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16 ENCICLOPEDIA PRATICA DA CONSTRUCAO CIVIL 16 TEXTO E DESENHOS DE ¥. PEREIRA DA COSTA OBRAS DE ESIGNAMOS por obras de cantaria todas os trabalhos de construcdo civil executados com pedra apare~ thada, como sejam escadas, pilares, colunas, pi- astras, socos, forros, cimalhas, faixes, guarnecimentos Je vos, balaustradas ¢ outros que no enumeramos por desnecessario. De entre as obras de cantacia notamos as que se exe- xutam em ligaso completa com a alvenaria e aquelas que se constroem sepacadamente, como sejam arcos or- aamentais, fontes, colunatas, escadazias, etc. As edificagées que comportem cantarias so consi- deradas de maior valor sob 0 ponto de vista comercial Bewabe| fe Largpuree oo tio —| CANTARIA € de maior riqueza, pela sua incontestavel imponéncia, sob 0 ponto de vista arquitecténico. A cantaria é na Construsio Civil © material mais Os edificios com as fachadas possuidoras de canta” rias, ainda que s6 em envasamentos, guarnecimentos. pi- lastras, faixas ¢ coraijas, tém um valor incontestivel tna importancia acima de todas as sitposigées oxga- mentais, Quando, porém, no seu conjunto construtive ¢ artis- tico se junta a obra escultural de cantaria a sua esti- mativa € insuperavel, Qrireia Lode Fig, 1 GUARNECIMENTO DE UM VAO DE SACADA (Agate 2 Cone) OBRAS DE CANTARIA PRELIMINARES aplicagdo. de cantarias num edificio da-lhe ri- ‘gueze, no 26 pelo seu valor como pelo aspecto € avbreza da sua arguitectura. Nas edificacées de modesta condicéo apenas se as- senfam caatarias a guamecer os vaos de portas e jenelas e nada mais, Nes casas de grande preco empregam-se th jolo, apareceado $6 a cantata. nos saimeis ou nas im Postas e a0 fecho Nos guernecimentos vulgares dos vos deportes (Fig 5) temos como primeiro elemento a soleira que se assenta sobre um élegimento na alvenaria (*) e sobre 2 qual se assentam também os s6cos, um de cada lado pata sobre eles se spolarem a5 ombreicas, Sobre as om breiras faz-se o assentamento da verga. O assentamento da soleira obedece ao nivel ¢ calga-se sobre o elegimento com pequenas palmetas de madeira pare» destiada pesiatae do tabalbo. Ax vezes tom ‘Bem se gateia nas extremidades para as pedras da alve- aan Os sécos ficam sobre a soleira, bem aprumados, Ji- gados cot aguada de cimento, € paca o seu nivela- meato também se utilizam as pequenas palmetas de ma- deira, como de resto para todos os assentamentos de canta. Fig. 5—GUARNECIMENTO DE UM VAO DE PORTA —4~ Sobre 08 sécos assentamos as ombreiras pelo mesmo proceso. Para se manter o bom galgamento de toda 3 lecgura do vo servem-se as pedreitos de um escanti- Iho, que ¢ uma delgada fasquia com o comprimente da Targura do véo. Nos vios de janela (Fig. 4) inicia-se o assentamento, pelo peitorsl que se assenta pelo mesmo sistema como st pratica com 2 soleira e segut-se peles ombreiras. Os vaos de porta de sacada tem como principio 6 assentamenta dos cachorros éncastrados na alvenaria € sobre eles faz-se 0 assentamento da bacia ou concha de saceda (*). datie “Ef Fig. 6 GUARNECIMENTO DE uM VAO DE PORTAO As bacias das sacedas nem sempre Sio assentes so- bre cachorros ow misulas, pois que em algomas obras, quando © seu balanco ago € demasiado, ficem suspen- sas, simplesmente asseates aa alvenaria das paredes onde 12m Jugac. Os peitoris das janelas geralmente séo rectos na sua face superior, mas moderamente, 2 fim de se suprimiz a fabua de peito, s80 pesfilados de molde a receber di- reclameate 0 caixitho de vidraces e também por vezes 2s portas interiores. Alguns perfis dos peitoris (Fig. 8) so constraides de molde a receber simplesmente estreitas tabuas de pei- vo, que por dispensarem as velhas td6uas largas ines- téticas © manterem 0 bom batente para os caixilhos, em madeira, melhor do que pedza, £80 08 mais aconselha- ‘As vergas, que sao as Sltimas pegas dos guarneci- mentos dos vaos a assentarem-se, sao ligadas 08 topos das ombreiras com argamassa de Gmento ou mesmo de CY Ver 0 Caderno N14 desta Enciclopédis. ().Secada € a desiguagio dada 2 todas as saitncias de cantare. 