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LEGISLAGAO EXTRAVAGANTE 4. CONTEXTUALIZACAO, A implementago de disciplinas que visam o aprimoramento técnico profissional dos policiais militares do Estado de Goias, conforme as matrizes curriculares de cursos € 0 REGIMENTO DE ENSINO DA PMGO, indicam a necessidade de profissionais qualificados e bem preparados. Em resposta & essa demanda de formagao, utilizago de tecnologias educacionais e formaco na modalidade a distancia, faz-se necessaria uma melhor capacitagao dos policiais militares do Estado de Goiés, no cumprimento de sua missao institucional, com o aprimoramento de habilidades especificas no desenvolvimento da atividade policial Nesse diapasao, a disciplina Legislagao Extravagante visa dotar a praca policial militar de conhecimentos gerais sobre as leis penais extravagantes e suas recentes alteragées, principalmente aquelas que estdo intimamente ligadas a0 servico policial militar. Lei extravagante é aquela que se encontra fora do cédigo que regula o setor da vida social a que se destina. Leis Penais Extravagantes sao leis validas, mas que nao esto escritas no Cédigo Penal, e sim em leis separadas, a exemplo da Lei de Drogas e da Lei de Crimes Hediondos. importante destacar que as disposigdes contidas nas leis especiais prevalecem sobre as regras gerais. © Objetivo Espectfico da disciplina é capacitar a praca policial militar a reconhecer um ilicito previsto nas principais leis penais especiais, para que tome as iniciativas corretas, agindo na legalidade ¢ imparcialidade. Convém ressaltar que nao é objeto de estudo desta disciplina 0 Estatuto do Desarmamento, pois sera abordado na parte tedrica da disciplina Uso Seletivo da Forga, a. CONTEUDOS a) Médulo | - Abuso de Autoridade b) Médulo Il — Crimes Hediondos ¢) Médulo Ill — Crimes Ambientais d) Médulo IV — Lei de Drogas — 11.343/06 e) Médulo V — Lei Maria da Penha ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom MODULO! LEI N° 13.869, de 05 de setembro de 2019 (ABUSO DE AUTORIDADE) Dispée sobre os crimes de abuso de autoridade 1. INTRODUGAO No dia 05 de setembro de 2019 foi publicada a nova Lei 13.869 que dispée acerca do Abuso de Autoridade, definindo os crimes de abuso de autoridade cometidos por agente pliblico, que, no exercicio de suas fungées ou a pretexto de exercé-las, abuse do poder que Ihe tenha sido atribuido. Cumpre ainda salientar que essa inovagao legislativa surgiu no ordenamento juridico patrio revogando a Lei 4.898 de 09 de dezembro de 1965 (antiga Lei de abuso de autoridade) e dispositivos do Decreto-Lei n® 2.848 de 07 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal). Importante observar ainda que a Lei 13.869/19 teve um perfodo de vacatio legis de 120 dias, ou seja, embora jd tenha sido publicada, somente entrou em vigor 120 dias apés sua publicagao. 2. DISPOSICOES GERAIS Em relagdo a esse novo diploma normative, importante trazer algumas particularidades imprescindiveis ao dominio do contetido em aprego. 2.4. Natureza da Agao Penal nos crimes tipificados na Lei de Abuso de Autoridade Cumpre mencionar que todos os crimes previstos nesse diploma legal so de aco penal publica incondicionada, o que significa dizer que independe de representaco da vitima para que 0 Membro do Ministétio Publico possa dar inicio a eventual Agao penal pertinente, munido obviamente dos documentos que corroboraram na formacao de sua opi 10 acerca da pratica delitiva Importante ainda mencionar que existe a possibilidade do manejo da Agdo Penal Privada subsidiéria da publica por parte do ofendido, nos crimes descritos nesse diploma normativo, quando verificada a inércia por parte do Promotor de Justica em promover a ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom ‘Ago penal no prazo legal. Tal previsao legal encontra-se insculpida no artigo 3°, §1° da LEI 13.869 de 05 de setembro de 2019, conforme se verifica a seguir: Art. 3° Os crimes previstos nesta Lei so de agao penal publica incondicionada. —_(Promulgacdo partes vetadas, § 1° Sera admitida agao privada se a agéo penal publica no for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Publico aditar a queixa, repudia-la e oferecer dentincia substitutiva, intervir em todos 08 termos do proceso, fornecer elementos de prova, interpor recurso @, a todo tempo, no caso de negligéncia do querelante, retomar a agao como parte principal. § 2° A acdo privada subsidiéria seré exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar 0 prazo para oferecimento da denancia. Para que 0 ofendido possa ajuizar a ago privada subsididria, é necessario que o membro do MP fique completamente inerte no prazo legal do art. 46 do CPP, ou seja, que nao adote nenhuma das seguintes providencias: a) oferecer deniincia; b) requisitar a realizagao de novas diligéncias; ©) pedir 0 arquivamento; 4) requerer a declinagao de competéncia. Diante do exposto, se o Promotor de Justiga/Procurador da Republica pedir, por exemplo, 0 arquivamento do inquérito policial, 0 ofendido, mesmo que n&o concorde com tal atitude, ndo podera ajuizar a agao privada subsididria considerando que néo houve inércia do MP. Se, mesmo nao havendo inércia por parte do MP e 0 ofendido oferecer ago privada subsidiaria, neste caso, o juiz deverd rejeitar a queixa substitutiva por ilegitimidade de parte. Insta salientar que o Cédigo de Processo Penal, positivado no ordenamento juridico patrio por meio do Decreto-Lei n° 3.689 de 3 de outubro de 1941, em seu Art. 46, estipula © prazo de 05 (cinco) dias estando o réu preso e 15 (quinze) dias estando o réu solto para que o Membro do Ministério Publico possa oferecer a pega acusatéria, conforme se pode depreender do Artigo a seguir descrito: ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Art. 46. O prazo para oferecimento da dentincia, estando o réu preso, sera de 5 dias, contado da data em que 0 érgao do Ministério. Publico receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiangado. No ultimo caso, se houver devolugao do inquérito 4 autoridade policial (art. 16), contar-se-4 o prazo da data em que 0 6rgao do Ministério Publico receber novamente os autos. 2.2. Necessidade de dolo especifico no crime de abuso de autoridade Outro ponto que merece igual importancia, no que se refere a abordagem tematica em aprego, trata-se da exigéncia de dolo especifico na pratica do delito de abuso de autoridade, ou seja, exclui, de forma inequivoca, a possibilidade de se ventilar o enquadramento de qualquer tipo penal, previsto nesse diploma normativo, na modalidade culposa. Corrobora nesse sentido o disposto em seu art. 1°, § 12, aduz a Lei 13.869/19: Art. 1°... § 1° As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade especifica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfagao pessoal. 2.3. Condutas oriundas de divergéncia de interpretacao de Lei ou avaliagao de fatos ou provas e 0 abuso de autoridade Por oportuno, muito se falou acerca da possiblidade de, com essa inovacao legislativa, estar se buscando criminalizar 0 hermeneuta ou o intérprete da Lei, porém, tal entendimento nao merece prosperar considerando que, no préprio texto normativo, j4 se proibe a punigdo de condutas oriundas de divergéncia de interpretagao de Lei ou avaliago de fatos ou provas. Sedimentando tal entendimento verifica-se 0 disposto no art. 1°, § 2°, a Lei 13.869/19, aduz que elencado a seguir: Art. 1°... § 2° A divergéncia na interpretacao de lei ou na avaliagéo de fatos e provas néo configura abuso de autoridade. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom 3. COMPETENCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIMES RELACIONADOS NA LE! DE ABUSO DE AUTORIDADE A competéncia para julgar o delito serd, em regra, determinada pela esfera seja ela Federal, Estadual ou Militar, ao qual estiver vinculado o agente puiblico que praticou tal crime. ‘Assim, em regra se 0 delito foi praticado por autoridade (agente publico) federal no exercicio dessa fungao 0 crime sera de competéncia da Justiga Federal, considerando que, neste caso, o delito tera sido praticado em detrimento de um servigo publico federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88, sendo vejamos: Art. 109 (...) IV - os crimes politicos e as infragdes penais praticadas em detrimento de bens, servicos ou interesse da Unido ou de suas entidades autarquicas ou empresas piiblicas, excluidas as contravengées e ressalvada a competéncia da Justica Militar e da Justica Eleitoral; Obviamente, para a competéncia ser da Justica Federal, o crime deve estar relacionado com as fungdes federais exercidas pelo agente publico, conforme se depreende do enunciado de sumula 147 do STJ: Sumula 147-STJ: Compete & justica federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionario pilblico federal, quando relacionados com 0 exercicio da fungao. Se o delito foi praticado por autoridade (agente publico) estadual ou municipal no exercicio dessa funcao: o crime seré, em regra, de competéncia da Justica Estadual, que é residual. Cumpre ainda ressaltar que em relagao aos militares houve inovago legistativa com a entrada em vigor da Lei n° 13.491/2017, que alterou o art. 9°, Il, do CPM, de modo que em relaco aos militares esse entendimento sumular encontra-se superado. Antes da alterago, se o militar, em servigo, cometesse abuso de autoridade ele seria julgado pela Justiga Comum porque o art. 9°, II, do CPM afirmava que somente poderia ser ‘CoMaNDO Da ACADEMIA DE FOLICIA LITA ick dns Dc Teg rnb SOAP Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom considerado como crime militar as condutas que estivessem tipificadas no Cédigo Penal Militar. Assim, como 0 abuso de autoridade nao estava previsto no CPM, mas sim na Lei n° 4,898/65, este delito nao podia ser considerado crime militar nem podia ser julgado pela Justiga Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redagao dada pela Lei n° 13.491/2017 ao art. 9°, I, do CPM que trouxe para a competéncia da justiga militar a responsabilidade pelo processo e julgamento dos crimes praticados em servigo estando essas figuras tipicas previstas ou nao no Cédigo Penal Militar. Desta feita, essa alteragao legislativa trazida pela Lei 13.491/2017, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso Il do art. 9°, pode estar prevista no Cédigo Penal Militar ou na legislagao penal “comum’. Portanto, o abuso de autoridade, mesmo nao estando previsto no CPM pode agora ser considerado crime militar (ulgado pela Justiga Militar) com base no art. 9°, II, do CPM. Logo, a Justica Militar tem plena competéncia para julgar os crimes previstos na Lei de abuso de autoridade. 4. SANCOES DE NATUREZA CiVEL E ADMINSTRATIVA NOS CRIMES PREVISTOS NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Os artigos 6°, 7° e da Lei 13.869/2019, esclarece que as esferas de responsabilizacao do agente pubblico no émbito criminal, civil ou administrative sdo independentes entre si, levando a conclusdo, portanto, de que o agente publico que exorbita de seus poderes no exercicio de seu cargo, emprego ou fungao piblica, podera ser responsabilizado em qualquer delas, ainda que cumulativamente, sendo vejamos: Art. 6° As penas previstas nesta Lei seréo aplicadas independentemente das sangées de natureza civil ou administrativa cabiveis. Paragrafo unico. As noticias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serdo informadas 4 autoridade competente com vistas 4 apuragao. Art. 7° As responsabilidades civil e administrativa sao independentes da criminal, ndo se podendo mais questionar sobre a existéncia ou a autoria do fato quando essas questées tenham sido decididas no juizo criminal. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM 2011606 Email: eam 20.20 br ekapgoi mao Cumpre, no entanto, consignar que a propria lei de abuso de autoridade, em seu Art. 8°, ressalta que 0 desfecho alcangado no Ambito criminal podera influenciar nas decisdes das outras esferas, quais sejam, administrativa e civel, quando a atuagdo do agente se enquadrar em qualquer das hipéteses descritas como excludentes de ilicitudes, conforme se pode constatar a seguir: Art, 8° Faz coisa julgada em ambito civel, assim como no administrativo-disciplinar, a sentenga penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legitima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercicio regular de direito. 5. SUJEITOS DO CRIME No art. 2° da Lei 13.869/19, definiu 0 legislador quem sera o sujeito ativo do delito de abuso de autoridade: Art, 2° E sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente piiblico, servidor ou ndo, da administracao direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municipios e de Terntério, compreendendo, mas no se limitando a: I- servidores publicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 1 - membros do Poder Legislativo; IMl- membros do Poder Executivo; IV- membros do Poder Judiciério; V- membros do Ministério Publico; VI- membros dos tribunais ou conselhos de contas. Pardgrafo unico. Reputa-se agente piblico, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneragao, por eleigao, nomeagao, designagao, contratagao ou qualquer outra forma de investidura ou vinculo, mandato, cargo, emprego ou fungéo em érgao ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Nesse sentido, 0 sujeito ativo do delito de abuso de autoridade, de acordo com a conceituagao de agente puiblico feita pela Lei 13.869/19, seré qualquer agente piiblico, servidor ou néo, que exerga: a) ainda que transitoriamente ou sem remuneragao; b) por eleigao, nomeagao, designagao, contratagao ou qualquer forma de investidura ou vinculo; c) mandato, cargo, emprego ou funcao; d) em érgao ou entidade da administragao direta e indireta de qualquer ente federativo; Lembrando da conceituagéo de agentes publicos trazida pela cléssica doutrina administrativista, serio autores do delito de abuso de autoridade os Agentes Politicos, Agentes Administrativos, Agentes Honorificos, Agentes Delegados e os Agentes Credenciados. De maneira elucidativa pode-se afirmar que os agentes politicos so os ocupantes dos altos cargos da Administragao Publica, descritos dos incisos I a VI, do art. 2°, da Lei 13,869/19. Os Agentes Administrativos sao os servidores e empregados publicos. Os Agentes Honorificos nao sao profissionais contratados pela Administracao Publica. Eles apenas colaboram transitoriamente com o Estado, para exercer determinadas fungdes, por exemplo, jurados no Tribunal do Juri e Mesario Eleitoral. Os Agentes Delegados sao particulares que tém a responsabilidade de exercer uma atividade especifica por delegagao do Estado, que deve fiscalizar sua atuago, por exemplo, os leiloeiros de bens puiblicos. Por fim, os Agentes Credenciados, sdo as pessoas que representa o Estado em alguma circunstancia, por exemplo, um pesquisador que participa de um semindrio internacional representando o Brasil. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 6. