetoriais de baixa dimensio, como os dos exemplos, € este o procedimento conveniente. Entretanto, podemos estar interessados — principalmente no caso de espagos vetoriais de dimensfo alta, onde os célculos sdo longos — em saber se um operador linear é diagonalizdvel ou no, sem calcular os autovetores. Jd sabemos a resposta para este problema na seguinte situagdo: se dim V = n ¢ 0 operador linear T tem n autovalores distintos, entdo ele € diagonalizavel (veja 7.1.2). No caso geral, a resposta esta ligada a0 aspecto de um polindmio que chamaremos de polindmio minimal do operador T. Para isto, vamos introduzir a nog4o de polinémios calculados em matrizes. Diagonalizaglo de Operadors 207 7.2.1 DefinigSo: Seja pix) = a,x" 1 3 dyx + + inmic uma matriz quadrada. Entdo p(A) é a matriz are ae um poling eA PAA) = ag A" +. + a, A + aol. Quando p(A) = 0, dizemos que o polindmio anula a matriz A. Exemplo: Sejam p(x) = x? ~ 9 © q(x) = x +3. val) tl mv [s if o[h ]-[8 e aay ol} tel ]-[ ‘| Entio, p(x) anula A e qx) nao anula A. 7.2.2 Definigéo: Seja A uma matri émio mi em a Bat riz quadrada. O polinémio minimal de A mb) = x" + ag yx"! +. + a6 tal que i) m(A) = 0, isto é, m(x) anula a matriz A. Hi) m(x) € 0 polinémio de menor grau entre aqueles que anulam A. ; Ober que 0 coeficiente do termo x* do polinémio minimal € 1 (ay =1 A seguir apresentaremos alguns resultados envolvendo polinémio minimal que vo nos levar a descobrir um procedimento que nos possibilite dete! se um operador linear é diagonalizcivel ou ndo, sem calcular os autovetores. As demonstragdes desses resultados sio em geral muito claboradas, abrangendo outros conceitos como o de decomposigdo de um espaco vetorial em #01 " di reta de subespagos, ¢ que fogem sos objetivos deste texto! , me 7.2.3 Teorema: Sejam T:¥'-» V um operador linear x € @ uma base qual quer de V de dimension. Entio T é disgonaliavel se, ¢ someme an oan mio minimal de [7] € da forma ze Veo Voes pode encontri-las, por exemple, em Hoffman, K. @ Ki i ork enconti, K. © Kunze, R. Algedra Linear, tditora 208 ALGEBRA LINEAR mfx) = (= Ay) GE = Ag) OE =A) com Ay, Az, +5 Ay distintos. © nosso problema que consiste em determinar se T é diagonalizavel reduz-se entdo ao de saber achar o polindmio minimal de 7. Os teoremas que nos ajudardo a fazer isto sao: 7.2.4 Teorema de Cayley-Hamilton: Seja T:¥ > V um operador linear, a uma base de V ¢ p(x) 0 polindmio caracteristico de T. Entdo pUITIg) = 0 Isto significa que o polindmio caracteristico é um candidato a0 polindmio minimal porque ele satisfaz a condigo f) da definigio 7.2.2. Exemplo: (Demonstragdo do teorema no caso 2 x 2.) re-let Entdo o polinémio caracteristico € pO) = aa(fe ‘] - 6 *j = (a2) (d= 2) - be. eniorty- (5 ‘]-[e 2} fs ]-E al)- 1 0 0 06 - ee | = [°c | 7.2.5 Teorema: As raizes do polindmio minimal so as mesmas raizes (distintas) do polinémio caracteristico. Estes dois teoremas juntos nos dizem como achar o polindmio minimal de um operador linear T: > V. O polindmio minimal deve ser de grau menor ou no méximo igual ao do polindmio caracteristico (7.2.4) e ainda deve ter as mesmas raizes (7.2.5). Por exemplo, seja 7':> V um operador linear e @ uma base de V. Su- ponhamos que 0 polinémio caracteristico de J’ seja p(A)~ (A-3)* (A= 1)? 45). Entdo 0 seu polinémio minimal ser um dos polinémios: Diagonalizagdo de Operadores 209 Pix) -D)e-)e&+5) Pals) - 3)? @& - 1) @& +5) P3(x) = (x ~ 3) (x = 1)? @& + 5) Palx) ~3)@- 1) @& +5) Ps(x) = (x - 3)? & - 1)? & +5) Polx) = (x - 3)? & = 1)? & + 5). Como 9 polindsnio minimal € 0 de menor grau que anula [718 verifica- mos primeiramente se PlTIg ) = 0. Em caso afirmativo, p(x) seri o poliné- mio minimal. Se p,([7]2) # 0, testamos p,([71) e assim sucessivamente. Na pior das hipéteses o polindmio minimal seré p(d) isto é, 0 polinémio ristico. Volte agora ao teorema 7.2.3. O operador acima s6 serd diagonalizavel se © seu polindmio minimal for p,(x). Esse argumento nos motiva a reinterpretar © teorema 7.2.3. ete: 7.2.8 Teorema: Sejam dy, Xz, .. Xr 08 autovalores distintos de um ope- rador linear T. Entdo T sera diagonalizavel se, e somente se o polindmio (= Ai) & - Aa). & Ay) anular a matriz de 7. Exemplo: 0 operador linear T:R* + R* definido por Tix, y, z, 1) = = (3x ~ 42, 3y + 5z, -2, -1) € diagonalizdvel? Resolugdo: Seja a = {(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)} a base candnica, Entdo a matriz (ng = ooow Soouc Calculemos © polinémio caracteristico pA) = dec (TPE ~ N) = B=) 1-277, Os autovalores so A; = 3.@ Ay = -1, ambos com multiplicidade 2. Entdo, os condidatos para 0 polinémio minimal sio pix) = (& - 3} +1) pile) = (x - 3? & +1) pax) = - 3) & + 1p pals) =~ 3P & + 1)F pinioteca de oie Eten 210 ALGEBRA LINEAR Notamos que p,({7]Q) = 0 €, dentre os candidatos, 0 de menor grau. Entao Pi&)=&-27&t) € 0 polindmio minimal. Portanto, T € diagonalizivel, isto é, existe uma base 8 de autovetores e nesta base cone o 0 o 0 -1 0 oO -l = 1 coco * 7.3 DIAGONALIZAGAO SIMULTANEA DE DOIS OPERADORES Suponhamos que sejam dados T, :V + V ¢ Tz :V> V operadores lineares, am- bos diagonalizaveis. Isto significa que existem bases a, © a, de V tais que ir, i e (rai sio diagonais. No entanto, ndo podemos garantir que a; = a isto é, ndo podemos garantir sempre que existe uma mesma base a de V em relacdo a qual as matrizes de 7; e T, admitem 0 mesmo conjunto de autove- tores LI, Em que situagdo vale tal relagdo entre 7, ¢ T,? Mostrase? que dados T, ¢ Tz operadores diagonalizaveis, entdo T, e T, so simultaneamente diago- nalizdveis se e somente se T, e T, comutam (7,07, = T2°T,). Na pratica, dados T, & T,, tomamos uma base 8 qualquer de V e verifi- camos se T, € T sdo diagonalizaveis, Se isto acontecer e, além disto, (7; BIT, If = a{T; § irik. entdo podemos concluir que T, e Tz so simultaneamente dia- gonalizaveis. Exemplo: Sejam T,, T; :R? +R? operadores lineares cujas matrizes em relagdo a base can6nica so respectivamente 22 a 8 sos 9 3 os © 2 6 8 1 [T,} = - O| e [T,)= $5 0 0 0 2 o 04 Caleulando os autovalores de T,, temos A = 1, Xz = 2 € Ag = 2. Observamos que 0 polinémio m(x) = (x - 1) (x - 2) anula [7], ¢ portanto T, € diagonali- 2Veja, por exemplo, Hoffman, K. ¢ Kunze, R. op. cit. pag. 190. Diagonalizagdo de Operadores 211 zavel (veja 7.2.6). Calculando os autovalores de 7, temos Ay = -1, 42 = 3 Aa = 4. Como eles 840 distintos, 7 € diagonalizivel (veja 7.1.2). Além disso, us 7 As O 3 7s (9 IT] (72) = = WUtal= | 19g} = tal tn) 0 oO 8 Portanto, T, ¢ 7; sio simultaneamente diagonalizdveis. Poderiamos ter observado isto calculando os autovetores. Para T): com Ay = 1 obtemos os autovetores (x, -2x, 0) e com Az = 2, 08 autovetores (-2y, ¥, 2). Para Tz: Ay 1 € associado ao autovetor (x, -2x, 0), A, = 3a (-2y, », OD e Ay = 4a (0, 0,2). Entéo (1, -2, 0), (-2, 1, 0), (0, 0, 1) sio simultaneamente autovetores LI de T, € Tz, © desse modo na base B formada por estes vetores tri3B = coon ene é 8 Of ec [Til = 2 8 eot ono ROO 7.4 FORMA DE JORDAN Ja sabemos que nem todo operador é diagonalizdvel. Por exemplo, T: > V, onde V & um espaco vetorial real de dimensdo dois, cuja matriz em relagtio a uma base a é I Th = [3 | a qual ndo € diagonalizavel, pois seu polindmio caracteristico € )? + 1, que i possui raizes reais. Assim, este operador ndo possui autovetores, e portanto io possui autovalores. Entretanto, se o espago vetorial V for complexo (isto 6, se permitirmos que os escalares sejam niimeros complexos quaisquer) e consi- derarmos a mesma matriz, © polinémio caracteristico passard a ter duas raizes distintas, / e =i, € portanto o operador ser diagonalizavel. De fato, um autove- tor associado a0 autovalor / é (1, i) ¢ um associado a -i é (1, -i). Se 6 for a base destes autovetores, entdo iri = [: 3’ 1. Vemos assim que com relagdo 212 ALGEBRA LINEAR a0 fato de um operador linear ser diagonalizivel ou ndo, 0 conjunto dos esca- Jares no qual trabathamos desempenha um papel importante. ‘Ainda assim, mesmo permitindo valores complexos, nem todo operador linear € diagonalizavel. Por exemplo, seja T:V~> V, onde V é um espago veto- rial complexo de dimensio 4 & 0100 a_|-1 0 0 0 The=) "9 0 1 1 0001 onde a é uma base de ¥. Entdo, 0 polinémio caracteristico de T é p(X) = =(A- (A+) ( - J), € portanto seus autovalores sio Ay = i, Xe As = 1 (com multiplicidade 2). Nao é possivel, entretanto, encontrar dois auto- vetores LI (tente!) para 3 = 1, ¢ assim T ndo € diagonalizavel Porém, quando T:V + V for um opetador linear ndo diagonalizavel e ¥ um espago vetorial complexo, poderemos achar sempre uma base 6 de V, tal que (714 assuma uma forma especial, chamada forma de Jordan, Esta forma & obtida por blocos do tipo a 0 16 1 nN 0 1 oN ou [Aj] colocados na diagonal. Exemplo: 2 0 0000 0 1 0 00000 0 d10 0 0 0 0 0 210 0000 0 O;2i0 0 0 0 0 0 0:5!o o 0 o 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 Diagonalizagdo de Operadores 213 A demonstragdo deste fato é um topico especial que deve fazer parte de um estudo mais avangado de Algebra Linear? . 75 EXERCICIOS . Entre os operadores dos exercicios 2 a 8 da secgo 6.3 verifique quais so diagonalizaveis. np Dizemos que uma matriz A, ,.,, € diagonalizdvel se seu operador associado T, RY > R" for diagonalizével, ou seja, A é diagonalizavel se, ¢ somente se A admitir n autovetores LI. Baseado nisto, verifique quais das matrizes dos Exercicios 9 a 18 da secgdo 6.3 so diagonalizaveis, “ Dada a matriz ones woos ] 2 0 9 coon a) A 6 diagonalizavel (use a definigao do exercicio anterior). b) Encontze seu polindmio minimal. . |. Seja A uma matriz 3 x 3 triangular superior, com todos os seus elementos. acima da diagonal distintos e nao nulos. a be A=|0 de 00 f 2) Quuis sfo os autovajores e autovetores de A? by) Qual é © polindmio minimal de A? . Para quais valores de a as matrizes abaixo sio disgonaliadveis? vf) eb Apary detalhes consulte Lipsehutz, §. Aigebra Linear, Me Graw-Hill do Brasil Ltda., Rio de Juneiro, 1971: ou Hoffman, K. © Kunze, R. Algebra Linear, Editora Poligono, Séo Paulo. 1971: ou Gellond, 1. Miz Lectures im Linear Algebra; Interscience Pubtishets, New Yor, 1961 214 ALGEBRA LINEAR a = - 2 Sejam T: R? + R? linear, a = {(1, 0. 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}, a base ca nonica de R?, 6 = {(0, 1, 1), (0, -1, 1), 0,0, he 2 0 1 (g=]o 3 1 0 0 3 a) Encontre o polindmio caracteristico de T, os autovalores de T ¢ 0s auto vetores correspondentes. 8) Ache [Tf e o polindmio earacteristico. Que observagdo voos faz a este respeito? c) Encontre uma base y de R°, se for possivel, tal que (rly seja diagonal. a) Sejam T:V > V um operador linear (V de dimensdo finita) e a e f bases distintas de T. Mostre que det [71% = det (7H (Sugestio: veja a relagao entre [71% ¢ 7H no Capitulo 6). b) Se Anxm € diagonalizavel, mostre que odeterminante de A é 0 produ- to de seus autovalores. (Sugestfo: considere Ty : R” +R", observando que a matriz de Ty na base canénica ¢ exatamente A. Use entdo o resultado do item (2) consi- derando como a a base candnica ¢ B a base de autovetores. Mostre que a matriz A = [; ‘| 6 semethante & matriz (3 Hl 4) Mostre que um operador Jinear 7 (num espago de dimenso finita) que comuta com qualquer operador linear diagonalizavel é diagonalizavel. b) Nas condigdes do item (a) mostre que na verdade 7 € um miltiplo esca- lar do operador identidade, isto 4, existe um numero r tal que T=r-J. Dizse que um opesador linear T: > V & nilpotente se existit um nimero inteiro positivo n, tal que T” = 0 (isto ¢, ToPOTOTOTTS ... OT(v) = 0) para todo v € V). a) Seja T nilpotente, Encontre seus autovalores. &) Encontre uma matriz Az x2 # 0 tal que Ty :R? - R? seja nilpotente. c) Mostre que um operador linear nilpotente, ndo nulo, ndo é diagonalizavel. Diagonalizagio de Operadores 215 11. Diz-se que um operador linear 7: ¥ € idempotente se T? = T (isto 6, se TOT(v) = T(v) para todo v € V). a) Soja T idempotente. Ache seus autovalores. 4) Encontre uma matriz Az x 2 # 0 tal que 7, : R? -> R? seja idempotente, ¢) Mostre que um operador linear idempotente € diagonalizdvel. 3.0 0 *12. Mostre que A =|@ 2-5 | ndo é diagonalizdvel. No entanto, se A repre- o1 -2 sentar, numa certa base, um operador linear T: V+ V, onde V & um espaco vetorial complexo, entao T € diagonalizavel. Verifique este fato ou, equiva- lentemente, que existe uma matriz com elementos complexos P3 x3, inversi- vel, tal que 13, Problema-pesquisa: Seja A onde M e a # 0 sio nimeros reais. Mostre que 2) Os autovalores de A slo A = M-a com multiplicidade n - 1 eusM4t(n- 1a b) det A = (M - ay"! « [M+ (n - 1a] (Este € um caso particular da situagio estudada no artigo “sobre uma classe de matrizes cujo problema de autovalores é facilmente soluciondvel” de Odelar Leite Linhares, publicado na revista Ciéncia e Cultura (SBPC) volume 29, niimero 8, de agosto de 1.977.) 14. Utilize a forma diagonal para encontrar A” nos seguintes casos (n natural): 7 o7 + oa [3 ‘| BA=|-1 4 0 0 2 -2 Vocé pode generalizar o seu procedimento para o caso de uma matriz qua drada qualquer? Quais so as condigdes? aibicnea ae cugnela fem a 8 Teer 216 ALGEBRA LINEAR "15, Considere 0 sistema mecénico mostrado na figura abaixo Oe ky corpo 1 m ky como 2 ems Utilizando os procedimentos da secgdo 7.1.5 estude a vibragao do sistema quando ele é tirado da posigho de equilibrio. Resolva completamente descre- vendo 0 comportamento do sistema no caso em que Mm = 0,5 kg, m2 = = 05 kg, br = 12%, ky = 18% . Os deslocamentos iniciais dos corpos 1 e 2 sao, respectivamente, 0,1 m para cima e 0,2m para baixo. 7.5.1 Respostas 1, 6.3.2; 6.3.3; 6.3.4 € 6.3.8 so diagonalizdveis. 2, 6.3.9: 6.3.10; 6.3.13; 6.3.14; 6.3.16 € 6.3.17 sdo diagonalizdveis. 3. a) Nao 5) p(s) = (2 - xP G-x) S.ala#l bya =0 6.2) pQ) =(2-N GFN A = 2H = 005% = 32 = Oy. 0) 5) 3.0 -- rhefa -4 - 1 I +P) = 2-NB+AY we nfs nie polindmio caracteristico € independente da base. c) Nao existe. Diagonalizagfo de Operadores 217 ‘Tali al(s 2] 3 c) Se T fosse diagonalizivel, existiria uma base f tal que os avtovalores esti- vessem na diagonal de (718, uma matriz diagonal. Mas 0s tnicos autova- lores de T so 0 (veja a}, € logo, Th = 0. E dizer, T seria nulo, o que nao esté de acordo com a hipatese. Il.a)X=0 ov 1 6) f2 4 2-1 ¢) Como T*v = Tv, (7? - Ty = 0, ou seja, 7? - T= 0 Seja p(x) = x? - x = x(x - 1). Entdo p(T) = 0 Como os autovalores de 7 sio Oe 1, 0 polindmio caracteristico de T é da forma p(X) = (-d)" (1 ~ 4)". Entdo p(x) € 0 polinémio minimal de T e como os fatores lineares sdo distintos, T ¢ diagonalizdvel. 0 14. a) Note que se temos uma mutriz diagonal entio [® 2 | = 2 n = [; ya |- Diagonatize, entdo, 2 matriz A calculando os autovalores 4 € autovetores respectivos (€ possivel fazer isto), bem como a matriz de mudanga de base. Utilizando 5.4.10 pode-se escrever ef ie ay LO 2)-DAP LA aLr- ery Portanto Ans 6) E similar ao anterior. 218 ALGEBRA LINEAR No caso geral o procedimento poderd ser o mesmo se A for uma matriz diagonalizavel. Isto 6, sendo B a forma diagonal de A, A= CBC"! ¢ entdo At = (C+ B-C"lyt = (CBC!) « (CBC"')... (CBC) = cB"ct a vbaes Assim temos um processo bem mais simples que o usual para se obter a poténcia de uma matriz diagonalizvel, uma por ser B uma matriz dia- gonal B" é calculada diretamente. Leituras Sugeridas e Referancias 1 Gelfond, 1. Mz Lectures in Linear Algebra; Interscience Publishers, New York, 1961. 2 Hoffman, K. e Kunze, R.; Algebra Linear; Editora Poligono, Sao Paulo, 1971. 3 Lipschutz, S.; Algebra Linear; McGraw-Hill do Brasil Ltda., Rio de Janeiro, 1971. PRODUTO INTERNO 8.1 INTRODUGAO Estaremos interessados neste capitulo em formalizar os conceitos de com- primento de um vetor e de dngulo entre dois vetores. Com isto teremos pro- cessos para que se possa “medix” num espago vetorial, da mesma forma pela qual se mede no plano ou no espago, E & @ noggo de medida que nos leva a precisar conceitos como o de aproximagdo, rea, volume ete. Figura 8.1.1 220) ALGEBRA LINEAR Consideremes inicialmente o plano R?, munido de um referencial carte- siano ortogonal (eixos perpendiculares) ¢ um ponto P de coordenadas (x, y). Vamos calcular a distdncia deste ponto P a origem. Observando a figura e util zando © teorema de Pitagoras, temos que d = Vx? + y? . Podemos também interpretar este resultado dizendo que o comprimento (que passaremos a chamar de norma) do vetor (x, y) € Vx? + y? . Denotaremos isto por [)(x, y)Il = = Vx? +y® . Analogamente, a distancia d entre dois pontos (x1, 71) © (x2, ¥2) ¢ a norma do vetor diferenga, isto é, yay Ve ban) Figura 8.1.2 Consideremos agora um corpo no plano R? que se desloca em linha reta da origem até um ponto (x1, ¥1) por agao de uma forga constante F = = (x2. 2). Queremos saber qual ¢ 0 trabalho realizado. Dos conceitos da fisica sabemos que 0 trabalho é dado pela equagdo: T = Fil + lvl» cos@ onde 6 é © Angulo entre v = (x,, ys) @ F = (x2, ¥2). Mas cos 0 = cos (02 - 0;) = cos 8,005 8 + sen Ogsen 0, = ld iat igi . ar Portanto, T = = XiX2 + ¥i¥2- Ou seja, o trabalho produzido ¢ um “produto” dos vetores ve F, denotado por (v, F), ¢ dado pela regra: Ww, F) = (x1, 1), (2, 92)? = = 1X2 + ¥iy2. Este produto recebe o nome de produto escalar ou produto interne, e tem uma relagdo importante com a norma de um vetor v= (x, y): Ill = Vx? +p? 2V xox Fy = Ve, Se, ao invés de trabalharmos no plano R?, estivéssemos trabalhando no espaco R? (munidos de um referencial cartesiano ortogonal), terfamos encon- trado uma expressio similar para 0 produto escalar Produto Interno 221 (Gas Vas Zid (Hay Yas 22)? = Mk. + Yr yy + 2422 @ a mesma relagdo com @ norma de um vetor v = (x, y, 2) Wl = Va? 44 2 Vay, __ Voltande ao caso do plano, se tivéssemos trabalhado com um referencial nao ortogonal (eixos nao perpendiculares), e quiséssemos calcular a distancia da origem até um ponto P (cujas coordenadas em relagdo ao referencial fossem (x.y), teriamos, usando 0 teorema de Pitagoras, 4 = iG Nl = WG + y cosa) + Gy sen a)? = Vxt 4 Geos aly ty? y, Figura 8.1.3 Observe que, se uséssemos © produto escalar (G1, 1), Oa, Va = xy + Ye neste caso ndo valeria a relagdo Iwi = V(v, vy) , mas ela passaria a valer se usissemos a seguinte regra para o produto: (Cri, 91), (as Ya) = X1xs + (Cosa) Y. + (Cos adr, + ¥1¥2 pois dv, v) = (x, »), (x, y)) = x? + (cosabry + (cos alyx + y? & Iv? Portanto, novamente a nogo de distancia poderia ser dada a partir de um pro- duto interno de vetores. Concluimos destes exemplos, que o processo usado para se determinar medidas num espago pode variar e, em cada caso, precisamos ser bem claros so- bre que produto interno (e conseqiientemente sobre que norma) estamos tra- balhando. Estes produtos, no entanto, gozam de propriedades que sao utilizadas para definir produto interno num espago vetorial real qualquer. 8.1.1 Definigdo: Seja V um espago vetorial real. Um produto interno so- bre V € uma fungdo que a cada par de vetores, v; e v,, associa um numero real, denotado (v;, vq), satisfaendo as propriedades: 222. ALGEBRA LINEAR i) W, v) > 0 para todo vetor v, ¢ dv, v) = 0 se, @ somente se v = 0. ii) (avy, V2) = alv,, V2) para todo real a. iii) (vy + Va, Vg) = (1, Va) + (Wa, V5). iv) (i, Va) = (va, 4) 8.1.2 Exemplos Exemplo 1: O produto escalar usual de vetores do espago R°. Para v = (xy, %2,%3) € W = Oi, 2, Ps) WW) = YL Mae t+ XsVs- De modo anélogo, define-se 0 que chamamos produto interno usual para 0 ¢s- pago R": Dados v= (1, X2) me Xn) © W= Os Yas os Inds dv, Ww) = xy) + XaV2 tn + nn Veremos em 9.1.1 que, uma vez escolhido um tipo especial de base, todo pro- duto interno tem uma expresséo como esta, Qi. 91) € M2 = Ba Ya) Avy, 2) = 2xX2 - Kao - 2M. + V2 Exemplo 3: Se V é © espago de fungdes continuas no intervalo fo. 1], dadas f, ¢ f, © V, definimos to =/, sorta Poderemos verificar que as quatro condigées da definigdo sio satisfeitas em cada exemplo ¢, portant, ¢,) é um produto interno. A=(1,1,3) B= (2,3,2) C= 12,2, 1) Figura 8.1.4 Produto Interno 223 Exemplo 4: Um campo elétrico uniforme induz uma forga constante dada pelo vetor f = (10. 2, -5) em uma particula carregada eletricamente. Vamos calcular © trabalho realizado quando a particula se move na trajetoria que co- mega e tefmina em A, dada pela Figura 8.1.4, O trabalho total é T= Tap + Tec + Toa onde Tay ¢ 0 trabalho realizado de A a B etc. Ainda, AB = (2, 3. 2) - (1, 1, 3) = G, 2, -1), BC = (, -1, -1) e CA = C1, -1, 2). Como foi mos- trado na introdugdo, 0 trabalho € 0 produto interno da forga pelo vetor que di o desiocamento. Entéo Tap = (f, AB) = ((10, 2, -5), (1, 2, -1)) = 19, Tea = -22. Portanto, T = 0. Exemplo 5: Uma fabrica produz um determinado componente eletronico. Devido a variagdes na linha de produgfo, qualidade de material etc., verifica-se que os componentes nao tém todos a mesma durabilidade. Fazendo-se experién- clas com relagdo a0 numero de horas de uso efetivo, obtém-se a seguinte tabela que relaciona durabilidade com a respectiva probabilidade. durabilidade/h | 2000 | 2500 | 2700 3000 | probabilidade Ip 1/5 ifs is Queremos saber a durabilidade média dos componentes. Temos, entdo, a durabilidade média (ow valor médio ou valor esperado) que € = 2000(1/3) + 2500(1/5) + 2700(1/S) + 3000(4/15) = 2520 horas. © que queremos observar, no entanto, é que a expresso da durabilidade média € exatamente a do produto interno canénico em R* do vetor probabilidade Gi. *» pelo vetor durabilidade (2000, 2500, 2700, 3000), isto é, 131 4 Z se: Ts) (2000, 2500, 2700, 3000)) De modo geral, se uma grandeza pode assumir valores x1, x3, ..., Xy COM probabilidades p,, pz, ..., Pn» Tespectivamente, entio o valor médio da grandeza (também chamado valor esperado) é dado pelo produto interno canonico em R" (Pte Bay ones Pads Clas Say oy En) = Pry Ho + Pen sibioieca de ‘Ciencia & Fecno’iph 224 ALGEBRA LINEAR Na secdo 8.7 vocé poder ver uma outra versa deste fato, juntamente com ou- tras aplicagdes estatisticas do produto interno © produto interno é usado para caracterizar a nogdo de perpendicularis- mo ou ortogonalidade de vetores. Formalmente: 8.1.3 Definigéo: Seja Y um espago vetorial com produtu interno (, >. Diz-se que dois vetores v e w de V sio ortogonais (em relagdo a este produto interno) se (v, w) = 0. No caso em que v e w so ortogonais, escrevemos viw Propriedades: 8) OLY para todo VE V. it) v1 w implica que w Lv. iif) Se v L w para todo w & ¥, entéo v= 0. vy) Sev, Lwev; LW, entdo v, + v1 w. vp) Sevlweé um escalar, AVL Ww. Vamos demonstrar a primeira delas ¢ voce poderd provar facilmente as outras, usando as propriedades do produto interno, i) Para mostrar que 0 é ortogonal a todo vetor v, lembremos que 0 = = 0-ve, portanto, (0, vy) = (0+ v, v) = OW, w= 0. ‘A nogao de ortogonalidade tem uma aplicacdo interessante na verificagao da “honestidade” de apostas. Vejamos isto em um exemplo. Exemplo: Duas pessoas A e B fazem a seguinte aposta: elas vdo jogar duas moedas simultaneamente ¢, se 0 resultado for duas caras, A ganha dez cruzeiros, se for duas coroas, A ganha sete cruzeiros, e se for uma cara e uma coroa, B ganha 9 cruzeiros. Queremos saber se esta aposta é justa, isto é, se A ndo tem mais probabilidade de ganhar do que B, ou vice-versa. Para isto, vamos calcular o valor esperado por A e B, Observamos entdo que a probabilidade de dar duas caras ¢ 1/4, de dar duas coroas € 1/4 ¢ de dar uma cara e uma coroa € 1/2. O vetor probabilidade ¢ entdo (1/4, 1/4, 1/2) e 0 vetor aposta do ponto de vista de A ¢ (10, 7, -9) e do ponto de vista de B é (-10, -7, 9), onde o sinal menos indica a perda da aposta. O valor esperado por A ¢ dado pelo produto interno <(1/4, 1/4, 1/2) . (10, 7, -9) = 1 1 (10) +4) -5O)= enquanto que o° valor esperado por B & (1/4, 1/4, 1/2), (-10, -7. oyeF Produto Interno 225 © valor esperado por B € positive, indicando que ele tem vantagem na aposta. enquanto que © valor esperado por A é negativo, indicando que ele tem maior probabilidade de perder @ aposta. Esta s6 seria justa se nfo houvesse vantagem para nenhum dos apostadores, isto é, se o valor esperado para ambos fosse nulo, ou seja, 0 vetor probabilidade fosse ortogonal ao vetor aposta. © resultado a seguir estabelece uma relagdo entre ortogonalidade e inde- pendéncia linear. 8.1.4 Teorema: Seja {v,, v2, .... Yj} um conjunto de vetores nao nulos, dois a dois ortogonais, isto & (vy) =O parai#%j. Entao {y,, ..., ¥,} € linearmente independente. Prova: Seja ay¥y + 43¥2 +... + Gp¥n = 0. Fazendo 0 produto interno dos dois membros da igualdade acima por vj, temos: CaM) to + dav, VD) = (0. vA) e, portant, a, (vy. vj) +... + aj(Vp, ¥) +o + iy Wp. Hf) = 0 Como (vj, ¥)) = 0 para fj # fe (vj, vf) ¥ 0. temos aj tv , vi) = 0 e assim a = 0. Como isto vale para todo / = 1, ..., M, temos ay fv, ca Yat 6 LE 0, dp = 05 Jogo Vocé jé deve ter notado que quando se trabalha no espaco ( R°), em ge- ral & mais simples usarmos a base candnica {7, 7, kb. Isso se deve em grande parte a caracteristica de que estes vetores so dois a dois ortogonais. A conve- niéncia de bases desse tipo se mantém para espacos vetoriais quaisquer, como vocé verd em 8.2. 8.1.5 Definipao: Dizse que uma base {v;, ..., Ya} de V € base ortogonal se (vj, v7) = 9 para i # j, isto €, os vetores da base so dois a dois ortogonais. Observe que, pelo teorema anterior, se obtivermos um conjunto de n ve- tores dois a dois ortogonais num espago de dimensio n, este conjunto seré uma base ostogonal. 8.2 COEFICIENTES DE FOURIER Bases ortogonais so importantes porque existe um procedimento padrio para se encontrar as coordenadas de um vetor qualquer em relacio a elas. Seja V ‘um espago vetorial com produto interno ¢, ), 6 = {vy, ..., va} uma base orto- gonal de Ve w um vetor qualquer de V. Vamos calcular as coordenadas de w 226 ALGEBRA LINEAR em relagdo a 8. Sabemos que w = x,V; + x2V2 +... + xn¥p € queremos deter- minar a i-ésima coordenada x;. Para isto, fagamos 0 produto interno dos dois membros da igualdade acima por vj. Entdo (w, vj) = xj(¥j, vi) ww TETAS - Esta coordenada ¢ chamada coeficiente de Fourier de w is Vi donde xj em relagdo a vy 8.2.1 Exemplos Exemplo 1: Seja V = R® com produto interno usual e 6={0, 1, Gl, D}. Obscrvamos que 6 € uma base ortogonal, pois <(1, 1), C1, 1)) = 1-1) + + I{1) = 0. Calculemos [(2, 3)}p. Existem x, ¢ x2 tais que Q, 3) = Cl, I) tal, 0, onde x, © X2 si as coordenadas do vetor (2, 3) em relago a base B que esta- mos procurando. (2, 3), = aC, 1) + eCl, 1), (LD) (1, 1, (1, 2) + Ga(-1, 1), 0, 1) xi, D.C, 1) + 241, Ds C1, D> O segundo termo, x2 ((-1, 1), (1, 1)), € mulo e assim, _ (2, 3), U1) _ 5 * = 1), D) ~ 2 = 2,3). CLD) 1 Analogamente, x= Cl, ), Gh 1) 72 5/2 Portanto, 12, 3g = Vamos formalizar agora a nogdo de comprimento de um vetor num es- pago vetorial. Faremos isto de tal forma que seja verdadeira a relagio vista em 8.1, entre produto escalar e norma. 