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WAIQUE DE RESENDE MARTINS MENDES Esic: ROSARIO FUSCO MARIO DE ANDRADE OSWALDO DE ANDRADE PRUDENTE DE MORAES, NETO JOKO ALPHONSUS ILDEFONSO PEREDA VALDES BLAISE CENDRARS MARTINS DE OLIVEIRA SERGIO MILLIET GODOFREDO RANGEL WELLINGTON BRANDAO ABGAR RENAULT ASCENSO FERREIRA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE ASCANIO LOPES ROSARIO FUSCO EMILIO MOURA HENRIQUE DE RESENDE PEDRO NAVA ILDEFONSO FALCAO CAMILLO SOARES “RIGURA’ NOTAS DE: YAN DE VERDI REVIZTAMENAL DE -ARTE-E- CULT URA: ALMEIDA PRADO, ADMINISTRAGAO RUA CEL. VIEIRA, 98 CATAGUAZES ~ MINAS CASO DA CASCATA OS ESPLENDORES DO ORIENTE AVENTURA OXYCYANURETO DE MERCURIO A GERMANA BITTENCOURT AUX JEUNES GENS DE CATACAZES MODERNISMO RELIGIAO A SYNCOPE, CANTOS MUNICIPAES MATINAL CANELOTS QUADRILHA DESCOBRIMENTO DO BRASIL. FESTA DA BANDEIRA CHROMO CANTO DA TERRA VERDE (2) VENTANIA SINGERMAM, STOLEK E ETC. DESCOBERTA ROSARIO FUSCO HENRIQUE DE 8 ROSARIO FUSCO E ASCANIO LOPES sine incciennlateainiaiaaiamiiiiaile NUMERO — 13000 ASSIGNATURA — 11$000 VERDE CATAGUAZES — NOVEMBRO 1927 N UMERO 5 NN 8 VERDE Novembro 1927 OXYCYANURETO DE MERCURIO Parecia botequim de bafon londrino ta- bricado nos estudios da Paramount. Parecia um pouguinho. Quasi nada, Postado num ean- to um homem de boné exhibia, na fachada torva, immensa raiva concentraia. Uma re- Solugdo perfeitamente cinematica de quem quer matar ou morrer. Mas nfo era cinema nao. Porem verdade. A orchestra chegava de téra, pelo cano do corredor, valsando mollenga ou foxtrotando esportinha ou ma- xixando cotuba. Tinha vozes, glugitis, gudes, grunhidos, até gritos de vez em quando, sonoridades escorregando no tecto gorduroso. Ondas longas de sons se quebravam contra ondas de fumos e cheiros rains. O gargon servia o décimo duplo pro homem de cara carregada. —Osenhor bebe um pedago. —Bebo chope e cerveja ¢ cachaga e tudo. Beber um pedago ¢ burrice. No’ diz nada (1). Adolescente tranzino 0 gargon exage- Tou a pallidez soffredora ¢ afastou-se castel- Jando vingangas impossiveis. O homem bru- toera um brato homem. Se collocara no seu canto magneticamente contra 08 outros be- bedores. Os outros eram um boche com duas bochas lourissimas, trez silencios pra Inges- to mais gostada dos chdpes. Caixeiros, fun- ccionarios pablicos, operarios, deavios, huma- nidade. Tinka dois rapazes na mesa. proxi- ma do homem terrivel que nio tirava os olhos delles.Nem os ouvidos. Neste momen- to chegou 0 terceiro rapaz coitado, Parou na porta olhando. —Amaneio velho! —Ol6! Velo. Teve um abrago entre elle que chegara eo rapaz que o tinha chamado fes- tivo. E foi apresentado pro outro. —0 Amancio ¢ um camaradao, —Exagéro. Um ereado de voce. —Creado qual o que. Manda elle fazer alguma coisa pra ver si obedece. Era 0 visinho, o homem terrivel, que se intromettera na conversa. E nao sorria nao, Os trez se interrogaram baixinho : —Quem 6? —Sei nao. —Nunea vi elle. Um besta qualquer, Houve um silencio cacéte. Mas o Awan- cio trazia nos olhos, na bocea nos 20 annos uma inguicta elegria de viver. Comtudo Ii- vido e gordo e a gordura dando impressio de flicida na lividez doentia, E agora fala- V3 falava: —Pols 6 isso, meninos. A gente ganha um baita amor pré vida depols que enxerga a morte pertinho. Vou contar pra voeés como fol. Como me curei. ~—Curou-se nada. A sua cata 6 de doen- ga. No engane-se. © homem rispido e intratavel se inter- punha novamente. O falador enguliu secco a repentina amargura. Calou-se uns minutos de olhos até meio molhados. Depois murmu- Tou pros companheiros: Si elle continuar, eu reajo. —Nao vale a pena. —Teve uma outra mudez paulificante, Os allemas depois do quinto chépe disseram trez palavras, Deviam ser trez palavras. A loura mais moga, mocinha, tinha a bocca em forma de beijo, Minto, em 'forma de dosejo. Tirava