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a ee Gespau « lsses Siticpassengs TE O me *. G2 oon mews Coase Qo alecue — SP prsde<’ MARTIN-BARO, |. Sistema, grupo y poder. San Salvador, El Salvador: UCA Editores, 1989. nek CAPITULO 3 - 0 GRUPO HUMANO (*) (1 Tradugao livre realizada por Marise Lima, 1.0 significado de grupo ‘A vida cotidiana apresenta uma grande diversidade de formas como se relacionam as pessoas para as ql aplicamas o mesmo termo - grupo. Grupo 6 uma familia e um conjunto de nossos amigos, grupos so os alunos de uma escola, os banhistas de uma praia, os soldados de um batalhéo e os membros de uma determinada classe social. Todas estas entidades humanas tém algo em comum - envolvem varias pessoas; mas, fora da pluralidade de individuos, ¢ dificil encontrar algum elemento comum a todas elas. Grupo &, portanto, um termo] + muito abstrato quo.temete a realidades diferentes. Mais ainda, 0 fato de que se apica 0 mesmo termo de grupo| 2 situagdes humanas aparentemente semelhantes, mas que no fundo s8o bem distintas, nos alerta sobre 0, Perigo de cair em um puro nominalismo, é dizer, em crer que o fato de aplicar um terme ou nome vai converter em real o nominado. Dai a necessidade de buscar (ter) uma preciso conceitual maior se pretendemos que © termo ‘grupo" seja mais que um simples nome expresse um carter préprio dos fenémenos psicossocials. \Vejameos alguns exemplos: * Pai, mée e dois filhos adolescentes jantam em siléncio, sem felaremn-se mais palavras que as estitamente necessérias para passar a comida. Cortamente, formam um grupo familiar em um ato de jantar juntos. Comparemos com outras quatro pessoas, em tudo equivalentes, que coincidem na mesma mesa de uma lanchonete em que servem comides répides; as quatro comem sem dirigirem-se mais palavras que as necessérias para passar 0 sal, o molho de tomate ou os guardanapos. Neste caso, se trata também de um grupo? * Os alunos de um curso assistem, em sua aula, um filme sobre o qual tém que fazer um trabalho escolar. Umas quadras de distancia da escola, uma centena de espectadores assistem ao mesmo filme em um cinema piiblico. Pode-se falar de grupo no mesmo sentido em ambos os casos? Formam os espectadores do cinema lum verdadeiro grupo? * Pola rua passa bem cedinho um batalhéo de soldados desfilando e cantando. Horas mais tarde, pela mesma rua circula uma grande quantidade de pessoas. Ndo parece haver muita divida sobre o fato de que os soldados formam um grupo. Mas, se trata de um grupo no caso das pessoas que circulam pela rua? *Fala-se dos grupos profissionais de uma cidade ou pais, como os médicos ou os engenheiros, apesar de que o mais certo 6 que muitos deles nem se conhecem e nem se relacionam entre si. Fala-se também como grupo daqueles que constituem uma determinada classe social, por exemplo, o proletariado, ainda que seja possivel ue nem sequer os proprios interessados saibam que formam parte desta classe, quer dizer, que ndo tenham consciéncia disto, Os exemplos poderiam muttipicar-se. Mas 0 fato & que, desde os grupos menores até os grupos maiores, a ‘ealidade de um grupo como tal é menos evidente do que se pode assumir no sentido comum. Nao existem inconvenientes para qualificar a familia, os alunos ou um batalhdo como grupos reais, mas temos dvidas em atribuir o mesmo carater ao grupo da cafeteria, os espectadores de um filme e outros. Dai que a utilizaeo indiscriminada do termo grupo para realidades diferentes pode servir de fitro ideolégico que assimile unilateralmente ou de forma distorcida a diversidade de natureza e sentido dos grupos que existem em cada circunstancia histérica e que tém um significado social real. Por exemplo, quando em El Salvador, as grandes corporagses empresariais incluem entre as empresas privadas, tanto as grandes indistrias com mais de 300 trabalhadores e uma onde trabalham 3 trabalhadores, como se tratasse de um ‘mesmo grupo com os mesmas caracteristicas e interesses sociais. (© dicionério da Real Academia (1970, pag: 679) define o termo grupo como aquela “pluralidade de seres ou coisas que formam um conjunto, material ou mentalmente considerado’. Grupo 6, portanto, um conjunto de varios seres, a unidade de uma pluralidade. Ao que parece, o