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No i Arad Cao en sro ters pel ITI Sore Tease nemo Rewsto emai Desi Welt ‘en Ca Aedes bts Cnl |i Capel | a | a eb hres st tf 55 0" orgies Lance sempre gual ad en bce oi varia fcedvent incerta alba, I] elasperanza ebbe nora ace. ‘Alu é sempre qua a una outea Depois se modificou: de iz se tornow alvorada incerta, [ea esperangateve uma nova lz Pasolini resécnesta (961, Em Funico moo per sent vit, hia tint, Cuca forma: or fina Sopareviviamo ed él confasione ‘una vit vnata fur dalla agone Tesupplce, ak 1 supplice: non voler mori rao snico moda de sentra vida, sina ca a tna formar agora aca Sobrevivemos: €€ confasio deta vida renaseida fora da tava ‘Tesuplco, ah te suplico: no queias morrer, 1 Pasolini nina se 1952, SUMARIO 1 INFERNOS? Grande ele) paradisinca versus pequenss izes ecto) na ‘ale inferal dos "conslheiros pérfidos” (11). ~ Dante reviradlo de cabeca para baxo nos tempos da guerra moderna (14), Um. Jovem rapaz, em 1941 descobre nos vagatumes os lampejos do descjo eda Inocéncia (17). ~ Uma questi politica: Pi Paolo Pasolini 1975, oneofscismo eo desaparecimenta dos ‘age-lumes (21). © povo, sua tesisténcla sua sobrevvdnca, Aestuidos por uma nova diadura (31), ~ © inferno eliza? O apocalipse pasoliniano repeovado,experimentado, aprovado, slrevaorizad hoje (38, " SOBREVIVENCIAS (0s vaga- lames desaparecerams tad eles sobrevivem apesar dle tudo? A experiencia postico-visal da es oh: reaparecer, edesaparecer (45). Lawes menores dlestrritvialzadas, politics, coetiva. O desesper polis ¢ sexual cde Pasolini, Nao comunidad viva sem Fenomenologs de sia apresentagio: 0 gest hinaso dos vaga-luanes (52). = Walter in € as imagens daca. Qualguer maneira de imagloar & uma maneiea de fazer politica, Politica das sobeeviencias: Aby Warburg e Ernesto De Martino (38) ut APOCALAI st Interrogae 6 contemporineo através dos paradigmas ¢ uma arqucoogafilosic: Giorgio Agamben com Pasolini (67). ~ 8 “estruigo da experience apocalipse, Ito da infincia Entre Aestrugio redengio (72). Critica do tom apocaliptico por Incques Derrida edo impensado da ressureigho por Theodor Adorno (78). ~ Nao hi, para umalteovia das sobrevivencls, rem destruigdo radical nem eedeacio final. Imagem versus horizon (6 wv pavos Lures poster versa lampejos dos contrapoderes: atl Schmit versus Benjamin, Agamben além de toda separagio (91). ~ Totaitarismo e democracia, segundo Agamben, vie Schmitt ¢ Guy Debord: da aclamacio i opin pica. Os povosreduridos 4 nificasio © & negtividade (96). ~ A anquvologiaHlosi, Segundo Benjamin, exige a “itmica dos goles contagalpes, aclamagiese revgies (106), y DESIRUIGORS? Imagem versus bosizant: © lampejo dialéticu “transpoe a horizonte” de suancira intermitente (115). ~ Ressurgéncias dda imagem versus horizontes sein recusso, Declnio no & sdesaparecimento, Declinagio, ineidanca, bifercagio (119). - Inestimivel versus desvalorizagso. A temporaidade pura do deseo resusos tempossem recursos da desta eda eden, Fazer apareerem as palavras as imagens (126) “I IMAGENS Fazer aparecerem os sonhos: Charlotte Beradt ou 0 saber-vaga lume. Testemunbo eprevisio, A autridade do moribund (13), ~ Recuos na escuridio, ampejos. Georges Batlle na guerra: ‘sur, erotisma, experiécia interior. Elueidao politica eno saber (139). =O indestrutiel a comonidade que resto Maurice Blanchot, Parcels de humanidade na “beech entre 0 passa anna Arendt ea “ong diagonal” (148). a2 dos ins versus lampejas dos pawos. As imagens ames Lavra Wadlington. Organiza o pessimism (15). 1 INFERNOS? em antes de fazer resplandever, em sua escatolg lori, grande luz luce} do Paratso, Dante quis reservar, no vigésimo sexto canto do Inferno, um destino discreto, cembora significative, 8 "pequena luz” (lucia) dos pit lamps, dos vaga-lumes. O poeta observa, eno, a oitava vala infernal: vala politica, caso existisse, visto que reconhecem alguns notivels de Florenga reunidos com ‘outros, sob mesma condenasio de “conselhirospérfidos: © eespaco todo € salpicado ~ constelado, infestade ~ de pequenas chamas que parecem vagg-hires, exatamente como aquees que as pessoas do campo, nas beas notes de verlo, veem esvoacar, aqui eal, ao acaso de seu esplendo, sliscreto, pasate, tremeloyente Talo camponio vs, que ae monte asst, na esagio em que sola so aclara Camas trices ei por WH Re BENIAMI re lt se ans car ci (ibn hth Pes Ae 98718 62 Gage Oi totems \l ‘exemplo” © uma verdadeira“arqueologia ilosities” que, de ‘maneira ainda bastante benjaminiana,“etoma em sentido inverso o curso da historia, assim como a imaginagio” Festabelece o curso das coisas fora das grandes teloologias coneeituas A revelagio das fontes aparece aqui come a condigio necessiria— eo exe paciente- deum peasa- tendo procura deimediato tomar partido, mas que quer intermgaro contemporneo na medida de sua Hilologia ‘oculta, de suas tradigées escondlidas, de seus impensados, de suas sobeevivencias, Distante, portanto dos ilésofas que se apresentam como, dogmaticos pare aeternidade ou como abricantesimediatos 4e opinides para o tempo presente ~ a propesito da ultima engenhoca tecnoldgica ou da ultima elegdo presidencial -, Agamben vé o contemporaneo na espessura considerivel «© complexa de suas temporalidades emaranhaclas, Dai 0 aspecto de montagersele também warburguiano e ben jaminiano, que seus textos adquirem com freguéncia, O contemporaneo, para el, aparece somente “na detasagem € ‘no anacronism em relagdoa tudoo que percebemsos coma nossa “atualidade"” Ser contemporneo, nesse sentido, seria iv pF Penne pth ler geo comempins ommend. nae Nes. Chae Ag nracausis? 69 ‘obscurecer oespeticulo do século presente fim de perce ber nessa mesma abscuridade, "luz que procura nos lca ‘sare ndo consegue’® Seria, enti, etomand o paradigans {que nos ocupa aqui, dar-se as meios de ver apareverent os saga: lumies no espaco de superexposigo fer0z, demasiado uminoso, de nossa historia presente. Essa tarefa,acrescenta Agamben, pede a0 mesmo tempocoragesn = virtue politica poesia, que éa arte de raturar a linguagem, de quebrar as aparéncia, de desunir a unidade do tempo." Ora, essas duas virtudes sio as mesmas que Pasolini pusera em pritica em cada um de seus textos, em cada uma de suas imagens. De Pasolini a Giorgio Agamben, as referéncias histricasefiloséficasapresentam, decerto, die rengas consideriveis. Maso gestus geal de seus respectivos pensamentos deixa adivinhar wm inegivel parentesco, até em seus efeitos de provocagao e nos ataques virulentos que suscitam com requéncia seus posicionamentos. Ambos afirmam gue “hi entre varcaico eo moderno um encontra ‘seereto® Ambos fazem de seu trabalho um obstinado con: fronta do presente ~ volentamente criticado ~ com outros tempos.*o que é um modo de reconhecera necessidade de 70 Gouge Heermon © tesco ene ince gai er (19, eg _qontagens tempos para toda reflexda consequente sobre 6 contemporaneo. Como Pasolini, Agamben & um grande ‘profanador das coisas que se admitem consensualmente como “Sagradas’ F, assim como 6 cineasta quand falava do “sacral, 0 flbsofo dedica-se a repensar @ paradigm antropol6gico contido na extensio da palavrasacer: Agamben, até onde sei, jamais se dedicou a um estude ‘especifico da poesia ou do cinema de Pasolini, Mas ele proprio, e muito cedo, fez parte desse cinema, visto que cencarnava em ’Evangil selon saint Matthieu [O Evangelho segundo So Mateus], em 1964, um dos doze apéstolos de Cristo. £, sobretudo, surpreendente encontrar no flésofo ‘um conjunto de reflexdes que atravessam as preocupagoes Ora, €# Carl Schmitt que Agamben dé a palavra para responder aessa pergunta.Flecitaa Verjasungslehire (Teoria ‘da Constituigio}, texto de 1928 em que se exprimiaa rica cconservadora do jurstaa respeito da Republica de. ‘Somente uaa ver fscamentereando€queo pow & pov0,e soniento pow fisicamentereunido pode fazer o que abe espe cicamenteaatiidade dese povosele pode acamar J. A partir ‘98 Genes Hebeman do mone oem que 0 pve esti fs fete reunide = pouce importa com que objetivo fu mis esas pablcas, o teateo, 8a hipitromo ou no esto - esse pov com suas alamagis et We consul. 