8.3 NORMA 8.3.1 Definigio: Seja V um espago com produto interno (, ). Definimos a norma (ou comprimento) de um vetor v em relaco a este produ- Produto Interno 227 to interno por vi = VW, v) . Se lvl = 1, isto é, (v, v) = 1, v é chamado ve- tor unitério. Dizemos também, neste caso, que v esté normalizado. Observe que todo vetor ndo nulo v € V pode ser normalizado, tomnando us wm _ Se considerarmos, por exemplo, V = R? e ¢,) 0 produto interno usual, entdo se v = (1, 2, 33) © B®, [lvl = Vv) = Ve ty tS que € 0 comprimento do vetor v. Assim, para v = (1, 2, -1), teremos o vetor nor- malizado. uete yrs - (Let vil Peer” \Wo' vo’ v6 A nogio de norma formaliza o conceito de comprimento. Exemplo: Vamos calcular a forga (que € um vetor) de atragdo entre dois corpos de massas 2 ¢ $ unidades, colocados nos pontos (1, 3, 5) e (2, 1, 0), respectivamente, sabendo que a intensidade da atracao entre eles ¢ dada pela my + , 1+ M2 onde m, é a massa do primeiro corpo, m, a do segundo e relagao d a distancia entre eles, ¢ sabendo ainda que a forca age na diregdo da reta que une os dois pontos. 4,3, 53 (2,1,0) Figura 8.3.1 Vemos que F deve ser um vetor na dirego e sentido de 101 . 2 - = (1, -2, -$) e deve ter intensidade —2~>—, - 2° 1 (2, 1, 0) - (1, 3, 5) = (1, -2, -$) ¢ dove ter imtensidade Fy = 5 ou seja, F =4 u, onde u é um vetor unitério na diregdo de (1, -2, -5). Por tanto, 228 ALGEBRA LINEAR 2 EER VR 21V9 5/90) e F=4 (N30, 230, 5N/30 ) = (11380, 2/396 , 5/3030) Vejamos agora que a definiggo formal de norma tem realmente todas as propriedades que esperamos de uma nogdo de comprimento. Propriedades: Seja V um espaco vetorial com produto intemo. Para quais- query, wem Ve a@ER. i) lvl > 0 ec [vil = 0 se, e somente se v = 0. Hf) jovi = fal Ilvil iii) Uw, w)l < |ivlillwil (Desigualdade de Schwarz) iv) lv + whl < Ilvil + [wh (Desigualdade triangular) Prova: Vocé pode mostrar i) e ii) a partir das propriedades do produto interno. iii) Sejam vy e w em V com v # 0. (Para v = 0 vale a igualdade Itv, w)l = = [Ivil iwi] = 0.) Para qualquer ¢ © R, (tv + w, tv + w) > 0, isto é, (y, vo? + 2dv, whe + (w, w) > 0 Temos entdo um trindmio do 2° grau que deve ser positivo para qualquer va- lor de ¢. Como © coeficiente @ DG ip Y= 6s 5) Normalizando estes vetores obtemos: vw ft 4 % (1 2 ivi Gage) isl Cds) Entio, 8’ = {u,, u,} é uma base ortonormal. O procedimento de ortogonalizagao de dois vetores pode ser generalizado para uma base § = {v,, ..., v,}. Tomemos como no caso anterior a MM Va, Vi) Vy = va = ey) onde ¢ E18 = Entdo, v, € ortogonal a v3. Vamos procurar agora um vetor V; que seja ortogonal ao mesmo tempo a Vv; € Vy. Por analogia 20 caso anterior vamos estabelecer que v3 = = Vy ~ mv) ~ kv) e determinar os valores de m e k tais que (vj, vj) = 0 ¢ (v5, vj) = 0. Desenvolvendo estas duas condigdes, obtemos: 232 ALGEBRA LINEAR dvb, vp) = 0 <2 vy = mv - kv}, vi) = 0 = (v3, Vy) = mig, Vi) = KW, Vy) = 0 Assim, como (v2, ¥;) = 0, temos «v3, v2) = 0 se, e somente se eM W,¥)) Da mesma forma, (v3, v3) = 0 se, € somente se m2 SD (v2, V2) E portanto, vy any END yy Ma WD “ww? Ww, 4" Observe que ke m silo os coeficientes de Fourier de v; com relagdo a vi ¢ a vy respectivamente, ou seja, v4 € obtido de v3, subtraindo-se suas projegdes sobre vi € V9. Procedendo de maneira andloga, obtemos 0s vetores V4, .a» Vn= ‘Assim, a partir de uma base 6 = {v,, ..., Yn} de um espaco vetorial V, construimos a base ortogonal {vj, ..., Yn} dada por: you A Wasi) vy = vy ~ ee BE wD Le Wy V) yp Wa VD ye Ya = Va ~ Gey) 7 Wi, vy) Ons ¥D wi, VP Este procedimento € conhecido como processo de ortogonalizagdo de Grane-Schmidt. , Se quisermos agora obter uma base ortonormal, basta normalizarmos os vetores vj. Isto é, tomando vi vill _ obtemos a base {u,, U2, .... Uy} de vetores ortonormais. | ay = I Exemplo 2: Seja B = {(1. 1, 1), (0, 2, 1), @, 0, 1)} uma base de R?. Vamos obter a partir de 8 uma base ortonormal em relacdo ao produto usual. Sejam vy = (1, 1, 1), V2 = (0, 2, 1), ¥s = (0,0, 1D. Produto Interno 233 wav =(1, 1,1) oe Wa, 4) 4@, 2, DL, 1.1) Pa wy 18 O20 Gata aca b= 3 = 0.2.1) -F0.1, DC, 1,0) Wa V2) a, Vy Wan v 7 Govt Yi $00) PPE ND Ci 10) - V3 = V3 _ 40, 0, 1, G1, 1. 1) (1D, (1 1p 1) = (0,0, 1) -0 -c2 2 FCg 3p) Entio os vetores normalizados sao v5 w= imin Ogee?) e 6’ = {u,, a, us} é uma base ortonormal. Observe no exemplo que, dos vetores originais da base 8 0 Unico que foi preservado, pelo menos em sua diregdo, foi o vetor v, a partir do qual foi ini- ciado 0 proceso de ortogonalizagdo. Vale a pena notar que partindo da mesma base 6 = {v,, v2, vs} poderemos obter uma outra base ortogonal A” iniciando, por exemplo, © processo de ortogonalizagéo a partir de v3(vi = v5 =(0,0, 1). Neste caso, os cilculos seriam simplificados pois v3 ja 6 um vetor unitatio. Obteremos assim 6" = {w,. wa, Ws}, onde o vetor cuja direedo & preservada é v3, € nio mais vy Exemplo 3: Seja 8 = {(1, 0), (0, I)} a base canénica de R?. Vamos obter a partir de 6 uma base ortonormal em relagdo ao produto interno de R?, defi- nido por (1, Yr), 2, ¥2)) = 2X2 = M2 - MY, t YY. (1,0) e =, 1). vw = (1, 0) Sejam vy vi 234 ALGEBRA LINEAR mo Va VD) eo 40, 1). C1, OP = We Gap SOD Geo oy OO DE 1 +50,9) Normalizando estes vetores obtemos: we eCE va) © ivi Assim, 6’ = {u,, 2} & uma base ortonormal em relagZo ao produto interno definido acima. Observe que a base inicial 6 é uma base ortonormal em relagio a0 produto interno usual de R?, mas no em relagéo ao produto aqui definido. 8.5 COMPLEMENTO ORTOGONAL Consideremos um espaco vetorial V munido de um produto interno ¢,) eum subconjunte nao vazio S de V. (S ndo € necessariamente um subespago.) Con- sideremos ent o subconjunto de V: S/ = {v€ Viv € ortogonal a todos os vetores de S}. Valem os seguintes resultados com relagdo a S. i) $+ & subespago de V (mesmo que S nao o seja) De fato, se v, © vz pertencem a S! e w é um vetor qualquer de S, en- tao v, Lwev; Lwe de 8.1.4, (iv) ¥; + ¥2 LW, ou seja, yy + + y) € S4, Analogamente, usando 8.1.4, (») 3v, 1 w para qualquer ER. ii) Se S 6 subespago de V, entio V = S@ St (veja 4.3.5). e 8! 6 chamado complemento ortogonal de S. Para mostrar isto, basta tomar uma base ortogonal de 5 {v,, V2, ..., vet (veja 8.4), estendéla a uma base de V, (Vy. VeWke1» <1 Wn © aplicar 0 proceso de Gram-Schmidt, observando que ¥;, .... Vg ndo mudam no proceso Obtémse assim uma base ortonormal de V, (Vp... Ves Veer y o> Vat. Note que {vj,ys--.¥q} € uma base de $4 (verifique). Assim, V = Way os VI [Where oe Val = SO St Produto Intemo 235. 8.6 ESPAGOS VETORIAIS COMPLEXOS — PRODUTO INTERNO No Capitulo 4, quando introduzimos espagos vetoriais reais, comentamos que se 0s escalares fossem niimeros complexes, (C) teriamos um espago vetorial complexo. O que queremos nesta secgdo é ressaltar um fato importante que corre com © produto interno num espago vetorial complexo. Observe 0 que ocorreria se tivéssemos V, um espaco vetorial sobre C, mu- nido de um produto interno <. ) segundo a definigdo 8.1.1 ¢ quiséssemos, dado v no nulo em V, calcular 0 produto (w, w) onde w = iv, Entfo, por um lado. pela condigao (i) de 8.1.1, temos (w, w) > 0. Por outro lado, (w, w) = ‘ = (iv, iv) = iy, iv) = Kiv, v= PQv, v) = 10, v) <0 pois wy >o. Entdo (w, w) deve ser ao mesmo tempo maior que 0 € menor que 0, 0 que é absurdo! Isto quer dizer que us duas condigdes {) (v, v) > 0 para todo ve iv) (vy, w) = (w, v) para quaisquer v, w sdo incompativeis quando estamos tra- balhando com espagos vetoriais complexos, Sendo assim, precisamos de uma nova definiydo. 8.6.1 Definiggo: Seja V um espaco vetorial complexo, Um produto inter- no sobre V é uma aplicagio GuVXV s¢ (uy) (uv) que satisfaz as seguintes condigdes: i}, v) > O para todo v € Ve (v, v) = 0 se, e somente se v = 0, ii) (au, v) = atu, ¥), para todo aE Ce uve V. Hi) (uy + uy, v) = Quy, ¥) + (uy, ¥) para todo uy, uy, VE V. Ww) (u,v) = (Wu) para todo u,v EV. Observe que a condigdo (iv) foi mudada em relagdo 20 produto interno definido sobre R. Ela nos diz que (u, v) é 0 conjugado de (v, w). Exemplo: Sejam V = C?, v,, v2 € V com vy = (x1, x2, x3) e vy = = (1, Ya) Ys). A expresso (i. Vp) = XP, + X2F2 + Kas define um produto interno em C*. Verifiquemos a condigao (iv), _ Mas Va) = WiFi F Yaka + Yoke = Hak + VaR + Ks = HE, + + Fao + Ws¥s = xy t+ xaP2 + X3Fs = Mi, v2) Um exemplo importante de espaco vetorial complexo ¢ dado pelo con- junto das solugdes de um sistema de equagées diferenciais tineares. Ele sera apresentado no Capitulo 12. 236 ALGEBRA LINEAR Do mesmo modo que definimos os conceitos fundamentais (norma, dis- tancia, ortogonalidade ete.) num espago vetorial real com um produto interno, podemos defini-los num espago vetorial complexo, Por exemplo, a norma de um vetor ¥ = (x,, ¥2, ¥3) € C® em relagfo ao produto interno dado no exem- plo anterior € os - 3 it = Vana) = Ved) fo Faas = Vi + bel? # eal Nio vamos tratar mais detalhadamente sobre este assunto porgue, neste livzo, estamos mais interessados em espagos vetoriais reais. 8.7 PRODUTO INTERNO E ESTATISTICA Uma situagZo que aparece freqientemente na andlise de experimentos € @ se- guinte: verifica-se que 0 fendmeno estudado tem n possibilidades distintas Sy. Sy, un Sq de se manifestar, cada uma delas com probabilidades ?. Pa, ~-. Pas Tespectivamente. O conjunto § = {S1, ..., Sp} € chamado espaco ‘amostral ¢ 0 vetot p = (Pi, «» Pn) € chamado vetor de probabilidades. Por exemplo, no lancamento de uma moeda, podemos considerar 5 = {cara, coroat e p= (1/2, 1/2); no langamento simultiineo de duas moedas, S = = {(cara, cara), (coroa, coroa), (cara, coroa)} e p = (1/4, 1/4, 1/2); num grupo de 3 pessoas podemos considerar $ = {pessoa 1, pessoa 2, pessoa 3he p= = (1/3, 1/3, 1/3) se cada uma delas tiver a mesma probabilidade de ser escolhi- da ao acaso, Se em um espaco amostral § = {Sy, ... Sn}, com respective vetor de pro- babilidade p = (p1, --s Px). associarmos, a cada elemento S; do espago amos- tral, um valor Xj, teremos o vetor X = (X), .., Xn) que chamaremos de varid- vel aleatéria. Vejamos alguns exemplos. 98.7.1 Exemplos Evemplo I: Se duas pessoas Ae B fazem a seguinte aposta: langam uma moeda e, se der cara, A ganhard 10 fichas e, se der coroa, B ganhard 10 fi- chas, Entio teremos § = {cara, coroa}, p = (1/2, 1/2), a varidvel aleat6ria do ponto de vista de A seré X = (10, -10) ¢ a variével aleatésia do ponto de vista de B seré Y = (-10, 10), Exemplo 2: Num grupo de ts pessoas A, B, C que pesam 70 kg, 80 kg ¢ 50 kg, respectivamente, podemos considerar S = 1A. B. Chpe = (1/3, 1/3, 1/3) € a varidvel aleatoria X = (70, 80, 50). Produto Intemo = 237 Exemplo 3: A situagdo esctita. no Exemplo d i le 8.1.3 podemos associar o espago amostral § = {(cara, cara), (coroa, coroa), (cara, coroa)}, 0 vetor de probabilidades p = (1/4. 1/4. 1/2) ¢ as varidveis aleatérias X = (10. 7. -9) que di a aposta de A, e Y = (-10, -7, 9) que da a aposta de B. o: of tim espaso amost s = ‘se, s+ Sn}, 0 vetor de probabilidades = Brom Pn ridvel aleatoria X = (X,, ... valor médio de X (ou valor esperado) ao numer “%o): deremnamos de X= iX + Xr +. + paXn de varianga de X ao némero VOX) = p(X, ~ Xt ap (Xn - XP © de desvio padrio de X a0 nimero D(X) = VIX). «a é ligagdo estes conceitos com o conceito de produto interno é estabele- la da seguinte forma: nas condig&es anteriores, consi ” i , consideremos em - te produto interno Rre seeuin (Bry Fn) ae ee Yn) = PL, to + Pann Temos entdo que, em selagdo a este produto interno ¥=(% (1... 1) Wx) =(X-¥ (1, 0, X- FC... 1) D(X) = 1X -¥ CG... Vil Vocé pode verificar tranqiiilamente estas igualdades. 8.7.2 Exemplos Exemplo 1: O produto interno associado é G1, 91), Bay YP = fee tty to ¥ 1 1 Entio X = ((10, -10), (1, Ip=ze 10+ 1 +510) - 1 = 0 e D(X) = = IO, 10) - O(1, 1) = IO, 1OpI = VG/2)10? * (1/2)10? = 10, (Faga o mesmo para a vatidvel aleatoria Y.) Exemplo 2: 0 produto interno é 1 1 C0. Pa, 24), Cay Yas 2a)) = BMEMa + Za + haze 238 ALGEBRA LINEAR Entéo ¥ = ((70, 80, 50), (1, 1. pede m1 eh. 80.14 S01 = = 700 , isto 6, 0 valor médio da fun¢do aleatéria peso (o peso médio) ¢ 200/3 e 0 desvio padrao é D(X) = {1(70, 80, $0) - 0 (1, 1, Fl = 1140/3, 40/3, -50/3)I1 = = VU MIO? + CSKAOIS + UK-SOB =P VI4 Exemplo 3: O produto interno & 1 1 1 Men, Vas Za)s Ga. Yas 22) = Gama + G2 F 7 7122 Entto ¥= (10, 7,-9.1, eb. 10-1447 poo = nao, 7,9) = 4a, bone wp BD = 153 (Compare com o Exemplo de 8.1.3.) Consideremos agora uma situagdo em que a um dado fendmeno associa- mos o espaco amostral § = {S,, ..., Sn}, 0 vetor probabilidade p = (P1,-.., Pn). € dois aspectos do fendmeno sdo representados por duas varidveis aleat6rias X = (Xj, Xp) © Y = (¥1, - Yn). Estamos interessados em descobrir qual € a relagio entre X ¢ Y. Sejam ¥ e Y os valores médios correspondentes 2 X e ¥. Considerando os vetozes K- Fw, Y= - Xow Xn - ¥) ¥- YO... = - Vejamos 0 que acontece se existir um némero ) tal que (11 - Yeon, Yn - Y= MM - Fo Xn XY Neste caso podemos concluir que se X mudar, Y mudaré proporcionalmente, ou seja, chegaremos concluso que os aspectos X e Y estudados esto forte- mente relacionados. Mas a existéncia deste nimero 2 ¢ equivalente a condigao de que os vetores tenham a mesma direcdo, ou seja, 0 angulo @ entre eles ¢ 0 ou 7, @ portanto cos@ = 1 ou -1. Assim, chegamos conclusio, que o valor do co-seno do angulo entre os vetores X - XI, Ie Y- YC, 1) é uma medida da relagdo entre X ¢ Y, A este valor os estatisticos chamam de coeficiente de correlapdo linear entre Produto Inteme = 239 Xe Ye denotam-se por r(X, Y). Aplicando a formula do co-seno do angulo entre dois vetores, temos: HX, Y) = AXLE Gs on Y= FO, os DD IX-XO, . DIY-¥O, ws Did Observamos que 0 produto interno indicado é aquele montado a partir do ve- tor de probabilidades e que quanto mais préximo r(X, ¥) estiver de 1 ov -1 mais podemos dizer que X e Y estdo correlacionados linearmente. Exemplo 4: Consideremos um grupo de 10 alunos do qual conhecemos as notas de Matematica e Fisica dadas pela tabela abaixo. Aluno 123456789 10 Matematica | 28 5775319 9 Notas isica 197274639 7 Queremos saber qual € a correlagdo entre os resultados nas duas matérias, Para isto, consideremos como espago amostral o conjunto dos alunos, numerados de 1a 30, S = {I, 2,.., 10}. Como a probabilidade de se considerar as notas de qualquer aluno € igual, o vetor probabilidade é, entio, p = (s ves i) a varidvel aleatoria que d4 as notas de Matematica é X = (2, 8, 5, 7, 7, 5, 3, 1, 9, 9) @ a que dé as notas de Fisica é Y = (1,9, 7, 2,7, 4,6, 3,9, 7). Caleulan- do, temos ¥ = 5,6 e ¥ = 5,5, X~X(1, ..., 1) = (3,65 2,4; -0,6; ...; -4,65 3,4; 3,4) ¥~ Vy... 1) = 4,55 3,55 1,55 05 -2,55 3,55 1,5) (XU, Y-FC,.., Ip=49 WX-¥(,..., DIF =7,4eh¥-FC,... VIP = € 0 coeficiente de correlagio & 1(X, Y) = 0.67 *8.8 O AJUSTE DE CURVAS E O METODO DOs MiNIMOS QUADRADOS Consideremos a experiéncia na qual se utilizou 0 circuito abaixo para determinar © valor da resisténcia R de um resistor. Bibvotech's oe 240 ALGEBRA LINEAR Feitas as medidas de corrente para varios valores de voltagem, 0s dados foram tabelados corrente (Ampére) v voltagem (Volts) © a seguir colocados em um gréfico 4 A partir destes dados, se quisermos obter a relagdo entre corrente ¢ voltagem, inclusive para pontos intermedidrios ou exteriores aos tabelados, deveremos propor uma curva (uma fungo) que se ajuste aos pontos tabelados. A proposta de tal fungo deverd levar em consideragao que: i) Qualquer medida contém um erro (inerente a0 aparelho de medigdo, falh» do operador etc.) if) Pode jd existir algum argumento te6rico ou de bom senso que nos indique qual deve ser 0 aspecto analitico da fungio. © item (#) nos mostra que exigir que a curva procurada passe por todos 0s pontos nao é somente desnecessério mas, provavelmente, errado, enquanto que o item (if) nos mostra que deveremos ter alguma argumentacao convin- cente para fazer previsdes. Juntos, estes itens mostram que entre todas as fangdes com um determinado aspecto analitico deveremos procurar aquela que, em um certo sentido, melhor se ajuste aos pontos da tabela. Na experiéneia que estamos considerando, por exemplo, existe uma fundamenta¢io Produto Intemo 241 tedrica que relaciona a corrente com a voltagem: V = R «i, isto ¢, 0 gréfico de V em fungdo de i deve ser uma reta passando pela origem ¢ com certa inclinagdo R que mede a resisténcia. Devemos, portanto, estabelecer um mecanismo que fornega o “melhor ajuste” aos dados de que dispomos. Como fazer isto? Uma idéia ¢ a de que a reta procurada deve ser tal que torne pequenos os desvios (isto é, a diferenca entre o valor dado na tabela e 0 valor dado pela reta) em cada um dos pontos da tabela. Mas como garantir isto? © método que escolheremos ser exposto na secego seguinte. rata a ser 8.8.1 © Método dos Minimos Quadrados Observemos inicialmente que se temos fungdes tabeladas x1 x2 x3 Ax) | fle) | A) | Aes) fa de forma que os valores da varidvel independente x1, x2, .., %_ S40 sempre os mesmos, cada uma dessas fungdes pode ser considerada como um vetor de um espago vetorial (o das fungGes definidas nos pontos x1, x2, ..., x,). Tal espago 6 isomorfo ao R” (veja 5.3.12) ¢ nele é que trabalharemos. Vamos generalizat um pouco a situagdo da introdugdo para podermos utilizar a linguagem da Algebra Linear é resolver o problema. Suponhamos que conhecemos o aspecto analitico de duas fungdes gy(x) © g2(x) € que queremos “aproximar” uma dada fungdo f(x) por uma combinagao linear de g,(x) € g2(x), isto é, queremos achar coeficientes cy © c, tais que a fungdo (x) = 181 (8) + ¢282(x) seja uma “boa aproximagdo” para f(x). Por exemplo, se g,(x) = 1 ¢ £2(%) = x, estaremos aproximando f(x) por uma fungio afim g(x)=cy+ crx; se gi(x) = sen x ¢ g)(x) = cos x estaremos aproximando por a2) = C, sen x + Cy cos x ete. 242 ALGEBRA LINEAR Vamos introduzir agora uma nogdo de distancia entre fungoes. Para isto, lembramos que se tivermos um produto interno <,> num espago vetorial podemos construir uma nogio de distancia entre dois elementos v1 ¢ v2 como a norma da diferenca entre eles. distancia entre vy € Y= Ivy - Yall = VW Definimos, entdo, o seguinte produto interno (verifique se realmente é um) no espago vetorial definide no inicio da secgfo. BB2 = fals1) + fales) + fal@a) + falea) + * fiGin) + faGind =F Ata Ae jel Com relagdo a tal produto interno a distancia entre duas fungoes ¢ dada pela expresso 203 ih-fl= /3 Gd - 4G) i=l Observe que a expressfo dentro do radical € exatamente a soma dos quadrados dos desvios que existem entre f,(x) ¢ f2(x) em cada ponto xj da tabela. ‘Lembrando que se sabemos que a soma de certos ntimeros positivos ¢ pequena ento podemos concluir que cada um desses niimeros € pequeno, teremos a chave para descobrir os coeficientes c, ¢ cz: devemos calcular a distancia entre f(x) e gs) = c1gi(x) + c2g2(x) 2 qual, evidentemente, serd fungdo de cy ¢ co, ¢ entio minimizéa seguindo os procedimentos normais de minimizagdo de fungdes de visias varidveis (consulte Leithold, L., “O Célculo com Geometria Analitica”, Edit. Harper & Row, SP, 1977). Seguindo este caminho teremos a distincia entre flx) ¢ g(x) dada por Der, C2) HIF - e181 ~ C28all = (fexi) - e181 (xi) ~ €28208))? i=l ‘Achando o ponto (ci, c2) que minimiza tal fungdo (isto ¢, achamos os pontos eriticos 2 2 0 e 22-0 etc.) teremos que os valores cy © ¢2 que Oey Ber fornecem a fungdo g(x) = cxgi(x) + ¢282(x) que melhor aproxima f(x) devem satisfazer o sistema linear: Produto Interno 243 ($ sepa) at (3 estsdess) as x aiGdfd isl i=l isl ( ya coats) at ( y sso.) as y sdf) fel al ist ou, lembrando a definigdo do produto interno 8.8.2, aa { Sbob Bet Senge Sa l> S82, 81> rt < 82,82 > 02 =< Bs, f> Como conhecemos a expresso de g1(x) € g2(x), os valores de f(x) nos pontos x; da tabela ¢ os produtos internos so dependem dos valores das fungdes nestes pontos, podemos resolver o sistema e obter os valores de cy € ¢2. Este procedimento é chamado 0 método dos minimos quadrados para ajuste de curvas, \ Exemplo: Ajustar uma fungao do tipo g(x) = a + bx aos pontos da tabela Temos g(x) = a+1 + b+ x?, ou seja, gy(x) = 1 @ go(x) = x? Entio =l+ltded+lel=3 <8 82 >= 10+ = 07-07 +17. 17 +2? =1-11+1-0141 = 07+ 1b +1? 0,142? - (3,1) =-12,3 Daf {z! Sb =- 19 Sa + 17b = - 12,3 Resolvendo temos @ = 1,12 e b = ~ 1,05. Portanto, entre as fungées do tipo a + bx? a que melhor se ajusta aos dados da tabela é 0,912 - 0,927x?. (Trace os graficos.) Podemos interpretar intuitivamente a formula 8.8.3 (na verdade a argumentagio a seguir pode ser demonstrada rigorosamente). Observe a Figura 8.8.1 onde f representa a fungao tabelada, g; © g2 as fungdes cujo aspecto analitico conhecemos e o plano representa 0 subespago 244 ALGEBRA LINEAR gerado por g; ¢ g2. A fungdo g = cyg; + cog procurada é 0 ponto do plano que esté A menor distancia de f Figura 8.8.1 Intuitivamente sabe-se que tal ponto ¢ o pé da perpendicular ao plano (isto pode ser provado rigorosamente). Portanto o vetor f - g é perpendicular a 1 © 82 (que esto no plano). Devemos ter entéo O== - C1 < 81, 81> = 02 <81, Br >t <8 > O=< gi, f-g>=~01<82, 81> - C2 < 82, 82> + <8, f > que so exatamente as relagdes de 8.8.3. Toda a argumentagdo anterior pode ser facilmente repetida no caso de termos um nimero k (k = 1, 2, 3, ...) de fungdes gj(x) ao invés de apenas duas, Formalmente: 8.8.5 Se quisermos achar coeficientes c,, Cz, ..., Ck tais que a fungao a(x) = C1g4(X) + c2ga(x) + ... + enge(%) € aquela que melhor aproxima uma fungdo tabelada f(x) no sentido do método dos minimos quadrados, tais coeficientes satisfazem o sistema linear ancy + di0g to + arKeK = Od Ayer + akrea t ... + agKey = de onde iy = < 8% By > b= e <, > € © produto interno dado por 8.8.2. Produto interno 245 8.8.6 Exemplos Exemplo 1: Vamos resolver o problema do inicio da secefio. Nesse problema a corrente i faz o papel de x, k = 1 € gi(i) = i Segundo o resultado de 8.8.5, R deve satisfazer =R <8 > Como < gi, g1 > = (0,03)? + (0,06)? + (0,10)? + (0,16)? = 0,0402 = 10+ 0,03 + 18 + 0,06 + 32 + 0,10 + 40 « 0,16 = 10,98 10,98 Portanto R= 9 G47 = 273.81 ohms Exemplo 2: Sabendo que a populago de uma certa localidade variou com o tempo segundo a tabela Ano Populagdo X 10* aproximando os pontos da tabela por uma fungao do tipo (t = tempo) a =atbtter, qual seré a populagdo em 1990? No contexto de 8.8.5 teremos & = 3, g(t) = 1, g2(f) = t, ga(t) = 27. Além disso, para os ntimeros se tornarem menores, identificaremos ¢ = 4 com 1940, ¢ = 5 com 1950 ete, Dessa forma 1990 serd representado com 1 = 9. Ento; << gi, 8 >a t+ < Bi, 82 Ob + <8, Bs PO= <8 f> <8n 81 >a + b + a + < 8s, 82 >b + < 83, 83 >O = <8, f > < 81,8154, = <82,81> = 22, <82,82> = 126, < 81,83 >=< 89,81 >= 126, = <83,82>= 748, < 83,83 > = 4578, = 63, = 36,3, = 2163 Substituindo e resolvendo o sistema temos a = - 2,415, b = 1,155 e ¢ = - 0,075. Assim g(t) = -2,415 + 1,155¢- 0.0751? e a populagio prevista para 1990 serd dada por g(9) = 1,905, ou seja, 1,905 - 10* = 19050 pessoas. Uma vez entendido o ponto de vista técnico, vamos discutir a confiabi- lidade dos resultados obtidos. Em particular, voeé confia no resultado do timo exemplo? Por que foi proposta uma fungo do tipo g(r) =a + bt + ct? para aproximar a tabela e ndo outra? A resposta a esta questao é dada no item (i) discutido no inicio da secgdo, isto é, devemos ter alguma funda- 246 ALGEBRA LINEAR mentag&o tedrica sobre o fendmeno que estamos estudando (no caso dindmica populacional) para entdo propor o tipo de fungdo. Na verdade a fungdo quadratica proposta no exemplo no satisfaz a este requisito; ela foi proposta apenas para exercitar a técnica. Um tipo de fungio que descreve um pouco melhor a dindmica populacional, apesar de no levar em conta uma série de fatores, é g(t) = ae com @ e b a serem determinados. Vamos refazer 0 problema nesta nova condigdo, lembrando-nos que, nos problemas de previsio, a nao confiabilidade dos resultados nao ¢ devida a Matemética, mas sim a quem props o modelo teérico. Exemplo 3: No exemplo anterior, prever a populago aproximando os pontos da tabela, utilizando uma fungao do tipo g(t) = ae”. Notamos que na forma como foi apresentado o problema nio poderemos usar diretamente 8.8.5, pois a fungdo g(t) proposta para aproximar no é uma combinagdo linear de fungbes conhecidas. Vamos colocé-ta noutra forma. Utilizando o simbolo = para “aproximadamente”, observamos que 0 problema original é achar @ e tais que fo) = a+ eh Aplicando o logaritmo neperiano a ambos os membros, temos F(t) =1n f(t) = Ina + bt Chamando ¢ = Ing, ¢2 = b, gi(t) = | e galt) = ¢, temos In ft) = erar(t) + ergr() Isto 6, 0 problema fica no contexto de 8.8.5 se aproximarmos no a tabela original, mas a tabela modificada. 0,693 Ft) = Inf) Assim =4, <1 82> 5 <82 81> = 22, <82, 82 > = 126 K gi, F > = 1,686,< go, F > = 10,404 Temos entdo o sistema 4c, + 22c, = 1,686 22¢, + 126, = 10,404 que resolvido fornece c; = 0,226, cz = - 0,822. Donde a = et = 0,439 € b = cz = 0,226, Assim g(t) = 0,439e4! e g(9) = 3,356. A populacio prevista sera de cerca de 3,356 10* = 33 560 pessoas. Produto Intemo 247 Compare este resultado com 0 do Exemplo anterior. Qual deles voce acha methor? Por qué? Em geral sempre que temos uma proposta para aproximarmos uma tabela por uma fungdo nao linear fazemos certas modificagdes para obter uma sitvagdo linear, ¢ entZo usamos 8.8.5. Uma palavra final deve ser dada com relagio 4 nomenclatura, Os estatisticos 20 utilizarema o método dos minimos quadrados chamam-no de andlive de regressao, Assim, fazer regressdo linear, quadrdtica ow exponencial significa aproximar os , dados de uma tabela por uma fungao do tipow + bx, a + bx + cx? ou a + e&%, res pectivamente, utilizando 0 método dos minimos quadrados (8.8.5). , 8.9 EXERCICIOS 1. Comprove que as fungdes definidas nos exemplos do pardgrafo 8.1 so pro- dutos internos. x . Seja V = RP. Sejam vy = (1, 1) © V2 = Ga. 2). Sef, 2) = = 2xyxa + x12 + X2V1 + Y1¥2, Mostre que f€ um produto interno, » . Mostre a desigualdade triangular. (Veja 8.3.2 - iv) (Sugestao: {lv + wl[? = =v + w, v + w); desenvolva ¢ use a desigualdade de Schwarz - 8.3.2 - iii). > Seja 6 = {(1, 2), (2, 1}. Use o processo de Gram-Schmidt para achar uma base ortonormal p’ de R? em relagdéo ao produto interno usual. " Seja B = {(1, 1, 0), (1, 0, 1), (0, 2, 0)}. Ache uma base ortonormal f' de R®, em relagéo a0 produto interno usual. a Seja 6 = {(-1, 1), (1, 1)}. Ache uma base ortonormal 6’ de R?, em relacdo ao produto interno definido no Exercicio 2. x Determine uma base ortonormal (em relago a0 produto interno canénico) para © seguinte subespago de R?: V = {(x, y, 2) © Rs x-y tz = 0} » . Seja WC R? o subespaco gerado por (1, 0, 1) € (1, 1, 0). a) Considere WL em relacdo ao produto interno canénico. Encontre uma base para WE, 6) A mesma pergunta anterior se W4 é considerado em relago ao produto interno <(x,y,2), (X',y'.2') >= 2a x’ ty eyez eg’, 248 ALGEBRA LINEAR 9, Seja T:R?