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENACAO: Em seu Art. 4°, a Lei 13.869/19 elenca os efeitos extrapenais da condenagao pelo crime de abuso de autoridade: Art. 4° Sao efeitos da condenagao: 1- tornar certa a obrigagéo de indenizar o dano causado pelo crime, devendo 0 juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentenga o valor minimo para reparagéo dos danos causados pela infragao, considerando os prejuizos por ele sofridos; II - @ inabilitagéo para 0 exercicio de cargo, mandato ou fungao publica, pelo periodo de 1 (um) a 5 (cinco) anos; I~ a perda do cargo, do mandato ou da fungao publica. Portanto, trés serdo os efeitos extrapenais de uma condenagao por crime tipificado na Lei de abuso de autoridade, ficando assim dispostos: * Obrigagao de reparar o dano; + Inabilitagao para o exercicio de cargo, mandato ou fungao, pelo prazo de 1 a 5 anos; * Perda do cargo, mandato ou fungao publica; Deve-se atribuir uma atengdo especial aos incisos I! e III do art. 4° supracitado, pois, a perda do cargo e a inabilitago para ocupagaio de outro cargo pliblico so efeitos extrapenais da condenagao. E a inabilitagao tem duragao de 1a 5 anos. 7. Os efeitos extrapenais previstos na nova Lei de Abuso de Autoridade sao automaticos? Essa indagago encontra resposta na disposigao legal prevista no paragrafo Unico do art. 4°, da Lei 13.869/19: Art. 4°... Paragrafo unico. Os efeitos previstos nos incisos II e Ill do caput deste artigo sao condicionados 4 ocorréncia de reincidéncia em crime de abuso de autoridade e nao séo autométicos, devendo ser declarados motivadamente na sentenca ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Ou sea, os efeitos extrapenais da perda do cargo e inabilitagdo para 0 exercicio de outro cargo pelo prazo de 1 a 5 anos ndo sao automaticos e, apenas, poderdo recair sobre os réus reincidentes em crimes de abuso de autoridade. ‘Ao nao condicionar o efeito da obrigagao de reparar o dano a reincidéncia do réu e nem exigir a declarago motivada do mesmo em sentenga, o legislador deixou claro que, a exemplo do que j4 ocorre no Cédigo Penal, a obrigagao de reparar o dano 6 efeito automatic da condenagao e atinge tanto os réus primarios quanto os reincidentes. 8. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Sobre as penas restritivas de direitos, aduz o art. 5* do novo diploma que: Art. 5° As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei sao: 1 - prestagdo de servigos 4 comunidade ou a entidades publicas; IN- suspenso do exercicio do cargo, da fungéo ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; MI - (VETADO). Paragrafo unico, As penas restnitivas de direitos podem ser aplicadas auténoma ou cumulativamente. De maneira bem simples, duas séo as penas restritivas de direitos cabiveis aos condenados por crime de abuso de autoridade: * Prestacdo de servigos a comunidade; * Suspensao do exercicio das fungdes pelo prazo de 1 a 6 meses, com perda dos vencimentos e vantagens; Nesse sentido, a suspensdo do exercicio das fungées 6 uma pena restritiva de direitos cabivel em substituigao a pena privativa de liberdade, e com prazo que varia de 1 a 6 meses. Importante ainda consignar que durante 0 periodo de suspensao o servidor penalidade ficara sem o recebimento de seus vencimentos e /ou vantagens. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 8.1. Quais os crimes de abuso de autoridade admitem a substituigao da pena privativa de liberdade pelas restritivas de direitos? De maneira bem didatica, no sentido de responder a esse questionamento, precisaremos esclarecer os requisitos devem ser cumpridos para que essa substituicao seja realizada. Tais requisitos sao previstos no Art. 44 do cédigo penal: Art. 44. As penas restrtivas de direitos so auténomas e substituem as privativas de liberdade, quando: |— aplicada pena privativa de liberdade nao superior a quatro anos e © crime nao for cometido com violéncia ou grave ameaca a pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; Il— 0 réu nao for reincidente em crime doloso; Ill — a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstancias indicarem que essa substituico seja suficiente. Partindo da premissa que para se obter a substituigéo das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos deve-se enquadrar nos requisitos acima, pode-se afirmar que apenas 3 (trés) figuras delituosas descritas na Lei 13.869/19 nao admitem a substituigo da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, nem mesmo aos réus primérios, quais sejam, Art. 13, Art. 22, § 1, le Art. 24. Essa concluséio decorre do fato de que, embora nenhum dos crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19 possuam pena maxima superior a 4 anos, trés deles sao praticados mediante violéncia ou grave ameaga, fato este que impede a concessao do beneficio. Os crimes que no admitem a referida substituigao sao: Art. 13. Constranger 0 preso ou o detento, mediante violéncia, grave ameaga ou redugao de sua capacidade de resisténcia, a: I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido 4 curiosidade publica; IN - submeter-se a situagéo vexatéria ou a constrangimento nao autorizado em lei; MM - (VETADO). Pena - detengao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuizo da pena cominada 4 violéncia. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou a revelia da vontade do ocupante, imével alheio ou suas dependéncias, ou nele permanecer nas mesmas condigées, sem determinagao judicial ou fora das condig6es estabelecidas em lei: Pena - detengao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1° Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 1 - coage alguém, mediante violéncia ou grave ameaca, a franquear-Ihe 0 acesso a imével ou suas dependéncias; Il- (VETADO); Ill - cumpre mandado de busca e apreensao domiciliar apés as 21h (vinte e uma horas) ou antes das Sh (cinco horas). § 2° Nao havera crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indicios que indiquem a necessidade do ingresso em razo de situagao de flagrante delito ou de desastre. ‘Acerca dessa figura tipica importante trazer alguns posicionamentos, pois é bem intrinseca a atividade policial. O art. 22 da Lei de Abuso de Autoridade segue a regra constitucional prevista ao teor do art. 5., XI, que diz: a casa é asilo inviolavel do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinagéo judicial. O art. 150 do Cédigo Penal ja tipificava o crime de violagao de domicilio. © caput do art. 22 da Nova Lei de Abuso de Autoridade, porém trouxe uma modalidade especial de violagao de domictlio. © tipo penal consagra uma presuncao do desejo de nao ingresso do agente piiblico (se 0 ocupante nada diz, entao o agente publico nao pode entrar em seu imével). Portanto, se ha revelia da manifestagao de vontade do ocupante do imével, presume-se que o ocupante nao quer o ingresso do agente publico. Tal presungao tem razo de ser, porque prestigia 0 direito a propriedade, vida privada e intimidade. Por oportuno, cabe ainda esclarecer que o legislador passou a considerar crime de abuso de autoridade a conduta daquele que cumpre mandado de busca e apreensao domiciliar apés as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). Nesse sentido, no §1°, inciso Il, do artigo em andlise, 0 legislador estabeleceu um critério objetivo que ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom confere seguranga juridica ao operador do direito, pois, sendo cumprido o Mandado de busca e apreensdo apés as 21h e antes das 5h do dia seguinte, haverd crime. Art. 24. Constranger, sob violéncia ou grave ameaga, funciondrio ou empregado de instituigao hospitalar publica ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo dbito ja tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuragao: Pena - detencdo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente a violencia. 9. CRIMES EM ESPECIE SOB A EGIDE DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS Discorrendo acerca dos varios tipos penais tipificados como abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19, de acordo com o previsto no Art. 39 do mesmo diploma legal, constata-se que diversos deles sao classificados como infragdes penais de menor potencial ofensivo, pois a pena maxima em abstrato atribuida ao tipo penal ndo supera 02 anos e, portanto, necessariamente, devem seguir todo o procedimento estabelecido pela Lei 9.099/95. ‘Cumpre ainda consignar que de acordo com o disposto no Capitulo VII, Art. 39 da Lei 13,869/19, no que couber, ou seja, sempre que possivel, as disposigées descritas na Lei n® 9099/95, sendo veja: CAPITULO VII DO PROCEDIMENTO Art. 39. Aplicam-se ao processo @ ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposigdes do Decreto-Lei n® 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Codigo de Processo Penal), e da Lei n? 9,099, de 26 de setembro de 1995. De maneira a facilitar a aprendizagem do contetido, serao elencados os dispositivos que, conforme disposi¢ao legal seguirdo o rito previsto para os juizados especiais. Sao eles: ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisdo em flagrante 4 autoridade judiciéria no prazo legal: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo nico. Incorre na mesma pena quem: 1 - deixa de comunicar, imediatamente, a execugdo de priséo temporaria ou preventiva 4 autoridade judiciéria que a decretou; W1- deixa de comunicar, imediatamente, a prisao de qualquer pessoa e olocal onde se encontra a sua familia ou a pessoa por ela indicada; IN - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da priséo ‘os nomes do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a execugao de pena privativa de liberdade, de prisdo temporéria, de priséo preventiva, de medida de seguranga ou de internagéo, deixando, sem motivo justo e excepcionalissimo, de executar o alvaré de soltura imediatamente apés recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasiéo de sua captura ou quando deva fazé-lo durante sua detengao ou priséo: —_(Promulgaco partes vetadas) Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ¢ multa. Art. 18, Submeter o preso a interrogatério policial durante 0 periodo de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declaragées: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Neel Fino «Diane Teenolgia da Irfrmapo do CAPM 0 Fo Foe: 2011605 Emi: eodapm sos br en apnaos Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 27. Requisitar instauragéo ou instaurar procedimento investigatério de infragao penal ou administrativa, em destavor de alguém, a falta de qualquer indicio da pratica de crime, de ilicito funcional ou de infragéo administrativa: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, @ multa. Pardgrafo unico. Nao ha crime quando se tratar de sindicancia ou investiga¢ao preliminar suméria, devidamente justificada. Art, 29. Prestar informagéo falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo unico. (VETADO). Art. 31. Estender injustificadamente a investigacao, procrastinando- a em prejuizo do investigado ou fiscalizado: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo nico. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execugao ou concluséo de procedimento, 0 estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuizo do investigado ou do fiscalizado. ilo de fnns Dison Tem intra nA Fv (62) 3201160- Email apm po Art. 32, Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigagao preliminar, ao termo circunstanciado, a0 inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatério de infracao penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtengéo de cOpias, ressalvado 0 acesso a pegas relativas a diligéncias em curso, ou que indiquem a realizagao de diligéncias futuras, cujo sigilo seja imprescindivel: _ (Promulgagao partes vetadas) Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 33. Exigir informagao ou cumprimento de obrigagao, inclusive 0 dever de fazer ou de néo fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo nico. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou fungao publica ou invoca a condigéo de agente publico para se eximir de obrigagao legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido. Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em érgao colegiado, com 0 intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 38. Antecipar o responsével pelas investigagdes, por meio de comunicagao, inclusive rede social, atribuigéo de culpa, antes de concluidas as apuragdes._ «=e ~—sformalizada =a acusagéo: — (Promulgacdo partes vetadas| Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po MODULO II LEI DOS CRIMES HEDIONDOS (Lei 8.072/90) Em 25 de julho de 1990, foi publicada a Lei n. 8.072, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos, que, além de definir os delitos dessa natureza, trouxe diversas outras providéncias de cunho penal e processual penal, bem como referentes @ execugao da pena dos préprios crimes hediondos e equiparados (trafico de entorpecentes, terrorismo e tortura). ft CONCEITO Existem trés formas: 1) Legal - Compete ao legislador enumerar num rol taxativo quais os delitos considerados hediondos (adotada pelo Brasil); 2) Judicial - Compete ao Juiz na apreciagao do caso concreto, diante da gravidade do crime ou da forma em que foi executado, decide se é ou nao hediondo. 3) Mista — O legislador apresenta um rol exemplificativo de delitos hediondos, permitindo ao juiz na anélise do caso concreto, encontrar outros fatos assemelhados (interpretacao analégica), 44. MANDADOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAGAO As Constituigses modernas nao se limitam a especificar restriges a0 poder do Estado e passam a conter preocupagées com a defesa ativa do individuo e da sociedade em geral. A propria Constituigéo impée a criminalizagao de bens e valores constitucionais, pois do Estado espera-se mais que uma mera atitude defensiva. Requer-se que tome eficaz a Constituicéo, dando vida aos valores que ela contemplou e protegendo-os de eventuais ataques (Ex.: art. 5°, XLIII, CRFB). CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM eo Fax (30110 Ea cng go 4.2. CRITICAS AOS CONCEITOS: 1) Legal — Ignora as circunsténcias do caso concreto. 2) Judicial — Nao havendo lei que defina os crimes hediondos, gera inseguranga, ferindo 0 Principio da Legalidade, que é a nossa seguranga quanto o Estado punitivo. 3) Mista — Retne as criticas dos dois conceitos acima. A forma mais justa de conceituar crimes hediondos seria a apresentacao de um rol taxativo de crimes hediondos pelo legislador, devendo o juiz na andlise do caso concreto, confirmar a Hediondez da infragao. Desta forma ha lei, respeitando a legalidade, no entanto 0 juiz trabalha, conformado pela lei, as circunstancia do caso concreto, ndo se contentando com a gravidade em abstrato. PERGUNTA: Existe crime hediondo previsto em legislagao fora do Cédigo Penal? Existe, o genocidio (art. 1°, paragrafo Unico, Lei 8.072/90), nao se confundindo com trafico, tortura e terrorismo que s4o equiparados a hediondos. ra CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS tréfico ilicito de entorpecentes ou drogas afins, o terrorismo e a tortura ndo sao crimes hediondos, porque nao constam do rol do art. 1° da Lei n. 8.072/90. Todavia, como possuem tratamento semelhante nos demais dispositivos da lei, séo chamados de figuras equiparadas. Tal equiparacao encontra fundamento no préprio art. 5°, XLII, da Constituigéo Federal, que expressamente faz mengo a tais infragdes penais. O crime de tréfico ilicito de entorpecentes mencionado no texto constitucional encontra-se descrito na lei 11.343/2006 (Lei de Drogas). J 0 delito de terrorismo esté descrito na Lei n. 13.260/2016. Por fim, 0 crime de tortura possui diversas formas, todas tipificadas na Lei n. 9.455/97. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fax (30110 Ea cng go 3. © ROL DOS CRIMES HEDIONDOS art. 1° da Lei n. 8.072/90 apresenta um rol taxativo desses crimes, nao admitindo ampliacao pelo juiz. Nao se admite, tampouco, que o magistrado deixe de reconhecer a natureza hedionda em delito que expressamente conste do rol. A Lei n. 8.072/90 confere carater hediondo a determinados delitos descritos no Cédigo Penal (e também ao crime de genocidio da Lei n. 2.889/56). Tal lei especifica o nome e o numero do artigo do delito considerado hediondo. Ex.: considera-se hediondo, nos termos do art. 1°, caput, Il, c da Lei n. 8.072/90, o “crime de latrocinio (art. 157, § 3°, in fine)’. Assim, quando o juiz condena alguém por latrocinio, 0 delito automaticamente & considerado hediondo, nao sendo necessario que o magistrado declare tal circunstancia, que, em verdade, decorre de texto expresso de lei. Atengao! A lei n° 13.964/19, mais conhecida como pacote anticrime, mudou a Lei n° 8.072/90 (Leis dos crimes hediondos), acrescentando alguns dispositivos que merecem destaque pela sua recente incluso. Vejamos: Art. 1° Sao considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cédigo Penal, consumados ou tentados: | = homicidio (art. 121), quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um so agente, e homicidio qualificado (art. 121, § 2°, incisos |, II, II], IV, V, VI, Vil e Vill); (Redacéo dada pela Lei n® 13.964, de 2019) crime homicidio doloso simples - art. 121, caput, CP, quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ou homicidio condicionado, como é chamado pela doutrina, € hediondo ainda que cometido por um s6 agente. © homicidio qualificado, por sua vez, sera hediondo independentemente da qualificadora. Em razdo da auséncia de previsao legal, ndo so considerados hediondos 0 homicidio simples, que nao cometido em atividade tipica de grupo de exterminio e 0 homicidio privilegiado - art. 121, caput, e § 1°, cédigo penal CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR acto do CAPM oe Fv (62) 3201160- Email apm po I-A - lesio corporal dolosa de natureza gravissima (art. 129, § 2°) e lesdo corporal seguida de morte (art. 129, § 30), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos atts, 142 e 144 da Constituicdo Federal, integrantes do sistema prisional e da Forga Nacional de Seguranga Publica, no exercicio da fungdo ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razao dessa condigao; (Incluido pela Lei n® 13.142, de 2015). Conforme expressamente previsto, deve haver 0 chamado nexo funcional para que incida a hediondez no caso conereto, isto 6, a leso gravissima deve guardar relagao com © fato de ser a vitima integrante das forgas armadas, sistema prisional ou da forca nacional de seguranga publica. Como o texto legal faz mengao a parente consanguineo até o terceiro grau, abrange irmao, tio e sobrinho, mas nao abrange sogra, cunhado e filo adotivo. Por fim, vale consignar que a lesao corporal dolosa de natureza grave - 129, § 1°, cédigo penal, ndo possui carter hediondo. | - roubo: (Redacao dada pela Lei n® 13.964, de 2019) a) circunstanciado pela restrigao de liberdade da vitima (art. 187, § 2°, inciso V); (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019 b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2°-A, inciso |) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2°-B); (Incluido pela Lei_n® 13,964, de 2019) ©) qualificado pelo resultado lesao corporal grave ou morte {art. 157, § 3°); (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) Ill - extorsao qualificada pela restrigéo da liberdade da vitima, ocorréncia de lesdo corporal ou morte (art. 158, § 3°); (Redacao dada pela Lei n° 13.964, de 2019) VIII - favorecimento da prostituigéo ou de outra forma de exploragao sexual de crianga ou adolescente ou de vulneravel (art. 218-B, caput, e §§ 1° e 2°). (Incluido pela Lei n® 12.978, de 2014) ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato anélogo que cause perigo comum (art. 155, § 4°-A) ‘Incluido pela Lei n° 13.964, de 2019) Paragrafo Unico. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redagao dada pela Lei n° 13.964, de 2019) 1-0 crime de genocidio, previsto nos arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956; (Incluido pela Lei n? 13.964, de 2019) Il 0 crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art, 16 da Lei n® 10,826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) Ill- 0 crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art, 17 da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003; {Incluido pela Lei n° 13,964, de 2019) IV - 0 crime de trafico internacional de arma de fogo, acess6rio ou munigao, previsto no art. 18 da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluido pela Lei n® 13,964, de 2019) \V - 0 crime de organizago criminosa, quando direcionado prattica de crime hediondo ou equiparado. (Incluido pela Lei n® 13,964, de 2019) A lei n® 13.964/19 (Anticrime) desmembrou o art. 16, caput, da lei n° 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), e manteve a mesma pena anteriormente prevista, qual seja: reclusdo de 03 a 06 anos, e multa, quando se tratar de posse ou porte de arma de fogo de Uso restrito, munigao ou acessério (fuzil, metralhadora, etc), e criou, no § 2°, do art. 16, da referida lei de armas uma qualificadora, a qual prevé a pena de reclusdo de 04 a 12 anos, quando as condutas descritas no caput e no § 1° envolverem arma de fogo de uso proibido. Ocorre que 0 art. 2°, inciso Ill, alineas "a" e "b" do Decreto n° 9.847, de 25 de junho de 2019, estabalece que: ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Art. 2° Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: Ill - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a Republica Federativa do Brasil seja signataria; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparéncia de objetos inofensivos; Conclui-se, portanto, a que a Lei Anticrime declarou a hediondez apenas para as armas de fogo de uso proibido - art. 16, § 2°, da Lei n° 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). Em outras palavras, ao desmembrar o dispositive legal acima mencionado, fazendo distingao entre uso restrito e uso proibido, a posse ou 0 porte ilegal de arma de fogo de uso restrito deixou de ser hediondo por falta de referéncia legal. Trata-se, portanto, neste aspecto de novatio legis in mellius, uma vez que a Lei Anticrime foi benéfica nesse sentido. Registre-se que no final do ano de 2017 a posse ou porte de arma de fogo, muni¢éo ‘0u acessério de uso restrito havia sido inserida no rol de crimes hediondos, sendo que, posteriormente, a Lei Anticrime fez referéncia to somente a arma de fogo de uso proibido. Em razao disso, podem ser cogitadas duas posigées a respeito da hediondez prevista no art. 1°, paragrafo unico, II, da Lei, 8.072/90: 1° Corrente - Restritiva: Como o inciso II, do paragrafo Unico da Lei de Crimes Hediondos n? 8.072/90 faz referéncia apenas as armas de fogo de uso proibido - art. 16, § 2°, lei 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento, a posse ou o porte ilegal de armas de fogo de uso restrito - art. 16, caput, do mesmo diploma legal teria deixado de ser crime hediondo, de modo que, neste ponto, a Lei Anticrime teria sido benéfica, portanto, retroativa. 2° Posico - Ampliativa: Ao se referir genericamente ao art. 16 da Lei de Armas, a Lei dos Crimes Hediondos estaria abrangendo todas as figuras tipicas do referido dispositivo legal, de modo que a posse ou 0 porte ilegal de arma de fogo de fogo de uso restrito e proibido continuariam sendo consideradas hediondas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4. CONSEQUENCIAS DOS CRIMES HEDIONDOS: a) __Insuscetiveis de anistia, graca e indulto, que sdo formas de renuncia estatal ao seu poder de punir. PERGUNTA: A Constituigao Federal/88 proibiu anistia e graga, mas a lei acrescentou indulto, seria esse alargamento constitucional? 18 Corrente: entende que a ampliagao é inconstitucional,, pois as vedagées previstas no art.5°, XLIII, da CRFB, sao maximas, sendo defeso ao legislador ordindrio, suplanta-las Observa ainda, que a concessao do indulto esta entre as atribuigées privativas do Presidente, nao podendo o legistador ordindrio, limita-lo no exercicio desta atribuicao. 2* Corrente: entende que a ampliagao € constitucional, pois o indulto ndo deixa de ser modalidade de graga e, por isso, alcangado pela vedagao constitucional (Corrente adotada pelo STF). GRACA INDULTO. Destinatario certo Destinatario nao certo, por ser beneficio coletivo Depende de provocagao Nao depende de provocagao Note que a graca nao deixa de ser indulto no sentido singular e indulto, nao deixa de ser graga no sentido coletivo, assim a segunda corrente entende que ao se proibir graga, obviamente o indulto que esta ligado a graga, também esta vedado. Graca e indulto excluidos para crimes cometidos antes da Lei 8.072/90, nao existe ofensa a garantia constitucional da lei penal mais grave, consistindo a exclusao, exercicio do poder do Presidente da Repblica de negar o indulto a determinados crimes. Logo, 0 Presidente concede crime a quem bem entender, pois o indulto discricionario do Presidente. b) _Insuscetivel de fianga pela lei 11.464/07, que antes desta além da proibigo da fianga, proibia liberdade proviséria, gerando discussao doutrinaria sobre a liberdade proviséria. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom 4° Corrente: entende que fianga se confunde com liberdade proviséria e assim a lel 11.464/07, acaba com essa redundéncia. 2° Corrente: entende que liberdade proviséria e fianga nao se misturam tanto que ha liberdade proviséria sem fianga, logo é possivel a liberdade proviséria 4.1 CRIMES HEDIONDOS (ou equiparados) X LIBERDADE PROVISORIA LEI 8.072/90 LEI 11.464/07 HC 104339 STF Art 2°, Il da lei, Art. 2%, Il foi O STF declarou proibia: alterado e sé proibe | inconstitucional Fianga e Liberdade | fianga. qualquer vedagao legal proviséria. 1® Corrente | a liberdade proviséria, Vigorava a stimula | Passou a ser permitidaa | fundamentando: 697, STF. Reconhece | Liberdade Proviséria em a) Incompativel implicitamente a crime hediondo ou com o Principio da constitucionalidade da | equiparado. Presungao de vedagdo da liberdade 2° Corrente — A | Inocéncia; proviséria vedacao esta implicita b) A proibigio em na proibigdo da fianga. | abstrato nao analisa os pressupostos da necessidade da prisdo cautelar; c) E antecipacao de pena. Superou-se a stim. 697, STF. 4.2, CRIMES HEDIONDOS X REGIME DE PRISAO (Art. 2°, §1° e 2° da Lei 8.072/90 e Lei 13.964/19 - Pacote Anticrime) LEI STF HC LEI STF HC LEI 8.072/90 82959/07 11.464/07 111840 13.964/19 - Pacote Pa eee eo Fv (62) 3201160- Email apm po Anticrime que dew nova redacao ao art. 112 da LEP Regime Julgou 0 regime Regime 0 STF Nos integral fechado | integral fechado | inicial julgou crimes vedacao de | inconstitucional, por | fechado. inconstitucion | hediondos progressdo de | violar os principios: Progres | al também o |e regimes i) séo com 2/5 | regime inicial | equiparad Confirmado Individualizagio da | da pena se | fechado, com |os, os pela Stimula | Pena; primario ou | fundamento | novos 698 STF que ii) Isonomia; 3/5 da pena | principal a | parametro reconhecia iil)Proporcionali_ | se reincidente | violagao do |s para a implicitamente | dade; e Principio da | progressa a iv) Dignidade da Individualizag |o sao os constitucionalid | Pessoa Humana. 4oda Pena. | seguintes: ade do regime Com isso ATENG | a) 40%, integral autorizou a AO: — Ainda | para o réu fechado. progresséo com 1/6 admite primario e da pena, superando a progresséo | 60% parao Sumula 698. diferenciada. | reincident eemcrime hediondo ou equiparad 0; b) 50%, para o réu primario e 70% parao reincident eemcrime hediondo ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po ou equiparad ° com resultado morte, vedado o livramento condicion al em ambos os casos. 0BS2.: Hoje para fixar regime inicial fechado para crime hediondo ou equiparado, 0 magistrado deve observar a necessidade do regime mais rigoroso com base na gravidade em conereto do fato somado aos fins da pena (atentar para as sumulas 718 e 719 do STF). Vale ressaltar que antes da Lei 11.464/07, a progressao de regime, por conta do HC 82959 de 2007 (STF), era de 1/6 da pena (art. 112, LEP). Com o advento da mencionada lei, surge a progressdo diferenciada, com 2/5 da pena se primario ou 3/5 da pena se reincidente. A partir dai, indaga-se se esta nova progressdo é retroativa, alcangando os fatos praticados antes de sua vigéncia? Cuidado! Sumula Vinculante. 26 e Simula 471 do STJ dizem que nao retroagem por ser maléfica a nova lei. Outro ponto que merece destaque é 0 § 3°, art. 2°, da Lei, que deve ser interpretado conforme a CRFB e adota duas situagdes: a) Acusado processado preso (provisoriamente), recorre preso, salvo se néo presentes mais os requisitos da prisao preventiva; ou b) Acusado processado solto, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisdo preventiva ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4.3. CRIMES HEDIONDOS X PRISAO TEMPORARIA Alei 7.960/89 criou as hipsteses de prisdo temporaria, vejamos: TEI7.960789 TET 8.072/90 Hipoteses: Diz que se tratando de crime a) 121, CP; hediondo ou e que 0 prazo é de 30+30 b) 148, CP; dias. c) 157, CP; Alineas a, c, d, e, f, i, m,n que d) 158, CP; enumeram os crimes ao lado séo e) 159, CP; hediondos e assim sera 30+30 dias. £)213, CP i) 267, §1°, CP; j) 270 cic 285, CP; 1) 288, CP m) Genocidio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889/56); 1) Trafico; e ©) Crimes contra o sistema financeiro. Nestas hipéteses o prazo é de 545 dias PERGUNTA: Ha prisdo tempordria aos crimes nao previstos na Lei 7.960/89, mas hediondos, como: 217-A, 273, tortura e terrorismo? Se atentarmos para a redagao do §4° do art. 2° da lei 8.072/90, logo perceberemos que 0 referido paragrafo ampliou nao apenas o prazo, mas também o rol dos delitos possiveis de prisdo temporaria (Principio da Posterioridade, ou seja, lei posterior alterando anterior, alterando 0 prazo e aumentando o rol). CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM eo Fax (30110 Ea cng go 4.4. CUMPRIMENTO DE PENA DOS CRIMES HEDIONDOS (art. 3° da Lei) Condenado pela justiga estadual, cumprindo pena em presidio federal, a execucao da pena passa a ser de responsabilidade da justiga federal e vice-versa (Sumula 192 do STJ). 4.5. LIVRAMENTO CONDICIONAL (liberdade antecipada) Previsto no art. 83, V, do CP, incluido pela Lei 13.344/16, estabelece os seguintes pressupostos: a) Condenado nao sendo reincidente especifico em crime hediondo deve cumprir mais de 2/3 da pena; b) Condenado primario ou reincidente pela pratica de crime hediondo ou equiparado com resultado morte é vedado o livramento condicional conforme Art. 112, VI, alinea ae Vill, da LEP, alterada pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime); 4.6. CRIMES HEDIONDOS X ASSOCIAGAO CRIMINOSA (art. 8° da Lei) Comegamos diferenciando 0 art. 288 do Cédigo Penal para pratica de crimes comuns hediondos ou equiparados. Art. 288 CP Art. 288 CP (sendo crimes hediondos) Pena 1 a 3 anos + pena dos crimes eventualmente praticados. Pena de 3 a 6 anos + pena dos demais crimes —_eventualmente praticados. ‘Admite sursis processual por ter pena minima nao superior a 1 ano e nao cabe preventiva para 0 associado primario (art. 313, 1, CPP). Nao admite sursis processual por ter pena minima superior a 1 ano e cabe preventiva para o associado primdrio pela pena maxima superior a 4 anos. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 5. EIMPORTANTE SABER No caso de trafico de drogas, nao se aplica o art. 288 CP, mas sim 0 art. 35 da Lei 11.343/06, que possui pena de 3 a 10 anos. PERGUNTAS: 1. A delacao premiada (paragrafo unico, art. 8°, da Lei) é somente enderegada aos associados ou alcanga no associados que patticiparam do crime praticado pela organizagao criminosa? A delagao nao se restringe aos associados. 2. E possivel sursis ou penas restritivas de direitos em crimes hediondos ou equiparados? 