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Luz Wenneck Vianna LIBERALISIO £ SINDICATO NO BRASIL 4 EDICAO AEVISTA [COpyrit © 1976 by Laie Werneck Vianna 1999 = ec te Fats vow pare dele mg pak ser feprociido por ‘quatquer meio sem storage exis ts Ber Yun, tua Nemes W621 _Uberalisnee sinisata no eit Wermeck Vora el te.= Belo Hotonts ba UNG, 1999 8p. assis) § iberaliing “inl 2, Sinetemo Hoa Fema is sene cDB-3a91 cousins CGualoyario m publeaio, Bivisu de lancameatg Deseo dats Unies -tIS SOK. e5-70i1-750 eDMORACAO HETERO ‘leas Camps Cline) inant IViS\O De Peovas sn Valero elite Mula purse eisia abe Flavia dos Santas Prapucan earch Jonas edge Fr Fometneis Brom LG ‘Ay Aino Cars (627 Wnteca Cental sila 5 ‘Campus Paap 31270901 eo Horeatenss Tel= (O80) 55.680 Tax (on) dgocede Eat Edlon dhe ving lien fare edo ing UNIVIRSIDADEFEDERAL Denes GEARS or tranaseo Cesie det Harte Wicesotor: tne Almelo {ites annie ete Brent, ix Capzza Fk, los Nal Nur ‘ling tls tivo Fagurdes Aaa, Mace! eile ds Cons hacks ae Helera Damceno Sa Megals one Gnlomn Gute Shen teal Case, Water Nelo Stands (elder) ‘Antrl Lio ibe HeunRestncs Dia, sano Mach Geno, Monaido Ha Cosvots Maris das Grupa Seta bu Maeloheecs Gea Newton anctio de Sour, Reivald Nie Norgaes Para Marta cia HSTA DE TANETAS 1 PREFActO A EDIGAO b APRESENTACAO) : INTLOD’GAO. B viru 4 A LEGISLALRU TRAMALHISIA ANTES DE VARGAS. Da ontedaxia aheral d inervencte do Estido 5 2, Perladizaglo da hiséria do rwovlmenta ‘uperirio e slncleal 6 3 Leis evbalhiitas enue 1989 © 199168 4, Leis trabalhistas entre 1991 © 191975 Leis tabalhistas envre 1919 © 19509 peru. W IBIS DO TRABALHO © BURGUESIA INDUSTRIAL A tentativa do liberaiiine fardista Lave i proleen 95 © biberstismo fordist oe 3. © fondisim no Beast 0 4, Kinpeeidea' © et de tias 1 5. Emptoris & Cédigo elo Trabalho ‘do: Menor “ AMATULO UT 2APITLLO IV © ESTADO HENERACTOR & LEIS SOCIAIS 1930-1933 1. © impasse do liberalisno 2. 0 Hbeialsno democraizanie das wannadks midis Fs Compenuivina,€ ride de Regence J. Revolusio “pela alta? e modemizagte 3. As els trabalhisas: 1930-1935 © PLURAZSNO EA AUTONOMIA SINDICATS NA CONSTITUINTE DE 1934 120 thdigniaind bers emy Liberate A lure = © sindicato na Constiviate de 54 A, Revwm Nevirun, 2 Quaaragitim Juno « 4 cearia do poder indireto 2. A pasts eatonen uw peter iaaisto no Hest 6.08 © corpomiivieme dos mist: 8.0 cnsporativiemo dos jurist 9. A Gonstituigto @ DOMINAGAO CORPORATIVA E CLASSE CPERARIA 1935-1945, 1 © téquiem liberal 2, Empreséns € consease comporativo 3. A oriodoxts corporaiiva © a Gana de 1937 (A tet sindical de 1939) 6. A Comolicacto das Leis Alo Trait (CY 194 195 198 1. Redemocratizagio “pelo alto’ e sindicator 2. © liberalisiaa comunstarists 3. 0 Cangresso Sindial dos ‘Trabalhadores 4, O6 debates 1s Constuinte 5. Liberalism ¢ Justiea do Trabalho ina ondem de 46 6A oxabiidacle ner emprego, © POTS an DONINACAO CORFORATIYA E CLASSE OPERARIA 1985-1945 |. REQUIEM LIRFRAL Como observou T. Harding, “em termos da negagio dos dlireitos politicos dos lideres sindicais, Estado Novo no ve Iniciou em 37, mas em 35, apds a repressao do lewante da ANL".! Apesar da “corregio” introduzida pelo Decreto 3° 21.094 na intencdo autonomista do legislador de 1934, 0 sindicalismo indepencente passou a concorrer, a partir de 1933, com 0 Ministério do Trabalho na organizagio da vida sosociativa operaria, aproveitando-se da “folga” institucional enti prevalecente, Oscar Saraiva, procurador do Ministério do Trabalho de indiscutida fidelidade ao sistema, tendo sido mais tarde chamado a colaborar na redacao da Consolidacao das Leis co Trabalho (CLT), refletindo a perplexidade reinante, nega‘d recurso administrativo a um sindicalizado, que pleiteava a nulaglo de uma eleigzio sindical com base nesse decreto, Anvocando 0 preceito constitucional, sustentari que, do ponio de vista administrativo, era completa a autonomia sindical, cibendo ao Interessado recorrer aa judiciacio, se quisesse.? Desa forma, se nao inteiramente indcuo, 0 Decreto n® 24,664 mostrava-se incapaz de conter as corentes autonomist {que encontrayam amparo no interior do proprio Minis lo ‘Trabatho, Em Sio Paulo, as vésperas das cleigdor estaduais de 1934, 2 sindicalismo livre encontrava forgas para se reunir em coligagio ¢ definir um programa minimo a ser submetido aos indidatos que merecessem a confianca do voto operirio, O >rograma combinava reivindicagdes econdmicas politicas, >ropondo tum plano de governo em que constava a necessi- Jade da nacionaliza¢io das empresas de servicos pubblicos, das ‘ompanhias de seguros, da terra, salvo a pequena proprie- Jade, e dos bancos. Varios itens sa0 dedicados 4 legislagao tocial, quer pleiteando-se novos beneficios, quer exigindo o snediato cumprimento da maiGria regulamentada pelo governo. D ponto 16 prescrevia « clefess do sindicato Unico por indiistrit +a completa autonomis sincieal © ponto 18, surpreendentemente, postulava pela repre- entacao politica profissional — um termo politico corporativo — que nao poderia cosxistir com 0 princtpio do sindicato uuténomo, Apesar dessa incongruencia, o documento se encer ava com uin chamamento a luta contra o fascismo inter yacional “e seu congénere nacional — o integralismo”.? No ano seguinte, culminando © processo de recuperacao dla novimentagio opera auténoma, realiza-se, sob os auspfcios da ANL, a Convengio Nacional de Unidade dos Trabalhadores, casa Convengio redine 300 delegados, representando mais Je 500 mil trabathadores, vindo criar a Confederacio Unitaria to Brasil." A ordem dominante, extremamente sensivel a qualquer novimentagio operitria independente, reagiri sem demora. tm 4 de abril de 1935, cinco dias apés 0 primeiro comicio da ANE, 0 Estado retruca com a Lei de Seguranca Nacional. O ‘om repressivo desse diploma legtl pode ser analisado pelo ‘eu artigo 14, que possibilitava entender como crime a simples rercepeio de que a sociedade se constitufa em classes com nteresses opostos. Esse delito ert apenado com a mesma ntensidade do tipificaclo no artigo seguinte, que uatava do nstigamento das classes sociais 4 luta pela violencia. A greve, xroibida aos funciondtios péblicos, aos trabalhadores em -ervigos publicos, mesmo que sob contrato individual, e aos fo setor de abastecimento, 86 et2 permitida por “motivos vertinentes 2s condipdes cle seu trabalho” — pariigeafo Unico do irtigo 18. Praticada por outras razdes, caracterizava um crime, \demais, 2 Imprecisio do texto alargava ilimitaclamente, a 0 Critério subjative do funcionirio do Estado, 0 tmbicu Ua ket, Dos seus dispositivos, resultava a dissolucao ca recém-implartada Confederagao Unitarla Sindical, ticla como atentat6ria @ segu- raniga nacional Diante da nova vitalidade do movimento operitio « sin- dical, corentes liberais ea Igreja, responsivels pela inovacio do pluralismo sindical na Carta de 1934, recuarto de suas Posigdes. 4 Igreja, satisfeita com a concorcata implicita de que cra bencficidria, permitindo-the o Estado 0 acesso & educagio religiosa na rede de ensino publico © outros privilégios, abdica de sua utopia do controle direto das classes subal- temas através de sindicatos catdlicos. Os liberais, que em 27 de agosto de 1952, no Jomal 0 Estado de Sao Paulo, se qucixavam de que « “ditadura procu: raya armar os pobres contra os riens" e que, ainda em 3 de margo de 1935, lamentavam que “em nenhum pais do mundo © operariadn leva uma existéncia que oc possa cunaparat Ue longe a que desfruta 0 operariado brasiletro”, redescobren © significado da questi operiria sob a perspectiva getuliana.s No inicio de 35, antes mesmo cla organizagao da ANL, que 6 de margo, esse mesmo peridilico j4 subscrevia as razées do Estado em promulgar Lei de Seguranga Nacional Nesar a0 Executive a feculdoe de tomar medidas inal como a do fechamenta provs6rio Ge amsowngacs fesigery reservando 20 Poder hei, com tos as debngas proven, 2 inclatva dessa providéncia, @ recusarthe paiesmone ncios indispensiveis para 0 exercicio da sua missdo. E francanente favorecer a acto ereminosa dae agremiagdes de ngitedonc lant ‘uid para subyersao ds orem pala e socal. Nao precinen ser mais consttucionalisas que prdria Conittuigio® © endosso do Estado autoritétio se faz acompanhar da aceitagao da legislagao social ¢ organizacio corporativa para os sindicatos No:dia em que, com a adogia do sulétio minim, a miséria do operariada houver desaparectda e a exploracio des hunlldes [pelos poderosos se tornar impossivel, © comunistns text perdido © seu melhor argumento @ © recurso mais seguco de sus pros. soinda... Algo terlamos que fazer mesmo que 0 comuniamo tho ‘existsses jd que ele esta ai, lagamos imediatamente,? Mais tarde, entretanto, os liberais constatario que 0 prego «a “paz social” implicava no autodespojamento de suas pretensdes em retomar 9 aparelho do Estado, Com 2 sua concoré emenda-se 1 Constituigao pelo Decreto Legislative a 6, de 18 de dezembro de 1935, para fins de equiparar com o Estado de Guerra as comogdes intestinas graves, Tal decteto, prorrogado sucessivamente até 1937, € sempre a pretexto do espantalho comunista, exorcizado em manobras comp 0 Plano Cohen, findari por lograr as esperancas da oligarquia paulista de retomnar ao poder em 1937 pela via eleitoral, Assustados com as classes subalternas, os liberais deixam de se opor a plena compesi¢io do Estado autontiria corporativo, que os redu- vird a impoténcia politica, Assim, na reunite ministerial presidida por Vargas, 0 findar 0 ano de 1935, € o kberalismo quem esc na berlinda, tendo como contraponto a disputa entre Orgdos civis ¢ militares pelo encaminkamento da questo das classes subalternas, Agamenon Magalhaes, minisiro do Trabalho, situand o tema em termos politicos. Lembra em sua intervengao que a violencia por si $6 nl era capaz de fornecer um solugzo permanente a0 problema, impondo-se a “melhoria das condigdes sociais dos trabalhacores’, Defender a legislagao antiliberal, em particular em matéria sindical, como medida necessaria a0 ‘controle das classes subaltemas, reclamando o imediaio cumpri- mento das leis sociais j4 criaclas, que deveriam ser comple. mentadas por um sistema previdenciirio © pela instituicdo da justia do trabalho. © corporativismo vem acompanhado por uma clara posicao modernizante, cabendo a intervencao econdmica clo Estado suprir 6 que qualifica de “falta de riquea” para o impulso da industrializagao.