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Dissertação apresentada ao
Departamento de Engenharia
Civil da PUC-Rio como parte
dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Ciências
de Engenharia Civil - Estruturas
Orientadores:
Prof. Khosrow Ghavami
Prof.a Marta de S. L. Velasco
Ao meu amigo e colega de sala Zenon José Gusmán Nunes del Prado pelas longas conversas, a
À Sylvia, pela convivência nos últimos meses, conselhos e ajuda na utilização do Mathcad;
A todos os amigos e colegas que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste
trabalho.
ABSTRACT
The major codes that contain recommendations and discussions concerning the design
of deep beams, including the ACI Building Code 318-95, the Canadian Code CAN-A23.3-
M84, the CEB-FIP Model Code and the CIRIA Guide 2, present design methods that do not
cover adequately the dimensioning of this type of beams. Nevertheless, some other codes
don’t give any special recommendation. The Brazilian Code (NBR 6118), for instance, just
explains that this type of beams should be calculated as a plate in elastic range. Another
example is the current British Code BS 8110, which explicitly states that “for design of deep
beams, reference should be made to specialist literature”.
Because of reasons as those mentioned above, obtaining a rational method not only
based on a clear mechanism of failure but taking into account the main parameters that have
influence on the ultimate strength of deep beams, has been the purpose of several researchers
in the whole world in the last two decades.
In this work, some methods for the design of simply supported reinforced concrete
deep beams are presented, examined and commented upon. These methods are applied to a
total of 37 beams tested in the Laboratory of Structures and Materials (L.E.M) of PUC-Rio,
since 1979, and to some beams reported in the literature, in order to yield a method which can
predict results of ultimate load closer to those ones obtained experimentally. The future aim is
to achieve recommendations that could be proposed to the Brazilian Code.
III
2.6.1 - Parâmetros considerados ................................................................... 20
IV
2.13.8.3 - Método de projeto ............................................................ 59
V
4.1 - Guia 2 da CIRIA ............................................................................................. 85
5.6 - Método de Análise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi ................. 109
6.1 - Propriedades dos materiais, geometria e armadura das vigas .......................... 121
VI
6.1.1 - Vigas ensaiadas por Kong et al. ....................................................... 121
6.2.2 - Método de Análise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi ... 130
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.4 Ilustração da ruptura por fendilhamento ou tração diagonal para uma viga-
Figura 2.5 Ilustração da ruptura por compressão diagonal para uma viga-parede biapoiada
..................................................................................................................... 14
..................................................................................................................... 15
Figura 2.9 Modo de ruptura local para uma viga-parede biengastada ............................. 17
..................................................................................................................... 21
..................................................................................................................... 22
VIII
carregadas no bordo superior ....................................................................... 26
Figura 2.14 Representação da fissura diagonal crítica: linha pontilhada para vigas-parede
Figura 2.15 Seção transversal da viga, com a definição das excentricidades e1 e e 2 ........ 27
Figura 2.16 Viga-parede rompendo por flambagem (viga C-29-0.1; Kong et al.,1986) ..... 27
Figura 2.17 Exemplos de vigas-parede com extremidades engastadas (Subedi, 1994) ...... 29
Figura 2.18 Detalhes das vigas testadas por Schütt (Cusens, 1990) .................................. 29
" /h = 1.0, com e sem enrijecimento dos apoios (Leonhardt e Mönning, 1979)
..................................................................................................................... 30
Figura 2.21 Efeito da armadura vertical sobre o espaçamento médio das fissuras sob
Figura 2.22 Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas no topo ( L1 ) ..34
Figura 2.23 Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas na base ( L2 ).. 35
Figura 2.25 Trajetória de tensões para uma viga-parede com abertura de alma
IX
Figura 2.27 Exemplo de aplicação do processo do caminho de carga em uma viga-parede ...
......................................................................................................................42
..................................................................................................................... 43
Figura 2.31 Distribuição de tensões horizontais no meio do vão, para força concentrada . 45
Figura 2.33 Modelos para vigas-parede com " /h < 1.0 ................................................... 46
Figura 2.36 Modelo para uma viga-parede sob a ação de uma carga concentrada e duas
Figura 2.41 Modelo convencional de bielas e tirantes para uma viga-parede sob a atuação
Figura 2.42 Modelo de bielas e tirantes refinado para uma viga-parede sob a atuação de
X
PU ( CEB 78)
Figura 4.1 Gráfico x PU ( TESTE ) ........................................................ 86
PU ( TESTE )
PU ( CAN 84 )
Figura 4.2 Gráfico x PU ( TESTE ) ........................................................ 87
PU ( TESTE )
PU ( ACI 95)
Figura 4.3 Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) ........................................................ 88
PU ( CFC )
Figura 4.4 Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .......................................................... 89
PU ( AVPB )
Figura 4.5 Gráfico x PU ( TESTE ) ......................................................... 90
PU ( TESTE )
PU ( MTA)
Figura 4.6 Gráfico x PU ( TESTE ) .......................................................... 92
PU ( TESTE )
PU ( MBTR )
Figura 4.7 Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) ........................................................ 93
PU ( CAN 84 )
Figura 6.1 Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) ...................................................... 127
PU ( AVPB )
Figura 6.2 Gráfico x PU ( TESTE ) ....................................................... 131
PU ( TESTE )
PU ( MTA)
Figura 6.3 Gráfico x PU ( TESTE ) ........................................................ 134
PU ( TESTE )
PU ( MBTR )
Figura 6.4 Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) ...................................................... 136
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Limites superiores da relação "/h, " 0 /h ou " 0 /d para as vigas-parede segundo
Tabela 2.1 Efeito da armadura transversal para pequenas razões de a/h .......................... 23
Tabela 2.2 Notação, espaçamento e taxa da armadura vertical das vigas ensaiadas ......... 31
Tabela 2.6 Apresentação das quatro situações possíveis de contribuição dos diversos
Tabela 3.4 Carga última obtida experimentalmente (PU(TESTE)), comparação das cargas de
Tabela 4.1 Carga última determinada experimentalmente (PU(TESTE)) para cada viga e a sua
XII
Tabela 4.2 Valores de c ' CAN84, c ' CFC e c" CFC e a comparação entre eles, modo de ruptura
Tabela 6.1 Propriedades das 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970) ....................... 123
Tabela 6.2 Propriedades das 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982) ...... 124/125
Tabela 6.4 Propriedades das 19 vigas ensaiadas por de Paiva e Siess (1965) ................ 126
Tabela 6.5 Comparação entre os resultados de carga última obtidos pelos diversos
Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e Siess (1965) ..........
...................................................................................................... 128/129/130
Tabela 6.6 Média e desvio padrão de RAVPB obtidos para as 87 vigas apresentadas na
Tabela 6.7 Média e desvio padrão de RMTA obtidos para as 63 vigas presentes na Tabela 6.5
Tabela 6.8 Média e desvio padrão de RMBTR obtidos para as vigas apresentadas na
XIII
LISTA DE SÍMBOLOS
Capítulo I
"0 vão livre da viga (face interna a face interna dos apoios)
Capítulo II
XIV
Rst força no tirante no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.29)
LN linha neutra
b espessura da viga
XV
wl taxa mecânica de armadura longitudinal
P carga aplicada
Os símbolos presentes no item 2.13 estão definidos no próprio texto, pois para cada
Capítulo III
XVI
a vão de cisalhamento (distância de centro a centro da placa de aplicação
"0 vão livre da viga (face interna a face interna dos apoios)
b espessura da viga
As
ρs , taxa geométrica da armadura principal de tração
bd
Awh
ρh
bd
Awv
ρv
b" 0
XVII
ft resistência cilíndrica à tração por fendilhamento do concreto
F flexão
C cisalhamento
FC flexão-cisalhamento
Capítulo IV
XVIII
VU força de cisalhamento última (PU/2)
Compressiva
c” CFC largura da biela inclinada que satisfaz o equilíbrio citado no item c da Fig. 2.37
Capítulo V
µ média aritmética
σ desvio padrão
Os demais símbolos estão definidos, para cada método considerado, no item 2.13.
Capítulo VI
XIX
As'
ρs’ , taxa geométrica da armadura principal de compressão
bd
Os parâmetros ", "0, "t, h, b, d, a, x, As, ρs, ρh, ρv, f y , f c' , f t , além de PU(TESTE)
XX
TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES
1 polegada 1 25.4 - - - - - -
-2
1 milímetro 3.937 x 10 1 - - - - - -
1 polegada quadrada - - 1 6.452 - - - -
1 centímetro quadrado - - 0.155 1 - - - -
1 libra - - - - 1 4.448 - -
1 NEWTON - - - - 0.2248 1 - -
1 libra por pol2 - - - - - - 1 6.895 x 10-3
1 NEWTON por mm2 - - - - - - 1.450 x 102 1
XXI
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
relações geométricas inferiores a certos limites máximos estabelecidos para "/h (vão
teórico/altura total da viga), " 0 /h (vão livre/altura total da viga) ou, ainda, para " 0 /d (vão
A classificação de uma viga como uma viga-parede varia de acordo com a norma
estrutural utilizada. Na Tabela 1.1 a seguir são apresentados alguns limites.
2
A própria Norma Brasileira, a NBR 6118 (1978), não traz nenhuma indicação especial
sobre o dimensionamento de tais vigas, permitindo apenas que elas sejam calculadas como
chapas no regime elástico.
a. Obter informações comparativas, a partir dos resultados obtidos nos ensaios das
vigas-parede biapoiadas de concreto armado descritos nas dissertações de mestrado
elaboradas por Guimarães, Vasconcelos e Velasco, referenciadas acima, com o respaldo da
literatura atualizada;
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - INTRODUÇÃO
refinada (Kong e Sharp, 1977; Kong et al., 1978) e adotada pelo Livro dos Projetistas de
Concreto Armado (Reynolds e Steedman, 1981 e 1988) (Kong, F. K. e Chemrouk, M.,
1990).
Robins e Kong (1973) utilizaram o Método dos Elementos Finitos para prever a carga
última e os modelos de fissuração de tais vigas. Taner et al. (1977) relataram que este método
gerava bons resultados quando aplicado às vigas-parede com flange.
Trabalhabilidade e ruptura sob cargas repetidas foram estudadas por Kong e Singh
(1974). Garcia (1982) está entre os primeiros a concluir testes de flambagem numa série de
vigas-parede esbeltas de concreto (Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).
Os efeitos de carregamento no topo e/ou na base de vigas-parede foram estudados por
Cusens e Besser (1985) e, anteriormente, por alguns outros pesquisadores (CIRIA, 1977).
Rogowsky et al. (1986) realizaram extensivos testes em vigas-parede contínuas. Mau
e Hsu (1987) aplicaram a “teoria do modelo de treliça com amolecimento” nas vigas
biapoiadas. Kotsovos (1988) realizou estudos visando o esclarecimento das causas
fundamentais da ruptura por cisalhamento desse tipo de vigas.
Ainda podem ser citados os trabalhos de Barry e Ainso (1983), Kubik (1980), Mansur
e Alwis (1984), Regan e Hamadi (1981), Rasheeduzzafar e Al-Tayyib (1986), Roberts e Ho
(1982), Shanmugan (1988), Singh et al. (1980), Smith e Vantsiotis (1982), Subedi (1988) e
Swaddiwwdhipong (1985) (Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).
determinação dos esforços internos, devem ser levadas em conta condições de equilíbrio,
contorno, compatibilidade e relações constitutivas mais complexas.
A transição do comportamento de vigas comuns para o de vigas-parede é gradual,
começando a ser notada a partir de "/h = 2. Quanto menor é a relação "/h, mais as tensões se
afastam da distribuição prevista pela análise de vigas esbeltas e mais a linha neutra se dirige
para baixo. Na Figura 2.1 encontra-se um exemplo da variação da distribuição de tensões σ x
(normais à seção transversal), na seção do meio do vão, em vigas-parede simplesmente
posição ao longo da altura da viga, sendo z a distância entre elas. Na viga com altura h = "/4
(Fig. 2.1.a) a distribuição de tensões é linear e as seções permanecem planas após a
deformação. Para a viga com altura h = "/2 (Fig. 2.1.b) as seções já não permanecem planas
após as deformações e a linha neutra passa a 0.4h medida a partir da borda inferior. Na viga
com h = " (Fig. 2.1.c), a linha neutra passa a 0.28h. Para vigas-parede com h ≥ " (Fig. 2.1.d), o
valor da resultante de tração (R st ) varia pouco, indicando que somente a parte inferior com
altura h e ≅ " colabora na resistência, sendo h e a altura efetiva da viga. A parte superior (zona
morta) atua apenas como ação uniformemente distribuída, e pode ser dimensionada como um
pilar-parede.
O grande número de variáveis que têm influência no comportamento das vigas-parede é
responsável em grande parte pelas dificuldades de dimensionamento. Entre essas variáveis,
podem ser citadas:
b. Tipo de apoio
c. Resistência do concreto
8
d. Armadura
• taxa e distribuição;
• ancoragem das barras.
Vários pesquisadores (Siao, 1993 e 1994; Collins e Mitchell, 1986; Teng et al.,
1996; Adebar e Zhou, 1996; Tan et al., 1997) concordam que, nos últimos anos, a teoria do
modelo de bielas e tirantes tem proporcionado um caminho mais promissor no cálculo da
resistência de tais vigas.
No presente trabalho, atenção especial será dada aos métodos que têm por base esse
modelo, como o proposto pela norma canadense CAN3-A23.3-M84 (1984).
Não há uma relação de "/h mínima adotada mundialmente para que uma viga possa ser
considerada uma viga-parede. As fórmulas em códigos de projeto adotadas por diversos países
10
e institutos acadêmicos são desenvolvidas a partir de limites dessa relação, conforme já visto
na Tabela 1.1.
