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—e Transmissio 'eligiosa nos domiciligs brasileiros RONALDO be AnmEns RoGeRI0 Barzoss Pretendemos, neste capitulo, refletir sobre alguns aspectos da trans- nissio religiosa nos domicilios brasileiros a partir dos censos demogr4- ficos de 1980 a 2010. Para tanto, ao invés de centrarmos a andlise nos individuos, o foco est propriamente na configuragao das religides nos domicilios, que so espacos privilegiados para a sua reproducao. De modo geral, os deslocamentos entre elas costumam ocorrer individual- mente, e no decorrer do tempo aquele que mudou pode (ou nao) levar alguns de seus familiares para a nova religiao (ou a ficar sem ela). Assim sendo, as temporalidades dos deslocamentos sio variadas. E de se espe- 12 portanto, que a pluralidade tenha atingido as familias, no interior das quais sio formados diversos arranjos religiosos. 5 Os diferentes arranjos remetem de imediato ao problema £9) ant tansferido para a geracdo mais nova, uma vez que a Pe aia io, de modo geral, dé-se pelo proselitismo oe ni a nenhuma). Fane ee ete a ie ee ter como hipdtese init a : mudangas contemporaneas, ransmissio em relac20 $e a familia tem sido cada vez menos eficaz na adonal. Esta diferen- idécadas atris, de onde decorre uma iter religioso, entre outros Stem sido a medida para refletir sobre 0 transi Digitalizada com CamScanner treranto, pelos dados censitérios nao é possivel definir qual temas’. id r 4 frequéncia de mudanga religiosa cabe & geracao dos pais € dos fies, jf além de outras limitagdes. O questiondrio do Censo, por ter apenas 4 i pergunta “Qual é sua religido?”, no permite demarcar dois pontos ng trajet6ria de um individuo, logo no nos permite mensurar 05 fluxos preferenciais do transito religioso (ALMEIDA, 2004). Apesar desta limitagio, pretendemos compreender alguns aspecroy das mudangas contemporaneas das religides por meio da transmissio, que neste capitulo seré problematizada a partit do ciclo de vida e acon. cordancia religiosa nos domicilios. Em boa medida, a literatura das ¢ ancias sociais da religido no Brasil j4 se colocou esta questo ¢ produziy estudos sobre familias de uma determinada religido ou conflitos decor. rentes de diferencas religiosas (MACHADO, 1996; DUARTE et al, 2006). Contudo, ainda sao incipientes os trabalhos na escala demografi- ém como unidade de andlise 0 domicilio, ca capturada pelos censos que t Isto posto, torna-se necessario diferenciar a capacidade de transmissao de cada religido e recolocar em termos demograficos o lugar da familia, © mesmo 0 domicilio, neste macroprocesso de mudanga religiosa. Dito de outra maneira, a diferenca geracional da filiagao religiosa € uma ca- racteristica das familias contemporaneas ou de determinadas religiGes? E como pensar a sua transmissio por meio de vinculos familiares a partic dos dados censitarios? Pluralismo e transi¢ao Nao é novidade que desde a segunda metade do século XX o pais vem passando por uma mudanga religiosa que, em linhas gerais, cami- nha em direcio a pluralidade (institucional, ritual, cosmolégica, socio- econémica etc.)*. Estabelecendo o catolicismo como a religido de refe- réncia, os no catdlicos (e aqui incluimos também os sem-religiao) de 11% em 1980 passaram para 35,5% em 2010. Em termos territoriais, 1. Para mensuré-lo, diversas pesquisas quantitativas (PRANDI, 1994; FERNANDES, 1998; AL- MEIDA, 2004) cruzaram as perguntas: “Qual é sua religiio?” e “Em que religiao voce foi criado?", pressupondo que esta iltima tenha sido herdada da familia. Se alguém declara no mais estat 2 mesma religido na qual foi criado, assume-se que houve trinsito ¢ infere-se que algo constrangeu 00 alterou o curso da transmissio. ; 2, Jomadas sobre as alternativas religiosas na América