You are on page 1of 9

IBP495_03

INTERFERÊNCIA POR CORRENTE ALTERNADA EM DUTOS


João Hipolito de Lima Oliver 1

Copyright 2003, Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás - IBP


Este Trabalho Técnico foi preparado para apresentação na Rio Pipeline Conference & Exposition 2003, realizado no período de 22 a 24 de
Outubro de 2003, no Rio de Janeiro. Este Trabalho Técnico foi selecionado para apresentação pela Comissão Técnica do Evento, seguindo as
informações contidas na sinopse submetida pelo(s) autor(es). O conteúdo do Trabalho Técnico, como apresentado, não foi revisado pelo IBP. Os
organizadores não irão traduzir ou corrigir os textos recebidos. O material conforme, apresentado, não necessariamente reflete as opiniões do
Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Sócios e Representantes. É de conhecimento e aprovação do(s) autor(es) que este Trabalho Técnico seja
publicado nos Anais da Rio Pipeline Conference & Exposition 2003.

Abstract

This paper regards to the concerning that the pipeline operators should take in to account to
better understand and control the alternate current interference (AC- interference).
Pipelines sharing rights-of-way with AC high voltage power lines are subjected to AC
interference that can cause risk for personnel, operational safety and environment. The AC-
interference shall be evaluated, in such way that mitigating action can be applied in order to
assure the pipeline is operated in a safety way. The AC-interference evaluation should take in to
account the pipeline and the electrical generation/transmission design data. Three approaches are
considered: the coating integrity, the personnel chock hazards and the pipeline integrity.
The coating integrity is affected by the possibility of high- voltage be induced on the pipeline
during power line current fault. The operation and maintenance personnel can be prone to chock
hazards (touch voltage and step voltage), depending upon the level of the induced voltage on the
pipeline and the ground current. An induced voltage evaluation is then necessary to identify AC
potentials in pipeline higher than the safe criteria.
The pipeline integrity is concerning to the possibility of occurring alternate current corrosion
(AC-corrosion) on the pipe wall. This kind of corrosion is still been investigated, and although it
is less critical than the direct current corrosion, it can happen in specific situation. Parameters
that affect AC-corrosion are discussed in this paper.
Finely it is presented a brief guide to evaluate the possibility of occurring AC- interference in a
pipeline and a mitigation measures summary.

Resumo

Esse trabalho refere-se aos cuidados que as empresas operadoras de dutos devem tomar para
melhor entender e controlar as interferências por corrente elétrica alternada (interferência CA).
Os dutos instalados em corredores compartilhados com linhas de transmissão (LT) em corrente
alternada (CA) de alta e média tensão estão sujeitos às interferências desses sistemas elétricos
que podem ameaçar à segurança pessoal, operacional e ao meio-ambiente. Tais interferências
devem ser estudas e avaliadas criteriosamente de forma a que, onde necessário, medidas
mitigadoras sejam tomadas para que os dutos operem dentro dos padrões de segurança. Os
estudos devem levar em consideração dados de projeto do sistema elétrico de transmissão e
geração e do sistema dutoviário.
_______________________________________________________________________________________________
1
Engenheiro de Equipamentos, Consultor Técnico, Petrobras Transporte S.A.

1
Três abordagens são consideradas nessa avaliação: a integridade do revestimento anticorrosivo, o
risco de choque elétrico do pessoal de operação e manutenção e a integridade física do duto.
A integridade do revestimento é afetada pelos níveis de tensão elétrica no duto em regime
transitório, ou seja, em momentos de curto-circuito da LT. O pessoal de operação e manutenção
do duto pode correr o risco de choque elétrico (tensão de toque e tensão de passo), dependendo
dos níveis de tensão elétrica induzida no duto e da corrente de falha. Uma avaliação dos
potenciais induzidos é necessária para identificar potenciais superiores ao limite especificado.
A integridade física do duto refere-se à possibilidade de ocorrer corrosão por CA. Esse processo,
embora menos grave que a corrosão eletrolítica por corrente contínua, está ainda sob
investigação podendo ocorrer em situações específicas. Parâmetros para determinar a
possibilidade de corrosão CA são apresentados.
Por último é apresentado um procedimento para orientar a criação de um plano de ação para
avaliar a possibilidade de ocorrer interferência CA em um duto e suas medidas mitigadoras.

