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DRETA, NERD & BURNING HELL MoME PRETAENERD ACADEMY ARGU PERGUNTAS RQUENTES PRETAREAD_—SEIANOSEO¥PADRIM GOLETA DE WorclAS Q oo mast eta stom (uae TRADUCAO: Idade, Raga, Classe e Sexo: Mulheres eM DESTAQUE! Ma: 0 que é horror para uma mulher Negra? Por Anne Caroline Quiangala “Troumas sempre desxarn uma ci sguem-nos ‘até nossas eases, mudam nossas vidas" (Groy's anatomy, T82. azouores CONSIDERACGES SOBRE A IMPORTANCIA DO ENSAIO DE AUDRE LORDE ATUALMENTE wmarchadasmutheresnegras ‘#mulherpretaquerviver #eonsciencianegra ‘Se voc® nunca ouvu falar de Audre Lorde (1984) pode ser que me pergunte @ importéncis de ter lum texto que fala sobre categorias neste momento em gue vive-se em busca de desconstrur ceas, palavras ¢ as categorias em si. Talez vocé até pense interiormente cue categorias reafirmam diterencas no sentico de manter a desigualcade. ‘Acrecto que alguns maces de compreender a desconstrugdo parecem comprometides em destruir antes 0 essencialismo poltico com a desculpa de que no existe homogeneidade. Ore, é ébvio que somos diversas em termos de subjetiidade, vise de mundo, compreensBo das coisas. O ponto @ ser demarcado no & reafirmar fiesSes,idoologas, que sio atribuidas aos corpos. O pento é que hi pessoas que, visvelmente, s80 brutalizadas, privadas de direitos, Impedidas de acessar espacos 2 fim de flarem por si mesmas, Essas pessoas - née - temos total legitmidade para nes agruparmes fem busca de cirltos que a socledade se recusa 2 reconnecet/compreender. Tenho pereebido, principalmente em Ambito académico, um continue esforco em desconstruir categorias “negro/a", "mulher" e "nfo heterossexual’ (pessoas que tém dretes negades fiariamente) com uma forca desproporcional 30 esforco de desconstrucio de "oranquituce", ‘eurocentrismo", “academicismo* e “masculinidade-cis", Trazer individuos para o “outro lado", permitir “aburguesar-se" & antes fagocitose(lembra do capitio do mato?) que desconstrucéo. Isso Info muda 2 condigfo de ninguém. Preta e preto famosos continuam sendo pessoas pretas, € um problema estrutural, come disse Beatriz Nacinento (1988): 66 A questio econémica nda @ o nasso grande drama. Apesar de um grande drama, 0 irande drama & justamenle 0 reconhecimento da pessoa do homem negro que nunca foi recanhecido no Brasil (Beatriz Nacimento in Ori ~ Direg3o: Raquel Gerber Documentirio) 99 1989. 131 min Pais: BRA Género (Quando Nacimento (1989) diz que os negros ndo foram recanhecidos no Brasi, ela enfatiza o escaso, a invsibiidage sotride no cotidiano das celagdes iterpessoais © nas polices. A afrmacso 4a categoria mulher © Negra, por exemple, vai contra a indiferenca que mantém as inj Mantém porque & impossivel lutar contra o invsivel, o Inexistente, Reafrmar que somos mulheres fevidencla que 2 misoginla existe, que o patrlarcado-capitalista existe, que Isso estrutura todas as Felacées, Precsamos afirmar polticamente tendo em vista que s8o consequéncias histéricas, nfo cesséncas bilégicas Reafirmarmo-nos mulheres Negras & um movimento ambivelente: nés temos trajetérias histéricas que nos aproxime, difculdades contemporsneas decorrentes da histéria de violéncia, saque e explorasio; somos diversas? Somos. Diferentes mods de estar no mundo, Mas ainda no & 0 unde que queremos viver. Embora e munde caminhe rurno a Igualdede, ainda ndo é justo «, lenquanto nfo houver equidade de oportunidades, fala © acessos haverd resisténcia, Enquanto for ecessério resist, asso texto serd uma semente, um presente, um convite & reflexie sobre 25 estratégias de politica pessoal.o que & aferente de personalisa DDeixe vocts com a nossa traducioclandestina IDADE, RACA, CLASSE E SEXO: MULHERES REDEFININDO A DIFERENCA* (auare Londen) Bos parte da histia europela/ocidental nos condiciona para que vejamos as diferencas humanas