2o menos poten nent, uma pina polit! | Onde Cat Schmit evosava um povo unineme no esti seis anos antes das grands manifestagdesdle Ni-) |senetats izonte do ftalitarism nazista, oro -Aamben busca, ese mesmo text gua cols que | ha como diagnéstico para aguilo que nos cabe, hoe, tent anos depuis dee eno haizonte ds democraci aiden. | Mas ser preciso, para iso, edu a‘potencia politics do povo de aclamagdo ~ romana, bizantna, medieval. ttle devas ao gue as demorals noma | a epinito pil: A opin pica a forma moderna da aclamagio. Etalver ‘ma forma cfs, eo problema que ca colaca no se reseve nem sociologicamente nem em det piblice. Ma é posible de iterpretta como aclamagio que Ie conkere sua essncia «© sua Importanca politica. Nio hi dsmocracia © nem stad Sem apinio pablica da mesma forma que no hi Estado sem aclamagies" Scho, hima 1928) Tn Pos 99) Perguntar-se-é ent: © que fr da opinide pablica nas democracias um estrito equivalente ~ haveria diferengas, clas mio so evocadas ~ da ackamagio nos sistemas de poder bsoluto? Fa Guy Debord que Agamben passa, deagora em lane, a palava, para responder aessa questio:a “Sociedade do espeticulc”& para a opinido publica hoje o que a sub- isso das maltidaes foi para os totalitarismos de ontem [lo que aguinos interes € fto de que aesera da gloria cys significa erqueologatentamosreconsttr~no de sapursce nas democracins moderns, nase soca simplesmente para um out contest, ods opinio plies. Se ese for mesmo ‘caso.0 problema da ing politi das mds ns sociedades contempordneas, hojetiodscutid,adguire una nova significa ‘0 uns nova urgencis, im 1967, com um diagndstio cu jusera os parece hoje dente, Guy Debord constatava transformagio em escala Panetta da politica ed economia capltaista em uma “imensa acumlagio de espetsculos’ andes mereadoria eo prin capital tomamaforma mica da inagem.Seaproximarmosasaniies Adeeb da tesedeSchait sobre a ino pallies come forma ‘movletna da alamagio,o problema daatual doing espets- ‘lar ds midis, em todos os aspects da vida social aparece sob um novo olhar sue est em queso no € nada mais que aso, ntipiagioedissetina iva como conto do sistema pico. © gue tua nova expantons concen i da fongdo dag 00 Geng i tesa ficava outa confina nas esters da lrg edo cevimonial se concentra nas mise, ao mesma tempo através dels se di fare ese introduc toss monienos xls 0 mos, tanto publica quant prividos da cidade [Assim Fstado holisticoFundadosobee a prsencaimeita do pov aclamando 0 Estado neutalzado disolido nas formas comunicaconas, ‘sem sto esto em oposigo apenas apaeatemente, Fes si0 somente as das faces do meso dispustivo lorioso sob suas ‘mors cia ates ool om Fa tape fet an sn emp lpn Wr eB puso ‘sou wc ti ber cae sao ‘Moura dastrmayem sens page ote rane re de Nl Leshan, ‘i eti 120 Gerges di sternon sliggnosticada por Benjamin em ocorténcia passa “estruigao” sem recurso, "A experiencia caiu de cotagio” (aie Exfhrung ist i Kaurse geallen): © participio geallen, "sido, fracassade’, indica certamente um movimento terrivel, Mas continua sendo um movimento, Mais 2inda, le soa estranhamente 8 nossos ouvidos, uma vez que © verbo gefllen significa, Por outro lado, o ato de amar, de ageadar, de convin. E, sobretudo, ese movimento nao diz respeito propria expe- na bolss de valores modernos (o diagndstico de Benjamin se confirma ainda se se consi dra a “bok de valores" pOs-moderna), © que Benjamin descreveé sem divida, uma destigio efetiva, eficaes mas © uma destruigao ndo efetuada, perpetuamente inacaby seu horizonte jamais fechado, O mesmo aconteceriaentio, com a experiéncia¢ com aaura, pois que se apresenta, em {eral sob 0 anguto de uma destruicioacabada da aura nas imagens época de sua reprodutibilidade técnica pede para ser corrigida sob o Angulo do que chanel uma suposiio © que “cai” nao “esaparece” necessariamente, as imagens esto li, até mesmo para fazer reaparecet ou transparecer algum resto, vestigio ou sobrevivénca.”* Dv MERLNAN agate mt eta arstRNKgES! 128 | ‘Todo o yocabubirio uizado por Welter Benjamin em seu artigo sobre “Le conteur” [0 narrador] & sem divi, «do dein. Mas declnio entendilo ery todas a sx hare decinagio, a inlexd, a persistncia das cosas devas. Desde inicio, Benjani faa do “desino da expeiéncs? emvermos de“fenbmens'! Esscheinungowsejaumaapa- rigio justamente, wma “aparig apesar de tudo se assim poss dizer Em seguda le evoca uma “evolugi que {a} nunca parou”: “um Varga, ou sa, um process, ut acontecimento, uma ag30 (como se diz em quimica) 0 um incident, palavra que descreveexatamenteo que Ben jamin quer signifier, por sua referncia ao movimento de queda e ao fato de que ee nio est isento de consequéncins, sem ineidéncia. Vocabulirio de pracesso, portato. Quando Benjamin nos diz que “a are da narativatende ase perder’ ele ex- pres ao meso tempo um horiznte defn” (Ende) um ‘movimento se fi (eigen penderdebrucat-s, inl baixar) que evoca nao propria coisa como desaparecid, tnas"em vias de desaparecer’soqueo verbo