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Capitulo 4 Fluidos so substancias que podem escoar, © portanto, assumem a forma do recipiente em que sio colocados. Em geral, os fluidos so substncias liquidas e gasosas. A propriedade de escoamento decorre da auséneia de resisténcia a forgas aplicadas em diregdes paralelas & superficie do fluido. Até 0 momento descrevemos o movimento de corpos rigidos eujas propriedades do movimento eram bem caracterizadas pelas grandezas como a forga ¢ a massa. No caso de fluidos, que nao apresentam wna forma fixa, devemos definir grandezas equivalentes & forga € & massa associadas a valores pontuais. Estas grandezas equivalentes so a pressio ¢ a densidade (também chamada de massa especifica). A densidade p de um fluido é obtida tomando-se um pequeno elemento de volume AV em torno de um ponto do fluido e medindo sua massa Am correspondente. A densidade é definida por: (41) Tecnicamente a densidade é definida tomando-se o limite AV + 0. Na prética, consideramos wn elemento de volume pequeno comparado com as dimensdes do recipiente onde o fluido se encontra, mas ainda grande o suficiente em comparago com a escala atémica, de maneira que este elemento de volume seja continuo. Também consideramos que p ¢ constante em todos os pontos do fluido, assim, também 129 130 CAPITULO 4, FLUIDOS podemos escrever P (4.2) v Na tabela abaixo, vemos dois exemplos de valores de densidade, No caso do ar, a densidade é bem pequena mas varia significativamente com a variagao da pressio. No caso da 4gua em estado liquido, a variagio da densidade é insignificante, e podemos considerar a 4gua como um liquide incompressivel. Note que a densidade tem dimensdes de kg/m no sistema internacional. densidade _condigdes valor rr 20°C eLatm — 1,21 kg/m? pre °C e 50 atm —_—60,5 kg/m? pao 20°C e Latm 0,998%105 kg/m* pao 20°C ¢ 50. atm _1,000%108 kg/m® Considere um recipiente contendo um fluido dentro do qual & colocado um sensor de pressio conforme mostrado na Fig. 4.1. O sensor ¢ formado por um émbolo de rea AA que pode deslizar no interior de um cilindro fechado que repousa sobre uma mola. Um mostrador indica o deslocamento da mola (calibrada ) ao ser comprimida pelo fiuido, indicando assim o médulo AF da forga normal que age sobre o émbolo. Definimos a pressio sobre 0 émbolo como: AF p55 (3) Teoricamente p & definido num dado ponto no limite da razdo dada pela Eq. (4.3) quando AA — 0, com centro neste ponto. Quando a forga no varia (uniforme) em uma superficie de drea A, ento podemos £ (aa) onde F ¢ 0 médulo da forga F normal & superficie de area A. Observamos experimentalmente que a pressdo dentro de um fluido em repouso é a mesma qualquer que seja a orientagao do sensor de pressio da Fig. 4.1. Assim, a pressio p é uma grandeza escalar envolyendo apenas 0 médulo da forga. 4.1 GRANDEZAS BASICAS 131 A unidade de pressao no sistema internacional de unidades ¢ o pascal (Pa), cuja relagao com as outras unidades de pressio é dada abaixo: Latm = 1,01 x 10° Pa = 760 Torr = 14,7 Ib/in® sensor de press © Figura 4.1: (a) No esquema acima é mostrada wm sensor simples para medir a pressdo do gas encerrada no recipiente. (b) Detalhe do sensor de pressdo, que mede a forga sobre a drea do émbolo através do deslocamento da mola calibrada, Note que no interior do émbolo temos vécuo Exemplo 1. Uma sala tem 4,2 m de comprimento, 3,5 m de largura € 2,4 m de altura. Qual € 0 peso do ar da sala se a pressiio do ar é1 alm? Px = mg = pVg 1,21 kg/m? x 4,2 mx 3,5.m x 2,4 m x 9,8 m/s? = 420 N, 132 CAPITULO 4, FLUIDOS Considere um recipiente com agua ou qualquer outro Liquido em repouso contido em um reeipiente aberto como mostrado na Fig, 4.2. O objetivo aqui é determinar a pressdo hidrostdtica (pressio exercida pelo fiuido em repouso) em fungio da profundidade no fluido, Para isso, consideramos uma porgdo do fluido, que