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Aola— 20/08/2010 MAQUINAS ELETRICAS - UVA 1 Consideragées Gerais 1.4 Introdugao > Os tipos mais comuns de motores elétricos so: (a) motores de corrente continua — tém elevado custo e necessitam de uma fonte de corrente continua ou de um dispositive que converta a corrente alternada comum em. continua. Podem funcionar com velocidade ajustavel entre amplos limites e se prestam a controles de grande flexibilidade e preciso. Seu uso é restrito a casos especiais em que estas exigéncias compensam o maior custo de instalagao. (b) motores de corrente altemada — so os mais utiizados, porque a distribuigdo de energia @ di) v elétrica é feita normalmente em corrente altemada. Os principais tipos sao: motor sincrono: funciona com velocidade fixa, sendo utilizado somente para grandes Poténcias (devido ao seu alto custo em tamanhos menores) ou quando se necessita de velocidade invariavel; motor de indugdo: funciona normalmente com uma velocidade constante, que varia ligeiramente com a carga mecanica aplicada ao eixo. E 0 mais utilizado de todos os tipos de motores, devido a sua grande simplicidade, robustez, baixo custo, versatilidade de adaptagao as cargas dos mais variados tipos e melhores rendimentos. Atualmente € possivel o controle de velocidade dos motores de indugZo com 0 auxilio da eletronica de poténcia. © proceso de selegao de um acionamento elétrico coresponde a escolha de um motor industriaimente disponivel que possa atender a, pelo menos, trés requisitos: fonte de alimentagdo: tipo, tensdo, frequéncia, etc. condig6es ambientais: agressividade, altitude, temperatura, etc. exigéncias de carga e condigdes de servigo: poténcia solicitada, rotag&o, esforgos mecanicos, configuragdo fisica, conjugados requeridos, ciclos de operacao, confiabilidade, etc. > A classe industrial é responsavel por 46% do consumo de energia elétrica no Brasil. 62% desta energia é transformada em energia mecanica através de motores elétricos, o que corresponde a 28,5% da energia elétrica consumida no Brasil (2010). Ver 3.0 -02/2010- PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA 2 Regime de funcionamento dos motores elétricos 2.1 Introdugao v regime de funcionamento, também chamado de regime de servigo ou ciclo de trabalho, talvez o mais importante fator a ser considerado na selegdo de um motor elétrico. v Indica a forma de utilizacdo, quanto ao grau de regularidade, do motor no acionamento de uma carga. r Os motores elétricos normais de linha séo, em geral, projetados para trabalhar regularmente com carga constante, por tempo indeterminado, desenvolvendo a sua poténcia nominal, o que 6 denominado de REGIME CONTINUO. > Sendo necessério um motor que va acionar uma carga que nao seja de regime continuo, deve se contatar o fabricante e informar numericamente ou por gréficos 0 tipo de regime que é submetido o motor elétrico. 2.2 Classificagao dos regimes de funcionamento pela NEMA (National Electric Manufacturers Association) > Regime Continuo — A maquina opera a uma carga aproximadamente constante, por periodos de tempo razoavelmente longos. ) Regime Periédico - Os requisitos de carga repetem-se regularmente, a intervalos periédicos, durante um periodo de tempo razoavelmente longo. y Regime Intermitente - Ocorréncia imegular de requisites de carga, incluindo periodos bastante longos de repouso, nos quais ndo ha ocorréncia de carga. v Regime Variavel — Quer as cargas, quer os periodos de tempo em que os requisitos de carga ocorrem, podem estar sujeitos a uma ampla variagdo, sem repouso, durante um periodo de tempo razoavelmente longo, sem que haja, entretanto, qualquer regularidade. \Ver 30- 02/2010~ PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA 2.3 Tipos de regime padronizados pela NBR 7094/1996 (@) Regime Continuo (S1) — Funcionamento a carga constante de duracao suficiente para que se alcance 6 equilibrio térmico. {b) Regime de Tempo Lifmitado (S2) — Funcionamento a carga constante durante um certo tempo, inferior a0 necessério para atingit 0 equilibrio térmico, seguido de um periode de repouso, de duracao suficiente para restabelecer a igualdade de temperatura com o meio refrigerante. (0) Regime Intermitente Periédico (S3) - Sequéncia de ciclos idénticos, cada qual incluindo um periodo de funcionamento a carga constante e um periodo de repouso. sendo tais periodos muito curtos para que se atinja o equilibrio térmico durante um ciclo do regime e no qual a corrente de partida no afete de modo significative a elevagdo de temperatura, (d) Regime Intermitente Periddico com Partidas ($4) ~ Seqiiéncia de ciclos de regime idénticos, cada qual consistindo de um periodo de partida, um periodo de funcionamenta @ carga constante & um periodo de repouso, sendo tais periodos muito curtos para que se atinja 0 equilibrio térmico. Duragio do Ciclo Perdas Eléticas Temperatura | | | - — Tempo tp — partida tu funcionamento em carga constante te— repouso Oyex — temperatura maxima atingida durante o ciclo ‘Ver 3.0 -022010- PROF. BERNARDO AQUINAS FLETRICAS - UVA, (e) Regime Intermitente Periédico com Frenagem Elétrica (S5) - Seqiiéncia de ciclos de regime idnticos, cada qual consistindo de um periodo de partida, um periodo de funcionamento a carga constante, um periodo de frenagem elétrica e um periodo de repouso, sendo tais Periodos muito curtos para que se atinja o equi rio térmico. Durag3e do Ciclo (f) Regime de Funcionamento Continuo com Carga Intermitente (S8) - Seqiiéncia de ciclos de regime idénticos, cada qual consistindo de um periodo de funcionamento a carga constante e de um periodo de funcionamento em vazio, néo existindo periodo de repouso Duragio do Cielo Carga Perdas Elétricas Temperatura m po Ver 3002/2010 ~ PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA (g) Regime de Funcionamento Continuo com Frenagem Elétrica (S7) - Seqiiéncia de ciclos de regimes idénticos, cada qual consistindo de um periodo de partida, de um periodo de funcionamento a carga constante e um periodo de trenagem elétrica, ndo existindo 0 periodo de repouso. Duragao do Ciclo Eléticas (h) Regime de Funcionamenta Continuo com Mudanga Periédica na Relacao Carga/Velacidade de Rotacdo (S8) - Sequéncia de ciclos de regimes idénticos, cada ciclo consistindo de um periodo de partida e um periodo de funcionamento a carga constante, correspondendo a ura velocidade de rotacdo pré-determinada, seguidos de um ou mais periodos de funcionamento a outras cargas constantes, correspondendo a diferentes velocidades de rotago. Nao existe perfodo de repouso. () Regime com Variagdes ndo Periédicas de Carga e de Velocidade (S9) ~ Regime no qual geralmente a carga e a velocidade variam nao periodicamente, dentro da faixa de funcionamento admissivel, incluindo freqtentemente sobrecargas aplicadas que podem ser muito superiores as plenas cargas. (i) Regime com Cargas Constantes Distintas (S10) — Regime com cargas constantes distintas, incluindo no maximo quatro valores distintos de cargas, cada valor sendo mantida par tempo suficiente para que 0 equilibrio térmico seja atingido. A carga minima durante um ciclo de regime pode ter o valor zero {funcionamento a vazio ou em repouso). Ver 3.0 - 02/2010 ~ PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA > Nos regimes S3 e S8 0 periodo é geralmente curto demais para que seja atingido o equilibrio térmi , de forma que 0 motor vai se aquecendo e resfriando parcialmente a cada ciclo. Depois de um grande numero de ciclos 0 motor atinge uma faixa de elevagao de temperatura e equilibrio. 