como oposigSes simplistas; dominante/dominade, bom/mau, cima/baixe, superir/inferior. £m uma sociedade em que 0 bom se define em fungo dos beneficios © nBo das necessidades humanas, sempre deve existr grupes de pessoas que, meciante a oprossio sistemdtica, sio produzidas{2] para sentir ue excedem, pra ocuparem o lugar de Inferiorizaclo e desumanizacéo. Em melo a essa socledade, aquele grupe & composto por negros{3] © pessoas de paises subdesenvolvdosL 4), pessoas da classe operdria, pessoas idosas e mulheres ‘Coma uma mulher de quarenta © nove anos de idade, Negra, LEsbca, Feministe, Socialist, mie de duas criangas, ineluindo um garoto, e membro de um casal Interracial, eu usualmente encontro partes de mim em algum grupo defnide coma Outro, desviante, inferior, ou apenas algo que deu ferrado, Trackonalmente, na socledade estadunicense, & solctado @ membros de grupos oprimides © objetiicades que se esforcem por salvar 0 abismo que separa @ realidade da nossa vida da consciéncia do nosso opressor. Com o objetivo de sobreviver, aqueles para quem a opressio & to genuinamente norte-americana como a torta de magS, sempre temos sido cbrigados a ser bons/boas observedores/as e familarizades com a linguagem @ as manelras do opressor, muitas veres inclusive adotar esses modos por ume ilusto de protegio, Sempre que se planta 2 ecessidace de uma pretensa comunicacdo, quem se beneficia de nossa opressio nos pede para RECEBANOSEUEMALL! ‘ARquo ‘CATEGORIAS ‘TEXTOS MAIS UDOS (© que 6 Branguitude? TRADUGAO:Idade, Raga, Classe © Sexo: Muhores. redefinindo a diterenga (Audre Lorde) TRADUGKO: “Branco nao é uma cor (Entrevista com Grade Koma) ‘©.que é Humor Negra? compartihemas com eles © nosso conhecimento, Em outras palavras, isso significa que é do oprimido a responsabildade de ensinar aos opressores ‘seus erros. Eu Sou responsdvel por educar os professores que depreciam @ cultura dos meus fihos no coldoio, Das pessoas negras e das que habitam paises em desenvolvimento, espera-se cue sejam responsévels por ecucar @ populagfo branca afim de que recenhesam 2 nassa humanidade. Das mulheres, espera-se que eduquem os homens. Das lesbianas © dos gays que eduquem © mundo hheterossexual. Os opressores conservam sua posigfo e ignoram a responsabilidade de seus préprios Isso € uma drenagem de energia constante que, provavelmente, seria melhor sada na recetnicdo de nosso préprio ser e na construcéo realista dos melos para madificar © presente € construl 0 futue. A rejeisdo insttucionalzada da diferenca & uma necessidade bisica para a economia do lucro que ecessta da exlsténcia de um excedente de pessoas marginaizadas. Essa economia em que vivemes tem programado a todxs nés para que reajamos com medo e édio ante as ciferengas que existe entre nés e as manejemos dessas trés maneiras: 1) ignorance isso e, 2) © nfo for possivel, coplar isso se nét pensamos ser dominante, ou 3)destruir se as consideramos subordinadas, Porém, n8o pessuimos modelos de relagdo igualtérios para nos relaconarmos através as diferensas. Como resultado, tals diferencas tem sido invisibiizadas(5] © postas a servico da segregacio e da confuséo. Entre nés existem diferencas bem reais de rara,Idade € sexo, Mas nBo so essas diferengas que nos separam. O que nos separa é, a0 contrrio, nossa racusa a reconhecer as cferencas e 2 analisar as distoroBes que dervam da falsa nomeacéo tanto a essas dferencas quanto aos seus efetos na canduta © nas expectativas humans: Racism, @ crenga em uma superioridede inerente de uma raga em relaglo as demals e, portanto, fem seu dirlto de dominagio. Sexismo, crenca na superioridage Inerente de um sexo &, por tant, fm seu direte de dominar. Etarismo, Heterossexismo, Eltsmo. Classismo. Deve haver objetivo permanente de cada uma de nés ellminarmas essas dstorcBes de nossa vida e, ‘30 mesmo