+R? dada por T(x, », 2) = (2.x -¥, 2) seja W= ker T. a) Encontre uma base ortonormal para W4(em relagiio ao produto interno candnico de R*), +b) O mesmo em relagdo ao produto interno K(x. ¥, 2) E> = Deer ty ey deed! 10, Considere o subespago W de R® gerado por y, = (1, 0, 0), »2 = (0, 1, De vy = (1, -1,-1). Sendo < > © produto interno candnico (a) Ache W"; (b) Exiba uma transformagdo linear T: R°> R? tal que m(T) = We ker(T) = Wi 11. Considere em R? 0 produto interno <0, ¥, 2, Oy, Z)> = xe x + Sy sy t2ze2 a) Verifique se realmente é um produto intemo. b) A partir da base {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ache uma base orto- normal, 12. Seja P; 0 espago das fungdes polinomiais reais de grau menor ou igual 2 dois. Definimos em P2 é um produto interno? ) Se a resposta de (a) for afirmativa determine uma base ortogonal para W. 13. Seja V = RP ¢ S= ((1, 0, 1), (1, 1, 0), 2,1, Di a) Encontre $4. ) Encontre uma base ortogonal para S ¢ Si. ©) Se $ Fosse (1, 0, 1), (1, 1, 0), (2, 1, 1}, qual seria S17 Neste caso, en- contre uma base ortogonal para $e $+. 14, Seja A = 1 por 9) aa Jnxq uma matriz quadrada, Definimos 0 trago de A, 7r(A), 2-1 a) Calcule Tr 2 4] b) Tr(A + B) = Tr(B- A)? c) Tr(A) = TAS)? a) THA) = (THA)? e) Tr(A + B) = Tr(A) - Tr(B)? Produto Intemo 249 15, Sejam A e B matrizes de M(2, 2). Define-se = Tr(BF+ A) a) Verifique que é um produto interno, b) Exiba uma base ortonormal segundo este produto interno, a partir da 10) (1 1) fi 0) fa bs 1 ce (5 (6 eG (i ') 16, Um corpo é deslocado em linha rets do é ponto (-1, 3) até o ponto (5, 2 por uma forga constante F = (3, 2). Qual é o trabalho realizado? &? 17, Podemos definir uma “distancia” entre dois pontos P = (x,, y,) e Q = = (x2, ¥2) do plano por d(P, Q) = Ix, - x1! + Ip ~ y, | (weja a Figura 8.9.1). Verifique se a aplicago dada por (x1, ¥1), (2, Ya) = a(P, Q) define um produto interno no plano. Figura 8,9,1 18, Uma particula percorre a trajetéria OABO onde O, A ¢ B sao os pontos (0, 0, 0), (1, 1, 0) © ©, 1, 1) respectivamente (a unidade de comprimento é © metro) com velocidade constante de 1 m/seg. Se um campo elétrico induz uma forga na particula dada por G11) se OKt = 0} Mas <(x, y,z),(1,0,0)> = x = 0 = ytz = 0 Assim W1 = {x,y,z)Ix = 0 e y = -z} = {(0,-z, 2), z ER} = {2+(0,-1,1), zER} = {@,-1,1)] 6) Para que ker (7) = W! devemos ter T(0, -i, 1) = (0, 0, 0). Por outro lado para que Jm(T) = W cada um dos vetores (1, 0, 0) e (0, 1, 1) deve ser imagem. Observando que {(0, -1, 1), (1, 0, 0), 0, 1, I)} formam uma base de R? (por qué?) e que uma transformagio linear fica determi- nada pelo o que ele faz numa base, podemos escolher 7 tal que T(O, -1, 1) = (0, 0,0), T(1, 0,0) = (1,0,0)e 7(0, 1,1) = (0,1, 1) A seguir achamos a expresso de T(x, y, 2). Ye Z)I =00 <2), 13, a) St = [(-1, 1, D) 4) S no € subespaco 9 S8=10,01),0,2,-Dle St = (G1, 1) 14.2)7 by smc) sim) no.) nfo Bye y | fae 0 0 a a a woe _} |: : aL 9 Flo o* 1 0 °F 19. x 5-18 20. B leva vantagem, 3,69 fichas, 21. 0,82 Leituras Sugeridas e Referéncias ‘Hottman, K. e Kunze, R.; digebra Linear, Kéitora Poligono, Sdo Paulo, 1971, 2Kemeny, J., Snell. J. e Thompson, G.; Introduction to Finite Mathematics; Prentice Hall, Englewood Cliffs, 1957. 3Tetra; Algebra Lineal; Harla, México, D.P.1976. “Leithold, L.; O Céileulo com Geometria Analitica; HARBRA, Sao Paulo, 1977. TIPOS ESPECIAIS DE OPERADORES LINEARES 9.1 INTRODUGAO Neste capitulo vamos estudar dois tipos especiais de operadores. Tais operado- res so importantes, no apenas pelas propriedades interessantes que eles possu- em, mas também por serem os que mais upatecem em aplicagdes priticas ¢, assim sendo, merecem um estudo um pouco mais apurado. Os operadores auto- -adjuntos aparecem naturalmente em problemas que envolvam simetria e em outras situagdes como em Mecanica Quantica, onde esto normalmente associa- dos a consideragdes sobre energia do sistema. Outro tipo de operadores, os or- togonais, aparecem na Dinémica de Corpos Rigidos, ligados a problemas de ro- tagio e translagdo. No Capitulo 10 vocé verd 0 uso desses operadores no estu- do de cénicas e quédricas. Iniciamos 0 estudo desses operadores fazendo algumas observagdes. A primeira delas diz que, ao teabalharmos com base ortonormal, 0 produ- to interno poderd ser expresso numa forma candnica (teorema 9.1.1). As outras versardo sobre propriedades de certos tipos especiais de matrizes que caracterizardo os operadores serem estudados, 254 ALGEBRA LINEAR 9.1.1 Teorema: Sejam V um espaco vetorial real com produto interno (,) ea = {uy, -. ty} base ortonormal de V. Entdo, se v € w So vetores de V com WW) = xy) + Xay2 to + XnPne Em outras palavras, a0 trabalharmos com uma base ortonormal, para efe- tuar 0 produto interno de dois vetores basta multiplicar as coordenadas corres- pondentes e somar. Prova; v= Xythy Fxg, +. + Xp © Ws vy + ¥aU2 +. + Yalta du, w) = Uy tw xn Vit to + Fn? = cpu te tala, Pay) + ep uy Hon + Xs Prd? + EAR Uy Fo + Xn, Puta? n n n = y xp (aj, uy) + y Xpyo (ly, U2) + Yin (uj, Un) Bi 1 Mas como (uj, _ [ose ies lsei=s, 05 tnicos termos no nulos sio aqueles onde / = j, Logo, du, Ww) = Xie, Habe te tele A seguir introduziremos as matrizes que estardo associadas aos operadores a serem estudados. 9.1.2 Definigdo: Seja A uma matriz n x n real € A’ sua transposta. a) Se A =A’ dizemos que A é uma matriz simétrica. b) Se A+ A’ = A’+ A =I (ou seja, a inversa de A ¢ A’), dizemos que A € uma matriz. ortogonal No Capitulo J ja vimos exemplos de matrizes simétricas. Quanto 4 se- gunda definigio, as matrizes ortogonais determinam um subconjunto das matri- Tipos Especiais de Operadores Lineares 255 zes inverstveis, Efetivamente a relacdo entre matrizes simétricas, inversiveis € ortogonais indicada pela figura abaixo, . M_: matrizes oo ML : matrizes inversiveis Zags) ‘MO: matrizes ortogonais MS: matrizes simétricas Figura 9.1.1. Como exemplos de matrizes ortogonais temos: Exemplo: sen @ cos@ 0 0 0 1 cos -sen @ sen cos @ cosh -sen@ 0 ] Para verificar isto basta multiplicar cada uma pela sua transposta obtendo assim a matriz. identidade. Calculando temos, no primeiro caso: cos@ -sen 9] { cose send] _ sen@ cos @| |-sen 8 cos 6 | ~ _ | cos* @+sen? 9 0 _ fl 0 “Lo sen? @ + cos? @]~ [0 1 Observe que a transformago associada 4 primeira matriz € uma rotagiio. (Veja 5.2.4.) Consideremos agora trés propriedades das matrizes ortogonais. 9.1.3 Teorema: Seje A uma matriz ortogonal. Ento deta Prova: Como A € ortogonal, A- A’ = I. Entio det(A+ A’) = detI e (det A) (det A’) = 1 Mas det A = det A’. Assim (det A)? = 1, ou seja, det A = 41. 256 ALGEBRA LINEAR 9.1.4 Teorema: Uma matriz é ortogonal se © somente se as colunas (ou as linhss) séo vetores ortonormais. Prova: Seja ay a 1m ay @ a aut a2 an ani Ana Sonn Na primeira parte da prova queremos mostrar que se A é ortogonal isto im- plica que sdo ortonormais (0 mesmo vale para as linhas). Para isto, fagamos 0 produto de A pela sua transposta. ay an | Pane tn AAS : = iy Aan | Lm On 10 0 On aiy to + Onan 01 0 yyy + + Orndnr din t+ Gin 060. 1 pois A'A = an Observamos que a3, +... + a3; = 1. Mas isto quer dizer que | | € unitario. any Da mesma forma, percorrendo a diagonal principal, vemos que cada vetor-co- luna da matriz A é unitdrio. O que encontramos saindo desta diagonal? . 0 elemento na posi¢do i, j ((#/) € ayjayj +. + Anidnj © Seu valor deve ser zero. ay ay Mas isto diz que o produto interno de | : | por | : | € nulo, ou seja, os ani nj Tipos Especiais de Operadores Lincares 257 vetores-coluna sio dois a dois ortogonais quando i # j. Estd terminada, entdo a primeira parte da prova. Ainda falta provar que se os vetores-coluna (linha) de uma matriz forem ortonormais, a matriz. serd ortogonal. Vamos deixar esta prova para vocé, jd que ela é apenas uma adaptu- go da prova dada acima. (Veja o Exercicio 4 da secedo 94.) Apresentaremos agora uma situag%o onde as matrizes ortogonais ocorrem naturalmente. Exemplo: Seja V = Re a = {(1, 0) (0, 1)} eB = {(cos 8, -sen 0), (sen @, cos 0)} bases ortonormais. Calculemos a matriz de mudanca de base (ng. (Veja 4.7.}. Como # € uma base ortonormal, podemos encontrar as coor denadas dos elementos da base a em relagio a B por meio dos coeficientes de Fourier. 0), (cos 0, sen 0) (1, = Gos @, sen 0), Coos 8, -sen ayy (008% ~sen 9) + + U0) (sen 8, cos a) (sen 0, cos 8), (sen 8, cos @)) =cos 8 (cos 8, -sen 6) + sen 0 (sen 0, cos 0) Gen 8, cos 8) = Analogamente, (0,1) sen # (cos @, -sen 8) + cos @ (sen 0, cos @) Assim [cos @ -sen @ ug = [es 8 cos ;| Observe que esta matriz & ortogonal (veja o Exemplo de 9.1.2). Tal resultado vale em geral, 9.1.5 Teorema: Se ¥ é um espaco vetorial com produto interno e a e 8 sio bases ortonormais de V, entao a matriz de mudanga de base ty é uma matriz ortogonal, Prova: Sejam a = {¥y, Va} @ B= {Wiss Wa} © an Mn Ug = Qn Onn ash obblegsece! UFPe! 258 ALGEBRA LINEAR Como 8 é base, existem mimeros aj tais que VE = Wy to. + en Wn Vn = dinWi t+. + @nnWn Mas a € ortonormal ¢ por isso cada v; é unitario, Isto é, 1 = (vj, vp. Além disso, B ¢ ortonormal e assim podemos encontrar (vj, vj) multiplicando as coor- denadas. (Veja 9.1.1.) Portanto 1 = a3; + ... + a}y. Em outras palavras, cada vetor-coluna de [/]f € unitério. Mostraremos agora que estes vetores sao orto- gonais ¢ portanto (ay & ortogonal. (Veja 9.1.4.) Como vj ¢ yj sio ortogonais quando i + j, 0 = (vy, yp) = aj tt nin; ay ay ou seja, ¢ |: | sio ortogonais sempre que i # 7 Oni nj Assim a afirmagio de que (/] ¢ ortogonal € verdadeira. Observamos, entdo, que nesta situagao By - tf iy’ = 1, ou seja, ((78)’ = (UIE), & ainda mais By . ine (uy = Wig Isto facilita 0 processo seguido para se encontrar (JB. conhecendo Lg onde a ¢ B sio bases ortonormais. [/]8 € nada mais que # transposta de [/]f. Estamos agora em condigdes de introduzir os conceitos de operador ortogonal € auto-adjunto. 9.2 OPERADORES AUTO-ADJUNTOS E ORTOGONAIS Agora definiremos os operadores associados as matrizes estudadas em 9.1, esta- beleceremos relagdes entre estes e 0 produto interno e descobriremos as parti- cularidades de seus autovalores. Isto nos permitiré chegat 2 importantes resul- tados sobre dizgonalizagdo na proxima secgio. 9.2.1 Definiga base ortonormal e Seja V um espago vetorial com produto interno, @ uma -+ V um operador linear. Entio Tipos Especiais de Operadores Lineares 259 a) T é chamado um operador auto-adjunto se [T}q € uma matriz simé- trica. 4) T € chamado um operador ortogonal se [TI& € uma matriz. ortogonal. Os operadores auto-adjuntos (ou ortogonais) estdo bem definidos no senti- do de que o fato de um operador ser auto-adjunto (ou ortogonal) ndo depende da base ortonormal escolhida, isto é, se [T]% for simétrica (ou ortogonal) numa determinada base ortonormal @, entao (rh também seré simétrica (ou ortogo- nal) para qualquer outra base ortonormal 8. Mostremos este fato no caso do operador ser auto-adjunto. (O caso ortogonal é demonstrado de maneiza simi- ar.) Sejam a e B bases ortonormais e suponhamos que (71g, seja simétrica. Queremos mostrar que {7p também é simeétrica, isto é, (TY = (7 Observamos que inh = day orig -ung Também chy = by pois a € § so ortonormais (Veja 9.1.5). Entio ing = Uy ing - Tomando a transposta temos ary - «by -angy «tah = by erie 8 = (7h pois (WB)" = (8 © (TI ¢ simétrica. 9.2.2 Exemplos Exemplo 1: Consideremos T:R? +R, 4 rotagio de um angulo @ em tomo do eixo-z. Podemos expressar T por: T(x, y, 2) = (x cos @ - y send, x sen6 + y cos 9, 2). (Verifique.) 260 ALGEBRA LINEAR Figura 9.2.1 Tomando a base canénica @ e calculando « matsiz de T nesta base, temos cos @ -sen 0 0 (71g = | sen @ cos 8 0 0 o 4 Ji vimos que esta matriz é ortogonal ¢ portanto T & um operador ortogonal. Exemplo 2: Soja T:R? +R? onde T(x, y) = (2x - 2y, -2x + Sy). Se a 6 a base candnica de R?, a matriz de T é (718 = [2 2], uma ma- wiz simétrica, ¢ portanto T é operador auto-adjunto. Estudemos agora as propriedades destes operadores. 9.2.3 Teorema: Seja V um espaco vetorial com produto interno ¢, ) T: V+ ¥ linear. Entdo T auto-adjunto implica que (Fv, w) = (v, Tw) para todo wwe, Prova: {caso n = 2) Sejam a= {y,, v2} ume base ortonormal, v = wey + y2¥9 ou [vy = ps] @ Ila = ie] Como T € autoadjunto, [7]f simétrica. seja (78 = [; | Wy tv. © Tipos Especiais de Operadores Lincares 264 - ab x ax, + by aob Entéo (7¥]y = [; ‘| [3 = ES + i] ec UTWle|§ 4 [| = _) ax, + bys “bx: + cya Assim (Tv, w) = (ax; + by, )xy + (bx, + ev bye e W, Tw) = xy(axz + by2) + yi(bxz + cy2) © portanto, (Tv, w) = Ww, Tw). 9.2.4 Teorema: Seja T:¥ > V auto-adjunto e A;, Az autovalores distintos de Te y, @ ¥z Os autovetores associados a A, ¢ Az, respectivamente, Entao vy Lv. Prova: Da Wr, V2) = Avi, va) = (P¥y, va) = Wy, TV) = = Wy, Ave) = Ad (1, Ye) Entdo (A ~ Ag) (1, ¥2) = 0, Como Ay - Az #0, vem que (vy, v3) = 0 ou vy L v3. As propriedades dadas a seguir sio conseqiléncias dos resultados anteriores mas so tao importantes que as destacaremos numa secedo especial. 9.3 DIAGONALIZACAO DE OPERADORES AUTO-ADJUNTOS E CARACTERIZACAO DOS OPERADORES ORTOGONAIS. © teorema 9.2.4 nos dé uma idéia de que, com relaco A diagonalizacao, os operadores auto-adjuntos comportam-se de uma maneira especial. Por exemplo, se T:V + V for auto-adjunto, dim V =n e T admitir n autovalores distintos (portanto uma base de autovetores), entdo T é diagonalizavet ¢ os autovetores sio automaticamente dois a dois ortogonais e, ap6s a normalizagdo, podem ser transformados em ortonormais, Isto é, 7, além de ser diagonalizavel, admite uma base ortonormal de autovetores. Tal propriedade continua valendo em ge- ral e € caracteristica dos operadores auto-adjuntos. Temos assim: 9.3.1 Teorema: Seja T: V+ V um operador auto-adjunto, Entao existe uma base ortonormal de autovetores de T. Se vocé esta interessado na demonstragdo desse teorema, siga cuidadosa- mente as etapas enunciadas nos Exercicios 10, 11 e 12 da secgdo 9.4. 262 ALGEBRA LINEAR 9.3.2 Exemplos Exemplo 1: Seja T:R? +R? 0 operador linear cuja matriz em relagdo a base candnica & 2 0 0 IT]=| 0 6 1 o 1 6 Podemos exibir uma base ortonormal de autovetores para este operador? Inici- almente observamos que T é um operador auto-adjunto pois a base candnica € ortonormal (em relagdo ao produto interno candnico) ¢ a matriz é simétrica, O teorema 9.3.1 garante, entdo, a existéncia de uma base ortonormal de autoveto- res, Calculando os autovalores e autovetores associados temos: Para hy = -2, v1 = (1, 0, 0); para Ay = 7, v2 = (0, I, Le para As = 5, vy = (0, 1, -1). Como estes autovetores provém de autovalores distintos-e T é auto-adjun- to, 0 teorema 9.2.4 garante que eles sio ortogonais. Entdo {(1, 0, 0),(0, 1,1), (0, 1, -1)} é uma base ortogonal de autovetores. Basta agora normalizd-los para obtermos a base procurada: (1,0, 0, Fz .1, 1, FRO 1D. Exemplo 2: Seja o operador linear T:R° -+ R? cuja matriz em relagfo 4 base canonica Exibamos uma base ortonormal de autovetores para este operador. Procedendo de modo andlogo ao anterior, vemos que T é auto-adjunto e portanto tal base existe. Calculando os autovalores ¢ autovetores associados temos: Para Ay = 0, os autovetores so do tipo (-y, ¥, ») € © subespago destes autovetores tem di- mensdo 1. Para dz = 3 os autovetores si0 do tipo (y +z, y, 2) € 0 subespago associado tem dimensao 2. Vamos construir uma base de autovetores escolhendo um autovetor do subespago associado a Ay = 0 e dois autovetores LI do subespago associado a Az = 3. Suponhamos que v; = (-1, 1, 1) tenha sido tomado no primeiro subes- pago. Como todos 0s autovetores no segundo so da forma (y +z, y, 2), obser- vamos que © produto interno de (-1, 1, 1) com qualquer da forma (y +z. ¥, 2) Tipos Especiais de Operadores Lineares 263 € 0. Mas nao € garantido que quaisquer dois vetores de (y +z, ¥. 2) So orto- gonais, mesmo que sejam LI, Por exemplo, (1, 1, 0) e (1, 0, 1) so LI mas niio ortogonais. Contudo, podemos usar 0 vetor (1, 1, 0) € procurar outro ve- tor do tipo (y +z, y, z) que seja ortogonal a (1, 1, 0), isto ¢, 0 produto in- terno destes deve ser nulo, Ou seja, yeztyedytz=0 ov 22-2 Um vetor que satisfaga estas relagdes deve ser do tipo (-y, y, -2y). Por exem- plo (-1, 1, -2) Ficamos assim com a base {(-1, 1, 1), (1, 1, 0), (-1, 1, -2)} que é for- mada de autovetores dois a dois ortogonais. Normalizando estes vetores temos a base procurada: 1 ae, d. Fea. 1,0, Fee, 1, -2)} Suponhamos que @ seja uma base ortonormal qualquer de Ve B a base ortonormal de autovetores dada pelo teorema 9.3.1. Observemos a relagdo entre IHG © (7h, Temos (7IE = Ug «(7S UIE = (ay - IT «LE © portant, ee _ aney Ing = Uigy - rh + LNG ois a eB sfo ortonormais. Isto serd utilizado na classificagio das cdnicas. O teorema seguinte caracteriza as transformacdes ortogonais. 9.3.3 Teorema: Seja T:V + V um operador linear num espaco vetorial V com produto interno ¢, ). Entdo as condigdes abaixo so equivalentes: a) T € ortogonal. 4) T transforma bases ortonormais em bases ortonormais. Isto é, se {¥25 sm Vn} € base ortonormal de V, entdo {7v,, .... Tv} ¢ uma base orto- normal. ¢) T preserva 0 produto interno, isto €, Tu, Tv) = (u, ¥). d) T preserva a norma, isto é, liZvil = Wh. Prova: A demonstragao € deixada como exercicio. O item (d) dé uma caracterizagdo geométrica dos operadores ortogonais. Estes so, entre os operadores Jineares, 08 que esto associados a movimentos rigidos. Por exemplo, se nos restringirmos as transformagoes lineares do plano no plano, estes operadores serdo as rotagdes de um dngulo @ ¢ as reflexdes em relagdo a uma reta pela origem, ou composigdes delas. 264 ALGEBRA LINEAR Tipos Especiais de Operadores Lincares 265 8. Mostre que uma transformacdo ortogonal do plano no plano deixa invariante a distancia entre dois pontos, isto é a Pontos, isto é, dados ue v vetores quaisquer do pla- 9.4 EXERCICIOS 1. Seja a = {ws, Wa, Wy} ume base de V, um espago vetorial real com pro- duto interno ¢, ). 7a) - Tl = tu = vb 5 Si : wy -[cle mel 3 (Sugestdo: use o teorema 9.3.3 (d),) 3 =3. é 9. a) Mostre que se T é uma transformagdo ortogonal do plano no plano, sua matriz em relagdo a base candnica s6 pode ser da forma: ‘ cosa ~sen @ sen @ cos a Se (u, v) = 2, a base @ € ortonormal? A 2. Ache valores para x ¢ y tais que Li | seja uma matriz ortogonal. 3, Sejam a = {(1, 1), (2, 0)} eB = {(-5, 0), (2, 1)}. A partic das bases a © ou da forma B construa bases ortonormais, usando o método de Gram-Schmidt. Se estas novas bases forem a’ ¢ ’ respectivamente, mostre que a matriz de mudanga [Ss a@ sen | de base Ue 6 ortogonal. sen @ -cos @ (Sugestio: 9.3.3 (@).) 4, Dada uma matriz A cujas colunas sdo vetores ortonormais, prove que A é ane 5) Observe que se a matriz de T for da forma dada por A. T seré uma ro- tapdo de um angulo a (veja 5.2.4.), Mostze que B= A - J onde J = 5, Seja Tx, y, 2) = 2x + y, x ty +2, y - 32) de R? em R® com produto interno candnico. a) Mostre que T é um operador auto-adjunto mas nao ortogonal. b) Se v = (2, -1, 5) e w = (3, 0, 1), verifique que (Tv, w) = , Tw). c) Exiba uma base de autovetores de T ¢ verifique que ¢ uma base ortogo- nal. A partir desta base, escreva uma base ortonormal. 1 0 4 = [3 J] - (J € a matriz em relagdo 4 base candnica de teflexdo no eixo-x, Veja 5.2.2. Conclua finalmente, usando composigo de fungSes, que se a transformagdo T tor dada por B, T sed uma reflexdo através de uma reta do plano que passa pela origem. 10. Sejam ¥ um espago vetorial real de dimension, com produto interno (,) ¢ T:V-> V um operador linear auto.adjunto. Se a for uma base ortonormal de V, chamemos de A a matriz. (T}®. Consideremos a transformagio linear Ty :C" + C" dada por a 0 0 6. Dada a matriz A= |0 6 c oc b a) Mostre que os autovalores sio: a, b + ce bc b) Ache uma base de autovetores. am x 7. Seja o operador linear T:R? ->R® cuja matriz em relacao @ base canénica & Tl fea 1 4 2 Xn Xn 45 onde xj € C (C = conjunto dos nimeros complexos) e 0 prod 2-4 canénico em C", dado por produto interno Exiba uma base ortonormal de autovetores. WW =F + X22 tn tt ADy teca de Bibliot Ciéncia & Teen 266 ALGEBRA LINEAR x vi paav=|: | ew= (Veja 8.6.) Xn Jn a) Mostre que 7, tem sempre autovalores. (Sugestdo: Lembre-se de que um polinémio sempre tem raizes se estivermos trabalhando sobre os ntmeros complexos.) b) Mostre que (Ty¥, We = , TyWe pata quaisquer v, w € C7. (Sugestdo: Siga a idéia do teorema 9.2.3.) ) Mostre que 0s autovalores de Ty so necessariamente reais. (Sugestdo: Chame de X um autovalor de Ty com autovetor v. Lembre que para um ntimero complexo % ser real, basta que ele seja igual ao seu conjugado. Desenvolva entdo (T,v, v), de dois modos distintos, utilizando o item (b) € as propriedades de produto interno sobre um espace vetorial complexo. Veja 8.6.) d) Mostre que os autovalores de Te Ty s0 0s mesmos. ¢) Utilizando os resultados anteriores, conclua que um operador linear auto- -adjunto tem autovalores ¢ eles sd0 necessariamente reais. 11, Seja V um espaco vetorial real de dimension, 7: > V um operador linear auto-adjunto e v © V um autovetor de 7. a) Mostre que [v], 0 espago gerado por v, é invariante por aplicagio do ope- rador T, isto é, se w € [v], entdo Tw € [v]. b) Mostre que [y}!, 0 complemento ortogonal de [y] (veja 8.5), ¢ invariante por aplicagio do operador T, isto 6, se w € [v}', entdo Tw € {vit e por- tanto T induz um operador linear 7; :[v]+> [v! w +Tw ¢) Mostre que © operador 7, definido no item (6) é autoadjunto. d) Mostre que todo autovetor w de 7, com autovalor 6 também é autove- tor de T com o mesmo autovalor 6 12. Demonstre 0 teorema 9.3.1, isto ¢, se T:V> V um operador linear auto-ad- junto, entao existe uma base ortonormal de autovetores de T. (Sugestao: Faga por indugao finita sobre a dimensio de V, utilizando os Exercicios 10 el) 13. 2) Dé # transformagdo linear que descreve 0 movimento rigido que leva o segmento de extremos (-6, 2) e (-1, 2) no segmento de extremos (-2, 6) e (1, 2) respectivamente. b) Mostre que esta transformagao € uma rotagHo € encontre seu dngulo, 14. a) Use a definigéo 9.2.1 ¢ 0 teorema 9.3.1 para mostrar que um operador é auto-adjunto se e somente se existir uma base 8 de vetores ortonormais em relagdo a qual (Th é diagonal. Tipos Especiais de Operadores Lineares 267 5) Use agora © resultado acima para dar uma caracterizagdo geométrica das transformagoes auto-adjuntas do piano no plano, (Observe que [5 tk = i ° . It 9] € note 0 efeito geométrico de cada uma destas duas dltimas matrizes. ¢) Analise sepacadamente em 6) os casos Daez0e¢ b#0. ii)a=0 ¢ b#0. i) a =0 © b=0. 7 a f-1 3 ) Seja a a base candnica e (TIE = [ 3 3] i) Diagonalize 0 operador T. (Escolha uma base ortonormal.) if) Interprete geometricamente T usando 6). iif) Teste sua interpretagdo geomeétrica, verificando qual é a imagem por T de um quadrado de vértices (0, 0), (1, 1), (0, 2) ¢ (1, 1). 9.4.1 Respostas 1, Nao, pois uy >#2+5+(1)-2 +3 (3). . i 1 1 1 a =p BE--F -1, 0), 0.1 3.4 (G BR & RB 8 1, 0), (0, 1)} a 1 | FF TF a arty _ Wy + st tp =f lg lg) a s. (11 = i 1 ‘| é simétrica. Logo T € auto-adjunto, Como as colunas 11. ol -3 de [7] no sio vetores ortonormais, T ndo € ortogonal. TA =-9% Mr = Ar = my =, -2,-1, Y= (1,01. vs =O, 1-1) 1 1 4 = Aah ok L 1 1 Bee Te aR a? b 9. 2) Sejam T [2 i | © v= @, y) qualquer T ortogonal > {ITiyl 268 ALGEBRA LINEAR = ippll ete., escolhendo varios vetores v para gerar um sistema de equagdes que fornece a, b, ced. 'b) Sugestdo: a inclinagdio da reta pela origem tem inclinagdo de é onde » = (x, »), € mostre que esta imagem ¢ . Ache a imagem do ponto (x, »)s exatamente B+ CG |: ow seja, Ty. 11, a) w & [vy] ==> au € R tal que w = wv. Tw = Tluv) = uTv = w+ dv onde 2 € 0 autoval (wd)v € [v], @ portanto Tw © Iv]. b) Seja w € [v}/. Endo = 0. Como < /w, v > = < w, Tv > pois T € autoadjunto, € Tye WW. < Tw. > 2 Sw > aA Sw > a0 Portanto, Tw € [v]!. 0) Seja B= {ify Yee Entdo fy = {V25 «+ Vn } € uma base de ty. Jor associado a v. Mas ., Yq} uma base ortonormal de V. (TI, 6 simétrica pois T auto-adjunto ¢ da forma) ay 0 0 0 an aan an aan 0 an2 Onn Entio [Ti], = & simétrica eT, é auto-adjunto. ‘ an. + nn d) Tw = Tyw, pois w & {v}/, ¢ Trw = bw. Entdo § é autovalor de 7 e w um autovetor associado. 13, sea (7) = [4 2] - emao [4 a1 [-§] ac 304 a bl fer} opt -{* 5 cosa ~sen a fe s)fa}esomine[P 2) [st ose] 5 5 onde a = ~arccos 2. Leituras Sugeridas e Reférencias 1 Gelfand, 1. M.; Lectures in Linear Algebra; Int 2 Halmos, P.; Finite Dimensional Vector Spaces; New York, 1958. 3 Hoffman, K. e Kunze, R Algebra Lin erscience Publishers, New York, 1961 Van Nostrand Reinhold Company, ear; Editora Poligono, Sio Paulo, 1971. pes: FORMAS LINEARES, BILINEARES E QUADRATICAS 10.1 FORMAS LINEARES Suponha que uma pessoa nocessite comprar ferro, chumbo e cobre a 2 quatro cruzeiros 6 quilo, respectivamente. Se esta pessoa compra x quiles de ferto, » quilos de chumbo e 2 quilos de cobre, podemos representar eee pra polo vetor (x, y, 2) ¢ 0 custo total € dado pela expressao Sx + 6y 4 Ar. Observe que « “fungdo custo” aan c:R3——R (&, y, Zz) Sx + by + 42 é eo |; F . um transformagao linear (verifique) cujo contra-dominio é um espago vetorial mau 10 particular, pois é 0 conjunto dos ntimeros reais. Transformagées lineares ste tipo aparecem muito ¢ por isso recebem um nome especial 10.1.1 Det Seja V um es; rE spago vetorial real, i uma transformagdo linear f:V —» R. real, Uma forma linear & 270 ALGEBRA LINEAR 10.1.2 Exemplos Exemplo 1: f:R? —> R (x, ye x + y ov na forma matricial bie 9p] Exemplo 2: g:R?>—> R (x, y, 2) 2x + y - 2 ou na forma matricial x x [Je als| z z Se f:V—> R € uma forma linear, o = {v,, .., Va} & base de Ve B= = {w} é base de R, entdo Wg = [ay a2 tnhixn Seveé Vé tal que x Wly = entdo [7g = Ug My: 10.2 FORMAS BILINEARES Consideremos agora fungdes, associadas a espagos vetoriais, que se comportam mais ou menos como produtos internos, isto é, fungdes que a cada par de ve- ores associam um numero de tal forma que uma vez fixado o primeiro vetor, a fungo seja uma forma linear em relagdo ao segundo vetor, ¢ vice-versa. Fun- Ges deste tipo estdo muito relacionadas com consideragdes acerca da energia de um corpo (veja 10.5) e, portanto, com toda a Fisica. Nesta secgdo definire- mos estas fungdes, que serdo denominadas formas bilineares, ¢ estudaremos al- guns aspectos técnicos, principalmente 0 seu relacionamento com matrizes, que € o mais importante na pratica. Formas Lineares, Bilineares e Quadrdticas 271 10.2.1 Definigdo: Seja V um espago vetorial real. Uma forma bilinear € uma aplicagio B:V X V+ R definida por (v, w) + B(¥, w) tal que: i) Para todo w fixado, B(v, w) ¢ uma forma linear em v, isto é, BO, + va, w) = BW, w) + Blva, w) e Blav, w) = aBlv, w) ii) Pata todo v fixado, B(v, w) é uma forma linear em w, isto é, BUv, Wy + We) = B(v, wi) + BY, wo) e By, aw) = aBv, w 10.2.2 Exemplos Exemplo 1:0 produto usual de némeros reais p:RXR 3R (&, y) + ple, y) = xy Verificando i) ¢ ii): PO, y + 2) = x(y +2) = xy + xz = pix, ») + Px, 2) P(ax, ¥) = ax + y = axy) = aple, y) Analogamente mostram-se as outras propriedades. Exemplo 2: B:R? XR? + R dada por BUG, ¥1). 