A transição do comportamento de uma viga comum para o de uma vigas-parede é
gradual, começando a ser notada a partir de "/h = 2. Segundo Kong (1986), para propósitos
de projeto, esta transição é geralmente considerada ocorrer a uma relação vão/altura em torno
de 2.5. De Paiva e Siess (1965), ao considerar resultados de testes em dezenove vigas-parede
simplesmente apoiadas e, partindo do princípio de que deve haver uma gradual transição do
comportamento de uma viga esbelta para o de uma viga-parede onde os conceitos da primeira
ainda podem ser utilizados, estabelecem esse intervalo de transição como sendo entre 2 e 6, ou
seja, 2 ≤ "/h ≤ 6, e definem essas vigas como vigas-parede moderadas, ou, ainda, como vigas
moderadamente altas.
Pesquisadores (Kong et al., 1970; Smith e Vantsiotis, 1982; Lin e Raoof, 1995;
Subedi, 1988) do comportamento de vigas-parede geralmente incluem como tais as vigas com
valores de "/d (vão teórico / distância do centróide da armadura de tração à fibra comprimida
extrema) em torno de 3.
É importante reconhecer as diferentes definições quando da utilização das
recomendações de projeto.
Para que se tenha um melhor entendimento dos modos de ruptura dessas vigas, serão
descritos abaixo e ilustrados tanto os apresentados por vigas biapoiadas quanto os de vigas
biengastadas.
De maneira geral, pode-se ter:
a. Ruptura por Flexão;
b. Ruptura por Cisalhamento;
c. Ruptura por Flexão-Cisalhamento;
d. Ruptura por Esmagamento do Concreto sobre o Apoio ou sob Cargas Concentradas
(Ruptura Local).
Melo, na revisão bibliográfica de sua dissertação (Melo, 1984), salienta uma subdivisão
no modo de ruptura por cisalhamento: a Ruptura por Compressão Diagonal e a Ruptura por
Fendilhamento ou Tração Diagonal. Subedi (1988), na consideração dos mecanismos de
ruptura básicos, não faz nenhuma divisão, relatando como modo de ruptura por cisalhamento
apenas o por Tração Diagonal ou Fendilhamento.
Guimarães (1980), Velasco (1984) e Subedi (1988) consideram, ainda, um outro
modo de ruptura para vigas-parede biapoiadas: o de Flexão-Cisalhamento.
Fafitis e Won (1994) comentam que, dos quatro mecanismos descritos por Subedi
(1988) Flexão, Flexão-Cisalhamento, Cisalhamento (Fendilhamento ou Tração Diagonal) e
Ruptura Local os dois mais importantes modos de ruptura são Flexão-Cisalhamento e
Fendilhamento Diagonal, embora a Ruptura Local citada acima não seja rara.
Subedi (1994) foi a única referência encontrada que descrevia em detalhes os modos
de ruptura de vigas-parede biengastadas.
a. Flexão
2.2.a) e a outra sob a ação de duas cargas concentradas (Fig. 2.2.b). Para vigas-parede
biengastadas, este modo de ruptura não é, praticamente, considerado. Geralmente, é assumido
que estas vigas têm resistência adequada contra a flexão pura.
(a) (b)
b. Cisalhamento
ausência das fissuras de flexão nos apoios extremos engastados. O mecanismo e a deformação
aproximada encontram-se na Figura 2.3.
Para as vigas biapoiadas, dependendo, entre outros fatores, da existência e da eficácia
da armadura de alma, pode-se ter:
• Ruptura por fendilhamento ou tração diagonal;
• Ruptura por compressão diagonal.
Compressão Diagonal
Após o desenvolvimento da primeira fissura de cisalhamento entre o apoio e o ponto de
aplicação da carga, surgem novas fissuras, paralelas à primeira, formando uma biela
comprimida. A ruptura ocorre com o esmagamento do concreto desta biela, conforme
ilustrado na Figura 2.5 (Guimarães, 1980).
(a) (b)
Figura 2.5 - Ilustração da ruptura por compressão diagonal para uma viga-parede biapoiada.
c. Flexão - Cisalhamento
Figura 2.6 - Mecanismo de ruptura de flexão – cisalhamento para uma viga-parede biapoiada.
(a) (b)
d. Local
O estado de tensões sobre o apoio ou sob cargas concentradas é tal que pode ocorrer
esmagamento do concreto nestas regiões, devido às elevadas tensões de compressão, antes que
a capacidade resistente da viga tenha sido esgotada. Assim, deve ser dada especial atenção ao
dimensionamento e detalhamento dos apoios e às regiões sob os pontos de aplicação de carga
concentrada. Velasco (1984), para o ensaio de vigas-parede esbeltas, projetou um reforço de
apoio para as vigas que não possuíam enrijecimento lateral, e, nas vigas altas (relação
"/h = 1.0), acrescentou uma armadura de fretagem na região de aplicação das cargas
resistência à flexão das vigas. No seu trabalho, Melo (1984) observa que, considerando como
estado limite último aquele correspondente ao escoamento da armadura, a resistência última à
flexão pode ser estimada conhecendo-se apenas o braço interno de alavanca e as características
da armadura. Melo (1984) ainda propõe uma fórmula para a determinação do braço de
alavanca.
São eles a relação vão de cisalhamento/altura (a/h), a taxa mecânica de armadura longitudinal
(wl ) e a taxa mecânica de armadura transversal (wt ) , onde wl = ρ l ⋅ fly fc' e wt = ρ t ⋅ fty fc' ,
A seguir encontra-se descrito o estudo paramétrico realizado por Mau e Hsu (1987).
Este estudo foi feito a partir de equações desenvolvidas levando-se em conta condições de
equilíbrio, compatibilidade e relação tensão-deformação.
A razão τ max fc' geralmente decresce com o aumento da relação a/h. A taxa de
decréscimo é maior para os casos com menor taxa geométrica de armadura transversal,
conforme mostra a Figura 2.10.
a/h
Como pode ser constatado pela Figura 2.11, a razão τ max fc' cresce com o aumento de
wl . Isto significa que o aço longitudinal é efetivo para relações de a/h de 0.5 a 2.0 e com wt
21
variando de 0.05 a 0.55. A efetividade é relativamente maior quando wl varia de 0.1 a 0.3,
ρ l ⋅ fly fc'
A variação de τ max fc' com wt é mostrada na Figura 2.12 para seis combinações de
a/h e wl . Para razões de a/h = 1.0 e 2.0, τ max fc' cresce com o aumento de wt , especialmente
para pequenos valores de wt . Para a pequena relação de a/h de 0.5, contudo, τ max fc' decresce
levemente com o aumento de wt . Isto ocorre porque sob grande compressão transversal
efetiva (pequena razão a/h), maior taxa de armadura transversal leva a uma deformação de
compressão relativamente menor, que, por sua vez, leva a um maior “amolecimento”
(softening) do concreto. É razoável estabelecer que a efetividade da armadura transversal
decresce quando a/h decresce de 2.0 para 0.5.
22
ρ t ⋅ fty fc'
de alma é efetiva na redução da abertura das fissuras para todos os níveis de carga e,
particularmente, em vigas com a/d > 1.0. Além disso, verificou-se que, em geral, a armadura
de alma aumenta a resistência última ao cisalhamento, o que pode ser constatado pelo estudo
paramétrico feito por Mau e Hsu (1987; 1989) e representado pelas Figuras 2.11 e 2.12.
Somente para pequenas razões de a/h há um ligeiro decréscimo nessa resistência, quando do
aumento da taxa de armadura transversal.
A ineficiência da armadura transversal para baixas razões de a/h pode também ser
observada nos testes feitos por Kong et al.(1970). Três pares de vigas testadas com a/h ≤ 0.5
estão listados na Tabela 2.1 (Mau e Hsu, 1990) . Em cada par de vigas, a relação a/h e a
porcentagem de armadura longitudinal ( ρ l ) são idênticas, mas a porcentagem de armadura
transversal ( ρ t ) é muito diferente. Pode ser percebido que as três vigas com menor taxa de
experimentais iguais ou até superior àquelas apresentadas por vigas com maior taxa de
armadura transversal ( ρ t = 2.45%). Quando a/h ≤ 0.5 uma taxa geométrica de armadura
Nas últimas três décadas, a maior parte da pesquisa sobre o comportamento de vigas-
parede de concreto armado sob carga última foi concentrada na sua resistência à flexão, ao
cisalhamento e na resistência do apoio. Atualmente, se tornou claro que a flambagem de tais
vigas é um critério de ruptura que precisa ser considerado em projeto (Kong e Wong, 1990).
Estritamente falando, o termo “flambagem” se refere a um processo no qual uma estrutura se
move de um estado de equilíbrio neutro ou indiferente para um estado de equilíbrio instável.
“Ruptura por flambagem” é usada mais livremente para se referir a um estado de ruptura com
pronunciados deslocamentos fora do plano.
Realmente, com os avanços esperados na tecnologia dos materiais, será possível a
utilização de vigas-parede cada vez mais esbeltas, ou seja, com seções transversais cada vez
mais estreitas, e, assim, a flambagem provavelmente ditará o projeto dessas vigas.
Dos quatro principais documentos de projeto de vigas-parede, que são o Código
Canadense (CAN3-A23.3-M84), o Código Americano (ACI 318-95), o Código Modelo CEB-
FIP e o Guia 2 da CIRIA, somente este último apresenta recomendações diretas para o cálculo
25
b. Sob carga adicional, longas fissuras diagonais (Figura 2.13, fissuras ②) são formadas,
26
usualmente com grande ruído. Tipicamente, essas fissuras diagonais iniciam-se não na base,
mas na extensão da altura da viga. Comparando com as vigas-parede espessas, as primeiras
fissuras diagonais principais das vigas esbeltas tendem a se formar a cargas menores e a ser
mais inclinadas sobre a horizontal. A sua direção encontra-se usualmente entre aquela da
linha sólida e aquela da linha tracejada de corte da Figura 2.14;
Figura 2.16 - Viga-parede rompendo por flambagem (viga C-29-0.1; Kong et al., 1986).
28
vigas-parede com "/h = 1.0, com e sem enrijecimento dos apoios, e submetidas a um
carregamento uniformemente distribuído. T e C representam, respectivamente, as forças
resultantes das tensões de tração e de compressão (Leonhardt e Mönning, 1979).
29
(Unidade: mm)
Figura 2.18 - Detalhes das vigas testadas por Schütt (Cusens, 1990).
30
Uma série de testes realizados por Besser (1983) e Cusens e Besser (1985) foi utilizada
para a avaliação dos efeitos, na resistência última de vigas-parede de pequena espessura, de
diferentes combinações de cargas agindo no topo e na base de tais vigas. Este trabalho
constitui-se na pesquisa mais abrangente relatada sobre o tema (Cusens, A. R., 1990).
Detalhes da armadura e as dimensões das dezessete vigas testadas encontram-se na Figura
2.20. Todas possuíam igual geometria e armadura principal, porém, diferentes taxas de
armadura transversal, com diferentes espaçamentos. Na Tabela 2.2 abaixo encontram-se o
espaçamento dos estribos verticais, a taxa de armadura vertical e a notação da viga; na Tabela
2.3 encontram-se listadas as cinco combinações de carregamento.
Tabela 2.2 - Notação, espaçamento e taxa da armadura vertical das vigas ensaiadas.
Dimensões em mm
Apesar das diferenças na armadura vertical, os modelos de fissuração são similares para
as vigas W 1 , W 2 e W 3 sob carregamento L 1 . Sob carregamento L 2 , o desenvolvimento de
armadura. O espaçamento médio entre fissuras na seção vertical central das vigas varia com o
espaçamento da armadura vertical. A Figura 2.21 mostra que para grandes taxas dessa
armadura, o espaçamento médio entre fissuras horizontais é reduzido.
Sob cargas no topo e na base combinadas, o modelo de fissuração é influenciado tanto
pela razão entre os carregamentos do topo e da base quanto pela taxa de armadura vertical.
33
A maior abertura de fissura, para as amostras carregadas no topo (L 1 ), foi gerada por
uma fissura diagonal, e, para as carregadas na base, por uma fissura horizontal. A Figura 2.22
apresenta as máximas aberturas de fissura para o carregamento L 1 . Para as três vigas testadas,
esta medida foi feita a uma altura de 250 mm da base. Examinando-se a Figura 2.22, a abertura
máxima de fissura parece ter se desenvolvido muito similarmente nas vigas W 1 e W 2 .
O ACI 318-95 não tem nenhuma disposição especial para carregamento aplicado na
base e, geralmente, é muito conservativo para as vigas carregadas no topo (Cusens, A. R.,
1990).
35
A título de ilustração, pode ser visto na Figura 2.25 a trajetória de tensões para o
modelo testado M4 (Haque et al., 1986).
37
(a) (b)
Viga-parede com aberturas Viga-parede com aberturas
retangulares na alma. circulares na alma.
Pode-se perceber que os fatores acima listados são os mesmos que influenciam o
comportamento de uma viga-parede sem furos, sendo acrescentados, somente, os parâmetros
relacionados à própria abertura de alma.
39
d. Dimensionamento das bielas, dos tirantes e dos nós - O dimensionamento das bielas e
dos tirantes não consiste somente na definição da seção necessária para absorver as forças
atuantes. Deve-se também assegurar a transferência das forças entre eles através da verificação
das regiões do nó. A resistência das bielas que chegam aos nós e dos tirantes neles ancorados
42
depende do detalhamento escolhido para o nó. Isto ocorre porque o detalhe do nó definido
pelo projetista afeta o fluxo de forças. Caso o seu detalhamento seja modificado, por questões
construtivas, o seu dimensionamento também deverá ser revisto. A título de ilustração serão
mostrados abaixo alguns modelos de bielas e tirantes para vigas-parede simplesmente apoiadas,
submetidas a ações no bordo superior.