tomamos como sendo um volume cilindrico de drea A e altura yi ~ yx. ‘Temos trés forgas Figura 4.2: Um recipiente no qual uma amostra cilindrica imagindria de dgua de drea basal A esté em equilibria, A forga F atua na drea superior do cilindro ; a forca Fy atua na base inferior do cilindro; a forga gravitacional sobre a dgua no cilindro € representada por mé. atuando sobre o volume do liquido que denotamos como: Fi, F) e mg. Desde que o Iiquido se encontra ‘em equilibrio estdtico, ou seja, esté em repouso, a soma das forgas atuando sobre a porgdo do liquido doves ser las A+htmg=o onde m é massa do fluido dentro do volume considerado, A forga Fy & a forga exercida pelo Ifquido que se encontra acima do 0 volume de liquido que estamos considerando; a forga Fé a forga exercida pelo Kiquido sob a porgéo inferior do liquido; mg eorresponde ao peso do liquido contido no yolume que estamos considerando. Assim, F e mg apontam para baixo © F, aponta no sentido contrétio, para cima. Desde que estamos considerando aqui apenas forgas na diregao vertical, podemos trabalhar apenas com médulo das forgas ¢ indicando o sentido apenas pelo sinal, assim escrevemos: Fr=Fi+mg 42. PLUIDOS EM REPOUSO (IIDROSTATICA) 133 e usando a definigdo da pressio dada pela Eq. (4.8) pr = piAtmg além disso, considerando a definigio da densidade dada pela Eq. (4.2), podemos escrever a massa do uido coutido no cilindro de V = A(y: ~ y2) na seguinte forma: PrA=pA+ pAly2—y:)9 ¢ simplificando a érea A, obtemos a primeira equacdo fundamental da hidrost.tica: Pas pit avs — anda (48) com p sendo a densidade do fuido em equilfbrio. A Ex. (4.5) permite determinar a pressio tanto em um liquido (em fungao da profundidade) como na atmosfera (em fungao da altitude). No primeiro caso, vamos determinar a pressio a um profundidade h. Para isso, substitufmos os seguintes dados na Eq. (4.5): yi = 0, yx = —h, pi = po (pressio atmosférica) © p2 = p, assim, p= po+phg (4.6) ‘Temos duas obscrvagdes importantes a fazer sobre a Eq. (4.6): a primeira 6 que a pressio eresce com a profimdidade, ow seja, quanto mais fmdo maior a pressao. Isso permite que objetos imersos possam ficar em equilibrio no interior de um fluido desde que a forga na superficie inferior 6 maior que na superior; a outra observagio 6 que a coordenada horizontal nao entra nas equagées, assim, se nos deslocamos horizontalmente em um liquido ou gas, iremos sofrer a mesma pressio. Note também que a pressio a uma profundidade h no interior de um Iiquido apresenta duas contri Duigdes: a pressdo do volume de liquide acima de h (= pgh) e a pressdo atmosférica (= po). A diferenga entre a pressio sentida na profundidade he a pressio atmosférica é chamada presséo manométrica: Pm = — Po = pgh. ‘Vamos considerar agora a pressio a uma determinada altitude d. Para isso, entramos com os seguintes parametros na Eq. (4.5): y =0, y2 = d, pi = po (pressio atmosférica ao nivel do mar), p2 = pe p = Par P= Po— pars (a7) que mostra que a pressio que sentimos é reduzida & medida que subimos em lugares mais altos em relagio a0 nivel do mar. Este resultado € dbvio desde que temos cada vez menos atmosfera em cima de nés para altitudes cada vez maiores. 134 CAPITULO 4, FLUIDOS Exemplos 1. Um merguihador novato, praticando em uma piscina, inspira ar suficiente para expandir totalmente os pulmées antes de abandonar o tanque a wma profundidade L ¢ nadar para a superficie. Ble ignora as instrugdes € néo exala o ar durante a subida, Ao chegar & superficie, a diferenga entre a pressiio que estd submetido € a pressao no interior dos seus pulmées é de 9,3 kPa. De que profundidade partiu? Que risco fatal estaria correndo? Aqui usamos a Eq. (4.6) fazendo h = L para determinar a pressio que o mergulhador esté submetido no interior da piscina: Pi= pot pla Quando o mergulhador inspira o ar do tanque, antes de abandoné-lo, ele teve que