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_ ERRERTEOEY CHOU Deep AYARCOMm OKO FUSCA EM FASCICULOS aeelht ) BRASILEIRO Os primeiros modelos e toda a evolugdo que consolidou 0. WOTOVET eye Crm me RU EMM Clee le (emit (elil-15 SUMARIO 2 cargo vaso Consollgando a marcasg Fusca ets Merete irr ee Sedan 1963-68: aprimoramenios ‘nese estteas mudam o Fusea é de Bol 2 mats popular facota o popular Volkswagen Sedan 1965: genal detze0 ‘rtf do “cornowagen?™ Evolugae da espécie: os modelos a fama Tipo 3 alma AndliseTéenica: 3 eolugao do besouro "Maden Braz” rin soa: T 1 SST cAT cu Cane Post S035 Agredecinento: Fuca Chub oo ral (pene Nett) ‘Banas trea bo rueca Ew Asciouce, 2 Besouro anasto gehen SSE SA MARR RS SAO OC SRSRR. gt TANTS RGSRENEEARSUESPEY SOLE spare ‘-ruscaaurowovey-HeTonA. LTA AMPLIANDO MERCADOS astaram apenas dez anos desde o inicio da produgio seriada do Fusca, em 1946, para o modelo se trans- formar mum grande sucesso comercial eo principal cemplo da fintistica recuperagao ecandmica da ‘Alemanha apse a fragorosa derrota na 2* Guerra. Em meados de 1955, a fibrica de Wolfsburg comemorou a produyao do mi- lionésimo besouro em clima bastante festivo, bem diferente dos dificeisprimeiros anos, quando a produgio era precira e pou- cos acreditavam no futuro daquele curioso carro. Porém, para o pragmitico Henrich Nordhoff — 0 executivo- chefe nomeado pelo comando militar inglés, em 1948, para o- ganizar aquele amontoado de ruinas de guerra numa verdadeira fibrica de automéveis — a trajetéria de sucesso do Fusca estava apenas comesando. Com uma convicsao inabalivel, Nordhoff acreditava que o Fusca poderia superar ainda muitas vezes aquele primeiro milhit. Certeza esta que, entretanto, nio era compartilhada por muitos de seus subordinadlos. Preoaupados com o avango da concoméncia, que havia desen- volvido modelos mais moderns e com estilo contemparaneo, ‘muitos executivos da VW acreditavam que era necesitio pre- ppararum sucessorparao Fusca. Mas nao conseguiram demover [Nondhoff de suas conviges em relagao ao simpitico besoto. EE, apés consolidara empresa no mercado europeu, ele passou a investirna ampliagto das vendas em novos mercados, em espe- cial o dos Estados Unidos. Esta aposta mpidamente rendeu resultados e dois anos e meio depois o Fusca alcangava a marca de 3 millhdes de unidades prochzidas, que transformaram a empresa no maior fabricante ceuropeu de automéveis. Este sucesso também estimulou acons- ‘trugio de uma nova fébrica,em Hannover, excusiva para a ex- portagao. E, na mesma ocasido, a VW ji estava construindo no ‘Brasil sua primeira fibrica fora da Alemanha, ao mesmo tempo em que procurava consolidar sua presenga mundo afora ‘Mas se esta expansio corria de vento em popa, ela também re- sultava em cobigne disputas provocadas por interesss diversos. ‘Um deles foi o longo e polémico procesto aberto por uma as- sociagao de poupadores do KdF Wagen, que se sentiam lesa- dos pela VW e que se arrastow até o comego dos anos sessenta ‘Outro fi a disputa com o IG Metal, o poderososindicato dos ‘metakingicos alemaes, que pretendia aumentar sua influéncia ‘np comando da empresa, a mesmo tempo em que se manifes- tava contrétio 4 abertura do capital acionério. Foram disputas que Nordhoffenfrentou com muita firmezae diplomacia, SSL ye ‘Apts fralmente UMA FORMULA DE SUCESSO CHAMADA FUSCA O sucEsso Do PopuLaR Besouro FEZ A VOLKSWAGEN INICIAR O PROCESSO DE CRESCIMENTO CONTINUO, QUE HOJE POSSIBILITA A EMPRESA DISPUTAR A LIDERANCA MUNDIAL m outubro de 1955, por ocasido da comemoragio do milionésimo Fusca pro- duzido, Heinrich Nordhoff proclamava profeticamente, em alto e bom tom, num discurso tos trabalhadores da fibrica de ‘Wolfsburg: “Estamos apenas no inicio de um desenvolvimento sem igual”. Estas palavras, que muito bem poderiam parecer apenas uma maneira de estimu- lar seus comandados, uma forma de Ihes garantir os empregos que o futuro seria melhor € mais