austerben, ag traduz como despovoar se, apagar-se, ir em diregio a sua s,m todas as suas ressurgencas, que supdem & SS BRNTANN, Lene ein re de Nb ask (980, 122 Gages bal Hubermon espa. Tata, portant, da queso do deta «no de desapaioeftada: a pla Mederggem prepaa aqui como, frequentemente, em outros lugares ~ por Benjamin, significa a descida progressiva, o par do solo ocidente (isto um estado do sol que desaparece de \ossas vistas, mas em por isso dea de existir em outro lugar, sob nossos passos, nos antipodas,com a possbilidade, ‘0 recutso” de que ele eaparega do outro lado, no orient). ‘Um pouco mais adiante ainda ~ fento nada deixar na sombra -, Benjamin escreveri que“a arte de contartorno- se cofsa rare" 0 que supose de fato a vi-a-ser (Werden) eno aestase mortal, assim como a subsisténci, fosse ela ‘inoritira, rar ou “extraordinaria” (selten), daguilo que ‘ilo teré sido destruido. A experigncia trensmitida pelo narrado, sem divida, “caminha em diregdo a seu fi mas ‘ verbo aqui empregado, geben, supde de fato que o fim do ‘caminho~ horizonte~ no estéainda na order do dia. propria “caminhada” que deve nosocuparinteiramente, A “altima fase do texto “o narradoré (st) figra soba qual (justo seencontraconsigo mesmo” -"empregao tempodo presente: nioaintemporaidade de uina detinigio regulada ‘icra dee a amon 0 aaa Y-pastuoes? 123 sobre o eterno ou oabsoluto, mas a prOpria temporatidade daquila que, hoje, entre nds, na extrema precariedacte, sobre vive ese declna sob novas formas em seu proprio declni. ‘Auurgéncia politica cesttica, em periogo de“catistroe” ~ esse leitmotivcortente em toda obra de Benjamin = no consstiia, portant, em trae conelusbes ogicas do declinio até seu horizonte de morte, 0 sgéncias inesperadas desse decinio ao fundo das imagens {que ai se mover ainda, tal vaga-lumes ou astros solados. Lembremas o maravilhoso modelo cosmol6gico proposto por Luerécioem De rerum natura: os Somos “deeinat perpetuamente, mas sua queda admite, nesse cli Infinit, excegaes com consequéncias inaudita. ‘toma se desviarigeiramente de sua trajetora pat ‘que ele entre em colisio com 0s outros, de onde ascend ‘um mundo,” Este seria, portant, o essencial recirso do dedlnio:0 desvio, a coisio,a “bola de fog que aravessa.o Ihorizonte, a invengao de uma forma nova. Nio nos espan. temos se Walter Benjamin gstiversituado préximo a Alois [iegl, um de seus grandes modelos historiogriticos, cuja hrstria da arte tendia precisamente a mostrar vitlidade & Antiguidade particular dos periodos ditos de “deli 124 Gouge itera tardia ou ~ no que diz respeito a Benjamin em seu trabalho. sobre 6 Trawerspiel~ mxaneirisnin ¢ a arte barroca." Se voltarmos, nesa dptica, ao texto sobre “Le conteur" ‘nao tardaremos a encontrar nel todos os elementos des ‘mesa vitalidale:€ 2 impressio (empreinte)indestrutivel pela qual © narrador “imprime sua marca na nacrativa, «como 0 oleto deixa sobre 0 vaso de argila a impressio de ‘suas mios"™ (die Spur der Tipferhand an der Tonschale). 4 memria épica cujatransformagio revels, nos romsances modetnos ~ de Proust ao surealismo ~ tantos processos de rememoragio” (Eingedenken).F 8 jntermiténcia dessa memoria que atingeoleitor de hoje, como tantos “instantes de Felicidade’ a despeito de sua pobreza em experiéneia." Aoutiizaraquiaspalavras nur bisweilen, mented vezes ‘Benjamin nos di uma indicagdo preciosa sobre o estatuto; ‘temporal das sobrevivéncias.“E por isso diz ele arespelto «de uma historia contada por Herédoto na Antiguidade lida ‘em nossa époea, “gue essa narrativa vinda do antigo Egito ainda capaz, apds milhares de anos, de nos surpreender * HEMLAIN, WO amin 8 Ta a Ganareitapor Rich in ee p 7 i Netdae {ipo Roane hum cpio comer, Y-pesiuoHs? 