Introdução

Os dutos instalados em corredores compartilhados com linhas de transmissão (LT) em corrente


alternada (CA) de alta tensão (69 kV, 138 kV, 230 kV, 500 kV etc.) e média tensão (tipicamente
13 kV) estão sujeitos de alguma forma às interferências desses sistemas elétricos que podem
causar riscos à segurança pessoal, operação e ao meio-ambiente.
Os crescentes investimentos em segurança operacional e integridade de dutos, o crescimento do
sistema elétrico de geração e transmissão e a qualidade dos revestimentos anticorrosivos dos
dutos fazem com que novas avaliações sejam feitas nos dutos instalados em corredores comuns à
LTs.
Tais interferências devem ser estudas e avaliadas criteriosamente de forma que, onde necessário,
medidas mitigadoras sejam tomadas para que os dutos operem dentro dos padrões de segurança.
Basicamente, três abordagens são consideradas na avaliação da interferência por corrente
alternada em dutos: a integridade do revestimento anticorrosivo, o risco de choque elétrico ao
pessoal (operação, manutenção e inspeção) e a integridade física do duto.

1. A INTERFERÊNCIA CA

A corrente alternada ao circular numa LT pode induzir uma tensão também alternada em dutos
próximos a esta, pois os dutos com seu revestimento anticorrosivo podem ser induzidos e
apresentarem uma diferença de potencial entre a sua superfície metálica e o solo onde se
encontra enterrado. Essas interferências podem causar danos ao revestimento anticorrosivo, risco
de choque elétrico ao pessoal e dano ao duto. Por isso, devem ser devidamente avaliadas e
controladas.

As avaliações devem levar em consideração dados de projeto do sistema elétrico de transmissão


e geração, assim como, dados do sistema dutoviário. A magnitude da interferência dependerá de
parâmetros como:
• Geometria dos traçados do duto e da LT,
• Níveis de corrente e tensão elétricas da LT,
• Capacidade de corrente de curto da LT,
• Característica construtiva das torres da LT,
• Aterramento das torres de AT,
• Estado do revestimento do duto e
• Resistividade do solo.

2
Corredores comuns contendo dutos enterrados e LT devem ser estudados quanto aos efeitos da
interferência CA ao duto. A figura 1 mostra um exemplo desses corredores CA.

Figura 1 – Corredor compartilhado duto e Linha de Transmissão.

2. INTEGRIDADE DO REVES TIMENTO ANTICORROSIVO

A integridade do revestimento é afetada pelos níveis de tensão elétrica induzida no duto em


regime transitório, ou seja, em momentos esporádicos de curto-circuito da LT, mais notadamente
em curtos fase-terra, onde tensões CA são impostas entre a superfície metálica do duto e o solo.
Essas circunstâncias ocorrem por curtíssimo tempo enquanto o curto-circuito persistir, ou seja,
até o tempo da atuação da proteção da LT, o que normalmente ocorre em menos de um segundo.
Nesse período o revestimento anticorrosivo do duto é submetido a uma tensão elétrica que pode
ser superior a sua tensão de ruptura dielétrica, o que levaria à perfuração do mesmo devido à
abertura de arco elétrico.

Este fenômeno é primeiramente avaliado na fase de projeto do duto, onde cálculos de tensão
induzida ao longo do duto são realizados com auxilio de programas computacionais logo na fase
de projeto, quando se sabe previamente que o duto será instalado em um corredor compartilhado
com linhas de transmissão elétrica CA.

No caso de duto em fase de projeto, ou seja, ainda não instalado, a avaliação do nível de tensão
induzida considera principalmente a geometria dos traçados do duto e da LT, a capacidade de
corrente de curto fase-terra da LT, a característica construtiva das torres da LT e o aterramento
das torres, além do tipo de revestimento anticorrosivo previsto para o duto.