tempo, reconhecer,reclamar @ defini as diferengas que constituem a base sobre @ qual estas ditas distorgées se impBem. Porque todas nés temos sido educadas numa seciedade onde aguelas cistorgSes so andémicas atravessam as manciras como vivemos nossas vidas. Com excessiva frequéncia canalizamos as energias necessénas para reconhecer ¢ analisar as aiferencas Ninginéo que as diferencas sejam barreirasinegociévels ou simplesmente Inexistentes, E ela results fem isclamento voluntério eu mesmo, em conexBes danasas ¢ falsas. Em armbes os casos nés no desenvolvemes os melas de usar as éiferencas huranas come trampolim que nos empurre através 4a crativa mudanca em nassas vides, Em lugar de falar de diferengas, flames de desvios humanos. Em algum lugar, num canto da consciéncia,Ié ha o chamado da norma mitica, cada um de nés em nossas coragées, sabe que “sso eu nfo sou’. Nos E.U.A, e553 norma é normalmente definiéa como branca, magra, macho, jovem, heterossexual, crs mitica onde residem as armacilhas de poder da nossa sociedade. Para aquelxs de nbs que estames fora do referito poder, muitas vezes identifcacxs de uma maneira que nos faz ciferentes © Dressupomes que tal centincagSo ¢ a causa béslea de toda opressso, porém, esquecemos-nos de utras dstorgées relatvas & referencia, algumas das quais,talvez pratiquermos, No atual movimento de mulheres & comum que as mulheres brancas se cantrem em sua opressSo enquanto mulheres © Ignorem as diferencas de race, orlentacSo sexual, classe e idade. A palavra sororidade leva a uma suposta homogeneidade de experiéncias que ndo existe realmente. jo © Finenceiramente seguro. & ness norma As diferencas de classe néo reconheci¢as privam as mulheres da enersla e da visdo criativa que Poderiam proporcionar entre nés mutuamente. Ha pouco tempo, © coleivo de uma revista de mulheres adotou a decisio de publicar um nimero que ineluie apenes prasa, elegando que 2 poesia era uma manifestasdo Iterdria manes "rgarosa” e menas "séia".Pois bem, 2 maneira em que se materializa a nossa critividace vem, multas vezes, determinada por nossa classe social. A poesia & 8 mais econBmica das manifestacies antsticas. € @ mais ocutta, que requer menos esforgo isco & rmenes materials, © a que pode ser realizada entre turnos de trabalho, em uma despensa de cozinha de hospital ou no metr8, usando qualquer pecaco de papel. Esses mos anes, em melo a escrita de um romance e com pouco dinner, chegue @ compreensdo de que hd ume enorme diference entre as exigdncias materiais de entre poesia e prose 34 que relvindicamos uma Ikeratura prépni, temos observado que @ poesia tem sido a principal vo2 de pessoas pobres, da classe aperdria e das mulheres de Cor{6], Pode ser que, para eserever prosa, | 6 Momentos em que Dirk ‘Gontly’stontou ser cool, mas 16 foi babaca mesmo ‘CONHEGA © KINDLE UNLIMITED! bg) OU pay unlimited Mais de 1 milho de eBooks para voc ler onde e quando quser amazoncombr \VISUALIZAGOES 2,167,543 seja necessério eispor de um tet |, também faz falta: as resmas de papel, & maquina de escrever, além de tempo o suficlente, Requsits de produgdo de artes visuals também contrbuem para determinar em termos de classe a quem pertence cada forma artstica. Nesses tempos em que of materials tém precos abusives, quem $80 nossos esculores, pintores. Fotégrafos?Quando falamos de uma cultura de mulheres de ample base, temos que nos conscientizar dos efeitos que tem as diferencas econémicas © de classe na aquisiclo dos melos ecesséros para produai arte. todo seu **, pord ‘ratamos de criar uma sociedade em que toGos pademes avancar, porém, 2 discriminacdo baseada na dade & outra distorcdo das relagtes que interfere em nossa vis80. Ro fazer pouco caso do pasado, favorecemos a repetigde dos erros. © “abismo geracionat” & uma arma social importante para qualquer sociedade repressora. Se as pessoas