seguro, eram na verdade uma fir- ‘me conviesao de Nordhoff que, entretanto, nao era compartilha- da por muitos de seus contempo- raneos e, inclusive, por boa parte de seus subordinados. [Na época, apesar do jé enor ‘me sucesso comercial no mercado europeu, o Fusca ainda nto tinha “emplacado” no mercado america- no, a ‘grande aposta’ de Nordhoff. Os resultados do outro lado do Atlantico eram apenas animado- zes, mas ainda no davam nenhum sinal do enorme sucesso que omo- delo acabaria fazendo no maior mercado automobilistico_mun- dial na ocasito. Por outro lado, a concorréncia nos paises vizinhos comegava a se mexer. Na Italia, a Fiat seguia receita semelhante a do Fusca, langando os modelos 500 {600; 0 primeiro com motor trasei- ro refrigerado a ar; e 0 segundo, gua. Na Franga, a Renault pre- arava o Dauphine para suceder © ACY, o popular ‘rabo quente”. ‘© novo Renault se destacava pelo design moderno e atraente. ‘Além disso, havia 2 entto forte indiistria automobilistica inglesa, que ainda dominava as exportagdes mundo afora, apesar de o Fusca, especificamente, jé ser entio o modelo popular mais yendido no Velho Continente. De otho nesse mercado, novos fe modernos projetos estavam sendo preparados para dividir 0 bolo. Isso tudo deixava temero- s08 08 auxiliares de Nordhoff em relagio ao real tempo de vida itil do Fusca no mercado, Nas reuni- des da diretoria, este medo sem- pre era trazido a tona. O tinico que nto dava atengio a esses te- ‘mores era o proprio comandante da empresa. E os resultados dos balangos Ihe davam razao. PROPOSTAS DE MODERNIZAGAO ‘A principal preocupagto. dos executivos de Nordhoff era com relagto ao design do carro, que remetia ao comego da década de 1930. E eles acreditavam que 0 estilo poderia ser o “calcanhar de Aquiles” do modelo em relagio 0s novos concorrentes, que fi- Fusca | 5 NSO Apenas dos anos ‘posapreaes nines anor amare de tresmtoes seamases farracse Easeaprcaes teoparacan tecrsar Ea Nery talmente surgiriam nos anos se- guintes. Por isso, ainda nos anos cinquenta, algumas propostas de “modernizagio” nas linhas do be- souro foram sugeridas dentro da ‘VW ee até protétipos foram fei- tos com autorizagao do comando da empresa. Mas cada vez que um deles ficava pronto, 0 proprio ‘Nordhoff acabava sendo o maior critico, sendo o projeto imediata- ‘mente arquivado. Vale lembrar também que, em meados da década de 1950, Nordhoff recebeu em Wolfsburg a visitadoj enttorenomadoestilista italiano GianBattista Pininfaria, ‘um dos mais importantes desig- ners da histéria do automével e que contribuiu diretamente no estilo automobilistico do pés- guerra, tendo também desenhado muitos dos mais cobigados mo- delos da Ferrari. Aproveitando a oportunidade, Nordhoff pergun- tou a Pininfarina o que poderia ser feito para atualizar as linhas do Fusca. ‘mago” italiano foi rapido e objetivo: “Aumentar ape- nas 0 tamanho da rea envidra- ada, em especial do vigia ~ que ainda era oval -, e mudar alguns detalhes no acabamento”. A fabrica de Wolfsburg era considerada 0 principal exemplo da surpreendente recuperagao do pais que havia sido arrasado pela guerra e o Fusca um sindnimo do “Milagre Econémico Alemao” Satisfeito, Nordhoff seguiu a receita e, em 1958, 0 Fusea ga- rnhava uma “cara nova’ com base nos ‘conselhos” de Pininfarina. ‘Mesmo assim, foi encomendado ao especialista italiano um estudo do que poderia ser feito, caso 0 de- senho do Fusca pudesse compro- ‘meter suas vendas com relacio a0s coneorrentes no futuro. Segundo consta, esse estudo acabou contri- bbuindo indiretamente no desen- volvimento da familia Tipo 3, que fi langada no Salao de Frankfurt de 1961. Dizem que Nordhoff s6 autorizoua proposta desta familia de modelos se fossem mantidas as caracteristicas mecanicas basicas do Fusca. Para a fibrica, a nova familia foi definida como um *up- grade” na linha VW baseada no estilo contemporineo, acabamen- to Iuxuoso e, por isso, também era