Latina, assim se chama o principal encontt® «dos estundos sobre religifo.e religides nesta parte do mundo, feet 312 Digitalizada com CamScanner asestados brasileiro jé no possum 47,919) € Rio de Janeiro (46,28%), ge janeiro existem 38,7% de catélicos 63. panROS & CAVENAGHI, 2010)! politana do Rio de evangélicos (ALVES, A een os baixo descreve as linhas 4.1% O grafico al GpAFICO 1 Evolucio das religibes no Brasil (1980.2010) [= carstica 89,00% 83,30% 73.90% 650% [—— Prot tradicional 340% 3.00% 390% 370% —— Prot. pentecostal 3.20% 600% 11.50% 1830% —— Esp.kardecista 0.70% 110% 130% 2.00% — Fel atrobrasieras | 0.60% 040% 030% 030% ——— Outrasreligides 1.2056 1.00% 150% 230% —— Semrel/Semded.| 1.90% 5.10% 7.60% 890% Os dados acima descrevem fendmenos que ‘ocorrem em dois pata~ mares demogréficos. O primeiro compreende a queda do catolicismo € 0 crescimento dos pentecostais ¢ sem religidio. No segundo, os fendmenos ocorrem em menor escala demogrdfica, mas nao s4o menos importantes, dada a continuidade ¢ regularidade durante todo 0 periodo: a reposicio ‘ dlico sk 2c variadas, depen 3.Asclasifcades do que denomin aqui come nie a ema ae dendo do autor (MENDONGA, 19905 Sette So deste meio extremamente Coma foctuied ie sero mais econbmico e abrangente ta comprensso den oem segmentado, entendo, de um lado, 05 evangélicos pentecostais con tre elim talismo clissco (Assembleia de Deus, Deus € Amon Conreeieiy v tos evanglios (greja Universal, Internacional da Graga, Renascer er ee . alin Mde Confisio Loterana, An- io pentecostais como os protestantes de seeee eee ses eitexodista, Adventista do Seino licana, ‘0s de missio (Batista, Presbiteris wna, Presbiteriana Dawe ea os ‘ou renovados (Batista Nacional, Metodist ‘Westeyat Renovada etc.). Digitalizada com CamScanner Digitalizada com CamScanner an reso, Camurca © Pierucg juga que nO se anulam, contantc ical de anstise da qual parte jwaltemativas (dentro € forg 0! Fnsmds We Se tOrna cada ver » fato, se Compara " Pararmos o Brasil a certos eg _ onde convivem contingey tie al onde convivem contingents populations eae Oe crists, iskimicas, judaicas, budistas, tradicéee ape eNOS Ae matrizes » tradigdes afri : s ui como a in; giode pluralismo religioso, como classicamente fess - mone 1987; NEIBURH, 1992), adgui figu sh Asinsc ov ° i ragdo. Assim, onde o catolicismo nao se constit se 0 pluralis- éverdadeiro no Brasil. A diversidade e mistura sto mann eos se aiimentam na mudanga da religiao, Sere eae donde su 1 Por que parte da dinami : 7 ‘mic: contemporanea ocorre também como uma espécie de pluralismo sincréti o sobretudo na transi¢ao relativa & matriz crista (ALMEIDA, 2010), a Ciclo de vida e filiacdo religiosa O tema da transmissao religiosa intrafamiliar evoca, quase que de for- ma imperativa, as nogdes de diferencas geracionais e de curso ou ciclo de vida. Pais e filhos pertencem a geracdes diferentes ¢ experimentam, durante toda vida, etapas distintas do ciclo de vida, o que pode favorecer dissondncias e consonancias nos comportamentos religiosos. Perguntamo- -nos como € possivel representar essas regularidades do comportamento religioso associadas aos ciclos de vida. Se ha regularidades, isso nao im- plica que a idade exata para experimentar seja a mesma para todos os individuos, e é certo também que as pessoas nao passam exatamente pelas mesmas experiéncias. Tragaremos, entdo, um “perfil médio” que indica em quais idades mais provavel a adesio a cada religido ou ae = O grafico a seguir apresenta os efeitos de idadena oer . ee 0 eixo horizontal traz as faixas etarias dos ee e = ae senta informacées sobre um grupo religioso. . au ae hase iaades representa a média de individuos de cada baat Bs 7 dn do modelo A escala do eixo vertical esta oe navn eee vrobabilds- estatistico, Apenas