3 cal, Ievando como de costume as palmetinhas de ma- Seize. que melhor acomodom toda acantaria, Todas estas pecas de cantaria séo furadas do lado da gola.e também do lado da aduelo, Em geral os furos da aduela sao estreitos ¢ recebem buchas de madeira para 2 fixacdo dos aros de aduela. Os furos da gola so quase sempre de 9 ou 12 milimetros, conforme o volume das cantarias, ¢ sio cheios de chumbo em fusio onde fica 2 porea dos parafusos a aplicar nos aros de gola. Estes fures com chumbo sio os chambadouros e ficam equi- fistantes uns dos outros, "Na Figura 7 mostrames o guamecimento de canta- tia visto pelo tardor, onde podemes obeexvar a Glspo- ‘sigdo dos furos para os chumbadouros que hao-de rece- ber os parafusos dos aros de gola, cujo pormenor se ache desethado no interior do Vio, ‘Neste mesmo desenho vemos também a localizacio das palmetas de madeira metidas nos topos das ombrei- ras, duas em cada um, ¢ tanto do lado da cabeca como do lado da gola. que é 0 tardoz do vao que observamos neste extuder ‘Sob o peitoril também igualmente vemos duas pal- metinhas em cada extremidade, pois que auxiliam 0 as- sentamento nivelado do mesmo sobre as pedras do ele- gimento, como 34 deserevemos. lA verga assenta nos topos das ombreiras onde se aplica wma ligeira camada de argamassa de cimento © areia ou mesmo de cal e areia. As palmetas auxiliam o fom aivelamento. ‘Nas obras em que os guarnecimentos so de grande larguca de cabeca ¢ de espessura de aduela tém de apli- carese gatos e pernes de bronze. “A melhor argamassa para utilizacSo no assentamento exterior das cantarias € a hidraulica, tanto de cal como de cimento doseada com areia. Esta argamassa ndo au- sila 9 aperecitento de susgo nem de outros parasitas wegetaisn ‘Nos vaos de portas o assentamento do quarneci- mento inicia-se pela soleira que se apoia sobre as pedras do elegimento onde também nos servimos das palmetas de madeira para o seu nivelamento, As extremidades sdo gateadas para as pedras da alvenacia. ‘Sobre as soleiras, como sobre os peitocis, respectiva- mente aos vaos de poctas e de janclas assentam-se_ 39 ombreiras devidamente aprumadas. Paca se manter 0 galgamento do vio em toda a sua altura servem-se os pedreiros de escantilhdes. Nos vaos de portas assentam- See quase sempre sobre as soleitas os s000s, onde, por sua vez sobre os seus topos tomam lugar as ombreiras. tre os topos dos socos ¢ das ombreras servimo-nos de argamassa e das palmetas de madeira, como sucede com todas as pegas de cantaria. ‘Os arcos de gola também s3o chamados arcos de pe- draria e no norte do pais, designa-se a gola por dente ea aduela por cabeca de dente. A gola também no notte chamaa batente. Antigamente, nas construgdes de Lisboa, nio era costume assentarem-se os socos sobre a soltira, porque cla ficava entalada entre eles. Os socos montavant sobre um leito ou eligimento deixado na alvenaria para esse fim, Este sistema de assentar soleitas tinha vantagens Guando sobre elas passavam veictlos pesados, porque depois de danificadas fcilmente eram substituidas. OBRAS DE CANTARIA Posteri Fig. 7—GUARNECIMENTO DE UM VAO DE JANELA VISTO PELO TARDOZ Dat af Fig.’ 8 — PORMENORES DE PEITORIS DE CANTARIA —5— OBRASs DE CANTARIA ENVASA ESIGNA-SE envasamento o forro de canteria, assente ‘aa frente das fechades das edificagées. A espes- sura deste forro oscila geralmente de 0,06 a 0,10 € 4 Bigagéo & alvenaria € feita com calda de cimento ou com gatos de ferro galvanizado. As pedras componentes deste envasamento devem ficar bem aprumedas e nas suas fiadas, para que o se nivelamento figue perleito, aplicem-se as palmetas de madeira, que também servem para evitar 0 esmilba- mento das azestas Muitas vezes 0s envasamentos s5o constituides sim- plesmente por exaifhariz, como noutro caderno (2) jé expuzemos. As diferentes fisdas das pedras que formam o forro sio ligadas