igualar a pressio no interior dos sous pulmdes A pressao p; dada pela equagao acima. Caso contrario, nao conseguiria respirar Assim, quando sobe & superficie, a pressdo externa diminui para o valor igual a py = po. Portanto, a diferenga de pressio entre os seus pulmdes e o meio externo é dada por Ap = pi — py = Po + pLg— Po Ap = plo donde obtemos a profundidade L: Ap 9,3 kPa a z L = 9 0,998 10° kg/m x 9,8 m/s 0,95 m, ‘Vemos que alta diferenga de pressio corresponde a uma profundidade de aproximadamente 1 metro, ‘mas capaz de romper os pulmdes do mergulhador forgando a passagem de ar para a corrente sanguinea que 6 transportada para coragao provocando uma embolia. Assim, mergulhador corre risco de morte caso nao expire o ar & medida que sobe para a superficie de maneira a igualar a pressio no interior de seus pulndes com a pressio atmosférica. 2, Um tubo em forma de U da Fig. 4.9 contém dois Iiquidos em equilibrio estético: no lado direito existe dgua de densidade 0,998 x 10% kg/m? ¢ do lado esquerdo dleo com uma densidade desconhecida que chamamos de px. Os valores das disténcias séo h = 12,3 mm el = 135 mm. Qual é o valor de px? No lado direito temos: 42. PLUIDOS EM REPOUSO (IIDROSTATICA) 135 leo, Figura 4.3: Veja exemplo 2. Pint = Po + pu,ogt 10 lado esquerdo temos: Pine = Po pxall =a) e eliminado ping entre as duas equagées acima, segue que: Po + pxa(l +d) = po + px,o9! ¢ isolando a densidade do dleo, segue que: l 3 135 heat = pro = 998kg/m? x (185) — 915 g/m PX = PLOT G Bh «(gtm) / Pressio atmosférica © Ailtimo exemplo nos permitiu mostrar como determinar a densidade de outro tipo de Kquido dado que conhecemos a densidade de um segundo liquido. O uso de colmas de liquido também nos permite determinar a pressio. Um exemplo clissico é 0 barémetro de meresirio, usado por Torricelli para medir a pressio atmosférica, Na Fig. 4a temos o esquema do instrumento que consiste de um tubo longo que 6 enchido com mereiirio ¢, em seguida, é virado com a abertura para baixo dentro de um recipiente cheio de mercirio, A pressio atmosférica deve ser igual & pressio da cola do tubo desde que a a pressio na ponta fechada sem iquido é zero. Assim, a medida da altura nos fornece uma medida da pressio 136 CAPITULO 4, FLUIDOS atmosférica. Usando a Eq, (4.5) com pz = 0 correspondendo a pressio na altura he pi = po na base do tubo em y; = 0, obtemos: 0 = po + pg(0— h) ou aca, po = gh ‘que nos fornece 0 valor da presséo atmosférica através da altura da cohma de mereitrio. Note que este resultado depende da aceleragao da gravidade ¢ da densidade do merctirio, Assim, devemos efettar a medida sob condigdes adequadas com g dado pelo seu valor no nivel do mar ¢ a temperatura do merctirio igual a 0°C. y ph aN VD CD nivel 2 tanque manémetro Figura 4.4: (a) um bardmetro de mercsirio usado para medir a pressio atmosférica. (b) wm manémetro usado para medir a pressdo manoraétrica do 94 py ‘Vamos agora considerar o sistema mostrado na Fig. 4.4b onde temos um gés encerrado em um baléo. Queremos determinar a pressiio manométrica definida pela diferenga entre a pressiio medida no interior do sistema ¢ a pressio atmosérica. Para isso utilizamos 0 mandmetro composto pelo tubo em U como mostrado. Na interface entre o gas ¢ 0 liquido do tubo, a pressio pode ser determinada via Eq. (4.5), 42. FLUIDOS EM REPOUSO (HIDROSTATICA) 137 assim temos P2=Pit plu — v2)o considerando que a pressao na interface ¢ dada por pz em yz = 0, obtemos: P= pot p(h—Og p= potphg A pressio manométrica do gés 6 dada por Po =P —Po = phg principio de Pascal nos diz. que a variagao da pressio apticada a um fluido incompressivel contido em um recipiente é transmitida integralmente ¢ igualmente a todas as partes do fluido e &s paredes do recipiente. Na Fig, 4.5 mostramos um pistio sobre o qual é colocado um recipiente com esferas de chumbo. Assim, mudando o miimero de