vale atentar que valores Po média e valores n¢ ativos probabi idades al édia. cI les abaixo da med é gativos i des acima da médi Digitalizada com CamScanner GRAFICO 2 Efeitos de idade sobre a probabilidade de pertenca a cada religito ae — 0.2 4o10-20-20 4059 -60-70-69 gp Les ee — protestantes == Pentecostal wae Atrorbrasilelos. ——— Outras Retigides — aatsticos Kadercistas —— Sem Religito © que observamos é que, na média, sempre foi ¢ ainda é mais pro- vavel que um individuo nasga catélico no Brasil. No entanto, a probabi- lidade de permanecer catélico é decrescente nas primeiras fases do ciclo de vida, ao passo que as probabilidades de todas as demais religides sio crescentes. Entre as pessoas de 20 a 65 anos encontramos percentuais de catélicos inferiores aos da média da populagao, ¢ 0 pice negative é por volta dos 40 anos. Por outro lado, entre os 15 ¢ os 60 anos, encontramos mais pessoas sem religido do que na média da populagao. As chances de que uma pessoa se declare desta maneira crescem rapidamente e atingem seu maximo em torno dos 25 anos de idade. Declarar-se sem religiao é um fendémeno mais intenso na juventude e inicio da fase adulta, mas que perde sua forca e intensidade no correr da vida, tornando-se bastante improvavel nas idades mais avangadas. A partir dos 20 anos crescem muito as probabilidades de adesio As religides afro-brasileiras — 0 que nos leva a caracteriza-las como um fendmeno tardio da juventude. As chances de pertencimento tanto as religides protestantes tradicionais quanto pentecostais seguem uma tendéncia semelhante no curso de vida. $40 fenémenos da vida adulta, cuja probabilidade avanca principalmente depois dos 25 ¢ 30 anos € 0 pice é aos 45 anos. A adesio as “outras religiGes”, que € um universo institucional extremamente variado, segue um percurso seme- Ihante. As probabilidades de pertenca ao espiritismo kardecista, por sua Vet, crescem também depois dos 25 anos, mas sofrem uma inflexao ¢ aceleragd0 aos 45 anos, fazendo com que seu maximo se dé, de fato, entre os 50.€ 60 316 Digitalizada com CamScanner af 4 a0 gomnar evangélico € positiva até og Saath ida. As possibilidades religidio é de 60 anos, depois elas ficam ni ae idade enquanto a de ser iiidade de ser cat6lico torna-se positiva os ee No sentido inverso, a gm linhas gerais, pode-se infetir que os vernon aa: js sdo 0S seguintes: todas as religioes se declarar sem religia $ t comes reli primeito momento, que é seguido pela oon palmente os Pentecostais. Mas conforme se direciona para o frat 2 sic inal da sida, aS pessoas ficam mais religiosas e se distribuem entre catélicos cae . : a evangélicos. Considerando que a idade mais propicia para ser sem sel 45 anos, podemos estabelecer que 2 Ro imas décadas deu-se de forma mais acentuada entre os individuos entre 20 e 50 anos de idade Em pesquisa qualitativa (ALMEIDA & RUMSTAIN, 2009, 2011), as diferencas de religiao entre as geragbes tanto podiam dar-se por parte dos filhos quanto dos pais. Conforme criticou Hervieu-Léger (2000: 43), a transmissao entre as geragdes nao se dé em uma relacio unfvoca transmis- sor/destinatério ou ativo/passivo. Pensando desta forma, é correto afirmar que, mais do que uma “ineficdcia” na transmissio dos mais velhos para 0s mais novos, eventuais discordancias de religido revelam ser possivel um movimento de mao dupla: a geracdo mais jovem pode mudar de religiao, assim como a geragao dos pais também, a ponto de em muitas familias a “teligido anterior” ser a dos filhos’. Mas os dados sobre 0 ciclo de vida os sugerem que o transito tenha se dado mais significativamente entre os pais ao invés dos filhos no interior de um domicilio. sido € 30 anos € a de ser evangélico é amudanga religiosa no Brasil nas ulti Arranjos domiciliares e concordancia