jovens de uma comunidade consideram que pessoas idosas so desprezveis, supersticiosos ou supéruas, nunca sero capazes de somarforcas ‘com elas para anallsar a Meméra viva da comunidade, nérn tampouco de perguntar “por qué”. Dessa relacdo deriva uma amnésia histérica que nos mantém ocupadxs com a necessidade de Inventar a roda a cada vez que saimos pra comprar po. Nos vemos na necessidade de repetir€ de voltar @ aprender as lgBes que J8 sablam nossas macs Porque ndo transmitimos © que aprendemes ou porque somes incapazes de escutar. Quanta vez fol dito "o que estou cizenéo agora?”. Por outro lado, “Quem poderia ter imaginade que nossas fihas vottariam a atormentar seus corpos modelando com falas, cntas e salto ato" Ignorar as diferencas de raca entre mulheres e as implicagies dessas diferencas resulta numa ameaca séria para a mobllzacéo conjunta ce mulheres. Se as mulheres brancas esquecem 0s privilégios Inerentes 8 sua raga © definem a categoria mulher baseando-se exclusivamente em sua experiéncia, as mulheres Negras se convertem nas “outras", 25 estranhas cuja experiéncia e tradigao s80 tBo compreensivels quanto allenigenas. Um sina dsso & o Sinal de auséncia da experiéncia de mulheres de Cor nos cursos de Estudos da Mulher. A Iter de mulneres de Cor raramente & Include nos cursos ce literatura de mulheres @, praticamente rhunca em outros cursos de Iiteratura ou nos estudas Gerais sobre mulheres. A recusa é multas vezes Justiieada pelo fato de que “apenas mulheres de Cor" podem ensinar essa iteratura, ou que & muito dict de compreender, ou que ndo se pode acessar uma experiéncia "io diferente”, Tenho ouvido esta argumentagio de mulheres brancas que, por mais precira que seja a inteligéncia, no tem problema algum em lecionar © analisar o trabalho oriunco de experiéncias vastas de Shakeaspere, Molde, Dostoyevky © Arstéfanes, € dovio que hi outta explicacio ssa é uma questdo complexe, mas cu crelo que ume das razGes para 2 qual mulheres brancas fencontram dificuldade em ler autoras Negras & @ relutincla em enxergar Negras come mulheres & diferentes delas. A andlise a Iteratura das mulheres Negras requer, de fto, que nos veja como um grupo com todas as nossas complexidades - como individuos, come mulheres, como seres humanos fem lugar Ge substitur a verdadeira imagem das mulheres Negras por estereéipos probleméticos, porém familiares que a sociedede proporciona, Na minha opinigo, © mesmo pode se dzer a respeito da IReratura de outras mulheres de Cor. [A iteratura de todas as mulheres de cor recria a texture de nossas vidas e, multas mulheres brencas esto empenhades em passar por cima des diferencas autenticas, Pois sim, se elas consideram que a inferioridade de uma das partes é consubstancial 8 diferenca, o reconhecimento disso pace acarretar sentimentos de culpa. Permit que as mulheres de Cor salam dos limites dos esterestipos provoca um sentimento de culpa & medida que ameaca 2 situagdo cSmoda das ‘mulheres que ver a epressic come uma opressie relaconada exclusivamente ao sexo, Negar @ reconhecer as diferengas impede ce ver os clversos problemas © perigos os quais enfrentamos todas nés como mulheres, No estrutura Ge poder patrarcal, um dos priviggios pontuaisé ter 2 pele branca, uma vez que o enreda usaco para neutralizer Negras brancas néo é 0 mesmo. Por exemplo: ¢ fécil para @ mulher Negra ser usada pelo poder estrutural através do hhomem negro, no porque eles s8o homens, mas porque eles so negros. Por outro lado, para mulheres Negras, 6 necessério 0 tempo todo separar as necessidades do opressor dos seus préprios confltos legitimos ne Interior de suas comunidades. Esse problema no existe para mulheres brancas, Mulheres Negras e homens negros tém compartihado opressdo racsta e anda compartiham sso, poréim, de diferentes formas, A opresséo compartinada nos tem feito