You are on page 1of 22
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Anthony Garotinho - GoveRnapoR ‘SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA Helena Severo ~ secreTARia FUNDAGAO MUSEU DA IMAGEM E DO SOM Marilia Trindade Barboza — presioenre FAPER) Fernando Peregrino — presinenre Idealizacao e Coordenagao Ana Cunha Curadoria Henrique Cazes ‘Ambientacao Cénica Jefferson Duarte Design Andréia Resende Designer assistente Flavio Loureiro Pesquisa Coordenacao Simone Pereira de Sé / UFF Assistentes Felipe Bars e Leonardo de Marchi Cen 0 Humberto Silva Impressoes Digitais Color Office Fotos e Reproduga: Fernando Torres Equipe de Producao Tania Galhardo, Clarice Pamplona e Dinho Exposigio “You Vivendo Pixinguiaha” -Coleio de caricatras, acer Hemino Bolo de Canalo Hen Mtzan Caricaturas de Augusto Rodrigues, Cavalcante, Chico, Claudius, Cr, Elfas Aneto, ra, Geto Delphi, Guidacc, ue, Lan, Lula, Mello Menezes, Montero, Néssara ¢Trimano Aitredo, Fees ting Wane, nies Ws Banda to Can de Boni - Capi Gert Hemi, Ce Salesianos ‘Santa Rosa - Mestre Afonso, Divisdo de Misica e Arquivo ‘Sonoro da Biblioteca eas Ae PM avn, tte 8 Sl Es as, Es pt Cra rt Cara =o OSs ok oe Miia Eletrnica MIDIARTE DO QUINTAL AO MUNICIPAL Muitos se perguntam como foi possivel a trajetéria realizada pelo Choro ao longo dos liltimos cento e tantos anos. No momento em que a mdsica popular foi se atrelando cada vez mais 4 demanda fonografica, 0 Choro driblou as armadilhas, superou a perda de seus grandes idolos — Pixinguinha e Jacob do Bandolim — e chegou ao século XX! mais forte do que nunca. A exposigao “Choro do Quintal ao Municipal” € uma forma de comemorar um dos mais efervescentes momentos dessa trajetoria, Teverenciando mestres e abrindo espago para as novas e valorosas geragoes. Henrique Cazes eee chore DO QUINTAL AO MUNICIPAL Muitos se perguntam como foi possivel a trajetéria realizada pelo Choro ao longo dos ultimos cento e tantos anos. No momento em que a musica popular foi se atrelando cada vez mais 4 demanda fonogrdfica, 0 Choro driblou as armadilhas, superou a perda de seus grandes idolos — Pixinguinha e Jacob do Bandolim — e chegou ao século XXI mais forte do que nunca. A exposicao “Choro do Quintal ao Municipal” € uma forma de comemorar um dos mais efervescentes momentos dessa trajetéria, reverenciando mestres e abrindo espago para as novas e valorosas geracdes. Henrique Cazes No més de julho de 1845, a polca foi dangada pela primeira vez no Teatro Sao Pedro. Em pouco tempo dominou os saldes, mesmo enfrentando a oposigéo dos moralistas. 0 aparecimento de varias casas editoras de misica, sem davida, influenciaré 0 nascimento @ a divulgago da misica dos chordes, Para se fazer uma boa roda de Choro 0 equilibrio entre diversos fatores primordial. Primeiro é preciso um espago adequado, de preferéncia uma varanda ou um quintal. Depois deve haver um equilfbrio entre violdes, cavaquinhos, etc. Uma roda de verdade é aquela que mistura profissionais e amadores, sem nenhum problema. Na roda de Choro, © improviso acontece a todo instante. Animal, Alexandre Gongaves Pinto, no lvro"O Choro” (1936) doscreve um habito de miso experente ao chegar a uma roda procurar 0 fogao da casa e vetifcar se junto dle hd um gato dormindo, Casa em que o gato doxme no fog ndo tem comida piano Chiguinh Cor mest Em 1856, 0 escritor Araijjo Porto Alegre definiu 0 Rio como “cidade dos pianos”, tal a profusao do instrumento, Tantos pianos ajudaram a deflagrar a moda da polca e criaram uma demanda de repertério “abrasileirado” para o instrumento. Dois misicos foram fundamentais no preenchimento desse espaco: Chiquinha Gonzaga ¢ Ernesto Nazareth. Ela, de comportamento polémico e musica versati, teve 0 teatro de variedades como seu principal vetculo Ele, de personalidade introvertida e misica mais elaborada, 6 foi absorvido na roda de choro muitas décadas depois. Enquanto Chiquinha conquistava éxitos populares com seus tangos e corta-jacas, Nazareth era reconhecido pelo mundo da “misica séria”. Os dois alargaram as fronteiras do Choro. Jnequi fatono da Sha Cada aee-830) lenogata Bt Desenos Otani tabe I Pederneiras (1874: A chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, obrigou a cidade a evoluir em termos urbanisticos e culturais. 