bem mais cara e destinada a uum consumidor que gostava do Fusea, mas queria algo “diferen- te”, Por isso mesmo, nos primei- ros anos de producto a linha Tipo 3 foi comercializada apenas no ‘mercado europeu. BRIGAS POLITICAS Apesar das preocupagdes de seus subordinados, Nordhoff con- firmava suas convicgdes no “futu- 0” do Fusca. Apenas dois anos apés a produgao do milionésimo Fasea, 0 modelo aleangava'a mar- cade 3 milhoes de unidades fabri- cadas, na mesma ocasio em que, finalmente, 0 mercado americano comegava a se render ao caris- ma do popular besouro. Naquela época, a fibrica de Wolfsburg era considerada o principal exemplo da surpreendente recuperagao do ppais que havia sido arrasado pela guerra e 0 Fusca o mais comum sinénimo do “Milagre Econdmico Alemio”. Mesmo assim, Nordhoff sabia que nto podia descansar. ‘Mais do que ninguém, ele tinha a certeza de que, qualquer passo mal dado, sua cabesa estatia a prémio. final, mesmo comandan- do com plenos poderes e pulso de ferro, ele sabia que aquela fibrica ainda continuava a nao ser de nin- guém, jé que, apés a retirada dos ingleses,foidividida pelos governos Federal da Alemanha e do estado da Baixa-Saxénia. Isso gerava mui- ta controvérsiae disputas politicas. De um lado, havia um grupo que defendia sua total e imediata priva- tizagio, por outro o IG Metall, jé entio poderoso sindicato dos me- talirgicos alemaes, afirmava que ‘mais do que qualquer outra empre- sa do pais, a fibrica de Wolfsburg pertencia verdadeiramente a0 povo alemo e que por isso nto devia ser “leiloads” para deleite dos capita- listas. Esta proposta do sindicato tinha viés socialist, no qual os lu- cros da empresa deveriam ir para uum fundo piblico, que financiaria investigacao cientifca e bolsas uni- versitirias para estudantes pobres. No meio deste tiroteio, Nordhotf pprecisava manter o “pé no fando’, acelerando a globalizasao comer cial do besouro. Politicamente, ele procurava ficar “em cima do muro’, ja que, ‘40 mesmo tempo em que tinha de pprestar contas para um Conselho de Vigilincia formado por mem- ‘bros nomeados por politicos e sin- dlicalistas, ele também era apenas ‘mais um funcionstio, ainda que de alto grau —e que por isso mesmo ‘maior seria 0 tombo caso houvesse ‘uma mudanga nos rumos. Assim, ele procurava reinvestir todos os fucros na empresa e aumentar as vendas e seu faturamento, Desta forma, de um lado agradava a0 sgoverno, ji que a VW na época ino s6 era a maior geradora de im- ppostos para o tesouro alemto, mas também a empresa que mais divi- sas em moeda forte intemava no pais. Iso, por sua vez, gerava mais empregos e ganhos diretos nos sa- lito dos operatios, o que agrada- yao sindicato. CAPITALISMO POPULAR ‘A Repiblica Federal da Alemanha era dirigida na época ppor uma coalisto de centro-direita que tinha como Chanceler Konrad Adenauer, um habil e veterano po- litico que gozava de muito presti- gio por ter sido um dos primeiros a fizer oposigio a Hitler quando este chegou ao poder, © que por isso mesmo teve seus direitos po- liticos cassados tendo, inclusive, fi- cado confinado em campo de con- centragio durante a guerra, Assim como Adenauer, Nordhoff tam- ‘bém era cat6lico praticante e divi- dia as mesmas ideias do veterano vRo BO FUSCA | 7 politico, que apoiava a criagto de ‘um novo capitalismo popular ale- ‘mio, no qual todos teriam direito ‘patticipar dos ucros advindos da recuperagto econémica do pais. Esta proposta fora desenvol- vida pelo ministro da Economia, Ludwig Erhard, e teve que ser debatida por alguns anos até fi- nalmente ser colocada em pritica. ‘Assim, no comego de 1961, quan- doa VW jéera o quarto maior fi- bricante mundial de automéveis e produzia cerca de 4 mil veiculos por dia, a empresa foi transfor- mada numa Sociedade Anénima. ‘Mas, para isto, teve que ser feito ‘um acordo de compromisso pelo qual 40% do capital ainda ficou sob dominio estatal, dividido meio meio pelos Governos Federal e 0 