desenvolver defensas e vulnerabildades conjuntas que no so cuplicadas na comunidade brancas, fexceto em relagBes entre juceus e judas. Por outro lado, mulheres brancas encaram a armacilha de serem secuzidas a se liar 20 opressor sob pretense compartihamenta de poder. Essa possibildade no existe dessa mesma forme pare mulheres de Cor. As cotas minimas ce partcipacso que, as vezes, nos oferecem no so um convite 8 ascendermos; nossa outridade racial & uma realidade visivel que torna 2 armadine visivel. Para mulheres brances, a disposigSo elas, hd uma série de supostas alkernativas recompensas por Identificarem-se com o poder patriarcal e suas armas. NNestes tempos em que Era**** ver a baixo a economia é abalada e aumenta 0 conservadorismo, as mulhares brancas sio mais propensas que as mulheres Nagras 2 cairem ra perigosa arapuca de crer que se elas forem sufcientemente boas, belas @ daces, se ensinarem 20s filhos boas manciras, 1 quem deve datestar e que devers se casar com um bom paride, isso permitiré coexistirem em Folativa paz com o patrarcado, ao menes até que um homem necessite de posto de trabalho ou até que cruze com © violador do bairre. € carte que, a néo ser que Se viva em trincheiras, é dil Fecordar que @ guerra contra a desumanizacio Jamals cessa, NNés mulheres Negras e nossas filhas sabemos que 2 violénciae © él formam parte Inextrincével da trama de nossas vidas e que néo ha descanso possvel. No apenas enfrentamos a eles nas barricadas ou nos becos escuros, mas também nos lugares onde nos atrevemos 2 verbalizar nossa resistencia, Para nés, a violénca esta cada vez mais entrelagada a0 nosso cotiiano; a encontramos ro supermercado, na sala de aula, no elevador, na clinica, no patio da escola, do encanador, do ade, da vendedore, do metorste de Snibus, do cabxa-de-banco, da garconete que no nos Aguns problemas nés compartiinamos como mulheres, outros no. Seu medo de seu fiho crescer & ladentraro patrarcado e testemunhar contra voce, nosso medo de nossas crangas sejem arrastades por carro e jogedas na rua, e vacd retomaré mais ume ver as razdes de morte deles, Aquele tipo Ge aiferenca tem sido menos oblterade pare POC. Aquelxs de nés que s80 Pretas poderiam ver que 2 realdade de nossas vides & nossos esforgos nfo nos torna imunes aos erros da Invisbilzagdo e nic-nomeacSo da diferenca. Na comunidade negra onde o racismo & uma realidade vida por tods, ciferencas entre nés multas vezes parecem perigosas e suspeltas. A necessicade ‘de unificagio &, muitas vezes, nomeada erroneamente coma uma necessidace de homegeneidace, © 1 Feminismo Negro comate 0 grande erro de trair sua visSo em prol dos interesses garais, Devido 3 batalha continua contra © apagamento racial que pessoas Negras compartiham, algumas mulheres Negras ainda se recusam a elaborar que nés somes também oprimidas porque somos mulheres, @ 8 hostitidade sexual contra mulheres Negras & praticada nio apenas pela sociedade Branca © racs ‘mas implementada através de nossas comunidades negras com sucesso. Isso é uma doenca que golpela 0 coragso da nage negra eo silencio no fard com que 0 problema desaparesa xasperados pelo racismo e as pressdes da falta de poder, volentar a atacar Negras e criangas muitas vezes se tora nossa comunidade um estandarte, ume das quais medidas de virlidade, Em suma, é rar aludir a esses aspactos de édlo contra a mulher quando se fala de crimes comatidos contra as Negras. © orupe ée mulheres de Cor 60 plor remunerade nos EUA. Primeiro nés somos submatidas primetro 2 abusivas violEncias come aberto © esteriizacdo aqui e no exterior. Em ceras partes da Arica, gerotas pequenas continuam sendo circuncisadas para “manter @ dociidade para o prazer dos homens", Esse fato no & um affair cultural (sexualidace agressiva) como inst Jomo Kenyatta, Isso 6 um crime contra a mulher Negra ‘A