O modelo utilizado neste caso pode ser o da Figura 2.29.a, em que a ação
uniformemente distribuída é dividida em duas partes e substituída por forças concentradas
equivalentes. No modelo refinado da Figura 2.29.b, a ação é dividida em quatro partes. Para se
obter as forças nas bielas e nos tirantes torna-se necessário definir geometricamente o modelo,
através do ângulo θ ou do braço de alavanca z. Na Figura, Rc1 e Rc2 são a força na biela
carga permanente com a carga acidental atuante. Schlaich e Schaefer (1989) mostram que o
braço de alavanca z varia linearmente de 0.6 " para " h ≤ 1 até 0.34 " para " h = 2. Assim, o
para vigas-parede com relação " h > 1 e, na Figura 2.31.b, para " h < 1. No segundo caso,
45
surgem tensões de tração significativas próximas à extremidade superior da viga por causa da
introdução da carga. Schlaich e Schaefer (1989) sugerem a utilização de modelos diferentes
dependendo da relação " h . A Figura 2.32.a apresenta um modelo simplificado para " h ≥ 1 e
A Figura 2.33 mostra modelos para 0.5 < " h < 1 (a) e " h ≤ 0.5 (b). No modelo
ilustrado na Figura 2.33.a, o braço de alavanca z 2 varia linearmente de 0.23 " para " h = 1 até
0.44 " para " h = 0.5. Para o modelo da Figura 2.33.b pode-se adotar z 2 = 0.48 " . Para todos
os quatro modelos apresentados o ângulo θ varia linearmente de 68° para " h ≤ 0.8 até 41°
para " h = 2.
O esforço de tração T a ser resistido pela armadura principal é obtido, então, pela
expressão
M
T= (2.3)
z
A carga última para vigas-parede com cargas concentradas aplicadas no bordo superior
é obtida por meio da fórmula (2.4), similar à Fórmula de Kong. Os valores dados aos
coeficientes C1 e C2 abaixo são nominais, não havendo a incorporação de nenhum coeficiente
de segurança, pois a procura está sendo pelo esforço último nominal.
x n
y
Vu = C1 1 − 0.35 f c' bha + C2 ∑ A sen 2 α (2.4)
ha 1 ha
50
C 2 = coeficiente empírico igual a 130 N/mm 2 para barras lisas e 300 N/mm 2 para
barras nervuradas;
A = área, em cm 2 , da barra que intercepta a linha que liga a face interna do apoio à
face externa da placa de aplicação de carga, denominada diagonal crítica;
n = número total de barras que interceptam a linha definida acima, incluindo as
barras da armadura principal;
α = ângulo formado entre a barra e a diagonal crítica (α ≤ π/2);
y = distância do ponto de interseção de cada barra da armadura com a diagonal
crítica ao bordo superior, mostrada na Fig. 2.34.
y
h
α
BARRA DA
ARMADURA
A fórmula representada pela Eq. 2.4 relaciona as principais variáveis que influenciam
na resistência ao cisalhamento e estabelece que a resistência ao cisalhamento da viga é obtida
superpondo-se as resistências oferecidas pelo concreto e pela armadura. A contribuição do
concreto está representada pelo primeiro termo da equação. A quantidade C 1 f c' bha é uma
x x
termo 1 − 0.35 representa a influência da relação . A contribuição da armadura está
ha ha
representada pelo segundo termo da equação. Quando o vão de cisalhamento é muito pequeno
é provável que as tensões admissíveis no apoio limitem a resistência última ao cisalhamento.
O esforço de tração T a ser resistido pela armadura é obtido, então, pela expressão
M
T= (2.6)
z
A resistência última ao cisalhamento deve ser limitada ao menor dos valores obtidos
pelas duas expressões a seguir:
V u = 0.10bhfc'
(2.7)
V u = 0.10blfc'
52
O método visa a segurança das vigas-parede com respeito ao estado limite último e aos
estados limites de utilização (principalmente o estado de fissuração).
a. Resistência à flexão - Para projeto de flexão, a viga-parede é definida como uma viga na
qual a relação " 0 /h é menor do que 1.25, no caso de vigas simplesmente apoiadas, e, menor
do que 2.5, para vigas contínuas.
b. Armadura mínima de tração - A taxa de aço da armadura principal (ρs) não deve ser
menor do que ρ min da Eq. 2.8 abaixo:
onde
ρ min = As bd , As é a área da armadura principal de tração, b é a espessura da viga, d
é a altura útil e f sy é a resistência do aço, dada em N/mm2.
contornadas somenter por bielas de compressão; 0.75 φ c f c' em zonas nodais ancorando um
tirante, ou 0.60 φ c f c' em zonas nodais ancorando tirantes em mais de uma direção, onde φ c é
54
um fator de resistência do material, igual a 0.6 para concreto, e f c' é a resistência à compressão
cilíndrica do concreto.
onde λ é um fator de modificação para levar em conta o tipo de concreto, (λ = 1.0 para
concreto normal) e ε 1 é a deformação principal de tração, cruzando a biela. A Eq. 2.11
considera o fato de que a existência de uma grande deformação principal de tração reduz
consideravelmente a habilidade do concreto de resistir às tensões de compressão.
Para propósitos de projeto, ε 1 pode ser computada como:
ε 1 = ε x + (ε x + 0.002) tg 2θ (2.12)
onde
ε x é a deformação longitudinal do aço e θ é o ângulo de inclinação das tensões
diagonais de compressão com o eixo longitudinal do membro (Figura 2.35).
M V d
v c = 3.5 − 2.5 u 0158
. f c' + 2500ρ s u ≤ 0.5 fc' (2.13)
Vu d Mu
Vu
vu = (2.15)
bd
Deve-se ter
l0
v u ≤ 0.67 fc' para < 2
d
(2.16)
1 l l0
vu ≤ (10 + 0 ) fc' para 2≤ ≤5
18 d d
Nas Eqs. (2.16), f c' deve ser dado em N/mm2, obtendo-se vu também em N/mm2.
Quando a tensão v c é menor do que a tensão v u , a armadura de alma deve ser tal que
a equação abaixo seja satisfeita:
Av 1 + l 0 / d Ah 11 − l0 / d (v u − v c )b
12 + s = (2.17)
sv h 12 fy
57
onde
f y = tensão de escoamento da armadura de alma;
O uso da armadura de alma é obrigatório e ela deve ser disposta de maneira a formar
uma malha ortogonal, observando-se os valores mínimos recomendados.
(a) (b)
Uma viga-parede irá suportar a ação de uma carga aplicada se as ações internas
resultantes puderem ser seguramente sustentadas pelos membros do modelo proposto. O
objetivo do procedimento de projeto, portanto, deve ser o de obter as dimensões desses
membros.
b. Considerando que a armadura de tração escoa antes que a capacidade de carga da porção
horizontal do fluxo de tensões é alcançada, avalie a quantidade de armadura de tração
requerida para satisfazer a condição de equilíbrio das ações internas horizontais;
2.13.9.2 - Descrição
Estágio I
(i) Assuma o modo de ruptura: flexão;
(ii) Use compatibilidade de deformações;
(iii) Determine a carga última Pu1 .
Estágio II
(i) Assuma o modo de ruptura: flexão-cisalhamento ou fendilhamento diagonal;
(ii) Use o critério mostrado na Tabela 2.4 para determinar se a resistência de alma é
controlada pelo concreto ou pela armadura;
(iii) Determine, a partir do equilíbrio das forças horizontais, a altura da zona de
compressão;
(iv) Use o critério apresentado na Tabela 2.5 para determinar o modo de ruptura:
flexão-cisalhamento ou fendilhamento diagonal (cisalhamento);
(v) Determine a contribuição da armadura principal;
(vi) Determine a carga última Pu2 .
Pu1 e Pu2 devem ser comparados: o menor valor dará a carga última prevista PU e o
correspondente modo de ruptura.
Estágio III
Para a carga última prevista, as tensões na placa sob as cargas aplicadas e as tensões no
apoio devem ser checadas e mantidas dentro de limites aceitáveis.
62
A carga última é calculada pela Eq. (2.18). Os vários parâmetros da equação fazem
contribuições apropriadas para um caso específico de uma viga. Há quatro situações possíveis,
as quais são as seguintes:
aplicada e de 0.70 f c' sobre a área de suporte (apoio) da viga seria apropriada para propósito
de avaliação da carga de ruptura. Subedi (1988), contudo, salienta que esses valores não são
recomendações de projeto.
Mau e Hsu (1987) propõem, inicialmente, para cálculo da carga última de vigas-
parede, um método iterativo numérico baseado nas condições de equilíbrio, de compatibilidade
e na relação tensão-deformação de um elemento de cisalhamento, levando-se em conta o
processo de “amolecimento” (softening) do concreto. Este elemento, que se encontra
apresentado na Figura 2.39, está sujeito às tensões mostradas na Figura 2.40, na qual p é a
tensão de compressão efetiva (efeito da compressão transversal) e v é a tensão de
cisalhamento média. Nota-se que quanto maior a relação a/h, menor é o valor de p, dando a
mesma força cisalhante V. Portanto, p pode ser desenvolvida como uma função de V e a/h.
Ainda na Figura 2.40, α é o ângulo de inclinação da biela em relação ao eixo " , o qual
representa a direção longitudinal (horizontal); f " e f t simbolizam, respectivamente, a tensão
no concreto, no sistema de coordenadas " -t; σ "s e σts representam, respectivamente, a tensão
Contudo, pelo fato de a solução iterativa não ser conveniente para projetos práticos, foi
desenvolvida pelos mesmos pesquisadores (Mau e Hsu, 1989) uma fórmula de aplicação
imediata, a partir das três equações de equilíbrio, para cálculo da resistência ao cisalhamento
67
Uma fórmula adimensional foi obtida através do uso das equações de equilíbrio
somente e manipulação de parâmetros. A fórmula inclui quatro constantes que foram
calibradas utilizando-se resultados experimentais, chegando-se à seguinte fórmula explícita:
τ max 1
= K (wl + 0.03) + K 2 (wl + 0.03) + 4(wl + 0.03)(wt + 0.03) ≤ 0.3
2
(2.19)
fc'
2
com as limitações
wl = ρ l ⋅ fly fc' ≤ 0.26 e wt = ρ t ⋅ fty fc' ≤ 0.12
e onde
K = 2 dv / h 0 < a/h ≤ 0.5 (2.20)
dv 4 h 1
K= 3 a − 2 0.5 < a/h ≤ 2 (2.21)
h
K=0 a/h > 2 (2.22)
item 2.6.
A fórmula (Eq. 2.19) foi calibrada a partir de dados experimentais disponíveis dentro
dos seguintes intervalos:
68
"0
a. 0.95 ≤ ≤ 3.3;
d
b. 0 ≤ ( ρ wl = Awl / bsh ) ≤ 0.0091;
c. 0.0018 ≤ ρ t ≤ 0.0245;
d. 0 ≤ ρ 's ≤ 0.92%;
onde
ρ wl - taxa geométrica de armadura longitudinal de alma;
Awl - área de armadura longitudinal de alma;
É proposta por Siao (1993) uma equação para o cálculo da carga última de
cisalhamento de vigas-parede, a partir de um modelo de bielas e tirantes refinado, através do
equilíbrio das forças apresentadas no modelo.
69
2.13.11.2 - Descrição
Assim, tem-se:
VU = 18
. f t bd
onde
a resistência à tração por fendilhamento do concreto, f t , vale 6.96 f c' (psi), equivalendo a
0.578 f c' (MPa), de acordo com a Tabela de Conversão de Unidades apresentada no início
do presente trabalho.
Quando a armadura de alma está presente, obtém-se:
VU = 105
. f c' bd [1 + n( ρ h sen 2 θ + ρ v cos 2 θ )] (Unidades do SI) (2.24)
onde
n - razão modular entre o aço da armadura de alma e o concreto ( E s E c );
ρ h , ρ v - taxa geométrica de armadura de alma horizontal e vertical, respectivamente.
70
O segundo termo da Eq. (2.24) leva em conta a presença da armadura de alma, a qual é
suposta ter uma deformação similar àquela do concreto antes da fissuração.
Para o cálculo da resistência última à flexão, Siao (1995) sugere que se faça o
equilíbrio de momentos das forças externas e das forças internas, e que z tenha o valor de d.
A Tabela 3.1 apresenta título, autor(a) e objetivo dos três trabalhos de base teórico-
experimental referidos acima, além da análise feita e das principais variáveis consideradas nos
mesmos. Todas as vigas ensaiadas foram submetidas à ação de duas cargas concentradas
aplicadas a 1/3 e a 2/3 do vão teórico, com exceção das vigas que apresentavam "/h = 2.0, as
quais foram submetidas a um carregamento uniformemente distribuído.
As nomenclaturas originais das 37 vigas não foram mantidas. Optou-se por uma
notação mais uniformizada, sistemática, apresentada a seguir.
TÍTULO DO PRINCIPAIS
ANÁLISE OBJETIVO
TRABALHO VARIÁVEIS
E AUTOR(A)
Neste trabalho foi criada, para as 37 vigas, uma notação uniformizada, de modo que
através dela certas características de cada viga, como a geometria, a taxa geométrica de
73
P/2 P/2
x x
A A
"
CORTE A-A b
ba
c "o c
"t
Grupo 1
A notação é feita da maneira descrita abaixo, nesta ordem:
1. Todas as vigas sem armadura de alma e com armadura de alma são representadas pela letra
V e W, respectivamente;
2. As vigas altas ("/h = 1.0), médias ("/h = 1.5) e baixas ("/h = 2.0) são representadas pelas
letras A, M e B, respectivamente;
74
Grupo 2
Os itens 1 e 2 citados para o Grupo 1 também são válidos para o Grupo 2.
6. Assim como o item 5 do Grupo 1, após o traço encontra-se o número 12 ou 18: 12 indica
c = 120 mm e 18 indica c = 180 mm.
75
Todas as 37 vigas descritas a seguir apresentam um vão teórico (") de valor constante e
igual a 1200 mm. A Tabela 3.2 apresenta os valores das dimensões das vigas, cujas notações
encontram-se na Figura 3.1. Pelas Tabelas 3.3 e 3.5 obtêm-se, respectivamente, as
características geométricas das armaduras e as características do aço. Na Tabela 3.4,
encontram-se os valores de carga última obtidos experimentalmente (PU(TESTE)), a comparação
das cargas de fissuração e da carga de escoamento com a carga última, o modo de ruptura
apresentado por cada viga e as características do concreto utilizado na execução das
mesmas. Nesta tabela, F significa Flexão, C significa Cisalhamento e FC, Flexão-
Cisalhamento; a ruptura local no apoio está designada por L(A) e a local sob os pontos de
aplicação de carga, por L(C).