2, ¥2)) = x1¥2 - Wira € bilinear, De fato, BUX, ¥1)s Ga, Yo) + Bay Ya)) = BU, Yi), Oa + Xs, ¥2 + Ys) = = x12 +3) + 22 + Ys) = Cixa + 2y¥2) # XiKs + Ways = = Bi, Yr) Gas ¥2)) + Br, Yr), a. Ya) As outras propriedades sdo verificadas de modo andlogo. _Exemplo 3: Seja V um espago vetorial com produto interno ¢,). Podemos definir a forma bilinear ¥ X V+ R por By. w) = (v, w). O fato de B ser bilinear 6 uma conseqiiéncia das propriedades de produto interno, Vamos considerar agora um exemplo importante. Exemplo 4: 20 0 SejaM=|4 2 0 0 0 2 272 ALGEBRA LINEAR Podemos associat a M uma forma bilinear B:R? X R® + R_ definida por 2 0 Oj[y Bx, , X25 Xa) Wis Yas Pa) = Ba 2 xa) | 4 2 Of Ln] = o 0 2 3. = Dey, + Axay, + Deaya + Qeaya A bilinearidade de B decorre das propriedades do produto e da soma de matri- 20s. Exemplo 5: Sejam V um espago vetorial de dimensfo n ¢ a uma base de V. De modo andlogo ao que foi feito no exemplo anterior, dada uma matriz qualquer Mpxn. podemes associar ume forma bilinear B:¥ X V > R defini- da por: se Wle=| i | eles Xn In Se B:V XV > Ré uma forma bilinear ¢ dados v1, V2. Wis W2 em V, em geral temos Bly, + Va, Wi + W2) # Bvr, Wi) + Bla, Wa) pois BUvy + Vp, Wy + Wa) = Bly, Wa + Wa) + Bla, Wr + Wa) = = B(v,, Wi) + Br, Wa) + B(v2, Wi) + BOva, Wa) BW, w) = Wig M Ile Observe, ainda, que no Exemplo 4, temos V = R? e a base candnica. A seguir veremos que, na verdade, toda forma bilinear pode ser escrita na forma do Exemplo 5, dado acima. 10.3 MATRIZ DE UMA FORMA BILINEAR Sejam V um espago vetorial e B:V X V+ Ruma forma bilinear. Dada uma pase a = {v,. ... Val} de V, associamos a 8 uma matriz (ely chamada matriz da forma bilinear B, na base a, do seguinte modo: Se vex + tip OWE KY Het Inno BUY, w) = BG Vy tc #xnVne DM toe + PAV) =D, BOW W) ij Formas Lineares, Bilineares ¢ Quadriticas 273 BW, V1) BY, vad] fv, = hb BU ns Va) Bay Vn) on = Wig [BIg] 10.3.1 Exemplos Exemplo 1: Seja B:R? X R? + Ra forma bilinear dada por Blv, w) = = xy, + Weays + Sxayq onde v = (x1, x2) © w = (y,, yz). Ento se a = {e,, ey} & a base candnica de R?, temos [a] = Bley. e:) Bley, e2) | _ |-1 0 a [B@2.e:) Ber,e) | [2 5 Com isto, podemos escrever a forma bilinear dada na forma matricial: By, w) = be xa] ie :] [>] ou seja, By, w) = (wy [BI Ew) Exemplo 2: Seja B:R° X R° > R a forma bilinear definida por BG, Xa 3), Os Yar Va) = -2aiy1 + Axays + Way2 + QWaya. Procure. mos [BI%, onde a = fe;, e2, €3}, € base candnica de R*: | Ber en) Ble ex) Ble. es) (BIG =| Ber, e1) Bler, e2) Bex, 3) Ble3.e,) Bes. &2) Bles, es) Nesta matri2. determinamos, por exemplo, B(ez, ex) = B(0. 1 0). (1, 0. 0) = =-2+0-+14+4+1+-1+2+1-+-0+2-0-+0= 4. Calculando os outros elementos, obtemos , fo? [B® = |4 2 0 e 10 0 2 Compare com o Exemplo 4 de 10.2.2. Como ndo poderia deixar de ser, [alg = M. 274 ALGEBRA LINEAR 10.4 FORMA BILINEAR SIMETRICA 10.4.1 Defini : A forma bilinear B: V X V— R é simétrica se Blv, w) = Blw, v) para todo v, w € V. 10.4.2 Exemplos Exemplo 1. Seja (,) um produto interno em V. Entao a forma bilinear Bly, w) = R definida por Q{v) = Blv, v) é chamada forma quadritica associada a B. eibiotsca do ciénete 8 Seen TID 276 ALGEBRA LINEAR Observe que (de 10.4.2) em relagdo a uma base a de V, Q pode ser ex- pressa na seguinte forma: OW) = Ivlg [BIg Wy), onde (B)% ¢ uma matriz simétrica. 10.5.2 Exempios Exemplo 1 Q@:R? +R Ql) = x? = 10xy + y?, onde v = (x, y) OW) = xy] [ ‘| (; = ax? + 2bxy + cy. Sabemos que Entdo, ax? + 2bxy + cy? = x? - 10xy + y?. Logo, @ = 1, 2b = -10,¢ = 1 Substituindo, 1-5) [x Q(v) = [x ¥] [; | [3 Observe ainda que @ é a forma quadrética associada a fosma bilinear: Buy, w) = bey ys] 3 *] F r}omes pw] (a € a dase candnica de R?.) © procedimento adotado no exemplo anterior pode ser aplicado a uma forma quadrética genérica Q:R? > R, onde Q(x, y) = Ax? + Bxy + G? Concluimos entdo que sua forma matricial é onde [Vly = A x Ox, y) = [x yl 2 Ly 2 roles a Formas Lineares, Bilineares.c Quadréticas 277 Exemplo 2: O:R? oR lx, y, z) = 3x? + 2xy + dy? + Syz, Em relagZo a base candnica de R°, Q é dada na seguinte forma matricial: 3 1 O} |x Oxy, 2)= Ie yz] jl 4 3 y 3 9 2 0} Lz Compare com exemplo anterior e extraia um resultado andiogo para formas quadriticas Q:R? > R, Qlx, y, 2) = Ax? + By? + Ce? + Duy + Eyz + Frc. Exemplo 3: @:R? +R Olx, y, 2) = 2x8 + y? — 32? 20 oO fx =[xyz]}0 1 Oj ly o -3] tz 10.6 DIAGONALIZAGAO DA FORMA QUADRATICA Veremos a seguir que qualquer que seja a forma quadrética Q: V+ R sempre existe uma base ortonormal de V em relagio a qual a matriz de Q € diagonal, ov seja, Q tera uma forma parecida com a do Exemplo 3 de 10.5.2. Antes de formalizar este resultado no teorema 10.6.1, vamos “diagonalizar” a forma qua- drdtica do Exemplo 1 de 10.5.2.Q(v) = x? - 10xy + y? onde v = (x, y). Pro- curemos uma base @ de modo que se x Wp = Pil Ole) = x} + ay ou ainda OW) = Ix v1] [' 2 [3] 278 ALGEBRA LINEAR Ol, ») = Ie 9] E “e] ou (x, y) = [vly [BIG {vl @ base candnica do R?. Como a matriz [B]3 ¢ simétrica, ela é diagonalizavel, admitindo um conjunto de autovetores ortonor- mais. Os autovalores de [B]% sdo Ay = 6 © Ay = -4. Procurando os autovetores, encontramos para h, = 6, ¥, = (x, =x) © para dy =,-4, vy = (x, x). (Verifique.) Assim, uma base ortonormal f de autovetores seri dada por Temos 1 1 1 1 WAGE gg) © ee Gro Seja (0B 2 matriz de mudanga de base. Entao tare = 18 taf 1%, onde 2p = (3 5] Substituindo em Q(v) = [vl (ely (vl, temos Ow) = (ly 18 LBB ING WW) Como wif € ortogonal, pois a e f sio bases ortonormais, (veja 9.1.5), aiby = tag = ag’ donde: OW) = UF v]g) ‘WIG (Cg (1) = (vip Lap vie. Isto é, OW) = bs yi] [2 4 [3] = 6x} - ay} aay onde Il = [> Formas Lineares, Bilineares ¢ Quadriticas 279 10.6.1 Teorema: Seja O(v) = A(v, v) uma forma quadritica em V. Existe uma base ortonormal 8 de V tal que se Ba tl = Pals entdo Q(v) = Aiyy +... + Aaya Prova: Seja ce uma base ortonormal qualquer de V, Entéo Q(v) = B(v, v) = [v]y [BIE [v]q: Logo, a matriz [B]g é uma matriz si- métrica e, portanto, corresponde a um operador auto-adjunto T:V > V que tem como matriz [7]* = [B]%. Como um operador auto-adjunto pode ser dia- gonalizado mediante uma base 8 de autovetores ortonormais, entéo A 0 wig-tig-ug) | fang 0 dn M 0 = (Ug)? . wg 0 An A 0 cay |: " = (gy . lg 0 An pois @ e 8 so bases ortonormais e, portanto, (ng é uma matriz ortogonal. 280 ALGEBRA LINEAR Entio, ms 0 Ov) = fly + BY . Ug Weg 0 An M 0 = (Ug Iq)" Se Ug lq) 0 Dn M 0 = Wy We 0 Dn Mt Ol] fx eb we. Ind 7 : 0 An} Lon = Aye thay tt kav 10.6.2 Exemplos Exemplo 1: Seja a forma quadratica em R? dada por: Se v= (¥1, X2), 3 Q(v) = -4x} = Gxyx, + 6x} ; 4xt = Sxyx2 - Sxyx, + Oxy -4 -3/ [x sbi xl] 3 6] lx, Calculemos os autovalores. ~4-h 3 PQ) = det [ 5 6 A= 1-V34 e alta 2 - 2 - 33 Entdo existe uma base 8 (que & aquela de autovetores da matriz) tal que se entio = AW) = bs v2] Formas Lineares, Bilineares ¢ Quadréticas 281 Ivlg = al 1-V34 0 (3 o 134] L7 isto é, Ov) =(1- V3 pt tt V34 wy} Esta diagonalizago das formas quadraticas (forma normal) tem muitas aplicagdes ¢ uma delas sera vista na classificagGo das cOnicas, que apresentare- mos no prdximo capitulo. 10.7 EXERCICIOS 1. n e = = Seja f uma forma linear de R* em R tal que f(x, yy =~ + 2p Sejam a = {(1, -1), (2, O)} e 6 = {1} bases de R? e R respectivamente. Se Wy = | + caloule [f)]g. Verifique se as aplicagdes abaixo so formas bilineares a) B:R? XR? +R definida por B((x1, ys). (2, ¥2)) =X +2 b)B:V XV +R definida por B(u, v) = (u, v). Em 26) vocé deve ter mostrado que todo produto interno é uma forma bi- linear. A rec{proca € verdadeira? SeM= ie 3]. ache a forma bilinear B:R? X R? + R associada a matriz M. Esta forma bilinear é simétrica? Qual é a matriz Mz x2 associada a forma bilinear de R? X R?_ > R que dé o produto interno usual de R?? a) Seja A: R® X R? + R definida por A(x, y, z), (x', 9", 2") =p" + + xz' - yx’ ~ zy’ + 22’. Ache a matriz de A em relagdo as bases i) cand- nica ii) (1, 1, 1), (1, 1, 0), @, 1, 0}. b) Seja A:R? X R?_ > R definida por A((x, y), (x', »')) = xy" - yx" ec a= {(i, D, Gl, 1D}. Ache [A]%. Bibjioteca de ' Ciencia & Tecro 282 ALGEBRA LINEAR 7. Mostre o resultado afirmado em 10.4.2 ¢ use este fato para dar exemplos de formas bilineares simétricas B:R* X RF > R. - a) Seja Aloe, y), (', y')) = 3xx' - yy’. Ache a forma quadratica Q:R? + R associada a A. b) Seja O(x, y) = 2x? + 4xy - y?, Ache a matriz da forma bilinear associa- da Seja Q(x, y) = x? + 12xy ~ 4y?. Determine uma base B tal que lg = [] @ Q(v) = ax? + by} > 10. Se 4 é uma forma bilinear simétrica e Q a forma quadratica associada 4 ela, mostre que Als, w) = 4 Oe + w) - FO w) 11. Uma forma quadrética Q chamada positiva definida, se para todo v #0, Hy) >0. a) Como devem ser os autovalores da matriz de uma forma quadritica posi- tiva definida? (Pense na matriz diagonalizada.) b) A forma quadratica Q: R? —> R dada pela matriz (em relagdo A base canénica) 6 positiva definida? 12. Mostre que se B(v, w) é uma forma bilinear simétrica cuja forma quadr: associada é positiva definida, entZo B(v, w) € um produto interno. Compare com 0 Exercicio 3. 13. Considere 0 conjunto V*, formado por todas as formas lineares T:¥ > R, onde V é um espaco vetorial de dimensio n,eV* é chamado de espaco dual de V. a) Mostre que V* 6 um espaco vetorial b) Mostre que, dada uma base 4, ..., ¥ de V, as formas T):V > R de- finidas por T{vj) = 0, se i+) e Tivy) = 1, se f= j, formam uma base de Ve ¢) Conclua finalmente que V e V* sio espacos vetoriais isomorfos. Formas Lineares, Bilineares ¢ Quadriticas 283 10.7.1 Respostas 1. (1()]p = (2) 3. Nao, pois B(u, v) # B(v, u) e © produto interno é comutativo, ou seja, (a, ¥) = (v, u). s[ 4 7. Seja [B]% simétrica, [BJ = [41 «+> aun = a (Bly, an, aan] Onde Bir = Seja uw = [xy, . vay. non Entdo Btu, ) = YY apxay fea tet aon © BO, «) = Y ayyix;. Como a adigao € comutativa e aj dsider depois de trocar os indices i e j, jj» temos, inn BO, u) = x y ayxiy; = Blu, V)y fst ist Agora, seja B simétrica, Entéo Blu, ») = Bly, u) Daf obtemos y y ayxiy = y y yxy nam ia Invocando indices a direita, temos s s ayXiF] = x x YAY; jst ist Como isto é valido para todos os vetores ue v, ay = ay, © [BIZ € simétrica. 284 ALGEBRA LINEAR Exemplo: Seja o 1 0 0-1 1 0 20 0 [B)=| 0 2-1 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 3 BU, ») = xyV2 = XiYs + AYs + Ways + WaVa ~AaVa - Asi + SesY 9p- (Ff. 2 (Ge Fa). Entao (vg = [3] 8 vis vB} Wa vB Bo ly @ Ov) = -8x3 + Sy; 11. a} Os autovalores s30 todos nao negativos. 3+V41 5) Nao, pois os autovalores sdo 3 Leituras Sugeridas e Referéncias ! Halmos, P.; Finite Dimensional Vector Spaces; Van Nostrand Reinhold Company, New York, 1958. 2 Hoffman, K. ¢ Kunze, R.; Algebra Linear; Editora Polfgono, So Paulo, 1971 CLASSIFICACAO DE CONICAS E QUADRICAS 11.1 INTRODUCGAO Neste capitulo estaremos interessados em figuras do plano R? ou do espago R®, isto é, em conjuntos de pontos no plano ou no espago, cujas coordenadas satisfazem certas propriedades. Por exemplo, 0 subconjunto {(@ y) ER?:x+y=1} pode ser representado graficamente, como mostra a Figura 11.1.1. tte yilx ty =9} 41,0) Figura 11.1.1 286 ALGEBRA LINEAR Outro exemplo & {(x, y, z) ER? :x = 2e y = 1} cuja representacdo grafica é Figura 14.1.2 Estaremos particularmente interessados em estudar subconjuntos de R? da for- ma S = {@, y) ERG, y) = 0, .., FeO, y) = OF e subconjuntos de R? da forma S = (Cx, y, 2) © R°:Filx, y, 2) = 0, .., Fel, », 2) = 0} As equagdes Fi(x, ») = 0, ..., Fe, ») = 0 (on Fi, ¥, 2) = 0, -., Fy(x, y, 2) = 0 no caso do espago R?) sdo chamadas equagdes cartesianas da figura que o conjunto determina. Observe que estas equagGes relacionam as coordenadas candnicas, isto é, coordenadas em relagdo 4 base candnica de R? (ou R?). Freqiientemente, dé-se apenas as equagdes cartesianas da figura. 11.1.1. Exemplos Exemplo I: Podemos desenhar a figura no plano cuja equagdo cartesiana (em relagiio a base candnica) é y - x? = 0. A figura pedida é 0 subconjunto S = {(x, y) € R?:y - x? = O}, consti- jo pelos pontos do plano, da forma (x, x?). Portanto, y Figura 14.1.3 Gassificagdo de Cénicas ¢ Quédricas 287 Exemplo 2: Para desenhar a figura no espago cuja cquagdo cartesiana é y ~ x? = 0, devemos saber que a figura pedida € 0 subconjunto S = (Gx, y, z) © Ry = x7}, Note que z pode assumir qualquer valor. J y Figura 11.1.4 z Observe ainda que as equagdes cartesianas dos dois exemplos anteriores so aparentemente as mesmas. Analisemos agora 0 que acontece quando as equagdes cartesianas so de tipos especiais, Comecemos com o tipo mais simples, ou seja, as equagdes Fx, y) = 0 (ou Fx, y, 2) = 0), de primeiro grau. 11,2 RETAS NO PLANO 11.2.1 Definigo: Uma reta no plano € 0 conjunto dos pontos (x, y) do plano cujas coordenadas em relagdo 4 base candnica satisfazem a equacao car- tesiana Ax + By=C onde A # 0 ou B 4 0. Temos as seguintes possibilidades: y (0, C/B) ) A#0eB 40; Ax + By =C a (CAO) Figura 11.2.1 i) A=00 B40; By=C ff 10, c/B) —++—__- Figura 11.2.2 288 ALGEBRA LINEAR iti) A#0eB=0 y Ax=C Figura 11.2.3 —_—____» (c/a, 01 * 11.3 PLANOS NO ESPACO 11.3.1 Definigdo: Um plano no espaco é 0 conjunto dos pontos (x, », 2) do espago cujas coordenadas em relagdo a base candnica satisfazem a equagio Ax + By + Cr+D=0 onde A #0 UB xO CHO. E claro que esta definigdo algébrica deve coincidir com a definigao geo- métrica de plano. Consideremos um ponto qualquer (xo, Yo, Zo) tal que Axo + Byo + Czo + D = 0 (sempre exista). Entéo a equagio Ax + By + Cz + + D = 0 pode ser escrita, subtraindo-se a primeira da segunda, 0 = A(x - x0) + BY - Yo) + Cz ~ 20) = A, B,C), (« - x0, ¥ - Yo. Z - 20)? onde (, ) representa o produto interno canénico em R*. Os pontos (x, y, Z) que satisfazem a equacdo so (x, y, 2), de tal modo que o vetor diferenca v = (x = 2X0, ¥ ~ Yor Z - Zo) seja ortogonal ao vetor (A, B, C). (Veja a Figura 11.3.1.) Isto corresponde a definigdo geométrica de um plano que passa pelo ponto (xo, Yo, Zo) @ tem (A, B, C) como vetor normal. (xo, 40.20) Figura 11.3.1 Passemos agora a analisar 0 que acontece quando a equagdo cartesiana é de segundo grav. Classificago de Cnicas e Quédricas 289 11.4 CONICAS NO PLANO Para tratar das cOnicas no plano de forma adequada procederemos estudando figuras padrio e, através da diagonalizagéo de formas quadrdticas associadas, mostraremos que as equagdes representam uma das figuras padrdo centrada, possivelmente, em outro referencial. 11.4.1 Definigo: Uma cdnica em R* é um conjunto de pontos cujas coordenadas em relagdo a base canOnica satisfazem a equagio: Ax? + Bry + Cy? + Dx + Ey + F=0 onde A ou B ou € # 0. Observe que a equagdo da cénica envolve uma forma quadratica, Q(x, y) = = Ax? + Bxy + Cy?, uma forma linear, L(x, y) = Dx + Ey, e um termo cons- tante F. Isto é, a equagdo que define a cOnica é: Ox, y) + L@&, y) + F 11.42 Exemplos Circunferéncia Elipse 290 ALGEBRA LINEAR Hipérbole =-Frse>0,0>0 Paribola Temos ainda os casos chamados degenerados Par de retas concorrentes (hipérbole degenerada) y Gassificagdo de Cdnicas © Quédricas 291 Uma reta (pardbola degenerada) Um ponto (elipse degenerada) ax? + by? =0 a>0 b>o0 Vazio (elipse ou pardbola degenerada) AS equagées das cOnicas aqui apresentadas estio na “forma reduzida”, isto ¢, B = 0; se A # 0, D = Oe se C #0, E = 0. Veremos a seguir, através de uma mudanca de referencial conveniente, que toda cénica toma uma das formas colocadas acima, Estamos interessados aqui nas cénicas, definidas algebricamente. No en- tanto, cada cénica pode ser perfeitamente caracterizada por propriedades geo- métricas (por exemplo, a elipse € 0 lugar dos pontos do plano cuja soma das distancias a dois pontos fixos (focos) é uma constante). O tratamento geomé- trico das cOnicas que a forma como elas foram introduzidas pelos gregos ser dado em 11.7. O estudo das cdnicas feito a partir de suas propriedades geomé- tricas € muito bonito e tem muitas aplicacdes. Vale a pena ver! Biblisteca de Th 292 ALGEBRA LINEAR 11.43 Exemplos Exemplo I: 2x? - Sy? -7=0 2x? - Sy? = 7 Be Sy? 7 wisps 2 y T 1 5 = 1, que é uma hipérbole —_ Exemplo 2: x? + y? -6x-2y+8=0 4 ( - 3 + - 1? =2 xt typ a2 onde ox, =x-3 € yoayrd circunferéncia de raio V/Z e centro (3, 1). Consideremos agora um exemplo mais complicado. Exemplo 3: Dada a equagdo na base canénica a de R?: 2x? + 2y? + dxy +40 Ix + 12V2y-8=0 nosso objetivo, mais uma vez, serd determinar que figura esta cdnica representa no plano. Para isto, precisamos inicialmente eliminar os termos mistos, do tipo xy, através da diagonalizagao da forma quadritica. 19 Passo: Escrevendo a equagdo anterior na forma matricial, temos vvi[? Al 12V3] [;]-s-0 29 Passo: Vamos calcular os autovalores ¢ os autovetores ortonormais da ma- ry = [75 »] (Q-at -4 2-4 Classificagéo de Cénicas e Quédricas 293 Entdo os autovalores sio 0 ¢ 4. 013 SIL ]- Do)» 2 2/J)x 4x 1 1 woof? 2] Pe] [i] ome «heey aL Para 2, “Va 2) Sabemos de 10.6.1 que nesta nova base de autovetores 8 = {v,, vz}, @ furma quadratica OW) = be ¥I [3 H| [;] onde [vly = [;| 26) = bes 94] (° ‘| [s] Iv} = [=] 3° Passo: Agora precisamos determinar a relacdo que existe entre [7] e Gi] Y mn se reduz a e substituir o resultado na parte linear da equago dada. Ly) = (4VE avzi]>| Mas, | * Jo yy tavetores [x1 y candnica | yy 4° Passo: A equacao original se reduz a 1 0 0|/|x, Vt VTi [x ts vat ole] eve 12V2 } Lo [5] -8=0 vt SE 294 ALGEBRA LINEAR Ort + ay + VICE H + y+ WE (Fan + Fz) -8=0 ay} - 4x, + ay, + 12x, + 129, -8=0 4y} + 8x, + 16y. - 8 =0 ye + 2x, + 4y, -2=0 Esta Ultima equagdo representa a cOnica em relago a0 novo referencial forma- do pelas retas suporte de v, e ¥;, como mostra a Figura 11.4.1. Figura 11.4.1 Vamos ainda introduzir uma nova mudanga de coordenadas para identificar a cénica, Ela serd dada por uma translagao do referencial acima. 5 Passo: Para “‘eliminar” os termos lineares onde isto ¢ posstvel (A # 0), agru- pamos os termos de y7 + 2x, + 4y, - 2 = 0 convenientemente. OF + 4y, #4) -4 +2, -2=0 On +2)? +261 -3)=0 Tornando x, =x, -3¢ yz, =y1 + 2, obtemos y? + 2x, - 6 = 0 ow finalmente 1 Xa =~ VE Assim, a equago acima representa a cénica em relaggo a um novo refe- rencial R3, obtido por translago e podemos finalmente identificé-la como sendo uma pardbola, conforme indica a Figura 11.4.2. (Veja 11.4.2 iv.) A ori- gem deste Gltimo referencial R3 seri x, = 0 e yz = 0, isto é,x, -3=08€ yi +220. Gassificagio de Cénicas © Quédricas 295 va Figura 11.4.2 Agora iremos formular o procedimento geral de classificagdo das cénicas, estabelecendo em defalhes o que deve ser feito em cada passo. 11.4.4 Procedimento Geral de Classificago das Cénicas: Dada a equagdo (em coordenadas candnicas de R?) Ax? + Bry + Cy? + Dx + By + F=0(4 ou B ow C #0), para achar que figura ela representa no plano, devemos proceder do seguinte modo: 19 Passo: Esctevemos a equagio na forma matricial: [F] wails ]+ reo 2° Passo: Diagonalizamos a forma quadrdtica para eliminar os termos mistos. Para isto, precisamos encontrar os autovalores Ar € Ag © os autovetores orto- nies A kyl], z normais v; € v, de ad Bs z 32 Passo: Obtemos as novas coordenadas. Para isto, precisamos para substituir na equagio de y canénica | yy [:]-u sc" [5] 296 ALGEBRA LINEAR io 42 Passo: Substituimos as novas coordenadas na equagao, obtendo a equa¢: na nova base {v1, v2} Of fxr autores fxs]. pg be] [i | Ci + DEN ee ou seja, Ax? + Aayt + axy + by +F =0 i i so 58 Passo: Eliminamos os termos lineares das coordenadas cujos autovalores nao nulos. Temos entdo trés casos: i) eA, ¥O. List tars + hyt t bn +R =o Pp 2 a, 4 yep +F=0 Or +) aH, tO RY oa, b x 2 z+f=0 a = 2 to Nyx} + ay? Seja xp = x1 + © Ya = PL tay, emos endo Nix} (que é uma das equacdes tipicas) onde ee LF ay ii) 4 #0e%=0. dixt tax, + by, + F=0 2 ay a +F=0 AG t ay F ~ gy, 1 Torando x7 =x, + My € yp = 1, temos Aid t by, + f= 0 (que € uma das equagdes tipicas) onde 2 feF-& iti i terior) iit) dy = Oe dz # O. (similar ao an Como vimos, este procedimento permite-nos, através de uma modangs de referencial, colocar qualquer cOnica ma forma de uma das equagdes _ pica (11.4.2). Neste processo classificamos a cénica, damos suas dimenstes € posi goes no plano. 11.4.5 Muitas vezes, entretanto, estaremos interessados apenas ‘m ra ficar a cénica dada por uma equagdo Ax? + Bry + Cy? + Dx + Ey =0, Classificagio de Cénicas e Quédricas 297 sem determinar suas dimens@es e localizagdo. Visando solucionar este problema de uma forma mais ripida, vamos discutir as possibilidades que temos em fun- ¢0 dos sinais dos autovalores associados & forma quadritica, Consideremos, portanto, os autovalores 4 @ Xy de . Como ja Re oa 8 Nie vimos, obteremos depois da eliminagdo do termo misto uma equagdo da forma (*) Aad + Aey} + at, + by, + F =0 (1) Vamos analisar inicialmente, a situagdo em que 4, # Oe dy # 0. Neste caso, através de uma translacdo que é feita no 5° passo de 11.4.4, obtemos Aad + Myyt + f= 0 Note que se: 4) A, © Ay fore ambos positives, teremos para f <0 uma elipse; para J= 0 teremos um ponto (x3 = yz = 0) © para f > 0 teremos 0 conjunto vazio (compare com 11.4.2), WH Se A © As forem ambos negativos, também teremos uma elipse, um Ponto ou vazio, conforme f seja positive, aulo ou negativo. li) Se dy © Xz tiverem sinais opostos, poderemos ter uma hipérbole, quando f #0, ou um par de tetas concorrentes se f=0. GD Consideremos agora a situagdo em que dy = 0 (¢, portanto Ay + 0). Como vimos, partindo da equagao (*), chegamos a uma equacdo: Aad tax, +f=0 Note que: i) sea #0 teremos uma paribola. 4) se a = 0, poderemos ter um par de retas paralelus, uma reta ou o vazio. (Analise em fungio dos valores de f, em que situagdes isto ocorre), MI) © caso em que Ay = 0 € discutido de mancira andloga ao (II), Podemos resumir os resultados até aqui obtidos no seguinte teorema: 11.4.6 Teorema: Dada uma cénica definida pela equagdo (*) Ax? + + Bry + Cy? + Dx + Ey + F = 0, Sejam Xz e Az Os autovalores associados 4 sua forma quadratica; entao: 4) Sed, + Xz > 0 esta equagdo representa uma elipse, ou suas degeneracies (um ponto ou o vazio). 298 ALGEBRA LINEAR fi) Se Xy «dz <0 esta equacdo representa uma hipérbole ou sua degenera- gdo (par de retas concorrentes). iii) Se Ay + Xz = 0 esta equagdo representa uma parabola ou suas degenera- ges (par de retas paralelas, uma reta ou 0 vazio). Podemos afirmar que 0 determinante associado & forma quadratica B a 2 | & igual ao produto de seus autovalores d, + Az. (Veja o Exercicio 2 2 7 de 7.5). Assim o sinal de 4; + Az € 0 mesmo de ~( 2. — ac), que por sua vez tem o mesmo sinal de -(B? - 44C). Podemos assim reescrever 0 teorema anterior em fungdo do “discriminante” B - 44C. 11.4.7 Teorema: Dada a equagio: Ax? + Bxy + Cy? + Dx + By + F = 0, esta equagdo no plano representard: i) uma elipse ou suas degeneragbes, se B* - 44C < 0 ii) uma parabola ou suas degeneragies, se 8? - 44C = 0 iff) uma hipérbole, se B? - 44C > 0 11.5 QUADRICAS EM R? 10; Uma quddrica em R? é um conjunto de pontos cujas coordenadas em relagdo 4 base candnica satisfazem a equagio: Ax? + By? + Cz? + Dey + Eyz + Faz + Gx + Hy tie + J = 0. com 4 ou B ou C ou D ou E ou F + 0. 11.5.2 Exemplos Elipséide Gassificagio de Cénicas ¢ Quédricas 299 Hiperboléide de uma fotha z Pet . Hiperboldide de duas folhas 300 ALGEBRA LINEAR Paraboloide hiperbdlico Cone quadritico Cilindro ; Se nenhum termo com z aparece na equagio da quidrica, temos o cilin- dro, O cilindro “padrdo” € formado por retas ortogonais ao plano z = 0 que passam por uma cOnica neste plano. Por exemplo: a) Cilindro eliptico Classificagdo de CBnicas ¢ Quédricas b) Cilindro hiperbélico ©) Gilindro parabélico A equagdo que define a quédrica pode representar 0 conjunto vazio (x? = -1), um ponto (x? + y? + 2? = 0), uma seta (x? + y? = 0), um plano (2? = 0), dois planos paralelos (2? = 1} ou dois planos que se interceptam (xy = 0), Estes casos so denominados degenerados. Da mesma forma que foi 301 feito para cénica, mostramos através de uma mudanga de referencial convenien- te que toda quddrica é de um dos tipos descritos em 11.2.1. Ou seja, quando nos é dada uma equacdo do 2° grau em x, y, z, € precisamos saber que figura ela representa em R? (classificar a quédrica) procedemos de modo andlogo & situagdo em R?, reduzindo a equacdo e interpretando-a no final. 302 ALGEBRA LINEAR 11.5.3 Exemplos Exemplo 1: Para classificar a quédrica ox? + 2yz $2 -y = 100. escrevemos a equa acima na forma matricial, obtendo: -1 0 Olfx x ie y z)] 0 0 1ffyl+fo -1 1} y]=100 0 1 Oflz z Calculando os autovalores e os autovetores j4 normalizados da matriz -1 0 0 moo oro ‘obtemos: Lod para, =-1v = (1,0, 0e% =O Fale 1 para Aa = Livy = 0, Fy. 7) Temos ainda * qutoverores * a y= ON cninica | 2! z Jean. aut. onde 1 0 © autovetores 1 1 WN andnica <~|° 2 V2 o - 1 1 Ja V2 Entfo, a equagdo da quédrica em relacdo a o referencial dado pelos autovetores serd: -1 0 O)f x, ! ° ° x fe. yr. zt] 0 -t O}f mr} +fo -1 1/0 Fy Fy] ly | = 100 0 o lft toate o-k 2 IE Glassificagiio de Cénicas ¢ Quédricas 303 Isto é, 2 yt 4 7? 2 Ey tat ~Vre = 100. Faremos agora uma nova mudanga de coordenadas para eliminar os ter- mos lineares onde isto é possivel. 1 1 tt-ad- 04 +g) +y- 100-0 5 1 Seja x2 = 1, ¥2 = Yi + FFE Za = 215 assim, temos a seguinte equagHo: x} 3 232 ( Pp 2” Pr Va que representa a quidrica em relago a0 referencial obtido por translagio a partir daquele dos autovetores, cuja origem é dada por x, = 0, ¥2 = Oe 2) = 0. Entio Mr =O yn t=O e 2-0 Comparando a equaco obtida com as equagdes das quadrdticas indicadas em iii de 11.2.1 vemos que esta quédrica ¢ um hiperboldide de duas fothas, Biblioteca de Ciencia & Tec 304 ALGEBRA LINEAR Exemplo 2: Para achar a figura dada pela equagio 2x? + Qy? + 22? + Ixy + Qxz + Iyz = 81 devemos resolver wv ik yz] nv nek 7 s Calculando os autovalores ¢ autovetores respectivos (j4 normalizados) obtemos AP ly vo Are eve CB v3 V3 V3 Motes Cp pe) Ainda, * autovetores * yl=ul Mu 2 canonica 2, | autovetores JE Je VE 2 6 3 autovetores | SE JE se onde 1 canénica 2 6 3 we 0 eS Entdo, a equagio se torna 10 0 fr oy m)]O 1 O]fy,] = 81 oo 4 ou x} + y} + 427 = 81, que € um elipsdide. lassificago de Cénicas ¢ Quidricas 305 a = So A n x Como nado aparecem os termos lineares, se ndo estivermos interessados na posigao dos novos eixos mas apenas no formato da figura, bastaria calcular os autovalores, escrever a equagdo x} + y} + 422 = 81 c ja ter’amos identificado a quadrica, Também no estudo das qusdricas em geral, se tivermos problemas onde somente a classificagdo destas seja importante, no interessando suas dimensées 0 posigéo no espago, poderemos resolvé-los apenas estudando os sinais dos autovalores associados a forma quadritica. Seria muito interessante que vocé discutisse todas as possibilidades, de modo andlogo ao que foi feito em 11.4.5 para cSnicas. 