religiosa 2 2 sre 7 © que se transmite em termos religiosos no tnterior de i frets Infelizmente, e como j4 afirmado, os dados censitérios we 4 er i “seguir og individuos” ¢ acompanhar suas trajetOrias £2 igi ial igido na qual dos de transmissio. Em um domicilio, por exemplo, a religi q aa iovem concorda Se cresce pode j4 nao ser a atual dos pais; ov ainda, se 0} ai de alguém tornou- ida: “Mie de ence em campo, OU al orremieerfocuror de uma grande favela “drogas local (ALMEIDA, 2010: 374). it fir que a mae'ou Pp 6m pesquisa de cardtr ennogrtico, € muito frequen 90°" "é ser “se evangélco. “Minha mie virou crente” € 48 i ™arginal quase sempre é evangélica” foi uma de Sto Paulo quando relatava sobre 0 trico de 317, Digitalizada com CamScanner com seus pais num momento tardio, ambos. podem is transitado ¢ Muito provavelmente uma das partes pode ter exercido influéncia sobre a outra, Cientes destas limitacées, problematizaremos agora a nogio de transmis, so a partir da concordancia religiosa dentro da familia. Para tanto, tomaremos como unidade de pesquisa o domicilio, que no deve ser igualado 4 familia, uma vez que nele encontram-se formas de coabitago nio necessariamente baseadas em vinculos de Parentesco, Mas, por outro lado, vale ressaltar que, apesar de familia e domictio nig se sobreporem exatamente, os lacos familiares so majoritariamente fre. quentes nos domicilios brasileiros’. E a despeito de serem familiares oy no, a diversidade religiosa inflete, mesmo que parcialmente, sobre as re. laces cotidianas domiciliares, podendo induzi-las tanto ao conflito como 20 aumento dos afetos entre as pessoas, entre outras possibilidades*, Além disso, é necessario destacar duas caracteristicas etdrias. Primeito, 0 filhos comecam a sair da casa dos pais de maneira crescente apés os 20 anos de idade. Segundo, as diferencas de identidade religiosa s6 comecam a aparecer na pré-adolescéncia, quando os filhos tém mais condigées de estabelecer escolhas distintas daquelas dos pais, entre elas, a da religiio, Em nossa andlise, cruzamos a religido dos filhos com a de seus pais, cientes de que os censos s6 permitem obter informagées das duas partes quando essas residem num mesmo domicilio. Evidentemente que o individuo pode mudar de religido depois de sait da casa dos pais, mas os limites de nos- sos dados nao permitem capturar esse transito. Em resumo, limitamo-nos as diferencas de religido entre as geragdes quando ainda ha convivio no mesmo domicilio, ou seja, da pré-adolescéncia 4 idade em que os filhos moram com os pais, o que tende a nao ultrapassar algo entre 25 e 30 anos. Os dados que apresentamos a seguir referem-se entao 4 concordan- cia religiosa entre maes e filhos. A partir dessas informagGes tracaremos reflexdes sobre os processos de transmissio no interior dos domicilios. Tomemos a tabela a seguir, produzida a partir do Censo de 1980. 7. Essa opgio se justfica também pelo fato de que no Censo de 2010 nao é possivel identificat relagoes de parentesco entre os individuos dentro de familias que coabitam um mesmo domiciio. Ou seja, apenas é possivel retracar os lagos para a “familia principal”. Deste modo, para tomat comparaveis todos os resultados, circunscrevemo-nos aos domicilios, 8. Em pesquisa de caréter qualitativo, constatou-se que a familia exerce influéncia sobre a adesi0.o® a recusa de uma religido. Neste caso, 0 pertencimento diferenciado a religizo em um mesmo dom cilio pode funcionar como linguagem de acusagio entre familiares quando em situagio de confit {ALMEIDA & RUMSTAIN, 2011). sf Digitalizada com CamScanner £89°LS7'09 | 6Z0'L99 €UL'6LE 90L'8EY | vLp'sz9't | LOBEBTZ =| OLE'OSO'ES feo, wOE9 €8TL LEVEY wloee £78088 opesadsy og6 [Deer Bole 58661 Bb 1ZL Ove'06 8zL's0z. openiasqo = “119 was 18EL