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-——FUNCAO SOCIAL DOS BANCOS 2 FUNGAO SOCIAL DOS BANCOS ARRECADAGAO DE TRIBUTOS E ] eS T ACO De See) | PAGAMENTO DE BENEFICIOS Mercado Financelro Dificilmente se poderé identificar uma data a partir da qual os bancos comega- ram a exercer as fungées de grandes prestadores de servigos. Procurando atrair sempre um maior némero de clientes, os bancos passaram a oferecer servigos mais rpidos ¢ sofisticados, que, com o tempo, acabaram se tornan- do rotina. Essa agilizagao beneficiou sobremancira os correntistas, principalmente os institucionais. Os primeiros carnés de pagamento levaram muito tempo para serem aceitos pe- los bancos. Hoje, existem milhares de convénios assinados com empresas. © banco atual instala caixas avangados em grandes client paga scus empregados e fornecedores, credita a cobranga no mesmo dia de pagamen- to, oferece caixas automaticos (ATM), cartes de crédito, cheques especiais, cheque de viagem, custédia e ordens de pagamento; oferece ainda outros produtos como depésitos a prazo fixo, fundos, seguros e poupanca. s, retira numerario, Ha bancos mais ativos que, como reciprocidade, oferecem servigos de controle de faturamento, contabilidade, fluxo de caixa, mereados externos ¢ acesso on-line em tempo real, com uma série de informagées. Desnecessario mencionar, é claro, todas as operagoes ativas tradicionalmente postas & disposigao dos clientes. A facilidade de atendimento ao grande ptiblico levou os érgios da administragao ptblica a utilizar intensamente a rede bancdria nacional na arrecadagao de sua receita. Junto com esses recebimentos, surgiram outras atribuigées, tais como 0 pagamen- to a funcionérios péblicos ¢ beneficiérios da Previdéncia, assim como a prestagao de servigos burocratico-administrativos, que obrigaram os estabelecimentos bancdrios a criar controles para posterior informagio ao Governo e aos clientes. Na realidade, no momento em que os bancos instalarem na casa ¢/ou escrit6rio de seus clientes uma leitora de cédigos de barras, estard lhes transferindo grande "parte das atividades atuais de seus caixas, reduzindo seus custos ¢ facilitando sobre- _maneira a vida de todos nés. No mundo todo, cada vez mais as fontes de receitas dos bancos vém da presta- giao de servigos ¢ venda de produtos. No Brasil, ao final de 2002, a receita com em- préstimos ainda respondia por 40% do total, e os negécios de tesouraria — operagdes com papéis publicos — representavam 32% do faturamento. As receitas com produtos e servigos, comissGes pela venda de seguros, taxas de administragéio de fundos, anuidades de cartdes de crédito, fornecimento de taldes de cheques etc. representavam, ao final de 2002, cerca de 20% do total. Em 1994, a fatia era bem menor, apenas 4%. 2. Funcao Social dos Bancos 10 Eduardo Fortuna Um indicador da crescente importincia das receitas com servigos ¢ a rela entre elas c as despesas com pessoal — era de 40% em 1994 e, ao final de 2002, em alguns casos, jf era de 100%, Ou seja, alguns bancos jé cobriam todo 0 custo de pessoal com os ganhos dos servigos prestados. Apés 2009 as tarifas dos servigos bancdrios passaram a cobrir nao s6 as despesas de pessoal como, também, parte de suas demais despesas administrativas. ARRECADAGAO DE TRIBUTOS E PAGAMENTO DE BENEFICIOS Até a década de 60, quase todo o relacionamento entre povo e érgéo publico era feito dirctamente entre as partes. Cada entidade mantinha a sua propria estrutura para a arrecadag’o de impostos e taxas de servigos, ou para pagamento de beneficios, Assim, na maioria dos municipios, eram mantidas as Coletorias Federais ¢ Esta. duais. As empresas de servicos péblicos (luz, Agua, gs ¢ telefone), por sua vez, Man- inham Srgdos especificos para arrecadagao das taxas que Ihes eram devidas. E f&cil perceber, portanto, o custo do recebimento dos tributos e das taxas de servigos, Pois cada uma dessas atividades arcava com o énus de todo um aparato arrecadador. Por outro lado, os bancos constitufam-se em pequenas redes de agéncias, volta- das basicamente para os servigos de depésitos ¢ descontos. As fungdes de caixa ¢ empréstimo a clientes eram os objetivos tinicos da empresa bancéria. Com o desenvolvimento econdmico da sociedade brasileira e, consequentemente, a crescente complexidade das rel 0 aumento na execugao de servi- 0s ptiblicos e a concessio de beneficios, o sistema de arrecadagao passou a consumir recursos crescentes, j4 que obrigava os érgdos ptblicos a manter sistemas e estruturas que, em alguns casos, nao cobriam os custos da arrecadagao. Para o contribuinte, isso passou a significar uma crescente perda de tempo na execugao de pagamentos ¢ no recebimento de beneficios. Extensas filas, em diversos locais, obrigavam-no a uma maratona impiedosa e desgastante. Para os bancos, o desenvolvimento econémico possibilitou a dis sua rede de agéncias por todo o territério nacional, para atender & cres: dade de transferénci minagaio de nte necessi- de ativos financeiros entre as entidades econdmicas. Estruturados para processar com rapidez as transferéncias de numerdrrio, os ban- cos passaram a substituir as coletorias ¢ postos de recebimento de taxas de servic piblico e pagamento de beneficios, servindo de intermedidrios entre o 6rgdo puiblico € 0 contribuinte. Com isso, 0 custo social do sistema foi tremendamente reduzido, j4 que o contri- buinte passou a fazer os pagamentos ¢ recebimentos num sé local, e os Srgdios ptibli- cos puderam desativar ou reduzir de forma drdstica suas estruturas de atendimento. 