São testadas dezesseis vigas-parede, divididas em duas séries de oito vigas. Cada uma
das séries possui um valor para "/h e, das oito vigas, somente quatro possuem armadura de
alma. A espessura dos pilares de enrijecimento dos apoios é variável. As vigas da Série 1
correspondem às de número 10 a 17 na Tabela 3.2, e as da Série 2 correspondem às de
número 18 a 25.
76
Em todas as vigas com "/h = 1.5 foram aplicadas, no bordo superior, duas cargas
concentradas, ao passo que nas com "/h = 2.0 foi aplicado um carregamento uniformemente
distribuído. A armadura principal é constituída de 6 φ 10.0 mm e ancorada por ganchos
horizontais. A armadura de alma é constituída por uma malha ortogonal, formada por oito
barras horizontais e oito estribos verticais, todas com φ = 6.3 mm. São utilizadas barras
deformadas de aço CA 50B para o diâmetro de 10.0 mm, enquanto que as barras com 6.3 mm
de diâmetro são lisas, de aço CA 60A. Na Tabela 3.5, correspondendo aos números 4 e 5,
encontram-se as características do aço utilizado na execução das vigas, de acordo com o
exposto na Tabela 3.3. Detalhes da aplicação dos carregamentos e da disposição das
armaduras podem ser obtidos diretamente de Vasconcelos (1982).
Na Tabela 3.4, pode ser observado que o autor utiliza a mesma resistência cilíndrica à
compressão e a mesma resistência cilíndrica à tração por fendilhamento para todas as vigas.
Bitola (φ) fy f su εy Es
No (mm) (N/mm ) 2 (N/mm2) (mm/m) (N/mm2)
1 6.3 597 812 - 2.125⋅105
2 8.0 534 730 3.0 2.125⋅105
3 10.0 582 887 3.1 2.125⋅105
4 6.3 680 820 5.0 2.290⋅105
5 10.0 600 790 4.3 2.500⋅105
6 4.2 628 786 5.1 2.030⋅105
7 6.3 582 774 4.8 2.050⋅105
8 8.0 594 794 4.9 2.082⋅105
9 10.0 512 798 4.5 2.051⋅105
As informações e observações estão listadas abaixo, onde 2 C.C. significa duas cargas
concentradas e C.U.D. significa carregamento uniformemente distribuído.
1. Em todas as vigas, as primeiras fissuras que se formam são as de flexão (tipo ① - Figura
3.2), surgindo no centro do vão (exatamente no meio deste ou um pouco deslocadas) e
quando a carga aplicada atinge cerca de 30% da carga última, no caso de 2 C.C.. Elas se
desenvolvem no sentido vertical, atingindo cerca de 2/3 da altura das vigas.
81
2. As vigas altas (WAP5-18, WAE5-12, WAP7-18 e WAE7-12) ensaiadas por Velasco (1984)
e todas as vigas ensaiadas por Guimarães (1980) apresentam um mesmo intervalo da
razão carga de fissuração/carga última ( Pf 1 PU ): de 23% a 33%, excetuando-se somente a
viga VM11-12, que apresenta Pf 1 PU = 43%. Nas vigas ensaiadas por Vasconcelos
(1982), submetidas a ação de 2 C.C., essa carga de fissuração situa-se entre 24% e 45%
de PU, tendo como valor médio 33%. Nas vigas baixas analisadas por Velasco, as primeiras
fissuras de flexão surgem para uma razão Pf 1 PU entre 12% e 21%, sendo que os
maiores valores são apresentados pelas vigas enrijecidas. Para as vigas submetidas a um
C.U.D. ensaiadas por Vasconcelos, esta taxa diminui, ficando em torno de 15% de PU, ou
seja, caindo à metade do valor obtido para o caso da aplicação de 2 C.C..
a 2 C.C., possuindo poucos valores discrepantes, o que está de acordo com os resultados
obtidos por Smith e Vantsiotis (1982), que observaram que as cargas que levam ao
aparecimento da fissura inclinada variam entre 40% e 50% das cargas últimas respectivas.
Deve-se atentar para o fato de que essa semelhança de resultados foi obtida apesar das
diferenças (às vezes bastante significativas) das relações "/h, a/d e da taxa geométrica de
armadura entre as vigas ensaiadas por Velasco, Guimarães e Vasconcelos, e as ensaiadas
por Smith e Vantsiotis. Para as vigas analisadas por Vasconcelos, sujeitas a um C.U.D., o
valor de 50% observado para a razão Pf 2 / PU cai para 25%, em média.
as vigas altas ("/h = 1.0), em torno de 70% de PU, sendo esta a mesma porcentagem
apresentada pelas vigas ensaiadas por Vasconcelos, com "/h = 1.5. Para as vigas
submetidas a um C.U.D. a razão Pf 3 / PU é de 50%, em média.
8. Nas vigas com menor taxa de armação, os alongamentos das barras são mais acentuados
do que nas vigas com maior taxa de armação.
83
9. Todas as vigas com maior taxa de armação não apresentam, na curva carga x deformação,
o trecho que representa o comportamento inelástico das vigas.
10. A ancoragem da armadura principal merece atenção especial, pois não é raro que, após o
surgimento das fissuras de cisalhamento, os alongamentos da armadura nos pontos
próximos aos apoios ultrapassem os alongamentos medidos no meio do vão.
11. O enrijecimento dos apoios não parece causar nenhum efeito significativo nos
alongamentos da armadura principal na seção média das vigas.
12. Nas vigas com enrijecimento dos apoios há uma tendência de a ruptura ocorrer segundo
uma fissura crítica na região entre o ponto de aplicação das cargas e os apoios, pela
concentração de tensões nessa região, principalmente nas vigas sem armadura de alma,
para vigas submetidas à ação de 2 C.C..
13. A teoria é comprovada: Para todas as vigas, a distribuição das tensões horizontais de
flexão não é linear, e a linha neutra se localiza mais para baixo quando da comparação com
as vigas comuns. Além disso, também é observado que, após a fissuração, à medida que a
carga é aumentada, a linha neutra se desloca para cima, diminuindo a área comprimida e
aumentando o braço de alavanca. Nas vigas enrijecidas a linha neutra apresenta-se mais alta
do que nas não enrijecidas. À proporção que o número e a abertura das fissuras crescem,
mais o comportamento das vigas se afasta do previsto para a fase elástica.
14. Os pilares laterais, geralmente, não modificam o mecanismo de ruptura das vigas
analisadas, mas provocam uma pequena variação na carga última das vigas.
15. Com a redução da espessura das vigas, há um pequeno aumento no número de fissuras,
não havendo alteração na configuração das mesmas.
84
16. Comprova-se a teoria de que a armadura de alma é necessária para o controle da abertura
de fissuras; as vigas sem armadura de alma exibem espessura de fissuras consideravelmente
maior na ruptura.
18. As deflexões, mesmo sob cargas elevadas e em vigas de pequena espessura, são pequenas,
não chegando a prejudicar a estética e a funcionalidade do membro estrutural.
4 4
3 3
1
2 2
4. RESULTADOS
Nas tabelas a seguir, as vigas assinaladas com o símbolo • apresentaram ruptura local.
Na Tabela 4.1, no final deste capítulo, encontra-se, para cada uma das 37 vigas-parede
consideradas, a carga última experimental (PU(TESTE)) e a comparação desta com a carga última
calculada pelo método do CEB-FIP (1978) (PU(CEB78)), representada pela razão RCEB78, onde
86
PU (CEB 78)
RCEB 78 = . Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , RCEB78 ) para cada uma das vigas
PU (TESTE )
1 .0 0
0 .8 0
P U (C E B 78 )/P U (TE S TE )
0 .6 0
0 .4 0
0 .2 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( CEB 78)
Figura 4.1 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
4.3 - CAN3-A23.3-M84
PU (CAN 84 )
Na Tabela 4.1 encontra-se a razão RCAN 84 , onde RCAN 84 = , sendo PU (CAN84) a
PU (TESTE )
carga última calculada pelo código canadense, e na Tabela 4.2 encontra-se o valor de c ' CAN84,
sendo c ' CAN84 a largura média da biela inclinada, para cada uma das vigas.
87
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , R CAN 84 ) para cada viga estão mostrados na
Figura 4.2.
1 .0 0
0 .8 0
P U (C A N 84)/P U (TE S TE )
0 .6 0
0 .4 0
0 .2 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( CAN 84 )
Figura 4.2 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga última
calculada pelo método do ACI 318-95 (PU(ACI95)) e a carga última experimental (PU(TESTE))
PU ( ACI 95)
através da razão RACI95, onde R ACI 95 = .
PU (TESTE )
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , RACI95) para cada uma das 37 vigas
1 .0 0
P U (A C I9 5)/P U (T ES TE ) 0 .8 0
0 .6 0
0 .4 0
0 .2 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( ACI 95)
Figura 4.3 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga última
calculada pelo método do Caminho da Força Compressiva (P U(CFC)) e a carga última
PU (CFC )
experimental (PU(TESTE)), através da razão RCFC , sendo RCFC = . Na Tabela 4.2
PU (TESTE )
encontra-se o valor de c ' CFC (maior valor entre a/3 e a largura do apoio) e o valor de c '' CFC
para cada viga, sendo c '' CFC a largura da biela inclinada que satisfaz o equilíbrio citado no item
c da Fig. 2.37. Na referida tabela, também encontra-se a comparação dos valores de c ' CFC e de
c '' CFC com os de c ' CAN84 .
89
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , R CFC ) para cada uma das 37 vigas estão
1 .6 0
1 .2 0
P U (C FC )/P U (T E S TE )
0 .8 0
0 .4 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( CFC )
Figura 4.4 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga última
calculada pelo método de Análise para Vigas-parede Biapoiadas proposto por Subedi (1988)
(PU(AVPB)) e a carga última experimental (PU(TESTE)), através da razão RAVPB, onde
PU ( AVPB )
R AVPB = . Na Tabela 4.2 encontra-se o modo de ruptura previsto pelo método em
PU (TESTE )
90
questão, para cada viga. Nesta Tabela, F significa Flexão e C, Cisalhamento (fendilhamento
diagonal) .
1 .6 0
1 .2 0
P U (A V P B )/P U (T E S TE )
0 .8 0
0 .4 0
0 .0 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( AVPB )
Figura 4.5 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
Na Tabela 4.1 encontram-se as razões (valores de RMTA) entre a carga última obtida
pela fórmula explícita representada pelas Eqs. 2.19 e 2.23 (P U(MTA)) e a obtida
experimentalmente (PU(TESTE)) para todas as vigas ensaiadas por Guimarães (1980),
Vasconcelos (1982) e Velasco (1984). Também para efeito de comparação, encontram-se na
mesma tabela as razões RRA e RPS, obtidas, respectivamente, através da utilização da fórmula de
91
Na Tabela 4.1 há dois valores de RRA, pois dois valores de carga última para a fórmula
de Ramakrishnan e Ananthanarayana são encontrados. Na segunda coluna estão os resultados
obtidos utilizando-se para f t o valor encontrado experimentalmente; na primeira coluna estão
π
VU = f t bh (4.1)
2
x A
VU = 0.8bh1 − 0.6 200 + 0188
. f c' + 21300 st (4.2)
h bh
PU ( RA) PU ( PS ) PU ( MTA )
Na Tabela 4.1 tem-se: RRA = , R PS = , R MTA = , onde
PU (TESTE ) PU (TESTE ) PU (TESTE )
PU(RA), PU(PS) e PU(MTA) significam, respectivamente, a carga última obtida pela fórmula de
92
O símbolo *, que aparece após alguns valores de RMTA, na Tabela 4.1, encontra-se nas
vigas que rompem por cisalhamento, estão sob a ação de duas cargas concentradas aplicadas
no bordo superior e que obedecem às condições explicitadas de a. até e. no item 2.13.10.2.
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , R MTA ) para cada uma das 37 vigas analisadas
2 .0 0
1 .6 0
P U (M TA )/P U (TE S TE )
1 .2 0
0 .8 0
0 .4 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( MTA )
Figura 4.6 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
93
A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga última
calculada pelo método do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado (P U (MBTR)) e a carga última
PU ( MBTR )
experimental (PU (TESTE) ), explicitada pela razão R MBTR , sendo R MBTR = .
