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. = = eS rorrona 4 @™ PeirdpoliS FAZENDO MUSICA Construcdo de instrumentos musicais e objetos sonoros Ne ee ee een ie uiu uma trajetdria coerente, adequada as idades ¢ possibilidades de cada povo, em cada época € expressiio sonora — se ne lugar. De tambores rudimencares a sofisticados aparelhos digi- tais, 0 caminho trayado pelos seres humanos aliou os elementos disponiveis — desde a nacureza (cascos, peles, 0380s ¢ tripas de animais, croncos de drvores, bambus, pedras, metais etc.) avé a da percepgio ¢ da consciéncia do ser humano no espaco-cempo. Desse ponto de vis- ta, a pesquisa sobre a evolucao dos instrumentos musicais € muito rica ¢ interessante cecnologia, acompanhando a transformat Construindo seus préprios instrumentos E por que construir instrumentos musicais com as criancas? Construir instrumentos musicais e/ou objetos sonoros é ativida- de que desperta a curiosidade ¢ 0 interesse das criancas. Além de contribuir para o entendimento de questes elementares referentes a produgio do som e as suas qualidades, & actistica, a0 mecanismo ¢ a0 funcionamento dos instrumentos musicais, a construgéo de instrumentos estimula a pesquisa, 2 imaginacio, o planejamento, a organizacao, a criatividade, sendo, por isso, 6timo meio para desenvolver a capacidade de elaborar e executar projetos. £ impor- tante sugerir idéias, apresentar modelos j& prontos € também esti- mular a criagio de novos instrumentos musicais. ‘As criangas se relacionam de modo mais intimo e integrado com a misica quando também produzem os objetos sonoros que utilizam para fazer misica, 0 que nfo significa que essas pecas devam substituir © contato com. instrumentos convencionais, industrializados ou confeccionados artesanalmente. Além do~ mais, numa época em que o fazer torna-se atividade distance das criancas, que normalmente encontram prontos 0s produtos que 69 TECAALENCAR DE BRITO O material utilizam em seu dia-a-dia, sejam bringquedos, instrumentos musicais ou aparelhos eletrodomésticos, a possibilidade de confeccionar instrumencos artesanalmente assume especial importancia. E muito titil construir decifrando “mistérios”, dominando técnicas, aprendendo a planejar ¢ executar, desenvolvendo ¢ reconhecendo capacidades de criar, reproduzir, produzir. Para construir instrumencos € preciso, antes de tudo, selecionar © organizar © material que sera utilizado: sucatas ¢ maceriais reci cico, embalagens, cliveis, latas, caixas de papelio, potes de pl tubos de papeldo, de Pvc ¢ de conduite ere. Também é importan- te contar com gros, sementes, cabagas, conchas, pedrinhas, rolhas, eliscicos, fios de ndilon, bexigas, fita crepes, tesoura, cola, alfinetes, pregos, parafusos, serras, martelos, alicates, chaves de fenda... além de cintas, barbantes, durex coloridos ¢ oucros maceriais, destinados a0 acabamento € & decoragio dos objetos criados. © educador ou educadora saberé melhor do que ninguém indi- car os materiais mais adequados a cada faixa evéria. As criangas podem contribuir, levando sucatas ¢ materiais reciclaveis para a escola, que deverio ser classificados ¢ organizados; a oficina de construgao de instrumentos deve ser um espaco liidico, de pesqui- sa € criagio. Conexao coma cultura Dialogo com outros conteudos ‘A atividade de construgio de inscrumentos seré mais rica ¢ signi- ficativa se estabelecer relagdes com a hist6ria dos instrumentos musi- cais ¢ seu papel no decorrer do tempo, nas diferentes culturas. Para canto, é importante mostrar livros sobre o tema, instrumentos étni- cos, regionais, escutar gravacées diversas e, se possivel, entrar em contato com instrumentistas, com artesios ¢ luchiers da comunidade. ‘Ao construir instrumentos musicais, as criangas refazem, & sua mancira, 0 caminho cracado por nds, seres humanos, na busca