esferas dentro do recipiente podemos variar o peso do recipiente e, portanto, a presso aplicada no pistdo. A pressio a uma certa profundidade h é dada por P=Pest | pgh onde pest & a pressio aplicada pelo recipiente contendo as esferas de chumbo, Se adicionamos mais esferas, © que faz aumentar a pressio externa, entio desde que o fiuido é incompressivel, a altura h nao é alterada pois o pistdo nao se move. Assim, tomando a diferencial de ambos os lados da equagio acima, segue que dp = dpext € vemos que a variagio da pressio independe do valor de h o que significa que a variagdo da pressio é a mesma para todos os pontos do liquide. A principal aplicacao do principio de Pascal é 0 chamado macaco hidréulico, Liste dispositive é basica- mente um tubo de didmetro varié wel contendo dois pistes em suas extremidades. Conforme mostrado na Fig. 4.6, 0 macaco hidréulico esta submetido a uma forga de médulo F, no pistao da esquerda que provoca uma variagio de pressio Ap = F./Ae que € distribuida sobre todo o Iiquido (a rea do pistio esquerdo é igual a A,). Como resultado, esta diferenga de pressio provoca uma forga F, no pistio da direita que tem uma area de seco transversal A, 138 CAPITULO 4, FLUIDOS esforas de Pext Figura 4.5: Pisido usado para demonstrar 0 prinespio de Pascal. Quando aumentamos a pressao no pislio, esta deve aumentar iqualmente em todos os pontos do fluido dentro do recipiente pois 0 volume permanece constante Desde que a diferenca de pressio é a mesma sobre todo o 0 liquido, podemos determinar a forga de saida Fy Asp ¢ considerando que centdo podomos escrever a forga de saida em termos da forga aplicada no pistdo da esquerda: Ay (4s) Ae A Eg, (4.8) nos mostra que a forga F, pode ser maior do que a forga aplicada no pistdo esquerdo se A, > Ae. Além disso, desde que a quantidade de volume deslocadio no processo deve ser o mesmo, entdo podemos eserever: onde de ¢ d, so os deslocamentos verticais dos pistées esquerdo e direito, respectivamente. Isolando dy temos: Ae, a 42. PLUIDOS EM REPOUSO (IIDROSTATICA) 139 © portanto, d, < de se Ay > Ac. Isso nos mostra que embora consigamos aumentar a forca aplicada no pistdo de saida, vamos conseguir movimenté-lo por uma distancia menor. No entanto, a quantidade de trabalho realizada nos dois pistées 6 a mesma. Podemos ver isso calculando o trabalho realizado pelo pistao direito: Ae Fide = Fede = We e vemos que o trabalho realizado pelos dois pistaes & 0 mesmo. ‘© macaco hidréulico tem muitas utilidades, mas cortamente a mais lembrada é 0 seu uso em oficinas ‘mecanicas para levantar carros. Figura 4.6: Esguema de um macaco hidréulico que utiliza 0 principio de Pascal. A forga F, pode ser maior do que a forca F. aplicada na lado esquerdo dado que as dreas dos pistdes sejam tais que A, > Ae Anteriormente, determninamos a variagdo da pressio com a profundidade de um fluido e constatamos que a pressio aumenta a medida que nos deslocamos para pontos mais profindos no fluido, A Eq. (4.5) relaciona as presses em dois pontos P, P; dentro de um fluido em funcio da distancia entre eles: p2 = pi t+ pay — y2) 140 CAPITULO 4, FLUIDOS nto Py. Este onde consideramos que Py é um ponto mais abaixo do finido em comparagao com o pi fato implica que a pressio inferior do fluido ¢ maior do que a pressio de cima, ou seja, temos uma forga resultante para cima que atua no fluido, que chamamos de empuxo, E. Para determiné-lo, vamos considerar um cilindro circular com Area de base A imerso em um fluido como mostrado na Fig. 4.7. As forcas que o Kquido aplica sobre o cilindro sio dadas por: Rapa atuando para baixo devido ao peso do Ifquido acima do cilindro Fi=mA que atua de baixo para cima devido ao Iiquido abaixo do cilindro, Figura 4.7; Um cilindro imerso em um fluido, Note que a pressio na regido inferior do fluido, abaizo do cilindro, E maior do gue a pressio na regio superior