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Pores or Pee Stee tee erect ea arc) Camilin Wereie de Poli Ceererrenrt Peace Pero wecuotrectr’ Cerise erteareety Seen ee erence} Pee eee te peer oeeerestry eee eee) Pree ested Peete en eer ecstitcy Pence Preece od Perens eer eneneetotroctsy Peer ent mentalidade inquisitéria e processo penal no Brasil ®D me mentalidade inquisitéria e processo DIALOGOS SOBRE PROCESSO PENAL ENTRE BRASIL E ITALIA - Jacinto Nelson de Miranda Coutinho - Leonardo Costa de Paula - Marco Aurélio Nunes da Silveira (organizadores) Soeteda Manae gusia Jacinto Nelson de Miranda Coutinho: Leonardo Costa de Paula ‘Marco Aurélio Nunes da Silveira {organizadores) (SERVATORO DA MERTALIOADE MOUSITORIA dentine oton nto a MENTALIDADE INQUISITORIA E Sinaee” EEE PROCESSO PENAL NO BRASIL VOLUMES 1 ¢ 2 ——_——— @ Inu oat | Curitiba at 2019) E titmbeou. F voltou aris) a sensaguo cada vez mais nitida — inegae velmente um tanto delicisa, mas certamente mais apavorante — de que seria preciso outro conceito para dar conta do estado das coisas (ou estado inconstitucional das coisas — tal se declara volta ¢ mei sobre o caos pisional brasileiro — sem que se faa nada até proxi- sma declaracio idéntica) em nosso pals. A nitidez com que todos en- ‘ergam que ihé um desconteole, um desgoverno um desvario em to- {os 0s aportes jurdicos que representavam soidez vai, talvez, dlatar ainda mais nossas pupils, e nos fazer sentir sudades de quando éra- ‘mos apenas tristemente liguidos. 4 OBRAS CONSULTADAS BAUMAN, Zygmunt. Modemidade lguida. Treduglo Plisio Denteen. Rio de Janeiro: Jorge Zaha, 2001. (CARNELUTTH, Cucsiones sobre el proceso penal. Tad. Santiago Sea- tis Melendo, Buenos Aires: Libreria El Foro, 1960). DIVAN, Gabriel Antiolfi. Corelago enrealegapio e Gmus no proces- 50 penal brasileiro: breve esnudo da sinaxe constiucional da “presin- (0 de inocéncia” © sua interpretagto ndo circular n Direlto Penal ¢ Politica Criminal - aias do 6" Congresso Intemacional de Ciéncias Cxi- minsis. D’AVILA, Fabio Roberto. SANTOS, Daniel Leonhardt dos. (Orgs). Porto Alegre: PUCRS, 2015, Estado de dircita e sistemas de justiga erin ‘no Grail do séoulo XXI: ripides epontamentos sobre © garantismo penal coloeado em xegue in Reflendes contemporinens sabre rcitos hbumados. BRAVO, Alvaro Sanches. CERVI, Tacion Roberto (Ores). Santo Angelo: FURL 2016. SARLET, Ingo Wolfgang Constiuigio de Proporcionslidae: 0 drcto penal of direitos fandamentais entre proiggo de excesso e de insufc- nei, Revita Brasileira de CiGncias Crimi N. 47. Ano 12. Sto Pai- lor Revista dos Teibunas, 2004, pp. 60-122 'STRECK, Lénio Luiz. A Baixa Constitucionalidade como Obsticulo a9 ‘Acesso i Justica em Terrae Braslis in Seqiéncia. V. 35 N. 69. Fleriané- polis: UPSC, 2014 38 INSTRUCAO _PROCESSUAL PENAL: «SO. CONTRAPONTO DE PIETRO NUVOLONE AO PROJETO CARNELUTTI DE REFORMA DO CODIGO DE PROCESSO PENAL ITALIANO Giovani Frazio Della Villa! | CONSIDERACOES INICIAIS Foi realizado em 1964, na Ilia, um Congresso® com jurstas de todo © pais, para discussio de temas da reforma do processo penal italiano, fem continuidade do grande esforgo que vinba sendo empreendid por Francesco CARNELUTTI na tentativa de reforma global do cédigo de processo penal italiana de 1930 (eadice Rocco). ‘A Ilia passava por um momento politico propio is reforms legis- Intvas, tendo em vista que a coastituigdo republicana de 1948 abria ffontetas para 0 debate democritico, ao inverso do que viveram sob © regime fascsta nos anos precedente, do qual 0 codice Rocco era umn dos feats. Para o inicio das discussbes politicas e académicas sobre a reforma, (CARNELUTTI organizou um congresso em 1961 em que convidou & Pticipagéo tanto professores