de meios para 0 exercicio da expressio musical, a0 mesmo tempo que transcendem esse caminho por meio da invengio de novas possibilidades, Além dos contetidos situados no dominio especifico da lingua~ gem musical, a atividade de conscrucdo de instrumeatos dialoga com outros eixos de trabalho: a reciclagem de materiais, por exemplo,’ remete a contetidos ligados & educagéo ambiental, as relagdes entre narureza ¢ sociedade, eixo presente no Referencial Zu infamil. Da mesma forma cvvicular nacional para a educag reflecindo sobre a transformacio de materiais, sobre a evolucao dos inscrumentos musicais no tempo, sobre @ coexisténcia de possibilidades diversas (instrumentos tipicos de cada povo, cada lugar, cada época.) que visam a um mesmo fim, ou seja, fazer musica, refletimos também sobre a pluralidade culcural existence, desenvolvendo nas criangas atitudes de respeito € reconhecimento em relagio & diversidade. 72 Que materiais sonoros podemos construir com as criangas pré-escolares? A excegio dos eletrofones, podemos construir instrumentos de todos 0s grupos. ‘As criangas devem ser estimuladas a pesquisar materiais ¢ obje- tos que produzam sons interessantes, pois, ances de construirem inscramentos musicais, elas os descobrem em macetiais que se transformam a um simples toque: “Sabia que eu descobri um instrumento? Sabe onde? No cesti- nho de Lixo da minha casa. Eu bati nele - tum, tum, tum -, ¢ ele virou um tambor!” Assim Natélia, de quatro anos, descreveu sua descoberta, dias depois de realizarmos um passeio pela escola coletando sons vindos das mais variadas fontes: cadeiras, mesas, paredes, vidros das jane- las, cestos, portas, livros, pedras, brinquedos etc. Jé André tinha quase quatro anos quando exclamou: “Olha s6, Teca, eu descobri um reco-reco!” Seu reco-reco se “escondia” num pedaco de papeléo ondulado que ele havia encontrado em nossa oficina de construcio de instru- mentos. Como André jé conhecia o reco-reco de bambu, transferiu a experiéncia para 0 papelo e percebeu que o gesto de raspar era 0 mesmo ¢ que 0 feito sonoro produzido era, 20 menos, parecido. Materiais bem simples podem ser transformados em instrumen= tos musicais por criangas de trés e quatro anos. No caso do reco- reco de André, decidimos colar 0 pedaco do papelio ondulado sobre um recalho de madeira, utilizando, para raspé-lo, um palito de sorvere. André pintou seu reco-reco € com ele sonorizou o movimento de um trem Outros reco-recos podem ser “achados prontos” nas garrafi- nhas de 4gua de PVC, em algumas latas e em muitos outros obje- tos encontrados no dia-a-dia. Basta adicionar a baqueta, decorar aixas de papelio firmes ou de Tambores simples, feitos de lacas, também so instrumencos que jé vém prontos. Podemos montar uma batcria de latas, por exemplo, se pesquisarmos e juncarmos latas de tamanhos diferentes, que poderao ser presas umas as outras (com fita crepe ou barbante), ou afixadas a uma base (que pode ser uma bandeja de ovo ou de frios, um revalho de madeira, uma caixa de papelio etc.) com fita crepe, cola quente, 04, ainda — no caso das caixas ~, encaixadas num corte de diametro correspondente a cada lata, A mesma idéia pode ser aplicada para montar um conjunto de tampas de plastico de diferences tamanhos. Como baquetas, podemos usar pelitos de churrasco, de sorvete, palicos chineses ou similares, com um pedaco de rolha preso na ponca, ou com uma semente de mucuna, uma bolinha de madeira, que pode ou nao ser revestida de fios de li, borracha (de pneu), além de muitos outros materiais. E preciso experimentar — tocar, ouvir — e decidir que material se ajusta melhor para funcionar como baqueta de cada instrumento especifico. FAZENDO MUSICA Reco-recos 73 74 No caso das baverias de latas, as criangas devem ser orientadas para interessante de sons, exploran- do contrasces, tais