* © titular da pasta do Exterior exprimiu a necessidade de reforcar os mecanismos defensivos do Estado, pela ctiagao de um érgio com cssa finalidade diretamente subordinado 0 Ministério da Justiga. Contra essa proposicao, levantam-se as objecaes dos ministras militares, que enfatizam “o perigo da situagio atual’, que reclamaria medidas de aleance mais profundo com a supressto “do liberalismo da legislacao’, considerico como inconveniente pars a diseiplina. Vicente io, ministro cla Justica, justifieara a eriago de um aparato estatal de combate especifice ao comunismo, dotado de “imuni= dade... capaz de fazer a vigilincia, servico secreto de descoherta armadas © nas cv na técnica semelhante © © combate ao comunismo nas for aparato deveria util de 1 comunismo para combaté-1o" ? A investida antiliberil nao desconhecerd 0 camp> da opinizio: publica & da educagio. Odilon Braga, ministr da \gricultura, se pronuncia no sentido da criagio de um orga- nismo especializado na mobilizacao da opinio, que, = seu ver, deveria complementar as atividades do servico secreto, na forma da proposta do titular da Justica, Gusiavo Capancma, ministro da Educagao, criticard o que denomina de padrao eético do sistema de edueagio, propondo sua substituigaa por uma filosofia orlentada quanto a valores consagrados pelo Bstado, Em seu plano, previa-se uma especial preocupacio conta formacao de elites, concluindo sua intervengaio com a dendineia de que a Universidade do Distrito Federal sera de ntagio comunist Contra a opinido dos militares, toma-se vitoriosa a tese da filiagio ag Ministério da Justiga da Comissiu de Repressiu to Comunismo, constando de suas finalitades: 3) propor a0 governe federal © afastamento provisérie dos respectivos cargos cu fungaes, de quaisquer funcionsrios civis ou militares, da Unit ou do Distrito Federal, bem comp sua pristo ou detencio; b) propor iguais medidas com relagio as demais pesspas indicadas pelas insinscdes anteriores: ©) propor 4 prisno ou detencio de qualquer pessoa cua atividade seja reputada prejudicial as insttuicdes politicas ¢ soriais; d) propor medidas tendentes a evitar a propagancla de idéias subve'sivas pela imprenst, ou de modo gecal, pela palavra ou wtraves de ublicagoes de qualquer natureza © requisitar a apreensao e istribuigao das edicdes ou publicacdes; ¢) osganizar, quanto antes, um plano tendente a uniformizar ema todo © pais as medidas de repressio ao comunisimg,"" 4 Presidéncia da Replica esbogo de um progeama doutri- nario para a criagto de um partido politico de Ambito regonal — Estado do Rio e Distrito Federal. Preconiza-se um Estado interventor, autoritério © modermizante, embora ainda no intelramente descolado do regime politico do liberalismo, Assim, no ponto 3, dedicado a ordem politica, conserva-se a ederagdo, embora retocada no sentido do foralecimento do poder 258 entral. No ponto 5, cuidando da ordem juridica, estatuir coavivéncia entte projeto autoritétio € regime liberal, ratific ndo-se as prerrogativas constitucionais do Poder Judiciirio 2 do Ministério Pablico. Na secoto dedicaca & orgenizagio eeondmica, propoe-se a sriagao de drgaos destinados a estimular a producio agricola 2 industrial, prescrevendo-se @ expropriaglo dos latifiindios ao cultivados. A ordem social seria baseada na redistti~ ouigao dessas terras, na sindicalizacao cas massis trabalha~ Joras e na “efetiva protecdo social do trabalhador dos campos 2 das cidades?."= Esse partido ficou no projeto, bem como sua tentativa de onciliar autoritarismo com formas do regime politico liberal, com a tripartiglo dos podeies € a ratificagio das garantias sonstitucionais do judicidrio. Fechadlos os sindicatos auiénomos, presas suas liderangas, impliado 0 consenso antiliberal, de 1935 2 1937 0 Estado Novo agnarda apenas. momenta cla sua ronsigracia consti- ucional, constituindo-se numa realidade de fato, a partir da Jesmobilizagao pela violencia das classes subalternas © sust nelusto no interior da ordem corporativa, Em meados de 1936, Salgado Filho, antigo ministro do Trabalho, numa conferéncia do Instituto dos Advogados do Srasil, procede a uma leitura da Constituiggo em que repudia 1 pluralidade © a autonomis sindicais, que considera aber- ‘antes & propria noglo do direito: © Direlto, como expresso da yarundia da ordem social, nto podia ser Sonegado «um conjunto de telagdes ca vida humana — es que ligam empregadores © empregidos, seam unr gave ameaga permanente 2 prépria seguranca publica," © sistema liberal do pluralismo e da autonemia sindicais, ‘undado na concorréncia de interesses contradit6rios, é icenti= Yeado pelo antigo ministro do Trabalho como “retrogradaclo 1 barbie, em que a vitéria de cacia um se determinava por seu poder’. O Direito do Trabalho, nas palavras dirigidas dot Salgado Filho as clites da advocacia no pals, ndo 86 reali= satia “o tim cristae de amparar a semethantes nossos, vitimas Ja prepoténcia de outros", como daria as bases para assegurar 1 paz social, Além disso, © arbitrio exclusivo das partes num 4 mereado livre abit esse conflito”."* ‘Agumenon Magalhes, entio ministro do Trabalho, chamadlo 4 depor perante a Camara dos Deputados, em 18 de janeiro de 1937, numa assembléia onde os liberais tinham declinado de qualquer participacao ativa, via-se acusado pelos inie- gralistas de proteger as liderangas comunistas. Em sua def2sa, responsabiliza © quadro institucional resultante da Care de 1934 como instrumento de tomulto da ordem juridica, Ressilva que como constituinte votow conirariamente a0 preezito autonomista dos sindicatos, declarando que fot surpreen- dido, a0 assumir a pasta do trabalho, “com movimentos de indisciplina em todos os sindicatos, greves que iniciavam aqui e ali, enfim um batismo de fogo","* Em sua opinito, com a derrogagio da férmula do Decreto n? 19.770, o Estado juridico se teria desarmado. Reconhecendo pouca eficacia no Decreto “retificador” n® 24.694, indugava 0 plendrio de como poderia orientar sua agio, se nenhuma lei Ihe permitia intervir nos sindicatos. A intervengao manti militari, alegava, atentaria contra as franquias do regime. A parr dessa compreensio, suas gestdes se voltaram pata 0 contato direta com os lideres sindicais, ‘mostrando-lhes os beneficios da legislagao brasileira ¢ Ihes dizendo que seus beneficios 36 subsistiriam se eles se disciplinassem dexro da ordem jusidica existente’.” A observacio restava nebulosa, na medida em que tal cordem consistia precisamente na autonomia ¢ na pluralicade sindicais. A seguir, esclarece melhor a filosofia de sua admi- nistragio, ao se referir aos meios de que se socorreu para reprimir a Confederagio Unitiria Sindical, havida como clare: tina por se instituir & margem dos sindicatos: *O ministro do “Trabalho articulou-se com o da Justica € com a Policia... as ‘opgées sindicais foram desaparecendo.""* © espago para a “intervengdo da politica Por conseguinte, desde 1936 reinterpretava-se de faio a Constituigao em materia sindical, suboretinando-se o artigo 120 € seu parigrafo Unico a0 espitite corporativo do conjunts da obra constitucional. Procura-se com isso legitimar a repressio aos sindicatos, aliviando-a do seu cardter de medidas pxati- eadias A margem da lei © caso seguinte ilustra de como se procedeu a essa con- Versio. Nos inicios de 1937, 0 Ministério do Trabalho, em desacordo com a Constituiglo, anulou as cleigées sindicais da “Unido dos Sindicatos dos Proletirios de Belém", Estado do Pard, nomeando uma junta para governar sua adminisiragio, Inconformada, a Associagio impetron mandado de seguranca junto 20 Supremo Tribunal Federal, que, conforme a regra processual, solicitou & autoridade coatora pedide de infor mages, A resposta de Agarenon Magalhdcs consiste numa releitura da Canta de 34, tendente a demonstrar a persisténcia Go sistema tutelar do Decteto n° 19.770, que a decisio final do STF legitimou, Sepultando as pretenses de sindicalismo aurénomo, foi a seguinte a argumentagio do ministro Preliminarmente, © que a Constituigio assegura a associacdes emi geral, ¢, portanto, is asceciagbes profissionals, é a garantia de 86 podetem ser dissolvidas pelo Poder Judiciirio, mediante luma sentenca. F, portante, para a dissolugio das agsocingdes que a Constituicio exige « intervengio do Poder Judiclirio, estabelecentin que samerie este Pacer tam compattnets para decretar a dissolucao... 0 que houve foi 1 anulacio da eleigze da Comissao Executiva Ga Uniao, por haver sida feita em desacordo com 0s estatutos, devidsrente aprovadas por este Ministério, © com ostensiva infragao da 1ei de sindicalizacao. (Decreto ni 24.694, de 12 de jullio de 1934) cuja fiscalizacao & execugdo eabem a esie Minlsté:lo, por forea do mesmo decreto, € dos de n® 24.692, de 12 de fulho de 1934 (ant. 44, 42 € 46), que regula 9 Departamento Nacional de Trabalho, € 21.690, de 18 de agosto de 1932 (ert. 99) © 22.244, de 22 de dezembio, de 1932 (art. 6” € 8% que regulam as Inspetorias Regionais.” ‘Toda a legistacao citads ¢ anterior & promulgacio da Carta 42 34, estando autematicamente derrogada por contrariar suas lisposigdes. As razdes do ministro desconhecem a qui eclamando seu poder de império sobre os sindicatos Se a Constituieao torna privava do Poder Judictino a disselucio das associagces em geral e, porno, dos sinclicatos, nto se pode concluir daf que ela nto permita ts sutoridades adminis Iwativas quaisquer invervencQes, desde que firndadas emi let, no focamte & vids € a0 funcionamento dessas associacoes. $6. intengie dissolutésia ¢ que seria Inconsciucional.” © arrazoado do ministro nie se restringe 3 dlefesa de posi- *8es juridieas de aleance t6pico, na medida em que procede 56 a anilise da Constituigio, com o intuito de demonstrir cue seu texto liberal se encontma enquistado numa concepo corporativa: tt ero do secocrente, quando procura interpreter a cliusula onsttucional., como sipiipeanio' plem Independencia das feleridas associagbes en face deo sutoidades admininrnras Gero, nos seus negéeios exclusivamente privades, os sind Caos sé t8m que se evr coc a fasts ©o Poder Jairo; agile que concerne A order publica e 0 eumprimanco das lei socats (que them slo leis de orders publics), 2m ie goiter a apie da utordade adminisratiea, pelo meros Uigvctes a quem a lel confers tireito eo dever ce velar por essa orem pibliea © 1 obrgagio de fiscalzar 0 esto Eimprimento dessie mesmas les sors Do conto, eranos Cnsituio Insiuiges soberanas vivendo uma vice judlea txtarestatal fore da clscipina Go poder de poicia do Esco, embora anda dentto dele © de nua soberania® A filosofia corporativa da Constituigio negaria © estatato liberal de autonomia para os sindicatos: Nos paises em que os sindicacas s80 metas assaclagbes privaas, compariveis aS fimas Ou empresas comerciais.. nao tm les nenhuma fun¢do pablica. Desde © momento, porém, em que comecam a ter fungdes de cepresentagio de classe, a influ na vida econdmica, nat ordem publica do wabalho, na constitu ga dos tribunais de justica social ou ma eleigio de representantes dda nagio, desde esse momenta, eles vio progressivamente sendo sujeitos, como é légico, a um controle do Estado cada vez mais