iteratura de mulheres Negras & permeada de dor de frequentes ataques, no apenas pelo patriarcade racsta, mas também por homens nagros. J4 a nacessidaée de uma histéria de compartihaments que nos constiulu, mulheres Negras, paricularmente vulnerévels 8 acusacéo fatsa de que 0 anti-sexismo ¢ antinegra. Tal como assinala © eseritor negro Kalamu ya Salaam: lenquanto heuver deminaso masculina haverd Wolaclo. Apenas a revelta das mulheres e a torada de consciéncia de suas responsabilicades na lta contra o sexisma por parte dos homens poders acabar com essas violéncias sexual. [As diferoncas existentes entre as mulheres Nagras também recebem nomes falsos ¢ se ermpenham na separacio uma das outras, Sendo como ev sou, feminist lesblana e Negra, que se sente cbmoda com 96 verses @ numerosas ingredientes ce sua identidade, assim como uma mulher comprometida com a tlberagdo racial e sexual, me eneontro ume vez mais na situacso de que se me pede que abancone algum dos aspectos de mim @ 0 apresente como se fosse 0 todo, ecipsando @ egando as demas partes que me compen. Porém, Viver assim & destrutwo @ fragmentari. Para concentrar minhas energlas necessito integrar todas as partes do que eu sou, sem ocultar nada, permitinds que © poder que emana de minhas dstintas fontes de minha existancia ua livremente entra meus distintos seres, sem o impedimento de uma definiga imposta desde fore. Somente assim posso me pot, com todas as minhas energias, a servico das lutas 85 quais me entrego € formam parte de minha vida (© mede das lesbianas, 9 de ser tachaca como tal, tem levaco m tas mulheres Negras 2 testemunhar contra si mesmas. H4 algumas de ngs que tém se langaco & allancas destrutvas utras que tem sido levadas & desesperagio e 20 isolamento, Nas comunidades ¢e mulheres brancas, o heterossexismo, as vezes, o resultado de uma identifeaglo com 0 patriarcado branco © constitul uma recusa a essa independéncla cas mulheres identificadas com as mulheres que permite {que sejam elas mesmas em vez de estar a servigo dos homens. Outras vezes reflete a mortal crenga na colaboracdo pretetiva de relacionamentos heterossexuals, as vezes 0 auto-édio que toda mulher deve lutar contra Estas atitudes esto presentes em alguma medida em todas as mulheres, mas em mulheres Negras onde se encontram miaiores ressonncias do heterossexismo e da horofabia. © vinculo entre mulheres tem uma larga e honorével histéna nas comunidades africanas e afro-amencanas e, ‘apesar dos enganos e conhecimentos demenstrados por muitas mulheres Negras Identicadas com mulheres, fortes crativas, que tém destacado nas esferas politica, socal e cultural, as muheres Negras heterossexuais tendem a desdenhar ou a serem omissas da existéncia e a obra de lesbianas Negras. Esta attue derive em parte de um compreensivel terror conta as represslias masculinas © 0 estreto ambigue da sociedade Negra, onde o castigo contre qualquer intento de eutoafrmacso por parte da mulher segue sence que te acusem de lesbiana e, em consequéncia, de nfo merecet as atengées nem © apoia des homens Negros que s8o um bem escasso. Mas 2 necessicade de estigmatizar ou relegar 20 esquecimento as lésbicas Negras também deriva de um medo muito real de que as mulheres negras identiicadas com as mulheres, que tem deixado de depender dos homens para defiir asi masmas, possar chagar a rearganizar nosso concelte de reagbes soca. [As Mutheres Negras, que insistiam na ideia de que a lesbiandade era um problema de mulheres brancas, se empenharam em propor que as lesblanas Negras so uma ameaca para a nacio Negra, uma vex que sao alladas do inimigo e uma negacéo do que é ser negro. Essas acusacées, lancadas or mulheres $80 as que precisames buscar uma compreenséo real e profunda, tem induido a ruitas lesbianas Negras a manterem-se ocultas, atravessadas entre dois fogos: © do