como: uma ‘aca com som mais grave, oucra com som escolher aquelas que formem uma sér agudo, uma que vibre mais, produzindo um timbre mais metélico, oucra com timbre mais abafado etc. Essa etapa de pesquisa ¢ selecio dos materiais € 6tima oportunidade para o exercicio auditivo das dife- rentes qualidades dos sons ¢ também para inserir a necesséria refles sobre essas questes. Construir inserumentos, dessa forma, torna-se mais do qu Gionados am do s rela uma atividade de confeccéo, pois abrange aspe “sia em suas dimensdes de pritica, apreciagio v reflexdo. Pincar ow decorar os inscrumentos cambém é uma parte impor- tance da atividade. Personalizando os maceriais criados, as criangas sentem-se ainda mais motivadas para fazer indsica com cles auroras de todo 0 processo de construgao so de Muitos oucros instrumentos poderao ser descobertos se as criangas com a oriencacio ¢ 0 escimulo do educador ou da educadora. Podemos, por exemplo, dar dois copinhos de iogurte para cada crianga e, depois de sugerir um modo de tocar (batendo um no outro, por exemplo), soli- citar que elas proponham outros modos de agio, exercicio que incor- orard as experiéncias ja adquiridas a descoberta de novas possibili- dades para a producao de sons, A mesma proposta pode ser aplicada tiverem’a chance de concar com materiais variados ¢ tamb Baterias de latas para a pesquisa de gestos sonoros em materiais diversos, incluindo a exploragdo do ambiente sonoro da sala em que trabalham, do patio, de outros ambientes da escola etc. As criancas poderdo também cer como tarefa levar algum “instrumento musical” encontrado em sua casa, atividade que poder ‘As diividas, comentirios € descobertas que as diferentes viven- cias provocam permitem que as criangas criem hipéteses, discu tam, tiem conelusées ete., como ilustram os exemplos a seguir contar com a colaboracao dos pais. Sempre tem que cer um cavalete?”, perguntou Pedro © som do meu chocalho ficou mais agudo que o dele. Acho que € porque cem menos arroz, nio €?", questionou Mariana. Nao adianta fazer um instrumenco de cordas sem a caixa de ressoniincia”, disse Joio Vicor. Num ambience de permanente inceragio, de troca de informa- oes, as. criangas nljo s6 conscroem instrumentos como também imentos que transcendem a linguagem musical, a importancia desse ampliatn conhe integrando diversas dreas. Tudo isso justifica trabalho, que nao deve, de maneira alguma, ser encarado apenas como alternativa 4 caréncia de instramentos musicais na escola. Mesmo naqueles concextos em que € possivel contar com materiais prontos, de-boa qualidade, que obviamente no devem ser descar- tados, convém incluir a atividade de construgio de instrumentos, por todos 0s motivos ja apresentados neste contexto. Violées FAZENDO MUSICA 76 Para construir O. exemplos descritos a seguir sio apenas algumas sugestOes entre as muicas possibilidades de realizacao. f importante ‘no se limicar a elas, mas abrir espaco para a pesquisa ¢ a cri foi indicado. conforme j CHOCALHOS (OU GANZAS) © grupo dos idiofones apresenta grande variedade de instramen- s, alguns dos quais esto entre os mais simples de cos. musicai construir ¢ de tocar. Os chocalhos sio, praticamente, os primeiros instrumentos con- feccionados pelas criangas, pois nao apresencam dificuldades em sua claboracdo. Sua confecgdo pode promover um trabalho de Percepgao € consciéncia com relago ao parimetro timbre: por que um chocalho que tem grios de arroz soa de modo diverso daqutele que tem feijfo em seu interior? E 0 que muda se colocamos muito arroz ou pouco arroz? Que outros materiais podem ser usados? Podemos conscruir chocalhos usando potes de plastico, latas (de refrigerance, de leite condensado, de achocolatado, de Sleo...), caixas de papeldo ou de madeira, garrafas de plistico, frascos varie. dos; enfim, qualquer