over 868 BPE bE L95SC Lovz6s ‘operedsy 90829 i seano ovi's sist ues veLov ‘opeaiasqo 908% £SU'lL 600'sez opesedsa WLLSST Lat 989° “er 90z7z opensasqg = -O4N8 “18H 1ELE 694667 opesadsy ZLL Ove e3ydsq 669'L Ess EET opeaiasqo ore feisze H0EL ZE0S1 62618 opesadsy, | Is9'990°% Teysoraqueg one 958% ees S89 sos'Ls opeasasqo uiviz | 9109z | e0e zt ta 1506121 opeadsa eSETSEL Is aqueysazorg ¥89'6 66E"> 6ELL S617 opeasasqo lots | Se161d = | OLN OnE Overtee jzeevsez | seerosoz opeiadsy O6s'LLeres. eay9Ve> oezoet § fzizert | oze'ezi $8200! | ZL0'c6y Lov ove openiasqo SOP ovibyjau PanUD O\NaWeZMID 1 ¥TaBYE (0861) saew sep a soyry Sr: Digitalizada com CamScanner presentada nas Hinhas © & das maes nas A religiio dos filhos foi re i e inza, encontramos 9 colunas, Nas células da diagonal, marcadas em © ee % numero absoluto de filhos que possuem 3 mesma religido de suas mics, Como se percebe, os maiores valores S¢ concentram nas linhas © co. ‘os, posto que sempre foram majoritérios nham maior poder lunas referentes aos catél no Brasil. Mas isso nao significa que 0S catélicos ten ‘Agsim, devemos controlar essas obser. Isto é feito comparando-se a a frequéncia esperada. Os contrados caso houvesse de transmissio nos domicilios. vagées pelo tamanho de cada religido. frequéncia observada de cada célula com valores esperados sio aqueles que seriam en independéncia estatistica entre as religides de maes € filhos, ou seja, caso qualquer concordancia verificada na tabela se devesse puramente a0 acaso. Como a concordancia religiosa é fruto de processos e me- canismos sociais (¢ nao de aleatoriedade), a concordancia observada & sempre superior a esperada para todas as religiGes ¢ mesmo para os sem-religido. A divisio entre observado e esperado é uma excelente medida para revelar a fora desses mecanismos sociais que produzem a concordancia. Os graficos abaixo apresentam os valores dessa razdo para todas as religides, de 1980 a 2010. Apresentamos separadamente dados sobre mies e pais. GRAFICO 3 Concordancia entre a religido das maes e dos filhos: razo entre frequéncias esperadas e observadas (1980-2010) 10000 7 1000 + 300 4 19 Prowse. | Protest 7 tet bp, Relat ns icsme | tradicional | petencostal | kardecista re | ve agen brasleras | relgides - Ca 27 aa 158) oa cH 460 ero] ta 23 18 ns 109 740. 165 fmz00] 13 201 a 578 2090 A 102 : z 3 2010] 15. 26 2 412 2560 342 105 320 Digitalizada com CamScanner prico 4 Concordancia entre a reigise ¢ (0 observadas (1980; Pals espera e (1980-2010) £405 Fihos:razso entre i. PeSre ete | 000 7 ; | cone PoE 1 | 1000 | | i | 100 | | ; | Catcliceme | Protest Protest veadicionat | petencenat | em Ea aa im ap | a 3 mae | fanoio| 1a 23 a ay za mS ai | endéncias tei i As t ~~ emporais, entre 1980 e 2010, esses cendrios sao bastante méveis e o quadro de al; é algumas religides té mudado rapidamente. No catolicismo comecam a iy fortal apne ae fortalecer as taxas de concordancia, provavel: igni is famniliad Ni P i elmente significando transmissio teligiosa in- trafamiliar. Na medida em que o catolicismo perde espaco no cendrio nacional, € bastante possivel que os adeptos remanescentes sejam justa- mente os mais praticantes e, por conseguinte, com maiores potenciais de | transmissdo e heranca religiosa. Mas até quando o catolicismo sofrera | esta drenagem de pessoas ¢ qual o potencial de reacao dos carismaticos | ede outras expressdes catdlicas vigorosas na atualidade? Estas sdo ques- q toes dificeis de dirimir pelo Censo, exatamente porque os catélicos sao ainda muitos e diversos internamente. | Entre os pentecostais as taxas de concordancia sao decrescentes, 0 | j i mostram, no entanto, que mico desse segmento orientado es. Ou seja, provavelmente no mas sim do fato que expressa o carater fortemente dina: para a