membros das universidades italianas, ‘quanto advogados, magisiados (na Ilia juizes © promotores com. Sem a mesma carrera da magistratur),e ainda 0 Ministro de Graga, € Justiga da época, para que o impacto politic fosse mais efetivo. “ie asters mb rl et ha 7, Maan Bi Eso pata UFPA, po-gradado er dato cle proce ep nando ot {i neon nar ca mis pbcnss posesnenente mabe: AAV. Cr dit pr ma refma set procta pa Ot Er, 1985 ‘A repereussio social sobre a necessidade de reforma global do eédigo fica evidente quando, apés e realizagdo do primeiro congresso, foi instuida uma comissio para elaboracio do um projeto de reforma do c6digo de processo penal, da qual CARNELUTTI & nomeado presi- dente, ea partir dai elabora.o projeto quase em solidao.? Pietro NUVOLONE nao participou da primeira Convensao de 1961, ‘as logo apés a elaboragao do projeto Carmela, enviou uma carta 4 todos os membros da comiss4o, rebatendo os prinepais pontos de inovagio do projeto* ‘A pattr dos apontamentos drei NUVOLONE refina suas ideas, ideais de CARNELUTTI no congresso de 1964 Giacomo DELITALA, presidente da Comissto Cientifiea do Congres: 80 de 1964, exprime ja no inicio dos trabalhos 6s pontos controvert- dos entre os dois erupos de estudos formads para claboraglo da Con- ‘venso, a saber: se 0 processo penal deva continuat a ser composto de das fases(strutoria’ edibattimentale), ow se seria possivel construe ‘um sistema mais simples com a aboligdo da fase ierzoria* [eo pom Gan VIA, Gin Fs Del. prot Crs a ‘dom do Chg reco Pl tala scones mc ae SILVEIRA, Marco Aur Nenee dn Menalldade Inurl «proses Pena! mo Brat sna do cg aso! log be pss foe Brae [i Fanpop sto 2016 1S NASAL, Cin Tareas. te "OAREATL, Camm Leomeo ingens recite Chee Roo ma es peeps Slee Gare rp 923 POL cami Mr, enh gsr: med write ate. ‘se cOUa, sas Nobo dea ead Gp Car espns te muses Sep de pn, ee NOOLONE Fee ‘Uinta po AR VVC an pre ome del poss pa + Nase rt fo ed Ros iia om orale eit pb ot ‘ena ua le Pic, ects oe Sic mome EAM et Op tp [No caso de manterse a fase (siruttorta deveria se decidir ence atibu jro comando desta fase: a0 juizinstrutor (tse sustntada pele minoria Go primeiro grupo de estuda) ou ao minister publico(tese do segun- {o Brupo de estude). DELITALA pede a ateng0 aos juristas resentes para qe o€ debates sigam esta direglo, sem considerapGes de casos paricalres, a fim de que lo se perca de vita 0 tema central. ‘Antes mesmo do inicio dos trabalhos, Franco CORDERO pede a pe lavra para deixar clara sua posiqao de que € necesséria uma reforma de ‘processo penal em senso acusatro (na mesma linha do que CARNE [TUTTI havia proposto com sou projeto de 1962). Em oposigo a este entendimento, Piet NUVOLONE reafirmou a necessidade de inter- ‘endo do ju instrator também na fase de investigacio. Percebe-se aqui o ponte fulerl do Congresso: © processo penal italia- no deve seguir uma estrutura scusatéria ou continuar com uma esttu- ‘ura inquisitora. 2 FUNDAMENTOS DE PIETRO NUVOLONE® PARA A MANU: TENCAO DA ISTRUTTORIA PENALE NA REFORMA DO CODIGO DE PROCESSO PENAL ITALIANO NUVOLONE retrata a existbncia de dois aspectos que exigem a re- forma do proceseo penal, que &a ineficiGneia da antign estrutura, bem como 2 falta de respeito is garantias da iberdade do cidado. Pode-se dizer que € de acordo geral que os maiores problemas do pro ceato penal estio ma fase ietuttorla (investigagao preliminar), © por fsso a reforma deve ser concebida, sobretudo, pare a reforma da fase istrutoria. Para enfatizar, NUVOLONE expie que se considera como fase isrut- foria 0 momento em que se recothem "as provas” (elementos) que serio exibidos na fase de dibatimento Gulgamento). Esta fase istutto- Ho, por sua ver, pode ser dstinguida de acordo com