0 surgimento de uma classe média de funciondrios piblicos criou 0 terreno social para o florescimento do Choro. Afro-brasileiro, filho de um pistonista e mestre de banda, Joaquim Antonio da Silva Callado é considerado o primeiro chorao. Mesmo tendo vivido pouco mais de trinta anos, Callado foi um lider, pois além de instrumentista virtuoso e bom compositor, era um organizador de conjuntos. Dos grupos organizados por Callado fizeram parte, entre outros, o violonista Saturnino, Baziza Cavaquinho, Chiquinha Gonzaga e o flautista e saxofonista Viriato Figueira da Silva Nascido no ano em que morreu Callado, Patapio Silva era de familia modesta, mas um artista artojado. Pioneiro em gravacao de solo instrumental, morreu quando excursionava para arrecadar fundos e ir para a Europa. Agenor Bens, Clementino de Oliveira, Pedro de Assis e Antonio Maria dos Passos sao outros nomes que brilharam na fronteira entre 0 Choro e a mésica de salao ager ein ena Serta sytney 959), Cemas da Vida Carioca, \exega Bawa Nace @ violao 0 violdo tem enorme importancia na génese do Choro. Instrumento antes jé identificado com a musica popular - modinha e lundu — foi na misica dos chores que 0 violdo ganhou espago para se desenvolver, tanto em solo quanto em acompantamento. Entre os pioneiros destacam-se Quincas Laranjeira, Satiro Bilhar e Joao Pernambuco, este um compositor extremamente original, que influenciou Villa-Lobos na construgao de sua monumental obra violonistica. Como acompanhador, Arthur de Souza Nascimento, 0 Tut, pontifcou nas eee primeiras décadas do século XX, sendo ainda 0 introdutor do violao de sete cordas, instrumento que substituiu 0 oficleide na fungdo de executar os contrapontos graves, as famosas baitarias, gravacoes mecdnicas ___ 0 periodo das gravagdes mecdnicas no Brasil, entre 1902 e 1927, foi quando proporcionalmente mais se gravou misica instrumental e boa parte desse montante era Choro, em diversos formatos. Algumas bandas, como as do Corpo de Bombeiros e da Casa Edison, gravaram polcas, schottisches e valsas Solistas com acompanhamento de piano, como Patépio Silva e Pedro de Assis, de- vam uma embalagem de misica de saldo. Cavaquinho, violao e mais um solista (trompete, flauta ou clarinete) era 0 formato mais usual na década de 10. Um formato que caiu em desuso foi o de trios € QUar- 5354p pavions doe mina tetos de sopro sem base harmOnica. —tcmwnta imbris Fane bandas tye A importancia social das bandas de misica Bite Racoat no século XIX nao se restringia ao Ambito das festas e solenidades. Caminho quase tinico para a iniciagéo musical das classes mais modestas, as bandas foram celeiro de » chordes. 0 mésico que melhor traduziu a ligagao entre Choro e banda foi Anacleto de Medeiros. Compositor inspirado e multiinstrumentista, ape destacou-se como organizador de corporagdes musicais. ants Rose Tendo sido musicalizado por um mestre choréo — Santos Bocot Anacleto, ao organizar sua mais famosa banda, a do Corpo de Bombeiros, arregimentou misicos como Luis de Souza, Casemiro Rocha, Carramona e Irineu de Almeida, todos chordes de boa técnica. O resultado foi uma banda com especial musicalidade. Banda do Carp de Bombeiros lena Binds de Cap de Babies OR PO DE LORBEEROS. 6 pixinguinha Quando Pixinguinha chegou na roda, 0 caldeiréo do Choro ja estava fervendo. Levado por seu professor irineu de Almeida, chordo de primeira linha, 0 menino de onze anos, além de tocar flauta de um jeito diferente e contagiante improvisava sem 0 menor esforco Quando suas composigdes comegaram a ser langadas, deu pra perceber que havia um salto. Pixinguinha deu ao Choro uma forma musical definida e compds muito. Mais tarde langou as bases da linguagem orquestral brasileira e desenvolveu um estilo de contraponto que seu professor Irineu jé fazia no oficleide. 0 maestro Radamés Gnattali definiu a impo tancia de Pixinguinha para o Choro de forma precisa: “choro tem muito por af, mas bons mesmo sao os do Pixinguinha, e nao é porque sao mais elaborados, 6 porque ele era um génio 0) vou vivendo en Colegao de caricaturas Acer vo Hermiio Bello de Carvalho e Helton Altman, 16) A ERA DO RADIO A era do rddio no Brasil compreende. 