2. Funcao Social dos Bancos | idan iia ow to Mercado Financeiro 44 O custo de processamento de arrecadagio foi transferido para os bancos ¢, em geral, ressarcido pela aplicagao do dinheiro arrecadado, durante o prazo de perma- néncia no banco — 0 floating banc&rio. E notério o ganho de escala propiciado A sociedade pelos bancos, através da absorciio do processamento da arrecadagao. A atividade bancéria brasileira possui caracteristicas propria: O nosso banco tem miiltiplas fungdes. Muitas tarefas, as vezes consideradas até como estranhas a drea financeira, acabam sendo transferidas aos bancos, que soube- ram, de alguma forma, assimilar essas peculiaridades. Como prestadores de servigos, tanto a clientes oficiais quanto a particulares, como agentes reguladores do mercado financeiro, como intermediadores na movi- mentago dos valores ou mesmo como absorvedores de mao de obra, com centenas de milhares de funcionérios, os bancos estio engajados ¢ firmemente arraigados no cendrio econdmico-financeiro-social do Pafs. Com 0 advento do Plano Real ¢ a consequente queda das receitas geradas pela inflagao, as atividades da prestagao de servigos comegaram a ser fortemente tarifadas, ao mesmo tempo em que se iniciou um processo de descentralizagéo dessas ativida- des para outros agentes econémicos com rede de distribuicio ampla. A ditima alter- nativa é viabilizada pelo desenvolvimento da tecnologia teleinformatica e pela maior credibilidade da populagao nos instrumentos tecnolégicos a disposi O estadgio atual, com a autorizagao pelo BC, da figura do correspondente banca- rio viabilizou a disseminag&o de pontos de atividade bancdria nos mais de 5.560 mu- nicfpios brasilciros ¢ sua diversificagio nos grandes centros, com a criagao de pontos de atendimento em lojas comerciais ¢ de servigos, tais como supermercados, farmcias, | agéncias lotéricas ¢ de correios. Ao final de 2010, j4 existiam cerca de 160 mil pontos de correspondentes insta- | lados, com um custo minimo para os bancos em relagao a uma agéncia bancaria | tradicional — que somam pouco mais de 20 mil. Os correspondentes bancérios j4 | cram largamente aceitos e utilizados em diversos paises. Para efeito de comparagao, ao final de 2002, 0 Japo tinha 28 mil pontos instalados, a Franga 17 mil, a Alemanha 14 mil, e a Holanda 4 mil. A Resolugao 3.954 do Conselho Monetério Nacional — CMN —, de 24/02/11, e | suas alteragées posteriores consolidam as normas que dispdem sobre a contratagao _ de correspondentes no Pafs, prevendo que as empresas contratadas pelos bancos como correspondentes recepcionem € encaminhem propostas de empréstimos e financia- mentos e até fagam a anilise do cadastro, mas 0 processo nio se encerra ali, pois € 0 | banco que a subordina é que vai efetivamente aprovar a operagio. Entretanto, o rece- bimento de contas e o pagamento de beneficios ainda representam a maior parte das transagdes que passam pelos correspondentes bancarios. Portanto, se faz ne: ordenar e melhorar 0 arcabougo legal desses correspondentes — cujos riscos sao dife- 2. Fungao Social dos Bancos v Edu: SSS ee Hung bancéirias tradicionais ~, ¢ sua educacio financcira ©, a0 meg, esponsabilidades e os direitos de delesa do cliente-consumige® ssfio de crédito, no segmento de baixa ren ci 4, rentes das agéncias tempo, estabelecer a para que aumente a facilidade da once: com seguranga. A padrio de bem-estar So joccondmico. As dificuldades de ace: -los por qualquer ¢, a im, em qualquer sociedade moderna, os servigos financeiros fazem parte ¢, lo pao de Pe oie ou juridica, representam restrigoes nfo 86 3 forgas de mereag, macs sofyn, umm simbolo de diseriminagio, Por conta disso, © Titeratura internacie pal especializada considera a dimensio ¢ a aluagi® dos servicgos financciros como, ° dos componentes do processo de ‘incluso social. De maneira geral, identificam. inais de exelusio finanesia, entre outros. quando 0 acesso aos servigos bancarie! nfo se enconea lenamente universalizado, sem a presenga de agéncias proximas ac cidadaos, com assimetrias i es nas il acdes para . ners cid o8 on as importantes nas informagGes para todos ¢ custos expressj. 2. Fungao Social dos Bancos

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