com pernes de ferro gelvanizado (°). Os apacelhos a aplicar nos forros sé0 variados, de- pendendo dos pormenores do projecto da obra. ficendo, porém, sempre bem observado 0 golpe de aresta. ‘Nunca @ conveniente dar pouea espessura ds pedras, dos fotros, porque com 0 rodar do! tempo’ as_juntes alargam e elas perdem 2 sva estebilidade na descon- juntura. Outro inconveniente que 2 pouca espessura das pedras apresenta € 0 caso dos lesins, das cavidades ¢ dos veios de ferro abricem, dando lugar a fendas de dificil reparssso. MENTOS ténicos © serem construidos de qualquer qualidade de cantaria, desde que seja bastante dura e isenta de lesins. As pedzas de grao fino nfo séo convenientes para este género de trabalho, porque 2 2ccdo do tempo desges- ta-as com facibidade. Para os envasamentos so aconselhaveis os apare- Thos mais grossos, mas nas boas edifieagées usa-se fre- Fig. 10—SOCO DE FORRO DE CANTARIA quentemente um pico fino tendo cada pedra o seu en- quadramento um golpe de aresta (Fig. 10 e 11). Para as casas de rendimento esté muito indicado o aparelho abujardado e nas velhas construgbes useva-se a silharia, como descrevemos quando tratamos das alve- arias. © assentamento dos forros e dos socas ou de qual- quer tipo de envasamento, com pedras de 0,10 de es- Fig. 9—-ENVASAMENTO DE APARELHO RUSTICO Os envasamentos devem entrar no tereno pelo mé- nos cerca de 0,15, pera eviter que com a terraptonagem do local ou com 0 alinhamento da tua ou do passeio fi- quem mais altos, mostrando um espaco vazio que mes- mo que se-tape é sempre de mau efesio, Os envasamentos podem comportar qualquer tipo de apazelho, formarem 0s mais variados tracados arquitec- () Cadermo No 54 Obeas de Alvenaria, () Nae obras de grande categoria aplica-ce brosse nos gatos nos peres em ez de ferro galvanizada. —6— Fig. 11—SOCO DE FORRO DE CANTARIA pessura ou menos, deve ser feito com calds de cimento e com gatos ¢ pernes. Quando a espessura das cantarias 6 assaz grande faz-se a integragio delas com a alve- Quando 0 envasamento € faciado a pico fino, a jun So das pedras € feita com mechas de gesso ou com massa de cimento branco, 's arcos dos vios de portas ¢ janelas nas fachadas OO Sesciaidas de conten, quando néo edo guacne: cidos com ombceiras e arquivoltas, tém as ombcei- ras ¢ as vergas em plene concordancia com as fiadas gerais de todo o revestimenco. Assim, os espesses da cantatia que cobre os arcos ttm de obedecer a um tracado especial a que se di 2 designacio de convergéncia. Ha varios processos de tracer as coavergéncias, to- dos mais ou menos interessantes e muito praticos, ba- seados nos grandes principios cléssicos da Arquitectura De entre os melhores demos quatro processes apli- cAveis a quatro diferentes tipos de arcos, mas que se adaptam perfeitamente a todas as restantes construcdes curvilineas, Convergéncia do Arco de Volta Perfeite—(Fig, 12) —Depois de desenhadas todas as fiadas do revestimento da fachada, divide-se 0 arco pelo intradorso num ni mexo impar de partes iguais, cujos reios convergem, como E natural, paca o centro. (© prolongamento das linhas, da aresta do arco para as fiadas du fachada, da o espesso das pedtas que for- mam as aduelas do arco. Tragado simplissimo e de bo- ato efeito. Convergéncia do Arco Sobrebaixado (Arco Abatido de 1 Centro) — (Fig. 13) — Divide-se 0 intradorso do arco num abmero impar de partes iguais, cujos raios, OBRAS DE CANTARIA CONVERGENCIAS como no tracado do Arco de Volta Perfeite, convergem também pera o centto inscrito na Haha do eixo. O profongamento das lishas até ao encontro do tra- cado das fiadas do sevestimento da fachada, di o es peso de todas as pedras que fotmam ¢ fecham 0 arto. Este tracado &, por conseguinte, idéatico a0 da con veegéncia do Arco de Volta Pecfeita. Convergéncia do Arco Abatido de 3 Centros (Fig. 14) —Divide-se 0 arco pela intradorso num miimero impar de partes iguais, como aos tracades das conver- géncias dos outros arcos atraz descritos. ‘A