11,6 EXERCICIOS Identifique a figura e ache sua posi¢o quando a sua equagio ¢: . 3x? + xy + 3y? -V2x=0 x ax? + axy tPF -x =O 2 Lay tx ty 20 =0 = xt t xy ty? - 3x? - 4/3 xy - y? + 20y - 25 = 0 ” a . Axy + 3y? + V5 x + aVSy =0 x . ~Sy? + Ixy - Bxz + 2yz = 0 306 ALGEBRA LINEAR B. y? +22? + WB yz = 0 9, 9x? + 16y? + 252? + 2axy - 40x + 30y = 0 Identifique a figura. Nao € necessério dar a posicao. 10. 3x? + 2p? + 3z? + 2xz =2 AN, y? + 22? + 2V3 yz 0 11.6.1 Respostas . . 30 sl 1, Elipse: 3 1 em relagdo ao referencial de centro no ponto Gyr WW? os 32 1 e eixos x2 na diregdo de ( ve a ) e ya na diregao de (- Ye va 2 3. Hipérbole: 22 (1.91) = © V2.0) € eixos x, na diregio de re ra) € yg na diregio de $ Classificagdo de Cénicas e Quédricas 307 5. Hipérbole: x3 -22 = 1 em relacdo ao referencial com centro no ponte Gi) = CL $9 @ eixos x2 na diregao de (- eal sD) ey na diegao 7. Hiperboldide de 2 folhas de equagdo -3x? - 6y} + 427 = 1 em relagdo ao referencial, com centro no ponto (0, 0, 0) ¢ eixos x, na diregio de oF re yon na alnegd0 (Je, = Yr Fever na diregfo de 1 1 Cy oe) 2 Elipsoide de equagdo 125x} + 125y3 + 10623 = 3125 em relacdo ao refe- 54 rencial, com centro no ponto (x1, 1521) = (Q,- == Tag 10) € eixos x, na 3 direcdo de (0, 0, 1), ¥2 na diregao de GS v 0) € z_ na diregao de 4 3 Cy 308 ALGEBRA LINEAR *11.7 PROPRIEDADES GEOMETRICAS DAS CONICAS Figure 11.7.1 As cOnicas, ou secgSes cOnicas, foram estudadas pelos gregos e desenvol- vidas a partir das suas propriedades geométricas. Muitos resultados aparecem resumidos nos trabalhos de Apollonius (260-170 A.C). Para apresentar estas propriedades definir as conicas a partir delas vamos estudar alguns pontos e retas especiais. Consideremos as cnicas na forma padrio: aya 5 a = 1 @lipse) (E) 2 op 5 “a = 1 (hipérbole) (H) y? = Max (pardbola)— (P) Suponhamos ainda @ > b > 0, Gassificagdo de Cénicas ¢ Quédricas 309 Figura 11.7.2 A excentricidade e € definida pela relagdo e a Entao, 0 <@ <1 para uma elipse (¢ = 0 para a circunferéncia); e > 1 para a hipérbole ee = 1 para a parabola. As diretrizes da elipse E ou da hipérbole H sio as retas: a xet € (0 circulo nao tem diretriz.) A diretriz da parabola P ¢ tnica e é a reta x = Se na elise ou hipésbole vermos b > a, a istincia focal fica sendo c=VP-@ecaVath, rspectvamente, @ os focos 0, noe F (0,0). A extremidade passa a ser e =e as diretrizes y 11.7.2 Exercicios Para a elipse e a hipérbole, definimos os pontos: F,(-c, 0) e F,(c, 0) denominamos focos a esquerda e a direita, Na elipse tomamos a distdncia focal ¢ = Va" - 6? e para a hipérbole +B. Na pardbola definimos © foco como sendo Fla, 0); ie ¢ =a (veja 11.7.2): 1. Esboce 0 gréfico das cénicas a seguir, determinando seus focos, diretrizes € excentricidade. Observe depois o papel geoméirico da excentricidade. a) x? + 4y? = 100 pasts y 100 ) = 1 f) x? = 2y? = 100 oss = 310 ALGEBRA LINEAR ey 3g -"g =! Ky? = 4x hye ytd Dy = 16x i) tox m) 3x? - 4y7 = 0 Dyazex 2. Determine as conicas representadas pelas equagdes abaixo, encontrando também os seus focos, diretrizes ¢ excentricidade. a) 25x? + 9y? - Ty - 81 = 0 b) 9x? - 18y? + Sax - 36 = 0 ©) x = 4y? ~ l6y + 16 » . Dé as equagdes da elipse, pardbola ¢ hipérbole “‘centradas” em um ponto P(m, n) do plano e com eixos paralelos aos eixos coordenados. Encontre também os seus focos, diretrizes e excentricidade. > . Mostre que qualquer que seja 0 ponto A(x, ») sobre a elipse dada no exercicio 1c, a soma das disténcias deste ponto aos dois focos ¢ igual a 10. Podemos agora estabelecer as propriedades geométricas das cénicas. 11.7.3 1. Elipse 2. Hipérbole a Q 7 Fy fo d(F,, P) - d(F2, P) = 2a a(F,, Q) - d(Fz, Q) = -2a Pe dP, F,) + d(P, Fy) = a a, P) = ed(P, &) na parébola Fy e=ti- dF, P) = a, 2) ‘ClassificagSo de Cénicas e Quédricas 311. 11.7.4 Teorema: Considere uma cénica padrao (E), (H) ou (P) de excen- tricidade e. Entao: 1) Se 0 1 (hipérbole), entdo para todo o ponto da conica a diferenga das distancias deste aos dois focos tem o mesino valor absoluto (Fig. 2). 3) Se e #0, ento para todo ponto sobre a conica, a distincia deste a foco € igual a ¢ vezes a distancia deste 4 diretriz. (Focos direitos com diretrizes dircitas, focos esquerdos com diretrizes esquerdas. Fig. 3.) Alem disto, 0 que ¢ fundamental é que cuda uma destas propriedades caracteriza as cénicas, isto é, 1’) um conjunto de pontos do plano que satisfaga 2 propriedade (/) sera uma elipse dada pela equacao (E), em relagdo a algum referencial; 2’ um conjunto de pontos que verifique a propriedade (2) sera uma hipérbole (H) ¢ 3’) um conjunto de pontos do plano que satisfaga (3) serd uma cOnica, que satisfard (E) (H) ou (P). Assim, como subproduto desta proposi¢go podemos dar as definigaes geométricas das cénicas: Coroldtio 1: A elipse pode ser definida como 0 conjunto dos pontos do plano cuja soma das distincias a dois pontos fixos (focos) € igual a uma cons- tante. Note que esta constanie sera igual a medida do eixo maior da elipse. Por qué? Exemplo: Encontre a equagdo da elipse de focos em (0, 0) ¢ (0, 8) e eixo maior medindo 5, Deixamos agora espago para vocé: i) Definir hipérbole pela propriedade 2. ii) Definir pardbola pela propriedade 3. Corolatio 2: Exemplo: Corolario 3: Exemplo: Finalmente dé a defini¢do geral (geométrica) de conica, pela propriedade 3. Biblio Ciencia 8 312 ALGEBRA LINEAR Corolario 4: Discuta ¢. ‘A demonstrago da proposigio 11.7.4. (ou dos corolérios que ela engloba, inclusive os que vocé enunciou) é feita a partir do célculo das distancias. Tente fazé-las!! 11.7.5 Exercicios 1. Se vocé fosse jardineiro ¢ quizesse atrumar canteiros elipticos como faria? 2, Volte ao exercicio 4 de 11.7.2. O que observa’? 3, Encontre a equagio da elipse com focos em (-1, 0) e (5, 0) € semi-eixo maior 2V3. 4, Encontre a equagio da elipse com focos em (0, 0), (0, 10) ¢ semi-eixo maior SVS. 5, Encontre a equagio da elipse com centro em (1, -1), semieixo maior 6, excentricidade ¢ =ze semi-eixo maior vertical. 6. Encontre a equagao da hipérbole com focos em (0, 0) ¢ (6, 0) € 7, Encontre a equagdo da hipérbole com focos em (0, ~3) ¢ (0, 5) ¢ um vértice em (0,1 + 10). & Encontre 2 equagio da parbola com vértice em (2, 1) ¢ diretria x = 0. 2h 9. Trés postos de escuta esto localizados nos pontos A(0, 0), B(O.“Z) € az 0), sendo a unidade 1 quilémetro. Os microfones localizados nestes 5 «. oréyi pontos mostram que um revélver esté 3 km mais préximo de A do que de Ce Fem mais proximo de B do que de A, Localize a posigio do revolver (A resolugdo deste problema Ihe dard idéia, por exemplo, de como se loca: liza 0 epicentro de um terremoto. Sdo sempre necessirios os dados de trés observatorios sismicos.) ‘Para consultas veja Leithold, L. O Célculo com Geometria Analitica, volume 1, HARBRA, Sao Paulo, 1977, p. 491 € 497, ou Bers, L, Calculus, Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York, 1967. Classificagdo de Cénicas e Quédricas 313 10, Encontre as retas tangentes is eonicas abaixo nos pontos indicados (use derivagdo implicita). ¢) 25x* - y? a) 9? = x em (1, 100 em (-3, 5, 5) b) x? + 25y? = 100 em 6.) d) y? = 25x em (9, -15) 11. Cénicas em Coordenadas Polares Usando coordenadas polares (r, 8) no plano (x = r cos 0, y = rsen 8) ea definicdo de cdnica dads por 11.7.4, parte 3, voc€ pode deduzir de modo simples as equagdes polares das cOnicas, tomando o pélo num foco eo eixo polar e sua extensio ao longo do eixo principal*, a) Mostre que nestas condigdes a equagdo polar das cénicas ¢ dada por 2 ed T # ecosd (O sinal + ou - é dado conforme a diretriz correspondente ao foco no polo esteja a esquerda ou 4 direita deste.) b) Dé exemplos de clipses, pardbolas e hipérboles com suas formas polares. c) Um cometa esté se movendo em uma érbita parabélica em torno do sol no foco F da paribola, Fazse uma observagdo do cometa quando ele esté no ponto P, a 15 milhdes de quilometros do Sol; uma segunda ob- servacdo € feita quando ele esté no ponto P, a5 milhdes de quildmetros do Sol. Os segmentos de reta FP, e FP, so perpendiculares. Com estas informa- Ges ha duas drbitas possiveis para o cometa. Encontre a distancia mais proxima que o cometa passa do Sol, em cada érbita. d) A orbita do planeta Mercirio em tomo do Sol é eliptica, com 0 Sol em um dos focos, tendo o semieixo maior 36 milhdes de quilometros ¢ ex- centricidade 0,206. Encontre: (a) qual é a distancia mais proxima que Merciirio passa do Sol e (5) a maior distancia possivel entre Mercirio e 0 Sol. 12. Equacdes Paramétricas da Elipse a) Mostre que as equagdes paramétricas x = a cost e y = bsent,a > 0, b>0e0 Pitombeira de Carvalho, J.; Introdugdo é Algebra Linear; [mpa, Rio de Janeiro, 1972 4 Leithold, L.; 0 Cileulo com Geometria Analitica; HARBRA, So Paulo, 1977. RESOLUCAO DE SISTEMAS DE EQUACOES DIFERENCIAIS LINEARES 12.1 INTRODUGAO Considere a seguinte situagdo: Um foguete estd subindo verticalmente a partir do solo, sujeito & forga gravitacional (que é de cima para baixo © supomos constante € igual a mg), a uma forga constante para cima eaum impulso adi- cional para cima, proporcional ao tempo ¢ decorrido depois do langamento. Que altura ele atinge ¢ segundos apés 0 Jangamento? . Denotando por x a altura, ¢ usando © prinefpio de que fora é igual a massa vezes aceleragdo (segunda lei de Newton), podemos escrever: 2 m TB wat be mg ‘Ao resolvermos esta equagdo teremos solucionado © nosso problema. Este exemplo ilustra como somos levados a utilizar equagdes envolvendo derivadas. Assim como este, muitos outros fendmenos em Fisica, Quimica, Bio- logia, Economia etc., so descritos por equacdes diferencias. 14 resolugio do problema é simples, bastando integrar duas vezes a equacao € impor as condigaes iniciais x(0) = 0 € »(0) = = (0) = 0 sendo ¥(0) a velocidade inicial. Resolugao de Sistemas de Equag6es Diferenciais Lineares 317 Neste capitulo, presumiremos um conhecimento sobre derivadas de uma fungao de uma varidvel. Estaremos particularmente interessados na resolugdo de sistemas de equagdes diferenciais, onde so amplamente utilizados os conceitos de espago vetorial, base, autovalores ¢ autovetores. 12.2 EQUACOES DIFERENCIAIS Equagdes diferenciais sfo aquelas que relacionam uma fungdo e suas derivadas. Por exemplo, as equagdes dx ) apo dx ti) Sa 3x an atx ax iti) ae alta sio equagdes diferenciais, Para resolver uma equacdo algébrica (por exemplo, x? - 3x + 2 = 0) procuramos ntimeros (1 © 2 no caso). Para resolver uma equagio diferencial va- mos procurar fungées que satisfagam a equacgo. Por exemplo: x =f? € uma solugdo da equacao i). Uma outra solugdo de i) éx = 27 + + 5. O conjunto de todas as solugdes de i) ¢ expresso por x = f? + ¢, c-constante, at x = e¥ & uma solugdo de di), pois a = 3e¥, Uma outra solugio de ii) 6 x = 20. Podemos mostrar ainda que as solugdes de it) so exatamente as fungdes da forma x = ke™, sendo k uma constante. Temos, portanto, infinitas solugdes para ii), assim como em i). Suponhames agora que precisamos de uma solugdo de ii) tal que x(0) = = -5, Temos entao x(t) = ke*! © como x(0) = -5, devemos ter -S = ke? "9, © que implica k = -5. Isto &, 2 Ginica soluggo para o problema x(0) = -5 (condigao inicial) € x) = 318 ALGEBRA LINEAR De modo geral as equagdes do tipo de ii), ou seja, ax _ a sio chamadas de equagdes diferenciais lineares homogéneas de primeira ordem a coeficientes constantes e admitem como solupdo geral”. x = ket, Isto 6, a expressio acima determina o conjunto de todas as soluges da equa- ¢40, variando-se 0 valor de k. Para comprovarmos que realmente ¢ solugfo geral, devernos considerar as equivaléncias: a a ee (axe = Ore Bm ae oe Bax = 0m (FE are = Ore ome ae dt = x-e = K(constante) <> x = ke kK ER = 0 =O = — wo HE erty dt ‘Agora, ao invés de uma tinica equagio diferencial, podemos considerar sistemas de equages diferenciais. Estaremos entdo procurando um conjunto de fungGes que satisfagam simultaneamente varias equagSes diferenciais. Chamamos tal conjunto de fungdes de solugdo do sistema de equagdes diferenciais. Vamos procurar também 0 que chamamos de solucdo geral do sistema, que é uma ex- pressdo que gera toda solugdo do sistema. Resolugdo de Sistemas de Equagées Difereneiais Lineares 319 12.2.1 Exempios Exemplo 1: Encontre todas as fungdes reais diferenciaveis x1 = x,(¢) € X_ = X2(f) que satisfagam o sistema, isto é, encontre a solugdo geral do sistema: os 3x, + 4x, ®) a Ix G7 tee Resolugiio: Se denotarmos x | a x2 Escrevendo o sistema (§) na forma matricial, temos dx,jdt]_[-3 4] [x dxzfat}~ |-1 2} | EX ~ Ax, onde A= [3 ‘| ou ainda, dt -1 2 Uma solugdo deste sistema é, entdo, uma matriz x(t) X= [38 cujos elementos sdo fungées que solucionam o sistema de equagdes (§). Com base na solugdo geral da equagio = ax, que 6 x = ket! (veja © final da secedo 12.2), vamos ver se existe, para o sistema, uma soluggo do tipo: 320 ALGEBRA LINEAR x [20 )- [i] Neste caso, calcutando temos. Para que X seja solugdo, devemos ter a. ‘AX, e dessa forma ficamos com afi MA (5 a ou seja, a Pe crm on [2 | =v como um vetor de R?, a ltima equaco se toma ay que & exatamente a equaco de autovalores e autovetores da matriz A. Conctuimos, entdo, que X = ve! é solugdo do sistema se, e somente se 2 € autovalor e v 6 autovetor da matriz A. Procurando os autovalores ¢ autovetores de A, resolvemos det [ Resolucdo de Sistemas de Equagées Diferenciais Lineares 321 Isto implica que X? + - 2 = 0, ouseja, Xi = 1 € Ag = -2. Para Ay = | obte- mos 0 autovetor ¥; = I ¢, portanto, uma solugéo para 0 sistema serd 4 Para X42 = 2 obtemos o autovetor ¥, = {*] e teremos outra solugio, X2 = [ie Como A, # Ag, vemos que X; nio € miltiplo de X, (ou vice-versa) e dizemos entdo que X, ¢ X; s4o solugdes independentes do sistema. Além disto, como veremos em 12.3.1, 0 conjunto das solugées - [20 X= [28] do sistema (§) é um espago vetorial V de dimensio 2 ¢, portanto, duas solu- Ges independentes geram V. Isto 6, qualquer outra solugdo X € combinagdo li- near de X, ¢ X;. Portanto a solugdo geral do sistema €: sendo ¢, € cz constantes. Na verdade, Y ¢ um espago vetorial complexo (veja a secodo 12.3.1) ¢ assim c © Cz so mimeros complexos. Dependendo do in- teresse, porém, pode-se considerar apenas as solugdes reais, tomando c, & ¢z reais. Ou ainda, como = v,e%, isto 6, x-|%] = ere! + Acze” *\ x2] * Jae’ + oe as funges solugées do sistema so x(t) = ge! + 40% x2(f) = et + ce Bibjotece ae cibncla 8 Teena e 322 ALGEBRA LINEAR sendo cy € cz atbitrérios. Se impusermos ao Exemplo 1, colocado acima, as condigdes iniciais x,(0) = -1 e x,(0) = 2, temos: 21) = ee + dcqe% w(t) =e toe para t=0 nls cy + 4e 2=q +e que implica que cy = 3 e ¢2 = -1 Portanto, substituindo, ( = 3ef ~ de xX, = 3e-e Esta é a tinica solugio de Sto axy + 4x2 tal que x,(0) = -1 ¢ x9(0) = 2 8 ox, +e dt 1 2 No exemplo anterior obtivemos dois autovalores reais distintos. O sistema se resolve da mesma maneira, no caso de autovalores complexas distintos, como foi colocado no exemplo abaixo. Exemplo 2: dx. Fax = 2m O82 Lox, tx, at Resolucdo de Sistemas de Equages Diferenciais Lineares 323 Temos Portanto a solugdo geral e X=e [ier te [ie -uyt Ainda se faz necessétio indicar outro exemplo importante, onde ocorrem auto- valores complexos. Exemplo 3: (oscilador harménico simples) Figura 12.2.1 Consideremos um corpo rigiao de massa m preso a uma mola cuja cons- tante de elasticidade é k (k > 0). Suponhamos que ndo haja atrito e que a massa da mola seja desprezivel em relago a m. Sejam u o deslocamento do corpo e v sua velocidade, Inicialmente, quando ¢ = 0, 0 corpo apresenta-se des- locado de ug ¢ parado (vq = 0). Usando a segunda lei de Newton, montamos o sistema de dt du dt 324 ALGEBRA LINEAR cujas condig&es iniciais sfo: (0) = uo (0) = 0 Na forma matricial ay k dt m'i\|” du|~ a| Uo ollu Os autovalores e autovetores da matriz so: nat JE ne|! a ai (E e n[ mm A solugdo geral do sistema ¢ entio (2-0 [Ree Vim Impondo as condigdes iniciais, obtemos eo te, , Uo ou seja, cy = cn = Portanto, a solugdo procurada é Resolugio de Sistemas de Equagdes Diferenciais Lineares 328 Usando as relagdes de nimeros complexes temos finalmente a solugao: JE fe v= ty /—sen for m mm k = uy cos /-- 12.2.2 Resta-nos ainda analisar 0 caso de sistemas de 2 equagdes em que a matriz A admite apenas um autovalor X. Temos entdo duas situagdes: = u i) A admite dois autovetores v, ¥) LI. ii) A admite apenas um autovetor v LI. No caso #) obtemos duas solugdes LI, X, = vie e X, = veM A solugdo geral é entéo X= eye + eve No caso ii) obtemos somente uma solugdo do tipo ve”. Entretanto, podemos mostrar que existe uma outra solugdo LI com a anterior, do tipo ett ds | cat + dy Substituindo-a no sistema, encontramos os valores pata cy, C2, dy © dy, e entdo a solucdo geral é +d, X= eve + 65 [si * a fee Este método usado para obtermos uma segunda solugdo é conhecido como mé- todo da variagao dos pardmetros”. 2 Para maiores detalhes consulte, por exemplo, Pais Leme, P.J.S,; Notas de Equacées Diferenciais Ordindrias, Impa, Rio, 1972; ¢ Leighton, W.; Equades Diferenciais Ordi- ndrias; Livros Técnicos ¢ Cient fticos, Rio, 1970. 326 ALGEBRA LINEAR Vocé entenderd melhor este método ao resolver o Exercicio § da seccdo 12.4. 12.2.3 Caso Geral: $6 resolvemos até aqui sistemas de duas equagdes. Po- rém, tudo 0 que fizemos pode ser extrapolado para n equacdes, com as adapta- ges necessirias, Também neste caso a resolugiio é mais simples quando obte- mos ri autovetores LI. Exemplo dx Gee Nae + 66y = 42 dy _ Gym ax + Day = a Gen Ix + S5y ~ 332 A matriz é 14 66-42 4 4 -14 10 55-33 Calculando os autovalores e autovetores LI associados, temos: Ay =2 com vy =(-11, 2,0) e v2 = (7,0, 2) de = 1 com v3 = (6, 2,7). Portanto, a solugdo geral x f-11 7 6 ylse, | 2 le +c, | Ole* +c; | 2HeP z 0 2 7 Vamos analisar agora os casos em que num sistema de trés equagdes ndo conseguimos trés autovetores LI para a matriz A. i} Se o polinémio caracten’stico é da forma (A - a)?(A - 6), e associado a0 autovalor a conseguirmos apenas um autovetor LI, procuramos uma ter- ceira solugdo independente da forma ett dy X5(t) = | cat + do fe eat + dy Resolugdo de Sistemas de Equagées Diferenciais Lineares 327 fi) Se o polindmio caracten’stico é da forma (A - a), ent&o podemos ter duas situag6es: a) ao autovalor @ esto associados dois autovetores LI, vy ¢ ¥2. Neste caso temos duas solugdes LI: v,e% e vze% ¢ existe, como em i), a terceira solugdo LI exatamente como a dada acima. b) ao autovalor @ esté associada apenas um autovetor v LI. Temos entio uma tinica solugdo LI da forma X; = ve". Neste caso mostramos que existem mais duas solugdes LI da forma ett dy me tnt + ky Xa =| cot + dy fee Xs =! mgt? + mgt t ky fet est + dy m3? + nyt + ks Aqui, como nos itens anteriores, as constantes, cj, dj, my etc. so deter- minadas substituindo-se as solugGes no sistema. 12.3 RESOLUGAO DE SISTEMAS DE n EQUAGOES LINEARES HOMOGENEAS DE 13 ORDEM A COEFICIENTES CONS- TANTES Esta segdo envolve um problema genérico, que consiste em procurar um con- junto de n fungSes reais que satisfaga, a0 sistema: dx, ts aux, +... + Ginx dt 1 ankn de, ra SayXy +... taney (8) ax, Ge am te Hann onde os aij s so constantes reais. Na forma matricial temos: a ay 2 in| | dt dx, <2 Oy Gna x dt ini An in| | Xn 328 ALGEBRA LINEAR ou % ax x Uma solugdo seré uma matriz X=] : |, cujos clementos sdo fungdes que Xn solucionam o sistema (8). ; O fato essencial que relaciona sistemas deste tipo com a Algebra Linear 6 dado pelo teorema seguinte. 12.3.1 Teorema: 0 conjunto S de todas as solugGes do sistema x. AX um espago vetorial (complex) de dimensfo n. xy ve Prova: De fato, observamos que se X=| : | e Y=| : | sdo solugdes do Xn In sistema, entio X + Y e &X(k EC) sio solugGes, pois aK +Y)_ dx +t ge Gp 7 AK + AY = AO + Y) Isto €, X + ¥ é solugdo. (Um procedimento andlogo é usado para mostrar que KX & solugdo do sistema. Vemos assim que S é um espago vetorial complexo (subespago do espao vetorial das fungGes definidas em R com valores complexos). Para mostrarmos que a dimensfo de S én, isto é, que existem me ndo mais que n solugdes linearmente independentes, precisamos do Teorema da existéncia e unicidadede solugdo de um sistema de equacdes diferenciais com condigao inicial? . 12,32 A proposi¢Zo anterior pode ser utilizada para se achar a solugdo geral de um sistema. Assim, se encontrarmos n solugdes linearmente independen- tes do sistema PAX Kio Xn, (sto é BM AX) 3 4 demonstragao deste teorema nio serf feita aqui, mas se voc8 estiver interessado em estudéla veja, por exemplo, Paes Leme, op. cit. p. 56. Resolugdo de Sistemas de EquagSes Diferenciais Lineares 329 podemos gerar todas as solugdes do sistema, ¢ qualquer uma delas serd da for- ma; XK =X +. + Xn (7 EO). Note que cada solugdo X, é uma matriz n X 1 de fungdes: Xii(t) 12.4 EXERCICIOS 1, Uma coldnia de bactérias cresce a uma razio diretamente proporcional ao numero de bactérias presentes. (Se chamarmos de B() a quantidade de bactérias depois de um tempo ¢, isto significa que Zam =k BQ), k = = constante.) Se 0 numero de bactérias triplica em duas horas, quanto tem- po serd necessdrio para que tenhamos cingienta vezes a quantidade inicial? Nos Exercicios de 2 a 5, dé a solugao dos sistemas lineares, ax dx 2, | Be ae y 3. [G--se wy gD. ar = * 4 ae com condigao inicial x(0) = 1, y(0) = 2 dx 4. [Bao + iy + ae Be ser ee Le reriyex s, [Hexey Bawey procs ce oman 330 ALGEBRA LINEAR Resolugao de Sistemas de EquagSes Diferenciais Lineares 331 6, Num circuito LC, seja um indutor de indutancia Z ligado em série com um capacitor de capacitancia C. Seja i a corrente que circula no circuito e q a carga no capacitor L ¢ l, i Outra solugdo LI é do tipo fetta] a ~ lettd, Entao x = AX, x, c Como ax, _[e ettd, o Ge- [elon [ee $d Dae ey teat + (i + ds) ] hae Geq - e)t + Bd, - dy) Igualando (i) ¢ (a), temos: 2eyt + Ady toy = (cy tOr)E + dy + dy 2egt + 2d, + dy = (3cy - cy) + 3d, ~ dy Suponhamos, inicialmente, que a corrente no circuit seja i) € 0 capacitor tenha uma carga go. Sabendo que a diferenca de potencial no indutor é 4 ¢ no capacitor ¢ 4, temos o sistema de equagdes diferencias e (ii) AX, = [ Como isto é uma identidade de polindmios, igualando os coeficientes, temos: 14020, -dp tdy =e, cy +e, =0 © ty tdy = 0, Portanto, ¢) = 1,¢, = 1,d,=0 e dp=le = é at «= [6 i¢ A solugdo geral € x(t) = ke?" + ky te? WO) = Kye + kale + Ie? a it) = ake + Bke! (0) = ae" ~ Be _is tkdo _ fo - ko onde @ =p, B= e 4, x(t) = 049 - de + (9 + Aije# + 3c5 H(t) = 18 = det + e2(3 + De® + 3 2(0) = ex(7 - Qe + 0,(7 + ie + 2c5 It Leituras Sugeridas e Referéncias 5. Solugdo: A matriz associada € A = [ 1 5] ~ ‘Bentley, D. ¢ Cooke, K.; Linear Algebra with Differential Equations; Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York, 1973, 2 Leighton, W.; Equagdes Diferenciais Ordindrias; Livros Técnicos e Cientificos, Rio, 1970. A=2e v= [}]: © tinico LI. Uma solugdo é X, = [te 1 1 Pais Leme, P.J.S.; Notas de Equacoes Diferenciais Ordindrias; Impa, Rio, 1972. PROCESSOS ITERATIVOS E ALGEBRA LINEAR 13.1 INTRODUCAO Em qualquer problema concreto é necessério no apenas saber que uma solugdo ‘existe, mas também chegar a esta solugéo em termos numéricos. Os problemas que aparecem na pratica, no entanto, envolvem tantas varidveis ou so tao diff- ceis que tornam-se praticamente impossiveis de serem resolvides sem o uso de recursos como calculadoras, computadores ete.. (Tente, por exemplo, resolver um sistema linear de 100 equagdes e 100 incégnitas.) Ha necessidade, entdo, de desenvolver processos numéricos que possam ser usados em computagio eletré- nica. Estes processos podem ser divididos em dois grupos: processos exatos ¢ processos iterativos. Por um processo exato entendemos um processo através do qual se obtém a solugdo numérica de um problema por meio de um mimero finito de opera- goes elementares. O método de resolugdo de sistemas lineares por redug3o da matriz, que vimos no Capitulo 2, € um exemplo de processo numérico exato que pode ser programado ¢ usado em computadores (embora para este fim existam outros métodos exatos de resolugdo de sistemas lineares que sio me- Ihores, como 0 método de Gauss que utiliza uma quantidade menor de opera~ Processos Iterativos e Algebra Linear 333 Ses, reduzindo o tempo de uso do computador ¢ possibilitando, conseqiiente- mente, uma maior economia). Um processo iterative de tesolugio de um problema é um processo em que se obtém uma seqiiéncia de solugdes aproximadas do problema, tal que cada termo da seqiiéncia é obtido a partir dos anteriores por um processo bem determinado e que, num certo sentido, estd “cada vez mais perto” da solugdo correta do problema. ‘A escolha de um ou outro processo (quando houver esta possibilidade) vai depender de uma série de fatores: da preciso desejada dos resultados ( aqui devemos ressaltar que a expressio proceso exato no quer dizer que s¢ encontre a resposta correta, sem erro algum. Este erro quase sempre aparece na pritica, pois as maquinas calculadoras tém apenas um ntimero finito de di- gitos ¢ assim, em cada operacdo haverd um erro de arredondamento), da capa- cidade de meméria do computador empregado, do tempo despendido em com- putagdo, do problema em particular. Por exemplo, 0 provesso iterativo € me- Thor quando as matrizes envolvidas sdo esparsas, isto ¢, com muitos zeros, ou quando existe uma formula para calcular os elementos da matriz, evitando que seja necessdrio 0 armazenamento etc. Por razdes técnicas, durante varios anos houve preferéncia generalizada pelos processos iterativos, mas com o desenvol- vimento de computadores em grande capacidade de memoria e rapidez, os pro- cessos exatos voltaram a ser interessantes do ponto de vista pritico ¢, atual- mente, sio competitivos com os processos iterativos. Estes ultimos, no entanto, continuam a ser muito importantes ¢ serfo os que estudaremos aqui através de sua conexdo com Algebra Linear. Suporemos que vocé saiba um pouco (ndo muito) sobre limites € seqiién- cias de nimeros. 