termo se origina do italiano groppo ou gruppo, ‘que era um vocdbulo técnico para designar a presenca de varios individuos em uma obra de pintura ou ‘escultura formando um 6 sujeito tematico. O termo se introduziu em espanhol desde 1734 para designar a teunido de vérias pessoas. Que um grupo deve ser constituldo por uma pluralidade de individuos é uma condigéo essencial que ninguém questiona, ainda que haja discrepancias a respeito dos limites numéricos tanto para baixo quanto para cima. Assim, por exemplo, ndo se costuma pensar em um grupo quando se trata de duas pessoas: se fala de um ‘arupo familiar, se pensa em pais e filhos @ talvez em outros parentes; e quando se trata de unicamente dos COnjuges, costuma-se falar de um matrimonio mais que de um grupo familiar. Agora bem, em principio e tal como indica a definigso do dicionério, se poderia considerar como grupo quase qualquer pluralidade de| individuos, desde um par ou grupo da totalidade da humanidade; 0 grupo humano; tudo depende da perspectiva adotada, quer dizer do critérfo unificador empregado. De acordo com a definicdo oferecida, esse ciitério pode ‘ser tarito uma considerago material como mental, algo que esteja na mesma realidade, como algo que esteja 56 na nossa cabeca. Em outras palavras, tao qualificados como grupos seriam aqueles que se encontram tunidos em um espago @ em um tempo (varios sujeitos que se encontram em um mesmo quarto, por exemplo), como aqueles que simplesmente so unidos por uma consideragdo mental (por exemplo, os médicos de El Salvador) Esta afimmagdo pode ser vida desde um ponto de vista lingulstco, mas no do ponto de vista psicossocial. | Entre um grupo familar, um grupo de médicos de El Salvador e um grupo hukano hd diferengas to abismais, | {ue reduzttas 2o mesmo denominador de grupo 86 pode gerar confusdo. Robert Merton estabelece uma primeira disting&o entre grupo, coletividade e categoria social que pode ajudar- no a iluminar este ponto, Para Merton (1980, p:366), um grupo s6 se constitui “um nimero de pessoas que interagem entre si de acordo com esquemas estabelecidos”. Assim, pois, apesar da pluralidade de individuos, Merton estabelece duas condicdes necessérias para que se dé a unidade que determina que esses individuos formem um grupo: que interajam entre sie que o fagam de acordo com os esquemas estabelecidos ou_normes. Estas duas ccaracteristicas.permitem diferenciar os grupos das coletividades e das categorias sociais. Constituem uma coletividade aquelas pessoas que compartiham valores © atuam de acordo com @s_normas estabelecidas, mas que ndo atuam entre si. Por isso, todos os grupos s80 coletividades, mas nem todas as coletividades \formam grupos. Todos os membros de um exército, por exemplo, podem formar uma coletividade, jé que se pode supor que compartilham dos mesmos valores e atuam de acordo com os esquemas determinados, entretanto, como nem todos eles atuam entre si, no podem ser considerados como um grupo de fato Finalmente, as categorias sociais, segundo Merton (1980,p:381), so aqueles agregados de status sociais, ‘cujos ocupantes no esto em interacdo; ainda que 18m caractertsticas sociais semelhantes, por exemplo, & dade. O sexo, 0 estado civil, nfo estdo necessariamente orientados por normas comuns e peculiares. Enfoques psicossociais sobre o grupo: seis critérios para definir um grupo, segundo Marvin E.Shaw. 1. A percepcao dos membro: alguma consciéncia sobre os vinculos que os une. 2. Uma motivagio compartilhada: outros clentistas sociais afirmam que 2 condigéo essencial para a existéncia de um grupo esté na satisfacdo das necessidades e motivagdes dos seus membros. 3. Metas comuns: para certos analistas, 0 elemento que unifica uma pluralidade de individuos em um grupo 6 terem um objetivo comum, 4. Uma organizacao: um bom nimero de psicélogos e socidlogos entende que um grupo se define em relacdo & estruturacéo organizada de suas relagSes mituas. 5. A interdependéncia: segundo muitos, a realidade de um grupo se dé pela _interdependéncia dos seus membros. 