a lepislag0 da pace, em dois tipos: uma investigasio independente feta pela 2 ¥0 presente texto om somo base 2 interven de Piet Nuvolone no Congreso de if Soh dayne ems NUVOLONE, Piso Lita pone lx AVY. Cite rtp forma dl prose pei: ¥V. Gull Eo, 1965, p26. polis; ¢ a instrugo conduzida por um magistredo (ministéio pabli- 0 ou juz instrator). Este segundo tipo & chamad de sommaria (ei ‘iria) quando realizada pelo ministéro piblico e, chamada de forme- {Te (formal, se for realizada por um juizinstrator. Diante dessa estratura, NUVOLONE retrata que frequentemente os casos penais atravessam, antes de irem a julgemento, por ma invet- taco policial (com oitiva das principas tstemunhas, interrogatorio ‘do investigado, e informes periiais), seguindo uma investigast0 do ministéio piblico (que novamente realiza 0 interrogatério do touse- do, oitva das testemunas,e peritos),e ainda uma isruttoriaformae, renavando-se perante @jaiz instrtor todos os atos realizado anter ‘ormente, ‘Com essas sucesivas fuses redundantes, a9 recordagées se esvaem, ¢ tanto o imputado quant a sociedade aguardam anos para uma palavra sefinitva da justig. B com esse tempo demasiadamente longo da fase istratoria,é sintomético que se deva prever uma descarcerizaglo ai- tomética dos imputados, [Na visio de NUVOLONE, a existneia dos dois tipos de instrusto (formal ¢ suméria), ¢ ainda mais quando os dois tipos se sobrepdem ‘bo mesmo caso, representa uma intl complicagko, e ainda & teorica- ‘mente injustiiceda © critécio da prova, que em iltima andlise, 6 0 que dstingue as duas instrugdes, 6 um eritério muito aleatério, e na maior parte dos cass, confiado a uma apreciacio subjetiva. Em casos diversos se poderam utilizar 0 prozedimentodirtissimo, isto 6, sem fase instratria ‘Nio se compreende 0 porgut, desde 0 ponto de visa toric e pitico, ‘80 ministéio pblico & érgio que promove a apo pens, 0 julzo 0 Sraio que decide, que se stribai 20 ministrio pablico realizar atos InsrutGrios em alguns easos, e& outeos,arbuir isto ao juz sta anomalia se toma ainda mais grave ap6s a reform de 1955 (7- ormeta) e wera orienta jursprudencial da Corte de cassagd0 (dec ‘slo infundada segundo NUVOLONE), que nos casos de instruglo formal, a defesa pode exercitar um certo nimero de direitos, enguaato que nos casos de instrucdo sumiéria, os mesmos direitos nko So pe rides, com a consequéncia de que a defesa depend de uma decisio (Grecomivel) do ministério pablo, para defini se poderi ow no cexerctar suas fangées durante a fase instrutéria, NUVOLONE expressa ainda que esta orientago jrisprudencial est fem descompasso com a Constituigao, que no artigo 24 prevé que: “a ‘defesa 6 dirito inviolivel em todas fases © graus de procedimento”. ‘Segundo NUVOLONE, os absurdos desta orientaydo so colocados ‘uit eficazmente em evidéncia por LEONE. 0 projeto Cammelut buscou superar 0 dualsmo instrutério eliminando 2 fase istruzoria, eiando una inckiesta preliminare (iavestig prelimina) a cargo do ministéxio pablico, a qual nfo teria ainda a na- tureza de procedimento penal, com caractristicas inquisitrias e, e3- ‘pago minimo para a dfesa, bem como Himitadas intervenges do juiz. Percebe-se que 0 projeto Cameluti seguiu orientapo da disiplina do segredo extemo (pessoas fora do procedimento)e interno (as partes do procedimento), em se tratando da fase pré-processual, principalmente por nfo consdrar prova o que & produzido nesta fase. De outro lado, NUVOLONE no via com bons olhos @ manutengio de lum segredo interno na fase istratoria pois acreditava que os direitos do cidadio no deveriam funcionar somente na fase de julgamento, pois seria nesta fase do processo que menos precisira, afirmando que 0 fito de mudar os nomes no suprimiriam os problemas. Bniretanto, 0 quo NUVOLONE nio peresbeu é que CARNELUTTL 6 havia sacado que o problema do procesco penal esti caleado na gestio 4a prova, © que o intento do proto Cameuti era justamente de nio peritir 0 juz gerr a prova, pois sendo poderia manipular o caso que se quer jugar. 