uma linhas internacionaes com 0 cal. xeiro mais proximo, elegante moreno. Domi- nando 08 outros ruidos comegou_hesitou e cresceu um ronco. Um sujeito de fraque dor- mia sobre 0 copo servindo de travesseiro. Allas travesseiro mais do que incommodo. Quem ¢ aqueile sujeito, hein? . —Lu sel. E’ um talento. Um talento des- perdigado coitado. —Ah. —Que talento que nada! Basta um su- Jeito qualquer ser paudagua pra virar talen- to. Ora essa. Novembro 1927 © homem terrivel interrompera ainda a conversa delles. Decididamente nao podiam continuar. Nao poderiam. —Vamos dar o tora? —Absolutamente. Dar mostras de medo... ‘Vamos ficar. Amancio falou ¢ olhou nos olhos longa- mente o homem terrivel, desafiando. 0. ho- mem pareceu nfo reparar no desafio delle © tirou do bolso 0 papel fuchicado, Amancio continuow —Vou contar como me curel. COMO ME CUREI. O Chico aqui sabe como 6 que cu estava, magro, anciado, dores no estor go, pernas bambas. Um eaco. Fui consultar um médico. Soffri um exame prolongado pau- lifieante. Depois ainda foi preciso raio xiz. E quando afinal de contas elle disse que era, tinha quasi certeza, uma iilcera hilitica, no estOmago, via morte pertinho de mim. —E’ a morte certa, nfo 6, doutor? — Nao. Um tratamento intenso © methédico pode tal- vez cural-o, Elle se animou na narrative. Talvez. Principiou o tratamento. Injeceses intramus- culares de cyanureto de mercurio combing- das com endovenosas de neosalvarsan, isto 6, 914. Fastio e diéta. Magreza ¢ tristeza. E a vida linda linda. O sol vinha sempre pintar de branco luminoso as parédes brancas do quarto. 0 carroceiro passava sempre na rua entoando cebélas com frangos. O piano da treate sonorizava sempre 0 crepusculo com um tango sentimental. Sempre. Entretanto elle magreza tristeza. A morte cada vez, mais perto. Mais. 0 homem terrivel guardara de novo o papel fuchieado mais nem estava ali. Erminia... Desanimara entdo, pois melhor morrer duma vez do que aos boccados, néo era? A idéa engenhosa veio por acaso fondo no jor- nal a morte de uma moga, em que um estu- dante de medicina injectara enganadamente oxyeyanureto de mercurio, Nom ninguem suctia que elle morrera porque tinha queri- do nao. Collocou entre as ampdlas de mer- curio curativo—curativo!—o mereurio mor- tal. Cyanureto. Oxyeyanureto. A coisa lhe dera trabalho, isso the dera. Cortou a ponti- nha da ampédia do remedio, esvasiou-a, en- cheu outra vez ella como veneno, lechou a pontinha na ebamma do alcool. Prompto. Nin- fuem botaria reparo na extremidade um pouco menor. As injecgdes intramusculares eram de dois em dois dias. —Voee tem melhorado?—Tenho um pouquinho..—A. coisa vae devagar mas vae indo.—E’. Vae. Ha de ir... Elle no queria ver nunca a ampdla que a mfo despreoccupada escolhia. Fechava os olhos, face contrafeita VERDE, 9 parada, um desprendimento... (0 homem ter- rivel esquecéra o papel fuchicado e escutava agora com um leve sorriso, meio amargura pra vida, meio deboche pra Amancio). © ruido da agua fervendo na pequeni- na caixa de metal immenso era immenso. A serrinha que serrava o bico da ampéla ser- rava talvez a Vida delle. A picada dofa agu- damente nos nervos da alma como ferro em brasa.—A morte esté entrando talvez no meu corpo... Porem a morte ndo entrava. Mais dois dias e 0 medico outra vez, risonho e sadio. Dispunha a caixa sabre a mesa, accendia um phdsphoro, a chamma azulava ¢ crescia, A. agua om breve borbulhava e o ruido ia enchendo 0 quarto, ia enchendo a casa tran- quilla, ia enchendo o mundo téo bom mas que era preciso largar miseravelmente. — Voce pode sahir. Passear de vez em quando. Des- de que seja sem excesso. Pode até ir ao ci- nema. Hontem passou no Odeon uma fita ba- tuta de Lon Chaney. Elle morreu no fim dum modo horrivel. Estragalhado. Ouvia a morte fingida de Lon Chaney emquanta a morte real entrava talvez na car- ne delle doendo feito ferro em brasa, feito uma fogueira, feito 0 mais cruel dos marty- ris... A morte comtudo nao entrou mesmo nfo, Restava uma ampéla dnica. A dltima... Fechou os olhos, a face contrafelta parada, um desprendimento... 