125 fe nos farer reflti, Ela parece esses miticamente durante milénios nas cman fe que conservaramn até hoje sew poder germinative (ihre Keimkoap) 485 0 valor da experiéncia cau de cotagio,éverdade. Mas cabe somente a nds ndo apostarmos nesse mercado. Cabe ‘somente ands compreendermos onde e como “esse mo: Vimento [..] ao mesmo tempo, tornou sensivel uma nova beleza naquilo que desaparecia (eine newe Schone)" ‘Agamben nos mostra com gravidade, com acuidade, um horizonte derradeiro para esa desvlorizagdo. Mas mito Tonge nesse sentido &, paradoxalmente, condenar-se a s6 fazer a metade do caminho necessitio, A “imagem dali ca” & qual nos convida Benjamin eonsste, antes, em fazer surgitem os momentos inestindveis que sobrevivem, que resister atal organizago de valores, fazendo-a explodir em momentos de surprest, Busquems,entdo, as experiéncas que se transmitem ainda para além de todos os“espeticulos 126 Ganges i bean ‘compraclose vendidos a nossa volta, alsm do exerecin dos reinoseda hzdas gloria. Somos “pobres em experigncia"? Facamosd 3s mesma pobreza ~ dessa semiescurickio — uma experincia. A paixdo de Adorno pelo trabalho de Samuel Beckett nao teri sido, sem diva, isenta de um recurso implicit aos precetos js enunciados por Benjamin em seu ensaio de 1936; Le conteur 0 valor da experiencia cait de cotagio, mas cabe so ‘mente nos, em cada stuacio particular, erguer ese queda i dignidade, & “nova beleza” de uma coreografia, de uma Invenio de formas. Ni assumes imagem, em sua prépria frogilidade, em sua intermiténcia de vaga-Iume, a mesma poténcia,cads vez que ela nos mostra sua capacidade de, reaparecer de sobrevver? Em um artigo intitulado"Limage Giorgio Agamben radicalizava a nogdo de imagem atsibuindo-Ihe dos dest JImmémoriale” [imagers immemorial) nos, dois horizontes:o primeira é ode destrugao pura ("a gem morte"): 0 outro & de sobrevida no Hades (versio uno apocatistase, a “restauragdo final” segundo genes (versio erst). Em resume, a sobrevivéncia era ‘aqui compreendida como sobrevivéncia apés a morte, sobrevivéncia do apocalips, do fim dos tempos, de punt v-onsmugis? 127 rede. Agamben acrescentava que esse mesmo parado- 1x0- paixio radical epoténca radical ~encontra-se"inscrito la mtafisica ocidental® Uma maneita a propria orige de assumira imagem no plano da propria metaisea, tendo [Nietsche e Heidegger como artesios de sua vertigem, ‘Bem outra era a proposta de Walter Benjamin, que reo- ‘amos aqui por nossa contas“organizar o pessimism” no ino histérico, descobrindo um “espago de imagens” no préprio vaio de nossa “conduta politic’, como ele diz, Essa proposta se relere & temporatidade impurn de ‘nossa vida histérica, que nio se compromete nem cot a destruigao acabada, nem com o inicio de redencio. Fé esse sentido que é preciso compreender a sobrevivéncia das imagens, sua imanéncia fundamental: nem seu nada, ‘nem sua plenitude, nem sua origem antes de toda meméria, nem seu horizonte aps toda catéstrofe, Mas sua propr ressurgéncia, sev recurso de desejo ¢ de experiéncia no proprio vazio de nossas decisbes mals imedistas, de nossa vida mais cotidiana, [Na mesma época ~ de 1933 a 1940 ~ em gue Walter Benjamin evocava essa possibilidade de “organizar 0 " AGAMEN, 6. image mouse (1986) Tek | Caan Mac rae pum deporte Ena et contre a ae 128 Geagesci Hoberman pessimism” pela ressurgéncia de certas imagens ow com Figuragoes alternativas de pensamento, «vida cotidiana certamente nao the dava descanso. Pode-se imaginar o que cra a vida de um judew alemao “sem recursos" em fuga perpétua diante do cerco que se fechava em torn dele? A impressao de Agamben sobre a destruigio da experi ‘em “nossa existenciacotidiana hoje insuportivel - como. ‘im momento algutn no passado -"* deve ser orientada ‘na medida dese contraste. Contraste ainda mais forte, na medida em que Benjamin soube “organizar seu pessimis. ‘mo coma graga dos vaga-lumes, buscando, por exempla, entre o teatro épico de Bertold Brecht ea deriva urbana, dlos poetas surrealistas, entre a Biblioteca Nacional ¢ a Passage des panoramas, esse “espago de imagens” capae de contradizer a policia ~ as tertveis restrigies ~ de sua Vida, O valor da experiéncia havia caido, mas Benjamin respondeu a iso com imagens de pensamento e com expe- rincias de imagem cujos textos sobre o haxise oferecem ainda, entre outros, alguns exemplos surpreendentes por suas ressungéncias de “aura auténtica” 08 de infincia do| ‘olhar sobre todas as coisas.” |MINIAMIN, Wns Op Et rains 5) a LE wr Pon We msreunaest 129 Agamben sentenciou a destruigio da experiéncia eo Ito de toda infinca, como Pasolini o desaparecimento dos vaga-lumes,projetando sobre presenteo quecle conhecia de diferentes situagies de guerra mundial, notadamente as lescritas por Walter Benjamin. Ora, a propria experien cia da guerra nos ensina ~ no que ea teri encontrado as condigSes, por mais frigels que sejam, de sua narragao € de sua transmissdo - que o pessimismo fo, is vezes, “orga rizado” até produrit, em seu prbpri