racismo das mulheres brancas e a homofobla de suas irmas. Muitas vezes, o trabalho delas tem sido ignorado, ‘rivalzado ou néo-nomeado, tanto trabalhos de Angelina Grimke, Alice Ounbat-Nelson, Lorraine Hansberry. Em sem problemas, as mulheres vinculadas @ outras mulheres, j4 foram nossas tias solteras eu as amazonas de Daomé, sempre tom contrbulde para conformar 9 poder das comunidades negres. E, certamente, ndo s80 as lesbianas que agridem as mulheres ¢ vilam meninas e as avés nas ruas de nossas comunidades Em toco 0 pais, as lesblanas Negras estBo na vanguarda dos movimentos conta @ violéncla sofida pelas mulheres Negras; estiveram, por exemplo, nos protestos que se desencadearam em Boston na primavera de 1979 doze assassinados de mulheres Negras. uals aspectos concretes de nossas vidas devemos anatsar e modificar com objetivo de contibuit de modo @ $e produzir mudanges? Como redefinirmos as dferengas? Néo slo as nassas diferencas a que nos separam e sim 2 renincia de reconhecer as olferencas e a desmontar as dstorgées derivadas de omissbes das diferencas ou denominé-las de forma que no apropriada Um dos mecanismos de controle social consist fem induzir as mulheres a outorgar legitimidade 2 uma sé drea das diferencas humanas, a que exister entre as mulheres © 0s homens. € todas temas aprendice a enfrentarmos essas diferencas contra com a primeira que caracteriza a atitude de ‘qualquer subalternizado, Todas temes tido que aprender a trabalhar e a coexist com os homens desde os nossos pais. Temes reconhecdo as diferencas e nos temos adaptado a els, inclusive ‘quando reconhecé-Ia suporia perpetuar 0 velho modelo de relagées numanas dominante/dem nado, segundo 0 qual 0 oprimido deve accitar a dferenca do amo se quiser sobreviver, Porém a nossa sobrevivéncia futura depende da nossa capacidade para relaconarmos um plano de Igualdade. Se as mulheres desejamos enganar @ mudanga social que no seja sob aspectos meramente superficais, temos que arrancar 2 raiz dos modelos de opressio que temos Interiorizado. Davemos reconhecer as diferencas que nos distinguem de outras mulheres que so ossas iguals, nem Inferiores, nem superores e desenhar os reios que nos permitam utllzar as Aiterencas para enrquecer nossa visto & nossas lutas cornuns 0 future da Terra pode depender da capacidade das mulheres para Identiicar e desenvolver novas definigdes do poder e novas modelos de relacso entre as diferencas. As velhas definigdes no tem Sido benéficos para nés e nem pare a terra que nos sustenta. Os velhos modelos s80 habilmente retocads para imitar 0 pracesso, sequem condensando-nos a incerrer na repeticfo camutlada das Felagies de sempre, do sentimenta de culpa de sempre, do édio, 2 recriminagio, os lamentos © descontiance Pois levamos incorporadas as velhas pautas que nos marcar umas expectativas © umas formas de resposta, as velhas estruturas de opressio ¢ tudo isso tendames que modifca-o assim que madificarmaos as condigdes de vide que sBo consequéncia de ditas estrturas. Pos as ferramentas do senhor nunca desmantam a casa do ame. Tal como exotica brihantemente Paulo Frere™*=* em Pedagogia o Oprimido, 0 verdadeiro objetive da troca revoluconsria no & apenas a situacdo de opressdo da qual pretendemos nes libertar, mas também é a parte do opressor que fol implantada em nosso interior © que somente conhece tas ttieas dos opressores © a5 relagbes dos opressores ‘Tada mudanga comporta um crescimento © 0 crescimento pode ser doloroso. Mas 20 mestrar nosso ser mediante 2 luta e a trabalho compartinade cam aquelas @ quem definimas como diferentes @ 2= ‘que nem tanto, nes unem por objeivas comuns, Vamos conseguindo perilar melhor @ definigdo de és mesmas, Esta pode ser a Via de sobrevivéncia para todas as mulheres, Negras, brancas, ralores ou javens, lasbianas ou haterossexuais. TTemos-nos escolhido