da Baixa Saxbnia, enquanto 4 mi- Indes de agdes foram colocadas no mercado ao prego de 100 marcos alemies, cada uma, mas com valor nominal de 350. A subserigto inicial foi feita em Livre oo euscA fotes fechados, de apenas cinco agbes, e reservada somente para pessoas fisicas que, se solteiros, rio poderiam ter um rendimento anual acima de 8 mil marcos ou, se casados, a renda familiar no ano nto poderia superar 16 mil marcos. Para os funcionérios da ‘YW, o lote poderia ser de até dez agdes. Quatro milhdes de agdes foram vendidas no mesmo dia e, assim, a VW passou a ter mais de 1 milhao de acionistas, ape- sar do controle ainda permanecer estatal, sempre sob a batuta de Nordhoff. Na proposta do gover no, ficou estabelecido que 0 va- lor obtido com a venda das agoes seria destinado 1 uma fundagao ppiblica para subvencionar pes- quisas cientificas e bolsas univer- sitérias. Este fundagao até hoje também recebe um porcentual dos Iucros da VW. Quando finalmente as agoes passarom a ser negociadas na Bolsa foi uma correria. A oferta de compra chegou a 1.100 mar- cos por cada ago. Com isso, boa pparte dos acionistas “populares” aproveitou para se desfuzer da sua participagto para poder sim- pplesmente comprar seu primeiro Fasca. Se por um lado a proposta de Capitalismo Popular caia por terra, a “conquista” do Carro do Povo, pregada por Hitler trinta anos antes, virava uma realidade. E, se a fibrica nto pode usufruir diretamente da renda obtida com avenda das agdes, logo em segui- da passou a ter uma carteira de pedidos que s6 sumentava o valor do negocio. 0 CALOTE DE HITLER Apenas resolvido o processo de privatizagaoda empresa, Nordhoff foi obrigado a encarar outra “bri- ge’, que havia comegado doze anos antes, pouco tempo depois de ele ter assumido o comando em ‘Wolfsburg. Tratava-se de um pro- cesso aberto pela “Associagao de Se por um lado a proposta de Capitalismo Popular caia por terra, a “conquista” do Carro do Povo, pregada por Hitler trinta anos antes, virava agora uma realidade para os trabalhadores alemaes Auxilio aos Antigos Poupadores do Carro do Povo” (Hilfeverein Ehedem Volkswagenspare:), em 10949, e que visava o ressarci- mento daqueles que haviam to a poupanca-crédito, antes da guerra, para a compra dos KdF- ‘Wagen. Mais de 300 mil pes- soas que acabaram “caloteadas” por Hitler, sendo que muitas ti- mham de fato preenchido total- mente as cartelas com os selos que eram vendidos regularmen- te pelo Corteio alemao. Baseado nisso, a associasio, ctinda pelo ex-nazista Karl Stolz que curiosamente nto renegava seu passado, conseguiu acionar ju- dicialmente Nordhoff em meados de 1949, Perante 0 juiz, além de provar a inexisténcia de qualquer vinculo da nova VW com a antiga associagio do Trabalho alema (a KF), que havia promovido aque- le sistema de poupanga, Nordhoff os advogados da VW declararam que a fibrica ainda estava sob ju- risdiglo inglesa e, mesmo que fos se obrigada a fazer o ressarcimen- to solicitado, nao tinha a minima condigao financeira de restituir 0 dinheiro € muito menos de entre- {gar os carros quitados como a refe- rida associagao exigia no processo. ‘Analisando a causa, 0 juiz che goa conclusio de que, na ocasiao, a VW basicamente nto exista ju- ridicamente e que, além disso, uma sentenga de tal vulto com toda cer- teza acabatia provocando a quebra da fibrica, que se esforgava para equilibrar a receita com as des- ppesas e, mesmo assim, conseguia xgerar um nimero considerivel de empregos, algo importante na di- ficil situagio em que se encontrava a Alemanha. Por isso, ele mandou anquivar o procesto. Essa decisto, entretanto, nao desanimou Stolz que, durante toda a décadade 1950, cruzoua Alemanhae a Austria di- versas vezes para divulgar a pro- posta da associagao e obter adesoes, enquanto Nordhoffcorriao mundo ‘para aumentar a popularidade e as vendas do VW. No periodo, mais de 40 mil cotistas acabaram ade- indo a causa de Stolz. ‘seo