2.4 Efeito do regime de funcionamento e da temperatura ambiente na capacidade 2 Genericamente, um motor de 10 HP para ciclo continuo pode ser considerado como um motor de 12 ou 13 HP para ciclo intermitente, uma vez que a elevagao de temperatura no Seja excessiva se 0 motor for intermitentemente operado. > Um altemador de 100 kVA poderia ser convertido num altemador de maior capacidade, se fosse operado no Pélo Norte, a uma temperatura ambiente de -80 °C, uma vez que todo 0 calor gerado ainda ndo seria suficiente para sobreaquecer o altemador sob tais condigdes ambientes. > Assim como a capacidade nominal e 0 regime de servigo so reduzidos por um aumento da temperatura ambiente, eles também sao aumentados por uma diminui¢do da temperatura ambiente. > Observa-se também que mdquinas totalmente fechadas nao tém uma capacidade tao grande quanto a de maquinas semelhantes que sejam ventiladas de tal maneira que o ar fresco circule através dos enrolamentos. 3 Elevacdo de Temperatura > A poténcia util fomecida pelo motor na ponta do eixo é menor que a poténcia absorvida da linha de alimentacdo. A diferenga entre estas duas poténcias é devido a perdas intemas, em forma de calor, gerado pelo aquecimento das bobinas dos enrolamentos. > Este calor deve ser dissipado para fora do motor, limitando a elevagdo de temperatura (diferenga At entre a temperatura do ar ambiente e a temperatura dos enrolamentos). Ver 3.0 - 02/2010 PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA > A dissipagao do calor é feita através da superficie extema da carcaga, podendo ser ‘auxiliada por ventiladores acoplados ao eixo do motor. 3.1 Classes de isolamento e vida Util do motor » A maxima poténcia disponivel em um motor é limitada pela maxima temperatura para os materiais isolantes empregados. Tém-se as seguintes classes de isolamento: () Classe A - limite de temperatura: 105 °C (i) Classe E - limite de temperatura: 120 °C (ii) Classe B - limite de temperatura: 130°C (mais utilizadas) (iv) Classe F - limite de temperatura: 155°C (mais utiizadas) (¥) Classe H - limite de temperatura: 180 °C > A vida Util de um motor depende quase que exclusivamente da vida util da isolagao dos enrolamentos. Se a temperatura de operagdo for mantida abaixo do valor correspondente & sua classe de isolamento térmico, a sua vida util é praticamente ilimitada. 3.2 Métodos de Determinagao da Temperatura ou da Elevagao da Temperatura método da varlacdo da resisténcia (MVR): a elevagdio da temperatura dos enrolamentos & determinada a partir do aumento da sua resisténcia. Utilizado em motores de poténcia Nominal igual ou inferior a 300 cv; > método dos detectores de temperatura embutidos (DTE): a temperatura é determinada através de detectores de temperatura embutidos no motor durante a fabricagéo em pontos geralmente inacessiveis depois do motor montado. Utilizado em motores de poténcia igual ou superior a 7000 cv; > método termomeétrico: a temperatura é determinada por meio de termometros aplicados as superficies acessiveis do motor montad Ver 300- 022010 PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA > para motores de poténcia nominal entre 300 cv e 7000 cv o fabricante deve utilizar 0 método da variag&o da resisténcia ou o método dos detectores de temperatura embutidos (OTE); 3.2.1 Método da variagdo da resisténcia > Armedida da elevago de temperatura, dado pelo “método da resisténcia” é dado por: Ro-Ry, At=ty- R 1 (235+t,)+t;-te PC] t= RE +(295 +4)-296 onde, At~elevagdo de temperatura t) — temperatura do enrolamento com o motor frio; ¢ igual & do meio refrigerante ‘ty — temperatura média do enrolamento no fim do ensaio 1, — temperatura do meio refrigerante no fim do ensaio R; — resisténcia do enrolamento antes do ensaio Ro — resisténcia do enrolamento no fim do ensaio, quando é atingida a temperatura de regime > A temperatura do enrolamento do motor ndo é a mesma em todos os seus pontos. v © valor de t; obtido na equagdo acima representa a temperatura média do enrolamento, dado que a resisténcia dhmica medida é referente a todo o enrolarnento e néo somente a de ponto mais quente, o que seria 0 correto. > A temperatura total do ponto mais quente do enrolamento deve ser mantida abaixo do limite da classe de isolamento. v ‘As normas de motores consideram que: () a temperatura