uma a autre como companheiras Para compartihar cada porcio de nossas batalhas em comum A guerra é a mesma ‘Se nds perdermos ‘Algum dia 0 sangue das mulheres Cobrirs uma vez planeta morto No ho que contar Buscaremos atrés da histéria For uma melhor e mais possivelrelacio. Thanks: Professora Virginia V. Leal Pelo primer olhar, questionamentos e sugesties NOTAS * 0 titulo original do texto & Age, Race, Class and Sex: Women Redefining Difference. Paper delivered at the Copeland Colloquium, Amerst College, April 1980, Reproduced in: Sister O Crossing Press, Calforia 1984, Acesso em 5 out. 15. Traduzido para a ciscipina de Ps Graduagio fem Literatura e Préticas Socials da Universidade de Brasila (UnB) minstrada pela professora Virginia Vasconscelos Leal ‘8 "Aucrey Geraldine Lorde foi uma escritora caribenha-americana, feminista radical, mulherista, lésbica e aivista dos direitos cvis. Um dos seus esforces mais notdveis foi o seu trabalho miltante cm as mutheres affo-alemaes na década ce 1980" - 0 atigo completo esté aqul na Wikipedia *#* Referéncia ao enssio da escritorainglesa Virginia Woolf, Um teto todo seu publicado em 1923, ‘Apesar do texto clissico de Woolf tenha sido importante por revelar questées sobre escrita de mulheres, a histria cas mulheres o lugar de fala da autora tem limites que Lorde pontua com Dropriedade. Tem um pouco do ensaio 6a Viginia Woolf aqul no google books (em inglés) '+* paulo Freire: Paulo Reglus Neves Freire foi um ecucador, pedagasiste e flésoto brasileiro, E considerado um dos pensadores mals notévels na histirie da Pedagogia mundial, tendo influenciado ‘9 movimento chamaco pedagogla crvea (Atigo da Wikiped'a completo: aqui) sider [a1 Tradugiio livre do texto “WHILE I WRITE" de Grada Kilomba, Acesso em 18 mal. 15, [2}embora o texto original use "make" no sentido de “fazer” tradua! por “produzir pés-colonials de Grada Kilomba de uma vince contemporsnea de diversas experléncies 43 omande ideas plantation" mediada pelo igioma e por simboles que semeiam profundamente a subjetvidade de Individuos negrxs (KILOMBA, 2020) [3}Assim como observado na coletinea "The Black Wornan: na anthology" (CADE, 1970), um marco pera 2 escrite ce mulheres Negras nos Estados Unidos, optel por grafar Negre (20 referr-se & Intersegio mulher @ Negra) para diferenciar de pessoa negra [élLorde usa Terceiro Mundistas que & um terme usual naquela épaca, mas que, atualmente, eaiv fem desuso (20 menos) formalmente [SIPartindo de ideia de que © “que no tem nome", © no nomeado ndo existe, notamos as TimitagBes da lingua imposta nos processos de colonizagio come comprometidamente insuicentes para a expressdo de experiéncias subalternzacas. [eyTracus! People of color (POC) como “pessoas de cor” © no como “pessoas negras” pra evidenciar que © colorismo no ¢ uma questdo particularmente brasileira e, também, para deixar a marca temporal do texto original. Ainal de contas: branco é uma car socialmente coalficada como ‘no cor, uma visdo localizada no privilégo branco. Quanto a0 Estados Unidos, 8 definigSo “pessoas de cor” incl todos os poves (ndo apenas os indviduos) nio-brancos, ndo-crstios (negres, judeus, indianos, chineses, drabes), enquanto, no Brasil, a dscriminagio contra o individuo se dé pela cor 4a pete tracasfenctipieas negras e/ou indigenas (raga/cor segundo 9 18GE) REFERENCIAS CADE, Toni (org). The black woman: an anthology. Canada: A Mentor Book, 1970.KILOMBA, Grada. While I write, Dispanivel em: . Acesso em Plantation Memories: episodes of everyday racism. Budapeste: Unrast, 2010. LORDE, Audre. Sister outsider: essays and speeches. California: The Crossing Press, 1984. Compartilhel ‘TEXTCSRELACIONADOS Forte como resistincia e assontomente feminista que 6 bronquituss? negro COMENTE! Gabriella Araujo OBRIGADAN!

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