do cilindro, Por esta razdo, surge uma pressio de baixo para cima que gera uma forga que chamamos de empuzo. O empuxo é a forga resultante da soma destas duas forgas: B=R- 1 = (p2—pi)A dirigida para cima. ‘Mas a diferenga de pressio pp — p; j4 foi determinada pela Eq. (4.5), assim: EB =pgln — vA = pgha onde h é 2 altura do cilindro. Assim, notando que V = Ah, temos ainda B= pV 4.2. FLUIDOS EM REPOUSO (ILIDROSTATICA) ui e usando a definigao da densidade, identificamos a massa do fluido my = pV, logo E=mjg (49) ‘Vemos entio que 0 médulo do empuxo é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo. Quando imergimos um objeto em um fiuido este id flutuar se 0 peso do corpo for igual ao peso do fluido deslocado pelo mesmo. Com efeito, a condigio de equilfbrio é satisfeita quando a soma das forgas que atuam sobre © corpo é nula, Assim, no caso do corpo fhutuante, temos duas forgas atuando: a forga de empuxo para cima e a forga de gravidade para baixo, assim, podemos escrever a condigdo para que um corpo flutue F (4.10) Exemplo Na Fig. 4.8 um bloco de massa especsfica p = 800 kg/m* flutua em um fiuido de massa especifica 1200 kg/m*. O bloco tem altura H = 6,0 cm. Py (a) Qual é a altura h da parte submersa? Figura 4.8: Veja exemplo 2. Desde que o bloco est flutuando, entao vale a condigdo dada pela Eq. (4.10) E=K, ‘Temos que determinar explicitamente as formas das forgas Ee Fy, Assim, temos que: B= mya = pV. pyAhg ¢ 0 peso do bloco é dado por: F, = mg = pAHg 142 CAPITULO 4, FLUIDOS Substituindo-se estas expresses na condigao (4.10), segue que: pyAhg = pAHg © simplificando os fatores semelhantes obtemos: natu Py e substituindo as valores correspondentes obtemos o valor de h: 3 = S00 g/t 6.0m =4,0 em 1200 kg/m’ (b) Se 0 bloco é totalmente imerso e depois liberado qual é aceleragao do bloco? Agora 0 empuxo seré maior do que a forga peso desde que o bloco esté totalmente imerso e, assin, 0 volume do fluido deslocado corresponde ao volume do bloco, assim: B= pyAlg ¢ substituindo na segunda lei de Newton segue que: E~ F, = pyAHg ~ pAHg pAHa ¢ simplificando os fatores semelhantes obtemos: a= (py ~ pg ¢ substituindo-se os valores correspondentes, abtemos: o= (3-1) oo ow seja, 4,5 m/s 43. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 143, Aqui consideramos 0 movimento dos fiuidos, no entanto, consideramos que o fiuido sob estudo é um fluido ideal. Para ser um fluido ideal, quatro pré-requisitos precisam ser satisfeitos: (a) escoamento laminar: no escoamento laminar, a velocidade do fluido em um ponto fixo qualquer nao varia no tempo, nem em médulo e em diregao. Um exemplo tipico deste escoamento é a fumaga de cigarro que comega a escoar de mancira laminar, mas com o aumento da velocidade a medida que sobe passa de laminar para turbulenta; (b) escoamento incompressivel: supomos, como no caso dos fluidos em repouso, que o fiuido é in- compressivel, i.e., a densidade do finido permanece uniforme: (6) escoamento ndo-viscoso: de mancira coloquial, a viscosidade 6 uma resistencia que 0 fluido oferece a0 escoamento, E 0 andlogo do atrito no caso do movimento dos corpos rigidos. Aqui supomos que 0s fiuidos nfo apresentam esta caracteristica; (a) escoamento irrotacional: se consideramos um grao de areia se movendo com 0 fitido, entio quando o fiuido 6 irrotacional, 0 gro de areia nfo gira em tomo de tm eixo que passa por seu centro de massa, A trajetéria descrita por um fiuido pode ser ilustrada por meio das chamadas linhas de fluxo onde a velocidade de um elemento de fiuxo é tangente as linhas de campo. Esta construgao é bastante stil para pa inhas de fluxo a vistalizar o fiuido em movimento. elemento a de fluido Figura 4.9: Linkas de fluzo representando a trajetéria descrita pelo fluido. A velocidade de uma particula do fluido é tangente as linhas de fluro, 144 CAPITULO 4, FLUIDOS A soguir, vamos obter duas