primeira divisdo de cada lado das aascencas do arco converge pera os centros inscritos na linha da lar- guca do arco, os pontos 2 ¢ 3 da construgao da obra. ‘As divisées insccitas na parte ceatral do intradorso do arco convergem pera o centre inscrito na linha do eixo, 0 ponto . ‘Como nos outros trecados 0 prolongamento das li- has até 20 encoatro das fiadas do revestimento da fa- chada, da o espesso das pedras que formam as aduelas da verga do arco. Convergéncia do Arco Ogival — (Fig. 15) — A Ucsie arco € bastante curios, Sonte iteree sante € todo o tracado da sua convergénca, Estabelecida a lacgura do arco A-B, divide-se essa linha em quatco partes iguais, e, assim, obtemos 0s pon tos A-a-O-b-B. © ponto O € 0 eixo do arco. Pig. 12~CONVERGENCIA DOS ARCOS DE VOLTA PERFEITA OBRAS DE CANTARIA Fig, 13 CONVERGENCIA DOS ARCOS ABATIDOS go Camsigst 0 aco centrando dea parm B at links lo eixo e depois centra-se de b para A até & intescecsao da mba do eixo.e assim obtemes 9 intradorsa do arco © exisadorso cbtem-se centrando de A pera 0 ligha B € mais a langura das advelag ate 2 nha do cixe e depots centrandorse de B pase A com a lengore aa eduels fe- chamos 2 constr. Seguidamente divide-se o espago ab mum otimero impar de partes igusis, 29ui no nosto estado 13 partes, que aiineranos. Depois dividimos o intredorso do exco fo mesing ninaero de partes, que muetemos 20 sentido fnverso, Pos que 20 linha AB numeromes de a pasa B no sstradorso do asco naineramos de B para A ‘Concludes estas divisoes, vamos cbier as linhes que Aifinitag os espessos do guaraecimente, do arco. ‘Assim, tramos lnhas dos pontes da horizontal A-B para os pontos tasaites 20 ietradarso do arco e que Prolongemos até 2 avesta. do extradorso para que os e=- estos figuem bem definidos Bxemplifiquemos: do poato 2 da lia a-b parte uma cecta pata igual pooto do intradorso, do ponto 3 pare Bare © Ponto 3d insadotso ewsrinsseesvamenie at Para ¢ costinuacio da obra segue-se sempre o mes- mmo ctitsio © cbiemse todo 0 trogado com 2 maior sim. Plicidade. Os pontos inscritos na divisao ad & esquerda Ga Baba do eixo fazem iacidir os seus ralos para os pon- tos do intredosso do lado direto, e 0s poatos instrtor 3 direta da referide linha do eixo devtam os £2!0s para (os poates do intredocso do lado exquerdo. TA divisio das pedtes sempre em némexo impac tanto neste arco como em todos os restautes, qualquer que seja © seu dpe, ¢ rimplesmente devido a0 lugar que se deve maanter para a pedra do [echo do asco. 8 ‘Como dissemos no inicio estes curiosissimos tsagados, podem ser aplicados a todos os tipos de arcos, cujo as- pecto deve condizer com todo o revestimento da fachada de ediieagho, qualquer que seja 0 sistema do seu apa- relbo. Dentro destes principios mostramos no estudo do Arco Abstido as cantatias com os espessos simples ¢ nos dos Arcos de volta pecfeita e sobrebaixada as pedras com seenterducias refendidas, para melhor compreensio dos estudiosas. © estudo da convergéncia do arco ogival é decerto de todos estes tracados o mais interessante pela forma como so obtides as linhas dos espessos das pedras que formam 0 guarnecimento do vio. Devemas também esclarecer que estes espessos po- derao ser refendidos ou chanfrados, tudo dependendo, como se sabe, do projecto da obra. Com estes quateo tra¢ados julgemos ter dado sufi- cientes estudos sobre os tracados das convergéncias dos clero que o que traamos para cantaria, tembém pode ser aplicado a trabalhos de massa ‘A execucio dos arcos de cantaria ¢ um das trabs- thos de maiores exigéncias a tespeito da perfeigdo dos tragados, cuja estercotomia € profundamente Classica. ‘Os espessos das aduelas que entram na formacéo dos arcos tém de ser rigorosos 20 maximo, deixando-se to- davia uma cesta esperteza em cada uma das pedras do ‘sev conjunto, E no fecho, porém, que, como se sabe, reside toda a seguranca do arco e assim € coaveniente que esta peca figue bem apertada, pare que todo o equilrio se maa tena, OBRAS