acabou criando uma mas de manobra que alimentou a alema nos anos cinquenta. E, en- quanto 0 Fusca e a VW se torna- yam um fenémeno mundial, volta fe meia surgia uma reportagem nos ‘meios de comunicagto do pais sobre stassociagao de Stolz e o assunto do calote. Também durante aquele pe- iodo, advogados da VW consegui- sam levantar uma completa docu- ‘mentagio na qual ficou comprovado que nenhum centavo dos 302 mi- thoes de marcos imperiais recolhi- dos pela poupanga-crédito fora efe- tivamente aplicado em WolSburg. Este dinheiro ficou sb cuidados do tesouro alemio. Assim, no comego dos anos sessenta, com a Alemanha (Ocidental em fianca prosperidade, © governo do pais reconheceu a di vila, que foi atualizada para valor equivalente a 15 milhdes e 200 mil ‘marcos alemaes (novos). DIPLOMACIA DE NORDHOFF Essa decisto praticamente es- vaziou a luta de Stolz, mesmo as- sim ele ainda insistia. Primeiso, tentou resgatar para a associa © valor depositdo no Banco do ‘Trabalho Alemao. Mas, para isso, teria que apresentar mais de 300 mil procuragdes assinadas por cada um dos cotistas. Algo total- praigostoon okwagen opoande rie Seema de FUSCA | 9 PSS ar ery conrad apes apts aber 7 ‘mente impssivel, pois muitos de- les ja haviam morrido ou mesmo desaparecido. Porém, no comego dos anos sessenta, uma onda de revisionismo varreu a Alemanha, como uma forma de reavaliar os fatos ocorridos antes e durante a guerra. Com base nisso, a opinito ppiblica de certa forma encampou {ota spe” Sic seo ‘maradas, que investiram todas suas economias pelo sonho do Carro do Povo, contra a "poderosa” e mun- dialmente bem-sucedida VW, que havia se tornado um gigante eco- Baseado no parecer de trés renomados juristas alemaes, Stolz investiu novamente con- tra a VW. No documento, os advogados alegavam que a jus- regis na adda empresa job de Valores GRANGE LIVRO 00 FUSCA Enquanto o Fusca e a Volkswagen se tornavam um fenédmeno mundial, volta e meia surgia uma reportagem nos meios de comunicagao da Alemanha abordando o assunto do “calote de Hitler” tiga alema nao poderia se negar a acolher a queixa dos cotistas, ‘Uma negativa seria uma afronta as instituigdes do pais. Assim, novamente o caso foi a jiri, em outubro de 1961. Num longo acalorado debate de advogados, que comegou de manha e foi até © comego da noite, acabou sen- do selado um acordo pelo qual Nordhoff concordou em dar um desconto de 10% a 15% para cada cotista na compra de um Fusca novo. Para os que nto de- sejassem comprar o carro, a VW reembolsaria a quantia de 100 ‘marcos novos por cartela. ‘Mesmo assim, a associagto foi obrigada a pagar as custas do pro- cess0, no valor de 120 mil mar- 06, j@ que nao ficou comprovada nenhuma vantagem auferida pela rnova VW com relagio a queixa re- ferente 10 dinheiro da poupanga- cxédito do KdF-Wagen. Foi entao que Nordhoff deu ums cartada de mestre em diplomacia. Sabedor das dificuldades financeiras en- frentadas pela associagio dos co- tistas, ele antorizou a VW a doar a quantia de 1 milhto de marcos para a propria associagto poder hhonrar seus compromisso e final- ‘mente encerrar suas atividades. Desta forma, também granjeou a simpatia da opiniao piiblica. ‘Do total superior a 330 mil co- tistas, apenas pouco mais de 107 mil procuraram a VW para resga- tar sua poupanga. Destes, cerca de 40 mil adquiriram um Fusca novo 4 prego de custo na fibric, jé que © desconto equivalia a margem do concessionario, enquanto os outros preferiram embolsar a quantia de 100 marcos. Encerrada a negocia- elo, a VW entrou com recurso € conseguin desbloquear os mais de 15 milhoes de marcos conwertidos. [No fim das contas, Nordhoff ainda obteve um bom lucro para a VW, ‘mas, principalmente, conseguiu en- cerrar definitivamente um capitulo cobscuro na histéria da marca que, a partir de entio, pode trilhar tran- quilamente sua trajetéria de conso- lidagao. + Roberto Marks)

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