equagées fimdamentais na descrigdo de fiuidos ideais em movimento: a equagao da continuidade e a equagao de Bernoulli, Estas equacées permitem relacionar a pressio e densidad com a velocidade do fhuido ¢, assim, descrever 0 movimento do fluido em situagSes gerais, No entanto, estas equagdes estdo aqui restritas aos fluidos ideais, de modo que as condigées acima esto implicitas na suas aplicacées. A velocidade da égua em uma mangueira depende da area da segio reta através da qual a Agua escoa, Percebemos isso quando tapamos parte desta srea 1m os dedos ¢ a velocidade do jato de gua aumenta aleangando distincias maiores. O objetivo 6 determinar uma expressiio para o fluxo em termos da velocidade ve a drea A de um tubo com segdo reta varidvel, Suponhamos que em um intervalo de tempo At, um volume AV do fluido entre na extremidade esquerda do tubo, como mostrado na Fig. 4.10a. Devido ao fluido ser incompressivel, uma quantidade igual AV de fluido deve sair na extremidade direita do fluido. Como o volume ¢ igual, entao podemos usar este fato para relacionar os volumes e as areas nas das extremidades do tubo. Assim, tomando uum clemento do fiuido com velocidade constante, entio durante o tempo At, o clemento percorreu uma distincia Az. Portanto, o elemento de volume do finido destocado neste intervalo de tempo sera: AV = AAs = AvAt este elemento de volume deve ser 0 mesmo nas duas extremidades, ou seja, Ami At= ArwAt ¢ climinando os intervalos de tempo em ambos os lados, obtemos a equagao da continuidade: Aq = Ar (421) produto da area da segdo reta pela velocidade do fiuido é definida como a vazdo Ry Ry = Av que é medida em m/s Assim, a Eq. (4.11) pode ser escrita na forma alternativa: Ry = Av = constante. 4.3. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 145 (b) tempo trat Figura 4.10: Um fluido escoa da esquerda para a direita com vazdo constante através de um seqmento de tubo de comprimento L. A velocidade do fluido é v1 no lado esquerdo e vz no lado diveito. A drea de seco reta & Ay no lado esquerdo do tuto ¢ Az no lado direito. Do instante t em (a) até o instante t+ At em (b), a quantidade de {fluido mostrada em cor violeta entra do lado esquerdo ¢ uma quantidade igual mostrada em cor verde sai pelo lado direito, Se a densidade do fluido ¢ constante, podemos definir a chamada vazdo mdssica Ry Rm = pRy Av = constante, que & expressa em kg/s, Exemplo 1. A Fig. 4.11 mostra que 0 jato de dgua que sai de una torneira fica progressivamente mais fino durante a queda, As dreas das segdes retas indicadas séo Ay = tem eA= 35 cm?. Os dois niveis esto separados por uma disténcia vertical h= 45 mm. Qual é a vazdo da torneira? Sabemos que a vaziéo nos dois pontos indicados na Fig, 4.11 deve ser a mesma, Portanto, a igualdade a seguir deve ser satisfeita: Agvo = Av Desde que o ftuxo que sai da torneira est sob & ago da forga gravitacional, ento as velocidades nos 146 CAPITULO 4, FLUIDOS Figura 4.11: Veja eremplo 1 dois pontos devem estar relacionadas pela equagao: vg — 2g(0-h) onde usamos um referencial em que a origem est no primeiro ponto e o segundo em uma posigao y2 = —h. Rearranjando a equacdo acima podemos escrever ainda p+ 2gh ¢ eliminado a velocidade v através da equagao da vazio, segue que Aheg =1d + 20h ¢ isolando a velocidade inicial, obtemos. ‘A vanio agora pode ser determinada usando — jn — | 29hAP AS Ry = Avvo = Vf Gear ¢ substituindo-se os valores correspondentes obtemos ainda: 2X 9,8 m/s? x4, Bem x (0, S50m*)*(1, dem" Ry 43. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 7 Ry = 34 em*/s, Vamos considerar agora que o fluxo do fluido apresenta uma velocidade varidvel, resultante de uma diferenga de pressio entre as duas extremidades de um tubo de fluxo, Além disso, também consideramos a influéneia da gravidade, desde que esta produz variagdes na energia potencial do finido quando este se desloca em diferentes alturas em relagdo & superficie da Terra. Para determinar a equagao que descreve © movimento do fluido, considere que o mesmo se desloca ao Jongo de uma distancia horizontal Le uma distincia vertical yp — yi, conforme mostrado na Fig. 412, Para que o fluido se desloque ao longo desta trajetéria, aplicamos uma pressio pressio p; na extremidade inferior do tubo, como mostrado na Fig. 4.12. Como resultado, 0 fluido apresenta uma velocidade vy na extremidade inferior do tubo e sai com uma velocidade diferente v2 na outra extremidade do tubo. Note que existe uma pressiio pz em ys aplicada pelo fuido que est & frente do volume deslocado e, portanto, é aplicada no sentido contrério a0 deslocamento do flnido. © trabalho resultante W da diferenga de pressiio nas duas extremidades, provoca uma variagéo na energia mecénica do sistema que corresponde A variagdes na energia cinética e potencial do fluido. Este trabalho é dado por: Fy — Fa) = (pi Ai — p2Aa)Oe ow seja, (Pp. — p2)AV onde consideramos aqui que AV; = AV: = AV, ou seja, a quantidade de matéria que entra no tubo deve ser a mesma quantidade que sai, O trabalho provoca uma variagio da energia cinética do Huido, de acordo com o teorema trabalho-energia cinética. Assim, temos: AK =Ky-K © considerando que o elemento de volume deslocado tenha uma massa m, podemos escrever 2 mv} — dine? h— gme? 14s. CAPITULO 4, FLUIDOS Figura 4.12: Um fluido escoa com vazio constante através de um comprimento L de um tubo, da extremidade de entrada 4 esquerda, alé a extremidade de saida, a direita. Do instante t em (a) ao instante t+ AL em (8) uma quantidade de fluida, representada pela cor violeta, entra pela extremidade esquerda © uma quantidade igual, representada na cor verde, sat pela extremidade direita e usando a definigao da densidade do fluido, que 6 considerada constante, temos ainda, lie jot) AV Além disso, 0 trabalho deve provocar uma variagao AU correspondente na energia potencial gravita- cional. Esta variagao & dada por AU = mays — may = PIAV(y2 — M1) A soma das variagies AK e AU deve ser igual & variagao total da energia mecanica do sistema devida a0 trabalho externo aplicado pela diferenca de pressio nas extremidades do tubo. Assim, podemos W=AB=AU+AK 43. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 149 e substituindo as expressdes correspondentes, segue que: 1 ts? (1 — PAV = (ped — out) AV + ag AV (v2 — m1) «€ vemos que podemas eliminar o elemento de volume que é o mesmo em todos os termos =p = 3-2, Pi Pa 5P4 5 pet + palys — us) podemos escrever a equagio acima na seguinte forma: Lia La pit Zot + pou = pa 3003 + pave (422) Podemos reeserever a Eq. (4.12) na forma: (4.13) A Eq, (4.13) foi deduzida pela primeira vez por Daniel Bernoulli que estudou 0 escoamento de fluidos pela primeira vez no séc, XVIII. A Bq.(4.12) 6 bastante geral e podemos naturalmente recuperar 0 caso mais simples de um fluido em repouso que estudamos na se¢ao anterior. Com eftito, considerando que o fluido esté repouso, ento vy = v2 = 0.8 a Eq, (4.12) se redus a: P2 + pgy2 = Pi + pgVL ou seja, Pa = pi + pain ~ 2) que 6 a Eq, (1.5) que obtivemos anteriormente ‘Umma outra particularizagio importante da equagao de Bernoulli, 60 caso em que 0 escoamento ocorre na diregdo horizontal mas com velocidades diferentes nos pontos 1 ¢ 2, assim, fazendo y1 = y2 = y na Eq (4.12), segue que: Lie Lig Pit seul + poy = p+ 509 + poy ¢ climinando os termos em comum, obtemos ainda: simi=m+dod pit si = pat sed De acordo com a equagéo acima, se vz < 1 entio devemos ter p > pz. Assim, vemos que a pressio deve diminuir com o aumento da velocidade do fiuido. Nos resta fazer alguns exemplos de aplicagio da equagao de Bernoulli, 150 CAPITULO 4. FLULDOS Exemplos 1. Na Fig. 4.13, a dgua doce atrés de uma represa tem uma profundidade D = 15 m. Um cano horizontal de 4,0 cm de didmetro atravessa