6. A interacao: segundo muitos, o caréter essencial para a constituigdo de umn grupo & a interagéo dos seus membros. Para Shaw, todos os enfoques so validos, pois assinalam algum aspecto da realidade grupal. Mas o essencial para ele 6 @ interagdo e influéncia mitua “duas ou mais pessoas que inter-atuam mutuamente de mado que cada pessoa influencia todas as demais e ¢ influenciada por elas” Uma andlise desses seis modelos sobre @ realidade do grupo permite estabelecer uma diferenciagao bésica entre eles: por um lado estdo aqueles modelos que postulam como elemento unificador a existéncia de uma carater comum a todos 0s membros do grupo e por outro, aqueles que assinalam como elemento unificador ‘lgum tipo de vinculo entre os membros. Os trés primeiros modelos correspondem a um tipo de soldariedade mecénica: 0 grupo se formariam pela unidade de percepeao, de satistagao motivacional ede objetivos. Os tr8s 5: para alguns psicélogos um grupo se caracteriza quando seus membros tém-~) Ro Liltimos modelos cortesponderiam a um tipo de solidariedade organica: o grupo dependeria de uma organizagao funcional, da interdependéncia ou da interacao de seus membros. Seis modelos sobre a natureza da unidade grupal Modelos de solidariedade mecanica 1.Percepco dos membros 2. Satistagao de motivagdes 3.Um objetivo comum Modelos de solidariedade organica 4. Uma organizacao funcional 5. Ainterdependéncia dos seus membros 6. Ainteracao Para Martin-Bar6, a teoria psicanalitica de Freud 6 representativa do modelo de solidariedade mecénica (a andlise individual tem primazia) ¢ a teoria de Kurt Lewin é representativa de solidariedade organica (a andlise social’tem primazia). Ambas as teorias, apesar do abismo conceitual e empirico que as separa, ressaltam que {grupo 6 algo mais que uma superposicao de individuos e o carater dinamico des grupos. Martin-Baré, trabalhando a partir de um enfoque psicossocial sobre grupo, critica a maioria dos modelos grupais uiiizados em Psicologia Social, destatando trés-ordens de problemas: “a) a parcialidade dos paradigmas predominantes, b) a perspectiva individualista e c) 0 ahistoricismo”. AA parcialidade dos paradigmas predominantes diz respeito a “ver todo grupo humano da perspectiva dos microgrupos". Com isso, se cai no reducionismo de assumir que os macrogrupos no so mais que a reprodugao em maior escala dos grupos pequenos”. A perspectiva individualista 6 gerada quando se parte da compreensto do comportamento individual para analisar o grupo, © ahistoricismo consiste em “analisar 0 grupo sem contexto © dessa forma promove uma ‘naturalizago positvista’ que limita as possibilidades para umia compreensao do caréter ideol6gico das realidades grupais’. Martin-Baré prope que uma teoria dialética sobre grupo humano, deve reunir trés condiges para ser ‘compreendida como psicossocial, quais sejam: 1) deve dar conta da realidade social do grupo enquanto tal, realidad néo redutivel &s caracteristicas pessoais bs individuos que constituem 0 grupo (...) 2) deve incluir tanto os grupos pequenos quanto os grandes (...) sem deixar de lado nenhum dos grupos significativos da vida humana e 3) deve incluir como um dos aspectos éisicos 0 caréter histérico dos grupos. Isso exige remeter cada grupo @ circunsténcia concreta e 20 proceso ‘social que Ihe deram origem, sem assumir portanto que grupos formalmente semelhantes tenham o mesmo sentido ou constituam uma realidade idéntica, nem descartar que grupos diferentes podem apresentar fenémenos equivalentes em contextos e situagtes histéricas dfstintas”. ‘Assim, Martin-Bar6 define um grupo humano como “uma estrufura de vinculos e relagSes entre pessoas que ccanaliza, em cada ciscunstncia suas necessidedes individuais e/ou interesses coletivos’. Desse modo, 0 grupo deve ser pensado sempre em duas dimensdes: a dimensdo da realidade de seus membros e a dimensao ‘estrutural da sociedade em que 0 grupo acontece. “Ambas as dimenses, a pessoal e a estrutural, estéo intrinsecamente igadas entre si Para este autor, séo trés os principais parametros para a anélise de um grupo: a) a identidade do grupo: o que um grupo 6, se define pelo grau e caréter de sua formago organizativa, por suas relagées com outros grupos e pela consciéncia que seus membros t8m do proprio grupo oe b) © poder de que o grupo dispée: & aquele diferencal favorével de recursos que se estabelece quando se Telaciona com outros grupos em func dos seus