objeto em que se possam colocar materiais ¢ que nao represente perigo para as criangas. Artoz, feijo, milho, pedrinhas, areia, moedas, conchinhas, sementinhas, botdes ec. podem servic para produzir diferentes timbres de chocalhos. As criangas de trés e quatro anos precisam de ajuda para fechar © chocalho, Para fazer um ganz4 com duas latas de leite condensa- do, € preciso usar fita crepe, bem fixada, na unio das duas latas, 0 que as criangas de cinco e seis anos jé podem fazer com maior independéncia, mas com uma boa supervisio. Se 0 grupo todo construiu chocalhos, é interessante ouvir o timbre de cada um deles para fazer comparacées (conforme as cas Ganzés (ou chocalhos) oriencacdes acima). Com os instrumentos ctia- dos, pode-se acompanhar uma cangio, criar um jogo de improvisagio ou uma composicéo. MARACAS, ‘As maracas, instrumentos bastante presentes na América Latina, sio tocadas geralmence aos pares. Diferem do chocalho simples porque cm um cabo. As maracas mais simple: racas, podem ser feitas de embalagens de filmes 10s as minima- focogsificos, em cujo interior colocamos g quaisquer. Para fazer o cabo, fura-se a campinha com uma resoura ou estilere (carefa que fica a cargo de adultos), ond, como sugestGo, pode-se es incroduzig um palico ch Maracas maiores podem ser confeccionadas com pores diversos, seguindo sempre 0 mesmo Maracas principio, com a necessaria adequacio dos materiais, PAUS-DE-CHUVA Os paus-de-chuva sio idiofones presences na miisica indigena do Brasil e de muitos povos da América. Os indios brasileiros confec- cionam paus-de-chuva com um tubo de madeira (imbatiba), mas as criancas podem fazé-los usando tubos de papelio. Escolha um tubo de papelao de comprimenco variado (a partir de 50 cm). Pregue alfinetes de cabeca (n® 32) ou preguinhos finos em lugares aleernados a0 longo do tubo. Feche um lado do tubo com um pedago de papelZo, um pote de pléstico, uma tampa ou qualquer outro material, prendendo-o firmemente com fica crepe. Ponha dentro do tubo artoz, milho, lentilha, conchinhas pica das, pedrinhas etc. Cada material produz um timbre diferente. Pau-de-chuva FAZENDO MUSICA 7 Pau-de-chuva Os paus-de-chuva feitos com arroz, por exemplo, produzem um S pre- som mais suave do que aqueles confeccionados com feijio. ciso experimentar ¢ escolher. A quantidade do material colocado no interior do tubo também define a qualidade sonora O pau-de-chuva pode ser decorado com lis ou barbantes, tinta, durex, colorido ere. O pau-de-chuva pode ser feiro por criangas de cinco e seis anos desde que acompanhadas de adultos, ja que a confecgao desse ins- trumento exige 0 uso de martelo (na falta de cubos de papelio, junce varios cubinhos de papel-toalha com fita crepe ¢, nesse caso, pode-se furar o tubo com o préprio alfinere ou preguinho, pois esse material € mais mole). Alias, 0 uso de prego € martelo é muito estimulante para as criangas, que, se forem bem orientadas, pode- rio crabalhar sem problemas! E numa oucra alternativa podem-se substituir os alfinetes ou Pregos por acame, que deve ser introduzido no tubo de papelzo, ou de Pvc, de forma que fique emaranhado, para que os grios se cho- quem com ele de modo irregular, produzindo efeito semelhante a0 que ocorre no modelo descrito anteriormente. MOBILES SONOROS Podem ser construfdos com muitos materiais: chaves, argo- las, copos e tampas de plastico, conchas, embalagens de filmes etc, Pendure os materiais, amar- rando-os com barbante ou fio de néilon, num cabide, chapéu de palha ou peneira. Quando agitado, cada mébile produz um timbre especial. Mébiles sonoros TAMBOR DE BEXIGA (OU BALAO) © tambor de bexiga € um membranofone que produz timbres inceressantes ¢ pode ser feito com uma lata de Leite condensado ¢ uma bexiga de boa qualidade, que nio se rasga facilmence. para facilicar sua Corte a bexiga cerca