ambiente 6, no maximo, 40 °C, acima disto as condigbes de trabalho sdo consideradas especiais; Ver 3.0- 02/2010 - PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UA (i) a diferenga entre a temperatura média e a do ponte mais quente no varia muito de motor para motor @ seu valor, estabelecido em norma baseada na pratica, é 5 °C para as classes A e E; 10 °C para as classes Be F: 15°C paraa classe H. 3.3 Composigao da temperatura em fungao da classe de isolamento > A temperatura total do ponto mais quente é dada pela soma da temperatura ambiente com a elevacdo de temperatura At mais a diferenga que existe entre a temperatura média do enrolamento e a do ponto mais quente. A tabela abaixo mostra a composicao da temperatura em funco da classe de isolamento. Classe de Isolamento ale |]eplrFriu Temperatura ambiente 40 40 40 40 40 | At eo | 75 | a0 | 105 | 125 | Diferenga enire o panto mais quenie ea 7 neat oe 7 S Se eae ae Temperatura total do ponto mais quente | 105 | 120 130 | 155 180 4 Calculo da Poténcia para Motores de Ciclo Intermitente, Variavel e Periédico (“método da corrente equivalente”) > Trata-se de uma analise sob 0 ponto de vista térmico. > Se um motor elétrico é solicitado por pequenos periodos, permanecendo em vazio durante as solicitagées, a elevagao de temperatura desse motor sera menor e a poténcia solicitada podera ser maior que aquela em regime cor U0. > © aquecimento do motor é determinado pelo valor médio quadrético da corrente sob as diferentes condi¢6es de carga. A poténcia requerida é o valor médio quadratico das varias poténcias instantaneas durante um dado ciclo: Ver 3.0- 02/2010 PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA Sea] P.q— poténcia equivalent solicitada ao motor; Py — poténcia solicitada ao motor nos intervalos de tempo ty; ty —intervalos de tempo em que o motor esté em funcionamento; ty — soma dos intervalos em que o motor esta em repouso; k, ~ constante que leva em conta que a forma de refrigeragao do motor. (ex: ky = 1 se a reftigeracdo independe do funcionamento do motor; k, = 3. se a refrigeragéo depende do funcionamento do motor). onde: > Apés o motor ter escolhido sob 0 ponto de vista térmico, deve-se verificar se ele atende aos requisites de ordem mecénica, isto 6, se 0 seu conjugado maximo € maior do ‘que 0 conjugado maximo exigido pela carga durante todo 0 periodo. Deverd ser observada arelagéo abaixo: pa <& sendo aga . onde: Pinix ~ poténcia maxima da carga Prom — poténcia nominal do motor 2.—fator de sobrecarga momentanea C., GoM ~ relagdo entre os conjugados maximo e nominal do motor (catélogo do fabricante) > Deve-se levar em conta também que existem ciclos de servigo com picos de conjugados to altos que os motores de saida continua escolhidos com critérios puramente térmicos, seriam incapazes de fornecer. 10 Ver 3.0 - 0212010 ~ PROF. BERNARDO MAQUINAS ELETRICAS - UVA Exemplo : Deseja-se selecionar um motor para acionar uma escavadeira para carga e descarga de minério a granel. As condigdes de instalag&o do motor, no interior do corpo da escavadeira, e 0 alto teor de po de minério em suspenséo, indicam a conveniéncia de um motor totalmente fechado, sem ventilagao externa, Um estudo dos equisitos mecanicos de acionamento indicou como regime tipico o apresentado na tabela abaixo. Com base em critérios térmicos, selecione a poténcia do motor. repouso 20 0 operagao duraggo (s). potencia (CV) | fechar mandibulas 06 40 levantamento | 18 | 120 | abrir mandibulas 40 a 30 | abaixamento | 12 45 repouso | 20 0 Solugdo: 2 641202 #154302 +1 24 Pe = 40? *6 +120? *15 + 30° —_ 12 _ 644 cv 6+15+10+12+ Considerando-se as poténcias normalizadas para regime continuo, selecionar-se ia um motor de 75 CV. Poténcias normalizadas para Regime Continuo (CV) 1-2-3-5-7,5-10-12,5 —15-20 25 - 30-40-50 ~75- 100-125-150 200 — 250 - 300 - 350 ~ 400 ~ 450 - 500 "1 ‘Yer 30-02/2010- PROF. BERNARDO

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