DE CANTARIA Pig. 14 — CONVERGENCIA DOS ARCOS SOBREBAIXADOS Fig. 15—CONVERGENCTA DOS ARCOS OGIVAIS OBRAS DE CANTARIA C UN HATES 's angulos ou esquinas das edificagées que tem & designacao de cunhais séo geralmente nas bozs obras revestidos, quando nao eonstruidos, de canteria, em concordancie com 0 envasemeito € com 2 comija, formendo um enguadramento de fechada con- veniente, dentro do estudo arquitecténico preconcebiso, Os cunkais podem see construides por blocs de pedra de qualquer grandesa em patalelepipedos, por das regulares, macicos ou por pedras serradas, quento 2 sta contextura e a respeito do seu aspecto podem ser de superficie plana, de juntas refendides ¢ de alhetas. . cain | a | al 16—DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS REGULARS Fig. Quando os paralelepipedos que formam 6 cunbal sem espessura que atravessa as paredes tem o nome de jantoiras. Os cunhais de alhetas, que tanto podem ser xegula- res como desencomtradas, segunda 0 projecto da obra constroem-se sempre, conforme os tracados classicos, com as pedras estreitas mo inicio, sobre os SOcos ou en~ vyasamentos, como indicamos mos massos deseahos (Fig. 18-A). ‘Os cunbais de feces regulares (Fig. 16) tanto po- dem ser constituides com ama s6 pedra de face come Fig. 17 —PLANTAS DE DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS — 10 — com varias pedras. Nos cunhais de athetas sé se aplica gerelmente ume pedre de face se € constituido pot pe- Stas serradas (Fig. J7-D e E). Ge, porém, o cunbal ¢ macico (Fig. 17-8) cada fiade € ume sé pedra, sepetmos. Assim assecta-se sobre o soco uma pedra estreita e seguidamente faz-se o assen- tamento de uma pedra mais larga, depois wma mais es- teeta e assim sucessivamente até se atingir a cimalha que deve apoiar-se, sempre, numa pedra larga. E apenas questéo de fezer-se a divisdo da altura do cunhal no ni- mero de pedras que assim convenha, Nalgumas obras também, como nas pilasteas, apli- com-se juntas refendidas, tanto rectas como triangulares. Os aparelhos des pedras dos cunbais sf quase sem- pre de gual sistema em toda a obra; no eptanto tém-se feito construcées em que os cuahais apreseatem apate- thos diferentes des restantes centarias € até mesmo de- corados com molduras, tal qual como se pratica com as -H — | fe 1 a | B Fig. 18—DIVERSOS TIPOS DE CUNHAIS DE ALHETAS A | t r | n Na Fig. 17 apresentamos as vérias plantas dos di- versos tipas de cunhais, que vamos descrever suscinta- mente, Assim: A) — Cunhal de faces iguais construido por pedras de forro: B) —Cuahal de alhetas construido por pedras grossas; C) — Curhhal constituido por uma sé pedra na sua largura; D) — Custhal de alhetas consti tuido por pedras delgadas; E) —Cunhal de alhetes de faces desiguais. Porém, 20 finalize: este estudo lembramos mais uma vez aos estudiosos que, clissicamente, o assentamento das pedras que constituem as fiadas dos cumhais de alhetas deve principior Por uma pedra estreita e ter niner, em cima, por uma pedra larga 'O'cunhal apresentado 2a Figura 18-B & também wul- garmente denominado de paralelepipedos, pois que s2- Bemos que € construido de pedras com essa forma geo- métrica, com as superficies das faces todas iguais. No’ assentamento dos cunhais constituidas por pe- éras de foro € da maior conveniicia a utlizacio de bons gatos ¢ pernes ligedas para a alvenaria, 5 z FAI faiza é uma moldura clissica aplicada nos enta- blamentos das ordens arquitecténicas, mas aparte essa fungio tem geralmente em todas as facha- das, mesmo nes mais modestes, um destaque sobrema- neira importante. B pois destas faixas que fazemos o nosso estudo nes- ta ocasigo (*) A faixa € como 0 seu nome faz antever, uma pega de cantaria de pouca altura, assente encastzada na parede em todo o comprimento das fachadas. O seu asseata- mento pode fazer-se gateando-a para as pedras de alve- naria ou simplesment? empregando argamassa de ci- mento ¢ areia para completa ligacdo com toda a perede. © comprimento total de