de 5 cm abaixo da boc colocagia na lata. A bexiga deve ficar bem esticada; para isso, prenda-a bem nas bordas com eldstico, barbante ou fita crepe Antes de prendé-la, experimente tocar para ouvir como esté 0 som, Vocé pode moncar uma série de tambores de be com uma aleura diferente do oucro, do mais grave a0 n Para cocé-los podem ser usadas baquetas com bolinhas de », pode-se belisear « bexiga, ras ga. cada um s agudo. sementes ou madeira; além diss par os dedos sobre ela, enfim, recomenda-se explorar 0 maior aiimero possivel de timbres variando os gestos e o modo de pro dugio do som. Também € possivel fazer cambores de bexiga com latas maio- res (que devem ser firmes) e bexigas grandes. Nesse caso, con- vém cortar a bexiga ao meio para prendé-la na lata. Tubos de papelao, de diametros diversos, assim como de PVC, pedacos de bambu ecc., rambém podem ser empregados na confeccéo de cambores. Tambores de bexiga e tecido (ou baléo) FAZENDO MUSICA 79 | | 1 80 TAMBORES DE PAPEIS OU TECIDOS Um pedaco de papel krafe pode fazer as vezes de pele de um tam- bor. Corte um pedago de papel com um diémetro 5 cm maior do que o necessério para cobrit a lata ou o pote escolhido. Coloque 0 papel de modo que fique bem esticado ¢ prenda-o com eléstico, barbance ou cola, Passe cola branca sobre o papel que vai ser coca do, tendo o cuidado de espalhar bem. Depois de seco, 0 papel fun- ciona como a pele do tambor, O mesmo procedimento pode bores com reralhos de tecidos A decoragio dos tambores fica a critério de cada um er usado para confeccionar tam- CORDOFONES Construir instrumencos de corda coscuma ser mais trabalhoso, mas hJ algumas opgdes adequadas ao trabalho com as criangas pré-esco- lates. O mais simples a fazer esticar alguns elésticos (do tipo que € usado para prender dinheiro) 20 redor de uma caixa de madeira ou de papeldo firme. Uma caixa de sapatos sem a tampa, por exem- plo, pode servir muito bem para a criaggo de uma espécie de harpa, conforme as indicagées que sero dadas mais adiance O importante no caso é perceber a funcao da caixa, que ampli- fica 0 som, € que a tensio do eléstico (mais ou menos esticado), determina a altura do som produzido (mais agudo ou mais grave) Cordofones Usando uma caixa com tampa sera possivel incluir outro aspec- co importante: 0 cavalete. Sua funcio, nos inscrumentos de sorda, 6 afasctar as cordas do contaro direto com a caixa de ressonancia, deixando que vibrem prodazindo um rom (som que tem uma afi- nagio). Experimente, entao, colocar as cordas (no caso, os elascicos) em volta da caixa sem um cavalete ¢ coque. Ouviu? O inserumen- ro produzitt rufdos (sons que nao cém uma altura definida). Use agora algo que vocé possa colocar sobre a caixa para que os elsti- ficie quando vocé tocar neles. O cavalece cos nfo batam na supe pode ser uma rolha, um kipis, um carrecel de linha vazio, um peda- cinho de madeira ¢ muira aque novamente € noce a diferenga. outras coisas que voce poder pesquisar junco com as criangas. GUITARRAS Para congtruir guicarras com as criangas, providencie um retalho de madeira de aproximadamente 60 cm de comprimento por 10 cm de largura, que ser 0 brago do instrumenco. O corpo da guitarra poderd ser feito de papelao, recortado no formato desejado € preso no braco de madeira com tachinhas ou cola branca, Uma guirarra tem seis cordas, mas podemos adapté-la ¢ fazer com o ntimero de cordas que for possivel ou, ainda, de acordo com a deciséo das ctiangas. Para pregar as cordas, que deveriio set de fio de ndilon, use pregos pequenos na parce inferior do brago e “pitons” (parafu- s0s) na parte superior. Amarre as cordas nos pregos e prenda-as nos parafusos superiores. Enroscando 0 piton, vocé afina as corda quanto mais apertadas e, conseqiientemente, mais tensas as cordas estiverem, mais agudo ficaré 0 som, e vice-versa