0 cheiro do alcool queimado era o ultimo perfume que leva- va da vida.. A agua borbulhando era o ul- timo ruido, a seringa agitada batendo con- tra o metal da pequenina caixa... Nido, era a serra serrando 0 vidro... Ainda nao, era a vor do médico, uma fita de Harold Lloyd... —A cabelleira do Harold arrepiou quando, ao procurar a mao da pequena, achou uma pata de edo, Imagina voce... © medico se approximou rindo da lem- branga da fita e trazendo a morte liborta- dora’ dentro da seringa, Elle estendeu o brago prompto pra morrer. Morrer... 0 brago como machinalmente se ergueu de arranco e a seringa se espatifou no soalho—Que issol—Nada nio. Vou acabar com esta ge- ringonga de tratamento. Si tenho de mor- rer mesmo ha de ser gosando a vida—Lou- cura! Loucura ou nio ali estava elle. Trez mezes e tanto ji e nio sentia nada. Nao soffria de nada, Um sorriso victorioso do dono da vida terminou a narrativa. Bebeu meio chdpe dum gélo. —Gostei do invento. Vocé tem muita imaginagdo. O homem terrivel commenta- va sarcastico. Amancio mandou pra elle 10 VERDE um olhar répido de edlera que jé nfo po- dia conter-se. —Imaginagilo ¢ a mae! © homem'se tornou a fera dum salto a navalha rebrilhando faiscando na mio Amancio recuou num pavor empurrando a mesa até na pardde, quasi deitado de cos- tas sobre ella, os bregos sacudidos num desespero: —Nao deixem elle me matar! Pelo amor de Deus nao deixem elle me matar! Mas a fera forte desvencilhou-se 0 fio trio riseou fundo 0 pesooyo 0: angus oy guichou sobre o aloalhado encardido. 6 as- sassino cambaleou como tambem ferido de morte: —Minha Nossa Senhora, eu matei elle! Um modico pra salvar elle} Um padre pra salvar a alma delle! Novembro 1927 As parédes tremeram com 0 mesmo brado de revolta: —Lyneha elle! Lyncha elle! —Mas que falta de grammatica!—Dis- se 0 eajelto de Traque despertando quel- mado. 24—12—826. JOAO ALPHONSUS. (1) Pra melhor entendimento avisamos que te personagem tinha no bolso do pallio um Perfumado o fuchicado: “Besta At® a volta, vou sim ra pra bem longe, nunca mals me verde! Antes Ao Kostar da gente do que gostar como voce me gosta con esta enimalers. eslupida, assim sem In- jeapdo nem nadas, te deixo sem Saudade! nunca uals voce ine beljaré nfo, € bobagem percurar do rocaberes j4 vou longe... Adeus de tua SSS c o E.R) Fez PARA CARLOS DRUMMOND © homem enteitado chegou debaixo do sapé séco e olhou la dentro da casa. Vio uma moga bonita de sei E ficou. maravilha de carne carne. E plantou na terra roxa a bandeira ironica da conquista, ‘Tava descoberto o fim do mundo. CAMILLO = SO A RES. Novembro 1927 VERDE fi AUX JEUNES GENS DE CATACAZES ‘Tango vient de tanguer Et jazz vient de jaser Qui importe retymologie Si ce petit klaxon m'amuse? BLAISE CENDRARS. 12 CASO DA -..E acascata contou o que tinha su- cedido pra ela. Assim: ‘Nao ve que chamo Naipi e sou fitha do tuxaua Mex0-Mexoitiqui nome que na minha fala quer dizer Engatinha-Engatinha. Eu era uma boniteza de cunhatd ¢ todos os tuxauas vizinhos desejavam dormir na minha réde ¢ enlagar meu corpo mals mo- Jengo que embirossd. Porém quando alguem vinha eu dava dentadas ¢ contapés por amor de experimentar a férga dele. E todos nto aguentavam ¢ partiam sorumbaticos. Minha tribu era eserava da boiina Ca- pei que morava num covo em companhia das sadvas. Sempre no tempo em que os ipés de beira-rio se amarclavam de flores a doitina vinha na taba escolher a cunha virgem que ia dormir com cla na socava cheia de esqueletos. Quando meu corpo chorou sangue pe- indo {orga de homem pra servir, a suinara cantou manhizinha nas Jarinas de meu te- Jupa, veio