13.2 SEQUENCIAS DE MATRIZES Comegaremos considerando uma seqiiéncia infinita de matrizes de ordem r x s, Ai, Ags os Any Anti, -» onde a a ol] fa oa eli: pp Asef iG : de of. [ae ok a], Pe nD re : a a. a... 334 ALGEBRA LINEAR M6 . com todos os aff nimeros reais ou complexos. Representamos tal seqiiéncia por {An lnen 13.2.1 Definigdo: Dizemos que a seqiiéncia {An}nen de matrizes con- verge para (ou se aproxima de, ou ainda tem como limite) a matriz A = [aj] (de mesma ordem) se os elementos das matrizes A, se aproximam dos elemen- tos correspondentes da matriz A, isto é, Neste caso, usaremos a notagdo lim A, =A ou Ay >A neo Exemplo: Seja a seqiiéncia {An}neny onde Lacy Sait 1 Qn E 13 - mz, get! OF ale]? FT te ec tim a,= |? ! 3 2), 7 nso 3 3 i 34 ‘Um caso particular importante da definigdo anterior é quando as matrizes so vetores-coluna, X,. Neste caso, a X=|: | +x ain se lim, x = xy para i= 1,2, 47 13.2.2 Definigio: Usando as notagdes da definiggo 13.2.1, dizemos que a série de matrizes (soma de infinitas matrizes) Ay + Ag +... + An + Anon t+ tem como soma uma matriz $ e escrevemos S = Ay + Ap +... se a seqiiéncia {Bn }nen, onde By = Ay +... + Ay tem como limite a matriz S, isto é, lim (Ar + A; +. + An) = S Processos Iterativos e Algebra Linear 335 Como 0 limite de uma sequéncia de matrizes é formado pelos limites dos elementos, certas propriedades de limites de seqiéncias de mimeros também so vilidas para seqiéncias de matrizes. Por exemplo, constantes multiplicativas podem ser colocadas fora do limite em seqiiéncias numéricas, isto 6, lim k + dq =k + lim ay, © mesmo valendo para matrizes. Isto €, s¢ Q, € n> neo Q: sio matrizes constantes, entio lim, (Qi + An)=Qi- lim An & tim, (Aq + Qa) = (im) An) + Q2, eo 300 00 neo desde que sejam possiveis as operacdes. Os resultados que vém a seguir mostram outras situagdes em que, sob certos aspectos, as seqiiéncias de matrizes comportam-se como seqiiéncias de mimeros. A primeira delas é que, dado um néimero real ou complexo a, com lal < 1, as poténcias de |a| sio nameros cada vez mais préximos de zero, isto & tim lai* = 0, e portanto jim at = 0. Além disso, se Jal > 1, lim at nao 6 zero. Vocé deve conhecer ainda que se tivermos uma seqiiéncia de ntimeros que ¢ uma progressio geométrica de primeiro termo 1 e razo a, com |a| < 1, ento a soma dos termos (infinitos) desta progressdo existe e ¢ dada por 1 ltatatitak +. ~a Estes dois resultados também sdo validos (com certas modificagdes) para seqiiéncias de matrizes, como veremos nos teoremas 13.2.4, 13.2.5 € 13.3.7. No que se segue, estzremos considerando todos os autovalores de uma matriz quadrada A, inclusive os complexos, mesmo que A tenha apenas elemen- tos reais. 13.2.3 Teorema: Seja A uma matriz quadrada r 20 seja, X = MX +N e, portanto, X = lim X, solugéo do sistema, © teorema que acabamos de ver ¢ tipico dos teoremas que aparecem em processos iterativos. Ele fornece um processo de construgdéo mecénica de uma seqiiéncia que, sob certas condigdes, aproxima-se da solug#o do problema. Nao € vantajoso aplicar manualmente estes processos, mas estes parecem bastante razodveis quando se dispde de uma calculadora automatica programavel. Entretanto, este teorema apresenta uma limitacdo muito séria na prdtica. Como verificar concretamente se uma dada matriz (geralmente de ordem alta) tem autovalores com médulo menor que 1? Calcular os autovalores seria uma Tesposta 6bvia, mas ndo temos meios priticos e répidos de fazer isto com ma- trizes de ordem alta (a ndo ser, talvez, por outros processos numéricos iterati- vos). Vamos ver, entdo, se conseguimos dar uma resposta bem simples e répi- da, apenas examinando os elementos da matriz. Para isto definimos: 13.3.2 Definigdo: Seja A = [ay],xs uma matriz. Chamamos de norma da matriz A e denotamos por |JAji|, 0 numero nao negativo s WAI = max lay! 1SiSr A [FL entdo All = max (12: + I-11, 181 + 101} = max (3, 8} = Exemplo: Se O caso particular da definigdo anterior em que a matriz € um vetor-coluna nx 1 € muito importante e por isso vamos repetir a definigdo neste caso parti- cular, dando um nome especial. Processos Iterativos ¢ Algebra Linear 341 13.3.3 Definig&o: Seja um vetor-coluna. Chamamos de norma do maximo do vetor-coluna X ao nime- 10 WUXI = max (Ley hy beak an btn lt Observagaio: No Capitulo 8, a0 lidarmos com espagos vetoriais munidos de um produto interno ¢,), demos o nome de norma de um vetor v ao nume- ro livli = 4, y). A nogdo que estamos apresentando aqui ndo provém de um produto interno, mas continua recebendo o nome de norma porque possui vé- rias propriedades em comum com o conceito introduzido no Capitulo 8. Vejamos algumas propriedades. (a) 43.3.4 Teorema: Consideremos uma seqiiéncia de matrizes A, = [ay px 5 ¢ uma matriz A = [ajlp es, tais que lim Ay - All= 0. Entio lim (Ay - A) = 0, fre ou seja, lim Ay = A. nee Prova: Temos lin llAy ~ All = lim | méx_ “ laf? — ayl) = 0 ns 00 nee IS Entae para todo i = ..?, temos s lim laf?” ~ayl=0 ns00 fl Mas, se a soma de termos positives tende a zero, cada uma das parcelas também tende a zero. Logo, para todo i rej=1,...,5 temos lim | lai -ayl = ou se, him, (aff? ~ aj) =0. Assim, lim (Aq ~ A) = 0. jae Te 13.3.5 Teorema: Sejam A e B duas matrizes de mesma ordem e A um nimero. i) MAI = 0 se, e somente se A = 0 ii) A + Bil < ILAll + IBi ii) Waal = Int liall Prova: Faga como exercicio, Ao provar (ii) lembre que se @ e b sao nimeros, entéo la + BI < lal + lol. Bibtotee cisneie 7 re 342 ALGEBRA LINEAR Observe que as propriedades do teorema anterior sdo trés das proprieda- des da norma definida no Capitulo 8. A norma definida aqui, embora ndo pro- ventha de um produto interno, tem também essas propriedades Vamos precisar, ainda, de mais uma propriedade desta norma para de- monstrar os resultados seguintes. 13.3.6 Teorema: Se A = [aig]pxs ¢ B= [byjlpxp so duas matrizes, entdo A+ Bil < WlAll- liBll. s Prova: Temos A - B = [eijlyx¢ onde oy = S aipbay ‘kel 1S Sr t t 5 Entao lA - Bil = max x leg! = mix ¢ X | x aybyg!) r ja ka s t < més; lage! loge) = mre OD aie! Val : t max | ayy! Vogl) < Tet<, ‘ & wk » w) ~ nl ‘ t : Jail (max lbyld] = <<, | & ail OR cy % ai!) : t = (ma: lajg!) + (ma lag!) = (mix 2 aie!) + (rd » i) = IIAll+ VBI Uma situagdo particular desta proposigdo 6 quando B é um vetor-coluna X. Temos entdo IIA + Xli < IAM - iIXII, Vamos ver agora qual ¢ a ligagdo que existe entre a norma de uma matriz. e seus autovalores. 13.3.7 Teorema: Se A é uma matriz quadrada tal que A! <1, entdo todos os seus autovalores tm médulo menor que 1 Prova: Pelo teorema 13.3.6, temos IIA7Ii = A + All < IIAIl. IAIl < HAIP ¢, indutivamente, HA‘I< IAI. Como IIA! < 1, temos O lbyl <1 e N € um vetor-coluna r x 1, entdo, qualquer que seja o vetor-coluna inicial X;, a seqiiéncia de vetores-coluna, dada pela formula iterativa Xp +1 = M+ Xn +N, aproxima-se de um vetor-coluna X que ¢ solugdo do sistema linear X = M - X +N. Como este ultimo resultado pode ser usado na prdtica? Como jd comen- tamos, um sistema que normalmente aparece na forma A - X = B sempre pode ser colocado (de varios modos) na forma X = M - X +N. A resolugdo do teo- Tema anterior pelo processo iterativo, é vidvel, desde que esteja satisfeita deter- minada condigdo sobre M. Dependendo da maneira como colocamos o sistema na forma X = M - X +N, esta condigdo (suficiente) sobre M vai se refletir de maneira diferente sobre A. Por exemplo, na escotha sugerida, isto é, M = | - A e N = B, se A = = [ay], x,, a condigao IIMII <1 é a de que lif - All = max {IL - aql + + laj2l +... + layl} <1. Isto significa em termos intuitivos que para esta es- colha de M e N o processo iterativo converge se a matriz de coeficientes A do sistema for razoavelmente proxima da identidade. Para conseguirmos convergéncia em outras situagbes, precisamos fazer outras escolhas para M e N. Nos meios computacionais, estas outras escolhas para M e N sio feitas seguindo o principio enunciado abaixo. 13.3.9 Principio: Dado o sistema A - X = B, escrevemos A = P - Q, onde P € uma matriz. inversivel. Entdo A+X=(P-Q)X=P+X-Q-X=B ou P-X=Q-X4B ou ainda X = (P'Q)X + PB. Entio M = P'Q e N=P"'B. Este principio pode ser ilustrado, desenvolvendo um processo que denominamos Método de Jacobi. 344 ALGEBRA LINEAR 13.4 METODO DE JACOBI A on aay] Se A=]: i] comay #0, b= 1, ry Gry ve Op podemos escrever ay 0 0 an Cra an an am A= + . 0 pr Mm an . O au Oy fait 0 an ad 0 Opp 0 arp Podemos tomar entao em 13.3.9 0 -an ay au 0 a P= . © Q= 0 Orr a dn. 0 Com esta escolha o proceso iterativo obtido é chamado método de Jacobi. Neste caso o wan 74, an ay Tag aor 3 Ge M 22 apy = App 0 Gry Orr A condigdo |IM!l <1 para a convergéncia do processo iterativo € entdo que Processos Iterativos ¢ Algebra Linear 345, ou seja, if < farr| Em outras palavras, no Método de Jacobi, a condi¢fo de convergéncia do pro- cesso é a de que cada elemento da diagonal seja, em médulo, maior que a s0- ma dos médulos dos elementos que estejam na mesma linha. 13.5 PROCESSO DE GAUSS-SEIDEL Um outro proceso muito usado na pritica ¢ 0 chamado processo de Gauss- Seidel. Considerando uma matriz A = [ajj}-xp com diagonal sem zeros (oj #0, i = 1, ..., 7), escrevemos au 0 Oar a, ay) day 00 a, A= + : an Ore Or oo 0 em seguida tomamos ay 0 Oa, .. ay ayn an 0 aay P= e Q= . a 0 0 Note que P é inversivel, pois os elementos da diagonal sfo nao nulos e ela é triangular inferior. Neste processo ¢ um pouco mais diffeil escrever Me N, mas vocé deve tentar. Como vocé poderé verificar também, a condiggo IIMl <1 ¢ 346 ALGEBRA LINEAR muito mais complicada de se expressar em termos da matriz A. Costuma-se, assim, trabalhar com uma outra condigdo suficiente (critério de Sassenfield). tn Mas vocé pode verificar que a condig&o |ajj > y lay! para i = 1, 2,-0.7 j=l ii estabelecida no método de Jacobi também ¢ uma condigdo suficiente para a convergéncia no processo de Gauss-Seidel. Vocé encontrar a prova destes cri- térios, bem como um grande nimero de exemplos, na bibliografia citada no final do Capitulo. © método de Gauss-Seidel costuma ser muito vantajoso nos casos onde a matriz é de ordem elevada ¢ ha poucos elementos diferentes de zero. 13.6 ESTIMATIVA DE ERRO Dado um processo iterativo Xp+1 = MX, +N com IIMII <1, sabemos que 0 processo converge, isto é, a sequéncia {Xylnen aproxima-se de um vetor-colu- na X que é solugfo da equacdo X = MX + N. Resta, entretanto, um problema pritico: uma vez que nfo conhecemos a priori a solugdo X (na verdade € isto que queremos achat) como saberemos quando os X, estdo suficientemente proximos de X? Intuitivamente a resposta &: calculamos os termos Xn, Xp+1, etc. € em cada passo comparamos 0 valor obtido com o anterior, isto ¢, X41 com Xp. Quando Xj», estiver proximo de X,, & porque provavelmente os termos ndo se alteram muito a cada passo © podemos dizer que Xy+,1 esté proximo de X. Esta resposta intuitiva apresenta problemas sérios. Primeizo, 0 que signifi- ca exatamente a palavra préximo? Como podemos medir isso de forma que uma calculadora automdtica possa nos responder quando estamos “préximos”? Segundo, como podemos justificar a nossa intuigdo? Terceiro, na pritica pre- cisamos saber exatamente qual 0 erro cometido a0 pararmos © processo ite- rativo num determinado passo, € ndio apenas saber que estamos préximos. Quanto ao primeiro problema, podemos solucioné-lo utilizando a nogao de norma. Por exempto, se xf) + 1) X=: | © Xara]: a” ren entdo lIXpey = Xqll = max {1x0 — xf 1, .., bef" xf"1} e, portanto, Processos Iterativos ¢ Algebra Linear 347 se a norma da diferenga de X,+1 - Xn for pequena, os elementos correspon- dentes dos vetores-coluna estdo proximos. Os dois outros problemas serdo resolvidos de uma forma conjunta. Quere- mos saber qual 0 erro cometido ao pararmos © processo iterativo num certo passo. Vamos calcular, entdo, !IXp+1 - Xl, onde X é a solugdo do problema X = MX +N. Para isto, sabemos que Xy+, =M-X, +NeX=M-X+#N. Subtraindo termo @ termo obtemos Xn+t -X=M+X_-M-X Subtraindo M+ Xj+1, dos dois membros da iiltima igualdade obtemos Xnti 7 XM + Xnei = Me Xp - M+ X-M = Xpar ou Xpe1 -X-M+Xne, +M> X=M-Xy-M+ Xnen ou ainda (I - M) (Xp41 - X) = M(Xp - Xne i). Com a hipétese IiMI! < 1 (para o processo convergir), aplicando o mesmo ra- cioginio que em 13.2.5, vemos que I - M é inversivel e que a)(l-Myt =i+M+M? +. Entdo Xpe1 - X= (P- MY" + M(Xq - Xn+i) Tomando as normas dos dois membros ¢ lembrando 13.3.6, chegamos a b) liXpan - XING MYT MILs Xp = Xa ll Usando 13.3.5 (if) e 13.3.6 em (a), obtemos Hd = Myth + TIMI + MIP + 2 i - limi Colocando esta expressio em (b), temos 0 teorema seguinte. 13.6.1 Teorema: Consideremos 0 processo iterative X,+, = MX, +N com IIMII <1, Entdo a sequéncia {Xp }nen converge para a solugdo X do problema X = MX +N, de tal modo que liMil UXper XW Se Xen - Xnll mt 7 -iMioO"*8 Assim, 0 teorema justifica 0 nosso procedimento intuitivo e nos di um meio dé caleular 0 erro cometido ao pararmos 0 proceso em um determinado passo. Por exemplo, se quisermos achar X com uma preciso de £, deveremos, a partir de um Xp qualquer, seguir 0 processo iterativo até que IMI UXper - XU Sigg ner > Xl <6 isto é, até que a norma da diferenga de um termo com o seguinte, UX na = Xalh sea menor que = ath 348 ALGEBRA LINEAR 13.7 EXERCICIOS 2 Ol 1 1. Seja A= [3 4° 0 o1 8 @) Calcule |All. b) Ao resolvermos © sistema x 3 A-ly|=fo z 1], podemos garantir que © processo iterative dado por X, = MX + N onde M= 3 AeN= | converge pera uma solugdo do sistema? 1 2. Se M é uma matri2 quadrada tal que IIMII <1, sabemos que seus autovalo- res tém médulo menor que 1. A reciproca é verdadeira? Isto é, se 0s auto- valores tém médulo menor que 1, entdo necessariamente IIMIl < 1? » O sistema linear [= +2ptiz xt+Tyt 2 x+ yo Sz WHR W pode ser resolvido pelo Método de Jacobi? Se puder, calcule X, a partir de “-E) Resolva o sistema linear (* +2y- 32-5 - -x + 8y + 3z=-10 xtdy +1225 12 pelo (2) Método de Jacobi (6) Método de Gauss-Seidel, a partir de 1 X= i] , isto é, ache X4 e faga uma estimativa do erro I|X, - Xi, onde 1 X € a solugdo correta do problema. O que vocé pode dizer sobre as veloci- dades de convergéncia dos dois métodos? w . Prove o teorema 13.3.5. Processos Iterativos e Algebra Linear 349 13.7.1 Respostas 1.a) HWA =9 b) N&o podemos garantir pois ilMil > 1. 32 ove 3232, a is M = i We 2. Nao vale pois M 6S 10, € uma matriz com IIMII = 1,011875 e 32. «3 no entanto seus autovalores sio 0,875 e 0,125 aproximadamente, Pode, pois 0 médulo de cada elemento da diagonal é maior que a soma dos médulos dos outros elementos que estdo na mesma linha. a 4.0) 101 36 X4= “wh e IX, -XIl< 1,85 a 16 4) 2317 1152 13829 joy | © WX, - XI < 0,151 12281 9216 © processo de Gauss-Seidel converge mais rapidamente que o de Jacobi. Xe = Leitura Sugeridas e Referéncias 1 Barros, [. Q.; fnirodugdo ao Céleulo Numérico; Edgard Blicher Ltda., Sao Paulo, 1972. 2 Conte, S. D.: Elementos de Andlise Numérica; McGraw-Hill, New York, 1972. 3 Jsaacson, E. e Keller, H.; Analysis of Numerical Methods; Wiley, New York, 1966. 4 Protter, M. e Morrey, C.; College Calculus with Analytic Geometry; Addison — Wesley Publishing Company, Inc., Reading, 1965. CONJUNTOS CONVEXOS E PROGRAMACAO LINEAR 14.1 INTRODUGAO Um problema de otimizagao envolve maximizar ou minimizar uma fungéo restrita ‘acertas condigdes. Estamos sempre interessados em minimizar custos, maximizar lucro, rendimento etc. A programacio linear é uma técnica que permite a resolugao destes problemas no caso especifico em que as fung6es a serem analisadas si fungdes afins (lineares mais constante) ¢ as restrigdes so dadas por desigualdades lineares (regides poliedrais convexas). Neste capitulo, introduziremos os conjuntos convexos e analisaremos os maximos e minimos que as fung6es afins assumem nestes conjuntos, traduziremos problemas concretos para esta linguagem e procuraremos resolvélos. Isto serd feito de uma maneira mais conceitual e geométrica nas segdes 14.2 ¢ 14.3, ¢ de uma maneira algoritmica e programavel na segdo 14.5, escrita pelo professor Antonio Carlos Moretti, que vem trabalhando em muitos problemas nesta area ¢ que nos deu valiosas sugestdes para esta nova versio. Os resultados de conjuntos convexos ¢ programacao linear comegaram a ser organizados no final do século passado ¢ inicio deste século, a partir de trabalhos de matemiaticos como H. Minkowski, A. Haar, H. Weyl. A partir dos anos 40 tivemos Conjuntos Convexos ¢ Programacio Linear 351 um rapido desenvolvimento dessa drea, principalmente no que se tefere ao desenvolvimento de algorit mos que permitiram programar e resolver intimeros problemas aplicados envolvendo muitas varidveis. A grande difusdo da programagio linear nos aitimos anos deve-se ao fato de que, embora ela trate de um problema especifico, ela é uma técnica simples ¢ muitos problemas do cotidiano podem ser formulados segundo esta linguagem. 14.2 CONJUNTOS CONVEXOS As noges que introduziremos a seguir visam uma caracterizago de regides convexas especiais. O conceito de variedade linear de um espaco vetorial é algo que abrange seus subespagos ¢ as translagdes destes. 14.2.1 Definig¢go: Um subconjunto A de um espago vetorial Vé uma variedade linear de V se existe um subespago W de Ve um vetor vo de V, tal que: A = |vEViv=vo +w para we W} ‘Usaremos a notagdo A = vy + W para indicar a variedade linear. Observe que se Vo # 0, entao A no é um subespago. Por dimensio de A, denotada dim A, entendemos a dimenso de W. 14.2.2 Exemplos Exemplo 1: Um exemplo de uma variedade linear de dimensao 1 no R? uma reta (que passe ou nao pela origem), como indica a Figura 14.2.1. Figura 14.2.1 Biblioteca de cignete ech Ee 352 ALGEBRA LINEAR Um ponto do plano é uma variedade linear de dimensio zero Exemplo 2: Todo subespaco , em particular, uma variedade linear (vp = 0). Exemplo 3: Como ja vimos (Exemplo 9 de 4.3.2} 0 conjunto-solucdo de 1 1 0 tay tz xt ytd x+3y- 2 ndo & um subespago vetorial de M(3, 1). Resolvendo o sistema vemos que os vetores-solugao so da forma: , para VAER » ele sibs Note, ainda, que os vetores do tipo Soe wl sendo solugdo do sistema homogéneo associado (Exercicios 20 ¢ 22 da seegdo 36), formam um subespago, W, de M(3, 1), de dimensio 1, Portanto, 0 cof: junto dos vetores-solugao do nosso sistema, descrito em (+), é uma variedade Jinear de dimensio 1 3 i+w 2 0 Exemplo 4: De modo geral: se um sistema de equagées lineares & compa tivel (isto &, admite solugdo) seu conjunto-solugdo é uma variedade linear de dimensio igual a0 grau de liberdade do sistema, (Verifique isto! Compare com © Exereicio 21 da secgao 2.6.) No caso particular do Exemplo 4 acima em que temos apenas uma equagso jimear, a variedade linear determinada por esta equagio seré chamada hiperplano. Conjuntos Convexos e Programagao Linear 353 Por exemplo, em R? (observe que estamos identificando M(3, 1) com R?), 0 hi- perplano determinado pela equago 2x + 3y + 32 - 2 = 0 € 0 plano 2 Figura 14.2.2 No caso de R?, um hiperplano ¢ uma reta (faga um exemplo). Um hiperplano divide 0 espaco vetorial em 2 semi-espagos. Por exemplo, a0 considerarmos © hiperplano em R? descrito por det 3yt32-2=0 teremos 0 espago dividido em ois semi-espagos que so os pontos (x, ¥, z) que satisfazem 2x + 3y + 32 - 2 > 0 ou 2x + 3y + 32 - 2 0? (Note que como aqui 0 espaco vetorial € 0 R?, o semi-espaco serd dado geometricamente por um semi-plano}. Para resolvermos este problema, uma vez tragado 0 hiper- plano (no caso a reta) x + » - | = 0, escolhemos um ponto de R?, por exem- plo a origem (0, 0) ¢ verificamos se ele satisfaz ou ndo a desigualdade. Neste caso, como para x = 0, y= 0.x + 9-1 = -1 0, ser o semi-plano assinalado, excluindo-se a retax + y - 1 = 0. Para hiperplanos definidos por uma equagdo de niais do que trés varidveis no teremos uma visio geométrica dos semi-espacos vetoriais como nos exem- plos anteriores, mas estes conceitos s4o abordados da mesma maneira: Hiperplano W = (Xq,.X_) ER Oxy + ne tg ky = é uma variedade afim de dimensao n — 1 que divide o R™ em dois subesparos fechados HY = (6), X_QVER GX, tt ay ty BH ec HOH By RAVER aX, to Hay Xy SO 14.2.3 Vamos agora apresentar um problema que nos guiard nos itens a seguir. Suponhamos que um agricultor queira adubar a sua plantagao e dispo- nha de dois tipos de adubo. O primeiro contém 3g de fosforo, 1g de nitrogé- nio ¢ 8g de potdssio, e custa 10 u.c.p. por quilograma. O segundo tipo contém 2g de fosforo, 3 g de nitrogénio ¢ 2 g de potdssio, ¢ custa 8 u.c.p. por quilograia, Sabemos que um quilograma de adubo dé para 10m? de terra, que o solo em que estao suas plantagGes necessita de pelo menos 3g de fésfo- ro, 1,5 de nitrogénio e 4g de potdssio a cada 10 m*. Quanto o agricultor de- ve comprar de cada adubo, para cada 10 m? de terra, de modo a conseguir ter © minimo custo? Conjuntos Convexos ¢ Programagao Linear 355 —— * , Necessidades Tipo A Tipo p | minimas de adubo Fosfor 3 2 3 Nitrogénio 1 3 1S Potissio 8 2 4 Custo 10 we.p. | Custo 8 up. Chamemos de x a quantidade em kg de adubo do primeito tipo ¢ y a do segundo tipo. Evidentemente, x ey nao podem assumir qualquer valor, pois de- vemos ter x > Oe y 2 0 e, além disso. x kg do primeiro adubo fornece 3x g de fosforo, enquanto que y kg do segundo tipo forece 2y-g de fosforo. Entdo, se usarmos x kg do primeiro ¢ y kg do segundo, estaremos adicionando 3x + 2y gramas e, pela exigéncia minima do solo, devemos ter 3x + 2y > 3. Analogamente, para 0 nitrogénio ¢ 0 potdssio deveremos ter x + 3 > 1.5e 8x + 2y > 4. Entdo as valores x e y devem satisfazer simultaneamente: (§) x 20, » 20, 3x + 2 >3, xt 3y PLS, bx + ly a4. Colocando num grifico as quantidades x (como abscissa) e ' (como ordenada), como mostra a Figura 14.2.5 observamios que estas restrigdes nos conduzem a: x43y-1520 Figura 14.25 Bibloteca de Ciencia & Teen 356 ALGEBRA LINEAR Isto é, para que os valores x ey satisfagam simultaneamente todas as desigual- dades, 0 ponto (x, y) deve estar na regido hachureada A. Note que esta regio A € dada por uma interseegao de semi-espagos fechados do R? Além disso, queremos que 0 custo dado pela funggo F(x, y) = 10x + By seja minimo, isto é, estamos procurando na tegido hachureada qual 0 ponto (%, ») no qual f(x, ») tem o menor valor. Para resolver este problema devemos, entGo, estudar um pouco mais as propriedades dos conjuntos do tipo de A e¢ das fungdes do tipo f(x, y). Para isto precisamos das definigdes dadas a seguir. 14.2.4 Defini Sejam A e B dois pontos do R". O segmento de extre- mos A e B € 0 conjunto AB de pontos R”, dado por: AB: (1 -A+ 1B; O<¢ <1} Esta definigdo corresponde exatamente a nossa intuigdo de segmento em dimensio dois e trés. Observe que no segmento AB o ponto que corresponde a t = 0 € 0 pon- to A, © ponto que corresponde af = | é B e, 2 quilquer ponto P do segmen- to, existe ty € R tal que 0 Oe t, > 0 (pois 0 <1, < 1), a relagdo (x) é satisfeita. Assim, como P esté no semi-espaco ¢ P era um ponto arbitrétio de AB, entdo © segmento AB estd inteiramente contido no semi-espago e, portanto, este é convexo. 14.2.7 Teorema: A intersecedo de conjuntos convexos é um conjunto convexo. Prova: Sejam S, ¢ S; dois conjuntos convexos. Precisamos mostrar que se A € B sio dois pontos quaisquer de S, 9 Sz, entio ABC S,1S;. Mas se A, BE S, 9 S,, entio A, BE S, e como S, é convexo, AB € Sy. Analogamente, se A, B ES, 1 S;, entdo A, B € S; € como S; é convexo, AB S;. Como AB esta contido simultaneamente em S, e S, entéo AB € §, 0 S}. Portanto S; 9 Sy & convexo. 14.2.8 Definigao: Uma regiao poliedral convexa fechada em R” é uma intersec¢do de uma quantidade finita de semi-espagos fechados do R”. Devido aos dois teoremas anteriores, uma regido poliedral convexa € um conjunto convexo. 14.2.9 Um conjunto AC R" é dito limitado se existirem constantes kj P= Ly ony fais que, $0 Oy, XqJEA emtdo x) Sh. T= 1, Conjuntos Convexos e Programagio Linear 359 14.210 Exemplos Exemplo 1: regido convexa limitada do R3 Figuea 14.2.8 Note que da maneira como foi definida uma regido poliedral convexa fechada é sempre obtida por um sistema de desigualdades lineares (uma desigualdade para cada semi-espago). Como exemplo veja (8) de 14.2.3 e Figura 14.2.5. Numa regido poliedral convexa, procuramos pontos especiais — os vértices. Na regido poliedral convexa do exemplo 14.2.3, eles sdo os pontos Py = (0, 2),P2 =(4. $),P2 =($, }e Pa = (4.0). Note que estes pontos sdo dados por intersecgdo de duas das retas que definem os semi-espagos. Assim, por exemplo,P, ¢ dado pela solugdo do sistema 360 ALGEBRA LINEAR Bxt2p-3 ax + 2y-4 now ° Note, porém, que o ponto (0, ) que € solugao do sistema er 0 x=0 ndio pertence a regio A. Este comentario nos leva a: 44.2.1 Definigdo: Dada uma regiao poliedral convexa fechada do R" (de- terminada por um sistema de inequagbes lineares), os vértices dessa regido Slo os pontos da regido que satisfazem um dos possiveis sistemas de 1 equagies lineares independentes, obtidas substituindo-se as desigualdades por igualdades. Observacdo: Depois de resolver um sistema, a fim de verificar se 0 ponto esta na regido, testamos para ver se ele satisfaz todas as desigualdades. 44.2.12 Caracterizagdo Geométrica dos Vértices: Os vértices que aqui foram dofinidos “algebricamente” sfo 0s pontos extremos da regito poliedral convexa R. Com isto queremos dizer que eles so os pontos da regido que ndo esto contidos no “0 y20 3x+2y 23 x+3y 215 Bx tIye4 ‘Ao substituimos por igualdades e tomarmos os sistemas de duas equagdes obtemos 10 = ($). Dentre estes, determinaremos os vértices, verificando quais satisfagem o sistema de inequagdes que definem a regigo A, Neste caso, teremos apenas os pontos P,P; , Py ¢ Ps nestas condigées. Verifique! Sete Conjuntos Convexos e Programacdo Linear 361 Exemplo 2: Considere i pelo sistema de inequagdes mes & reo poliedral convexa fechada de R®, dada xt ytzs3 y-282 x ~ dy <1 x 20 Enta iveis vérti 10 OS possiveis vértices so dados pelos sistemas de trés equagiies = (3, 1-1) (estd na regiao, pois satisfaz todas as ine- quagdes) = 55, Fd (estd na regidoy S = (0,5, 4) (esté na regido) 1 = (0, >. ) (esta na regizioy Figura 14.2.9 362 ALGEBRA LINEAR Agora, estamos em condigdes de caracterizar problemas como o introduzido em 14.2.3 e que podem ser resolvidos pela técnica especifica que é a programagao linear. 