objetivos, ¢ que permite fazer avancar seus interesses na convivéncia social. ¢) a atividade social que desenvolve - seu produto hist6rico: a existéncia e a sobrevivéncia de um grupo humano depende essencialmente de sua capacidade para realizar agdes significativas em uma determinada circunstancia e situago histérica. "A importncia de uma ao4o ou atividade grupal tem uma dupla dimensdo: externa - frente @ sociedade ou outros grupos , e interna — frente aos membros do proprio ‘Grupe..O grupo tem que ser capaz de produzir um efeito real na vida social para afirmar sua identidade, ou seja, para canalizar a satisfacdo dos interesses que representa e, junto aos seus membros ser capaz de uma ago grupal que atinja a realizacdo dos objetivos que correspondem as suas aspiragdes individuais ou ‘4 uma aspiragéo comum. Martin-Baré enfatiza a questi do poder: 0 poder se da “seja como autoridade moral, como possuidora dos recursos necessarios para a sobrevivéncia no interior do sistema ou, em titime caso, como possuidora dos _mecanismos coercitivos para manter a ordem (armas)". © poder permeia todos os aspectos da vida humana, desde a esfera da politica propriamente dita até o cotidiano, e neste em seus mecanismos de rotina. “O poder representa a razo mais decisiva, 0 motivo mais peremptério do fazer humano — 0 que néo significa de modo algum a razéo mais valiosa ou o motivo mais ‘auténtico. E vélido dizer que frente ao poder da razo est a razSo do poder (...)" Analisando @ questo do poder na determinagdo da agao humana, observamos que este pode influir no comportamento das pessoas e grupos de duas formas nao excludentes: 1) uma forma imediata, impondo uma diregdo concreta @ ago; 2) uma forma mediata, configurando o mundo das pessoas e determinando os elementos constitutives dessa mesma aco". © poder mediato se dé tanto na conformacao da ordem social de um sistema quanto na configuragao de uma realidade que cada individuo assume através dos processos de socializacao. As instituigdes sociais “formalizam. ‘as rotinas tpificadas entre tipos de atores sociais. A configuracdo dessas rotinas depende, fundamentalmente, do poder dos atores. A institucionalizag&o supSe a consagracdo daquelas atividades que melhor respondem, em ma ciscunstancia concreta, aos interesses dos grupos que dispdem de maior poder.” “A ativagdo das rotinas institucionalizadas supSe a realizagSo de um dominio social: & medida que as pessoas aceitam as normas dessas rotinas estabelecidas, e as incorporam como seu mundo através da socializago, se ‘submetem aos inferesses sociais impostos através do poder. Sem dlivide, esta é a forma mais sutil de como 0 poder influi na forma de ser e do fazer das pessoas". ‘Segundo Martin-Baré, um dos aspectos mais importantes do\poder é a sua habilidade em ocultar-se, ou mesmo negar-se, enquanto tal, "apresentando-se como exigéricia natural ou raz8o_ social’. Assim, os comportamentos aparecem como “exigéncias da natureza humana, ou porque so considerados socialmente valiosos’, ocultando 0 fato de que respondem “aos interesses dominantes e atendem aos objetivos de quem se beneficia do sistema social estabelecido” | © poder nao 6 uma abstragdo e tem que ser analisado na sua relacdo concreta: ‘o poder 6 ativo, operante ‘sua presenca produz continuas consequéncias histéricas nas_relacdes humanas. Nestas relagdes, 0 comportamento dos envolvidos se d4 sempre através do exercicio do poder de uns e da submissao de outros". Para Martin-Baré,utlizando as dimensbes de identidade, poder e atividade grupal, pode-se distinguir os grupos primérios, funcionais e estruturas, que é a tipologia por ele proposta, TPO DET ‘CARACTERISTICAS a GRUPO [DENTIDADE PODER ‘ATIVIDADE } i , Salisfagao de necessidades PRIMARIO Vinculos interpessoais | Caractorsicas pessoais | SSterais * : FUNGIONAL | Papel soi Conn oponosec!