Capéi © me cseotheu. Os ipes Ye beira-rio relampeavam de amarelo © to- das as flores cairam nos ombros solugando do mogo Titeaté, guerrefro de meu pai. A iristura talqualmente correi¢do de sacassaia viera na taba @ devorara até o silencio. Quando 0 pagé velho tirou a noite do buraco outra vez, Titgat® ajuntou as florzi- nhas junto dele e veio com elas pri rede da. minha ultima notte livre. Entao mordi Titeate. © sangue espirrou na munheca mor- dida porém'o mogo n&o fez caso nfo, ge- meu de raiva amando, me encheu a boca de flores que nfo pude mais morder. Titgats pulou na rede e Naipt serviu Titeaté, VERDE. Novembro 1927 CASCATA DO LIVRO «MACUNAIMA> Depois que brincdmos feito doidos en- tre sangue escorrendo as florzinhas de ipé, meu vencedor me carregou no ombro, me’ jogou na ipéigara abicada num escon- derijo de aturias © Trechou por largo rio Zangado, fugindo da boitina, No outro dia quando o pagé velho guar- dou a noite no buraco outra vez Capéi foi mg buscar e encontrou a rede sangrando vazia. Deu um urro e deitou correndo em busca nossa. Vinha vindo vinha yindo, a gente escutava urro dela perto, mais perto pertinho e afinal as aguas do rio Zangado empinaram com o corpo da boitna ali. Titgaté nao podia mais remar destale- eido sangrando sempre com a mordida na munheea. Por isso que nilo pudemos fugir. Capéi me prendeu, me revirou fez a sorte do ovo em mim, deu certo e a boitina vin que eu j& servira Titgats, Quis acabar com o mundo de raiva ta- manha, nfo sei... me virou nesta pedra e atirou ‘Titgaté na praia do rio, transformado numa planta. £’ aquela uma que est 14 em baixo, 14! EB aquele mururé tio lindo que se enxerga bracejando nagua pra mim. As flores roxas dele so os pingos de sangue da mordida que meu irio de cascata regelou. Capéi mora em baixo de mim, exami- nando sempre na_gruta si fui mesmo brin- ade pelo mogo. Fui sim e passarei choran- do nesta pedra até o fim do que nfo tem fim, maguas de ndo servir mais 0 meu guer- roiro Titgaté, MARIO DE ANDRADE. Poemas cronologicos VERDE — EDITORA DE HENRIQUE DE RESENDE. Ro- | SARIO PUSCO, “ASCANIO. LOPES. ‘2 APARECER BAEVEMENTE Novembro 1927 _VERDE 13 INEDITOS DOS CANTOS MUNICI- PAES PARA VERDE ESTAGAOSINHA La vem o trem bufando Tumarando —xé—xd—xd—rrrooon ... E este porquinho que nao sai da linhal... Isquet... TAGORE © Rabindrand, estou olhando a lua crecente no ceu azul deste Brasil indiano com uma vontade doida de ser creanga pra adormecer no tgu carinho de Pai. O JORNALISTA O jornatista oposicioniste de Briqu pensa que 0 governo em Belorizonte i@ 0 seu Jornal de cabo a rabo. Quasi todos os seus artigos acabam mais ou menos assim: “Pondere o honrado governo do Estado...” UM SALOMAO O Capitzo Orozimbo Candido da Silva, juiz municipal de Capivaras, The disse que, si fosse Salomao, teria deeidido a causa das duas mies de modo bem mais pratico: poria a creanga a mamar nas duas mulheres. Porque (teoria dele) filho mama com mais prazer na maminha da mae. © AGRONOMO Apareceu um doutor em Capivaras ensinando a agricultura pelos processos modernos. Reuniu os lazendeiros na sala do Pago, mas antes de pedir a palavra foi ld f6ra pitar um cigarro goiano. WELLINGTON BRANDAO. 14 VERDE Novembro 1927 AVENTURA Aurora, voz de estranhos 60s, aurora, que amargor naquéle gesto largo das mon: tanhas! AS casas desse momento, tho is Jadas, imagine que davam para uma grande pedra multiforme. Ruas e mais ruas pre- cipitavam-se em torno do succedido. B os ultimos acontecimontos eram de natureza principalmente calearea como se diz. Eis que de repente 0 povo irrompe em enthusias- mo. Fol quando silenciosamente as horas uma a uma se puseram a fugir, Daf a uma tentativa comprocndo-se que havia um passo ou dois. Assim sendo a se- ganda hipotese reeonhectdamente mais sau- lavel teve a audacia de desaparecer por um caminho desses que a gente nfo per- corroré jamais. A um certo signal, ¢ como si todos estivessem ligados a uma idéa fixa todos os homens tremeram, emquanto 23 mulheres ¢ as palavras mais habeis riam riam perdidamente. A scena se repetiu tros vezes. E por absurdo que parega, nem too mundo desistia de conciliar 0 sdn0. 