14.3 INTRODUCAO A PROGRAMACAO LINEAR (PL) A programagio linear trata do problema especifico de: Maximizar ou minimizar uma funcao do tipo £(Kq5 es Xp) =a Xy to bagxy +b, restrita a um subconjunto A poliedral convexo de RM. (Note que f:R" +R é uma transformagao afim, isto é, f(x) =L (x) +b onde L é uma transformagio linear, 6 ER.) ‘Na linguagem de programagao linear (PL), f é chamada fungao objetivo (£.0.)e A é denominada regido factivel. No exemplo da seco 14.2.3, f.0. é dada por f(x, ») = 10x + 8y ea regido factivel é a regido A descrita por: x20 yo 3x+ Iy>3 x+3y P15 ax+2y>4 Nosso problema é minimizar f restrita a A. 14.3.1 Método Geométrico ‘Vamos (finalmente!) resolver o problema proposto em 14.2.3. procedimento que vamos seguir é conhecido como método geométrico de resolugdo em PL. Vamos reescrever a f.0. acima, utilizando produto interno do R?. f(x, y)= ((10, 8), (%, ») ), © = (10, 8) € denominado vetor gradiente e x=(x,y). Observagdo 1: f é constante nas retas perpendiculares ao vetor ¢ = (10, 8). De fato: Uma reta perpendicular a € pode ser escrita na forma paramétrica do seguinte modo Conjuntos Convexos ¢ Programagio Linear 363 *N 10x tay = SSN 8 =72/7 10x +8y =0 Figura 14.3.10 (3) =, y*+AC-8, 10) ou sejax =x* + Ae? onde x* = (x*, y*)¢€ 0 vetor deslocamento, que pademos tomar na diregdo de ¢. Portanto, f(x, y)=(c, x)=, x* + eH =Ce,xH= © + x* cosae,neste caso, cos a= 1. Observagao 2: Da observagao 1 vocé pode notar que f seré tdo menor quanto menor foro deslocamento x* , ou seja, f(x, ») assume seu minimo no ponto (ou pontos) da regiao factivel que estiver na reta perpendicular a ¢, mais préximo da origem. Em nosso problema, o pontoé( =.) =P3 que é um vértice da regido factivel. ui 14.3.2 Exemplo: Uma fabrica produz dois tipos de geradores, tipo A ¢ tipo B, € cada um deles deve passar por duas méquinas, C e D. Para fazer um gerador do tipo A, a maquina C deve trabalhar 2 horas e a méquina D deve trabalhar 4 horas. Para fazer uma unidade do tipo B, as maquinas C e D devem trabalhar respectivamente, 4 2 2 horas, As méquinas podem trabalhar 24 horas por dia, Sabe-se que a fabrica tem um lucro de 3.000 u.c.p. por um gerador do tipo A € um lucro de 5.000 u.e.p. por um do tipo B. Além disso, ela vende toda a sua produgdo. Sendo assim perguntamos: quantos geradores de cada tipo a fabrica deve produzir, para que seu luero seja maximo? 364 ALGEBRA LINEAR Chamemos x a quantidade do tipo A e y a do tipo B, ¢ observemos as restriges sobre x ¢ y. Se so fabricados x geradores do tipo A, 0 tempo gasto pela maquina C é 2x, e se sio fabricados y geradores do tipo B, o tempo gas- to pela maquina C é 4y, ou seja, 0 tempo total usado pela maquina C ¢ 2x + 4y, que deve ser menor que 24 horas. Analogamente, temos uma cestri- gdo para a maquina D. Devemos ter, entdo; x20 y>0 wv + dy < 24 ax + 2p <4 que nos fornece a regido mostrada na Figura 14.3.1, cujos vértices so (0, 0), (6, 0), (4, 4) ¢ (0, 6). A fungdo que queremos maximizar é a fungao lucro. Ax + 2y = 24 6 Figura 14.3.11 flx, y) = 3.000x + 5000y Use o método geométrico descrito no exemplo anterior para determinar 0 méximo de f, observando que, para obter o maximo, vocé deve “‘caminhar” na regifio por retas perpendiculares ao vetor gradiente da f.0. e no mesmo sentido dele. 14.3.3 Tipos de Solugdo Baseado no método geométrico que descrevemos na se¢o anterior, jd se pode intuir varios tipos de solugdo de problemas de programagao linear de duas varidveis. Conjuntos Convexos ¢ Programacao Linear 365 _, __ Vamos considerar todos os tipos possiveis de regides poliedreis convexas no R? e pesquisar os maximos e minimos de uma fungao f(x, y)=ax + by +e. Na Figura 143.12 tomamos @ = la) Rlegiges ilimitadas sem vértices eb=2 (b) Regides ilimitadas com vértices 366 ALGEBRA LINEAR (semiseta yura 14,3,12 Conjuntos Convexos ¢ Programagao Linear 367 Podemos observar portanto que a fun¢io FY =x+W+e na regio R, assume minimo em toda reta (“fronteira” de R,) e no assume maximo. R, ndo assume maximo nem minimo. Ry ndo assume maximo nem minimo. R, assume minimo nos vértices A e B, portanto assume minimo em todo segmento AB, e nao assume maximo. Rs assume minimo no yértice A ¢ maximo no vértice C. Ry nao assume méximo nem minimo. R, assume maximo no vértice A e nfo assume minimo. Rg assume minimo no vértice B e maximo no vértice A. Ry tem o valor maximo igual ao valor minimo e igual af (A). Exercicio:a) Descreva, através de inequagées, as regides Ry, R2,..., Ro acima 5) Faga um estudo semelhante ao que foi feito acima para determinar os maximos e minimos de f (x,y) = - 2x + y + ¢ nasregides Ry, Rp, 14.3.4 Resolugdo do Problema para n-varidveis Podemos estender 0 método geométrico descrito no Exemplo 14.3.1 para problemas de PL em geral. Teremos entdo para f(X1,-..%,) = @ix1 + ...+ +4,Xy + bo vetor gradiente ¢ = (a1, 43, ..., 2.) R”. Em termos de produto interno temos f(x) =x, ©) +b, x = (x), ....X,). A fungdo objetivo sera, portanto, constante nos hiperplanos perpendiculares a c. (Para as nogdes de perpendicularismo ¢ co-seno do angulo entre vetores do R", consulte, se necessario, o Capitulo 8.) No caso de problema envolvendo trés variaveis ainda € possivel visualizar geometricamente. Os pontos de minimo ou maximo da f.0. serdo procurados varrendo-se a regido factivel por planos perpendiculares ao vetor gradiente C= (1.42, as) ER’. Exercicio: Para fixar methor este procedimento, considere a fungdo f(%,¥,2z)=4-x- 2y + 2 Determine o valor maximo ¢ o valor minimo que f assume na regido descrita no Exemplo 2 de 14.2.13. Observe os pontos onde isto ocorre. Fica dificil, trabalhar na pratica com este procedimento geométrico para quatro ou mais varidveis. Mas esta nogao de procurar maximos e minimos da fungdo objetivo por uma varredura de hiperplanos perpendiculares ao gradiente nos permite intuir dois fatos cruciais na programago linear. 368 ALGEBRA LINEAR i) A funcio objetivo assume necessariamente um valor mdximo e um valor minimo quando a regio poliedral convexa (factivel) for limitada. ii) Os vértices desempenham um papel fundamental na procura de maximos e minimos para a fungao objetivo. Volte aos exemplos anteriores de PL, tente observar o porqué deste fato. ‘Na proxima segdo vamos formalizar esta altima observacdo, estabelecendo 0 resultado que é fundamental na resolugdo de problemas de PL. 14.3.5 Teorema Fundamental da ProgramagSo Linear primeiro resultado nos diz que os valores extremos de uma fungao afim so assumidos nos pontos extremos dos segmentos. Lema 1: Seja f (X10. Xp) = d1X1 +42X2 +... +a_Xq +b e seja P um ponto interior a um segmento AB do R", isto €, P= AA + (I-A) B,O L(A) Opoisx > Oey > 0. £6, portanto, limitada inferiormente, 0 que nos permite concluir que ela assumiré um minimo na regio que é fechada. Para encontréo, bastard portanto calcular o valor da fungdo nos vértices da regiao. Regides Limitadas Uma situagdo onde, para qualquer fungdo objetivo, temos necessariamente méximo e minimo acontece quando a regido A for limitada. Para mostrar este fato, vocé deve voltar para a solugdo geométrica dos problemas de PL (14.3). Note que, ao varrermos 0 R” por hiperplanos perpendiculares ao vetor gradiente da f.0., sempre tocaremos a regio A uma primeira e uma iltima vez. Além disto, uma regio poliedral convexa limitada claramente possui vértices (por qué?). Isto nos permite reescrever o teorema fundamental PL para este caso. Teorema: Seja f(%1, Xa. %_)=41%1 + $AqXy +B definida numa regiso poliedral convexa limitada A. Entao f assume seus valores maximo e minimo nos vértices de A. Algoritmos para Resolver Problemas de PL_ Vimos nesta segao que grande parte dos problemas de programagao linear se resolve analisando-se apenas os valores da fun¢io objetivo nos vértices da regido factivel. Tanto a determinagio dos vértices (resolugao de sistemas lineares) quanto © cilculo da f.0. nestes so possiveis de algoritmos e de programagdo para calculadoras. microcomputadores e computadores. Na proxima se¢do introduziremos um destes métodos, conhecido por método simplex. Conjuntos Convexos e Programagio Linear 371 Programagdo Linear Inteira Muitos problemas priticos podem ser formulados como maximizar ou minimizar uma fungdo do tipo f (1, 1 %,_) =a1X1 +... +ayX_ +b numa regiao poliedral convexa, com a restrigdo adicional que as variéveis sdo inteiros, Este © caso por exemplo do problema proposto em 14.3.2. Na resolugao de um problema de PL, nem sempre o méximo ou minimo ocorrem em pontos cujas coordenadas sdo niimeros inteiros, condigdo indispensavel na formulagdo de certos problemas. Existem técnicas para se determinar solugdes inteiras Otimas (maximo ou minimo), isto é, solugdes mais proximas dos vértices de mdximo ou minimo. Em alguns problemas vocé poderd fazer isto intuitivamente, veja Exercicio 16 de 14.4. No caso geral, estes problemas sao tratados na subdrea de PL denominada Programagdo Linear Inteira (veja teferéncias ao final do capitulo) *14.4 EXERCICIOS . Na definigdo de variedade linear em 14.2.1 prove que ¥p © A. O vetor Vo nico? W € tinico? Interprete geometricamente. 2. Desenhe a regido em R?, definida pelas desigualdades w+ y+9>0 -x+3y +630 x+2y-3<0 Quais sio seus vértices? 3. Desenhe a regido definida em R, pelas desigualdades anteriores. 4, Quais sie os vértices da regio poliedral convexa em R?, definida por x20 dx + 3y <2 Bx + 2y <2 xt y0 x +27 +630 xBo xt y-4<0 10. Uma midquina produz dois tipos A e B de frascos de vidro, mas ndo simul- taneamente. Ao produzir um frasco do tipo A ela gasta 0.2 horas, a0 pro- duzir um tipo B, gasta 0,4 horas, Sabendo que a méquina pode trabalhar no maximo 16 horas por dia e que ofabricante tem um lucro de 2u.cp. com um frasco tipo A e 3u.c.p. com um frasco tipo B, quantos frascos de cada tipo devem ser produzidos para que 0 lucro seja maximo? 11, Uma companhia de transportes dispe de 4 caminhoes com capacidade para transportar 5,000 kg, 4 caminhoes de 10.000 kg de capacidade e 2 caminhdes de 20,000kg de capacidade. © custo por hora dos caminhdes do primeiro tipo é 200 u.c.p., do segundo 300 u.c.p. ¢ do terceiro 400 u.c.p. Como devem ser usados 0s caminhGes para transportar uma carga de 80.000 kg, para que 0 custo seja minimo? 12. Uma industria produz porcas, parafusos ¢ pregos, podendo usar dois métodos distintos (mas no simultaneamente) para produzi-los. O primeiro método pro- duz 3.000 poreas, 2.000 parafusos e 2.500 pregos por hora, enquanto o se- gundo produz 4.000 parafusos e 4.000 pregos por hora, mas nenhuma porca. A indistria trabalha 18 horas por dia e tem uma encomenda de 5.000 por- cas, 3.000 parafusos e 5.000 pregos. Durante quantas horas ela deve empre- gar cada método para fazer a entrega 0 mais rapidamente possivel? 13. Seja f(x, y) = 3x + 3y definida na regido poliedral convexa abaixo: 4) Qual o valor méximo e mynimo de /? b) Caleule os valores f(A), f(B) e f(P). onde P € um ponto no segmento AB. c) Use (a) e (b) para determinar os pontos onde f atinge 0 maximo ¢ os pontos onde assume o minimo. Conjuntos Convexos ¢ Programagdo Linear 373 YA 1 1 - e 8 D c Figura 14.4.13 14. Numa indéstria quimica ha uma caldeira cuja margem de seguranga é tal que a press P medida em atmosferas, e a temperatura T, medida em graus Celsius, devem ser reguladas de maneira que 10 P+ T<400. Quer-se usar a caldeira para que seja processada uma determinada reagdo. Para que isto ocorra da forma desejada, a temperatura deve estar entre 80°C e 300°C, e a pressdo entre 1 ¢ 20 atmosferas. A que temperatura e pressdo deve trabalhar a caldeira para (que a reagdio se processe no menor tempo possivel, se sabemios que 2 velocidade da reagdo ¢ dada por v= 2 T + 30P +20? 15. Mostre que uma regio poliedral convexa limitada A do R® pode ser caracterizada pelos seus vértices ?,..., Y_ da seguinte maneira: | 16. Construgao de Casas Populares. (Problema coletado pelo Prof. Rodney Bassanezzi em Guarapuava-PR.) Az {XER Sx aN My tt yey OSHS AL Tipo de Casa A B c Numero de pessoas 6 4 3 que abriga Custo de construggo 1.200 1.000 800 (em UPC) Demanda 150 200 | 250 (n9 de familias que solicitaram) 374 ALGEBRA LINEAR Verba total disponivel: 2.000.000 UPC. 2) Determine quantas casas de cada tipo devem ser construidas de modo a atender o maior néimero de pessoas possivel. 4) Resolva o item a) supondo que o custo da casa do tipo B passou para 1.040 UPC. ¢) Estabeleca um critério que leve em conta o mimero de pessoas ¢ 0 niimero de familias que solicitaram as casas. Determine o nimero de casas de cada tipo a serem construidas de modo a otimizar 0 critério que vocé adotou. 14.5 METODO SIMPLEX 14.5.1 Introdugao O método grafico apresentado na se¢ao anterior é utilizado apenas para problemas com duas ou trés varidveis. Para problemas maiores, 0 método grafico torna-se impraticavel, neste caso nds precisamos de uma técnica eficiente para resolver problemas de programagao linear com mais de trés varidveis. Esta técnica 0 método simplex. O método simplex nada mais é do que um algoritmo de busca, isto é, ele come¢a num vértice da regido factivele move-se de um vértice factivel a outro até encontrar 0 vértice étimo. Foi desenvolvido em 1947 por George B. Dantzig, ¢ apos sua concep¢ao houve um crescimento espantoso da programagao linear, com centenas de livros e artigos publicados nos circulos académicos. Antes de 1947, a programagao linear era praticamente desconhecida, havendo, entretanto, algumas excegdes, por exemplo, Fourier (1823), de la Poussin (1911), Kantorovich (1939). A pouca utilizagdo da programacdo linear antes de 1947 era devida a grande dificuldade computacional de se resolver problemas lineares, pelo fato de existir um grande numero de combinagoes (factiveis e ndo-factiveis) a serem pesquisadas. Com o método simplex essa dificuldade foi otimizada, pois 0 algoritmo simplex realiza uma busca apenas nos vértices factiveis (que pertencem a regizo factivel). Nesta secdo, introdizziremos 0 método simplex através da resolugaio de um modelo simples de programagao linear. Uma visdo algébrica do método simplex também serd apresentada, para que o leitor verifique que atrés do “procedimento mecanico” do método simplex existe toda uma base algébrica. Por ultimo, sera apresentado um programa na linguagem Basic que resolve problemas de Programacdo linear e pode facilmente ser implementado em qualquer microcomputador existente no mercado. Conjuntos Convexos e Programacio Linear 375. 14.5.2 Exemplo do Fabricante de Moveis Problema: Vamos considerar um fabricante de méveis que fabrica apenas mesas ¢ cadeiras. Ele tem um lucro' de Cr$4.500,00 em cada cadeira e de Cr$8.000,00 em cada mesa vendida. Supée-se que devido 4 forte demanda desses itens consegue-se vender toda a produg4o da fabrica. Mas, a produgao da firma élimitada em dois aspectos: 1) Cada cadeira produzida utiliza 5 unidades de jacaranda. Da mesma forma, cada mesa de jacarand4 produzida utiliza 20 unidades de jacaranda. Dispomos de um total de 400 unidades de jacaranda. 2) Cada cadeira produzida gasta 10 homens-horas ¢ cada mesa produzida gasta 15 homens-horas. Dispomos de um total de 450 homens-horas. O objetivo do fabricante € descobrir qual a quantidade dtima de cadeiras € mesas a serem fabricadas, de tal modo que o lucro total seja o maior possivel. 14.5.3 Modelando o Problema Matematicamente Em primeiro lugar vamos identificar as varidveis do modelo. Vamos chamar de X, =niimero total de cadeiras fabricadas; e de 1 =mimero total de mesas fabricadas. Uma vez identificadas as nossas variveis (na terminologia de programacdo linear chamadas de variaveis de decisao), fica facil estabelecer o modelo matemético do problema do fabricante de méveis. Ollucro do fabricante pode ser expresso da seguinte mancira: L=4500x, + 8.000x, € as restriges do problema: 5x, + 20x, <400 (restrigdo de disponibilidade da matéria-prima) 10x, + 15x, <450 (restrigdo de disponibilidade de m3o-de-obra) “ 7% Cestricdes de ndo-negatividade) x, 20 ' Luero é definido como o prego de venda menas o custo de fabricagdo. 376 ALGEBRA LINEAR E assim, o modelo de programagdo linear do problema do fabricante de méveis pode ser estabelecido formalmente da seguinte maneira: Max L = 4.500x, + 8.000x, sfa Sx, + 20x, <400 (R,) 10x, + 15x, <450 (R;) x 20 Rs) %220 (Rs) 14.5.4 Solucdo Geométrica Desenhando as restriges descritas na segdo 14.5.3 obtemos a seguinte regido factivel: x1 (cadeiras) Figura 14.5.13 Portanto, utilizando o método grifico verificamos que 0 vértice C € o vértice timo e corresponde A fabricacio de 24 cadeiras e 14 mesas com um Iuero de 24 + 4.500 + 14 + 8.000 = Cr$ 220.000,00 14.5.5 Forma Padrao do Problema do Fabricante de Méveis Como foi visto nas secdes anteriores, a solugao otima para qualquer problema de programagao linear ocorre num dos vértices da regido factivel. Esses vértices ocorrem onde retas se cruzam. Portanto, antes de resolver um Conjuntos Convexos ¢ Programayao Linear 377 problema de programagao linear pelo método simplex, devemos transformar 0 sistema de inequagées linares, geradas pelas restricoes do problema, em um sistema de equagées lineares, ou seja, devemos transformar o problema de programacao linear original na forma padrao. Problema do fabricante de méyveis: Max L =4.500x, + 8.000%, s/a Sx, + 20x, <400 10x, + 15x, <450 * >0 x, 30 Nés devemos transformar a inequago 5x, + 20x, <400 em equagiio, para isto basta associar uma varidvel x3, que é chamada de variavel de folga, na inequagio: Sx; + 20x, +3 = 400 Usando 0 mesmo raciocinio para a 2 restri¢fo, obtemos: lox, + 15x, +x, = 450 Logo, o problema na forma padrio fica: Max L =4.500x, + 8.000%, s/a Sx,+ 20% +x, =400 lOx,;+ 15x, +4 =450 Xp Xg. X34 BO 14.5.6 Algumas Detinigdes Considere 0 seguinte sistema linear: ay xy tak, + 1X, +ay%2 + Fy pX_ = Oy FA pXp =a ® Om y¥1 Oma +t OmnXn = Om que escrito na forma matricial toma-se Ax=b Suponha que o posto de A seja igual am e que n> m. 378 ALGEBRA LINEAR a) Solugio Basica Dado um conjunto de equagdes lineares com m incégnitas, conforme definido em (1) , vamos chamar de B qualquer submatriz m X m, nio-singular, formada por m colunas independentes de A (se A tem posto igual a m entao tal submatriz existe. Por qué? Veja 3.7.1), ¢ seja N a submatriz m X (n — m) formada pelas 1 — m colunas restantes (aquelas que nao pertencem a B). Portanto, ‘Ax = b pode ser escrito da seguinte maneira: Bx, +Nxy =b pois A foi particionada em Be N(A =(B,N])e x em xg ¢ (X= [Xg, Xy ), onde xg = [vetor de sm componentes formado pelas varidveis associadas as colunas de B] e Xy = [vetor de (n — m) componentes formado pelas varidveis associadas a N]. Entdo, se todos os componentes de xy forem fixos iguais a zero, a solugdo Para conjunto resultante, Bxg = b, é dito ser uma solugdo basica para (1) com respeito & base B. Os componentes de Xp sio chamados de variaveis basicas e os componentes de Xp de variaveis ndo-basicas. b) Solugdo Basica Degenerada Se uma ou mais varidveis basicas em uma solugdo basica tem valor zero, esta solugo ¢ dita ser solugdo basica degenerada. Do ponto de vista geométrico, isto ocorre quando temos um vértice determinado pela intersecgdo de mais de duas retas. ‘Vamos considerar agora 0 seguinte sistema Ax =b x20 ® ‘© qual representa as restrigdes de um problema de programagdo linear na forma padrao. c) Solugdo Factivel Um vetor x satisfazendo todas as restrig6es de((é dito ser factivel para este sistema. Uma solugdo factivel para () que também ¢ bésica é chamada de solugao bisica factivel. Se esta solugdo também for uma solugao bisica degenerada, ela serd chamada de solugdo basica factivel degenerada. Considere agora o problema de programacao linear na forma padrao: Min cx sia Ax=b! (@) x20 Conjuntos Convexos e Programacio Linear 379 d) Solugdo Basica Factivel Otima E a solugdo bésica factivel que dentre todas as solugdes basicas factiveis de Gil) nos dé o valor dtimo (no caso, 0 valor minimo) para a fungdo objetivo. Teorema Fundamental da Programagdo Linear Dado um problema de programagio linear na forma padrdo (I) onde A & uma matriz m X (n + m) de posto m, i) se hd uma solugdo factivel, hd uma solugo basica factivel; ii) se hd uma solugdo factivel 6tima, hd uma solugio basica factivel étima. Do teorema anterior e da equivaléncia entre solugdo basica factivel e vértice temos que 0 método simplex é finito, pois um sistema linear de m equacdes com (n+ m) incégnitas tem no maximo 1 Ci") = tM cotucses bisicas m + mint todo , nm Logo, o método simplex efetua um mimero menor que ( ” ' iteragdes para encontrar a solugdo Otima, pois o algoritmo simplex é um procedimento de busca, isto é, move-se de vértice factivel em vértice factivel, ou seja, de solugdo basica factivel em solucdo basica factivel até encontrar o étimo. Considere agora 0 problema do fabricante de méveis na forma padrdo conforme estabelecido na segdo 14.5.5 e sua resolugdo geométrica na segdo 14.5.4. Temos que A= [5 2 1 0 10 18 0 1 ¢= [4.500, 8.000, 0, 0] X= [x1 2, 3,24)" b = (400, 450)” Sao solugdes basicas: 1) O ponto A Neste caso, a base B é formada pelas colunas de x3 e x4 na matriz A. Portanto, 1 0 B, = 0 1 380 ALGEBRA LINEAR retor das varidveis basicas = [x3 x5] 1 Bim Xp, = [es %4]=[400 450] Fixando x, =x, =0 temos que a solugdo basica associada 4 base By € X=(%1, X2, ¥3, X4) = (0, 0, 400, 450) 2) O ponto B TomandoabaseB;= |79 9 | x4 = (65,4) 21041 temos Bay m2] _ [400 x4 450 X p= (62, %8) = (20 150) Portanto, fixando x, =x3 =0 temos que a solugo basica associada a base By é X = (x1, x2, x3, X4) =(0, 20, 0, 150). 3) 0 ponto C B= [5 7 _ _ to. 15 | Xp = ae ¥2) = (24, 14) A solugao basica associada 4 base By é X= (4,42, X53, 4) = (24, 14, 0,0) 4) O ponto D = {St Be | b] eteg eas) 965.179 A solugiio bisica associada a base B, é X= (1, X12, X3,¥4) = (45, 0, 175, 0) 5) O ponto By = ") x = (2, 35)= (0, -200) 15 Oj A solugdo basica associada a base By é X= (4, X2, ¥3, %4) = 0, 30,-200, 0) 6) 0 ponto F Be= | > teres -350) 10 Conjuntos Convexose Programacdo Linear 381 A solugio basica associada a base Be & X= (x1, X2, 3, X4) = (80, 0, 0, -350) Sao solugGes basicas factiveis (vértices). 1) 0 ponto A; 2) 0 ponto B; 3) o ponto C: 4) o ponto D. 14.5.7 Tableau Simplex Vamos reescrever 0 problema do fabricante de méveis da seguinte forma. Max L ~ 4.500x, ~ 8.000x, — Ox, ~ Ox, = 0 s/a Sx, + 20x, + 0x3 + 0x4 =400 10x, + 15x, + 0x3 + 0x, = 450 4, X2)%3,%q 2 0 O método simplex sempre comega com uma base inicial facrivel. Como no problema do fabricante de maveis todas as restrig6es sdo do tipo <, temos uma base Sbvia que é a identidade, referente as colunas das variaveis de folga Xs € Xs. Portanto, B= [ | 3 Xq = [a,x] = (400, 450] 0 1 ex, =x, = 0 (se vocé ndo entendeu 0 porqué disso, leia novamente a definigao de solugao basica factivel). E o tableau simplex associado a esta base inicial é Colunas 1 2 3 4 5 6 x ¥2 | Xa | Xa) Linas da fungio £ [4.500 | 8.000 | 0| 0{ 0 = Valoratual da objetivo fungao objetivo Variiveis x3 5 20] 1] of400 =a, basicas Xe 10 1s | o 1 430 = b, | otras, Pel 382 ALGEBRA LINEAR O tableau simplex acima consiste de: 1) 6 colunas: A primeira contém informagdo sobre a base atual (vocé 1é na 18 coluna a fungdo objetivo L e as varidveis x, € x4 que S40 a nossa solucdo bésica inicial). As colunas 2, 3, 4 € 5’contém informagdo a respeito das varidveis x1, x2, 3 € X4, respectivamente. E a dltima coluna contém na 18 linha o valor atual da fungao objetivo e nas duas tltimas, os valores atuais das variéveis bisicas x3 € X4. 2) 3 linhas: A primeira refere-se 4 linha da fungdo objetivo; os valores na linha da fungao objetivo (excetuando-se a iiltima coluna) sdo chamados pela terminologia da programagdo linear de custo reduzido. As duas ltimas linhas referem-se as duas restrigdes do problema. Para verificarmos se 0 tableau expressa uma solugdo bdsica factivel basta verificar se os valores das varidveis basicas s40 > 0. O tableau simplex nos diz que a nossa base B é composta pelas colunas x3 ¢ x4 da matriz A (veja a 12 coluna do tableau) e os valores das variaveis basicas sfo lidos na Ultima coluna. O tableau nos diz. também se a solugdo basica factivel associada & base B é 6tima ou nao. Para sabertnos se a solugio basica factivel é otima ou nio, basta verificar se existe alguma variavel ndo-basica que entrando na base melhore 0 valor da fungdo objetivo. As duas varidveis nfo-basicas no tableau simplex si0.x, ¢ 2 ‘A coluna de x;, no tableau simplex diz que: “Se aumentarmos a varidvel xx, em uma unidade nés utilizamos 5 unidades de x3 ¢ 10 unidades de xq ‘com um acréscimo no valor da fungao objetivo de Cr§ 4.500,00 (repare que temos 4.500 porque passamos o custo de x, para o lado esquerdo da equacio)” ‘A coluna de x diz que: “Ao aumentarmos a varidvel x, em uma unidade 1nés utilizamos 20 unidades de x3 € 15 unidades de x, € feremos um acréscimo de Cr$ 8.000,00 no valor da fungdo objetivo”. Como o nosso probléma é maximizar, nos nao estamos no dtimo pois se entrarmos na base com uma das variiveis ndo-bisicas, x, ou x2, nds teremos um acréscimo no valor da fungao objetivo. Ha varios critérios de entrada na base, mas o mais comum deles ¢ fazer entrar na base a variivel ndo-basica que tiver 0 custo reduzido mais negativo, pois assim nés teremos um acréscimo maior no valor da fungao objetivo {isto nao quer dizer que necessariamente chegaremos ao dtimo mais répido!). Conjuntos Convexos ¢ Programagio Linear 383 Se seguirmos o critério acima, a varidvel x, entra na base pois ela nos da um acréscimo de Cr$ 8.000,00 no valor da fungao objetivo (se x, entrasse, nds teriamos um aumento de apenas Cr$ 4.50.00). Para x2 entrar na base alguém precisa sair (para manter 0 posto de B). Quem sai da base? ‘Se uma unidade de x2 contribui em Cr$ 8.000,00 para o lucro ent&o nos devemos aumentar x, 0 maximo possivel, ou seja, nés devemos aumentar 2 até que ele nao viole as restrig6es de matéria-prima ¢ mao-de-obra. Para a restrigdo de matéria-prima nés temos: indica que como nés temos um total de 400 unidades disponiveis de matéria-prima e cada unidade de x, gasta 20 unidades de x5, entdo 20 unidades de x, podem ser processadas sem que a variavel x3 tome-se negativa. Para a testrigdo de mao-de-obra temos: 450 Is = 30 = indica que podemos processar 30 unidades de x, sem que Xq tome-se negati Portanto, nés devemos fabricar 20 unidades de x, pois se fabricarmos mais de 20 unidades a restrigdo de matéria-prima serd violada. Observe que quando a varidvel x, aumenta, a variével x vai diminuindo, e quando x, atinge 20 unidades a varivel x3 assume o valor zero. Portanto, a varidvel x, entra na base com valor 20 e x3 sai da base porque zerou. Observacdo: Se houver mais de uma varidvel basica que assuma valores nulos entdo deve-se escolher apenas uma delas para deixar a base, as demais ficam na base com valores iguais a zero (solugao degenerada). 