PU (TESTE )
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , R MBTR ) para cada uma das 37 vigas estão
2 .0 0
1 .6 0
P U(M B TR )/P U (TE S T E )
1 .2 0
0 .8 0
0 .4 0
2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0 1 0 0 0 .0 0
P U (TE S TE ) (kN )
PU ( MBTR )
Figura 4.7 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
94
VIGA PU (TESTE) RCEB78 R CAN 84 RACI95 R CFC RAVPB RRA RPS RMTA R MBTR
(kN)
VM11-12 480.0 0.63 0.34 0.74 0.82 0.81 1.56 1.26 1.35 1.15 0.84
VM21-18 430.0 0.70 0.43 0.73 0.91 0.89 1.53 1.25 1.30 1.17 0.94
VM21-24 450.0 0.58 0.45 0.65 0.86 0.75 1.35 1.09 1.14 1.06 0.90
VM12-12 546.0 0.65 0.74 0.64 1.19 0.80 1.30 1.03 1.19 1.61 1.33
VM22-18/25 596.0 0.58 0.74 0.57 1.28 0.71 1.17 0.96 1.10 1.42 1.19
VM22-24 460.0 0.48 0.61 0.59 1.35 0.59 1.21 0.79 1.12 1.17 1.23
WM12-12 652.0 0.53 0.59 0.70 1.24 0.79 1.07 0.88 1.05 1.30* 1.11
WM22-18/25 750.0 0.48 0.61 0.62 1.22 0.81 0.95 0.75 0.96 1.17* 0.99
WM22-24 670.0 0.46 0.58 0.64 1.22 0.96 0.98 0.74 1.00 1.12* 1.02
•VB13-18 570.0 0.41 0.58 0.41 0.90 0.33 0.87 0.60 0.73 0.97 0.86
VB23-18 840.0 0.28 0.39 0.28 0.62 0.23 0.59 0.40 0.49 0.66 0.58
VB33-18 766.0 0.30 0.43 0.30 0.70 0.25 0.65 0.44 0.54 0.72 0.64
VB43-18 810.0 0.29 0.41 0.29 0.66 0.23 0.61 0.42 0.51 0.68 0.60
•WB13-18 800.0 0.29 0.35 0.39 0.67 0.36 0.62 0.42 0.80 0.69 0.63
WB23-18 883.0 0.26 0.30 0.35 0.61 0.32 0.56 0.38 0.54 0.63 0.57
•WB33-18 718.0 0.32 0.46 0.43 0.74 0.40 0.69 0.47 0.60 0.77 0.70
WB43-18 960.0 0.24 0.33 0.32 0.56 0.30 0.52 0.35 0.56 0.58 0.52
•VM12-18 403.0 0.77 0.82 0.79 1.11 0.92 1.64 1.12 1.51 1.90 1.67
•VM22-18/26 550.0 0.56 0.60 0.58 1.35 0.68 1.20 0.82 1.10 1.39 1.23
•VM32-18 540.0 0.57 0.61 0.59 1.41 0.69 1.23 0.84 1.12 1.42 1.25
VM42-18 540.0 0.57 0.61 0.59 1.24 0.69 1.23 0.84 1.12 1.42 1.25
•WM12-18 694.0 0.45 0.47 0.62 1.11 0.89 0.95 0.65 0.94 1.10 0.99
•WM22-18/26 650.0 0.48 0.51 0.66 1.13 0.95 1.02 0.70 1.01 1.18 1.06
•WM32-18 584.0 0.53 0.56 0.73 1.01 1.06 1.13 0.77 1.12 1.31 1.18
•WM42-18 600.0 0.52 0.55 0.71 1.10 1.03 1.10 0.75 1.09 1.27 1.15
WMP51-18 370.0 0.44 0.61 0.62 0.67 0.91 0.92 0.75 0.89 1.13 0.74
WME51-12 390.0 0.41 0.26 0.58 0.67 0.85 0.86 0.71 0.81 1.05 0.71
WMP53-18 450.0 0.38 0.65 0.49 0.90 0.77 0.78 0.67 0.73 0.92* 0.78
WME53-12 380.0 0.38 0.43 0.53 0.99 0.80 0.84 0.63 0.84 0.91* 0.85
WMP71-18 520.0 0.46 0.37 0.63 0.73 0.73 0.97 0.80 0.91 1.14 0.77
WME71-12 520.0 0.46 0.52 0.63 0.73 0.68 0.97 0.76 0.89 1.14 0.77
WMP72-18 520.0 0.42 0.70 0.60 1.15 0.73 0.58 0.70 0.90 1.03* 0.96
WME72-12 500.0 0.42 0.47 0.61 1.03 0.69 0.94 0.70 0.88 1.04* 0.98
•WAP5-18 520.0 0.50 0.49 0.70 0.76 1.22 1.02 0.87 1.05 1.34 0.81
WAE5-12 510.0 0.51 0.39 0.71 0.64 1.23 1.04 0.79 1.04 1.35 0.82
WAP7-18 630.0 0.50 0.39 0.75 0.78 1.17 1.12 0.83 1.08 1.27 0.98
WAE7-12 700.0 0.49 0.37 0.70 0.85 1.13 1.05 0.77 1.01 1.25 0.88
* indica as vigas que apresentam todas as condições necessárias para a aplicação do método
do Modelo de Treliça com Amolecimento;
Tabela 4.1 - Carga última determinada experimentalmente (PU(TESTE)) para cada viga
e a sua comparação com a carga última obtida por vários métodos.
95
' ''
c ' CAN84 c ' CFC c '' CFC c CFC c CFC MODO DE
' '
VIGA c CAN 84 c CAN 84 RUPTURA
(mm) (mm) (mm)
PREVISTO
VM11-12 131.7 133.3 90.4 1.012 0.686 F
VM21-18 165.8 180.0 115.9 1.086 0.699 F/C*
VM21-24 199.2 240.0 135.8 1.205 0.682 C*
VM12-12 160.1 133.3 168.1 0.833 1.050 C
VM22-18/25 200.2 180.0 206.9 0.899 1.033 C
VM22-24 251.6 240.0 265.8 0.954 1.056 C
WM12-12 184.5 133.3 219.0 0.722 1.187 C
WM22-18/25 215.2 180.0 238.7 0.836 1.109 C
WM22-24 243.6 240.0 249.1 0.985 1.022 C
•VB13-18 210.4 180.0 180.8 0.855 0.859 C
VB23-18 212.7 180.0 184.2 0.846 0.866 C
VB33-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C
VB43-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C
•WB13-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C
WB23-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C
•WB33-18 214.9 180.0 187.4 0.838 0.872 C
VM12-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C
•VM12-18 168.1 180.0 136.1 1.071 0.810 C
•VM22-18/26 201.5 180.0 223.4 0.893 1.109 C
•VM32-18 203.7 180.0 227.9 0.884 1.119 C
VM42-18 190.8 180.0 201.0 0.943 1.053 C
•WM12-18 204.8 180.0 230.1 0.879 1.123 C
•WM22-18/26 200.4 180.0 221.2 0.898 1.104 C
•WM32-18 179.9 180.0 175.9 1.000 0.978 C
•WM42-18 188.8 180.0 196.4 0.953 1.040 C
WMP51-18 208.1 180.0 139.5 0.865 0.670 F*
WME51-12 185.8 133.3 150.0 0.717 0.807 F/C*
WMP53-18 239.2 180.0 220.8 0.753 0.923 C
WME53-12 231.3 133.3 247.1 0.576 1.068 C
WMP71-18 210.8 180.0 146.0 0.854 0.693 C*
WME71-12 185.7 133.3 146.0 0.718 0.786 C*
WMP72-18 252.3 180.0 257.2 0.713 1.019 C
WME72-12 219.8 133.3 230.0 0.606 1.046 C
•WAP5-18 224.8 180.0 188.2 0.801 0.837 F
WAE5-12 193.2 133.3 156.8 0.690 0.811 F*
WAP7-18 227.6 180.0 201.5 0.791 0.885 F*
WAE7-12 206.8 133.3 222.8 0.644 1.077 F*
* Modo de ruptura previsto pelo método de Análise de Vigas-parede Biapoiadas é diferente do
obtido experimentalmente; não foram consideradas as vigas que romperam localmente.
Tabela 4.2 - Valores de c ' CAN84, c ' CFC e c '' CFC e a comparação entre eles,
modo de ruptura previsto pelo método de Análise para Vigas-parede
Biapoiadas (segundo Subedi), para cada uma das 37 vigas consideradas.
CAPÍTULO V
Neste capítulo serão apresentados os comentários sobre a grande maioria dos métodos
descritos no item 2.13 do Capítulo II e a análise dos resultados obtidos no Capítulo IV.
No cálculo da média e do desvio padrão da razão R (PU(PREVISTA) /PU(TESTE)) para cada
método não serão considerados os dados provenientes das vigas que romperam localmente, a
menos que seja dito o contrário.
c. A Eq. 2.4 se aplica somente ao intervalo de 0.23 a 0.70 para x ha . Contudo, a partir de
alguns resultados de testes realizados posteriormente (Kong et al., 1986), acredita-se que
a equação citada pode ser aplicada ao intervalo de 0 a 0.70 para x ha ;
97
d. No lado direito da Eq. 2.4, a quantidade C1 f c' bha é uma medida da capacidade de
carga da biela de concreto, ao longo da linha Y-Y apresentada na Figura 2.34. Da figura, é
visto que a capacidade cresce com o ângulo α; na Eq. 2.4, o fator (1 − 0.35x ha ) leva em
conta a observação experimental do modo no qual esta capacidade é reduzida com α (com
g. Embora o conceito de projeto seja diferente no ACI 318-95 (1995) e no Guia 2 da CIRIA
(1977), há algumas similaridades. Por exemplo, ambos assumem que a ruptura de vigas-
parede ocorre a partir de uma fissura diagonal principal que se estende do apoio ao ponto
de aplicação da carga. A capacidade de suporte de carga última é calculada usando regras
empíricas nas quais as contribuições do concreto, da armadura de alma e das barras
principais são incorporadas. O ACI 318-95 impõe um limite máximo de capacidade de
carga baseado na resistência do concreto e o Guia 2 da CIRIA impõe um limite similar
baseado no valor limite da tensão de cisalhamento última permitida numa viga;
h. O Guia 2 da CIRIA assume que a contribuição das barras horizontais, incluindo a armadura
principal, depende somente da posição da barra com respeito ao topo da viga. Em certas
vigas, porém, a contribuição assim determinada não é precisa. Em vigas com grande
quantidade de armadura principal de tração a ruptura ocorre por fendilhamento diagonal, e
o aço principal de tração não é totalmente efetivo;
i. A Eq. 2.4 mantém sua atenção nas características básicas do que é, na realidade, um
complexo mecanismo de transferência de carga. Isto é feito desconsiderando-se
quantidades as quais são menos importantes comparadas com os elementos principais;
k. Considerando as vigas-parede ensaiadas, obtém-se uma média de 0.86 para a razão RCIRIA
(PU(TESTE)/ PU(CIRIA)) e um desvio padrão de 0.21 para a mesma. Para as vigas submetidas a
um carregamento uniformemente distribuído e que não romperam localmente, RCIRIA
oscilou entre 0.50 e 0.60, valores bem conservativos. Os valores mais discrepantes (mais
afastados da unidade) de RCIRIA foram encontrados para a viga VM12-12 (RCIRIA = 1.19) e
99
m. Todas as vigas ensaiadas por Velasco apresentaram valores de RCIRIA conservativos, porém
relativamente próximos da unidade. RCIRIA oscilou entre 0.77 e 0.93, gerando o valor médio
de 0.87 e o desvio padrão de 0.042. Pode-se concluir que a Eq. 2.4 gera melhores
resultados para vigas-parede esbeltas do que para as comuns (“grossas”), pelo menos
quando a relação b/h varia de 10.7 a 24, que é o caso das vigas em questão. Em relação ao
que foi comentado no item anterior, deve-se atentar para o fato de que todas essas vigas
apresentavam armadura de alma.
e. Uma comparação entre a carga última de vigas-parede com 1 ≤ "/h ≤ 2 rompendo por
flexão e a carga correspondente ao escoamento da armadura calculada a partir das
expressões (2.5) e (2.6), pode ser encontrada na referência (Guimarães, 1980). Na mesma
referência também se encontra uma comparação entre o esforço cortante último calculado
pelas expressões (2.7) e o esforço real de vigas-parede com 1 ≤ "/h ≤ 2 rompendo por
cisalhamento. Como resultado, percebe-se que o método aqui apresentado fornece valores
conservativos, e, geralmente, bem conservativos tanto em relação à resistência última à
flexão quanto ao esforço cortante último;
f. A carga de escoamento calculada pelo método, baseada numa análise no regime elástico, é
sempre menor do que a real, pois o braço de alavanca adotado é sempre menor do que o
real, o que foi comprovado experimentalmente por Velasco (1984);
g. Como pode ser notado, as expressões (2.7) são dependentes somente da resistência à
compressão do concreto e das dimensões da viga. A relação a/h (no caso de aplicação de
carga concentrada) ou " h (no caso de carga distribuída) não é considerada, assim como
a contribuição da armadura de alma. Contudo, o CEB-FIP recomenda o uso desta última,
observando-se a disposição (estribos horizontais e verticais, formando uma malha
ortogonal) e os valores mínimos estabelecidos para a mesma, com a finalidade de manter
pequena a abertura de fissuras;
101
h. As duas expressões apresentadas para o cálculo do braço de alavanca (Eqs. 2.5) mostram
que este varia a uma pequena razão com a altura h. Quando a altura excede o vão, z se
torna independente da altura da viga;
i. Nas expressões representadas pelas Eqs. (2.5) para cálculo de z não é considerada a
influência da taxa geométrica de armadura;
k. Melo (1984) salienta que, de modo geral, para um dado valor de ρs (taxa geométrica de
armadura principal de tração), há um pequeno aumento na relação z/d quando a relação
" h é diminuída. É importante ressaltar que esta tendência vai de encontro às
recomendações do CEB78, que estabelecem que z cresce com " h ;
m. Considerando-se todas as vigas, exceto as que romperam localmente, tem-se para a média
de RCEB78 o valor de 0.46 e, para o desvio padrão, o valor de 0.12;
n. Para todas as vigas, com exceção das vigas VM11-12 e VM21-18, WAP5-18 e WAE5-12,
a carga última foi obtida a partir da limitação do cortante. Desta maneira, levando-se em
consideração as observações feitas nos itens a e g acima pode-se concluir que realmente as
Eqs. (2.7) não são adequadas para o cálculo da resistência última de cisalhamento, pois
representam limitações impostas que reduzem demasiadamente essa resistência;
5.3 - CAN3-A23.3-M84
c. Pela CAN84, no modelo de bielas e tirantes considerado, devem ser feitas verificações de
tensões na zona nodal superior, na zona nodal inferior, na biela horizontal e na biela
inclinada, esta última tanto no topo quanto na base;
e. Na obtenção da carga última resistida pelas vigas são levados em conta quase todos os
principais parâmetros que influenciam a resistência ao cisalhamento de vigas-parede (ver
item 2.6), ausentando-se somente os parâmetros relacionados à armadura de alma;
f. É necessário garantir, no projeto, que a armadura seja detalhada tal que as forças
requeridas nos tirantes possam ser obtidas;
i. Em relação ao comentário feito no item anterior, para o caso de vigas que rompem por
flexão ou por flexão-cisalhamento, deve ser acrescentado que a CAN84 não apresenta um
método de cálculo de resistência à flexão e, sim, uma recomendação de taxa geométrica de
armadura principal mínima a ser utilizada;
j. Para todas as 37 vigas-parede, a carga última prevista (PU(CAN84)) apresentada na Tabela 4.1
acabou não sendo determinada por equilíbrio de momentos, e, sim, através das verificações
de tensões feitas na zona nodal superior, na zona nodal inferior, ou, ainda, na base da biela
inclinada. Como todos os resultados encontrados foram conservativos, e, muitas vezes,
bem conservativos, pode ser concluído que essas verificações de tensões nas bielas e nos
nós não são suficientemente adequadas. O CEB-FIP de 1990 considera que a tensão média
em qualquer superfície ou seção de um nó singular não deve exceder, considerando valores
nominais, o valor de 0.85 f c' [1 - f c' /250] (MPa) para a resistência de nós onde somente
bielas se encontram e o valor de 0.60 f c' [1 - f c' /250] (MPa) para a resistência de nós onde
barras da armadura principal são ancoradas. Os valores obtidos a partir das duas
expressões acima são próximos dos obtidos pela norma canadense, porém, inferiores aos
mesmos. Assim, o CEB-FIP de 1990 apresenta valores de resistência dos nós ainda mais
conservativos do que os obtidos pela norma canadense;
k. Na comparação dos valores da largura da biela inclinada obtidos pelo método do Caminho
da Força Compressiva e pela CAN84 (ver Tabela 4.2) encontra-se para a média da razão
c’CFC/c’CAN84 o valor de 0.850 e o desvio padrão de 0.132, e para a média da razão
c”CFC/c’CAN84 o valor de 0.931 e o desvio padrão de 0.147. Nos cálculos, foram
consideradas todas as vigas, inclusive as que romperam localmente. Pode-se perceber que
os valores de largura de biela inclinada determinados a partir do método do Caminho da
Força Compressiva estão próximos dos obtidos através da norma canadense.