exercicio, lampejo ‘ea esperanga intermitentes dos vaga-lumes. Lampejo para fazer livremente aparecerens palavras quando as palavras pparecem prisioneiras de uma situacao sem sada, Pensemos na coletnea de textos composta por Henri Michauxentre 1940 e 1941 com o titulo de exorcismos): "sua razio de ser’, escrevia ele na abertura, ‘mantee em fracasso as poténcias que circundam o man do hostil"™ Pensemos nas admiraveis Feuilletsd'Fypnos [Paginas de Hypnos], escritas por René Char durante suas Tatas cotidianas no maguis™ eondea Resisténcia politica ~ ativa, militar, «cada instante perigosa para sua vida ~ fazia corpo com 0 que abordamos agui como “resisténcia” do reuves,exorcismes [Provas, © MICHA, Loans tee: 9 14 (1945) a BELLOUR, TRAN, remit Pri Gaia 988 743 etn anna moda som soa pt ae (1) 120 Ganges Dit oben Pensamento. Pensemos em LI a langue di ITF Reich, dle Victor Klemperer, esse "meio de legitima defes, lest] ‘SOS enviado a mim mesmo como ele escreve de imedliato, partir do espaco de opressi cotidana: trabalho em que a lucidasdo da linguagems tornava-se, nas trevas necessrias dda clandestinidade, uma replica das “palavras-vaga-lumes" as ferozes “palavras-projetores”impostas pela propaganda nazis ‘Aconteceu até mesmo de as palavras mais sombrias no setem as palaras do desaparecimento absolut, mas as de ‘uma sobrevivéneia apesar de tudo, quand eseritas do fun- {dodo inferno, “Palavras-vaga-Iumes ainda a dos jorais, do gueto de Varsévia e das erdnicas de sua insurreigéo;, *palavras-vaga-lumes”as dos manuscitos dos membros do ‘Sonderkommando ocultossob as cinzas de Auschwitz © cujo lampejo” dependia do soberanodesejo do narrador daque Je que quer conta, testemunhar para além de sua propria morte Enre as trevas sem recurso das cimaras de gas e Trad Glo An Mil, kena 80) al Melosh Ps a v-pestucoesy 431 ‘dia ofascante do verdo de 1944, esses mesmos resistentes do Sonderkommandoconseguiram até mesmo lazer aparccer imagens quando « insaginagio parecia ofuscada por uma reaidade imensa stfiiente para ser pensada." Imagens * B, mesmo, saber das atrocidades cometidas, em um sonhador que ainda ignorava a realidad nos campos: "Ex sonho que me obrigam a enumerar todas as punicées bes- tials queexistem. Eu as inventei no sonho, Depois me vingo, gritando: ‘Todos os oponentes deve morrer"™ No posficio da edigao alema do livro de Ci Beradt,o historiador Reinhart Koselleck coment com pertinéncia o paradoxo de wma coletinea de fists psiqui- ‘as que evidentemente, “no propdem uima representasio realista da realidade, mas que niio deixam de angar uma lua particularmente viva sobeearealidade de onde elas sto provenientes’" Seria talver mais justo dizer que al question &"viva, masestranha ~zebrada de obscuridade, muito perto ou muito longe pata tornar sew objeto clars- mente vsivl -¢, sobretudo, intermitente. Nesse ponte, 0 Important & que ohistoriador reconhega narrativnonirica ‘uma autoridade no conhecimento histrico come tal. Nao warlotte por acs, Koelek voc let, Hebel Kaa a abe, Ins naradres”paradigmaticos devs wot formas por War Benjamin" Fendi gue" atade tana em espera, una mutica de cama gue font os conbecientos aides pls sons! As Imagens sodas so terror tarmanes nt agint proud sob tee “Un ago comm an eos fal presets € que les revel uma rade ocla cael fl demanstadacmplicaent?" onduse qu a “imagens vague” podem sr| visas no somente comp estomanes, mas tin come | profecias, previsdes quanto a historia politica em devir: —* Para 0 historiador especialista do Tereeiro Reich, 3 docu rmentajio ona agu apesentada constitu uma font capital Hla permite aceso a camadas que até mesmo os dios no ingen. Os sonbos ie nos so contados |. nos azemcntar de ‘mov exemplar nos nichos da vida aparentemente privada onde petra as onds da propaganda edo tetor. les estemunhamy que o tert, no ico, fo sears, depos insidioso,¢ preven sta violets escalada" SIT HK RP (9nd a 138 Googe bie obermon Se € verdad, como dizia Pierre Féida, que “o sonho tocou o morta” em sua eonstituigso metapsicobigica fun damental, se € verdade que “o tocar 0 mor sonho vident Equetorma 6 ess vide ‘a, reconfigurada por pedacos nas nartativas oniricas, sob autoridade do moribundo, de cujaexperiénca transmitida Benjamin fazia 0 paradigma derradeiro. Mas 0 moribun- slo nio esta inteiramente no agonizante, no sem-voe, no “mulguman’, segundo Agamben, Maribundos, todos