conversao de grandes contingente se trata de um baixo potencial de transmis maioria dos pentecostais ¢ ¢ igides. Mesmo que a transmis: i igi uma tendéncia crescente, ainda assim 0 aul it ‘fico 3, 8 uito expressive. Ainda conforme 0 Gr ie tais e mées provestantes € muito prox Sc sso religiosa, de que a grande onvertda eno: ae it cedo em suas reli: so da religiao evang' como heranga seja Por proselitismo € m' razdo entre filhos pente 324 Digitalizada com CamScanner zio entre filhos protestantes ¢ maes pentecostais (mais especificamente, 7:5). Este é um forte indicio de circulagao interna ao ae evangélicg sem propriamente a predominancia de nenhum dos a Segmentos, Entre os kardecistas e sem religiao também as CA le concordancia baixaram, Pentecostais, kardecistas ¢ sem religido so justamente os tras grupos que mais cresceram durante o periodo estudado. Em menor escq. la, o mesmo fendémeno ocorre no grupo das outras religiGes, que também, experimentou algum crescimento. ie Entre os praticantes das afro-brasileiras, a concordancia intrafami- liar se eleva. Arriscamos a hipétese de que se trata de fato de transmissig teligiosa. Nao tendo crescido no perfodo, a manutencao do tamanho € do espago ocupado por esses grupos no campo religioso brasileiro pro. vavelmente se deve muito sua capacidade de reproducao no interior dos domicilios. O protestantismo tradicional, por sua vez, apresentoy queda nas taxas de concordancia que provavelmente expressam queda da propria capacidade de transmissio, posto que o declinio percentual e absoluto desse grupo se acentuou. Com respeito as tendéncias de concordancia entre pais e filhos, de um lado, e mies ¢ filhos, de outro, observamos grandes semelhangas nos formatos. No entanto, como seria esperada, a concordancia é maior dos filhos com a mie do que com 0 pai. De acordo com outros dados censitarios, as mulheres so mais religiosas do que os homens. Elas sio maioria em todas as seis categorias de religido aqui analisadas (caté- licos, protestants, pentecostais, kardecistas, afro-brasileiras ¢ outras), perdendo para os homens somente entre os sem-religiao. Entretanto, os dados sobre os sem-religiio mostram também que a maior concordancia dos filhos é mais com as mies do que com os pais. Donde deduzimos que as maes nao somente tém predominancia na definigio da religiio dos filhos, como é responsavel pela nao transmissio do habitus religioso. Cabe dizer ainda que a diferenga da capacidade de transmissao entre pai e mae diminuiu significativamente até 0 Censo de 2000 e manteve- -se a mesma em 2010. Em boa medida, tal mudanga conecta-se com as transformagées nos comportamentos da paternidade contemporanea, que tendem a diminuir a distancia afetiva entre o pai e os filhos. Do lado dos evangélicos Pentecostais, ao menos, é possivel vislum- brar algumas possibilidades. Eles sao conhecidos pela énfase nos !a- gos familiares ¢ pelo proselitismo. A resultante é: a obrigagio crista da 322 Digitalizada com CamScanner Le RL Digitalizada com CamScanner CAMURCA, M. “A realidade das religiées no Brasil no Censo do 1BGE», In: TEXEIRA, F. & MENEZES, R. (orgs.). As religides no Brasil: con. nuidades e rupturas. Petrépolis: Vozes, 2006. DUARTE, LED. & GOMES, E. (orgs.). Trés familias — Identidades ¢ tra. jetérias transgeracionais nas classes populares. Rio de Janeiro: FGV, 2098, DUARTE, L.ED.; HEILBORN, M.L5 BARROS, M.M.L. & PEIXo. TO, C. (orgs.). Familia e religiao. Rio de Janeiro: Contracapa, 2006, FERNANDES, R.C. et al. Novo nascimento - Os evangélicos em casa, na politica e na igreja. Rio de Janeiro: Mauad, 1998. FRESTON, P. Protestantes e politica no Brasil: da Constituinte ao impe. achment, Campinas: IFCH/Unicamp, 1993 [Tese de doutorado]. 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