0 projeto Camclutti atibuia poderes investigaivos ao Ministxio Pi blico, ainda que seeretos, mas desta 0s atosrelizados do poder de prova, fazendo com que servssem apenas para propositura da aso aa 1No projeto Carnluti, a bercraeriada pela separagio de fases (pré- rocessuale processual),e com um juizo de admissibilidade da acasa- Ho, remetia a amplitude total de direitos e garantias do cidadio "VILLA, Glows sie Dalia prjt..Op. 188 someate & fase processual, pois somente apés 0 juiz positive da ad missbilidade da acusapio é que 0 cidadio se tomava realmente tm mputado (processado),e antes disso era apenas investigado. © problema de arbuie direitos e garantias ao cidadio na fase instuts ria, mas matter a gestio e produco da prova nas mfos do julgador, & {que estes direitos sorfo transformados em mera maquiagem acusat ta, quando por baixo © que comand & realmente o esprito inquisté- De fato, como NUVOLONE aio concordou com as solugdes apresen- tadas pelo projeto e, como tha o dever de elaborar uma exposio fem contraponto ao que a maior penseva, estabelecen quato hipéte- Ses: a) se.n fase istruttria deve permanecer, b) se, permanccendo, {deve ser unificada, ¢ como; ¢)quais devem ser as fungdes da acusagio fe defeea na fase dsruttoria: d)quais devem ser as garantias de iberda- ae Quanto a0 primero questo, nfo haveriresposta univoca _Expte NUVOLONE que em gerl, fica evidente que se deve preceder 8 fase do julgamento uma fase de colheita de “‘provas” e deliberagio das mesmas, a fim de estabelecer se um juizo ser necessrio. Porém, ‘segundo ele, hi casos em que esta fase seria iii, como nos casos de Fagrincia ou quase-flagrincia, em que os elementos principais de prova sfo edquirdos diretamente sobre 0 fato. Ou nos casos de juizo para citagdo dre, que deveriam ser aqui sempre admitdos, indepen ‘dente do estado de detensao do imputado. Para estes casos poderia sec ‘tiado um quadro comum de julzo dreissimo do cdigo de processo penal e daqucles previstos em lis especiais. Afirma ainda, que o julzo tiretissimo deveri sempre ser admitido se o imputado tequerer © 0 rministério pblice aderir a tal ped. [Em relaglo ao segundo questo: nos casos em que a fase Istaria deva permanccer, © unificagio dos tipos deve ocorer, pois nio hi I ‘ica em manter un tipo a0 ministre pblicoe outro tipo ao juizo. A unificagdo ¢ esperada por alguns no sentido de se aribuic a fase istrttoria sempre a0 miaistrio pablice, eja mum esquems de Sp aanglo-snxio (processo de partes ou acusatio), ou mesmo num e ‘quema de tipo germénico (processo inguisitério conduzdo pelo éreio 4e scusaso). B, segundo NUVOLONE, este seria o modelo realizado no pojeto Camelut. Ressata NUVOLONE que 2 garantiajurisdicional esta na base de todas as normas constitucionais que aetam 0 processo penal, motive pelo qual a unificacdo da fase instrtGria deve ser atribuida a0 ju insrutor, de modo que se ample e faga prevalecer efetivamente 03 direitos da defesa Eniretant, a problemitica que deixa de ser anaisada por NUVOLO- [NE é que estando o juizinvestido com os poderes inetrutérios inves tigatérios), quem gavante que a condudo da instrueao probatiria seri sempre no sentido de prevalecer os direitos da defess. Acreditar na bondade des bons (como ditia Agostino Ramalho Marques Neto), reste caso, & mera ingenuidade. De todo modo, NUVOLONE expe que caso prevalega a orientago

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