nis, ' somios, a cada instante, somente por afontar a condicao. ‘temporal, a extrema fragilidade de nossos “Jampeios” de. “ada. “Nos todos morremos incessantemente’,escrevia Georges Bataille na época da Segunda Guerra Mundial. E acrescentava:"O pouco tempo que nos separa da vazio tem «8 consiséncia de um sono » enti podemos comprcen Seria necesséria uma obra inteira para compreender ‘exatamente o que determinou, em Georges Bataille, no mio mento da guetta, essa mistura de recuo para a obscuridade «essa “vontade de acaso’ como ee dizi, a saber, a vontade S IAIAITLE, Sie Niewe vat de oe 9 5) Gwe cin Ps Cline 7 9 IS wears 139 soberana,ansiosa, frentics, que o fe langar tantos sinais ‘a noite, tal como um vaga-lume querendo escapar do fogo dos projetores para melhor emit cus lampejos de pensa -mentos, de poesas, de desejos, de narrativas a transmits, a qualquer prego. (© texto que ele decidiu empreender, desde o inicio da ‘guerra, inttulava-se Le coupable [O culpado. © primeito ‘capitulo desse live, "La nuit” [A noite), comega assim: "A data em que comego aescrever (5 desetembrode 1939) nfo {uma coinciéncia. Comecoem razio dosacontecimentos, mas nao é para falar disso" Paradoxo, fissura do ndosaber, soberania Tonge de todo reino: nao falar dos acontecimen: tos para melhor lhes responder, para melhor Ihes opor seu desejo (Seu lampejo na noite), sabendo que esse desejo no passa de brechas,fragilidades, intermiténcias do moribun. do, entre “degradago” eaquilo que ele quer loucamente, ainda, nomear uma “glia “Nao existe ser sem fissura, mas nds passaremos da fissura sofrida, da decadéncia,& ‘lori’, com a condicio de acrescentar, para se diferengar de qualquer prestgio ede qualquer via religisa:"O exis tianismo atinge a glriafugindo do que é (humanamente) slorioso."* Longe do reino e da luz, portanto, Bataille {entava emitir seus sinais na noite como tantos paradoxos 140 Googe is obeemon cujo resultado, sabemos, se chamars experience intricur’ (A experiencia interior Enguanto isso, Bataille publicou sob pseudénime, na ceditora ce nome signiticaivo ~Fditions du Solitaire -, sua narrativaescandalosa, Madame Eawarda, na qual compre- cendemos que a experiéncia erdtica poderia oferecer uma primeira resposta do culpado' aos acontecimentos de morte {que reinam em toda a Europa. E uma danga do desejo na noite parsiense, um contratema aos movimentos dos aves ‘aos ferozes projetores da guerraem curso. Assim como, 0. mesmo moment, o jovem Pasolini ofazia em wma clareia perto de Bolonha, o narrador de Madame Edvwanda se des. nda “nas rus propicias que vio do cruzamento Poissoni¢re comarrua Saint-Denis” A prostituta que elee ‘uma lucciola, portanto, no no sentido pri conta entio prio, mas, se posso dizer, no “sentido sujo"™ ~ apareceri e desapacecer nas intermiténctas de sua luz (*rosaevelosa, chia de vid"), cede sua obscuridade (“la era negra inteiramente, simples, angustiante como um buraco”). Fla se retorceré “como um ppedago de minhoea” (verde terre) no espasmo ena branca, ‘nude, tal qual um piilampo (ver fusant) Para adormecer wi kacins 14 ‘ag lunes sem Go bem desaparecer de nosss vss. aun iss, atalleencontraré Maurice BABE que acahara de pubicar Thoms fobscur [Thoons, © obs} No outono de 1941, ma constitu gama cosa parecda com uma comanidade de vag ico" onde cl ia fragmentos de andamento-, masa “ausénca de salvasio [ena reniincia a qualquer esperans ama ver que esa expen para cles iniciava apenas namie em que oss “contestago dela mesina eno saber" Ex 1942, el contain uma tu bereulose pulmonar que duro um tempo desofimenta que deviacomo dz Michel Surya “adensarum poueo mas [sua] solidi” Ein uma pequena cidade da Normangia, Bataille se tio e excreveu salva de pam assim como Le mort breve narrativa de uma experiénci edticahigubre para a ual um projet de preteio inci ereves sds ~ vive ciadas~ da gueraem curso asta alemio abatido,chamas, rostos cakinados,informes, de Denise Rolin ele tentou re Imes -Feuibesde um “colégiosocr experience intvieu cua escrita estava em. sep, "nica coisa humana de um corpo que jazi intacto no meio dos escambeos. 142 Grogs ieee Acscrita de Le coupable durante todo esse petiod, pro | ccuravacriar algo como uma coisio entre a expago imenso das “desgragas do tempo presente’ ¢ gar infinitamente fechado do “acaso, do iso laminoso, da “negtividade sem utlidade’>* Em seguida, experience intérieure eri tentado aprender 8 "viagem ao fim do possivel do bon hhomem abandonado a0 reino da guerra e da destruica0.