104
que, no caso do ACI 318-95, as duas expressões apresentadas resultam no mesmo valor de
ρ s para um f c' de 30.65 N/mm2 (em torno de 4444 psi). Assim, a obtenção da taxa
mínima de armadura de flexão é comandada pela segunda expressão ( ρ s ≥ 200 f y ) se a
viga-parede a ser dimensionada tiver f c' < 30.65 N/mm2 e, pela primeira ( ρ s ≥ 3 f c' f y ),
b. O ACI 318-95 não contém recomendações detalhadas para o projeto de vigas-parede por
flexão, exceto que a não linearidade de distribuição de deformações e a flambagem lateral
devem ser consideradas;
d. O Código considera que a armadura de alma horizontal é mais efetiva do que a vertical. No
g. O método não avalia a resistência última das vigas-parede e, sim, faz recomendações que,
se observadas, permitem o dimensionamento de uma peça com boa margem de segurança
quanto à sua resistência última e, simultaneamente, obedecendo a certos critérios relativos
aos estados de utilização, sobretudo o de fissuração (Guimarães, 1980);
h. Há similaridades entre o ACI 318-95 e o Guia da CIRIA, apesar das diferenças no conceito
de projeto: ambos os métodos assumem que a ruptura de vigas-parede ocorre a partir de
106
uma fissura diagonal principal que se estende do apoio ao ponto de aplicação da carga. A
capacidade de suporte de carga última é obtida através de regras empíricas nas quais as
contribuições do concreto, da armadura de alma e armadura principal são incorporadas;
j. De um ponto de vista teórico, o método apresentado pelo ACI pode não satisfazer a
condição de compatibilidade, a menos que os materiais (concreto e aço) sejam assumidos
ter plasticidade infinita;
k. Todos os valores obtidos para RACI95 mostrados na Tabela 4.1 foram inferiores à unidade,
inclusive para as vigas que romperam localmente;
l. Considerando-se as vigas que não romperam localmente, tem-se para a média e o desvio
padrão de RACI95 , o valor de 0.57 e de 0.14, respectivamente. O baixo valor encontrado
para a média de RACI95 deve-se, provavelmente, aos vários fatores comentados nos itens
acima;
a. No cálculo da força que age na biela horizontal e da força que age na biela inclinada, não é
levado em conta que a tensão atuante não é f c' , e, sim, algum valor menor do que f c' ,
107
b. Para a biela inclinada é considerada uma largura de a/3 ou a própria largura do apoio, se o
valor desta última for superior ao da primeira. Pelo método, deve-se ajustar a largura da
viga, b, caso a largura a/3 citada acima não satisfaça o equilíbrio de forças. Contudo, como
as vigas utilizadas já estavam com armadura, dimensões e carregamento pré- determinados,
e somente a carga última era procurada, essa checagem de equilíbrio não influenciou o
valor da carga última resultante, pois as dimensões das vigas não poderiam ser mudadas,
independentemente da obtenção ou não do equilíbrio considerado. Como foi obtida a carga
última experimental para todas as vigas, o que significa que os ensaios foram realizados até
que as vigas fossem rompidas, o valor de bc ' f c' sen ϕ , considerando-se c ' igual ao maior
valor entre a/3 e a largura do apoio, deveria ser sempre igual ou inferior à reação de
apoio. Todavia, isto não ocorreu nas vigas VM11-12, VM21-18, VM21-24, WMP51-18,
WME51-12, WMP71-18, VM12-18 e WM32-18, o que significa que, por este método,
estas vigas não deveriam ter rompido com a carga determinada. Isto se deve
particularmente ao fato de não ter sido considerado um fator de redução para a tensão de
compressão nas bielas e de ter-se usado o valor a/3 já comentado para a largura da biela
inclinada, não se determinando realmente esta largura;
c. Pelo método, são utilizadas somente equações de equilíbrio; não são levadas em
consideração equações de compatibilidade e relações de tensão-deformação, conforme as
estabelecidas no método do Modelo de Treliça com Amolecimento;
e. Na Tabela 4.2 encontram-se os valores de c ' CFC e de c '' CFC, definidos no item 4.5. Para as
vigas submetidas a carregamento uniformemente distribuído os valores de c ' CFC e de c '' CFC
108
obtidos foram muito próximos entre si. Para as demais há valores discrepantes, com
algumas exceções;
f. A média (µ) e o desvio padrão (σ) de RCFC para as 26 vigas-parede que não romperam
localmente foram de 0.91 e de 0.25, respectivamente;
g. As vigas que romperam localmente deveriam apresentar para RCFC um valor superior à
unidade, pois romperam prematuramente e, assim, não alcançaram sua capacidade máxima
de carga. Porém, do mesmo modo como obtido para o método do Modelo de Bielas e
Tirantes Refinado (item 5.8), os valores da razão entre a carga última prevista e a
experimental foram inferiores à unidade para as vigas submetidas a carregamento
uniformemente distribuído com rompimento local. O mesmo aconteceu com a viga
WAP5-18;
k. Todas as vigas ensaiadas por Velasco (1984), com exceção da viga WMP72-18 e da
WME72-12, apresentaram resultados conservativos. Os melhores resultados foram obtidos
109
para as vigas WMP53-18 ( RCFC = 0.90) e WME53-12 ( RCFC = 0.99) e o valor de RCFC
mais afastado da unidade foi encontrado para a viga WAE5-12 ( RCFC = 0.64). Analisando
as duplas de vigas que se diferenciam fundamentalmente pela presença ou não de rigidez
nos apoios, pode-se concluir que não houve influência dessa rigidez nos resultados de
RCFC para as vigas médias com taxa geométrica de armadura 1.
a. No caso da resistência à flexão, o autor do presente método (Subedi, 1988) sugere que a
carga última seja obtida a partir de compatibilidade de deformações, da mesma maneira que
nas vigas comuns, ou seja, é sugerida a utilização de um diagrama linear de deformações.
Contudo, é sabido que, numa viga-parede, tanto o diagrama de deformações quanto o de
tensões em qualquer seção da viga exibe um comportamento não linear;
c. O método proposto examina cada viga pela sua capacidade na seção do meio do vão e na
sua alma. A mais fraca das duas regiões irá decidir seu modo de ruptura e a resistência
última;
e. O método proposto apresenta uma fórmula para uso no Estágio II, a partir do equilíbrio
de forças no plano inclinado considerado. Nessa fórmula estão presentes os principais
parâmetros que influenciam o modo de ruptura da viga e sua resistência última. Esses
parâmetros englobam a resistência dos materiais ( f c' , f wy e f sy ), a quantidade de armadura
f. O autor desse método de análise (Subedi, 1988), para validação do método proposto,
utiliza para comparação de carga última e do modo de ruptura os resultados previstos com
os resultados obtidos através do ensaio de 19 vigas-parede realizado por ele próprio
(Subedi, 1986), de 35 vigas-parede ensaiadas por Kong (Kong et al., 1970) e de 52
vigas-parede ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982). Os resultados obtidos foram
razoáveis, em média, mas chegando a apresentar vários valores discrepantes de carga
última, principalmente para as vigas ensaiadas por Kong e Smith e Vantsiotis (ver item
6.2.2);
h. As vigas com " /h = 2.0 apresentaram uma relação R AVPB muito baixa, variando de 0.23 a
0.40. Como essas foram as únicas vigas ensaiadas que apresentavam como carregamento
uma carga uniformemente distribuída no bordo superior e tendo em vista que todas as 158
vigas utilizadas por Subedi para validação do método eram submetidas à ação de duas
cargas concentradas, pode-se concluir que alguma modificação deve ser necessária no
método para torná-lo aplicável a vigas sujeitas a cargas distribuídas;
111
i. Na previsão do modo de ruptura das 37 vigas, não foi encontrado nenhum mecanismo de
ruptura de flexão-cisalhamento, o que seria o caso para as vigas VM21-18, VM21-24,
WMP51-18, WME51-12, WMP71-18, WME71-12, WAP7-18 e WAE7-12; ou seja: o
método não conseguiu prever corretamente o modo de ruptura em se tratando de flexão-
cisalhamento;
k. A média obtida para RAVPB foi de 0.72 e o desvio padrão de 0.27. Nos cálculos, não
foram considerados os valores relativos às vigas que sofreram ruptura local. Se as vigas
submetidas a um carregamento uniformemente distribuído não forem consideradas, esses
valores mudam para 0.83 e para 0.17, respectivamente;
b. Na fórmula explícita (2.19) está presente o parâmetro w " , definido como taxa mecânica de
armadura longitudinal. No cálculo desse parâmetro está presente ρ " , que é a taxa
112
e. São utilizados valores limites para w " e para w t , pois é considerado que a resistência
última ao cisalhamento pode não ser controlada pelo escoamento do aço. Em tais casos, a
Eq. (2.19) é ainda aplicável com os limites superiores de w " e w t , mas os resultados
f. Toda a dedução para se chegar à fórmula (2.19) é feita a partir de uma viga-parede
biapoiada submetida à ação de duas cargas concentradas no bordo superior. A validação do
método é realizada com base na comparação dos resultados de carga última de 63 vigas-
parede, 15 das quais ensaiadas por Kong (Kong et al., 1970), 46 ensaiadas por Smith e
Vantsiotis (1982) e 2 por de Paiva e Siess (1965). Todas as vigas acima referidas
romperam por cisalhamento, estavam submetidas a duas cargas concentradas aplicadas no
bordo superior e obedeciam aos limites estipulados de a até e no item 2.13.10.2. Os
resultados obtidos foram bastante razoáveis, obtendo-se para RMTA, sendo RMTA =
PU(MTA)/PU(TESTE), o valor médio de 1.01 e o desvio padrão de 0.08;
g. Considerando-se somente as vigas marcadas com o símbolo *, que são aquelas que
apresentam as condições recomendadas para a aplicação da fórmula explícita representada
113
pela Eq. 2.19, além de romperem por cisalhamento e serem submetidas a forças
concentradas no bordo superior, que são as condições utilizadas no desenvolvimento de
todo o processo do método iterativo numérico que gerou a fórmula simplificada, tem-se
para a média (µ) e o desvio padrão (σ) de R MTA , 1.07 e 0.14, respectivamente. Por estes
valores apresentados, pode-se dizer que a previsão feita para a carga última de
cisalhamento é bem razoável. Contudo, é necessário salientar que somente 7 das 37 vigas-
parede ensaiadas apresentaram essas condições e que, assim, nenhuma conclusão definitiva
pode ser concebida com base nesses resultados;
i. Pode ser notado pela Tabela 4.1 que todas as vigas que foram submetidas a carregamento
uniformemente distribuído, tanto com quanto sem armadura de alma, independentemente
do seu modo de ruptura, apresentaram resultados conservativos;
j. Todas as vigas apresentaram resultados de carga última prevista não conservativos, com
exceção daquelas submetidas a um carregamento uniformemente distribuído e das vigas
WMP53-18 e WME53-12.
de Paiva e Siess (de Paiva e Siess, 1965), para cálculo da carga última, foram utilizadas por
Mau e Hsu, autores do método em questão, para comparação de resultados em Mau e Hsu
(1989), o que tornou interessante a utilização de ambas também no presente trabalho, para
efeito de comparação de resultados. Os comentários sobre as referidas fórmulas encontram-se
a seguir.
a f c' através da fórmula f t = 7.2 f c' (com f c' em psi), sem grande erro, equivalente à
f t = 0.598 f c' (MPa). O valor de f t utilizado para a previsão da carga última também foi
A média (µ) e o desvio padrão (σ) de RRA foram de 0.88 e 0.16, respectivamente,
para as vigas assinaladas com *. Para as 26 vigas que não romperam localmente, tem-se 0.97
para a média (µ) dos valores da primeira coluna de RRA e ,para o desvio padrão (σ) respectivo,
0.29. Para os valores da segunda coluna de RRA tem-se, respectivamente, 0.76 e 0.24 para a
média e o desvio padrão. Desse modo, para as 26 vigas consideradas, os dois valores de
desvio padrão encontrados foram relativamente altos, donde se conclui que a fórmula
representada pela Eq. (4.1) não gera resultados adequados para uma grande parte das vigas.
A fórmula proposta por de Paiva e Siess (Eq. 4.2) é uma modificação de uma fórmula
mais primitiva, de Laupa, Siess e Newmark (1989). Ela leva em conta a geometria da viga
(incluindo o vão livre de cisalhamento), a resistência à compressão cilíndrica do concreto e a
armadura longitudinal total (armadura principal + armadura horizontal de alma), não
considerando a armadura de alma transversal.