14.5.9 Pivoteamento O tableau simplex deve expressar a nova base que é formada pelas colunas de x2 € X4. A primeira modificacao a ser feita no tableau é trocar X3 por X na primeira coluna do tableau. Agora, a fim de que o tableau expresse a nova base é necessério isolar x, na sua coluna, ou seja, * 0 Xyroccooe I-------- 0 384 ALGEBRA LINEAR Para transformar x2 na forma acima nés devemos realizar operacdes no tableau de tal maneira que o elemento-piva (elemento que se encontra na intersecgdo da coluna da varidvel que entra na base com a linha da variavel que sai da base) se tome 1 ¢ os demais elementos da coluna sejam transformados em zero. Tal procedimento se chama pivoteamento ¢ nada mais € do que realizar operagdes elementares (veja secedo 2.3) no tableau (que é equivalente ao sistema gerado pelas restrigdes do problema na forma padrao) com 0 intuito de transformar a coluna x2 na forma citada acima. Portanto, apés efetuado o pivoteamento o tableau simplex torna-se: Tableau 2: x Xe 400 xy a 1 1/20 x4 25/4 0 15/20 que corresponde a seguinte base [—— coluna original de x4 20 15 1 coluna original de x 2 Xg =[*2,%8]= (20, 150] © temos a seguinte solugdo basica factivel X (X,, Xp, 3, Xa) =(0, 20, 0, 150) E 0 tableau 2 expressa o seguinte problema: Max L ~ 2,500x, + Ox, + 400x, + Ox, = 160.000 sfa 14x, + Ox, + 1/20x, + Ox, 20 25j4x, + Ox, — 15/20x, + Ox, 50 que é equivalente ao problema original pois foram efetuadas operagdes elementares no problema original para se chegar ao problema acima. A pergunta que nos surge é: Estamos no 6timo? De novo precisamos verificar se ao entrarmos com alguma varidvel ndo-basica na base haverd um acréscimo (melhoria) no valor da fungao objetivo. Conjuntos Convexos ¢ Programagio Linear 385 As nossas varidveis ndo-basicas atuais sfo x, ¢ x3 (por qué? ), Vamos verificar o que cada uma dessas colunas expressa. A coluna de x, nos diz que: “Ao aumentarmos a varivel x, em uma unidade, sacrificamos 1/4 unidades de x, ¢ 25/4 unidades de x, e ao fazermos isto temos um acréscimo de Cr$ 2.500,00 no valor atual da fungdo objetivo”. A coluna de x3 nos diz: “Ao aumentarmos a varidvel x3 em uma unidade vusamos 1/20 unidades de x2 ¢ ganhamos 15/20 unidades de xz, com decréscimo de Cr$ 400,00 na fungao objetivo”. Portanto, se a variavel x, entrar na base seré um negocio lucrativo. Enquanto que se a varidvel x5 entrar na base serd um mal negécio, pois o valor da fungdo objetivo diminuiré. Logo, a varidvel x, entra na base. E quem sai da base? Sai a varidvel que zerar primeiro. Quando x, aumenta, x3 diminui em 1/4; 20 A se tome negativa. E nés podemos aumentar x, até co = se = 24 sem que portanto, nds podemos aumentar x, até o valor de —> = 80 sem que a varidvel x, a varidvel xq se tome negativa. Assim, a varidvel que zera primeiro é a variavel x4 € portanto ela deixa a base. ‘Assim, devemos pivotear sobre 0 elemento-pivd que fica na intersecgio da colunax, com a linha da varidvel basica x4. ‘Apés efetuadas as operagdes de pivoteamento sobre o tableau atual temos um novo tableau: Tableau 3: Estamos no étimo? Para responder essa pergunta precisamos verificar 0 que as colunas das variaveis ndo-basicas nos dizem. 386 ALGEBRA LINEAR Accoluna de x3 nos diz que: “Ao aumentammos x3 em uma unidade nos gastamos 4/25 unidades da varidvel x, e ganhamos 3/25 unidades de 1, € esta aco nos leva a um decréscimo de Cr$ 100,00 no valor da fungio objetivo”. Como o problema é de maximizacao, seria um mal negécio fazer a varidvel x3 entrar na base. Acoluna de x, nos diz: “Ao aumentarmos x4 em uma unidade, nds ganhamos 1/25 unidades de xz e gastamos 4/25 unidades de x,, ocasionando um decréscimo de Cr$ 400,00 no valor da fungo objetivo”. Esta ago também no é lucrativa. Como as varidveis ndo-basicas atuais, x3 ¢ x4, do problema nao podem entrar na base, pois se isso ocorresse ns teriamos um decréscimo no valor da fungdo objetivo, nds estamos no étimo. A base étima é: 20 5 Belaaai}= (3 al e a soluco basica factivel 6tima correspondente a esta base é: X* = [xy *, x2 *, x5 *, x4*] = [24, 14, 0, 0] = solugio unica e finita O valor étimo L* =4,500x, * + 8.000x, * = Cr$ 220.000,00 Agora, olhando no grifico da regido factivel apresentado em 14.5.4 verificamos o caminhe feito pelo método simplex até alcangar 0 ponto étimo X* Tableau Solugito Pontos correspondentes no grifico 1 (inicial) x = (0,0, 400, 450) A 2 x = (0, 20,0, 150) B 3 x*=(24, 14,0, 0) c A tabela acima serve simplesmente para verificarmos que método simplex caminha de vértice (= solucdo basica factivel) em vértice até aleangar 0 ponto otimo. 145.10 Método Simplex — Uma Visdo Algébrica Considere 0 problema de programagdo linear, dado baixo, na forma padrdo ‘Conjuntos Convexos ¢ Programacao Linear 387 Min 2 = x sfa Ax =b x > 0 ® onde AG REX + m) xe RIX tm) be RIk™ ce RUF m x1 © que nés vamos fazer agora é particionar a matriz A em duas submatrizes, BeN, que chamaremos de submatriz basica e submatriz ndo-basica, respectivamente. Da mesma forma, faremos isto com os vetores X= [Xp xy] © c=[cy, cy]. __Uma vez feito isto, nés podemos reescrever 0 problema expresso em (I) da seguinte maneira: Min z = yxy + yxy sia Bx, +Nxy =b) @ Xp 0, xy 20 Se expressarmos Bxg + Nu = na forma Xy = Bo'b — B™' Nay ¢ substituirmos este resultado na linha da fungdo objetivo obtemos: Min 2 + Oxg + (cpB'N- ey) xy =¢,B™' b sla Xp + BoINKy =B4b Xp 20, xy 20 problema acima é expresso na forma de tableau da seguinte maneira: Este tableau nos dé a representagao da linha da fungao objetivo z e das varidveis basicas em termos das variaveis ndo-basicas. Quando temos uma solugdo basica factivel, ou seja, uma solugdo do tipo X = (Xp. Xx) = (Xp. 0}. nds 388 ALGEBRA LINEAR obtemos 0 valor atual de z (pode ser lido diretamente do tableau na intersecgao da linha z com a coluna mais 4 direita do tableau) e os valores atuais das varidveis basicas (na coluna mais 4 direita, logo abaixo da linha de z). Sempre que temos uma solugdo basica fact ivel nds desejamos saber se esta solugdo é 6tima ou nao. Para sabermos se estamos no timo basta verificarmos qual é 0 efcito produzido no valor da fun¢ao objetivo quando fazemos uma varidvel nao-basica, digamos x,, sair do nivel zero e passar para um nivel positivo; se ao fazermos isto ocorrer uma melhoria no valor da fungdo objetivo, entao é interessante x, entrar na base. Para compreendermos melhor, vamos expressar a equacdo z Bb = (cgB-'N ~ &).)%y de outra maneira; z=29—&, e))X, para todo x, pertencente a submatriz.N. (G; ~ G) = custo redurido da variével x, Como o problema é minimizar, entdo é interessante que x; entre na base quando 0 seu custo reduzido (2, — ¢,) for maior do que zero, porque assim quando x; cresce o valor da fungao objetivo decresce. Se ( ~ &%) <0, entdo o valor da fungao objetivo aumentard, ou permaneceré © mesmo, quando x; aumentar. Portanto, para um problema de minimizagio as nossas candidatas a entrar na base serao as varidveis ndio-bdsicas cujo custo reduzido (z; — c) for maior do que zero. Quando uma ou mais varidveis ndio-basicas satisfizerem (z; — cj) > 0 usa-se como critério de desempate escolher aquela varidvel néio-basica que tiver o custo reduzido mais positivo. Suponha que a varidvel ndo-basica x, entre na base ((¢, — ¢,) > 0). Portanto, a varidvel ndo-bisica x, saird do seu nivel ze10 e passard a ter um valor positivo, mudanga que acarretard um efeito nas varidveis basicas dado pela equagao: spa b- yy onde b= B~'b = valor atual das varidveis basicas yj = B""a, = coluna da varivel x, atualizada que pode ser reescrita da seguinte maneira: 3 Si 2 m phere Conjuntos Convexos ¢ Programacio Linear 389 ou ainda, *B, > Bi — Dake Quando a varivel x, cresce podem ocorrer 3 casos: 1)'Se viz, > 0, entdo a varidvel x», diminui & medida que x, cresce, ou seja, Xp, € candidata a Sair da base, 2) Se Yq =0,ent4oxg nao se altera quando xy cresce. i 3) Se yyy <0, entio xp cresce & medida que x, cresce. Nés s6 devemos nos preacupar com 0 caso 1,¥y, > 0, pois quando x, cresce, Xp diminui e nds devemos tomar o cuidado de ndo deixar que xp_se tome i i negativo, Cada variével basica que tem seu componente em ), maior do que zero é uma candidata a deixar a base, e deixa a base aquela que zerar primeiro. 14.5.11 Tipos de Solugdo Nés podemos verificar através do tableau simplex solugdes do tipo: a} Alternativa Se no tableau simplex tivermos o 6timo e existir uma varidvel ndo-bisica, digamos x, com sew custo reduzido (24 — cx) igual a zero, entdo nds temos solugGes alternativas. Isso é facil de ver pois 2 = 2 — (Cy) Xy © (%—&)= 9, entdo x, pode entrar na base que o valor da fungdo objetivo z nao se altera, ou seja, mudamos de uma solugdo bsica factivel (vértice) para outra sem alterar a fungao objetivo; isto ocorre quando temos solugoes alternativas. b) Ilimitada (z > a) Se no tableau existir alguma varidvel no-bisica candidata a entrar na base, digamos x;,, ¢ yy tem todos os seus componentes menores ou iguais a zero (casos 2 € 3 da segio anterior), entéo nds temos solugdo Stima infinita, pois x, pode crescer que nenhuma varisvel bésica saird da base porque cresceré junto com x, mas se as varidveis basicas crescerem sem limite, z que € funco dessas varidveis erescerd sem limite também. Observagdo: Compare estas observagdes com 14.3.3. pores cibneta Pel 390 ALGEBRA LINEAR 14.5.12 Resumo do Método Simplex Passos do Algoritmo Simplex ~ Problema de Minimizagéo Passo 1: Ache uma solugdo bésica factivel com base B. Forme o tableau simplex inicial. *B *N z 0 cgBIN-cy | cgBo'b xB 1 BIN Bb 1 Passo 2: Calcule (2), ~ ¢,)=méaximo { (z; — cj) para todas as variveis nfio-basicas x;} Passo 3. (critério de otimalidade): Se (z, - ¢,) <0 entio pare: a solugio atual é 6tima. Caso contrério, va para o passo 4. Passo 4: Se yy, <0, entéo pare: a solugio dtima € ilimitada, Caso contrério, va para o passo 5. Passo 5 (teste da azo): Determine 0 indice r como se segue 5, _ minimo Teg SES] Fe Ze para apenas 0s yiy >0 Observagdo:5, = r 0 ento pare: a solugao atual & étima, Caso contririo, v4 para 0 passo 4. Observasao 2: 0 método simplex trabalha apenas com varidveis nZo-negativas, ou seja, x > 0. Na pratica, isso nem sempre acontece; nestes casos precisamos fazer uma transformagao de variaveis para garantir que todas as varidveis sejam ndo-negativas (veja bibliografia para maiores detalhes). 14.5.13 Método das 2 Fases Como foi dito na segdo anterior o método simplex sempre comeca com uma solugao basica factivel inicial. Quando nés temos um problema linear com todas as restrigdes do tipo 0¢ x, 20. Se o problema original Ax = b, x > 0, tem solugao factivel, ento o valor 6timo para a fungao objetivo da fase 1 é zero, pois todas as variaveis artificiais, acopladas ao problema original tendem a zero, ou seja, elas deixam a a base; apos eliminarmos as colunas pertencentes as varidveis artificiais no-basicas, comegamos a fase 2 que é resolver o problema original com a base factivel encontrada na fase 1. 145.14 Resumo do Método das 2 Fases Fase 1: Para cada restrigdio do tipo > ou = associe uma varidvel artificial Resolva o problema abaixo comegando com a solugao bisica factivel x=0e x,=b Min z,= Ix, sla Ax+x,=b x>0, x,20 Se no dtimo o valor de z, #0, ento pare: 0 seu problema original nao tem solugao fact ivel. Caso contrario, elimine todas as colunas artificiais e ¢ linha da fungdo objetivo artificial. V4 para a fase 2 392 ALGEBRA LINEAR Conjuntos Convexos ¢ Programagao Linear 393 Fase 2: Acople a fungdo objetivo linear original e resolva o problema com a solugdo bisica factivel xy = B"*be x, =0. Observe que Xp contém as variiveis legitimas do problema original uma vez que assumimos que as varidveis artificiais deixaram a base. Portanto, nés devemos resolver o seguinte problema: x, + 1 Arrays utilizados i & Min exp teyXy ie ta a 1 =B 170 1k ‘ sla Xp + BUINxy =Bo'b 1860 «| # 110) + Yetor que con # Imo ten 03 indices Xp 70, %y > 200 te das variavers 4 310 « basicss ‘ 32001 Ad wontmtt yt hatrig tee~ A 3 : , <4 145.15 Programa-Exemplo Boos tlisde tinelus & | ; feet vetor bo) Nesta sega apresentamos um programa escrito em linguagem Basic que | 360 1a FC ntm dt Vetor custo + i i 270 tok Cit ntm >) t Yetor de cus - # resolve problemas de programagao linear do tipo 27 a tee redusides oo 29000 ‘ Max z = cx 300 Lobe —# wo ok ‘ sla Ax * aes Seeees 3 soot a cen} 4 10 PP LETIeRErTTerreereriitttry ey ‘ 26 ad * 520 [aaa OE AGIA ORDA 30 tk Este rresrama resolve + 830 Print ' Numero de restricoes * 40 ‘4 rropienos ce rrosremacen 4 ee TREE A 50 | x linear do tira ? * 50 Frint * Numero de variaveis * so fe 4 560 Tneut 50 ta Max + 57000 NU 30 te 37s 4 pao ND NEA 50 sk * 100 ta * 10 tg a 120001 : 13 FP OROOUIEGOEIIOIOUOSIG OGG R a AUK ta * 394 ALGEBRA LINEAR 570 600 610 420 630 640 650 660 670 680 690 700 710 720 730 740 780 760 780 790 800 a10 320 azG 840 e590 850 870 880 890 900 10 9720 730 a0 950 360 970 960 990 1000 1010 1020 1030 1040 N35 NEHER Rem #*x Chemada da rotina de Leitura kt Gosub $50 Ren #48 Chamada da rotina Simplex aak Gosub 1200 End Rea 42k Rotina de Leitura #44 Rem 444 Declarecao dos arrays tk Rem #48 Mim TL(M)eACMyNS)SFCN2) ¢CH(N2) RAK Ren a4 0 comentario acima indice ac 44k Rem 44 dimensoes mininas dos arrays K#s Dim TL(10)+AC10r31 5 1F (30) 201 (305 I= For = Ni to W2 - For l=. tot For J = Ni te NO Uf J = MHL Then A(TyJ) = 1 Else A(Iruy = 0 Next J Wext T For I = Nt to N2 FOT) =O Next T Frint * Entrada da matriz de restricoes Print * teclado T ) ou pelo DATAC hy * Input Rt If R$ = *T* Then 1000 For I= i tom For J= 1 tow Read AC Ind ) Next J Next 1 For l= 1 tom Read A( IyN3 ) Newt I For E= 2 ton Read FCT Next I Return Print " Entrads da matriz de restricoes For I= 1 to ¥ For d= i ton Print * ACTHIS® Input AC Ind > 1050 1060 1070 1080 1090 1100 1110 1420 4130 1140 A150 1160 1170 1180 1190 1200 1210 1220 1230 1240 1250 1260 1270 1280 1290 1300 L340 1320 1330 1340 1350 1360 1370 1380 1390 1400 1410 1420 1430 1440 1450 1460 1470 1480 L490 1500 Conjuntos Convexos e Programagio Linear 39S Next + Next I Print * Entrada do Vetor b * For T= 1 to # Print | DONEIEN) = 5 Input AC TyNS > Next I Print * Entrada do Vetar Custo * Print * (nao inclua folaas > * For I= 1 toN Print "cCt#Ts") = t+ Input FCT > Next I Return Rem #Xk Rotina Simplex at 226 K1 = 0 Kis st tn 81 = - Inf > For L = 1 to NO For I= 1 tom If L = iC 1) Then £370 Next I S20 For T= 1 to pe mcr) S=S+ FC J) k AC TLD Next T cueL y= FOLD - Ss If Ci( Cd <= $1 Then 1370 Si =ciC i) kek Next For L = 1 to I2=T10L) cic 12) = 6 Next L P= Ens If SI <= F Then 1700 k2 = 0 U's Int For L = 1 tow T= aC tik) If T <= 0 Then 1530 @ = AC Land O/T If Q 2= V Then 1536 396 ALGEBRA LINEAR 1510 1520 1530 Next L 1540 If K2 = 0 Then 1730 1550 110 K2.) = K 1560 T = 1,0/AC K2rK 3 1570 For L = 1 to NE 15800 AC K2eL ) = AC K2eL DT 4590 Next L 1600 For L = 1 tok 1610 If L = K2 Then 1660 16200 Be (= AC Lok) > 1630 For J = 1 to NB 4640 AC La) = AC Led) + AC Ka ED 1650 Next J 1660 Next L 14700 « Z= ZH YK BL 1680 Goswb 1750 1690 Goto 1220 1700 Print ' Solucao otime * 1710 Gosub 1780 1720 Return 1730 Frint * Selucao Ilimitada * 17400 Return 1750 Rem &k* Rotina de Inrressac ith 1760 Print 1770 Print * Iteracaa ne ‘i Ki 478000 Print 1790 Print * Valores das variaveis basicas * 1800 Frint 18100 For L= 1 tow 182000 Print | XCTHTLCLOE") = TEAC LoN3 > 1830 Next L 1840 0 Print 1850 Print * Valor da funcao objetivo ! *5Z 18860 Return Existem duas fungGes pré-definidas: i) Eps (linha 1390): menor numero representado pela maquina e Inf (linha 1200): maior némero representado pela maquina que foram utilizadas no programa.Caso o seu micro ndo contenha essas fungoes, atribua valores a Eps ¢ Inf (talvez o manual do micro contenha informagées a esse respeito). Conjuntos Convexos ¢ Programagio Linear 397 b) Exemplo de uma Rodada ‘Vamos utilizar o problema do fabricante de méveis proposto em 14.5.2 para ilustrar uma rodada do programa. Nenero de restricoes va Numata de variavens 72 Entrada da atriz de restricoes pelo tecladot 1) ou pelo DAIA( D ) ca Entrada da satriz de restricoes #1, bd 275 ach, 2)5 720 Me, t)= 710 1 AC 2, 202918 Entrada do Yetor b bid) =? 400 be 2) = 2 450 Entrada do Vetor Custe (naw inclua folgas } cl 1) = ? 4500 cl 22 = ? 8000 Iteracao m1 Valores das variaveis basicas 2 20 ys 190 x Br Valor da funcae abyetave + 140000 fteracao 2 Valores das vatiavels basicas KC 2) ui? 398 ALGEBRA LINEAR can ubjetive 2 220000 a 15 besicas KOZ y = 14 Ely) = 2g Velor da funcao abjetive : 220000 Caso 0 leitor deseje rodar 0 programa utilizando 0 comando DATA, deve-se acoplar as linhas abaixo ao programa: i850 Data $20 | Restricao ne 1 1880 Data 10,15 ! Restricay np. 2 1870 Data 400, 480 ! Metab 1880 Data 4306, 4000 ! Vetor Custe 14.6 EXERCICIOS 1. ACia. VT produz televisores em cores e em preto ¢ branco. Uma pesquisa de mercado indicou que mensalmente podem ser vendidos, no maximo, 4.000 unidades de aparelhos em cores ¢ 1.000 unidades em preto ¢ branco. O setor de produgdo informou que o ntimero de homens-horas disponiveis por més é de 50.000, ¢ um aparelho colorido requer 20 homens-horas ¢ um aparelho Preto e branco requer 15 homens-horas. © Departamento de Vendas informou que para atender os pedidos ja efetuados este més, deverdp ser produzidos, no minimo, 800 aparelhos coloridos. Os aparelhos sto embalados em caixas de papelo e 0 departamento de matéria-prima informou que, por uma falha de previsdo, existem dispon veis somente 4.200 caixas para a embalagem dos aparelhos e para este més nao estd prevista nova compra deste material. Os lucros unitérios dos aparethos sao Cr$ 50.000,00 (colorido) e Cr$ 28.000,00 (preto ¢ branco). Deseja-se estabelecer 0 plano de produgio que produzird o lucro maximo para esta industria. 2. Arley Tao cria porcos para vender, ¢ ele deseja determinar as quantidades de cada alimento que deverdo ser dadas a cada porco para obter os requerimentos Rutricionais a um custo minimo. O nimero de unidades de cada tipo de ingrediente nutricional bésico encontrado mum quilo de cada alimento é dado a tabela abaixo, juntamente com os requerimentos disrios e 0 custo. Conjuntos Convexos e Programacio Linear 399 Ingrediente | Quilo de | Quito ae | Quito ‘] Minimo requerido nutricional | mitho | cereais | alfafa diariamente Carboidratos 90 20 40 200 Proteinas 30 80 60 180 Vitaminas 10 20 60 150 Custo Cr$ 2.540,00 2,360,00 2.000,00 3. A Cia, Sovina de Investimentos possui Cr$ 6.000.000,00, quantia esta que deverd ser aplicada em 5 tipos de investimento, sendo que os tetornos para cada investimento sao: investimento 1 (11): 10%, investimento 2 (12): 8%; investimento 3 (13): 6%; investimento 4 (14): 5%; investimento 5 (15): 9%, O gerente desta Cia. deseja diversificar os investimentos para obter o maximo rendimento possivel. Dado o elemento de risco envolvido, o gerente restringiu a quantia aplicada no Il a no mais que a quantia total que ir investir em 13, 14 ¢ [5 (em conjunto). A quantia total aplicada em I2 e I5 deve ser pelo menos igual 4 quantia aplicada em 13. O 12 deve estar limitado a um nivel que no exceda a quantia aplicada em 14. E preciso determinar a alocagdo dtima de investimento entre as 5 categorias, de forma que o retomo ao final do ano seja 0 maximo possivel. 4. Um fazendeiro quer comprar as seguintes quantidades de fertilizantes: fertilizante 1: 185 ton; fertilizante 2: 50 ton; fertilizante 3: 50 ton; fertilizante 4: 200 ton. Ele pode comprar estes fertilizantes em 3 lojas diferentes sendo a disponibilidade de cada loja e os custos dos varios tipos de fertilizantes nas varias lojas fomecidos nas tabelas abaixo. 1 70 - 60 150 2 100 30 - 100 3 100 40 35 70 400 ALGEBRA LINEAR Custo Cr$/ton Fertilizante Loja 1 2 3 4 1 450 - 300 319 2 425 180 - 350 3 480 200 240 325 ” Como o fazendeiro pode preencher suas necessidades de fertilizante um custo minimo? A Cia. ZigZag possui fabricas em Campinas e Belo Horizonte. Esta Cia. produz e distribui maquinas de costura a comerciantes de varias cidades. Numa determinada semana, a Cia. possui: 30 unidades em Campinas e 40 unidades em BH. Nesta mesma semana, esta Cia. deve atender os pedidos dos comerciantes das seguintes cidades: Séo Paulo: 20 unidades, Rio de Janeiro: 25 unidades ¢ Vitoria: 25 unidades. problema consiste em distribuir as méquinas aos comerciantes de forma a atender os pedidos a um custo minimo de transporte. Os custos unitirios so: Destino Origen SP RI Vitoria Campinas 700 1.300 2.000 BH 2.200 1.800 1.700 Uma refinaria mistura 4 tipos de gasolina e produz 3 tipos de combustivel. Os dados so fornecidos nas tabelas abaixo. Tipo de Taxa de NO de barris disponiveis gasoling octano diariamente 1 68% 4.000 2 86% 5.050 3 1% 7.100 4 99% 4.300 Conjuntos Convexos ¢ Programacio Linear 401 Combustivel | Taxa minima | Lucro de octano 1 95% 7.200 u.c.p. no maximo 10.000 2 90% 6.000 w.c.p. — 3 83% 5.000 u.c.p. | pelo menos 15,000 A refinaria vende a gasolina ndo usada para produzir combustivel a 4.900 u.c.p. se sua taxa de octano for acima de 90% e a 3.800 u.c.p. se sua taxa de octano for menor que 90%. Como pode a refinaria maximizar o lucro total diario? 7. a) Resolva o problema dos televisores (Exercicio 1) pelo método grafico. 5) Escreva o problema na forma padrio. ¢) Através da solugdo obtida no item a), calcule o valor das varidveis de folga na solugdo étima; ) Interprete os valores das varidveis de folga. 8. Um aluno do curso de MS415 quer aproveitar o que j4 aprendeu a respeito da Programagdo Linear para resolver um problema particular muito grave. Atualmente, ele possui duas namoradas: Maria e Lufsa. Ele faz alguns célculos e estudos, dos quais concluiu que: 2) Maria, muito elegante ¢ sofisticada, prefere frequentar bares ¢ boites mais requintados, de modo que uma saida de 3 horas custara Cr$ 1.500,00. 5) Luisa é mais simples e prefere divertimentos mais populares, de modo que uma saida de 3 horas custara Cr$ 800,00. ¢) Apés pagar as contas da repiblica onde mora, e outros gastos, restam para ele Cr$ 5.000,00 mensais para diversio. d) Seus afazeres escolares sio muitos (lista de exercicios, programas etc.) e consomem muito do seu tempo ¢ energia, de tal forma que lhe sobram, mensalmente, 30 horas e 40.000 calorias para as atividades sociais. €) Cada saida com Maria consome 3.000 calorias, mas com Luisa, mais alegre ¢ extrovertida, gasta 0 dobro. f) E importante colocar que ele gosta das duas com a mesma intensidade. Tomando como base as conclusdes acima, ele quer planejar sua vida social de modo a obter o numero maximo de saidas. Formule 0 problema e resolva-o. Apés conseguir o resultado, comunique-o 4 classe para que este aluno (que prefere que seu nome no seja revelado por razOes que parece ébvias) possa conferir com a solugao dtima por ele obtida, 402 ALGEBRA LINEAR 9. A Cia. KI-SORVETEBOM produz dois tipos de sorvetes: picolé e copinho. Nesta Cia. 0 tinico ponto critico é a mo-de-obra disponivel. O copinho consome 50% a mais de mao-de-obra que © picolé. Sabe-se também que se todo o sorvete produzido fosse do tipo picolé a Cia. produziria 400 toneladas por dia. mercado limita a produgdo didria do copinho e picolé em 150 300 toneladas, respectivamente. (O lucro por tonelada de copinho e picolé produzidos é Cr$ 5.000,00 e Cr$ 3.500,00 por tonelada, respectivamente. Formular e resolver o problema que permita determinar a quantidade a ser produzida de cada tipo de sorvete. Discuta a solugdo Stima obtida e verifique os valores das variéveis de folga. 10, Resolva todos os exercicios que vocé achar interessante (incluindo aqueles propostos na solugao geométrica e os desta sega) que podem ser resolvidos pelo método simplex sem usar 0 método das 2 fases. 11. Resolva o Exercicio 2 desta segdo usando o método das 2 fases. Repare que como as restriges so do tipo > entfo € necessario subtrair varidveis (neste caso chamadas de variaveis de excesso) para colocar 0 problema na forma padréo. 14.7 RESPOSTAS 14.7.1 Respostas de 14.4 Conjuntos Convexos e Programagao Linear 403 x-2-1<0 g {xt vt2>0 jx-~ y-2<0 ax - Sy +820 10. 80 do tipo A e nenhum de B. 12. O primeiro método 100 minutos e o segundo 25 minutos. 14. T = 200°C e P = 20 atmosferas 14.7.2 Respostas de 14.6 - Sugestdo: faga x, = quantidade de televisores coloridos produzidos 1 = quantidade de televisores branco e preto produzidos 3. Seja_x,=quantidade aplicada no investimento I, Max 2 = O,1x, +0,.08%2 +0,06x3 +0,05xq +.0,09x5 sfa Xt xt x + Xa + xg = 6.000.000 XS x3 + xq t xe Xz +%5 23; xy Sx4 e x, 20 - Xy = quantidade (em toneladas) de fertilizante i comprado na lojaj Min 2 = 450x,, +425xy, + 480x13 + 180%39 + 200x25 + + 300x3, + 240x53 + 31924) + 350x42 + 325x493 sla yy FX HX, Xa + X23 Xa Xar + X4, + X42 xu < 70 xa < 60 X12 <100 Xe < 35 X13 < 100 Xa, < 150 Xn < 30 Xaz S100 Xn S 40 ay < 70 5. Sugestao: x, = nimero de miquinas de costura transportadas da cidade é para a cidade j (F=1, 2: f= 1,2,3) 404 ALGEBRA LINEAR 6. x = bares de gasolina {usados na produgdo do combustivel j 4 ‘ 4 Max z = 7.200, E, %, +6000 |B, 4%}, +5000 F %5 * 3 3 +4900 (7.100 ~ xs) + (4300, 2 xpl+ a= i 3 3 + 3.800 (4.000 — 2 x,,)+ (5.050—- 2 x2,)] y sia 4 O,€ 3x, + 0,86x4, + 0,91x5, + 9,99%q) 20,95 z a 4 0,68r42 +0.86%p +091%n +0990 7090 F xj, 4 0,68% 43 + 0,86x23 + 0,91x23 +:0,99x43 > 085 ED Xj5 i=t 3 z 1; <4.000 Xu t Xa + X91 + Xa < 10.000 gel 3 oj © 5.050 X43 +05 +233 + a3 < 15.000 ard xy7O Leituras Sugeridas e Referéncias 1 Bazaraa, M.S.¢ Jarvis, JJ.; Linear Programming and Network Flows. John Wiley & Sons. USA, 1977. . . , 2 Campbell, H.G.; Linear Algebra with Applications, Appleton-Century-Crotts. USA. 1971 3 Herstein, LLN.; Tépicos de Aigebra Editora Poligono, Sao Paulo, 1971. Conjuntos Convexos ¢ Programacao Linear 405 Hoffman, K.e Kunze, R.: Algebra Linear, Editora Poligono, Sao Paulo, 1971 5 Kemeny, J., Snell, J. ¢ Thompson, G.; Introduction to Finite Mathematics, Prentice Hall, Englewood Cliffs, 1975. © Leithold, L.; 0 Cdlculo com Geometria Analitica, HARBRA, Sio Paulo, 1982. 7 Maculan, N.e Pereira, M.V.F.; Frogramagao Linear , Editora Atlas, $i0 Paulo, 1980. 8 Murty, K.; Linearand Combinatorial Programming, John Wiley & Sons, USA, 1976. 9 Solodovnikov, A. S.; Systems of Linear Inequalities, Mir, Rissia, 1979. BIBLIOGRAFIA GERAL Boyer, CB; Historia da Matemdtica; Editora Edgar Blicher Ltda., Editora da U.S.P.. Sao Paulo, 1974, Bentley,-D. e Cooke, K., Linear Algebra with Differential Equations; Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York, 1973. Bers, L.; Calculus; Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York, 1967. Campbell, H.G.; Linear Algebra with Applications; Appleton-Century-Crofts, New York, 1971. 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SMSG; Matemdtica: Curso Colegial, vol. 3; Yale University Press, New Haven, 1965. Struik, DJ., A Concise History of Mathematics; Dover, New York, 1967. INDICE REMISSIVO A Adigo de matrizes, 6 Adjunta, matriz, 72 AteatSria, varidvel, 236 Amostral, espago, 236 Angulo entre dois vetores, 219 Aplicagio identidade, 178 injetora, 151-152 nula, 195 sobrejetora, 152 Auto-adjunto, operador, 253, 258 diagonalizacdo, 261-262 Autovalor, 16, 180, 335 de uma matriz, 184 multiplicidade algébrica de, 194 muitiplicidade geométrica de, 194 subespago associado, 183 Autovalores de operadores auto

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