Para dutos existentes, essa avaliação deve ser complementada com um levantamento de campo
para atualização dos parâmetros dos sistemas elétricos e dutoviário, que podem sofrer
ampliações e alterações ao longo da vida operacional; por exemplo, novas aproximações das LTs
ao longo do duto, aumento da demanda do sistema de geração e transmissão e degradação do
revestimento anticorrosivo. A degradação do revestimento pode ocorrer devido a fatores como:
envelhecimento e danos ao revestimento causados por terceiros ou por movimentação do solo. O
levantamento de campo visa obter dados atualizados quanto ao nível de aterramento real do duto,
ele é necessário, pois a tensão induzida será menor quanto maior for o nível de aterramento do
duto, ou seja, maior a degradação do revestimento.

3
O limite de tensão típico suportável para os revestimentos depende de suas características
construtivas. Para os revestimentos betuminosos (coal-tar e asfalto) e a base de polímeros
(polietileno e polipropileno) é adotado o limite de 5 kV, para os revestimentos a base de epóxi é
utilizado o limite de 3 kV.

Uma vez verificado que os níveis de tensão calculados são superiores aos limites pré-
estabelecidos, medidas mitigadoras devem ser previstas para limitar os valores de tensão. As
ações mitigadoras devem considerar: a relocação da faixa do duto projetado, alteração no sistema
de aterramento das torres e implementação de um sistema de aterramento específico para o duto.

3. RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO DO PESSOAL

O risco de choque elétrico em pessoas que toquem na tubulação deve ser avaliado nos pontos de
afloramento ou exposição da tubulação. Os serviços realizados pelo pessoal de operação,
inspeção e manutenção do duto podem expor o pessoal ao risco de choque elétrico caso surja
uma diferença de potencial elétrico entre a parede metálica do duto e o solo (potencial de toque)
ou entre dois pontos no solo (potencial de passo), dependendo dos níveis de tensão elétrica.
Esses potenciais podem surgir em regime transitório ou em regime permanente. Em regime
transitório, caso de curto-circuito na LT, o tempo de duração desse potencial é muito curto. Em
regime permanente, esse potencial está presente por longos períodos e surge em função do
desbalanço da corrente nas três fases da LT ou da disposição assimétrica dos três cabos das fases,
em ambos os casos, o campo elétrico resultante na LT será diferente de zero, essa resultante pode
então induzir uma tensão no duto.

Essa indução torna-se mais evidente em dutos novos com revestimento anticorrosivo com alto
nível de isolamento elétrico, pois se por um lado a proteção anticorrosiva (por barreira) é mais
eficiente, por outro o maior grau de isolamento entre o tubo e o solo favorece a indução
eletromagnética. O contato do pessoal com partes metálicas do duto e o solo ou pontos aterrados
podem causar choque elétrico.

3.1. CORRENTE ELÉTRICA MÁXIMA SUPORTÁVEL

A corrente capaz de causar sensação de choque, porém sem danos a pessoa (sem fibrilação), é
conhecida como corrente elétrica máxima suportável por seres humanos. Essa corrente, em
função do tempo de exposição, pode ser calculada pela fórmula de Dalziel:

I max = 116 / t1/2 (mA)

Onde t é o tempo de duração da tensão em segundos.

Considerando o tempo máximo de 1 segundo para a operação do sistema de proteção elétrico, ou


seja, de duração do curto-circuito, teremos uma corrente suportável de 116 mA.

A resistência elétrica do corpo humano é considerada entre extremidades, isto é, entre a mão e os
dois pés (toque), ou entre um pé e outro (passo). Para efeito de cálculo a norma ANSI/IEEE 80 –
1986/2000 (1) selecionou o valor único de 1000 ohms para ambos os casos.

A tensão de toque associada a corrente máxima suportável é estabelecida através de um modelo


de circuito elétrico que considera a resistência do corpo humano (1000 ohms), das botas
(5000 ohms) e da superfície do solo (função da resistividade do solo).

4
3.2 MEDIÇÃO DO POTENCIAL CA

A norma NACE RP 0177/2000 estabelece como limite aceitável de tensão induzida em dutos o
valor de 15 V, em regime permanente. A medição do potencial CA é feita entre o duto e o solo,
com um voltímetro CA conectado ao metal do duto (tubo, ponto de teste, válvula etc.) e a uma
semi-célula de cobre/sulfato de cobre posicionada no solo sobre a diretriz do duto a ser avaliado,
essa medida recebe o nome de potencial CA tubo/solo. Em dutos com grande extensão de
paralelismo com LTs é recomendado fazer o levantamento do potencial CA tubo/solo ao longo
de todo o trecho de paralelismo de forma parecida ao levantamento de potencial Passo-a-Passo
de proteção catódica, porém fazendo a medição do potencial CA a cada dez metros. A figura 2
apresenta um levantamento típ ico do potencial CA Passo-a-Passo.