0 pe- rfodo.que vai de meados da década de 30 até 0 fatidico ano de 1964. E a fase mais contraditéria da histéria do Choro, Por um lado, havia o°canal que permitiu a nomes como Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Benedito Lacerda e muitos outros, serem Ouvidos e reconhecidos nacionalmente; por outro, 0\“conjunto regional” — como era cha~ ‘mada.a.formacao'com dois, ou-trés Violoes, cavaquinho, pandeiro ¢ Solista =passou a ser considerado uma insténcia menos nobre da misica: Pata iia estacao de fadio, o regional era Sindnimo de tapa-buraco. Um conjunto que nnéo precisava de arranjo.e acompanhava ‘atéo que nao-conhecia. Se um cantor falta- a a0 programa, a'solugao éra simples: toca um Choro ai. Durante esse’perfodo ficou a impressao para 0 piblico.de que Choro e fegional eram quase sindnimos. Na frontei- ra da modernidade, Radamés ¢ seu Quinte~ to mostfavam que nao. ub. etic’ Tocaude So conleper: a2 weibice, faceude e Orlando Glave (acordeonistaeaaniado? ot aconpanande eared ue ee neudi a monger o voll. que eu ap 4 Fo calowro unuclo coal, ole is vez! s Oe end tn star a, send v0 1 mune oo fol, A get ple fi perceber - pon lage ue ait we PANS "Jacob dp ou Mein 2 alee con Agha Sgr Bilencoutt } aaa cee) Epoca do Ouvw uo Alara alee 1968 Ar Oca ant (om OEE) ener g SENT NETO TU CO RCH aT Ee €m 73, parecia que o Choro estava EIEN STII MCCA ICEY (lh a onda de interesse pelos valores tradicionais de nossa misica fez o Choro voltar a Pele} Um momento importante foi o show “Sarau”, Girigido por Sérgio Cabral e que tinha no elenco LMA ECONO eo Tn) de Ouro. Varios outros eventos se seguiram, US OCCA EIS CRN ELM Ie CST NCE eee MEN Eel) que estava em forma: Abel Ferreira, Waldir VYTORIN TURE aU Cote Raul de Barros ¢ outros. E havia também a turma nova que brilhava: Joel Nascimento, Déo Rian, Zé da Velha etc. Paulo Moura foi PSEC eau NISSEN ae) Aru ese OTC TN (ea aOR OSL od PP ECM WR Gene Meh One Oue Ws Ro turma disposta a tocar o Choro pra frente contratio do que muitos DC MeTN Srey ene grande vitalidade, dinémica transformagao @atraindo novos ¢ jovens adeptos, Trés aspectos chamama atengao no Choro que se faz em 2001, A multiplicagao de formatos devolveu o frescor ¢ ENE) de timbres, a PICEA Gey de pequenos selos atingiu a maturidade €, finalmente, as informagdes relativas & AUTISTIC Ro EN Ue NSC) a circular de forma mais organizada OT CROC ORIEN Re = mais misicos tocam, compoem e estudam Choro. As primeiras teses académicas - sobre 0 assunto surgiram nos anos 90, WWW .CILOTO.COM e sao cada vez mais comuns as oficinas para a pratica de conjunto de Choro AUC RCC sac produtores e consumidores de Choro, para que ele esteja de fato por toda parte OOO ———— Logendas das fotos nas paginas 29, 30 31 1 10 u 2 1B u ry Ak emi Fonseca dangando no Sovaco de Cobra, na Penta, ‘demide Fonseca e Dazinho (Cosas Nossas, em Londin, 1962 Copinha, Paulo Moura, Abel Ferric e Solistas do show "Choro na Praga" (sucesso dos anos 7) Waldir Azevedo, 26 da Velha, Joe! Nascimento, Roda de Choro na casa de Alvaro Cartilo, em 198): da esquerda para a dicta, Mauricio Carilho, Luiz tivo Braga, Altamira Cartho, Joel Nascimento, Henrique Cazes, Dazinhoe, de costas, Oscar Bolo. ‘rds: na janela, César Carilho e com afiuta, Paulo Penna Fime Radamés Gnattali com a Camerata Carioca 0s Carioquinhas Orquestra de Misica Brasileira, dingida por Roberto Gnata "Na casa de Radamés Gnattal (0 central: da esquerda para a diets Henrique Cazes, Luiz Otévio Braga, Mauricio Carilho (encobert), Beto Cazes, Joaquim Santos e Joe! Nascimento Canhoto da Parafba Joel Nascimento (bandolim), a0 lado de Guinga, odo Nogueira e Catala Joel Nascimento e Déo Rian Paulo Moura ‘Amigos do Choro: em pé, Nilza de Olivera, Gérson Ferreira Pint, Atayr dos Reis, Wilson da Cunha @ Rossini Ferreira; sentados, Jair de Oliveira, Adoniran Borges e Carlos Eduardo de Souza, Galo Preto Izafas do Bandolim Indice Lol Choro do Quintal ao Municipal 4 Piano ¢ Flauta a Gravagdes Mecdnicas 8 Bandas e Pixinguinha - Chopperia “Naquele Tempo” 9 “Vou Vivendo Pixinguinha” 10 Ara do Radio - Rédio Choro Livre 16 Jacob do Bandolim a Anos 70 28 Choro Contemporaneo = ae ee Balle Rico e Baile Pobre ‘0 liv: Caricaturstas Brasil (1905), caicatura de K Lito (1877-1957), eros, 1836-1999 de Pedro Corréa do Lago, —

You might also like