™" \eoperitcir® nesse sentido, Assura, nao saber prova do desconhecida,auséncia de projeto, errincia nas trevas” Ela Endo poder (inpowsoir) por excelenca, notadamente com, relagioao reno ed sua glria, Mas ela poténcia Nietzsche assombra todo esse vocabulrio - de outra ordem: poténcia dle contestagio, diz Bataille. “Eu contesto em nome da com- testacio que 6a propria experiéneia (a vontade de chegar a0 Fim do possvel), A experigncia, sea autoridade, seu método io se distinguem da contestagio” (© valor da experiénciacaiu decotago sem divida. Masa queda inda 6experisnca,ou sea, contestacio,em seu prprio ‘movimento, da queda sfrida. A queds 0 niosabersetornam potencies na escrita que os transite “A impoténca gta em wimasens 143 sin’ sree sem divide Haale Nas ese rt, ele or ene seu inal, sumac ser peta deconealo. 0slncitambéin é fraquecs, as" ‘mais potente de comunicar”2” £ bastante significative que Batale, desa pence, oer alguns exeplos qu on covdait cn aqui que Waller Benjamin hava esperad ds imagens, precisament:corpestuminasos pages a note Bolas fog queaiwvessan oboriznt comets qe aparccemeviose perder maisadante Vignes mls ou mmenosdiscretos dealgoma forms Mas ou menos pésios dens na nie. “U homer ¢ uma particla inserda em conjunosinsiveis ¢emaranhados:ecreve ands Baal; “uma paraafvorve ao joro'smas uma paradapotadora denen capazdeiromper:"Jorarinlamado,excedent, Treat desua propria convulsofepossundol um carer de dang ede vera decomposta™ ‘Aczpeinca seria parsosaber asim como urna danga na oie profunda el para ura elena iz imdvel. Ora na noite nem ofligPnem offers, apates dea encontrar lanpjos esperades:p suc da experiencia, afrma Batlle 146 Gouge Doberman [eum espectador, so thos ue procs fos ot pk menos, nes operas exsténcta espetadora se condens n06 ‘olhos sse carter nio acaba sea oie al, O que se encontra, enti, nescurdo prof é um spore deseo ver, quand, iantedesselesco,tudoescapa, Maso desejo da exstncia asim Aisipads na noite rei sobre um objet de étase,”™ Odjeto saccade, espeticul intermitente, nio & precisa dizé-o, assim como se abrem e se fecham nossas proprias pilpebras: “Meus olhos se abriram, € veedade, mas seria ‘melhor nao dizé-lo,ficarestético como um animal. Eu Quis flare, como seas palavrascarregassem o peso de mil somos, como parecendo nao ver, meus olhos vagarosamente se fecharam” (Em seguida eles se abriram novamente, como sabemos, para que o antor de [experience intérieure pidesse escrever isto & luz de um abaiur, talver, na noite, sobre uma folha de papel branco.) Ora, &nesse contexto que Bataille, no final da guer volta & contestagto floséfica e construgio de um saber ‘outro - que ele chamari, por um lado “ateologa’, por utr, Theterologia’ ~ capaz de se resstuar, de retomar posigho na historia politica dos tempas atuas. Sur Nietesche [Sobre wo macens 145 Nictrsche}, escrito em 1944 “no atropelo” da devzotaalema ¢ do centenirio do filésofa," publicado em fevereiro de 1915, €um liveoextraordinéio, Mistura um eertica dlivie dle guerra ~ se 0 ro saber de w sperigncia onde se rmesclam de modo espantoso borbardeios areos parques de diversdes, ruinas trigieas jogos infantis!™— a uma ten tativa de elucidacio conceitual destinada a atribuir um valor de uso a0s texts pelos faci ver, critica mais vieulenta* Nictesche para além de sua uiieagao 5, sobre a qual Bataille desenvolve, mais ua a questio nesses paginas serd ainda a de uma experi- en entre perda e éxtase,tevas¢ luminosidades. O livros abre com uma citago de Nietzsche assim tradurida “E.com grande dificuldade que eu impeso minha chama de brilhar para fora de meu corpa”2” Em seguida, sera ques tio de uma “escapada movente” em ditecdo aalguma coisa como um “brill solar “Por menor que sea ¢aposta, ew albro uma perspectiva de sobrevalorizagio infinita. Nessa escapada movente se deixa entrever um vértice. Como 0 ponto mais elevado ~ 0 grau mais intenso — de atragio por ‘i mesma, que possa deinira vida. Espécie de brilho solar, ese Cana, 1973 p 3M 146 Gouge i ebirmon lependente das consequéncias’™ inf, tratarse-i de | afirmar que © pensamento d altura da exper algo «como uma bola de ogo ou um vaga-lume,admirivel¢ emt |

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