acentuade.” Postos em evicéncia os postulados reais que informavam a Constituigto, a simples presenca de um dispositive liberal — que, alias, desde 1935 perdera seus antigos defenscres entre as classes dominantes — se constituia numa pega discre- pante do Conjunto do sistema. Antes do Estado Novo, o inter- vencionismo do Ministério do Trabalho ¢ 2 retomada do regime tutelar reincorporam sua legitimidade juridica, 363 se terem exercitado coercitivamente, como na dissolugac da Confederagao Unitaria Sindical, em 1935. Interrompia-se assim a experléncta do sindicato autonomy, depois cle uma vida extremamente curta, comprovando, ainda uma vez, a invia- bilidade de uma ordem para as classes dominantes que 257 sugerisse « possibilidade de livre movimento para as classes subalternas. A burguesia como um (odo, em especial o setor agtério-exportador, de capitulacio em capitulacao, em nome do que entendiam compor os interesses coletivos das facg3es dominantes, termina por set expropriada politicamente do exetcicio ou da cxpeciativa do exercicio do controle direto do aparato estatal . EMPRESARIOS E CONSENSO CORPORATIVO, © mercado livre da concepgio liberal ortodoxa, na forma da legislagdo no pré-20, expressava a adogaa pelos empre- sirios de um sistema autoritirio para as relacdes entre 0 capital € o trabalho, que desconhecia obsticulos institucionais, e/ou legais para a otimizagio das suas possibilidades de acumulacao. Nao era pela juriscicidade da sua armagao institucional, cama no modela de Rui, qué o camino ame Ficano os atrafa, mas exatamente pelo nédulo autoriti presente no fordismo, Com Oliveira Viana e Azevedo Amaral ocorrers proceso semelhante, visualizando a América de Ford ¢ de Franklin Roosevelt como uma realizagao de tipa essencialmente corporativo, © novo padrio de autoritarismo imposto pelas liderancas agratias modemizantes, abrindo uma nova fase de relacto- namento entre a sociedade civil e 0 Estado, rearranjava o posicionamento no mercado do capital ¢ do trabalho de forma & manter taxas altas de acumulagao, © espectfico do corpo- rativismo estava na busca da instit igio da “paz social", na tentativa de estabelecer um amplo consenso que também obrigasse politicamente as classes subalternas, 20 contririo da violencia pura empregada pelas classes dominantes nas duas primeiras décadas do século. Agamenon Magalies, como vimos na sua intervensao na reuniao ministerial acima citada, um dos mais ldcidos preparados dirigentes polt- ticos da nova ordem, compreendia que a questo central part © novo regime de dominacio consistia num ponto de justo equilibrio entre 0 emprego da coeigio © x proposigto de lum projeto de alguma forma consensual para as classes subal- temas, Tal consenso devetia ser perseguido em termos de 258 uma legislagio que minimamente as protegesse n: relagdes de emprego e nas condigdes de seu trabalho: Na forma do que demonstramos, a troca do eixo da domi- nagio, de uma situagio em que a classe operiria era contida um livre mercado para sua submissi0 a um Estaclo tuielar, no demorari a ganhar apoio das liderangas empresariais elogo de toda essa classe. O suporte delegado pelos indust contudo, nao sera irrestrito € nem incondicional. De um ado, tera flexibilidade para prorrogar o efetive cumpriment> de determinadas leis sociais e, de outro, mais importante, forgas para retificar seu funcionamento pratico. ‘Tome-se o exemplo do instituto das convengées coletivas do trabalho. Proposto pelo governo cm 1931, ¢ decretads em 1932, foi epelido pelos empressrios. A Carta de 34 rati'icow aua criagio, de acordo com 0 anteprojeto & a sugestio do “Clube 3 de Outubro”, tendo sido ademais confirmado pela Carla de 37, ¢ afinal consagrado na CLT, Apesar disso, nao teve vig@ncia real. Para o empresiria, na que se refers 2s classes subalternas, © corporativismo se resumird no sistema interventor da vida sindical, ignorando as veleidades do Estado em compeli-lo a aceitar 0 fator traballio como interlo- cutor auma mesa de negociagdes. © capital, contra a legislagao em vigor, somente aceittva a interferéncia do Estado no mercado de trabalho pela definicae dos direitos elementares de protecao ao trabalho © pela admissio de que fosse estipulado um salrio minimo. Bem antes de 35, s¢ ja coonestava o modelo autoritirio do Esado, os empresirios deixavam claro nao aceitar uma colaboragao real com as classes subalternas. O Estado, sem referendar tal realidade no plano legal, acabou por legitimar essa pers- pectiva, ao abdicar do seu poder impositive para obrigar a realizagaa dos contratos coletivos. Conseqizentemerte, 0 modelo autoritdrio-corporativo do regime ¢ do Estado, na forma cont que se consumou, lorna-se inconcebivel sem a ‘mediacao dos empresdrios, que legitimavam 0 termo auiort- Kario 0 repudiavam 0 corporative, salvo nos seus ofettos intbi- dores ¢ coercitivos da vida assoctativa operdria, essa forma, alnda antes do Estado Nove, coineidinde com a recuperagzo por parte do Extado do seu controle sobre 0 movimento sindical em 1935, 0 papel ative no mercado se 359 Serva a sipenas dois protagonisias: © capital e o Estado, Perdido 0 sonho do liberalismo fordisia, sacrificando-se polie ticamente diante das elites “prussianizadas", os empresirios industriais conseguirio 0 tipo de relacionamento com a fouga de trabalho, por que vinham lutando desde 0 inicio do século, Como dissemos, as novas propostas de leis socials 130 eram recebidas sem atrito ¢ resisténcia, O Decreto n? 62, de 1935, que veio a regulamentar o § 19, letra g, do artigo 121 da Carta de 34, que tatava da indenizagio por tempo de servigo 0 assalarizdo clemitido sem justa causa, foi duramente combae lido. Esse deereto continba pela primeira vez, normas disci- plinadoras das condigdes de estabilidace no emprego para todos os assalariados, fixando seu prazo em 10 anos de efetivo servigo na empresa, Os empresdrios alegam « inconstitucionalidade da lel, sustentindo que ela carecia de generalizagio, dado que os empresirios nio podiam rescindis o contrato de trabalho dos seus empregados sem estarem snjeitos a0 pagamento de uma indenizacao, 20 passo que estes podiam rescindi-lo 4 qualquer tempo. Doutra parte, lembravam que a empresa vivia no mundo do mercado, sofrendo vicissitudes de reali. Zao nem sempre felizes, recessitando por isso mesmo de uma mobiliclade que a lei impedia. Assim, no caso de reducao do ritmo dos negocios, a empresa se via impossibilitada de tecuperar seu equilibrio pela diminuigao do efetivo da sua fora de uabalho, salvo se the fosse compensador arcar com © Gnus das indenizagdes devidas.™ Quanto a estabilidade, aponta-se a iniciativa como nefasta, dado que se atribui A mentalidadle do operdrio uma tencéncia a frounidao ¢ a indisciplina 10 trabalho, quando nao subme- tide a normas de severa coerce: Nas incstrias modemnas a disciplina do pessoal operante € Fequisito essercial para o éxito de todos os processos de fabui= acto. Ora, quando este pesseal operant tiver conseigncla de que, stivo em casos excercionais, cle & iremovivel depois de 10 anos de permanéncia na mesma empresa, a disciplina figu: rani entre as recordagses do pasado. Disputas como essa, ndo obstante; jé encontravam os empre- sitios alinhados na estraturs corporativa e acordes com a 160 necessidade das leis Sociais, no mais representando pontos le enfrentamento politico-ideot6gico com o Estado. © eorpo- rativisme nao esgotava sua utiidade no controle das classes uubalternas, abrindo-thes condutos de comunicagao fécil © vt com os disigentes do Estado, por onde faziam passar sas reivindieagOes mais importantes. Assim, em 1936, 2 dice- Torin da FIESP oficia Vargas, na qualidade de presidente do Conselho Superior do Comércio Exterior do Brasil, para informar sobre a8 condigbes da expansio industrial brasi- nao perdendo a oportunidade para sugerir medidas © heir, politicas em seu beneficio Nesse documento, insiste-se sobre importéneia de que se reveste a "atuagao governamental na cvolugo Inclustrial do puis’, recordando-se que as nages industrializadas conta-am, ho incig do seu desenvolvimento, com uma segura politica cconémica de amparo dos scus interesses por parte dos seus Fetados, Demonstrando acuraclo senticlo de oportunidace, & cexposigio dos industriais procura realgar que © apoio eaatal dy suas atividades nio importava no desestimulo & protecao da lavoura — Nesse particular, 0 documento nega a existacia de um conflito entre agrarios ¢ industriais: "No Brasil exiou-se uma infeliz mentalidade de um suposto antagonismo entre os inie- resses da lavoura ¢ os da inckistria,” Sem base real, esse divSreio seria gerado e alimentado pels interesses das inddstrias estrangeiras “que visim, numa preacupacio imediatist, conquistar 2 otttrance nossos mercados internos”.* Esses interestes, revels 0 texto dos industitis, eneontriam seus defensores inteinos nos setores ligidos & agroexportac2o, que tm os olhos fitos exchusivamente na cotagho das bolsas completo das enndigoes sociais sirangeitas, alhelando-se por compl ssc chs. dentais classes operadoras, sem se secordarem de ae a ‘gratia da establidade de seu proprio ensiquecimenta repens, principalmente, no bem-astar do conjunto social * (Os empresirios, ao se identificarem como a facgio comi- ante dotada da propriedade de produzir esse "bem-estar reivindicam, na yerdade, a hegemonla dos seus interesses no interior do aparato corporativo estatal. A necessidade da expansio da industrializagao, apesar de ser um negdcio afeto 261 A sua classe, nao Ihe diaia respeit A sua classe, tia respeito privadamente, mas As classes dominantes como um todo, inclusive os agroexporta- tres, uma vez que sem ela 0 proprio edlifio da ordem social jenderia a ruin Seu papel de fiadora de uma nova ordem estavel e equilt- orada se configura na questo do mercado interno: Anscia a inedsttia por que prosperem todas as classes soci Bart qu o poder igusio das massa ces, e, com eme, mereados intemos de corsumo; anseia a indstiia pelo bern ‘ear do maior ritmero de brasileiros, para que di resulte uma agi feliz, eapar de assegurar a ordem ¢ 4 estabildade de que necesita para a expansdo de suas atividades; snseia a indstria pelo eniquecimento do pais, para que dat decorum recursos necessirios a formagao ie elites, pela edueagio © Pela instruc profissional, anseia a incsiria por que se eriemy fs ramos de avidndes abatecedaras de elementos naira de lefesa do pats, para que o seu propzio trabalho eo cla prande classe agricola 52 possam sentir assegurados contra uma 2 de nacho estrangeion oo ‘apressio, Na ampliagio do mercado interno, ao invés da idéia de posicdo, enfatiza-se a complementaridade entre lavoura Indistria, Na verdade, a expansda dessa pressuporia a rodernizagio daqucla.