Para as vigas assinaladas com *, a média (µ) e o desvio padrão (σ) de RPS foram de
0.91 e 0.11, respectivamente. Para as 26 vigas que não romperam localmente tem-se 0.92 para
o valor médio de RPS e 0.24 para o desvio padrão respectivo. Assim sendo, a fórmula
proposta por de Paiva e Siess também apresentou um desvio padrão relativamente alto quando
de sua aplicação nas vigas consideradas e, dessa maneira, também não fornece uma boa
aproximação de carga última.
a. Siao (1995) obtém uma fórmula para o cálculo da resistência última ao cisalhamento de
vigas-parede, a partir do equilíbrio de forças de um modelo refinado de bielas e tirantes. Na
116
fórmula apresentada, todos os principais parâmetros (ver item 2.6) que influenciam a
resistência ao cisalhamento de tais vigas são levados em conta (direta ou indiretamente);
b. Siao (1995) sugere que a resistência à flexão seja calculada através do equilíbrio de
momentos das forças externas (carga aplicada e reação de apoio) e das forças internas
(força de compressão resistente do concreto e força de tração da armadura principal), que
é essencialmente o procedimento de cálculo adotado pelo CEB-FIP de 1978. Há uma
diferença, contudo, no cálculo do braço de alavanca utilizado, em relação ao utilizado por
este último. Siao sugere que z tenha o mesmo valor de d. Assim, o braço de alavanca
estaria relacionado somente com a altura da viga, sendo negligenciada a sua variação com
o comprimento da viga e com a taxa geométrica de armadura principal da mesma;
c. Não é feita nenhuma verificação de tensão nas bielas, nos nós e nas ancoragens;
fórmula f t = 6.96 f c' (psi), equivalente à f t = 0.578 f c' (MPa). O valor assim
encontrado difere um pouco do valor recomendado pelo ACI 318-95 (1995), que é o
obtido através da fórmula f t = 6.7 f c' (psi), equivalente à f t = 0.556 f c' (MPa);
e. Siao (1995) apresenta uma tabela com as cargas de ruptura previstas pelo método, para
comparação com as cargas de ruptura reais para 35 vigas-parede. Nesta comparação, ele
obtém para PU Pp (carga última / carga prevista) um valor médio de 1.01 e um desvio
padrão de 0.12. Todas as cargas últimas previstas que constam na tabela apresentada são
obtidas a partir da fórmula (2.24). Contudo, 10 das vigas analisadas, apesar de terem
rompido por fendilhamento diagonal na prática, apresentaram uma carga calculada de
ruptura por flexão menor do que a de cisalhamento e, assim, a carga última de flexão é que
deveria estar presente na tabela, para essas vigas. Considerando a referida carga para as 10
vigas citadas, o valor médio de PU Pp aumentaria, assim como o desvio padrão;
117
sendo ρ " definido como a taxa geométrica de armadura longitudinal, a qual abrange a
g. Para as vigas-parede ensaiadas, a média (µ) de R MBTR foi de 0.88 e o desvio padrão (σ)
encontrado foi de 0.22. Nesse cálculo não foram consideradas as vigas que romperam
localmente;
i. Todas as 12 vigas ensaiadas por Velasco, independentemente de serem altas (h = 1200 mm)
ou médias (h = 800 mm) e de possuírem menor ou maior taxa geométrica de armadura
principal e de, ainda, terem espessura de 50.0 ou 75.0 mm, apresentaram resultados de
carga última conservativos, porém próximos dos reais. Para as vigas WMP51-18 e
WME51-12 foram encontrados os piores resultados de R MBTR , ou seja, os mais afastados
da unidade: 0.75 e 0.71, respectivamente. Analisando as duplas de vigas que se diferenciam
basicamente por possuírem ou não rigidez nos apoios, pode-se concluir que a presença
dessa rigidez não influenciou significativamente os resultados de R MBTR obtidos;
j. As vigas médias, ensaiadas por Velasco, com maior taxa geométrica de armadura principal
apresentaram resultados melhores (mais próximos da carga última experimental) do que as
mesmas com menor taxa;
118
l. Para todas as vigas que romperam localmente, dever-se-ia ter um valor de R MBTR superior
à unidade, pois as mesmas não atingiram sua capacidade máxima de carga. Contudo, isso
não se verifica para nenhuma das vigas submetidas a carregamento uniformemente
distribuído e que romperam localmente, e nem para as vigas WAP5-18 e WM12-18. Esta
última, porém, apresentou R MBTR = 0.99, indicando que o rompimento local ocorreu
praticamente simultaneamente à obtenção da resistência última;
n. Todas as vigas ensaiadas por Vasconcelos submetidas à ação de duas cargas concentradas
apresentaram resultados não conservativos, excetuando-se somente a viga WM12-18 já
referida no item l;
p. É interessante notar que todas as vigas que romperam por flexão ou por flexão-
cisalhamento tiveram sua carga última prevista obtida através da fórmula de flexão, já
comentada no item b, ou seja, o resultado de resistência última obtido por esta fórmula foi
inferior ao obtido pela fórmula de cálculo da resistência de cisalhamento. Já as que
romperam por cisalhamento tiveram sua carga última prevista obtida a partir da fórmula
representada pela Eq. (2.24), indicando que a carga última de cisalhamento assim
encontrada foi inferior à obtida pela fórmula de flexão. Desta maneira, o método, apesar
de não ter a intenção de prever o modo de ruptura das vigas, acaba por fazê-lo com
grande precisão, tendo em vista que não há uma formulação específica de cálculo de carga
última para flexão-cisalhamento.
CAPÍTULO V I
uma análise global de resultados obtidos a partir dessas vigas com aqueles encontrados a
partir das 37 vigas-parede ensaiadas por Guimarães (1980), Vasconcelos (1982) e Velasco
(1984), visando obter, dentre os métodos pesquisados, o que melhor se adapte ao
dimensionamento de tais vigas.
As = 1φ19.0 mm = 284mm2 com f sy = 292.0 MPa; ρh para as Séries 6 e 7 foi tomado como
Na Tabela 6.3 encontram-se as propriedades das barras constituintes das armaduras das
52 vigas.
Como o valor de f t não era um dado disponível dos ensaios, o seu cálculo foi feito a
partir da expressão (6.1).
1-30 0.52 0.00 2.45 285.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 21.9 2.88
1-25 0.63 0.00 2.45 285.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 25.0 3.02
1-20 0.79 0.00 2.45 285.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 21.7 2.84
1-15 1.09 0.00 2.45 285.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 21.7 2.84
1-10 1.73 0.00 2.45 285.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 22.1 2.88
2-30 0.52 0.00 0.86 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 19.6 2.67
2-25 0.63 0.00 0.86 309.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 19.0 2.60
2-20 0.79 0.00 0.86 309.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 20.3 2.74
2-15 1.09 0.00 0.86 309.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 23.2 2.95
2-10 1.73 0.00 0.86 309.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 20.5 2.78
3-30 0.52 2.45 0.00 285.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 23.0 2.90
3-25 0.63 2.45 0.00 285.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 21.4 2.81
3-20 0.79 2.45 0.00 285.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 19.6 2.66
3-15 1.09 2.45 0.00 285.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 22.3 2.94
3-10 1.73 2.45 0.00 285.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 23.1 2.75
4-30 0.52 0.86 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 22.4 2.62
4-25 0.63 0.86 0.00 309.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 21.4 2.81
4-20 0.79 0.86 0.00 309.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 20.5 2.93
4-15 1.09 0.86 0.00 309.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 22.4 2.62
4-10 1.73 0.86 0.00 309.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 23.1 2.75
5-30 0.52 0.61 0.61 285.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 18.9 2.55
5-25 0.63 0.61 0.61 285.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 19.6 2.66
5-20 0.79 0.61 0.61 285.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 20.5 2.93
5-15 1.09 0.61 0.61 285.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 22.3 2.94
5-10 1.73 0.61 0.61 285.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 23.0 2.90
6-30 0.52 0.51 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 26.6 3.11
6-25 0.63 0.51 0.00 309.0 635 254 1.2 1.28 0.43 0.40 0.28 25.6 3.04
6-20 0.79 0.51 0.00 309.0 508 254 1.5 1.62 0.54 0.50 0.35 26.6 3.11
6-15 1.09 0.51 0.00 309.0 381 254 2.0 2.22 0.74 0.67 0.47 26.6 3.11
6-10 1.73 0.51 0.00 309.0 254 254 3.0 3.53 1.18 1.00 0.70 25.6 3.04
7-30A 0.52 0.00 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 25.6 3.04
7-30B 0.52 0.17 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 26.6 3.11
7-30C 0.52 0.34 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 25.6 3.04
7-30D 0.52 0.68 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 21.7 2.74
7-30E 0.52 0.85 0.00 309.0 762 254 1.0 1.05 0.35 0.33 0.23 21.7 2.74
Tabela 6.1 - Propriedades das 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970).
124
Tabela 6.2 - Propriedades das 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982).
Tabela 6.4 - Propriedades das 19 vigas ensaiadas por de Paiva e Siess (1965).
uma das 49 vigas consideradas estão mostrados na Figura 6.1. Para estas vigas, a média de
R CAN 84 obtida foi de 0.45 e o desvio padrão, de 0.15. Estes valores estão muito próximos dos
respectivos valores de média e de desvio padrão de RCAN84 obtidos para as vigas-parede que
constam da Tabela 4.1 e que não romperam localmente. Todos os resultados obtidos são
conservativos.
127
A carga última prevista (PU(CAN84)) para todas as vigas apresentadas na Tabela 6.5 não
foi determinada por equilíbrio de momentos, e, sim, através da verificação de tensões feita na
base da biela inclinada. Desta maneira, conforme já comentado no item j de 5.3, os valores de
carga última acabam por ser demasiadamente conservativos, indicando que essa verificação de
tensões restringe esses valores além do que deveria.
1 .0 0
0 .8 0
P U (C A N 84)/P U (TE S TE )
0 .6 0
0 .4 0
0 .2 0
0 .0 0
1 0 0 .0 0 2 0 0 .0 0 3 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0
P U (TE S T E ) (kN )
PU ( CAN 84 )
Figura 6.1 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
128
PU ( TESTE ) MODO DE
VIGAS (kN) RCAN84 RUPTURA RAVPB RMTA RMBTR
PREVISTO
1-30 477.72 - F 0.94* 1.06 0.98
1-25 448.36 - F 0.82* 1.09 0.85
1-20 378.97 - F/C 0.72 1.08 0.80
1-15 328.26 - C 0.48 0.88 0.67
1-10 178.81 - C 0.40 1.01 0.78
2-30 498.18 - F 0.90* 0.97 0.94
2-25 448.36 - F/C 0.82 0.97 0.85
2-20 430.57 - C 0.58 0.89 0.70
2-15 279.33 - C 0.58 1.05 0.79
2-10 172.58 - C 0.34 0.87 0.80
3-30 552.44 - C 1.34 - 1.21
3-25 451.03 - C 1.05 - 1.17
3-20 415.44 - C 0.68 - 0.95
3-15 318.48 - C 0.52 - 0.94
3-10 172.58 - C 0.45 - 1.06
4-30 483.94 - F/C 1.41 - 1.20
4-25 402.10 - C 1.07 - 1.16
4-20 361.18 - C 0.76 - 0.99
4-15 218.84 - C 0.71 - 0.83
4-10 191.26 - C 0.39 - 0.89
5-30 478.60 - F 1.38* 1.15 1.10
5-25 416.33 - C 1.10 1.13 1.06
5-20 345.16 - C 0.77 1.13 1.03
5-15 254.42 - C 0.61 1.22 1.06
5-10 155.68 - C 0.47 1.17 1.11
6-30 593.36 - C 1.26 - 1.00
6-25 531.98 - C 0.97 - 0.93
6-20 489.28 - C 0.76 - 0.81
6-15 345.16 - C 0.57 - 0.84
6-10 196.60 - C 0.45 - 0.90
7-30A 505.29 - F 0.89* - 1.15
7-30B 599.59 - F 0.99* - 0.98
7-30C 518.64 - F/C 1.39 - 1.15
7-30D 527.53 - C 1.22 - 1.07
7-30E 594.25 - C 1.10 - 0.96
Continua
Tabela 6.5
129
PU ( TESTE ) MODO DE
VIGAS (kN) RCAN84 RUPTURA RAVPB RMTA RMBTR
PREVISTO
0A0-44 279.07 0.79 C 0.50 - -
0A0-48 272.22 0.82 C 0.52 - -
1A1-10 322.48 0.54 C 0.40 0.97 0.89
1A3-11 296.68 0.57 C 0.50 1.03 0.96
1A4-12 282.45 0.52 C 0.52 0.97 0.97
1A4-51 341.87 0.59 C 0.44 0.99 0.90
1A6-37 368.16 0.57 C 0.42 0.94 0.86
2A1-38 348.99 0.63 C 0.43 1.06 0.89
2A3-39 341.16 0.55 C 0.50 0.99 0.86
2A4-40 343.83 0.58 C 0.66 1.01 0.90
2A6-41 323.81 0.55 C 0.80 1.01 0.94
3A1-42 322.03 0.51 C 0.40 0.97 0.91
3A3-43 345.43 0.52 C 0.49 0.95 0.88
3A4-45 357.08 0.58 C 0.64 0.99 0.90
3A6-46 336.27 0.58 C 1.00 1.01 0.94
0B0-49 298.02 0.52 C 0.44 - -
1B1-01 294.90 0.54 C 0.45 1.00 1.05
1B3-29 287.12 0.50 C 0.43 0.96 1.04
1B4-30 280.67 0.54 C 0.46 1.01 1.09
1B6-31 306.69 0.44 C 0.40 0.87 0.98
2B1-05 257.98 0.51 C 0.45 1.16 1.13
2B3-06 262.43 0.51 C 0.57 1.13 1.12
2B4-07 252.20 0.45 C 0.77 1.10 1.13
2B4-52 299.80 0.75 C 0.66 1.10 1.06
2B6-32 290.45 0.46 C 0.67 1.05 1.05
3B1-08 261.54 0.30 C 0.38 1.03 1.04
3B1-36 317.90 0.43 C 0.39 1.06 0.96
3B3-33 316.70 0.38 C 0.48 0.99 0.94
3B4-34 310.02 0.40 C 0.63 1.02 0.98
3B6-35 332.26 0.42 C 0.84 1.05 0.96
4B1-09 306.91 0.30 C 0.35 0.92 0.93
Continua
Tabela 6.5
130
PU ( TESTE ) MODO DE
VIGAS (kN) RCAN84 RUPTURA RAVPB RMTA RMBTR
PREVISTO
0C0-50 231.30 0.40 C 0.42 - -
1C1-14 237.97 0.32 C 0.39 0.88 1.21
1C3-02 246.86 0.40 C 0.43 0.94 1.25
1C4-15 261.99 0.40 C 0.42 0.91 1.21
1C6-16 244.64 0.40 C 0.44 0.95 1.29
2C1-17 248.20 - C 0.37 0.98 1.19
2C3-03 207.28 0.43 C 0.57 1.15 1.41
2C3-27 230.63 0.35 C 0.51 1.03 1.27
2C4-18 249.09 0.35 C 0.62 1.00 1.23
2C6-19 248.20 - C 0.62 1.01 1.24
3C1-20 281.56 0.34 C 0.36 1.07 1.10
3C3-21 249.98 0.20 C 0.47 0.96 1.10
3C4-22 255.32 0.26 C 0.60 1.04 1.07
3C6-23 274.44 0.27 C 0.78 1.00 1.09
4C1-24 293.12 0.27 C 0.33 0.97 1.03
4C3-04 257.09 0.27 C 0.46 1.04 1.14
4C3-28 304.69 - C 0.39 0.91 0.99
4C4-25 305.13 0.22 C 0.50 0.88 0.97
4C6-26 318.92 0.29 C 0.68 0.96 1.01
0D0-47 146.78 0.30 C 0.44 - -
4D1-13 174.81 0.11 C 0.31 - -
G33S-12 169.02 - - - 0.99 0.89
G33S-32 202.83 - - - 0.83 0.74
Na Tabela 6.5 encontram-se a a carga última experimental (PU (TESTE)), a razão RAVPB
(PU(AVPB)/PU(TESTE)) e o modo de ruptura previsto pela análise para as 35 vigas ensaiadas por
Kong et al. (1970) e para as 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982). Na referida
tabela, F significa Flexão e C significa Cisalhamento. Os pontos com coordenadas
( PU (TESTE ) , R AVPB ) encontrados na Tabela 6.5 para cada uma das 87 vigas consideradas são
1 .6 0
1 .2 0
P U (A V P B )/P U (T E S TE ) 0 .8 0
0 .4 0
0 .0 0
1 0 0 .0 0 2 0 0 .0 0 3 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 5 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0
P U (TE S T E ) (kN )
PU ( AVPB )
Figura 6.2 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
Vários valores discrepantes de carga última tanto para as vigas ensaiadas por Kong
quanto para as ensaiadas por Smith e Vantsiotis foram obtidos. Para as vigas ensaiadas por
132
Kong, a média de RAVPB (sendo R AVPB = PU ( AVPB ) PU ( TESTE ) ) obtida foi de 0.82 e o desvio
padrão foi de 0.32; RAVPB variou de 0.34 a 1.41. No caso das vigas ensaiadas por Smith e
Vantsiotis, a média de RAVPB foi de 0.51, e, o desvio padrão, de 0.14; RAVPB variou de 0.31 a
1.00. Ou seja: no primeiro caso, a média de RAVPB encontrada é razoável, e, o desvio padrão,
alto; no segundo caso, a situação se inverte: o desvio padrão é razoável, contudo o valor da
média de RAVPB é muito baixo, indicando uma carga última média prevista de praticamente
metade do valor experimental.