a represa a uma profundidade d= 6,0 m. Uma tampa fecha a abertura do cano, (a) Determine 0 médulo da forca de atrito entre a tampa ¢ 0 cano. (b) A tampa € retirada Qual é 0 volume de dgua que sai do cano em 3,0 h? Figura 4.13: Veja ezemplo 1 fa) A pressio p2 na altura onde se encontra o cano pode ser determinada via Eq. (4.5) P2 — Po + 9(0 ~ (—d)) = po + pad. Agora precisamos determinar a forga resultante sobre a tampa, Temos trés forgas atuando, A primeira 6 devida & pressio da dgua da represa que acabamos de calcular. A forga esté dirigida para fora da represa e seu médulo é dado por Fy = p2A. Além desta forga, no lado de fora da represa, temos apenas a pressio atmosférica que empurra a tampa para dentro da represa. Assim, a forga correspondente tem médulo Fy = poA c tem sentido contrério a Fz, Além das forgas devido & diferenga de pressdo entre o interior € exterior da represa, temos ainda a forga de atrito estético f, que também aponta no sentido contrério & forca Fe Assim, para que a tampa permanega no Igar, a soma destas forgas deve ser mula, assim devemos ter Atha 43. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 151 on seja, PoA+ fe=PoA+ pgdA ow seja, 0 médulo da forga de atrito 6 dado por: x (4,0 107? m)? J. = pgdA = 10° kg/m? x 9,8 m/s? x 6,0 mx ~ fe=TAN, (b) Para determinar a quantidade de gua que sai quando a tampa é retirada, devemos aplicar a Eq (4.12) na superficie da represa ¢ na altura onde se encontra o cano. Assim, temos lig lig Pit spur + pg = pa + 5ev2 + paye 1 gy lie Po ~ 500)? + pad = po + 5003 + p9(0) onde consideramos que a velocidade da 4gua é nula na superficie da represa ¢ que a pressio no ponto de saida é igual A pressiio atmos{érica pois retiramos a tampa e entdo temos apenas a pressio atmosférica atuando sobre o fluxo da égua, logo on seja, v2 = V2gd € a vazio é dada por: Ro = Aw onde Az é a érea do cano. A quantidade de sgua que sai em 3,0 h pode ser determinada multiplicando a vazao calculada por este tempo: =x (4.0.x 10? m)? AV = Ayn At 7 1/2 9,8 m/s? x 6,0 mx 3,0 152 CAPITULO 4, FLUIDOS AV =1,5 x 10? m> 2. Um medidor venturt é usado para medir a veloctdade de wm fluido em um cano. O medidor é ligado entre dois segmentos do cano (veja a Fig. 4.8); a secdo reta A na entrada ¢ satda do medidor é igual & seedo reta do cano. Entre a entrada ¢ a saida do medidor o fluido escoa com velocidade V e depois passa com velocidade v pelo gargalo estreito de segdo reta a. Um manémetro liga a parte mats larga do medidor & parte mais estreita. A variagéio da velocidade do fluido € acompanhada por uma variagéo Ap da presséo do fluido, que produz uma diferenca h na altura do liquido nos dois lados do manémetro. (A diferenca Ap corresponde a pressdo no gargalo menos a presséo do cano). (a) Aplicando a equagao de Bernoulli ¢ a equacéo da continuidade aos pontos 1 ¢ 2 na Fig. 4.8, mosire que vay | 2p. \ oa) onde p € a densidade do fluido. (b) Suponha que o fluido € gua doce, que a segéo reta € 64 cm? no cano € 32 cm? no gargalo ¢ que a pressao é 55 kPa no canoe 41 kPa no gargalo. Qual é a vaziio de dgua em metros eiibicos por segundo? foal medidor Venturi so medior Figura 4.14: Veja exemplo 2 43. DINAMICA DOS FLUIDOS IDEIAIS 153 A equacdo da contimuidade fornece, AV = av. A equagio de Bernoulli é dada por Lia Lia Pit 5p0t + pg = pa + 5eud + pov ¢€ particularizando para o caso em questo, obtemos 2 1 1 n+ 5pV? = pa + spr? prt eV? = pot 5p 1 1 5eV? =p spa se 50V? =p pit spo? = Ap ser © trocando o valor da velocidade v pela equagio da coutinuidade obtemos ainda: lia 1, 1 (A,\? Lyn. mdn a9 (20) ow seja, (b) A vazdo de dgua é dada por 2a? APAp \ a) ¢ substituindo-se os valores correspondentes, obtemos finalmente: 2(82 x 10-4 m2)? x (64 x 104 m?)*(41 — 55) kPa 1000 kg/an® x [(82 x 10-4 mn)? — (64 x 10-* m?))) Ry =2,0x 107? m'/s

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