® De conformidade com essa proposielo, sugere-se a reali agito de uma investigagio sobre as condicoes de vida e do oder aquisitive da populagao, no sentido da fixagio de um Nario minimo que ampliasse 0 mercado interno, _Nao 86 por esas razoes se impunha a hegemonia indus- ial na ordem corporativa. O primado da Unido, a se afirmar bre uma federagao de interesses estreitas € regionalistas, giria solidos lagos de solidariedade econdmica entre of ferentes estados, que somente poderiam decorrer da inten- ‘capo do intercdmbio intemo, proporcionado pela expansio \ atividade industrial ¢ o conseqiiente aumento da procura terna de matérias-primas, Disso, resultaria *2 melhoria de or de vidla nas vérias regioes do Pats’. Aceitas suas pretensdes hegemOnicas, paga-se 0 prego Posto pela ordem cozporativa, concusdando 03 empresérios ma legislag2o social, Alertavam, contudo, aio poder arcar novos 6nus trabalhistas, Seus encargos cam a lel de férias if ascendiam a 5% dos salfrios pagos anualmente, ¢ entre 3 € HY com as caixas de aposentadoria, Entretanto, concluem, Ao queremos com essas consideragdes reprovar a police trabalhisia do governo federal: desejamos apenas esclarccer ‘que, quanto mais onerosas forem as cliusulas desses contra'cs, tanto mais diffell seri a concosrBncia doe produtos naziorsis ccom os similares esirangoiros, se nfo howver compensayio suficiente. Estes, até por tratado de comércio, tm sido isertos des nus suportados pela produgio nacional © pretenso apoliticismo e abulia dos empresirios cones- ponde mal a realidade do seu comportamento. Simonsen, Lodi, lafer, Street, Alvaro Assungio, os trés primeiros de destacada atuagde na Constituinte, ¢ todos extremamente proximos do centro éecis6rio nacional, conduziam com per'cia 6s interesses da sua classe, reverenciando aqui e ali alguns temas caros aos dirigentes politicos do Estado, como grandeza © poder nacionais. A idéia de um mereado autoritariamente controlado pelo Fstado, € no $6 na quesiio do controle das classes subaltemas, encontrara neles, afinal, pleno apoio. Ao se aproximar o fim da ‘viggncia do Decreto n® 23.486, de 22 de novembro de 1933, que prorrogara até 31 de margo de 1937 0 prazo para a proibizio de miquinas ¢ equipamentos para inddstrias em regime de superproduglo, a0 invés de solicitarem mais uma prortogacao, insistem por uma solugio definitiva do problema. A sugestio dos industriais prevé que se criem impedimentos 4 livre alocagao dos capitais, cuja aplicagio deveria subor- dinar-se & prévia anuéncia dos dirigentes da politica econmica, do Estadio: Estamos atravessando wm period em que a economia dirixica vem senda vitoriostmente ‘dotads como 2. maneira mais pritica fe mais eficiente de serem atendlidos os interesses econimkos, que nao podem e nao dever ficar sujeltos as vicissitudes © pereaigos de situagnes possiveimente graves, afctando de forma indesejavel os verdadeiras ¢ supetiores Inceresses do pais” Por conseguinie, os emprestrlos outorgavan av Bstaco © agenciamento da otimizago dos seus interesses. O fato comres- ponclia a uma efetiva declaragao cle que reconheclam nele ose 263 intéxprete politico, embora nto controlassem os mecanismos dlretos que suportavam o poder. A ele, confiavam a proiecao Gas indusirias |4 existentes, ¢ 0 favorecimento para implantagao. de outras “iniciativas imensamente proveitosas, no $6. para 68 capitalistas como para a economia do pais? 3. A ORTODOXIA CORPORATIVA EA CARTA DE 1937 Devemos a Barrington Moore 2 categoria de fascitmo “pelo ako”, para aludir a uma situagio de institucionalizagio totale aria independente da acio mobilizadora de um partide Politico fascista** A praxis antiliberal do Estado Novo, a ‘nosso ver, tem sua inteligéncia melhor compreendida sob esta angulagzo do que no imprecise ¢ impressionistico canceito de *mentalidade autorités:a’, conforme a indicagio teérica de Linz para configuracoes politics semulhantee. Para a andlise do periodo pos-37, mais de um investigador, como Erickson e Boris Fausto, tem-se valida da perspectiva de Linz para qualificar a natureza autoritiria do regime de 37. E assim € que, perdendo de vista o antiliberalismo doutrinério do Estado Novo, retratam-no “como um conjunto de principios sem contetido muito defirido, que foram sustentados pelo regime © penetraram na sociedacle: centralizagzo, integragio nacional, hierarquia, visao zntipolitica, nacionalismo difuso” Ressalve-se, de um lado, que tais elementos no foram apenas introduzides pelo novo regime, Temos procurado demonstrar que, desde a primeira década do século, desen- yolvia-se uma matriz, de pensamento autoritério na sociedade civil brasileira, em particular nos setores de elite, que temos classificado como de vocacto “prussianizante”. De outro lado, tal listagem das caracteristicas do novo regime & inconclusa, omitindo o dado crucial do seu antiliberslismo doutrinisio, que se tornou centro de articulagio da fundamentagao do Estado, Ademais, a genérica expressio ‘hicrdrquica” nfo revela o eli tismo © 0 bias aniiclasse operdria, presentes nos tedricos do regime, como Feincisco Campos, Oliveira Viana ¢ Azevedo Amaral A posigiio face ao liberalismo nao se esgotava numa formula lifussamente “anti’, caso em que a categoria proposta por Linz 264 poderia ser de utlidade, Ao contro, propde-se um r0v0 sistema baseado em supostos alkemnatives a essa concepeio do mundo. Vargas, na proctamagao ao povo brasileiro logoapés golpe de Estado de 10 de novembro, explicita a reorien.agao do sistema da ordem, que passa a orbitar na identidade da cho a0 Estado. Sua critica ao liberalismo, pois, ultrapassa condenaco conjuntural das suas instituigées politicas para lazer face crise em curso, para se instalar no limiar de uma nova ordem. i Nesse pronunciamento, Vargas identifica a organizagio constitucional de 34 como “vazada nos moldes clissicos do liberalismo ¢ do sistema representativo",* denunciando-a como antedatada em relagio ao espirito de tempo, assentada em prineipios que nao resistiriam & nova tealidade, © Estado, segundo ele, teria de debear de ser uum centro de agiutinacio politica, para se converter na principal agencia econdmica Para vingar, 0 projeto modernizante nao poderia conviver com partidos caudlilliescos, que ameagariam com 0 retorno antiga orcicm ¢ com *o perigo das formagdes partidarias sistematicamente agiessivas’ ” © sua viablizagao cemaadava um reajuste do sistema politico as necessiclades econdmicas do pais, “instaurando-se um regime forte, de paz, de jastica e de trabalho”. ; Essa linguagem, em tese, compatibilizaria o autoritarismo mnodernizante com o sistema do liberalismo. Contudo, no discurso de Vargas que antecipa 0 que vai sero Estado Novo, a politica nao € posta sob strsis, mas afasiada sem corxiicio~ nantes de tempo como uma atividade adjetiva, diruptiva € nelasta, © primado do econdmico no mundo moderno ense- jaria uma orpanizacio politico-social especifica, centrsda na representzgao profissional como drgao de cooperagio do poder “em condigdes de influir na propulsio das forgas ecané micas e de resolver 0 problema do equilibrio entre o capital € © trabalho’." Segundo a ordem nova, “o Estado € a naga, € deve preseindir, por isso, dos intermediarios politicos, para manter contatos estreitos com o povo € consultar as suas asplracdes ¢ nccessidades".® ai io emergencial © Exado forte nao consiste numa solugio emergen passando a represeniar um ente totalizador da vontace nacivoal organizada. Dissolve-se a fronteira que os liberals, nissoacom- panhados pelo corporativismo cat6lico, antepunham entre & 255 societlade ell ¢ © Rsiado, Correspondendo 4 cee S€ constitui na sua vontade potenc oracular do lider e un elite burocrat A absorgao do individuo pelo Estado, negacio da legitimidade do conflito como fc nage ao b izada, expresst ica que 0 § com a subseqtie no interior do novo quadto institucional um elemento da ordem ¢ do trabalho, clemento de calaboracio com 6 capital de realizar a grandeza nacional € a har Falando aos trabalha¢¢ distancia de novo regime gal, além de sere monia entre classes! ‘ores de Slo Paulo, Vargas expoe com projeto liberal © Baad eto conhece dics de inv Gade Os indivicios ido tm ere, tn desea Os ag petence 3 cae. © Esada sobeperdoae + bi ie rerio, gnats o6 cs cos coin fae {8 dveos pam com cl © Eat Mao gues, mse ea Slates. A etal ao les te harmon eae wan i888 (Wtalitarios al. Por natureza, a ‘aria @ contraditGrio Pai libe sa 1.05 Heras doutina do Esta seri do ido sem Estado”, Heaney No Bstado-nagio, a dos dlrettostnvtduais, sto recone: Cidos os direitos da sacia ou do povo, que limitam os direit ou a berdades ind, sexpando'o bers tee ene Dressuposto obrigatéro do governo, Est, 1 Gemocrata seke tantiva oposta A democncia formal; este, 0 e conteaposte & maquina demect tea” ideal democxitico, E certo que a vertente tt: it ri conttaponto a modulo atoritira de Azevedo Anoeal ‘ebuisa 0 lunfalismo estatstae procura fundar a coexisténcia romem liberal com o Estado Fort, distinguindo “aguilo 268 ie coletividade social tem 0 direito de iol pressio na maquinaria estatal, € 0 que jnutingivel de prertogativas inaliendiveis de cada ser humano' A concepgio de Azevedo Amaral se aproxima mats do Vistado emergencial, de tipo bonapartista e modernizante, » comportamento opera substantivamente em relagao auma hurquesia incapaz. de exercer sua fun¢io “na plasmagen da organizagae politica nacional’. Azevedo Amaral reconhece 1 (eptesentag2o como um postulado central & democracia, hotindo que © grau de avtoritarismo do Estado depende liictamente da sua sincronizagao com a nacio: “Onde © Hsiudlo nao € a expresso orginica da representagho auténtica da sociedade, nao ha democracia.”* Modernizar implicaria na adogo do modelo fordisia de \vlustrializacaa, em que ‘os trabalhadores formam em corjunio ‘vmelhor pare do mercado eansumicor da producto’. Azevedo Amaral qualifica 0 aeocapitalismo do New Deal como “eapi- tulisme cnrporativo", percebendo que ess nova forma nao excluia 6 homem liberal. A revolucto, que se teria iniclaco em 30 ¢ consumado em 37, promoveria 2 tramitacao do capita- lismo liberal para sua forma coxporativa mais desenvo viel, tesultando da intervencio inteligente de uma ellie ecnser- \adora que estabelecia os supostos para a nova ordem.