1 Corrente — Nao, pois tais beneficios sao incompativeis com a gravidade desses delitos; 2° Corrente — A vedacao de sursis ou penas restritivas de direitos para esses crimes com base na gravidade em abstrato ¢ inconstitucional, devendo o juiz analisar a suficiéncia das penas alternativas (Principio da Suficiéncia das Penas Alternativas) com base no caso concreto (Corrente adotada pelo STF). 3. Cabe remigao (diferente de remissdo = perdao), ou seja, resgate de pena em virtude de trabalho ou estudo, para esses crimes? A [ei 8.072/90 nao proibe, sequer implicitamente, logo ¢ perfeitamente cabivel, tratando-se de importante instrumento de ressocializaco. 5.1. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS X LC 64 /90 alterada pela LC 135/10 Condenado por érgao colegiado a crime hediondo ou equiparado é considerado “ficha suja", portanto, inelegivel nos termos da LC 64/90. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 5.2. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS X LEI 12.654/12 (identificagao do perfil genético) Esta lei 12.654/12 alterou a lei 7.210/84 e dispondo no art. 9°- A que os condenados por crimes hediondos, mas néo os equiparados sem violéncia, serao submetidos, obrigatoriamente (sem agao ativa do condenado, ex.: cabelos caidos ao chao), a identificagao do perfil genético por técnica adequada e indolor, visando abastecer sistema de dados do Estado (esta alteracao vigerd em 180 dias de 29/05/12). 5.3. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E 0 DIREITO PENAL DE EMERGENCIA E representado pela produco normativa penal destinada a repressdo da alta criminalidade. Nessas hipsteses, nao raras vezes, o Direito Penal afasta-se de seu importante carter subsididrio assumindo fungao nitidamente punitivista, visando o carater educativo e o atendimento do clamor piblico. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po MODULO III LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (LEI 9.605 de 12/02/1998) O homem, ao mesmo tempo, é criatura e criador do meio ambiente. (Conferéncia Estocolmo - 1972) 4. INTRODUGAO. O meio ambiente é um bem fundamental a existéncia humana e, como tal, deve ser assegurado e protegido para uso de todos. Este é principio expresso no texto da Constituigéo Federal, que no seu art. 225, caput, dispde sobre o reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio como uma extensdo ao direito @ vida, seja pelo aspecto da propria existéncia fisica e satide dos seres humanos, seja quanto a dignidade desta existéncia, medida pela qualidade de vida. Este reconhecimento impde ao Poder Puiblico © & coletividade a responsabilidade pela protegao ambiental. 2. PECULIARIDADES DAS LEIS AMBIENTAIS. E comum na legislagao ambiental que as condutas tipificadas como crimes também sejam consideradas infragdes administrativas; Isto ocorreu no Cédigo de Caga, de Pesca e Florestal e se repete na Lei de Crimes Ambientais. 2A. POLITICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE A Politica Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservagao e conservagao do meio ambiente no pais. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Cs) Fa: (62) 3201166- Email capm go gb A Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispde sobre a Politica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulagao e aplicagao e estabelece que sua execuco se dara por intermédio do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). 2.2. SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente — 0 SISNAMA é 0 conjunto de instituigdes é1ga0s piblicos responsaveis pela politica nacional do meio ambiente que visa 4 protecao e & melhoria da qualidade do meio ambiente nas trés instancias: federal, estadual e municipal. O SISNAMA 6 0 responsdvel pelas politicas de protecdo ambiental. 23. ESTRUTURA DO SISNAMA Como os problemas ambientais sao setorizados, ou seja, cada regido possui suas proprias peculiaridades, o sistema é composto de érgaos federais, estaduais e municipais, de forma que a aplicagao da lei atenda as circunstancias locais. Orgéios que compée 0 SISNAMA: ‘* Orgaio Superior: O Conselho de Governo. '* Orgao Consultivo e Deliberative: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), ‘* Orgao Central: © Ministério do Meio Ambiente (MMA). Desde 1992, a Secretaria do Meio Ambiente da Presidéncia da Republica foi extinta e em seu lugar surgiu 0 Ministério do Meio Ambiente; embora a lei nao tenha sido atualizada, quem faz as vezes de érgao central do SINASMA é 0 Ministério do Meio Ambiente. Orgao Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis (IBAMA) € 0 Instituto Chico Mendes de Conservacao da Biodiversidade (ICMBio). ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Orgaos Seccionais: Os érgaos ou entidades federais/estaduais responsaveis pela execugao de programas, projetos e pelo controle e fiscalizagao de atividades capazes de provocar a degradacao ambiental. Orgaos Locais: Os érgaos ou entidades municipais, responsaveis pelo controle e fiscalizagao dessas atividades nas suas respectivas jurisdigdes. E importante entender que os Estados e os Municipios participam de forma ativa do SISNAMA e sao responsdveis por elaborarem normas complementares a Unido. Exemplo: Se a legislacao federal estabelece que a quantidade maxima de pescado por pescador ¢ de 15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado de Tocantins pode fixar em 10kg a quantidade permitida no estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma mais restritiva), de igual modo, o Municipio de Miracema ~ TO, pode baixar a norma e estabelecer que nos limites do municipio a quantidade maxima & de 5kg. 24, COMPETENCIAS DO SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE Os érgéos que compéem o SISNAMA sao responsdveis pelo licenciamento ambiental, pela criagdo de unidades de conservagao, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras, dentre outras competéncias. Ao estudar a legislagao que trata dos crimes ambientais, observe que as infracdes s&o punidas nas esferas penal e administrativa, e vocé, como agente encarregado da aplicagao da lei, s6 poder agir, administrativamente, se 0 érgao ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou tiver celebrado convénio com érgao ou entidade membro do SISNAMA. Assim, juntamente a Unido, os Estados e os Municipios tem competéncia para legislar em matéria ambiental, como a Constituigao Federal prescreve. 2.5. INFRACAO AMBIENTAL A Policia Militar Ambiental do Estado ou o IBAMA, devem tomar as medidas administrativas cabiveis quando tiverem conhecimento de Infragao ambiental. Para seu conhecimento, as infrages ambientais sdo punidas com as seguintes penas administrativas, dentre outras: ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom + Adverténcia; + Multa; + Embargo; + Suspensdo das atividades; + Apreensdo dos animais; dos produtos e subprodutos da pratica delituosa, inclusive os instrumentos utilizados para a pratica do crime; + Destruigao dos produtos e subprodutos apreendidos. + Destruig&o dos produtos e subprodutos apreendidos. Quanto a competéncia para agir no caso de infragdes ambientais, o poder de policia a ser exercido pelos entes federados insere-se nesta competéncia administrativa. Logo, a Unido, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios possuem competéncia comum para realizar os atos derivados do poder de policia, como, por exemplo, os relatives 4 fiscalizago e 8 autuagao administrativa das infragdes ambientais. Por tal atribuigao ser comum, todos estes entes piiblicos possuem igual responsabilidade, ndo podendo renuncié-la. 3. BATALHAO DA POLICIA MILITAR AMBIENTAL A Policia Ambiental em Goias tomou forma a partir da necessidade de montar uma equipe de policiais para uma operagéo emergencial no ano 1987, durante o tragico acidente radiativo, que se deu por conta da abertura de uma cépsula de césio 137 Diante do ocorrido a Policia Militar recebeu a misao de atuar na operagao, através dos servigos de policiais militares e bombeiros militares na execugao de isolar o local e na construgao de um Depésito de Rejeitos Radioativos (DRR) criado no municipio de Abadia de Goids, com 0 objetivo de anular a efeito quimico existente no ambiente em que o objeto havia sido manuseado. Na ocasiao, foi criada uma Companhia Independente de Policia Especial (CIPOLES), com fins especificos de realizar a tarefa de vigilancia do deposito de Rejeitos Radioativos. Na sequéncia, através do Decreto 3.441, foi criado 0 Batalhao de Policia Militar Floresta que substituiu o CIPOLES. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po © Batalhdo recebia a missio de fazer a seguranga do local. A companhia Independente de Policiamento Especializado ao constatar a gravidade no indice de contaminagéo que foi identificado pelos técnicos da ComissAo Nacional de Energia Nuclear — CNEN intensificou 0 isolamento com intuito de proteger a populagao. Em 11 de novembro de 2010 foi instaurada a Portaria n° 982 com o objetivo dar inicio a um planejamento das atividades em defesa do meio ambiente em todo o Estado, surge entdo a criagdo do Comando de Policiamento Ambiental - CPA (GOIAS, 2010). A Constituigao Estadual de Goids previu a criagao do Batalhao de Policia Militar Florestal com a obrigagéio de proteger as nascentes dos mananciais e os parques ecolégicos, 9 somente com o Decreto n® 3.441, de 05 de junho de 1990 houve essa criagao sendo oficialmente instalado no em 28 de julho de 1990, dia do aniversério da PMGO. © Batalhao da Policia Militar Ambiental (BPMAMB)é parte integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente tendo como dever legal a promogao da educago ambiental, sua atuagao como unidade especializada da policia militar ¢ direcionada para a repressao baseada na lei que a instituiu, Lei n® 9.605/98 e também no Decreto n° 3.179/99 que a regulamentou. Atualmente o 1° BPMAMB esté localizado na zona rural da cidade de Golandpolis, € tem © objetivo de fiscalizar: as exploragées florestais; 0 transporte de produtos ¢ subprodutos florestais; 0 transporte e 0 comércio de pescados; o transporte € 0 comércio de plantas vivas, procedentes de florestas; os desmatamentos e queimadas; os criadouros de animais silvestres; as atividades de pisciculturas. Como também coibir as atividades que poluem o meio ambiente, fomecer relatérios e laudos para que se inicie a ago penal e civil de reparagao de danos quando necessarios cooperando assim com as Promotorias de Justica do Meio Ambiente. Na busca de uma eficiéncia maior na detengao do meio ambiente referente a fauna e a flora criou-se através da Lei n® 17.091 de 02 de julho de 2010, 0 16° Comando de Policiamento Ambiental ~ CRPM — que também foi instalado na cidade da Abadia de Golds, esse comando é 0 responsavel por planejar as atividades que visem a defesa do meio ambiente no Estado de Goias. 4. CONCEITO DECRIME AMBIENTAL Constitui crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuizo causado aos elementos que compéem o ambiente: flora, fauna, recursos naturais e o patriménio cultural. Por violar ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR ia Disc Tenaga da tea do CAPM 2011606 Email: eam 20.20 br ekapgoi mao direito protegido, todo crime ¢ passivel de sango (penalizagdo), que é regulado por lei. O ambiente € protegido pela Lei n.° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as sangées penais e administrativas derivadas de condutas € atividades lesivas ao meio ambiente. 5. OS PRINCIPAIS PRINCIPIOS DO DIREITO AMBIENTAL. Os principios do direito ambiental sao frutos de uma construgdo juridica originada no direito internacional ambiental, a partir das conferéncias ambientais internacionais. Eles foram elaborados para dar I lade juridica aos Estados a criarem pol pUblicas voltadas a protegdo ambiental Por isso, os principios do direito ambiental possuem a fungao de ordenar a construgao normativa ambiental internacional, regional e nacional. Iremos abordar brevemente os mais importantes principios do direito ambiental, trazendo uma definico e histérico de cada um. 5.1. PRINCIPIO DA PREVENCAO ‘Tem origem a partir da Declaragao da Conferéncia das Nagdes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, de 1972. O principio possui como caracteristica impedir a ocorréncia da poluigao. ‘A importancia do principio se da pelo dever de vigilancia em prevenir a ocorréncia de danos irreversiveis e transfronteirigos. Por isso, necesita da participagao publica as tomadas de decisdes. 5.2. PRINCIPIO DA PRECAUGAO De acordo com 0 Ministério do Meio Ambiente, o principio se originou na Alemanha, na década de 1970, conhecido como Vorsorgeprinzip. Se consolidou nos demais paises europeus em 20 anos. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Esse principio pode ser considerado complementar ao da prevengo. No principio da precaugao, 0 foco est para casos em que hd auséncia de evidéncias cientificas que apontem com certeza a ocorréncia de dano ambiental. 5.3. PRINCIPIO DO POLUIDOR-PAGADOR © Principio teve origem como uma recomendagao da Organizagdo para a Cooperacao e Desenvolvimento Econémico, em 1972. A CF/88 reconhece o principio no art, 225, §3° € foi adotado pelo direito brasileiro pela lei 6.938/81, de 31 de agosto de 1981 Diferente dos principios do direito ambiental citados anteriormente, este possui como caracteristica identificar as externalidades causadas pela atividade econémica. Tal externalidade é inserida nos custos da atividade econémica a fim de mitigar os custos dos danos ambientais ao contribuinte. Um exemplo recente é 0 caso do rompimento da barragem de contengao da Vale na cidade de Brumadinho. Neste caso, foi imputada & empresa uma multa sobre os danos ambientais ocasionados. Também foi criado um plano de ago para modificar as formas de exploragao dos minérios e da contengao dos residuos nao aproveitados. 5.4. PRINCIPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL conceito do principio do desenvolvimento sustentavel foi se construindo ao longo dos debates de Conferéncias Intemacionais. Ganhou forga a partir da Conferéncia do Rio, em 1992. Nessa ocasiao, foi reconhecida a necessidade de assegurar o desenvolvimento sustentavel ao longo de 12 dos 27 principios fundamentais da Conferéncia. Provavelmente seja 0 mais controverso dos principios do direito ambiental devido ao seu alto grau de abstragao, nao obrigatoriedade, ou até mesmo se discute se é realmente um principio ou um conceito. Os objetivos do desenvolvimento sustentavel devem prezar pela integragao de agées empreendidas pelo Estado, empresas, ONGs e demais atores sociais. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom 5.5. PRINCIPIO DA PARTICIPAGAO PUBLICA A origem do Principio da Participacao Publica se deu no Principio 10 da Declaracéo do Rio, posteriormente, foi editada a Convengao Aarhus, de 1998, na Dinamarca, que regula 0 direito @ participagao social no campo internacional. Muito embora seja uma convengao restrita a Comisséio Econémica das Nagdes Unidas para a Europa (UNECE), esta aberta a adesdo, aceitagao ou aprovagao pelos Estados por meio das organizagées de integragao econémica e regional. Tal principio é a maneira em que se é possivel propiciar ao plblico fazer parte nas tomadas de decisées do Estado em questdes ambientais. A participagao publica na execugao e elaboracao de politicas ambientais acontece por meio das audiéncias publicas. A sociedade civil participa em érgdos colegiados, que formulam diretrizes, bem como acompanham a execugao de politicas publicas. 6. TECNICA LEGISLATIVA UTILIZADA NA CRIAGAO DOS DELITOS PENAIS NORMA PENAL EM BRANCO- + Tipos penais “abertos”; + Crimes de danos ou perigo concreto; + Crimes de perigo abstrato (potencialidade); + Crimes de mera conduta. 