Guitarras FAZENDO MUSICA 81 82 Harpa de ouvido HARPA DE OUVIDO Oucro: instrumento de cordas interessante € a harpa de ouvido: providencie um retalho de madeira (vocé pode definir a medida, mas dé para construir uma com pedacos de 15 ou 20 cm de com- primento, quadradas ou retangulares, 3 vontade). Crave pregos dos dois lados e prenda elasticos, que devem ficar bem esticados. Voce perceber que o instrumento soa pouco, pois ele nao tem caixa de ressondncia, mas, se voc o colocar junto ao ouvido, vai ouvir os sons amplificados. E uma experiéncia interessante, que mostra a importancia da caixa de ressonancia (Fungo que, neste caso, cabe 20 nosso ouvido € ao rosto) KAZOO £ um instrumento musical muito diverti- do que funciona como uma espécie de méscara para a voz. E um misto de mem- branofone € aerofone, que pode ser cons- tzuido com um tubinho de papelao (rolo vario de papel-toalha ou de papel higiéni- co) € um pedago de papel celofane. Cubra uma das extremidades do tubo com o celofane, colando ou prendendo com fita crepe. Agora cante com “tu” alguma cangao conhecida ou improvisada. Percebeu? O ar faz vibrar 0 papel celofa- ne, alterando o timbre € divertindo as criangas (¢ os adultos também!). Kazoo TROMPA DE CONDUITE nduite € aquele tubo usado em construgdes que serve para pro- teger € conduzir fios de eletricidade. Se dispusermos de um peda- 0 de tubo de mais ou menos um metro podemos experimentar giré-lo no ar ¢ ouvir o que acontece: 0 tubo “canta” € modifica os sons, dependendo da velocidade com que 0 giramos, produzindo sans harménicos. Podemos usar o mesmo tubo para fazer uma trompa: enrole um pedago do tubo em forma de trompa, prendendo com fita crepe Voce pode colocar um cone de linhe numa das pontas para fazer papel de campana. Sopre € ouga os sons produzidos, experimentan- do inspirar expirar no cubo. Trompas de conduite FAZENDO MOSICA 83 og 84 CEP * E claro que existem muitas outras alternativas e idéias para construir instrumentos. Decidimes, porém, priorizar, nesse contexto, a apresen- taco de exemplos que consideramos basicos e adequados ao traba Tho com criangas em idade pré-escolar, * A observacao dos instrumentos existentes, de um lado, e dos materiais © sucatas acessiveis, de outro, pode sem duvida estimular a produgso © até a invengao de muitos outros materiais sonoros. Judith Akoschky, educadora musical argentina, chama de “cotidiéfonos” os muitos ins. trumentos musicais e objetos sonores construidos com materiais do cotidiano, que ndo cessam de serem descobertos, dos quais ela reuniu varios num livro muito interessante (ver indicacao bibliogrética} * As criangas devern ser estimuladas a batizar os instrumentos que acaso inventem. © trabalho de construcdo de instrumentos deve incluir a reproducdo de modelos ja existentes, mas, também, a criagdo de Novas possibilidades: instrumentos inusitados, esculturas @ objetos sonores n&o convencionais. * Ao final de um processo de confecgio, é interessante reunir todos os instrumentos pare ouvir cada um, pesquisar os gestos e modos de ago para produzir sons diversos e analisar as caracteristicas de cada material: quais os que podem produzir sons curtos ou longos (quando © grupo construiu diferentes materiais), se podem variar a intensidede (a forga do som}, se so graves, agudos, se podem ser afinados, se produzem apenas ruidos etc. * Téo importante quanto construir instrumentos é poder fazer musica com eles. Com os instrumentos construidos, é possivel realizar jogos de improvisacéo, arranjos para cangdes conhecidas, sonorizac3o de histé- rias etc. Assim como Gepeto, fazendo misica, damos “vida” aos instru- mentos criados, conferindo sentido e significado a todo esse processo que transforma materiais variados em meios para a expresso musical.

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