¥ Sua percepeao favorivel 20 capital estrangeiro, sua racust ‘em admitit 0 Estado no desempenho de papéis econdmicos diretos, toram-no mais um representante das aspirigdes por um capitalismo avangado do que um visionério do poder nacional, Enire sev autorkarismo modemizador e@ conc»p720 totalitarizanie da Constituiga0 de 37, oscilard o Estado Novo, de qualquer forma bem mais o resultado de uma insti,ucio- nalizagao politica autoritéria do que uma simples “mentali- dade autoritaria’ Na Constituigio, a derrogagio do principio de irre:roati- vidade das leis, na seco dedicada a declaragao dos d reitos individuais, aviltava os direitos do cidad2o diante das sazdes do Estado. Seu redator, no por acaso Francisco Campos, defenderd a inovagtio em nome da extingdo do que en‘endia sera falaciosa soberania do individuo frente 4 defesa la coletividade. Como membro da naczo, 0 indivfduo mereceria amparo somente quando seu interesse no se confrontasse com 269 ‘© da comunicade nacional, “para defesa de eujos intere honra ¢ independéncia © Estado existe’. vontade nacional, que 0 Estado encarnaria, Numa conceituagy geral, 0 artigo 123 relativiza as prerrogativas conferidas aos cidadaos, subordinando-as © limitando-as diante do “bern pablico, das necessidades da detesa, do bem-estay, da paz @ ordem coletiva, bem como das exigéncias da seguranca da nagio ¢ do Estado". Na parte referente & ordem econdmica € social, @ Carta de 37 também rompe com a de 34. Esta ultima, combinagio confusa de propostas altemativas, que iam do corporativismo estatal ao liberalismo de inspiracio ortodoxa, acabou por cleger a solupto de vestringir a organizacan dla vidla econdmica A realizagio de principios de justica e as necessidades da vida nacional — artigo 115. A Caria de 1937 solta-a dessa camisade-forga. © artigo 135 da Constiwuiclo outorgada, repe- lindo a inspiragao do legislador de Weimar, define a inicia- iva individual como fonte de riqueza nacional. A intervencao do Estado ndo visa defender principios de eqiidade social, ‘mas expandir a producao e 0 poder econdmico nacionais.# A formula 86 aparentemente devolvia i cena o homem liberal, pois entre os poderes de intervencao do Estado cabi a difusa intencao de intoduair no jogo das competicoes individuais © pensamenty (sic) dos interesses ia nacdo, feprescntados pelo Estado’. Sua intervencao no dominio econdmico paderia ser mediata ¢ imediata, sob a forma de controle, estimulo ou gestio dircta, De qualquer forma, cortava-se com a teoria de subordinar 2 propriedade a um fim de justi¢a social. Numa Constituigio em que cada disposiuivo declarava'a morte do homem liberal, 2 propriedade inclividual emerge fortalecida, Disfarcada por detras da organizagio da vontade nacional, a propriedade se vé diante de uma dendncia do sistema liberal que, av invés de condend-la, $6 a exalta. Legitima-se, sem 0 acanhamento de 34, © desideratum do homem possessive — acumular. Ressalva-se, 270 A imprensa, definida como funcao de cariter piblico — artigo 122, inciso 15 — ceveria representar primordialmentt 98 interesses do fortalecimento do Estado. A publicizacao di formagao da opiniao pcblica visava impedir que os inte: Tesses agregados na sociedad civil viessem a se conteapor ese i para atingir seu ‘wnuinto, os limites com que se defronta para au Miictivo, expressos pela vontade da nagao organizada polit Tuinente, pelo Estado e sua politica de grandeza nacional. jislaga wlamental, reiteram- lion mutéria de legislagao social, no fun jw 0 preceitos da Carta anterior, definindo de forms acabada arlos henefieins, como 0 de férias € a indenizagio por tempo le wrvigo, no sentido de se prescindir de uma legislagao gidindria posterion ; A marca distintiva no novo texto constitucional, tirante suas Jisnosigdes sobre organizagio sindical, consiste na discislina Ji mstitiko da contratagio voletiva do trabalho, ao qual sio (ledieados os trés primeiros itens do artigo 137, e que a Carta J 34 se limitara a reconhecer. Os restantes, salvo o da lewa 7, peau : cnominar de sistema elementar tonfiguram 9 que se pode deno: ae Je dlefesa do trabalho. Nao obstante, de acordo com 0 esvirit lo legistador de 37, tal sistema elementar no esgotaya as vantias © beneficios de que o faror trabalho poderia destrutar, {Os cinatratos coletivos do irabalho poderiam slargar a protecto para marcos ndo previstos pela lel constitucional, Tome-se o exemplo da questao salarial, A letra », rail cando a Constuigao derognda, prev a cristo de um rine ‘apna de saisfazer 28 necessidades normats do tabaltadr, vatidveis conforme as tegides. Por necessidades normsis do trabalhador, deve-se entender 0 preco cle produgao da forea de trabalho, isto 6, 0 steno tide como indispenstvel para um trbalhdor repor suas energlasgastes pura jornadn de trabalho, Esse dieto elementar entctant, no confinasia os salvos ease toto minimo, Quando de Conraagay cole- : , que deveria reunir sindicatos operivios ¢ lim quantum salacial superior a0 minimo. / ‘A novidade estava na conceppio do sistema. Os dois prota- gonistas — o capital ¢ 0 trabalho — nao exerciam suas ativi- dlades num mercado liberal. A greve, pela propria Constiwigzo, crt considerzda um recurso anti-social — artigo 139. Dizia a letra ¢ do antigo 137: “A modalidade do salto serd 2 mais apropriaca 8s exigencias do operdsio © da empresa.” Inplici- tamente, convoca-se a presenga arbitial do Estado, que julgaria sole a jostesa da importincia “propria Inveifrindo eros como mediador, a férmula Ihe facultava ampliar seu poster de m yeneralizaglo" sobre as classes subalteras, a par ce sel CANTA DEM do Gaus de decretar 0 nivel salarial, 0 que conspirava Mtl yegito, as necessiciaces recs eli a do bathadn Agindo arbitralmente, 0 tstado encamando a nagio exp dene saria sua vontade soberana, situando-se num plano elevi Bio diea nto cxcedente dliante das partes negociadyras ¢ chamando-as 10 cumpim i horas reve, a0 raclonal Sot iopiveis nos casos pre tratos coletivos de trabalho nto se restringem a pura fixie fl dos salarios, devende obrigatoriamente cuidar da regula mer tagao da jornada de taballio — evidentemente para redug) Porque a Carta vedava jomadas superiores a oito horas seu horirio € inclusive a propria disciplina no interior emprest, © que permitia ampliar as garantias do trabalho pati além do sistema clementar de sua defesa. q BD repouso helsdamaito, de O capital privado, forza bisiea de impulso do Estado nacional, piolereneia aos domingos; apesar de legitimado, ndo € visto como uma finalidade em a Mesmo, mas somente na medida em que potencializa esae mie mesmo Estado nacional. Sua realizagio, nesse sentido, nile dependeria apenas do esforco empresurial, mas também do. trabalhador. Dai que a discipiina no interior da empresa se consitua num objeto a ser regulado consensualmente, exp citancio a ideologia corporativa da Constituigao. Na lei, pelo artigo 140, a economia dla producto se constituiria numa fungiie do Estado, que a delegava as cosporagdes representativas do capital e de trabalho. yvibigie ce wah) a menores 14 anos: de trabalho nowano [pyenoves de 16; € em inddstrias Joilbves, amenores de W8anos Ha inulheres; nua remuneradas; §) inilenixagio eo trabalhador ilispensado sem justa causa Jy) wosistencia madica e sanitaria jo Wabalhacor ea gestante, asse~ nurando a esta deseanso, antes € Uepois do panto, sem prejuize do salinio eo emprego, e instruicto lle prevideneia, mediante eontri- Joico igual da Unio, do empre- jdore doempregado, «favor da Welhice, da invalid, da materni= hile e nos easos de acidentes de trabalho ow de mort, CARTA DF 34 ‘CARTA DE 37 Ant21— Ant. 137 —A legislagao do trabae {19 A legislagio do trabitho ob- Tho observars, além de outros; oF servani o9 seguintes preceitos, S¢8ulntes preceitos: além de outras que colimem me- Tomar as condigdes clo trabalho |) regulamentagio do exercicio de todas 2s profissoes, 4) 0s contratos coletivos dle tra balho concluidos pelas associa @prabigio dediferenga de sali ges, legalmente teconhecida fio pars um mesmo wabalho, por motive de idade, sexo, nacional- dade ou estado civil j) reconhecimento das conven- ‘goes coletivas de tralho. de enpregidores, trabalhadores, attstas € especialisas, serio aplle eaclos a todos os emprogacios, bb) salario minimo capaz de satis- _ tribalhadores, anistas & especin- fazer, conforme as condigdes de lstas que eles representa 2m CARTA DES? ) 0s coniratus eoledvos de tra balho deverao estipular obtiga- toriamente 2 sua duraglo, ¢m- portincia © as modalidades do salario, a disciplina interior e 0 hotitio de trabalho; a modalidade do salévio seri'a ‘mais apropriach ds exigencies do, operario ¢ da empress 4) o operiio teri direito aa re pouso semanal aos domingos ¢, tos limites das exiggncias tée- rnicas da empresa, aos ferlados civis e religiosos, cle acardlocom a tradigio local; ©) depuis de um are de sevigo ininterrupto em uma empresa de trabalho continuo, 0 operi= tio terd direito a ums Ticenga ‘anual remunersa, £9 nas empresas de trabalho con- tino, a cessagio das reiagdes de trabalho, a que o tabalhscer nado haja clado motivo, e quando a Jeindo lhe garanra a estabil dade no emprego, cria the 6 dirsito a ‘uma indenizacio proporcional aos anos de servicos: ) nas empresas de trabalho con- ‘inuo, a mudanca de propritétio nio rescinde 0 conttato de tra~ balla, eorsewando asemprezios, para com 0 novo empregador, ps direitos que tinham en rela: cao a0 antigo; h) selisio minimo capaz de satis- fazer, de acordo com as condigtes ay CARTA DEH Art. 120 — Os sindicatos © as ‘associagties profissionais serao reconhecidos de conformidade com a fei 2 CARTA DE 37 de cada regio, as necessidades rnomnais do trabalho; alia de trabatho de oito hora que podert ser reduzido, ¢ s0- mente suscetivel de aumento nos casos previstos em lei i) 0 wabalho a noite, a nao ser INOS casos em que ji é efetuado Periodieamente por tues, send retribufdo com remuneragao sti- petior’ do diurne; 2 proibigdo de trabalho a me- ores de 14 anos; de trabalho ouuMo @ menores de 16 e, em inehistrias insalubres, a menores de 18 anos ea mulheres, Dassisttneta migdica e higiénica 40 trabathador e 4 gestante, as- seguradoa este, sem prejuiza do salirio, um perfodo de repouso ‘antes e depois do parto; m) a instituiglo de seguros de velhice, de invalidez, de vida e Para os casos de acicentes do trabalha; n) as associngGes dos tnabalha- dores iin o dever de prestar 208 seus associados 2uxilio ou ascis- téneia, no referente as priticas administrativas aos seguros de acidentes do trabalho ¢ aos se- gutos sociais, Art, 138 —A associaeo profissio- nal ou sindical ¢ livre. Sonene, porém, 0 sindlicato regularmente reconhecido pelo Esiado vem 0 CARTA DE 34 CARTA DE 37 Pardgrafo Unico, Aleiassegurari direito de representacio legal a pluralidade sindical ea com- dos que participarem da catego- pleta autonomia dossindicatos. ri de produgio para que fol constituido, ede defender-ihes os direitos perante 0 Esado e as outras associagbes profissio- nals, estipular contraios ecletivos de trabalhos obrigatSries para todos 08 seus associados, impor Ines contribuigdes e exercer em relagao a eles fungdes celexa das do pacer publica. Ant. 122—Para dirimirquestées Art, 139— Para dirimir os con- centre empregadores € empre-_ flitas oriundos das relagdes entre gados, regidas pela legislacio cmpregadores c empregados, social, fica institoida a Justiga do’ reguilzdas na legislacdo social, € Trabalho. insta a Justiga do trabalho. Agreve € 0 lock-out sig decla- raddas recursos anti-sociais.. ‘Art 140 —A economia da pro- dugio sera organizada em cor- poragBes, ¢ estas, como entida: des representativas das Forgas de traballio nacional, colacadas sob ‘a assisténcia e 2 protegia do Estado, sto Srglos deste e exercem funcdes deleadas do poder publica, © novel arcabouco institucional, por isso mesmo, partia do conceito peévie dos sindicatos como Orgzos delegados do poder piblico. Livre a sindicalizagio — isto &, no jargio dos jurists brasileiros, a sindicalizagio individual era facultativa — tal suposto nao impedia que os contratos coletivos cele- brados pelos sindicatos obvigassem a todes que repiesertavam, ‘Acresce que 36 0 sindicato legelmente reconhecielo poderia servir de agente de mediagao entre um trabalhador com a empresa 25 ou 0 Estado. © Estado the garantia © controle jurisdicional de toda a categoria e a canalizagio para seu interior de qualquer Feivindicagao operéria, para qual definia previamemte o escopo ¢ 0 Ambito, assegurando-se assim do dominio indireto da vida associative clas classes subalternas. Pelo sistema colaboracionista do corporativismo, apés a brutal desmobilizagao operiria iniciada em 1935, procurava-se agora mobilizar a classe operiia para o imerior dos sindicatos ostos sob controle do Ministério do Trabalho, © construicto de jurisdicismo vislonario, tocavia, jamais se concretizou segundo 4s intengoes do plano original, © que fora concebido para ser lum mero sistema elementar dos direitos do trabalho transfor- ‘mou-se no seu nico direita. A empresa permaneceu a inteira discrigto do capital, repelindo a proposta de tentar a “cola- boracto" operiria nas questoes da sua disciplina interna, desconhécendo-se o preceito constitucional cla regulamentagig dos salrios nos cantratas coletives de trabatho, A acto do Estaclo se limitou an severo controle da movi mentacao operiria e sindical, cabendo porém, dessa vez, impor a efetivacio seguida de uma razativel fiscalizacao das leis trabalhisias, Os sindiczios se restringiram a ser meras ‘agéncias cle mediacao entre c trabalhador individual e o Estado, A linguagem corporativa reduziu-se aus pronunciamentos dos dirigentes politicos do Estado, ¢, até isto, por um lapso de tempo breve, Os institutos corporativos, contra a intencao visivel do legislador, foram esvaziados de sua filosofia ‘cola- boracionista", converendose em instrumentos de simples dominacao de classes A presenga totalitéria na arrumagao do sistama politico, explicita na Constituiclo de 1937 € na pritica politica dos inicios do Estado Novo, progressivamente cede terreno diante Go projeto do Estado autoritério € modernizante. A forea do capitalismo brasileiro em expansio, tendo-se resolvido a Questio operdia pela violércia ¢ pelas instituicoes sindicais corporativas, © sem encontrar tesisténcia da pequena proprie- dade, praticamente inexistente, logo fez com que recuperasse a legitimidade do seu interesse face 2 obscura poténcia do Fstado nacional. Ao corporativismo legal opunha-se uti indl- vidualismo real. © homem liberal reassumia sus postura congui dora, mal disfarpada nas vestes de agente corporativo do 176 bem publico, que the cabiam bem para encobsli # natureza particularista dos seus interesses, . ‘Simonsen, na qualidade de presidente da FEST: procuriria gro, desejado evidenciar a distineia entre 0 modelo autor ee : pelos empresties, do modelo ‘tain dos BOTH © ea ‘deologos do regime. Foralance ma consis 9° 2 nis reza da ordem sob 0 Estado Novo ao jurista Cesati® hahaa siamente um liberal, sua primeira indagacao lev certo e aparent uals as diferencas essencia's, principalmente Mt e/era £P- nonica, entre 2 erganizacao do Exado bral, Aetern et pela Constiuiclo de 1937, € a organizagio do ttallano?" (Gs arifes sto nosses) nte, anota como yo Subordinar com a Cons- A resposta desse intéeprete, signifieativamen prineipal diferenga o Fato da *Carta del Laver politicamente-a economia, 0 que nao ocorreria 60 2 COT lituigao de 1Y3J, tratava-se de uma exegese quer a deepuallenva ‘artigo 140 ¢ outros do texto da Catta. Segundo 4 especificidade do regime brasileiro estos em Os dads consiantes da Tabela 7 noticiam discriminada- mente, sindicato por sindicato, 0 processo de esvaziamento sindical no Distrito Federal, a partic de 1936, Observar que 2 gueda mais abrupta se da n0 sindicato dos téxteis — cerca de 3004 —, tadiclonaimente o setor mais organizado € aguertide dos operitios catiocas, A tendéncia expressa nesses dados apontava para 0 esva- #iamento da estrutura sindical ofteial ¢ para rufna do projet de dominio polttico-ideclégico das classes subaltemas, con. forme 2 proposta corporativa. Rompendo-se o vinculo com aS massas assalariadas, perdia-se 0 instiuinento concebidio Para induzir 2 harmonia ¢ a colaboragio entie as classes, De Ponto de convergéncia entre o Estado © as classes subalternas, 2a onde se aracnide ote uie *eonseneo™ que refoieasse 1 legtimagio do noder, os sndicatosestavam amencacos de se converter num aparato repressivo ad hoc, cuja finaida! se consumava no esmagamento de movimento operirio © sindical livres. TABELA 5 Sindicatos reconhecidos existentes entre 1935 € 1941 Dis Fed, §.Paulo —Brast = 36 101 9 ws Sede 8 in 5 emprezados : . os 1936" empregidores = x exspregados 95 955 13% ompregadoes 6 st0 dos 8 un 95" Gnpegedone 72 108 apis —_smpregados 6 > : empregdors 68 | Boiesto de M1776, n.22, junto de 1936; 0s dados incluem © mximero de indicates wié deaembro, soe Bolestm do MTG 9.91, masgo de 1937; nto obtlvemos dados para o Distt Federal e Sie Paulo. ce ) Bolen do TPC, n.49, outubjo de 1938; 0 das incluem o ndiwera ¢ sindicatos ag janko. hos ueee * Rodeiim co MTG, 3.100, derive ce 1942; em cada inches siadieatoe até dezembro, * Boletio do MTIC, 0.108, agosto de 1943; no obtivemos dads pra Sto Paulo e total do pais, 285 TABELA 6 Naimero de sécios dos sindieatos no Distrito Fede! 1936 a 1941 all cempregados ‘empregadores * Boletim do.MTIG, 036, agosto de 1937, + Botetim do MIC, n.68, abrit Je 1940, * Boletim do ATTIC, 100, dezemisro de 1942, “iSem daclostipogrificos), * esoletim do MITC, n.108, aos dhe 194, No limite, corria-se @ sisco adicional dos assalariados ¢ da classe operésia cm paiticular desbordarem para organizagoes Paralelas, espontaneas ou no, A extrema centralizagao ¢ verticalizagao do arcabougo institucional sindical, sua ino. cuidade para defesa dos interesses econémicos da classe, ue se converiera numa questa técnica para ser tratada por Perltos na Justica do Trabalho, afastavam os assalariadog dlos seus quadros. Varios, es sindicatos nao poderiam cumprit © papel de clos intermedidrios entre o poder € as classes subaltemas, que permaneceriam em perigosa disponibilidade. 286 TABELA7 Quaco comparative dos sindicatos de empregados, cujos * quadros sociais declinaram entre 1936 ¢ 1938: Distrito Federal i wos lenen sido tas eres mucins ie ne ee , atias avast au af Tondo us Gt z = Comoe gy 58h mS i a a lesceatisasds - _ som Mini Mereane s - me encgeb de Lo - oe mpegs re ee toe . apport @ . ® «| = _ cant ds penhors mpeg on rouse hos, - “ ‘conte wo om me Scaler apts tematepaas Operates mm = = ‘Snematprifics Inds do fa “s - 8 RS hapa . -_ @ w& & Stslees - Betis = a Pape os - ms eS - Opens mm 3 catty i060 HO lke ne a (continua) TABELAT TABELA 7 Quadro comparativo dos sindicatos de empregados, cujos Quadro comparativo das sindicatos de empregados, cujos quadros sociais declinaram entre 1936 ¢ 1938: quadros sociais declinaram entre 1936 € 1938: Distrito Federal Distrito Federal (Continuagio) (continuagio) a ee a oe ee meen} ‘Aniline eric0s, ie - : an <8 ee sees - Mortha Mercante = * = a7 mm co Maes BehS, cote ‘cage da Masaka 230 ee - - Poti, ite ast . u = me : : ma om ee ee eae yw me armature 6 er . So ~ eat Nass alimernidas 882 no an a * ¥ comes oa eh ne errs armor de ee a a a ee fee TEL Prmcondioedo ing oe . Tatafadoesdo ani gst ,_ « ene re a ee ee eee mes me fepepecum ay mew vetting ee =! " ~ - s =: ‘Metalangicon soz 8800 582 - = = a re as were deere ee : : sateen . Z eee 7 om 4 ‘ye a ee ani mm a spat : ris . “os FONTE- Bolerim do MITC, 1.63, novembro de 1939. a rasezastmo preci qund ale hove nea no Sado coe - pondenie, tnata-se apenas de falta de dados, ears "Dosaits om Bees = me mw fio (continua) S pissolviddos em 1937. © Decreto-Lei n? 2.377, de 8 de .377, de B de julho de 1940, criando chamado imposto sindical,colacidindlo com uma grande cam. panha ci favor cle uma sindicalizagio massiva, desencadeada pelo presidente da Repablica em pessoa, consistiv em um mobilizacio, : Pelo decreto, todo emoregado, sindicalizado ou nfo, paga- 84 compulsoriamente um imposto anual 20 seu sindicato 0 valor de um dia de trabalho — a mudanga da expressio, ‘mposto sindical’, juridicamente aberrante, somente fol corr. ida para a de “contribuigao sindical”, em 14 de novembra de 1966, através do Decteto-Lei n? 27. 0 “imposto”, a rigor, do passava de uma contribuigle paga com dinheire des assalariados aos sindicaios que teoricamente os represen ‘avam, Descontaco da folha de pagamento dos empregidos seria depositado pelo empregador numa agéncia do Banco do Brasil, que se encarregaria da sua distribuiggo para as espectivas entidades sindicais, luiis do Rego Monteiro, entio ditetor do Departa Naconal do Tethalho,sisernar arsed de shape: no | Congresso Brasileiro de Direito Soci © poder tiibutdtio dos siidiatos em telscio 20 imposto sindi- cal € uaa fungao delegada Go poder publica, uma ver que, slrapassado a Gcbita da assoctago para incicir sobre todos ov ‘membros da exegora, nfo enc fueamenso ne conscnso ia adesto ascocitiva'e sim na auvotldade to Estado Embora a sindicalizagio se defina como livre, 6 aésalarlado nie-sindicalizado ae acha duplamente obrigado peranie 0 sindicato que legalmente o representa: pela disciplina da sua profiss2o ¢ pelo pagamento do imposto sindical, que, por lei, 0 obriga a sustemar com os énus das suas atividades __O8 gigantescos recursos advindos do imposto, carteadios para 0: sindicatos, instrumentaliza-os part o cumprimento das inovagbes introduzidas pelo Decreto-Lei n® 1.402, de 1939. {4 mobilzagao pata os sincieates se far em tomo da preside le servicos diversos, de interesse freqtentcmente vital para sssilarlados, Tal proceso redefiniu sua estruturacao real € pritica, depois de se ter tomada evidente a inviabilizaglo do projeto colaboracionista, em raz80 do boicote empresarial. 