| Sami | [Comunidade de | Goce dos eis do | Satsago doiniornes de | ESTRUTURAL | interesses objetivos | producao classe. Lutade classes | No grupo primério, a familia articula os interesses das classes dominantes transmitindo valores € configurando pautas de comportamento propicias @ ordem estabelecida. O produto das relagdes sociais 6 a satisfagdo das necessidades basicas da pessoa e a formagao de sua identidade. Os grupos funcionais so aqueles que correspondem a diviséo do trabalho em um determinado sistema social. S40 pessoas que cumprem a mesma func&o, que tem os mesmos papeis e ocupam uma posicao equivalente. © poder dos grupos funcionais dependem do valor e importancia que seu trabalho tem na sociedade. Assim , por exemplo, ainda que se considere primordial o papel do professor, na pratica ele tem um poder social relativamente pequeno. Os grupos estruturais so aqueles que correspondem @ diviséo mais bésica entre os membros de uma sociedade de acordo com interesses objetivos derivados da propriedade sobre os meios de produgdo. As Telagbes que se estabelecem a partir do controle total ou parcial, maior ou menor, sobre os meios de produgao determinam as estruturas mais basicas de uma sociedade , assim como a confrontacéo objetiva que se chama luta de classes. Cada individuo pertence a uma classes social, independentemente de que seja consciente deste pertencimento e que atue ou ndo de acordo com os interesses de sua classe. EXERCICIO MARTIN-BARG, |. Sistema, grupo y poder. UCA Editores, San Salvador, El Salvador, 1989. CAPITULO 3-0 GRUPO HUMANO 1. Qual a implicagdo de se utilizar indiscriminadamente o termo grupo? A utlizagdo indiscriminada do termo grupo para realidades diferentes pode servir de fitro ideolégico que ‘assimile unilateralmente ou de forma distorcida a diversidade de natureza e sentido dos grupos que existem ‘em cada circunstancia histérica e que t8m um significado social real. Por exemplo, quando em El Salvador, as grandes corporacdes empresariais inciuem entre as empresas privadas , tanto as grandes indistrias com mais de 300 trabalhadores e uma onde trabalham 3 trabalhadores, como se tratasse de um mesmo grupo com os mesmas caracteristicas e interesses socias. 2. Qual a compreensao de grupo para Merton e como ele diferencia grupo, coletividade e categoria social? Para Merton (1980, p:368), um grupo $6 se constitui quando “um niimero de pessoas que interatuam entre si de acordo com esquemas estabelecidos’. Assim , pois, apesar da pluralidade de individuos, Merton estabelece ‘duas condigdes necessérias para que se dé a unidade que determina que esses individuos formem um grupo: {que interatuem entre sf e que 0 fagam de acordo com os esquemas estabelecidos ou normas. Constituem uma coletividade aquelas pessoas que compartilham valores e atuam de acordo com as_normas estabelecidas, mas que no atuam entre si. Por isso, todos os grupos s4o coletividades, mas nem todas coletividades formam ‘grupos.Finalmente as categorias socials, segundo Merton (1980,p:381), so aqueles agregados de status ‘socials, cujos ocupantes nao esto em interacdo; ainda que tém caracteristicas socials semelhantes, por ‘exemplo, a idade,o sexo, 0 estado civil, ndo esto necessariamente orientados por normas comuns & Peculiares, 2. _Quais os enfoques psicossociais e a compreensio de Shaw sobre grupo? Enfoques psicossociais sobre o grupo: seis critérios para definir um grupo, segundo Marvin E.Shaw. a. Apercepgio dos membros: para alguns psicélogos um grupo se caracteriza quando seus membros tém ‘alguma consciéncia sobre os vinculos que os une. b. Uma motivagao compartilhada: outros cientistas sociais afirmam que a condiggo essencial para 2 ‘existéncia de um grupo esté na satisfagao das necessidades e motivagdes dos seus membros. cc. Metas comuns: para certos analistas, 0 elemento que unifica uma pluralidade de individuos em um grupo 6 terem um objetivo comum. 4. Uma organizagao: um bom niimero de psicélogos @ sociélogos definem que um grupo se define em Tolacdo a estruturagao organizada de suas relagdes matuas. 