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Glhares / 1 Palavas-chave: proceso claboatv, teatro degripo autora cla XAUTORIA COLETIVA Rosyane Trotta Doutora em teatro dretora, autora, ensaistae professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Resumo: Este texto apresenta uma andlise reflexiva sobre a observasio, entre o anos de 2005 2007, da estrutura organizacional de grupos de teatro. Anise do proc so colaborativo a partir de tés recores texto/cena,o funcionamento do grupo e a fungio do encenador, a tkima década, o teatro de grupo se N jomou néo apenas uma modalidade ex pressva no panorama artistico brasileiro ‘como passouamerecer festivaise eventos préprios, editais espe do processo coliborativo se disseminou entre os mais diversos segmentos teatras ¢, de certa forma, utrapassouoslimites de seu meio de orgem: nem sempre & em um grupo que ele se realiza. Qual a relagio entre este modo de criagao e a organizagio de grupo? Seo que define tai processos éacriagdo conjunta do texto e da cena ao longo dos ensaios, & possvel falar em coletvizasa pendentemente da existencia de uma estrutura de grupo? Entre 2005 e 2007, observei diferentes esta- gios de ensaio a partir de trés recortes: a relagio texto/ceng; 0 funcionamento do grupo; a fangao do encenador, Da observagao e da anise, 0 que cemergiu foi a diferenca entre o grupo e um outro tipo de onganizagio a que chamei de “coletivo au sente’O presente texto foi extraide dos capitulos de conchsio da teseA autora clive no proces de criagio teatral.’ Idealmente © processo colaborativo, tal qual a criagio coletiva, investe no risco, na cooperagio eno embate do procesta, Aa mesmo tempo, nic consegue fechar as portas 4 subjeividade agregada 2 fangao do ator na sociedade de consumo dai a dificuldade de formar e manter grupos capazes de constituir 0 campo de forsas necestitio para esta belecer a alteridade. Se, no primeito momento, 0 grupo é um interessante espago de atuagio, e no ficos, estudos académicos. © chama- 30 da autoria, inde- segundo, pelo eventual éxito do espeticulo, um in- ito, ee ja pa cra individual, a teressante espago de rece restrito. A perspectiva da car ansiedade por novas e diversificadas experiéncias ¢ jeg, no te 9 projeto de ascensio social sio alguns dos fatores que trazem para dentro dos grapos a rotatividade como elemento constitutive, em uma concepgio paradoxal que define o grupo pela relacio solitéria que diretor cultiva com 0 seuprojeto, mais do que pela consolidacao de uma parceria artistica com 0 elemento humano que funda a cena. A descon- tinuidade caracteriza tanto a estrutura do grupo -a coletiva a quanto seu sistema, que reduz a p ensaios e apresentagdes, néo se concebendo teatro fora do trajeto de construsio e distribuigao do es petéculo, Para o diretor de um grapo descontinuo de um teatro constrto, o processo colaborative oferecea possibilidade de tomar o método como a ‘matéria-prima. Segundo a atriz Miriam Rinaldi, do ‘Teatro da Vertigem, neste processo, énecesirio um corpo caletiva com potencialdades além daquela expectcss em sua tea de atuagio alm de desejo propostva [.] é igualmente indispensivel a dis cle para ilar € ouvir e mas do que tl, refzer bo demanda matoridade nas lage grupais ea confanga de que at melhores scolhas serofitssem pol do tabi, aia de qualquer vidade o iso pessoal Nese sentido, podemos der que o process colors «ica, a iter selagio dos arts e deste fen & obra (RAL 2005,p 21). (O ator precisa se interessar por todos os com- ponentes da linguagem teatral, colocarse diante eles como autor e trabalhar em beneficio da obra ento desi mesmo, £ interessante notar que Miriam Rinaldingo trata de conflitos em suadissertasio, ela procura descrever as etapas do processo em pers- pectva linea, ou seja, suprime a desconstrusio, 0 dia-a-dia, escolhe um ponto de vista por sobre processo, Como as necessidades apontadas pelo texto s6 podem ser verifcadas no decorrer do tra- ball, e nie a prior, pode-se supor que elas emer giram do conflito e das dificuldades que a equipe feve que superar para prosseguin Tais necessidades aparecem justamente porque o ator nao dispoe a principio de determinadas qualidades: intresse além da fungio especifica, desejo propositve, turidade nas relagSes grupais, visio da obra acima da vaidade e do papel individual. Necessirias & ctiagio em coletivo e a0 mesmo tempo ausentes na formagio do ator, estas qualidades terio que ser elaboradas no processo. Em outras palavras, 0 maior desafio do processo colaborativo ¢eliminar, no ator, os vicios arraigados pela descontinuidade do coletivo e pela falta de contato com o teatro fora bito do intérprete: alienagio, individualismo ¢-competisio. A poética do teatro e a ética das re 560s de criagio se apresentam a0 ator no percurso depreparagio do espeticulo. © modo de criasio pela via da autoraidade apresenta diversos aspectos que, numa tentativa de olaridade entre sintese, podem ser agr dois movimentos antagénicos. Tanto as questoes estéticas e metodoldgicas quanto aquelas relacio- nadas ac funcionamento do coletivo parecem tran sitar na tensio entre o grupo ea sociedade, entre a construsao de um paradigma ético-estético € a resultante citcunstancial das contribuises indi- viduais, Isso porque nou caro este aspecto a pesquisa de campo tor «fazer teatral em grupo é eminentemente ideoldgico: quem se propée a criarna relagio com 0 outro, prope uma forma de organizagio destas relagies. O coletivo ausente, a invasio do piblico pelo privado, o individualism, a competigio, coerentes com o sistema da produti vidade que caracteriza © evento teatral, se plantam em coletivas cujo processo promove adilatagao do tempo dedicado a criagao, a reducao de elementos previamente definidos, a rarefasio das fronteiras funcionais. E, segundo as entrevistas, sso acontece Arevelia do desejo eda consciéncia dos pa

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