0 s0- no do contrario 6 que tomou maior numero do iniciativas. Percebendo a manobra atre- vida nilo tive duvida em contemplar pes- soalmente as nuvens face a face. De todos 8 lados protestos intrinsecos faziam que sim com as milos, os pés e algumas orelhas. Isso porem nunca seria motivo bastante para eu no florit ou amortecer. Ao contrario. Bem me parecia que a intransigencia daquéla pobre gente sigaiti- cava alguma coisa mais do que um simplos ‘compasso. Compasso? Desses assim eu vi muitos. Quantas vezes calaram-se os gansos, nilo, pergunts 06 quantas vezes calaram-se antes déle ser isso. Azul marinho, dirto voeés. Mas nem sempre. Outrora sim, reco- nhego e como negar que assim fosse por lum espago superio? 20 caplto? Franqueza das franquezas © que milhor coisa ha que nilo dure o tempo necessario a tais emana- es? Nao. Eu vi. Depois de mim que vieram 3 estréias. Oh! sem aquéle sabor de anti- gamente, que as fazia to altas ¢ vacilan- tes nos sous eantares, Assim eomo quem diz qup a vida esté fre de discussao. PRUDENTE DE MORAES, NETO. OS ESPLENDORES DO ORIENTE “Amar sem gemer” do Diario nocturno de Caridad Claridad Na madragada pé—de nimpha, 0 bino- culo desenhou a testa do céu amsrello no esquadro fumegante da esquadra abandona- da pelos persas nas usinas do Pireu. De yolta das noites bogatins, o por- teiro de Alf-Bab4 fixou o eadeado do or- quostréo gordo que costumava electrocutar os silencios de Pera. O bar Bristol entre cindros ¢ cadeiras syrlas era um paralytico innocente atraves: sado de um co policial onde um principe negro preparava 0 crenel nomade dos cru- zados globe-troters e polyglotas. Por isso 03 soldados kurdos negavam a ossencia dos copos lithurgicos dos armenios candelabros. ‘As alfandegas do tourismo attingiam desertos pederastas nas pyramides onde se massacravam conductores millionarios e inglesas com chapeos da rainha Victoria. Populagdes envolviam-se de vermolho até © mar diccionario @ no vinho dos hoteis girls colonizavam ladeando stoacks de tennis nas escadas, dedilhando as rues que esplen- diam sem barulho. O Nilo fico frente a fren- te com steamers e muralhas. Ora Caridad Claridad era um tomate na eachoeira dos lengoes. Mas ainda carretas empurraram trilhos por dezenas ageis nos espirros do rio preso © 0 gala-gala de olho no bolso tirou pintos vivos dos fogareus. Camellos, espanadores, martellos, mu- Theres e felahs Tugiam para as photographias. OSWALD DE ANDRADE. De “‘Serofim Ponte Grande” Novembro 1927 ___VERDE - 15 Joao amava Thereza que amava Raymundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que no amava ninguem, Joao foi pros Estados Unidos, Thereza foi pro convento, Raymundo morreu de desasire, Maria ficou pra tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com Brederodes que nijo tinha entrado na historia, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, 40 00 90 08 0% 40 ce oe CAMELOTS . «Kita senhores! o kagadozinho Nao come, no bebe, ndo fuma, Nao gasta dinheiro em casa E custa apenas 500 reis! 500 reis!» —CAMELOT! «Senhores! para defender o nome do Brasil Do caudulheismo mesquinho Que de attentar contra 0 poder n&o perde vasa, Para defender nossas tradicdes de povo varonil, em suma, E* que eu neste porto estou!» —CAMELOT! «Independencia ou Morte! Foi o brado_guerreiro, impetuoso e forte, Que do Rio Grande ao Paré echoou!» —CAMELOT! «Nunca reclames contra tua sorte! D4 sempre o bem a quem o mal te dé, Que em paga o Reino de meu Pai te dou..» CAMELOT!

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