Para as vigas ensaiadas por Kong, as discrepâncias de carga última encontradas foram
explicadas por Subedi (1988), autor do método em questão, a partir das condições de suporte
das vigas, que geravam restrições (cuja magnitude dependia de vários fatores), e das altas
tensões encontradas nos apoios e sob os pontos de aplicação de carga. Para as vigas ensaiadas
por Smith e Vantsiotis, os valores conservativos encontrados, segundo Subedi, podem ser
decorrentes de uma possível restrição inadvertidamente introduzida no arranjo de teste,
afetando a livre deformação das vigas e resultando em altos valores de carga última
experimental.
Contudo, as explicações dadas por Subedi para justificar a falta de adequação dos
resultados obtidos para a grande maioria das vigas ensaiadas por Kong e por Smith e Vantsiotis
podem não ter fundamento tendo em vista que os resultados de carga última gerados pelo
Método da Treliça com Amolecimento apresentaram-se muito mais próximos dos reais e
nenhum problema relacionado com os apoios foi salientado. Deve ser comentado, porém, que
o Método da Treliça com Amolecimento só é aplicado a vigas-parede com armadura de alma
horizontal e vertical e, assim, os valores de carga última previstos só foram obtidos para as
vigas com esse tipo de armadura.
Somente 6.9% do total das 87 vigas consideradas para essa análise não apresentaram
concordância do modo de ruptura real com o previsto.
Pela Tabela 6.5 pode ser notado que para as vigas 3-30, 4-30, 5-30, 6-30, 7-30C,
7-30D e 7-30E as cargas de ruptura reais são muito menores do que as cargas de ruptura
previstas respectivas. Para as vigas com h = 508 mm ou h = 635 mm, o modo de ruptura
previsto e a resistência última geralmente concordam razoavelmente bem com os resultados
experimentais. Para as vigas de menor altura (h = 381 mm ou h = 254 mm) a previsão se torna
menos precisa à medida que a altura decresce. É interessante notar que para cada uma das
133
entre a carga última prevista pelo método do Modelo de Treliça com Amolecimento ( PU ( MTA ) )
e esta, para as vigas ensaiadas por Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e
Siess (1965) que obedecem às restrições de a até e do item 2.13.10.2.
Os pontos com coordenadas (PU(TESTE) , RMTA), que encontram-se na Tabela 6.5, para
cada uma das 63 vigas consideradas, estão mostrados na Figura 6.3. A Tabela 6.7 a seguir
contém a média e o desvio padrão calculados para R MTA , considerando todas as 63 vigas
relacionadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo, considerando, em separado,
somente 15 vigas ensaiadas por Kong e somente 46 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis.
Não há a necessidade da obtenção desses parâmetros de comparação para as vigas ensaiadas
por de Paiva e Siess, pois somente 2 vigas estudadas experimentalmente por estes
pesquisadores constam da Tabela 6.5.
134
1 .3 0
1 .2 0
P U (M TA )/P U (TE S TE )
1 .1 0
1 .0 0
0 .9 0
0 .8 0
1 0 0 .0 0 2 0 0 .0 0 3 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 5 0 0 .0 0
P U (TE S T E ) (kN )
PU ( MTA)
Figura 6.3 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
A partir das 63 vigas analisadas presentes na Tabela 6.5, obtém-se para a média e o
desvio padrão de R MTA os valores de 1.01 e 0.08, respectivamente, que podem ser
considerados muito bons. Contudo, a fórmula explícita (2.19) obtida a partir do modelo de
treliça com amolecimento só gera bons resultados quando aplicada a vigas cujos parâmetros se
encontram dentro de certos intervalos (ver item 2.13.10.2) e, portanto, apesar de ser uma
fórmula prática, sua utilização é restrita. Por exemplo, do total das 37 vigas-parede cujas
propriedades foram apresentadas no Capítulo III, somente 7 possuíam relações de parâmetros
135
que obedeciam aos limites estipulados. Desse modo, para a estimativa de carga última das
outras vigas torna-se-ia necessário se recorrer a outros métodos de cálculo. Além disso, dentre
as sete vigas citadas, três apresentaram valores de R MTA bem acima da unidade.
Deve ser salientado, ainda, que a grande maioria das 63 vigas analisadas neste item
havia sido utilizada para a calibração da fórmula explícita (Eq. 2.19) e, dessa maneira,
resultados de carga última próximos dos reais já eram esperados.
Na Tabela 6.5 encontra-se a comparação entre a carga última prevista pelo método do
Modelo de Bielas e Tirantes Refinado ( PU ( MBTR ) ) e a carga última experimental ( PU ( TESTE ) ),
através da razão R MBTR , para 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970), 46 ensaiadas por
Smith e Vantsiotis (1982) e 2 ensaiadas por de Paiva e Siess (1965).
Os pontos com coordenadas ( PU ( TESTE ) , R MBTR ) que constam da Tabela 6.5, para cada
1 .6 0
1 .4 0
1 .0 0
0 .8 0
0 .6 0
1 0 0 .0 0 2 0 0 .0 0 3 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 5 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0
P U (TE S T E ) (kN )
PU ( MBTR )
Figura 6.4 - Gráfico PU ( TESTE ) x PU ( TESTE ) .
última prevista é maior do que a real para essas vigas e que, assim, o método estaria
trabalhando contra a segurança nesses casos.
Pelas Figuras 2.41 e 2.42 é observado que o ângulo θ pode variar de 0 a 90º, medido a
partir da horizontal, sendo, assim, um ângulo do 1º quadrante. Para θ > 45º, tem-se
senθ > cosθ e sen2θ > cos2θ; para θ < 45º, tem-se cosθ > senθ e cos2θ > sen2θ; para θ = 45º,
tem-se senθ = cosθ e sen2θ = cos2θ. Na Eq. (2.24) estão presentes os parâmetros f´c , b, d, a
z 0.9d
relação Es/Ec e as parcelas ρh sen2θ e ρv cos2θ, onde θ = arctg = arctg . Desse modo,
a a
pela Eq. (2.24) a parcela ρh sen2θ será mais efetiva do que a parcela ρv cos2θ quando θ > 45º
e, menos, quando θ < 45º, ou seja: no primeiro caso o peso da armadura de alma horizontal é
maior do que o da armadura vertical e, no segundo caso, a situação se inverte.
O mecanismo de ruptura real apresentado pelas 83 vigas consideradas foi o de
cisalhamento. Contudo, os valores de carga última mostrados, na mesma tabela, para as vigas
da Série 1 (1-30, 1-25, 1-20, 1-15, 1-10) e da Série 2 (2-30, 2-25, 2-20, 2-15, 2-10) ensaiadas
por Kong foram determinados a partir da equação de flexão (ver item 2.13.11.2) e não a partir
da Eq. (2.24), pois o valor de carga última obtido por esta foi superior ao obtido pela primeira.
Como conseqüência, os resultados de RMBTR obtidos para a maioria das vigas das Séries 1 e 2
foram relativamente baixos. Observando-se todos os valores de RMBTR encontrados na Tabela
6.5, nota-se que dos cinco menores valores, quatro foram obtidos para vigas dessas duas
séries.
A Eq. (2.24) proposta prevê a resistência ao cisalhamento de vigas-parede de forma
bem aproximada quando a/h ≤ 1.04. Pela Figura 6.5 pode ser percebido que para a/h ≥ 1.29 a
validade da Eq. (2.24) declina rapidamente porque o comportamento de viga-parede não mais
se aplica. De acordo com dados obtidos de trabalho experimental de Subedi (Subedi, 1988), é
percebido que quando a/h > 1.04 a suposição de comportamento de viga-parede resulta em
uma superestimação da resistência real ao cisalhamento. Ainda da Figura 6.5, pode-se dizer
que a curva apresentada é formada por três partes: uma reta (k=1), uma zona de transição
(1.1 < a/h < 1.3) e uma curva em declive.
Siao (1993, 1995) sugere que a Eq. (2.24) seja usada com um fator de modificação k,
que representa a razão entre a resistência ao cisalhamento real e a prevista pela própria
138
equação, obtido a partir do gráfico da Figura 6.5, onde k = 1 quando a/h ≤ 1.0 e k < 1 quando
a/h > 1.0. A Eq. (2.24) torna-se, então:
VU = 105
. [ (
f c' kbd 1 + n ρ h sen 2 θ + ρ v cos 2 θ )] Eq. (6.1a)
7.1 - CONCLUSÕES
c. Nenhum dos métodos pesquisados conseguiu prever, com boa aproximação, a carga
última para as vigas-parede submetidas à ação de um carregamento uniformemente
distribuído. Todos os resultados encontrados foram conservativos. Dos métodos aplicáveis
a vigas-parede submetidas a esse tipo de carregamento, os resultados de carga última mais
próximos dos reais foram gerados pelo método do Caminho da Força Compressiva.
Contudo, nenhuma das vigas encontradas na literatura e somente 8 das 37 vigas analisadas
foram submetidas a esse carregamento e, portanto, nenhuma análise mais profunda de
resultados pôde ser feita;
Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi. Este método, porém, não consegue prever
corretamente esse modo de ruptura, não cumprindo, assim, o que se propõe;
e. Todas as vigas ensaiadas por Kong et al. possuem um vão constante igual à 762 mm. Este
comprimento pode ser considerado pequeno quando de sua comparação com o vão de
vigas-parede usualmente utilizadas em projeto e até mesmo com o vão da maioria das
vigas consideradas neste trabalho. Alguns resultados discrepantes de carga última
encontrados podem ter sido gerados devido ao “efeito de escala”;
7.2 - SUGESTÕES
Assim, existe pouco material sobre vigas-parede biapoiadas com abertura de alma, na
literatura publicada. Fica sugerido, então, que sejam realizados mais ensaios em laboratório,
com o objetivo de determinar como os principais parâmetros influenciam o comportamento de
vigas-parede com furos. Pode-se, por exemplo, fixar os subitens i ao vii do item 2.11 e variar
o subitem viii (tamanho, forma e localização da abertura de alma) do mesmo item, utilizando
as dimensões e armaduras iguais às das vigas ensaiadas por Guimarães (1980), Velasco
(1984) e Vasconcelos (1982), assim como o tipo e condições de carregamento, para que o
comportamento de tais vigas possam ser comparados entre si. Os ensaios são importantes para
a obtenção de informações necessárias ao desenvolvimento de um projeto de cálculo
adequado para essas vigas.
tipo de concreto tem sido utilizado em muitos prédios altos, pontes de grandes vãos e
estruturas offshore (Hester et al., 1990) (Fang et al., 1993). É interessante que seja pesquisado
o comportamento de painéis pré-moldados enrijecidos, feitos de concreto de alta resistência,
inclusive para quantificar melhor a influência do parâmetro fc' no comportamento dessas
peças estruturais.
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