7. CRIMES CONTRA A FAUNA (arts. 29 a 37) + Morte; (art. 29) + Perseguico; (art.29) + Caga: (art. 29) + Caga e Pesca Predatérias; (arts.34 @ 36) * Apanha; (art.29) + Utiizac&o; (art.29) + Maus tratos. (art.32) Pena: reclusao de 1 a 3 anos e multa CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM So Fax (30110 Ea cng go 7S. EXEMPLOS DE PROTEGAO DA FAUNA + Art. 33 — Provocar, pela emissao de efluentes ou carreamento de materiais, 0 perecimento de espécimes da fauna aquatica existentes em rios, lagos, agudes, lagoas, baias ou aguas jurisdicionais brasileiras. + Pena: detengao de 1a 3 anos ou multa. + Art. 34 — Pescar em periodo no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados Por érgao competente. + Pena: detengao de 1a 3 anos e/ou multa. 72 EXCLUDENTES: Nao é crime o abate: - em estado de necessidade (para saciar a foe); - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da a¢ao predatéria de animals, desde que autorizado pelo IBAMA; - por ser nocivo 0 animal, desde que autorizado pelo IBAMA. 8. CRIMES CONTRA A FLORA (ARTS. 38 a 53) BUSCA PROTEGER FLORESTAS E DEMAIS FORMAS DE VEGETAGAO CONTRA: - Corte; (Art.39) - Incéndio; (art.41) - Danos diretos e indiretos a UC; (Art.40) - Destruigao; (arts.38 e 50) - Extrago; (art.45 — reclusdo:1 a 2 anos) - Impedimento de regeneragao; (art.48); Penas: detencao de 1 a 3 anos; rec.1 a5. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM So imeem slayer 8.1. EXEMPLOS DE CRIME CONTRA A FLORA + Art. 38 — Destruir ou danificar floresta considerada de preservacao permanente, mesmo que em formacao, ou utilizé-la com infringéncia das normas de protegao Pena: detengao de 1 a 3 anos e/ou multa Crime culposo: pena reduzida pela metade. + Art. 48 — Impedir ou dificultar a regeneragao natural de florestas e demais formas de vegetacao. Pena: detencao de 6 meses a 1 ano e muita. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fon (2) 3201 Fa) 11” Ems el elope MODULO IV LEI DE DROGAS — 11.343/06 4. INTRODUGAO A Lei 11.343/06 revogou a Lei 6.368/76, instituiu o Sistema Nacional de Politicas sobre Drogas — Sisnad; prescreveu medidas para prevengdio do uso indevido, atengao e reinsergo social de usuarios e dependentes de drogas; estabeleceu normas para Tepresso a produgdo nao autorizada e ao trafico ilicito de drogas e definiu crimes. Diferente da Lei 6.368/76, que tinha um foco maior na repressao as drogas, a Lei 11.343/06 trata a questo da droga como questéo de satide publica, punindo de forma mais severa 0 traficante, porém "despenalizando” o usuario, focando na ressocializagao. O “uso” de drogas nao deixou de ser crime, continua sendo tipificado no artigo 28 da Lei n. 11.343/06, porém nao possui uma pena que restrinja a liberdade do usudrio. Portanto, usar drogas é, sim, crime! artigo 1° da Lei 11.343/06 deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é trazer um tratamento diferenciado ao usuario e 0 traficante de drogas. 2. CONCEITO DE DROGAS A Lei 11.343/06 ndo trouxe a definigao do que seriam essas drogas. Contudo, podemos conceituar drogas como sendo as substdncias ou produtos capazes de causar dependéncia, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pela Unido (por meio da Portaria n? 344 - Anvisa). Estamos diante de uma Norma Penal em Branco, que é aquela cuja compreensao de um preceito primario depende de uma complementagao. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fa: (62) 3201166- Email capm go gb No caso da Lei 11.343/06, essa complementagao nao vem da mesma fonte legislativa, ou seja, n&o vem de uma lei, e sim da Portaria de niimero 344 da ANVISA. 3. FINALIDADE DO SISNAD O art. 3° da Lei 11.343/06 trouxe a finalidade do SISNAD. Atencao! Em 2019, entrou em vigor a Lei 13.840/2019, que alterou a Lei de Drogas, € um dos pontos alterados foi exatamente aqui no artigo 3°, definindo o que seria o Sisnad (§1°) ¢ a previsdio de uma atuago conjunta com o SUS e com o SUAS. Basicamente a Lei 13.840/2019 realizou alteragdes no Sisnad, apresentando uma formulacao de uma politica sobre drogas, nao trazendo alteracdes na seara criminal. Nos artigos seguintes, verificamos outras definigdes, como o Plano Nacional de Politicas sobre Drogas, dos Conselhos de Politicas sobre Drogas, das Diretrizes; enfim, temos enumeradas diversas agdes de prevengao ao combate as drogas. As alterag6es trazidas pela Lei 13.840/2019 mais comentadas pela midia e demais veiculos de comunica¢ao foram as referentes ao tratamento e acolhimento dos usuarios e dependentes de drogas. © tratamento do usuério devera ser realizado em uma rede de atengao a satide, sendo que de forma prioritaria esse tratamento sera ambulatorial. Temos a previsdo ainda de que esses tratamentos deverdo ser orientados por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidéncias cientificas. No Ambito nacional, cabera a Uniao dispor sobre esses protocolos. Atencdo! De forma excepcional, sera admitida a internagao em Unidades de Satide e hospitais gerais. 3.4. INTERNAGAO Essa medida sé se dard quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, devendo elas em, no maximo, 72h serem comunicadas ao Ministério Publico, & Defensoria Publica e a outros orgdos de fiscalizacéo por meio de um sistema informatizado unico. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR acto do CAPM oe Fv (62) 3201160- Email apm po 3.2. PLANO DE ATENDIMENTO. A Lei 13.840/2019 estabeleceu o plano individual de atendimento nas redes de atengdo a satide ao inserir na Lei de drogas os arts. 23-B e 26-A. 4. CRIMES PREVISTOS NA LEI DE DROGAS 4.1 PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL O art. 28 da Lei 11.343/06 trata do porte de drogas para consumo pessoal, observe que 0 legislador trouxe diversos verbos para identificar a conduta; temos 0 que a doutrina chama de tipo penal complexo, ou misto. Ou seja, se o agente praticar qualquer uma dessas condutas, respondera pelo artigo 28 da Lei n. 11.343/06 (adquirir, guardar, tiver em depésito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorizacdio ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar) , porém, caso ele pratique mais de uma, isso no quer dizer que ele estara praticando mais de um crime. A necessidade do dolo especifico presente nesse artigo. E necessario que o agente adquira, guarde, tenha em depésito, transporte ou traga consigo substancia entorpecente para consumo pessoal. Assim, 0 que houve com o porte de drogas para consumo pessoal foi a despenalizagao, ou seja, néo temos a cominago de uma pena privativa de liberdade. Atengdo! © legislador tipificou 0 “porte para uso” e nao 0 “uso” propriamente”. O que isso significa? ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Imagine que em uma abordagem policial a equipe policial perceba a presenca do odor tipico da droga vulgarmente conhecida como maconha e perceba que os abordados esto visivelmente alterados. Caso néo seja localizado 0 cigarro de maconha ou qualquer outra substancia, a equipe policial nao poderd lavrar 0 Termo Circunstanciado, até mesmo porque é necessério a apreensdo da substancia para a realizagao da pericia. Ja que o art. 28 da Lei de Drogas nao prevé pena privativa de liberdade para o porte para uso, vejamos o que estabelece a lei: + Adverténcia: o magistrado faz uma explanagdo sobre a nocividade do uso da droga; + Prestagéo de servicos a comunidade: esse servico deve ser prestado preferencialmente em entidade que tenha como finalidade a prevengao do consumo de drogas tera como prazo maximo de 5 meses ou 10 meses, em caso de reincidéncia; + Medida sociceducativa: frequentar cursos ou programas educativos, nao necessariamente voltados a tematica das drogas; prazo maximo de 5 meses ou 10 meses. Em caso de recusa injustificada 0 juiz podera aplicar uma pena de admoestagao verbal e multa (paragrafo 6”). Outro ponto importante do artigo 28 ¢ quanto ao pardgrafo 12, que traz a conduta equiparada ao caput. O que devemos ficar atentos 6 que esse cultivo devera se dar para © consumo pessoal, caso contrario 0 agente poderd responder pelo previsto no artigo 33. 4.2. DESTRUICAO DAS PLANTACGOES Art. 32. As plantagées ilicitas serao imediatamente destruidas pelo delegado de policia na forma do art. 50-A, que recolherd quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condiges encontradas, com a delimitagao do asseguradas as medidas necessarias para a preservagao da prova. Atengao! conforme o entendimento majoritario da doutrina, a destruigao das plantagdes poderd ser realizada sem a prévia autorizacao judicial. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom 4.3, TRAFICO DE DROGAS Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 4 venda, oferecer, ter em depesito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fomecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar: Pena — reclusdo de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Esse artigo trata do trafico de entorpecentes propriamente dito. Segundo 0 entendimento do STJ, 0 trafico de drogas & um crime de aco multipla, € a pratica de qualquer um dos verbos contidos no artigo 33 é suficiente para a sua consumacao, sendo desnecessaria a realizagao dos atos de venda. Existem 18 nticleos do tipo (verbos) no caput do artigo 33 e, portanto, o agente que pratica qualquer um praticara o trafico de drogas. Para que seja comprovada a materialidade do delito ¢ necessario um laudo que comprove que a substancia é entorpecente e esta presente na portaria 344 da ANVISA. No dia a dia policial funciona assim: a guarnigdo da policia militar conduz o preso em flagrante até a Delegacia de Policia, e a substdncia apreendida ¢ submetida a exame pericial, sendo juntada ao Flagrante (ou TC no caso do artigo 28) uma cépia do laudo preliminar da droga. Apés, 0 Instituto de Criminalistica realiza o laudo definitivo da substancia. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4.4. MATERIA-PRIMA — INSUMO OU PRODUTO QUIMICO DESTINADO A PREPARAGAO §1° Nas mesmas penas incorre quem: | — importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expde @ venda, oferece, fornece, tem em depésito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorizago ou em desacordo com determinacao legal ou regulamentar, matéria--prima, insumo ou produto quimico destinado a preparagao de drogas. inciso primeiro do paragrafo primeiro trata da matéria-prima ou insumo para a preparagao do trafico de drogas. Exemplo: a lidocaina, cafeina, taurina, para ser misturada a cocaina, essas substancias sao tratadas como insumo. tengo! Nao 6 porque a pessoa foi encontrada com um quilo de lidocaina que serd presa por trafico, pois 6 necessaria a comprovacao de que essa substancia era destinada a preparagao das drogas. 4.5. CULTIVO DE MATERIA-PRIMA. Il — semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparagao de drogas. ‘Atengao! Nao confundir essa conduta com a prevista no artigo 28. Naquela o agente realiza o plantio para consumo proprio, ja aqui a finalidade do agente ¢ a circulagao dessa substancia entorpecente. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fa: (62) 3201166- Email capm go gb 4.6. UTILIZAGAO DE LOCAL Ill — utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administragao, guarda ou vigilancia, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorizagao ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar, para o trafico ilicito de drogas. Isso significa que mesmo uma pessoa que sequer tocou na droga, se consentir que se realize a traficdncia em seu imével respondera nas mesmas penas. 4.7. INDUZIMENTO AO USO § 2° Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena —detengao, de 1 (um) a 3 (trés) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. A indugao é “colocar’ a ideia na cabega da pessoa: o agente nunca tinha pensado em utilizar drogas, mas o agente vem o induz a utilizar. Ainstigacao é a estimulagao a ideia jé existente e 0 auxilio diz respeito colaboragao material do agente, sempre permitindo que a pessoa satisfaga a sua vontade de utilizar 0 entorpecente. Ea ‘marcha da maconha"? No julgamento da ADI 4247 o STF afirmou que: - Impossibilidade de restrigao ao direito fundamental de reuniao que nao se contenha nas duas situagdes excepcionais que a prépria Constituigo prevé: 0 estado de defesa e 0 estado de sitio (art. 136, §1°, inciso I, alinea “a’, e artigo 139, inciso IV). - Aco direta julgada procedente para dar ao §2° do art. 33 da Lei 11.343/06 interpretacao conforme a Constituigao e dele excluir qualquer significado que enseje a proibigdo de manifestagées e debates publicos acerca da descriminalizacao ou legalizagao do uso de drogas ou de qualquer substancia que leve 0 ser humano ao entorpecimento episédico, ou entao viciado, das suas faculdades psicofisicas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4.8. OFERECIMENTO DE DROGA SEM OBJETIVO DE LUCRO §3° Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena — detencdo, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuizo das penas previstas no art. 28. E a famosa ‘“rodinha de maconha”, que possui uma menor censurabilidade por parte do legislador, sendo considerada pela doutrina como sendo o trafico de menor potencial ofensivo. 4.9. CAUSA ESPECIAL DE DIMINUICAO DE PENA § 4° Nos delitos definidos no caput e no § 1° deste artigo, as penas poderdo ser reduzidas de um sexto a dois tercos, vedada a conversdo em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primério, de bons antecedentes, nao se dedique as atividades criminosas nem integre organizagao criminosa. A doutrina intitula de “tréfico privilegiado". Conforme a jurisprudéncia do STJ, a causa de diminuigao de pena prevista no § 4° do artigo 33 da Lei de Drogas sé poderd ser aplicada se todos os requisitos estiverem cumulativamente presentes: + Primariedade; + Bons antecedentes; + Nao se dedicar as atividades criminosas; + Nao integrar organizagao criminosa. A reincidéncia de que trata esse paragrafo nao precisa ser especifica, conforme o entendimento do STJ no julgamento do HC 393.709/SP, julgado em 20/06/17. O trafico de drogas privilegiado é equiparado a hediondo? CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fax (30110 Ea cng go Segundo 0 STF o tréfico de entorpecentes privilegiado n4o se harmoniza com a hediondez do trafico de entorpecentes definido no caput e §1° do artigo 33 da Lei de toxicos. No mesmo julgamento, o STF disse ainda que o tratamento penal dirigido ao delito cometido sob 0 manto do privilégio apresenta contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque so relevados 0 envolvimento ocasional do agente com o delito. Ha um evidente constrangimento ilegal ao se estipular ao tréfico de entorpecentes privilegiado 08 rigores da Lei n. 8.072/90. (HC 118533, de 16/09/2016). 4.10. OBJETO DESTINADO A PREPARAGAO DA DROGA Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer titulo, possuir, guardar ou fomecer, ainda que gratuitamente, maquindrio, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado a fabricagao, preparagao, produgao ou transformagéo de drogas, sem autorizagao ou em desacordo com determinagao legal ou regulamenter: Pena ~ reclusdo, de 3 (trés) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. Esse artigo tipifica, excepcionalmente (ja que a regra é que atos preparatérios nao sejam punidos), os atos preparatérios para o trafico de drogas. Atengao 1! Se o agente praticar as condutas previstas tanto no artigo 34 como no artigo 33, num mesmo contexto fatico, respondera somente pela conduta do artigo 33. ‘tengo 2! A maioria da doutrina entende que a pratica dessa conduta (do artigo 34) se equipara aos crimes hediondos. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4.11. ASSOCIACAO PARA O TRAFICO Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou nao, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 desta Lei: Pena — reclusdo, de 3 (trés) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Pardgrafo Unico. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prética reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. ‘A associagao para o trafico também pode ser considerada uma punigao excepcional de ato preparatério do crime, j4 que o fato de se associarem duas ou mais pessoas com 0 fim de praticar o trafico ja configura crime, mesmo que o trafico nao ocorra. A conduta de associagao é auténoma ao trafico, ou seja, se os agentes se associarem e praticarem efetivamente o trfico, responderao em concurso material pelos crimes de trafico e associago para o trafico. A jurisprudéncia do STJ entende que essa associagao devera se dar de forma estavel permanente, de modo que, se ocorrer de forma eventual, teremos um mero concurso de agentes. paragrafo Unico traz a conduta da associagao com o fim de financiar o trafico de drogas, conduta prevista no artigo 36 da lei. Nesse caso, teremos as mesmas penas descritas no caput. tengo! A associagao para o trafico (art. 35) ndo é crime equiparado a hediondo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4.12. FINANCIAMENTO DO TRAFICO Art. 36. Financiar ou custear a pratica de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 desta Lei: Pena — reclusao, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. A conduta descrita no artigo 36 nao precisa da obtengao de lucro por parte do agente, basta que ele financie a pratica dos delitos previstos nos arts. 33, caput e § 1°, 34. Atencao! Essa conduta é equiparada a hediondo. 4.13. COLABORAGAO COM O TRAFICO Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organizagao ou associacdo destinados a pratica de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 desta Lei: Pena — reclusdo, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Essa é a conduta tipica do “olheiro”, “fogueteiro”, ou seja, aquele que colabora com o trafico de drogas, com 0 grupo ou organizacao criminosa. O STF no julgamento do HC 106.158/RJ afirmou que a conduta do “fogueteiro” seria punida por meio da conduta descrita no artigo 37. Caso a colaborago seja permanente, o agente incorreré no delito de associagao para © trafico. Portanto, para que seja tipificado no artigo 37, a colaboragao deverd ser eventual. Atencao! O delito do artigo 37 nao é equiparado a hediondo. ‘CoMANDO D4 ACADEMIA DE POLICIA ULITAR Nicks de Eno a Dita Teel a Iibemago So CAPM oe Fv (62) 3201160- Email apm po 4.14, PRESCRIGAO CULPOSA DE DROGAS Art. 38, Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite 0 paciente, ou fazé-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinagao legal ou regulamenter: Pena — detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cingiienta) a 200 (duzentos) dias-multa. Paragrafo Unico. O juiz comunicaré a condenagao ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertenga o agente. No caso da prescri¢ao culposa, como o préprio nome ja diz, é decorrente de culpa. Ja que o artigo 38 & necessariamente culposo, caso o agente realize a conduta de forma dolosa, ele responder pelo artigo 33, caput. Atengao! Crime culposo nao admite tentativa e, como podemos observar na pena, trata-se de um crime de menor potencial ofensivo. 4.15. CONDUGAO DE EMBARCAGAO OU AERONAVE SOB A INFLUENCIA DE DROGAS Art. 39. Conduzir embarcagao ou aeronave apés o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena — detengao, de 6 (seis) meses a 3 (trés) anos, além da apreensao do veiculo, cassago da habilitagao respectiva ou proibigao de obté-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa Paragrafo unico. As penas de priséo e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serao de 4 (quatro) a 6 (seis) anos € de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se © veiculo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM C=] Fax (30110 Ea cng go Para que seja configurado esse delito, é necessério que 0 agente esteja sob 0 efeito de drogas ilicitas, sendo que essa ingestéo deverd ser comprovada. Outro fator importante é que para configuragao do delito ¢ necessario a exposigao a um dano potencial a incolumidade de outrem, ou seja, deverd ser comprovada a exposigao da incolumidade a provavel dano (crime de perigo concreto). Atengao! Esse é um crime que nao é equiparado a hediondo. 4.16. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei sdo aumentadas de um sexto a dois tergos, se: | — a natureza, a procedéncia da substancia ou do produto apreendido e as circunstancias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; Ilo agente praticar o crime prevalecendo-se de fungao publica ou no desempenho de misao de educagao, poder familiar, guarda ou vigilancia; Ill — a infragao tiver sido cometida nas dependéncias ou imediagdes de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetaculos ou diversdes de qualquer natureza, de servigos de tratamento de dependentes de drogas ou de reinsergao social, de unidades militares ou policiais ou em transportes publicos; IV ~0 crime tiver sido praticado com violéncia, grave ameaga, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidagao difusa ou coletiva; \V— caracterizado 0 trafico entre Estados da Federagao ou entre estes € 0 Distrito Federal; VI — sua pratica envolver ou visar a atingir crianga ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuida ou suprimida a capacidade de entendimento e determinagao; Vil - 0 agente financiar ou custear a pratica do crime CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR acto do CAPM oe Fv (62) 3201160- Email apm po Sobre a transnacionalidade, tem-se que: ‘Sumula 607-STJ: A majorante do trafico transnacional de drogas (art. 40, |, da Lei 11.343/08) se configura com a prova da destinagao internacional das drogas, ainda que nao consumada a transposigaio de fronteiras. STJ. 3° Segao. Aprovada em 11/04/2018. © rol trazido pelo inciso Ill € taxativo, ja que no & possivel uma interpretagao analégica in malam partem. 4.17. COLABORAGAO PREMIADA Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a. investigacéo policial e 0 processo criminal na identificagao dos demais coautores ou participes do crime e na recuperagao total ou parcial do produto do crime, no caso de condenagdo, terd pena reduzida de um tergo a dois tergos. Assunto muito em voga atualmente. E importante que saibamos que a Lei 11.343/06 possui a sua prépria previsao de colaboracao premiada 5. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA O STJ entende que o principio da insignificancia nao se aplica aos delitos de trafico de drogas e porte de substancia entorpecente para consumo préprio, pois relaciona-se a de crimes de perigo abstrato ou presumido. 6. LIBERDADE PROVISORIA E CONVERSAO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM RESTRITIVA DE DIREITOS Embora 0 texto de lei (art. 44) estabeleca que nao cabera a liberdade proviséria também a conversao da pena restritiva de liberdade em restritiva de direitos, o STF tem o entendimento pacifico de que essa previsdo é inconstitucional ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 7. PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS A Lei 11.343/06 ndo traz apenas a definigao de crimes e a cominagao de penas ela também estabelece procedimento préprio, aplicando-se de forma subsidiaria o Cédigo de Processo Penal 7.1. PROCEDIMENTO DE DESTRUIGAO DAS DROGAS Trata-se de mais uma alteragdo legislativa trazida pela Lei 13.840/2019. Art. 50-A. A destruiggéo das drogas apreendidas sem a ocorréncia de prisdo em flagrante seré feita por incineragao, no prazo maximo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensdio, guardando-se amostra necesséria a realizagao do laudo definitivo. Se ocorrer a apreensao da droga sem a lavratura do Auto de Prisdo em Flagrante, ou seja, foi somente apreendida a substancia entorpecente e nao o autor do trafico, a droga deverd ser destruida no prazo maximo de 30 dias, sendo necessdrio guardar uma amostra para a realizacao da pericia e elaboragao de um laudo definitivo. A incinerago da droga com a priséo em flagrante néo foi algo alterado pela lei, permanecendo conforme o disposto no artigo 50. delegado de policia, na presenga do Ministério Publico e da autoridade sanitaria, deveré realizar essa destruigéo das drogas, sendo que o local de realizacéo dessa incineragao deverd ser vistoriado antes e depois do procedimento. 7.2. PRAZOS DO INQUERITO POLICIAL A Lei de Drogas traz prazos diferentes do Codigo de Processo Penal. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fax (30110 Ea cng go Art. 51. 0 inquérito policial serd concluido no prazo de 30 (trinta) dias, se 0 indictado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Paragrafo unico. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Publico, mediante pedido justificado da autoridade de policia judiciaria. + 30 dias se o indiciado estiver preso; +90 dias se o indiciado estiver solto; + Os prazos podem ser duplicados. 8. LEI DE DROGAS E A APLICAGAO DA LEI 9.09/95 Alguns dos delitos sao classificados como infragéo de menor potencial ofensivo e, Portanto, seguem o rito sumarissimo da Lei n. 9.09/95; € o que ocorre com o porte de substancia entorpecente para consumo, previsto no artigo 28. A Lei 9.099/95 prevé que caso o agente se recuse a assinar o termo de compromisso de comparecimento do JECrim, poder ser preso em flagrante. Ocorre que a Lei 11.43/06, em seu artigo 48, §2°, veda expressamente a prisdo em flagrante do autor do delito previsto no artigo 28. Art. 48, § 2° Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, ndo se impord priséo em flagrante, devendo 0 autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juizo competente ou, na falta deste, assumir 0 compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisigdes dos exames e pericias necessarios. CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM So Fa: (62) 3201166- Email capm go gb 9. INFILTRAGAO E ACAO CONTROLADA Art. 53. Em qualquer fase da persecucdo criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, s4o permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorizagao judicial e ouvido 0 Ministério Publico, os seguintes procedimentos investigatérios: | — a infitragéo por agentes de policia, em tarefas de investigagao, constituida pelos érgaos __especializados pertinentes; Il —a nao atuagao policial sobre os portadores de drogas, seus Precursores quimicos ou outros produtos uti produgao, que se encontrem no territério brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior numero de jos em sua integrantes de operagées de trafico e distribuico, sem prejuizo da ago penal cabivel. Paragrafo unico. Na hipétese do inciso Il deste artigo, a autorizagdo sera concedida desde que sejam conhecidos o itinerario provavel e a identificagao dos agentes do delito ou de colaboradores. No caso da infiltraco somente o juiz podera autorizar tal medida. A infiltracdo dos agentes ¢ a possibilidade de que os agentes se facam passar por pessoas voltadas para a realizagao da traficancia, com a finalidade de colher informagdes necessérias para 0 esclarecimento dos fatos. Outra informagao importante constante deste artigo € sobre o flagrante diferido, expressamente autorizado pela lei. ‘A equipe policial pode deixar de dar voz de priséo a uma pessoa com uma menor participagao no crime para prender outra que tem uma maior participagao. Veja que aquele que nao foi preso num primeiro momento sera preso assim que possivel; nao é que devemos “liberar um para pegar varios", nao é bem assim que funciona. Deixamos de prender um agora para prender ele e varios outros depois. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 410.PROVIDENCIAS DO MP Art. 54. Recebidos em juizo os autos do inquérito policial, de Comissao Parlamentar de Inquérito ou pegas de informagao, dar-se-d vista ao Ministério Publico para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providéncias: 1—requerer o arquivamento; l— requisitar as diligéncias que entender necessarias; Il — oferecer dentincia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes. O que ocorre é que a autoridade policial enviara o inquérito policial para o magistrado, que 0 remetera ao MP (Promotor de Justica ou Procurador da Repiblica). A diferenca entre um e outro é que em regra, 0 trafico de drogas sera de competéncia da justica estadual, portanto sera remetido ao Promotor de Justiga. Porém, no caso da transnacionalidade, a competéncia sera da Justia Federal, entao teremos a atuagaio do Procurador da Reptiblica Sobre o arquivamento requerido pelo MP, nao custa lembrar que 0 delegado de policia nao poderd requerer arquivamento, sendo essa competéncia do MP. 41.MEDIDAS ASSECURATORIAS O artigo 60 da Lei foi alterado pela Lei 13.840/19. Dentre as mudangas ocorridas, temos as seguintes: + O magistrado nao pode mais determinar a concessao das medidas assecuratérias de oficio; + Foi inserida a previsdo expressa de que o assistente de acusagao pode requerer ao juizo a concessao de medidas assecuratérias; CCostanno ba ACADEMIA DEFOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM oe Fa: (62) 3201166- Email capm go gb + O art. 60 possuta dois paragrafos trazendo regras de procedimento para essas medidas, tendo revogado esses dispositivos e remetido a regulamentagao para o CPP. Tivemos ainda outras alterages promovidas pela Lei 13.840/2019, bem como pela Medida Proviséria 85/2019 (aprovada no Senado Federal na forma do Projeto de Lei de Conversdo 20/2018), que foi editada alguns dias apés a publicagao da Lei, que tratam sobre a apreensdo e destinagao dos bens do investigado: Art. 61. A apreensdo de veiculos, embarcagées, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos maquinérios, utensilios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a pratica dos crimes definidos nesta Lei sera imediatamente comunicada pela autoridade de policia judicidria responsavel pela investigacao ao juizo competente. (Redacao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). § 1° - 0 juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da comunicagao de que trata 0 caput, determinara a alienagao dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serio recolhidas na forma da legislagao especifica. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 2° - A alienagdo serd realizada em autos apartados, dos quais constard a exposigo sucinta do nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a descri¢ao e especificacao dos objetos, as informagées sobre quem os tiver sob custédia e o local em que se encontrem. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) § 3° - O juiz determinara a avaliacéo dos bens apreendidos, que serd realizada por oficial de justiga, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuago, ou, caso sejam necessarios conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo nao superior a 10 (dez) dias. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) § 4° - Feita a avaliagao, o juz intimara 0 6rgao gestor do Funad, o Ministério Publico e o interessado para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergéncias, homologara o valor atribuido aos bens (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Art. 62. Comprovado o interesse publico na utilizagao de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os érgdos de policia judicidria, militar e rodovi ia poderao deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservagao, mediante autorizagao judicial, ouvido o Ministerio Publico e garantida a prévia avaliagao dos respectivos bens. (Redagao dada pela Lei n, 13.840, de 2019). § 2° - A autorizagao judicial de uso de bens devera conter a descrigéo do bem e a respectiva avaliagao e indicar o érgao responsavel por sua utilizagao. § 3° - O Grgdo responsdvel pela utilizagao do bem devera enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento quando por este solicitado, informagdes sobre seu estado de conservacao. (Redagdo dada pela Lein. 13.840, de 2019). § 4° - Quando a autorizagao judicial recair sobre veiculos, embarcagées ou aeronaves, 0 juiz ordenard a autoridade ou ao érgao de registro e controle a expedigao de certificado provisério de registro e licenciamento em favor do érgao ao qual tenha deferido 0 uso ou custédia, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores a decisdo de utilizago do bem até o transito em julgado da decisao que decretar o seu perdimento em favor da Unio. § 5° - Na hipétese de levantamento, se houver indicacdo de que os bens utilizados na forma deste artigo sofreram depreciagéo superior aquela esperada em razo do transcurso do tempo e do uso, poderd 0 interessado requerer nova avaliacao judicial § 6° - Constatada a depreciagao de que trata o § 5°, 0 ente federado ou a entidade que utilizou o bem indenizara o detentor ou proprietario dos bens. § 12. Na alienagao de veiculos, embarcacées ou aeronaves, a autoridade de transito ou 0 érgao de registro equivalente procedera a regularizaco dos bens no prazo de trinta dias, de modo que o arrematante ficara livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuizo de execugdo fiscal em relagao ao antigo proprietario. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom § 13. Na hipétese de que trata 0 § 12, a autoridade de transito ou 0 6rga0 de registro equivalente podera emitir novos identificadores dos bens. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Art. 62-A. O depésito, em dinheiro, de valores referentes ao produto da alienago ou relacionados a numerarios apreendidos ou que tenham sido convertidos, serao efetuados na Caixa Econémica Federal, por meio de documento de arrecadacao destinado a essa finalidade. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 1° - Os depésitos a que se refere o caput serdo repassados pela Caixa Econémica Federal para a Conta Unica do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no prazo de vinte e quatro horas, contado do momento da realizagdo do depésito. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 2° - Na hipétese de absolvigéo do acusado em decisao judicial, o valor do depésito sera devolvido ao acusado pela Caixa Econémica Federal no prazo de até trés dias uteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4° do art. 39 da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1998. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 3° - Na hipétese de decretagao do seu perdimento em favor da Unido, 0 valor do depésito sera transformado em pagamento definitivo, respeitados 08 direitos de eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 4° - Os valores devolvidos pela Caixa Econémica Federal, por decisao judicial, serao efetuados como anulagdo de receita do Fundo Nacional Antidrogas no exercicio em que ocorrer a devolugao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 5° - A Caixa Econémica Federal manteré o controle dos valores depositados ou devolvides. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Art. 63. Ao proferir a sentenga, o juiz decidird sobre: (Redacdo dada pela Lein. 13.840, de 2019): 10 perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido ou objeto de medidas assecuratérias; e (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Il — 0 levantamento dos valores depositados em conta remunerada e a liberagao dos bens utilizados nos termos do art. 62. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 1°- Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorréncia dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecuratérias, apés decretado seu perdimento em favor da Unido, serao revertidos diretamente ao Funad. (Redagao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). § 2° - O juiz remetera ao 6rgao gestor do Funad relagao dos bens, direitos e valores declarados perdides, indicando o local em que se encontram ea entidade ou o érgao em cujo poder estejam, para os fins de sua destinago nos termos da legislagao vigente. (Redagao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). § 4° - Transitada em julgado a sentenga condenatéria, o juiz do processo, de oficio ou a requerimento do Ministério Publico, remetera a Senad relagéo dos bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da Unido, indicando, quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou o érgao em cujo poder estejam, para os fins de sua destinacéo nos termos da legislacao vigente. § 5° - (VETADO). (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 6° - Na hipdtese do inciso || do caput, decorridos 360 (trezentos sessenta) dias do transito em julgado e do conhecimento da sentenga pelo interessado, os bens apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas assecuratorias ou os valores depositados que nao forem reclamados serao revertides ao Funad. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) Art. 63-A. Nenhum pedido de restituigéo sera conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a pratica de alos necessarios a conservagao de bens, direitos ou valores. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) Art. 63-B. O juiz determinard a liberago total ou parcial dos bens, direitos € objeto de medidas assecurai origem, mantendo-se a constrigao dos bens, direitos e valores necessarios e suficientes a reparagao dos danos e ao pagamento de prestagdes jas quando comprovada a licitude de sua pecunidrias, multas e custas decorrentes da infragao penal. (Incluido pela Lein. 13.840, de 2019). ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Art. 63-C. Compete a Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas do Ministerio da Justica e Seguranga Publica proceder a destinagao dos bens apreendidos e nao leiloados em carater cautelar, cujo perdimento seja decretado em favor da Unido, por meio das seguintes modalidades: (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) | —alienagao, mediante: (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) a) licitagao; (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019) b) doagao com encargo a entidades ou érgaos piblicos que contribuam para o alcance das finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; ou (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput do art. 24 da Lei n, 8.666, de 21 de junho de 1993; (incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Il — incorporagéo ao patriménio de érgéo da administrag4o publica, observadas as finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; (incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). Ill — destruigo; ou (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). IV — inutilizagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 1° - A alienagao por meio de licitagdo seré na modalidade leildo, para bens méveis e iméveis, independentemente do valor de avaliaco, isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo maior lance, por prego que nao seja inferior a cinquenta por cento do valor da avaliagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) § 2° - O edital do leildo a que se refere 0 § 1° sera amplamente divulgado em jomais de grande circulagao e em sitios eletrénicos oficiais, principalmente no Municipio em que serd realizado, dispensada a publicagao em didrio oficial. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 3° - Nas alienacées realizadas por meio de sistema eletrénico da administragao publica, a publicidade dada pelo sistema substituira a Publicagao em didrio oficial e em jomais de grande circulagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom § 4° - Na alienagdo de veiculos, embarcagées ou aeronaves, a autoridade de transit ou 0 érgao de registro equivalente procedera a regularizagao dos bens no prazo de trinta dias, de modo que o arrematante ficara livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuizo de execugao fiscal em relagéio ao antigo proprietario. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 5° - Na hipdtese do § 4°, a autoridade de transito ou o érgao de registro equivalente podera emitir novos identificadores dos bens. (incluido pela Medida Proviséria n, 885, de 2019) § 6° - A Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas do Ministério da Justiga e Seguranga Publica poderd celebrar convénios ou instrumentos congéneres com érgaos e entidades da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios, a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 7° - Observados os procedimentos licitatérios previstos em lei, fica autorizada a contratacéo da iniciativa privada para a execucdo das acdes de avaliagao, administragao e alienacao dos bens a que se refere esta Lei. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019) Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiga e Seguranga Publica regulamentar os procedimentos relativos a administracao, a preservacao e & destinagao dos recursos provenientes de delitos e atos ilicitos e estabelecer os valores abaixo dos quais se deve proceder a sua destruicao ou inutilizagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) Art. 64. A Unio, por intermédio da Senad, podera firmar convénio com os Estados, com 0 Distrito Federal e com organismos orientados para a prevencao do uso indevido de drogas, a atencdo e a reinsergao social de usudrios ou dependentes e a aluagao na repressdo produgao no autorizada e ao trafico ilicito de drogas, com vistas na liberagdo de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para a implantagao e execugao de programas relacionados a questao das drogas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom MODULO V LEI MARIA DA PENHA 1. INTRODUGAO, A Lei 11.340/2006, chamada de Lei Maria da Penha, foi publicada em 8 de agosto de 2006 e batizada com este nome em homenagem a cruel histéria de vida da farmacéutica Maria da Penha Maia Fernandes. Ela foi vitima de violéncia doméstica durante seus 23 anos de casamento, ela era casada com um professor universitério e economista. Em 1983, seu marido tentou assassiné-la, simulando um assalto fazendo uso de uma espingarda, como resultado ficou paraplégica. Pouco tempo depois em uma nova tentativa de assassina-la, buscou eletrocutd-la com uma descarga elétrica durante o banho. Durante todo seu casamento Maria da Penha sofreu muitas agressées. Nunca reagiu nem denunciou por medo de expor sua vida e de suas filhas. Depois de ter sido quase assassinada duas vezes resolveram fazer uma denuncia publica. Mesmo apés ter feito a dentincia, nenhuma decisdo foi tomada, chegou a ficar com vergonha de si, achando que era culpada por tudo que havia Ihe acontecido. Em 1991 0 réu foi condenado pelo tribunal do juri a 8 anos de priséo. Recorreu em liberdade e apés um ano 0 julgamento foi anulado. Novamente foi julgado em 1996, 0 agressor pegou 10 anos e 6 meses de reclusdo. Mais uma vez respondeu em liberdade, até que em 2002 finalmente foi preso depois de 19 anos apés a primeira tentativa de homicidio. O Brasil foi condenado internacionalmente pela Comiss4o Interamericana de Direitos Humanos, que por varias vezes solicitou informagdes ao governo brasileiro e ndo recebeu resposta. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po No relatério n. 54/2001 da OEA, realizou uma anélise dos fatos responsabilizou 0 estado brasileiro por negligéncia, recomendando uma reforma legislativa a fim de combater a violéncia doméstica contra a mulher e também simplificar os processos judici A comissaio também impés uma indenizagao em favor de Maria da Penha, que foi paga em uma sess&o solene pelo Governo do Estado do Ceara. A Lei Maria da Penha foi embasada no paragrafo 8° do artigo 226 da Constituigao Federal, na Convencao sobre a eliminagaéo de todas as formas de violéncia contra a mulher, na Convengdo Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violéncia contra a mulher e em outros tratados internacionais ratificados pela Reptiblica Federativa do Brasil A Lei Maria da Penha nao é uma simples lei, 6 um precioso estatuto, nao somente de carater repressivo, mais, sobretudo, preventivo e essencial. Cabe lembrar que antes da Lei 11.340/06, 0 registro da violéncia perante a autoridade policial nao gerava qualquer iniciativa protetiva imediata. Atengao! Recentemente a Lei Maria da Penha foi alterada pela Lei 13.894/19. 2. CONCEITO DE VIOLENCIA DOMESTICA CONTRA MULHER A Convengao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher OEA define “A violéncia contra @ mulher como qualquer ato ou conduta baseada no género, que Ihe cause morte, dano ou sofrimento fisico, sexual ou psicolégico a mulher tanto na esfera publica quanto na esfera privada” 3. OBJETIVOS DA LEI MARIA DA PENHA - Criar mecanismos para coibir e prevenir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher; - Dispor sobre a criagao dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; - Estabelecer medidas de assisténcia e protegao as mulheres em situagao de violéncia doméstica e familiar. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 4, DIREITOS ASSEGURADOS A MULHER A Lei 11.340/06 em seus arts. 2° e 3° assegura as mulheres os seguintes direitos: viver sem violéncia; preservar sua satide fisica e mental; aperfeigoamento moral, intelectual e social; a vida; @ seguranga; a satide; a alimentagao; a educagao; a cultura; a moradia; ao acesso justiga; ao esporte; ao lazer; ao trabalho; a cidadania; a liberdade; a dignidade; ao respeito e a convivéncia familiar e comunitaria ‘A quem cabe criar as condigées necessarias para o efetivo exercicio dos direitos enunciados? Nao cabe apenas ao Estado criar essas condigées e sim a familia, a sociedade e ao poder publico como um todo. 5. INTERPRETACAO DA LEI A interpretagao da lei levard em conta os fins sociais a que ela se destina (protegao da mulher contra violéncia doméstica e familiar) e condigdes peculiares das mulheres em situagao de violéncia doméstica e familiar. 5.1, CONFIGURAGAO DA VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA MULHER De acordo com o art. 5° da Lei Maria da Penha configura violencia domestica e familiar contra a mulher qualquer aco ou omissao baseada no género que Ihe cause morte, lesdo, softimento fisico, sexual ou psicolégico e dano moral ou patrimonial. Para fins de aplicagao da lei, a violéncia contra a mulher se configura nos seguintes Ambitos: Unidade doméstica Espago de convivio permanente de pessoas (casa onde a mulher mora), com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas (pessoa que nao mora na casa, mas ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po esta passando alguns dias, por exemplo) Familia Comunidade formada por individuos que séo ou se consideram aparentados, unidos por lacos naturais, por afinidade ou por vontade expressa Relagaio intima de afeto Na qual 0 agressor conviva ou tenha convivido (ex-namorado, —_por exemplo) com a__ofendida, independentemente de coabitagao Atencio! Essas relagdes nao dependem de orientacao sexual! Ou seja, a lei nao exige que o agressor seja um homem, sendo assim, é possivel que a agressora seja a namorada da mulher por exemplo. Atengao! A Lei Maria da Penha é uma norma de Direitos Humanos. 