Figura 2 - levantamento típico do potencial


CA Passo-a-Passo em um duto.

A medição do gradiente de tensão CA no solo, ou seja, a tensão entre dois pontos do solo
transversal ao duto, pode ser necessária caso correntes elevadas circulem num solo de alta
resistividade.

4. INTEGRIDADE FÍSICA DO DUTO (corrosão CA)

A integridade física do duto refere-se a possibilidade de ocorrer perda de espessura da sua parede
externa, quando eventuais correntes elétricas CA circulam entre o duto e o solo, este fenômeno é
conhecido como corrosão por corrente alternada (corrosão CA), isto pode ocorrer mesmo em
dutos com sistema de proteção catódica (PC). Esse processo, embora menos grave que a
corrosão eletrolítica por corrente contínua, pode ocorrer em situações muito específicas e está
sendo estudado principalmente na Europa com diversos trabalhos publicados (2). Esses estudos
indicam que a corrosão CA depende de fatores como:

• Potencial CA tubo-solo,
• Densidade de corrente CA,
• Falhas no revestimento anticorrosivo,
• Composição química do solo e
• Relação de densid ade de corrente AC / densidade de corrente de PC.

Ensaios de laboratório realizados na Europa indicam existir um maior risco de corrosão CA se a


densidade de corrente em uma superfície metálica de 100 mm2 é maior que 30 A/m2 . O aspecto

5
de corrosão CA é como um alvéolo em forma de uma esfera invertida, sendo visível um aro
externo ao alvéolo. A figura 3 mostra uma foto de corrosão CA.

Figura 3 – Aspecto da corrosão CA.

A circulação de corrente elétrica CA entre o duto e o solo é determinante no processo de


corrosão CA, portanto a medição do gradiente de tensão CA no solo nos locais de falha do
revestimento pode indicar os locais de maior possibilidade de corrosão. Como a resistividade do
solo também pode influenciar no valor desse gradiente, em faixas de dutos com grande variedade
de solos, a resistividade do solo no local da falha do revestimento deve ser considerada.

Outra medida que pode determinar o risco de corrosão é a instalação de cupons onde a densidade
de corrente CA atinge o seu máximo. Esses cupons são conjuntos formados por uma peça de aço
carbono nua, de dimensões conhecidas, e uma semi-célula de cobre/sulfato de cobre, o conjunto
é então enterrado na mesma profundidade do duto e interligado ao duto por meio de uma
conexão elétrica em um ponto de teste, onde é possível medir a corrente circulante na peça de
aço e o seu potencial CA e eletroquímico. Cupons de corrosão adicionais feitos somente com a
peça de aço podem ser instalados para remoção futura e inspeção visual da forma de corrosão.

5. COMO AVALIAR O RISCO DE INTERFERÊNCIA CA

Conforme discutido anteriormente, as três abordagens consideradas na avaliação da interferência


CA em dutos requerem tipos de inspeções que podem ser distintas conforme o que se quer
avaliar. Portanto, o tipo de inspeção pode diferir caso a caso conforme a abordagem dada. A
seguir são sugeridas verificações para cada abordagem considerada, visando orientar a criação de
um plano de ação para avaliação e identificação de interferência CA que um duto estaria sujeito.

5.1 AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE DANOS AO REVESTIMENTO

A avaliação da possibilidade de danos ao revestimento pode ser feita em duas etapas distintas: na
fase de projeto do duto e em dutos existentes. Durante a fase de projeto as seguintes verificações
são necessárias:

1º) Levantamento da futura faixa de dutos,


2º) Levantamento das torres das LT existentes próximas a futura faixa,
3º) Levantamento dos dados do sistema elétrico das LT e geração,
4º) Cálculo da máxima tensão induzida no duto em situação de curto-circuito na LT
(dados típicos de projeto),

6
5º) Verificação com os critérios aceitáveis de indução no duto e
6º) Identificação dos locais onde medidas corretivas devem ser tomadas.