290 Com © imposto sindical, os sindicatos se transformam em verdadeieas sucureais do poder publica deixando ce ser associagées civis com mera delegagao do Estado, © sistema reservava ao Estado uma parcela do dirheiro arrecadado, sob a rubrica de um Fundo Sindieal sustentado por 20% do toral, € mais 6%, como pagamento pelo servigo de agenciamento operaco pelo Banco do Brasil. Essa massa de recursos, extraida da folha de trabalho dos assalariados, revertia no fortalecimento das instituigdes que visavam controla-los @ dirigilos ideologicamente, como o Servigo de Recreacio Operdria ¢ outros. Aas sindicatos caberiam 54% do montante do imposto, distribuindo-se os restantes 20% as federacdes — 15% —€ as confederagées — 5%, A obra se completava ‘0s assalariados financiavam © conjunto de instituigdes que ibiam sua liberdade e os mantinham sob a dominagio politica do Estado, (0 uso dos recursos dirigidos para os sindicatos ere regu lunertade € fiscalizado pela Comissio de Impasta 8 ndical — criadla pelo Decreio-Lei 1 4.298, de 14 de maio de 1942 — que previa sua aplicaclo nas seguintes atividades: 4) em agéncias de colocagio, na forma das instrugdes que fossers expedias pelo Ministerio co Trabalio; b) na assisténeia 3 maternidade; ¢) na assisténcia medica © dencérka; dw assis- téncia judiclirizy e) em escolas de alfabetizagto © pré-rocacio- pais; [em cooperatvas de ciédio € de consumo; 8) em 2016 de férias; h) em bibliotecas; f) em finalldaces esportivas; ) nas despesas decorrentes de encargos criadus pela [ei © sindicato se convertia €m Grgio paralelo do sistema previdenciirio e educacional, © corpo de assuciados somente se pronunciava, em defesa de suas reivindicacoes econdmicas, por ocasiio das assemblgias que declaravam os dissicios Com isso, dava por terminada sua participagio na demanda que a partir dat era conduvida pelas liderungas sindicais no judicifrio trabslhista, onde recebia solugao final A Comissao do Imposto Sindical reproduzia a estrutura corporativa cla organizagao da Justica do Trabalho. Sua compo- silo articulava um representante do Departamento Kacional do Trabalho (DNT), um membro dos servigos de: contazilidade do Ministério do Trabalho, ambos designados pelo titular 21 Gessa pasta, ao lado de delegados das entidades classistas — lum para os sindicatos de profissionais liberais, dots p g de empregados e outros dois para 0 de cm indicados em lista triplice ao Ministério do ‘Trabe allho, que os, escolhia, pelos presicentes das respectivas confederacdes, © dle mais tres personalidades de conhceimento especializaila em Direito ¢ Medicina Legal, estes de livre selecio por parte do ministro.™ Utilizando-se combinadamente de mecanismos de repre= scntario € de cooptacio, a politica do Estado praticada pelo Ministério do Trabalho manifestava uma declarada pref. rencia por estes dltimos, Nao dispensava, porém, 6 ritual da cerim@nia de legitimagao eleitoral, quando coubesse. A Grenagem dos recursos levantacles com o imposto sindical vinha teforcar as liderancas sindicais praticamente delegaclas pelo Estado, que através delas intentava loge: «las classes subalternas apoio consensual A falha do sistema escava na relativa independéncia dessas lidcrancas em relacin 4 masea repre sentada, dado que os recursos que financiay, nto decorrlam da sua contribuigto diceta ¢ voluntitia, ¢ que o Process eleitoral se iniciava e se impunha de cima para baixo, A contrapartida dessa situagto estava numa baixa identifi. cacio da categoria representada com scus lidetes sindicais. Essa realidade onerava politicamente 0 governo, que se via compelido a organizar campanhas de sindicalizagao, dirigindo dircia € quase exclusivamente © processo de mobilizacio, diante da ineficiéncia dos Lideres sindicais oficialistas. © deslocamento da tarefa de mobilizagao das classes subal- temas para o interior do aparelho estatal se institucionaliza com a criagdo da Comissto Técnica de Orientacao Sindical (CTOS) — Decreto-Lei nf 5.194, de 16 de janeiro de 1943. Como bron operdsos, atresia den gastos som 295 A proposta dos empregadores aproxima-se do patamar ininimo da classe de maior freqiencia, conforme apuraré 0 censo efetuiclo no ano seguinte — 1508, Notar que «s salirios la pesquisa censal vieram depreciaclos pela inclasi dos wabalbadores rurais, para nio falar no desemprego disfargado, trabalho familiar etc, A dos empregados — 240$ —a elevaya pars perto do seu teio miximo — 2508 — resolvendo: presidente da Comissio por uma remuneragio eqiidistante das propostas alternativas. Para o interior, os empregados propunham 2008 contra ox 1008 dos empregadores, deci- dindo o presidente por 1408, 0 salério do menor eqtiva- leria 2 40% do adulto, ¢ as taxas de insalubridade, vat segundo a gravidade em de 1, 2" ¢ 3* geau, acresceriam 09 salirios de 10, 15 € 25%, Julgado insatisfatério, 0 trabalho da Comissio paulista & revisto por ela mesma no ano seguinte, Mantém-se os 2208 da solugto final anterlor — por intercessao do Ministétio do Trabalho a proposta do presidente da comissio fora majo- rada de 20% — embora se concorde que 0s 968 previstos para atender &s despesas com alimentagio fossem insufi- cientes. Sua elevac2o para 105$ nao importari, contudo, numa proposta de aumento salarial, significando diminuigho a6 restante do orgamento, especialmente nos gastos rele rentes 4 vestudrio © higiene pessoal, que de 84% reduzem sua contribuicao aos salirios para 24%. Com isso, 0 saldrio minime € radicalmente aproximado 20 esteitamente inclis- pensivel para a manutengao de um trabalhader, cado que, alén dessas redugdes percentuais, nao inclufa nem gastos com educagaie nem com recreacio. No mais, a novidade consistia na estratificagio ds cidades paulistas em quatro grandes agregados, atribuindo-se a cada uma quantidades varidveis de salicio, Os municipios de Sto Paulo, Santo André, Santos, S40 Vicente © Guarud partici- pariam do primeiro grupo, fazendo jus ao minima de 2208; Campinas ¢ Sorocaba, 20 segundo, com 0 minima de 2008; Araaquara, Arigatuba, Baura, Botucatu, Barretos, Catanduva, Guaratinguetd, Jundiai, jacaret, Jaboticabal, Limeica, Presidente Prudente, Pirseicaba, Riheiraa Preto, Rio Preto, Si Carlos e Taubaté, a0 terceiro, com @ minimo de 180$; os dermats municipios, enfim, a0 quarto grupo, com 160%, Aumentava-se, pois, © piso salarial minimo para o interior que, mesmo nos casos mais baixos, ul-rapassatia em 208 a primeira proposta da Comissio. As taxas de insalubridade de 2? grau passavam de 15 punt 20% dos salarios, & a de 3° grav, de 25 para 30%, © decreto que fixou a tabela de salirio minimo para $0 Paulo respeitou, no fundamental, a proposta ¢ os eritérios da Comissio. Manteve os saldrios previstos para os primeira ¢ segundo grupos, rebaixando em 10$ 0 dos demais, O salirio Minimo dos menores corresponderia a 50% dos adultos aumentando-se © valor das taxas de insalubridade de 3° grau, que subia para 40%, Comparados esses 220 com os dados do censo silarial de 1939, verifica-se que se enconteam 308 sbaixo do teto superior da freqiiéncia salatial mais observada ‘ha capital do Estado — 40,296 dos casos, Dessa forma, o salério minimo se situou em tomo de um ponte proximo a remune- rapio média j4 observeda no sistema urbano-industrial, ressal- vando-se que tal remuncragao se encontrava depreciacia pelo ctitério utilizaclo na investigagto. Por conseguinte, do ponto de vista do operitio industrial, o salirio minimo tabelado do importard em clevac3o Co seu padrio de vida, reprodu- Zindo simplesmente as condigoes de vida do contingente pior remuneradio desse setor. De outro lado, 0 que € fundamental, 0 minimo paso a ser consideraclo: pela Justica do ‘Trabalho como referéncia de base por ocasiio dos julgamentos dos dissidios coletivos, Inexistente, na prética, o sistema da contratacio coletiva, tidas aS greves como “recurso anti-social’, as reivindicagdes salariais acabariam por serem canalizaclas para o apatato judiciétio twabalhista. Mas como lei trabalhista desconhecia critérios especificos para a determinagio de salétios que compreen- dessetn — por exemplo, sua relacio com inclices de produti- vidade, sitmos de trabalho e outros —, a tinica baliza segura estava indlicada pelo montante do salétio ménimo. Na medida, Porém, em que esse se limitaya a regulamentara remuneragio indispensdvel para que um trabalhador pudesse reproduzit sua forea de trabalho ao fim de uma jornada, tomar o minimo como parimetro impliciva em aviltar 0 salario do trabalhador qualificado. © salario rinimo se transformava, conseqiente- Mente, num instrumento efetivo para a acumulagao industrial mantendo os salétios do exército industrial otbitando numa trajetéria pouco acima da minima, 208 Contudlo, part os demais assalariados, seus efeltos operav acupagoes das classes subalternas urbanas, que, conforme os dados do censo salasal, vivlam em grande parte sob uma remunetagdo aquém do minimo fixado pelt lel, Engressavase portato @ mereado intema, sttdendo se a ume pesisiente ‘evvindieagao dos empresirios industtais, Dessa contabilidade, \esullava que 0 operirio industrial “financiava” a :scensito 1 mercado de outros setores das classes subalternas, Nas libricas, a depreciagao da sua forga de trabalho increment as taxas dé acumulaao. Fora delas, com a elevacao do padiao Ue vida do conjunto das classes subordinadas, se conspira ara a realizacao do mesmo capital, , Psst sorte de “financiamento” transcendia o efelo mera mente ceonbmico,ineklide sobre 9 polticn inde an trio da inspiracao do legislador da CLT, louvam o sistema por cla implantado, 0 qual se soube, mais tarde, com a democra- Sagdo do Pala "depute de gags poles qua aqui Por mais paradaral que pares, 3 CLT inspiear una coments politics liberal tpicamente brasileira, que jamais abdicar alquimia de fazer eonviver o reino do puro interesse com 0 solidarismo social, introduzindo no mercado clenentos éticos © normativos pela forca da lel 201 ‘er “Nacionalismo e questi social in Peyuonos estudos de psicex ‘gia social. Rio de Jane: ls. 1922, indo por Jarbas Medes, loc. cit, 3OLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA E CO- MERCIO, n.5, janeiro de 1935. + posicio de Miguel Reale, no inicio da década de 30, esté expasta :'m Integratismio, TRINDADE, Hélgio, Sao Paulo: Difel, 1974. Discurso cle Vargas na Constituint, in Anats do Congress Nacional, “Le 1933. dem, dem, dem. Jem, dem, tem. nteprojeto cla Comisso Constiucional, in Amals do Congresso facional, v1, 1933, tem, tem. HINA, Helio. 