2. A interdependéncia: segundo muitos, a realidade de um grupo se dé pela interdependéncia dos seus membros. {LA interagao: segundo muitos, 0 cardter essencial para a consttuigo de um grupo & a interago dos seus ‘membros. Para Shaw, todos os enfoques so validos, pois assinalam algum aspecto da realidade grupal. Mas o essencial para ele 6 @ interacao e influéncia mitua “duas ou mais pessoas que inter-atuam mutuamente de modo que ‘cada pessoa influencia todas as demais e & influenciada por elas” 4, Qual a anélise que Martin-Baré faz dos Seis enfoques psicossociais levantados por Shaw? Uma andlise desses seis modelos sobre a realidade do grupo permite estabelecer uma diferenciagao bésica entre eles: por um lado esto aqueles modelos que postulam como elemento unificador a existéncia de uma cardter comum a todos os membros do grupo e por outro, aqueles que assinalam como elemento unificador ‘algum tipo de vinculo entre os membros. Os trés primeiros modelos correspondem a um tipo de solidariedade mecéinica: 0 grupo se formariam pela unidade de percep¢do, de satisfacdo motivacional e de objetivos. Os trés Ultimos modelos corresponderiam a um tipo de solidariedade organica: 0 grupo dependeria de uma organizacao funcional, da interdependéncia ou da interagdo de seus membros. ‘Seis modelos sobre a natureza e a unidade grupal Modelos de solidariedade mecanica ‘a. Percepeéo dos membros ._ Satisfagdo de motivagses c. Um objetivo comum Modelos de solidariedade organica . Uma organizacao funcional terdependéncia dos seus membros f. Ainteragao 5. D6 um exemplo de teoria grupal representativa de solidariedade mecanica e um exemplo de teoria grupal representativa de solidariedade organica e explique o porque. Para Martin-Bar6, a teoria psicanalitica de Freud é representativa do modelo de solidariedade mecanica ( a anélise individual tem primazia) e a teoria de Kurt Lewin 6 representativa de solidariedade organica (a andlise social tem primazia). Ambas as teorias , apesar do abismo conceitual e empirico que as separa, ressaltam que © grupo é algo mais que uma superposicao de individuos e o cardter dinamico dos grupos. 6. Quais as criticas que Martin-Baré sobre os enfoques psicossociais de grupo? Martin-Baré, trabalhando a partir de um enfoque psicossocial sobre grupo, critica a matoria dos modelos grupais utilizados em Psicologia Social, destacando trés ordens de problemas: a) a parcialidade dos paradigmas predominantes, b) a perspectiva individualista e c) o ahistoricismo”. A parcialidade dos paradigmas predominantes diz respeito a “ver todo grupo humano da perspectiva dos microgrupos". Com isso, se cai no reducionismo de “assumir que os macrogrupos nao sdo mais que a reprodugo em maior escala dos grupos pequenos’. A perspectiva individualista 6 gerada quando se parte da compreensao do comportamento individual para analisar 0 grupo, © ahistoricismo consiste em analisar 0 grupo sem contexto e dessa forma promove uma ‘naturalizacao positivista que limita as possibiidades para uma compreensto do caréter ideolégico das realidades grupais". 7. Quais as condigdes que Martin - Baré considera imprescindiveis para uma teoria dialética sobre grupo humano? Martin-Baré prope que uma teoria dialética sobre grupo humano, deve reunir trés condigbes para ser compreendida come psicossocial, quais sejam: “1) deve dar conta da reaiidade social do grupo enquanto tal, realidade néo redutivel és caracteristicas pessoais dos individuos que constituem 0 grupo (...) 2) deve incluir tanto os grupos pequenos quanto os grandes (...) sem deixar de lado nenhum dos grupos significativos da vida humana e 3) deve inclu como um dos aspectos bésicos 0 caréter histérico dos grupos. Isso exige remeter cada grupo @ circunstéincia concreta e ao proceso social que Ihe deram origem, sem assumir portanto que grupos formalmente semelhantes fentiam 0 mesmo sentido ou constituam uma realidade idéntica, nem descarter que grupos diferentes podem epresentar fenémenas equivalentes em contextos e situagbes histéricas ditintas" 8. Qual a definigdo de grupo humano Para Martin —Baré ? Martin-Baré define um grupo humano como ‘uma estrutura de vinculos ¢ relagSes entre pessoas que canalize, ‘em cade circunsténcia suas necessidades indlvidueis e/ou inferesses coletivos". Desse mado, o grupo deve ser pensado sempre em duas dimensdes: a dimensao da realidade de seus membros e a dimensao estrutural da sociedade em que o grupo acontece. “Ambas as dimens6es, a pessoal e a estrutural, esto intrinsecamente ligadas entre sf” 9. Para Martin- Baré, quais os principais parametros para a andlise de um grupo? ‘So tr8s os principals par&metros para a andlise de um grupo: a. A identidade do grupo: o que um grupo 6, se define pelo grau e carster de sua formagao organizativa, por ‘suas relagdes com outros grupos e pela consciéncia que seus membros tém do préprio grupo. b. O poder de que o grupo dispée: 6 aquele diferencial favordvel de recursos que se estabelece quando se relaciona com outros grupos em funcao dos seus objetives, e que permite fazer avangar seus interesses na convivéncia social ¢. A atividade social que desenvolve — seu produto hist6rico: a existéncia e a sobrevivéncia de um grupo humano depende essencialmente de sua capacidade para realizar aces significativas em uma determinada rcunsténcia e situagao histérica. "A importéncia de uma ago ou atividade grupal tem uma dupla dimens&o: extema - frente & sociedade ou outros grupos, ¢ interna — frente aos membros do proprio grupo. © grupo tem que ser capaz de produzir um efeito real na vida social para afirmar sua identidade, ou seja, para canalizar @ Satisfag0 dos interesses que representa @ junto aos seus membros ser cepaz de uma agdo grupal que atinja @ realizago cos objetivos que correspondem as suas aspiragtes individuals ou & uma aspiragéo comum.” 40. Qual a andlise de Martin— Baré. sobre o poder ? Martin-Bar6 enfatiza a questao do poder: o poder se dé “soja como autoridade moral, como possuidora dos recursos necessérios para a sobrevivéncia no interior do sistema ou, em uitimo caso, como possuidora dos mecanismos coerctivos para manter a order (armas)", © poder permeia todos os aspectos da vida humana, desde a esfera da politica propriamente dita até o cotidiano, @ neste em seus mecanismes de rotina. * O poder representa a razo mais decisiva, o motivo mals eremptério do fazer humano ~ 0 que néo significa de modo algum a azo mais valiosa ou 0 motive mais Aauténtico.€ valid dizer que frente ao poder da razao esta a razo do poder (.)" 11. Como atua o poder na determinagéo da ago humana, segundo Martin- Baré? Analisando a questéo do poder na determinagao da ago humana, observamos que este pode influ no omportamento das pessoas e grupos de duas formas no excludentes: > Uma forma imediata, impondo uma direg&o concreta & ago; > Uma forma mediata, configurando mundo das pessoas e determinando os elementos constitutivos dessa mesma acd" (© poder mediato se dé tanto na conformacao da ordem social de um sistema quanto na configuraggo de uma realidade que cada individuo assume através dos processos de socializacéo. As insttuigbes sociais “formalizam 2s rotinas tipficadas entre tipos de atores socials. A configuragao dessas rotinas depende, fundamentalmente, do poder dos atores. A insttucionalizacao supSe a consagracao daquelas atividades que melhor respondem, em uma circunsténcia concreta, aos interesses dos grupos que dlspSem de maior poder.” “A ativagdo das rotinas institucionalizadas supe @ realizagao de um dominio social: & medida que as pessoas aceitam as normas dessas rotinas estabelecidas, e as incorporam como seu mundo através da socializacSo, se submetem aos interesses sociais impostos através do poder. Sem diivide, esta 6 a forma mais sutil de como 0 ‘poder influi na forma de ser e do fazer das pessoas” 12. Qual o aspecto mais importante do poder, segundo Martin- Bar6? Segundo Martin-Bard, um dos aspectos mais importantes do poder é a sua habilidade em ocultar-se, ou mesmo negar-se, enquanto tal, “apresentando-se como exigéncia natural ou razBo social’. Assim, os comportamentes aparecem como “exigéncias da nafureza humana, ou porque S80 considerados socialmente vaiiosos*, ocuitando o fato de que respondem ‘aos inferesses dominantes e atendem aos objetivos de quem se beneficia do sistema social estabelocido” © poder nao & uma abstragao e tem que ser analisado na sua relacéo concreta: “o poder é ativo, operante € sua presenga produz continues consequéncias histéricas nas relagSes humanas. Nestas relagdes, 0 Comportamento dos envolvidos se dé sempre através do exercicio do poder de uns e da submisso de outros" ‘SONHOS... ACREDITE NELES! “€ preciso sonhar, mas com a condicao de crer em nossos sonhos, de observar atenciosamente a vida real, de realizar escrupulosamente a nossa fantasia!” Wi.Lenin ‘Tenho certeza que nos encontraremos na busca da realizacao dos nossos sonhos, portanto, até mais! Um grande beijo! Marise

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