No caso de dutos existentes, o procedimento é similar ao acima, porém a diferença ocorre no


cálculo da máxima tensão induzida no duto, em função da degradação do revestimento com o
tempo, onde um trabalho de campo deve ser considerado para obter dados mais precisos quanto
ao valor da resistência transversal do revestimento utilizado nesse cálculo.

5.2 AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE CHOQUE AO PESSOAL

Conforme descrito anteriormente, essa avaliação considera basicamente as tensões induzidas em


regime permanente, e depende de dados levantados em campo. Abaixo segue uma lista de itens
que podem ajudar nessa avaliação.

1º) Mapeamento da faixa de dutos,


2º) Mapeamento das torres das LT na faixa,
3º) Identificar os corredores comuns entre dutos e LT,
4º) Localização e demarcação do duto na região de interferência,
5º) Levantamento do potencial CA tubo-solo a cada 10 metros,
6º) Inspeção do revestimento e demarcação das falhas com estacas,
7º) Medição do potencial CA transversal entre duas semi-células de cobre/sulfato de
cobre, uma posicionada no solo no epicentro da falha do revestimento e outra
posicionada a cerca de dez metros perpendicular à diretriz do duto.

No caso de serviços de operação e manutenção em um duto instalado nessa região, no local da


intervenção deve ser medido o potencial CA tubo-solo.

5.3 AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE CORROSÃO CA

O Comitê de Estudo da Corrosão e da Proteção de Dutos (2) elaborou um documento sugerindo


um guia para a avaliação do risco e medidas mitigadoras para a corrosão CA. Este documento
contem um questionário para identificar um caso de corrosão AC. Segue abaixo uma lista de
itens que devem ser observados para essa avaliação.

1º) Presença de voltagem AC no duto,


2º) Presença de falha no revestimento,
3º) Presença de corrosão,
4º) Potenciais de proteção catódica dentro dos critérios de proteção,
5º) Valor de pH muito alto (maior que 10),
6º) Escavação e inspeção da parede metálica do duto nos pontos de falha do
revestimento. A forma da corrosão é um pite arredondado (como uma esfera inversa),
7º) O pite de corrosão é muito maior que o defeito do revestimento,
8º) Os produtos de corrosão podem ser facilmente removidos em uma única peça,
9º) Após a remoção dos produtos de corrosão, uma camada preta é visível na superfície
do aço,
10º) Resistividade do solo baixa/muito baixa,
11º) Presença de uma área grande de descolamento no revestimento em forma de aro,
12º) Presença de grande quantidade de carbonato de cálcio,
13º) Presença de magnetita junto com o produto de corrosão (pode ser verificado com um
imã),
14º) Presença de uma formação de solo em rocha dura.

7
Se a maioria dos itens acima correr em uma tubulação, pode ser concluído que provavelmente
trata-se de um caso de corrosão AC.

6. MEDIDAS DE PROTEÇÃO

6.1. PROTEÇÃO DO REVESTIMENTO ANTICORROSIVO

Uma vez que os cálculos identificarem potenciais superiores ao limite especificado para o tipo
do revestimento do duto, ações mitigadoras devem ser tomadas para garantir a integridade do
revestimento, como a instalação de cabos de aterramento ou anodos (zinco, anodeflex, etc)
paralelos ao duto conectados ao duto por dispositivo de drenagem AC e bloqueio CC ou
melhoria no aterramento das LTs.

6.2. PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELÉTRICO DO PESSOAL

Uma vez que os levantamentos identificarem potencial superior ao limite especificado ações
mitigadoras devem ser tomadas para garantir segurança ao pessoal, entre elas estão:
• Instalação de malhas de aterramento temporário nas válvulas do duto, para reduzir a tensão
induzida e equalizar às tensões do duto e do solo,
• Instalação de plataforma isolante do solo nas áreas de válvulas,
• Uso de EPI (luvas e botas isolantes) para o pessoal de operação, manutenção e inspeção e
• Instalação de cabos de aterramento ou anodos (zinco, anodeflex, etc) paralelos ao duto
conectados ao duto por dispositivo de drenagem AC e bloqueio CC.