1934.4 Coustitutaie, lem. A Constituinte de 1934 admitia 40 deputados classistas, entre sses 17 representantes de sindicatos de empregacos, designackos elo ministzo do Trabalho, diversamente do que ocorrev com os :presentantes patronais, todos eleitos por suas entidades de classe. Boletim do Ministério do Trabalbo, Inctistria e Comércio, 1.6, ‘vereiro de 1935, NAIS DO CONGRESO NACIONAL de 194, v.XILL. em em, om. em, SAIS DO CONGRESSO NACIONAL de 1934, v.XST, ™ANAIS DO CONGRESSO NACIONAL de 1934, v.XXI. dem, *Tdem. "MIRANDA, Pontes. Comentarios & Constituigdo Federal de 1937. Rio de Janeiro: Irmos Pongeti, 1938. Tomo TL CAPITULO V DOMINAGAO CORPORATIVA E CLASSE OPERARIA: 1935 A 1945 ‘HARDING, Timothy, op, ci * BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA E CO- MERCTO, nt, outubro de 1934, >A Plateia’, 14 de setembro de 19%, citado por CARONE, Edgar. A Segunda Repiiblica. Sao Paulo: Difel, 1973 * Sobre a ANL, ver LEVINE, Robert, op. cit > Ver FRANCO, Maria Ligia Coelho. 4 ideologta liberal de Estado de §.Paulo (1932-1937). Sio Paulo: USP, 1974, (Tese, mestrado em Historia do Bras, “ditonal de 20 de janeiro de 1935, eitado por FRANCO, Maia Ligia Goetho, lov. ct * Raltorial de 16 de janetio de 1936, citido por FRANCO, Maria Ligia Coelho, loe.ct * Reunito ministerial realizada em 7 de dezembro de 1935, in Arquivo Getulio Vargas, Servigo de Documentagao da Fundacao Geto Vargs. Vielem, Tdem. ° Instrugio baixada pelo ministro da Justiga e Negocios Ineriores, Vicente Réo, em 18 de fevereino de 1936, in Arquivo Getulio Vargas, sob a tubrica 36.01.16 G Servico de Documentscao ck Pundaga0 Genilio Vorgas. " ARQUIVO Gettlio Vargas, loc. cit. * BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA & CO- MERGIO, 0.23, julho de 1936, ™ tem. “idem, “BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSIRIA # cO- MERCIO, 1.30, fevereito de 1937. "Yen, "dem, “BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA E CO- MERCIO, n.38, outubro de +937. elem. “Idem, "Idem, In NOGUEIRA, Otivio Pupo, op. ct. tdem * Circular da FIESP, de 24 de dezembro de 1936, in Arquivo ca F Idem, ? Idem. Adem. ® im 3 de agosto de 1958, José Exmitio de Moras, saucanclo Vaggas na Bolsa de Valores de Sto Panto, stuart 0 intimo relacionamiento entee a lavourae a indistria, preconizando a modemizacio daquela como meditla fundamental 3 industrializacao pelo barateamento dos eusios ¢ pela ampliacio do mercado interno: "Nao hesitamos um momento em afirmar 4 V, Ex’, que nenhum problema econd- mito do Brasil se sobreleva ao exame € & solucao do caso da Javoura. 4 lavoura nactonal carece de amplos recursos para taba. thar, de um auxitio permanente do governo para aumentar a sua produc, para alargé-ta através de um aperfeicoamento nacional das areas cubtivadas, pela adubacdo constante, pela reducao pro- sressiva do seu custo real, tudo isto amparado em uma politica econ6micay, interna e externa, capa. de assegurar maior consume © de alargar as possibilidades de nossa exportacio, Ninguém pode conceber que 0 nosso trabalho rural continue em boa parte 384 \defiitirio, sem conferir aos que porfiarh nos campos, nas fiers, no nosso imenso hintertartd, uma justa remuneracao, una rzesivel ‘compentagao 20s seus sacrificios es suas heroicas baialhas pelt Independéncia econdmica do Brasil “A solugio do caso da lavoura, que & a grande preocupagio clo Pais, concorreré para que fiquem resolvidos, em gntrde parte, quase toxdas os problemas econdmicos, to benefiea ser at reper eussio que ela tera “A nossa produclo agricola, em relacio a populacio do Pats, pequena e poneo lucrativa, Urge remediaro mal. As noxsas tdtis~ ‘ries, colocacios em frente de um poder aquisiiivo sensivoimente baixo, sentem a crise reflexiva e esperam ansiosarente, mas conftanies, que as atuais dficuldades possam desaparecer, depots de removicas com seguranca as cases desso mal-estar O problema brasileiro 611m problema de prodticao intensiva, metodizada, cisando a fixagito de wn custo geral mats reduzido... Para ober vin resultado compensador & legitimo, dentro do Pais, as indas- trias nacionais necessitam de um poder aquisitivo diverente do tual Precisam trabalhar sob ur standard de vida gerel rizodivel, capa de assegurara todos os brasileiros um relativo conforto © bein-estar” (os grifos S10 nossos), Circular n.78, de Sde agosto de 1938, in Arquivo da FIESP, © Circular da FIESP de 24 de dezembbro de 1936, in Arquivo da FIESP, * Wem, Circular n 810, de9 de margo de 1957, in Arquivo da FITSP, 5 Idem. Idem, MOORE, Barrington, op. cit, Ver também POULANTZ: Fascism ot Dictatuire Paris: Trangois Maspero, 1973. , Nicos. “TAUSTO, Boris, Pequenos ensaios ca historia da Repiblica, S20 Paulo; Cebrap, 1973, (Mimeogs.) ** Discurso de 10 de novembro de 1937, VARGAS, Getiiio, ¥.1V, in oe, cit, Idem, idem, "Idem, * Discurso de 10 de novembro de 1937, VARGAS, Gel loc. ct. tlio, vA, in “ ‘No limiar do ano de 1938", discurso pronunciado em 31 de dezembro de 1937, VARGAS, Geutlio, v.IV, in loc. cit 0 Estado Novo eas classes trabalhacloras",discurso promunciado emt IF de maio de 1938, VARGAS, Getlio, vV, in loc. cit. “Discurso promunciado sm 27 de jutho de 1938, VARGAS, Getto, ¥AV, in loc. it. “Tal é a poskjto de Louriles Sola em O Galpe de 37 e o Estado Nove, in Brasil em Perspectiva, Sio Panto: Difel, 1969. ‘“PAUSTO, Boris. In op. cit Vargas ndo acreditaya num papel modernizadtor do capital es- irangeiro, tendo denunciado seu carter espoliador: "$6 agra, com a organizagao do Instituto cle Estatistica, & que as estimativas dla nossa riqueva e a sua dindmiea assumem aspecto cientifico € geral. Verifica-se que as proprias empresas estrangeirss, princi- palmente as que exploram servigos ptblicas, os bancos eas com- Panhias de seguros, ou adquiriram aqui a maior parte dos seus ‘Yastos capita's ou! operam com boa parte de valores nacionai Em muitos casos, os scus reduzidos eapitais entrados sao inferiores 208 dividendos exportados em um Gnico exercicio financeiro. ‘Néinero no pequeno de bancos estrangeitos ¢ companhias de ‘seyuros realiza operaghes correntes com os valores brasileros e, conseqiientemente, distribui dividendos aos sets acionistas ‘estrangeiros de um fictcio eapital-confianga, sempre, muito maior {que 0 capital real,” *Problemas ¢ Realizages do Estado Novo", discutso pronunciado em 22 de abril de 1938, VARGAS, Getilio, WV, in loe. cit. “CAMPOS, Francisco. O verdadeiro sentido do 10 de noverbro. Boietim do Ministério do Trabaibo, ushisiria e Comércio, nA2, Fevereiro de 1938, dem, Nesse texto, dizia Francisco Campos, reproduzind a critica das democracias liberais do teérico alemao Kail Schmidt: “A expe- vi@ncla de todo o mundo, ¢ a nossa pariculas, vem, precisamente, fem abono dessa tese. Se ha um ideal deuiourdtico, este ha de resolver-se, em Gikima anélise, na aboliglo do prvilégio, aa igual ‘oporunidade assegurada a todos, na utilizacio da capacidade, na 386 difusito, a mais larga possivel, dos bens materlais ¢ morais com os progressas da civilizaglo e da cultura... Ora, seria pueril afirmar que & maquina ou os expedientes democriticas procluzem, dle si mesmos, esses resultados, O que se verifica, ao ccntrrio, € que {quanto mais se aperfeigoa e se complica o maqu nismo demo- critica, mais se dificulta 20 povo ndo somente a participagio nos processes de governo, como a sua intcligibilidade ou & sua com- preensao pela maioria do pats.” 11dem. AMARAL, Azevedo, O Estado autoritirio ea realidade nacional Rio de Janeiro: Ed. José Olimpia, 1938. idem, “Idem *citaco por Jarbas Medeitos, v.17, 23, setembro de 1974, in op. ct ‘Yer comenttios de Jaibas Medeiros, in op. ct. Camus, Francisco, op. ct Shdem, Sobre a Constituigio de 1937, ver os comentirios de Pontes de Miranda, in op. cit. ‘]dem. Ver também, LUCAS, Fabio, Conteddo social das constituigdes brasileiras. Revista de Kstuddas Fcondmtcos, Polftcose Soctais, 0.14, Belo Horizonte, Universidade Minas Gerais, 1959. © CESARINO JR, A. F DiFetto comporativo e direito do trabalbo. Sio Paulo: Ed, Mastins, 1940, dem, 4 comiss20 que elaborou o anteprojeto fol composts clos seguintes ‘membros; Oliveira Viana, Moreira cle Azevedo, Geraldo Faria Batista, \waldir Niemeter, Oscar Saraiva e Luiz, Augusto do Rego Monteiro, © BOLETIN DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA # CO- MERGIO, 9.47, julho de 1938. “4 justificagte do anteprojeto da comissto Se encontra no Boletion lo “Mtinistérto do Trabalho, Indiisiia e Gomércio, n.53, anciva de 1939. Idem, Idem, Idem. “BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALITO, INDOSTRIA E CO- MERCIO, n.53, janeiro de 1929, Idem, Idem, * BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA MERCIO, n.62, outub:o de 1939, “dem, Ver GOMES, Orlando, Quesiées de diveito do trabalho, Sie Paulos Bd. LTR, 1974; LAMARCA, Anténio. Curso exposition de dirvito do trabalho, Sto Paulo: Ed LTR, 1972; CESARINOJR,, A. F. Direite social brasiteiro. S20 Paulo: Ed, Saraiva, 1970, *BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALHO, INDUSTRIA E CO- MERCIO, n.100, dezembro de 1942, idem, BOLETIM DO MINISTERIO NO TRABALHO, INDUSTHIA & CO- MERCIO, n.82, julho de 1942, in *Proposi¢des Fundamentais do Direito Sindical Brasileiro". 7 VIANNA, José de Segidas. A organ izagdo sindical brasileira idem, P VIANNA, José de Segades, loc. ci "dein, dem, SOLA, Lourdes, op. cit. "Yer SANTOS, Roberto, Lets sociais @ custo da mao-de-obra no Hirastl. Sio Paulo: \s.nJ, 1973, “BOLETIM DO MINISTERIO DO TRABALIO, INDUSTRIA E CO MERCIO, 0.57, majo de 1959, "idem, "Ver Circular n.53 di FTES, de 4 de jutto de 1998. ram membros cl Gomissio; Vasco de Andrade, presidente; zeprosentantes dos em- pregadores: O. Pupo Nogucita, Mariano Marcondes Ferraz, Adolfo Grefl Borba, Silvio Brand Correa ¢ Joao Batista de Almeida; dos empregades: Pexroso jr., Salustiano Bandeira de Melo; Alberto 38 Rebougas, Femando Garcez ¢ Sebustilo Viel deCarvalho, cujos Sonoros sobrenomes, para os mals incrédullos, levantan uaa boa dose de stspeita sobre sua efetiva representatividade, GOMES, Orlando. Questées le dirvito do trabaiba, Sio Paulo: Ed LTR, 1974, “Idem, CAPITULO VI LIBERALISMO POLITICO E CORPORATIVISMO SINDICAL: 1946 " DE Stalingrado emenda constitucional n.9, in Jornal do Brasil, de 7 de dezembro de 1975, Arquivo Gettilio Vargas, Servigo de Documentagio da FGY, Rio de Janeiro, documento sob 4 rubrica 44.12.27¢, datado de 27 Ue dezembro de 1944. idem ‘Idem, *tdem, dem 7 Arquivo Geto Vargas, i loc. cit, documento soba mubsica 45.01 11a, assinado pelo major Nelson de Aquino, Mdem, idem. "Recordado por Getiilo Vargas em discurso no Senmico, em 3.de julbo ide 1947, in A politica trabalbista no Brasil Rio de janeiro: BA Jose Otimpio, 1950, “WWEFFORT, €. Francisco, Partidos, sindicatos ¢ demperacia: algumas questdes para a histéria do periodo 1945-1966, mimeogr,, SRo) Paulo, 1974. Este ensaio consiste na réplica de autor a Carlos Estevam Martins e Maria Herminia de Almeida, que abriram pole mies, através do seu estudo “Modus in rebus’, mimsoge, $86 Palo, 1974, com o artigo do primeizo, Origens do sinclcalismo populista, 389

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