5.2. FORMAS DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER VIOLENCIA Fisica Psicolégica Sexual Patrimonial Moral Integridade/saude | Dano emocional; | Relacao ‘Objetos; Calinia; corporal Diminuigéo da | sexual no | Instrumentos de | Difamagao; autoestima; desejada; trabalho; Inj Controle de |Impedir de | Documentos; ages, usar método | Bens, valores e ‘comportamentos, | contraceptivo; | direitos/recursos crengas e | Prostituicao, | econdmicos; decisdes; matriménio, gravidez ou aborto: forgados. aan saniaal bern scent torte oe Fv (62) 3201160- Email apm po 5.3 MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENCAO O art. 8° traz as diretrizes das medidas que diversos entes piblicos (Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios) e organizagdes nao governamentais (ONGs), vao adotar conjuntamente (vao unir esforgos) para garantir assisténcia e protegao a mulher vitima de violéncia doméstica e familiar. 5.4. ASSISTENCIA A MULHER EM SITUAGAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR O art. 9° da lei trata dos sistemas de satide, assisténcia social e seguranga publica atuando de forma integrada e conjunta para garantir a assisténcia adequada 4 mulher vitima de violéncia doméstica e familiar. Percebe-se uma forte atuacao jurisdicional na assisténcia a mulher vitima de violencia doméstica e familiar. Medidas que podem ser adotadas pelo magistrado séo: Incluso da mulher, por prazo certo, em situagao de violéncia doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. ‘Acesso prioritario a remogao quando servidora publica, integrante da administragao direta ou indireta. Manutengao do vinculo trabalhista, quando necessario 0 afastamento do local de trabalho, por até seis meses. © empregador nao 6 obrigado a arcar com os salarios da mulher e sim Encaminhamento A assisténcia judiciaria, quando for 0 caso, inclusive para eventual ajuizamento da ago de divércio, de anulagéo de casamento ou de dissolugio de unio —_estavel perante 0 juizo competente. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po garantir 0 vinculo | Inovagao trazida trabalhista. pela Lei 13.894/19. 5.5. ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL Ocorrendo violéncia doméstica e familiar contra a mulher ou na iminéncia de ocorrer a autoridade policial adotara de imediato as medidas legais cabiveis. Isso também ocorrera em caso de descumprimento de medida protetiva de urgéncia anteriormente deferida pelo juiz. As providéncias adotadas pela Policia sao: *Garantir proteco policial, quando necessario, comunicando de imediato ao Ministério Publico e ao Poder Judiciario; + Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de satide e ao Instituto Médico Legal; * Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de morte; * Se necessario, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorréncia ou do domicilio familiar; *Informar a ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servigos disponiveis, inclusive os de assisténcia judicidria para o eventual ajuizamento perante o juizo competente da agdo de separacao judicial, de divércio, de anulagéo de casamento ou de dissolugao de unio estavel. Inovagao trazida pela Lei 13.894/19. ‘tengo! Essas providéncias, em regra, serdo adotadas pela Policia Militar, pois 6 0 brago estatal que primeiro tem contato com a vitima. Providéncias a serem adotadas pelo Delegado de Policia, sem prejuizo do que ja previsto pelo Cédigo de Processo Penal: * ouvir a ofendida, lavrar 0 boletim de ocorréncia e tomar a representagao a termo (por se tratar de uma ago penal condicionada é necessaria essa medida), se apresentada; ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR acto do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po *colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas cireunstancias; *remeter, no prazo de 48 (quarenta e cit) horas, expediente apartado ao juiz com 0 pedido da ofendida, para a concessao de medidas protetivas de urgéncia. Quem pede medida protetiva é a vitima 0 Delegado de Policia sé faz o encaminhamento e conterd obrigatoriamente as informagées do art. 12, § 1° da lei. *determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessarios; * ouvir 0 agressor e as testemunhas; *ordenar a identificagao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existéncia de mandado de prisao ou registro de outras ocorréncias policiais contra ele; *verificar se 0 agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipétese de existéncia, juntar aos autos essa informagao, bem como notificar a ocorréncia A instituigo responsavel pela concessdo do registro ou da emissao do porte, nos termos da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluido pela Lei n? 13.880, de 2019). *remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Publico. Os Estados ¢ o Distrito Federal dardo prioridade, no ambito da Policia Civil, & criagdo de Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher (Deams), de Nucleos Investigativos de Feminicidio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigagao das violéncias graves contra a mulher. Constatado o risco atual ou iminente contra a vida da mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar ou a sua integridade fisica, ou de seus dependentes, 0 (a) agressor (a) sera imediatamente afastado (a) do lar, domicilio ou local de convivéncia com a ofendida: * pelo juiz; * pelo delegado de policia, quando o Municipio nao for sede de comarca; ou *pelo policial, quando © Municipio nd for sede de comarca e néo houver delegado disponivel no momento da comunicaco do crime. (Essa inovagao legislativa foi incluida pela Lei n° 13.827, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fs (62)3201606- Ema cadpmpo gov hr ewlapmgod maiom Caso nao seja 0 juiz que determinou tal medida ele deve ser comunicado no prazo maximo de 24 (vinte quatro) horas e decidird, em igual prazo, sobre a manutengao ou a revogagao da medida aplicada, devendo dar ciéncia ao Ministério Publico concomitantemente. Caso 0 agressor tenha sido preso e haja risco a integridade fisica da ofendida ou & efetividade da medida protetiva de urgéncia, o magistrado nao concedera liberdade proviséria ao preso. 5.6. PROCEDIMENTO Nos processos em que envolvam a pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher aplica-se as normas dos Cédigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislac&o espectfica relativa a crianga, ao adolescente e ao idoso conjuntamente com a Lei Maria da Penha, desde que nao conflitantes. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderao ser criados pela Unido, Territérios, Estados e Distrito Federal. Nos termos do art. 29 da Lei Maria da Penha esses juizados poderao contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas areas psicossocial, juridica e de satde Entre outras atribuigdes devem fornecer subsidios por escrito ao juiz, a0 Ministério Publico e & Defensoria Publica, mediante laudos ou verbalmente em audiéncia, e desenvolver trabalhos de orientacdo, encaminhamento, prevengao ¢ outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atencdo as criangas e aos adolescentes. Obs.: Quando a complexidade do caso exigir avaliagéo mais aprofundada, o juiz podera determinar a manifestacao de profissional especializado, mediante a indicagao da equipe de atendimento multidisciplinar. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Esses juizados reinem a competéncias civel e criminal. Antes da Lei Maria da Penha € da criagdo desses juizados esses processos eram julgados por julzes distintos (Vara Civel e Vara Criminal). Atengao! As disposigées transitérias (art. 33) da Lei Maria da Penha prevé que enquanto nao estruturados os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularao as competéncias civel e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. E tais processos terao preferéncia no processo e julgamento Obs.: Os atos processuais poderio realizar-se em horario noturno. Em regra os atos processuais so realizados durante o dia, mas como nos casos de aplicagao da Lei Maria da Penha podem necessitar de medidas urgentes a Lei autoriza que sejam realizados em horario notumo. JUIZADO COMPETENTE Por opgaio da ofendida ¢ competente (juiz onde pode julgar 0 caso) 0 Juizado: #do seu domicilio ou de sua residéncia; * do lugar do fato em que se baseou a demanda; do domicilio do agressor. 5.7. RENUNCIA A REPRESENTAGAO A aco penal piblica pode ser condicionada a representagao da vitima ou incondicionada. ‘lei penal (no a Lei Maria da Penha) é quem vai dizer quando a ago penal publica vai ser condicionada ou incondicionada. Em regra a grande maioria dos delitos 6 de acao. piiblica incondicionada. No caso da ago penal piiblica condicionada é registrado 0 Boletim de Ocorréncia, 0 delegado de policia investiga, mas © promotor de justiga (Ministério Publico) sé podera ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po oferecer a deniincia (peti¢Ao inicial da agao penal publica), ¢ 0 criminoso ser processado caso a vitima queira (deve haver a concordancia da vitima). A Lei Maria da Penha em seu art. 16 estabelece que nas agdes publicas condicionadas caso a vitima tenha realizado a representagao ela sé pode renunciar tal representagao (s6 pode arrepender-se, retirar, voltar a tras), na frente do juiz em uma audiéncia especifica para tal ato e ouvide Ministério Publico. Obs.: Nessa audiéncia tanto o juiz quanto o promotor de justiga podem tentar convencer a vitima a continuar com a representagao contra o ofensor. Momento: Até quando a mulher pode renunciar a representagao? Antes do recebimento da dentincia. Apés 0 recebimento da denincia a ofendida nao mais pode desistir. 5.8. CESTA BASICA A Lei Maria da Penha veda expressamente como pena o pagamento cesta basica ou outras de prestago pecuniaria, bem como a substituigaio de pena que implique o pagamento isolado de multa 5.9, MEDIDAS PROTETIVAS DE URGENCIA juiz ao receber 0 pedido de medidas protetivas tomara as seguintes providéncias no prazo de 48 (quarenta e cito) horas: *conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgéncia; edeterminar 0 encaminhamento da ofendida ao orgao de assisténcia judiciaria, quando for 0 caso, inclusive para o ajuizamento da agdo de divércio, de anulagao de casamento ou de dissolugao de unido estavel perante 0 juizo da Vara de Familia; (Aredagao dessa providéncia foi dada pela Lei n® 13.894, de 2019) * comunicar ao Ministério Publico para que adote as providéncias cabiveis. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po *determinar a apreensao imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Essa medida foi incluida pela Lei n° 13.880, de 2019). Atengdo! As medidas protetivas podem ser solicitadas pela vitima ou pelo Ministério Publico. Em regra o delegado de policia nao pode solicitar. Atengdo! A prisao preventiva do agressor pode ser decretada pelo juiz, de oficio, a requerimento do Ministério Publico ou mediante representagao da autoridade policial. juiz nao depende de audiéncia das partes e de manifestacéio do Ministério Publico para decidir 0 pedido. Apés decidir 0 pedido 0 juiz ouvird as partes podendo revogar ou alterar as medidas protetivas anteriormente concedidas. juiz pode aplicar uma medida isolada ou varias medidas a0 mesmo tempo e podera alterar a qualquer tempo. Exemplo: O juiz decretou medida para que o agressor nao se aproxime a menos de 200 metros da vitima, mas o agressor insiste em ir a casa da vitima, por esse motivo o juiz decreta a prisdo preventiva do ofensor. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrucao criminal, cabera a prisdo preventiva do agressor. O juiz podera revogar ou decretar novamente a prisdo preventiva se hover raza para tal. A vitima sera notificada dos atos processuais, especialmente dos pertinentes ao ingresso e a saida da prisdo. 5.10. MEDIDAS PROTETIVAS EM ESPECIE © art. 22 da Lei Maria da Penha traz as medidas protetivas de urgéncias aplicadas a0 agressor, sendo esse rol exemplificativo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po Atengo! Os incisos VI e Vil foram acrescentados recentemente pela Lei n° 13.984, de 2020. ‘Atengao! Tendo 0 agressor porte de arma garantido pelo caput ¢ incisos do art. 6° da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003, 0 juiz comunicard ao respectivo érgao, corporagao ou instituigao as medidas protetivas de urgéncia concedidas e determinara a restricdo do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsavel pelo cumprimento da determinagao judicial. Poderd, contudo, trabalhar em regime de cautela, ou seja, quando estiver em servigo poder estar portando seu armamento descautelando ao final do servigo. O art. 23 da Lei Maria da Penha traz as medidas protetivas de urgéncias aplicadas a vitima, sendo esse rol exemplificativo. As medidas protetivas de urgéncias para salvaguardar o patriménio da vitima estao previstos no art. 24. Ocorrendo 0 descumprimento da decisao judicial que defere medidas protetivas de urgéncia previstas na Lei Maria da Penha o ofensor estar sujeito a uma pena de detencao, de 3 (tr8s) meses a 2 (dois) anos, nos termos do art. 24-A. MINISTERIO PUBLICO © Ministerio PUblico sempre atuaré nos processos em que seja aplicada a Lei Maria da Penha, seja como parte seja como fiscal da lei, podendo requerer: * requisitar forca policial e servigos publicos de satide, de educagao, de assisténcia social e de seguranga, entre outros; *fiscalizar os estabelecimentos publicos e particulares de atendimento & mulher em situagéo de violéncia doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabiveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; *cadastrar os casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po 5.11. ASSISTENCIA JUDICIARIA A mulher vitima de violéncia doméstica ou familiar seré acompanhada por advogado em todos os processuais, sendo garantido acesso aos servigos de Defensoria Publica ou de assisténcia judicidria gratuita, em sede policial e judicial, mediante atendimento especifico e humanizado. Atengao! A mulher vitima de violéncia doméstica ou familiar ndo precisa estar acompanhada de advogado para realizar requerimento de medida protetiva de urgéncia. 5.12. REGISTRO DA VIOLENCIA DOMESTICA OU FAMILIAR CONTRA MULHER E MEDIDAS PROTETIVAS As estatisticas sobre a violéncia doméstica e familiar contra a mulher serdo incluidas nas bases de dados dos érgaos oficiais do Sistema de Justia e Seguranga a fim de ‘subsidiar 0 sistema nacional de dados e informagées relativo 4s mulheres. As Secretarias de Seguranca Publica dos Estados e do Distrito Federal poderao remeter suas informagées criminais para a base de dados do Ministério da Justia. A Lei 13.827/19 acrescentou o art. 38-A a Lei Maria da Penha para estabelecer que 0 juiz competente providenciara o registro da medida protetiva de urgéncia. As medidas protetivas de urgéncia sero registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiga, garantido 0 acesso do Ministério Publico, da Defensoria Publica e dos érgéos de seguranga publica e de assisténcia social, com vistas a fiscalizagao e a efetividade das medidas protetivas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DEPOLICIA MILITAR Nick de Eso a Disten eTeesogin a pena do CAPM Fv (62) 3201160- Email apm po BIBLIOGRAFIA . DECRETO-LEI N° 2.848 — Codigo Penal, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.. Rio de Janeiro, 07 dezembro 1940. Disponivel em . Acesso em 10 de junho de 2020. . DECRETO-LEI N° 3.689 — Codigo de Processo Penal, DE 03 DE OUTUBRO DE 1941.. Rio de Janeiro, 03 outubro 1941. Disponivel em . Acesso em 10 de junho de 2020. Lei n°. 11.340, de 07 de agosto de 2006. Brasilia, 07 agosto 2006. Disponivel em . 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