Os níveis de tensão induzida podem variar com o tempo e estação do ano. Por exemplo, durante
o verão o consumo de corrente elétrica é superior ao resto do ano, principalmente no horário de
pico de carga, o que pode resultar numa maior indução de tensão na tubulação. Por essa razão é
recomendado realizar o levantamento do potencial CA na época do verão.

Durante serviços de manutenção de um duto localizado em um corredor de LT CA, deve ser


sempre medido o potencial CA tubo/solo e considerado o aterramento temporário do duto. Esse
aterramento deve ser feito conectando provisoriamente ao metal do duto hastes de aço
galvanizado, anodos de zinco ou magnésio ou malha de aço sobre o solo. Após o serviço de
manutenção o aterramento deve ser retirado.

6.3. PROTEÇÃO DO DUTO

O documento do Comitê de Estudo da Corrosão e da Proteção de Dutos (2) sugere uma tabela
com as medidas mitigadoras para a corrosão CA. Essa tabela está reproduzida abaixo com
comentários das respectivas medidas.

8
Medidas Mitigadoras Comentários
Somente possível em casos de interferência CA
Aumento da corrente de proteção catódica
muito baixa.
Aumento da distância entre o duto e as LTs Somente possível na fase de projeto.
Arranjo dos cabos de fase e aterramento da LTs Somente possível na fase de projeto das LTs.
Boa solução técnica, porém com limitações em
Aterramento do duto.
solo de alta resistividade.
Compensação da tensão CA (fontes de tensão Ajuste difícil e alto custo de instalação e
defasada 180o da tensão induzida CA). operação das fontes.
Ótima configuração, requer parada de operação
Instalação de juntas de isolamento.
do duto.
Reparo das falhas do revestimento. Requer trabalhos de manutenção.
Trocar o solo de baixa resistividade na
vizinhança do duto por outro de alta Procedimento muito caro.
resistividade.
Uso de cabos de aterramento paralelo ao duto. Muito caro e pouco eficiente.

7. CUIDADOS COM O SISTEMA DE PROTEÇÃO CATÓDICA

Os sistemas de aterramento utilizados para reduzir as tensões induzidas no duto podem afetar
negativamente o sistema de proteção catódica (spc) do duto, pois caso o aterramento seja
conectado diretamente ao duto haverá perda de corrente de proteção ou formação de par
galvânico com hastes de cobre. Para evitar efeitos negativos no spc, os sistemas de aterramento
devem ser preferencialmente de eletrodos de aço galvanizado, zinco, magnésio ou anodos
contínuos de polímero carregados com carbono, como também, conectados ao duto via
dispositivos específicos que permitam a passagem da corrente alternada e bloqueiam a corrente
contínua do spc, como as células de polarização.

8. CONCLUSÕES

8.1 Dutos instalados em corredores comuns às Linhas de Transmissão devem ser avaliados
quanto à interferência CA. A avaliação de tensão induzida ao longo do duto deve conter
cálculos especializados e levantamentos de campo.
8.2 No caso de dutos existentes, o levantamento do potencial CA Passo-a-Passo, realizado na
época de maior demanda de energia, fornece informações importantes sobre os níveis de
tensão induzida ao longo do duto.
8.3 Dutos com revestimento de alta resistência transversal (polietileno e polipropileno tri-
capa) estão mais sujeitos à interferência CA. Nesse caso, a inspeção de falhas do
revestimento é importante para a avaliação da corrosão CA.
8.4 Medidas mitigadoras devem ser adotadas sempre que as avaliações indicarem risco ao
revestimento, ao pessoal ou ao duto.
8.5 O uso de EPI (luvas e botas) deve ser difundido para os serviços de manutenção,
operação e inspeção de dutos instalados nos corredores compartilhados com LTs.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1)
Norma ANSI/IEEE Std 80-2000, IEE Guide For Safety In Ac Substation Grounding, Item 7.2.
(2)
A.C. Corrosion on Cathodically Protected Pipelines, CEOCOR – Comité d’ Édude de la
Corrosion et de la Protection des Canalisations, published by APCE - Association for the
Protection against Eletrolytic Corrosion. 2001.

You might also like