uma faixa pode ser consti- tuido por varios pedecos de cantaria, igados mo con- junto por gatos de ferro galvanirado ou de bronze, Este tipo de faixa pode ser apenas liso ou conter, varias molduras obedecendo ao projecto da obra. Para o bom assentamento € coaveniente que as pe dras no sejam muito deladas. B aconselhavel que as pedres das faixas tenham pelo menos 0,10 de espessura Nas boas construcdes é normal deixarem-se a estas mol- duras uma cand queypor vezes ultsapassa 0,15 A cabese € 0s cestantes faces recebem 0 aparelho indieado pata as cantarias de todo o edificio que reeebe As faixas assentes nas fechadas indicam quase stm- pre a separagio dos difereates pisos de um edificio. Nas construsées de somenos importincia as faixas sfo construidas de massa. Como mostramos 20 nosso desenko (Fig. 19) as fai- xas a aplicar nas vulgares fachadas podem ser conce- bidas de qualquer forma ¢ com quaisquer molduras, dea- to do elassico on fora dele. As faixas entram na construcio como elemento de- corative, acertam com as pilastras e combinam-se com todos 03 motives de cantaria que entram na composicéo dos alcados. OBRAS DE CANTARIA xX AS ‘As fachadas poderdo conter mais de wma ordem de faixas, dependendo tudo da altaca do edificio, pois que em gerel, como atraz dissemos, as faixas quase sempre indicam 4 sepazagio dos diferentes andares que com- poem a obra, mas o estudo do Projecto pode muito bem conter faixas em qualquer altura ou mesmo duplicadas, Os aparelhos a adoptar nas pedras destinadas 0 conjunto das faixas podem ser as mais diversos, de- vendo no entanto concordar com os aparelhos das res- tantes pesas de cantaria de toda a obra Os topos das diferentes pecas atte compéem 0 com- primento de uma faixa so ligados entze si por gatos e pernes de bronze ou de ferro gelvanizado (**) e ainda por uma leve camada de argamassa de cimento e arcia. Quando a altura das faixas 30 grande, nio ultra passando 0,20 ou 0,25, a centaria a utilizar € a que vendida no mercado com a desiqnacdo de lancil, que sé0 pecas de pedra com a largura e a espessura até 0,25 de cada lado. ‘As faixas estabelecidas pelos principios bésicos das Ordens ‘Arquitecténicas ser30 motivo de estudo 20 se- quinte caderno desta Enciclopédia. Em certas construgées desprovidas de cantarias as faixas so construidas de massa e quando atingem gr: de saliéncia sio construidas de tjolo farado, rebocado € esbogado como toda a fachada e suas sacadas. Para que da aposicao das faixas se obtenha bom ze- sultado estético aas fachadas dos edificios que as deve. conter, € conveniente que os pedreiros as deixem ficar bem niveladas, porque se elas ficam fora de nivel o re- sultado ¢ desastroso, Quando as pilastras so construidas de pedra com as arestas lisas, também as faixas deverdo ser lisas. (*) Ver Moiduras so Caderno NI 17 desta Esciclopétia, (7°), © iaveator da esivasizagio foi o fitico italiane Galvact (1737-1798). Fig, 19 —DIVERSOS TIPOS DE FAIXAS Mm OBRAS DE CANTARIA CORPOS DESTACADOS Gesignasio geral de corpos destacados dada a co- Tunas, gilares, pilaretes, balaistres, marcos, colu. eis € outros motives arquitecténicos € Jhes atr ouida por se separarem, segundo as conveniéacias, do macigo da construgzo, Estes motives tém na cantatia 0 ‘ew melhor material de execusio. Actualmente quase todos estes trabalhos so em al- gumas edificacées construidos em tjolo em betdo ar- mado. Porém, € va pedra aparelhada que vincan todo > seu valor arquitectural num volume apreciavel que, somo ja temos scentuado, dio aos edificios ndo 36 ri- queza mas também a mais clara nogao da eternidade, ~ BALAUSTRES O° baladstres, que mais n3a sio do que ymas peque- ‘inas coltnes, tem na arquitectura classica alguns tipos préprios, de bonito efeito e bem coadunados: com os entablamentos ¢ acrottrios onde tenham fogar. Nas construgées modernas constroem-se belaistres tro dos mais variados tipos, sem nenhuma obediéncia a regras. (Os dalasistres tanto podem ser cilindricas como cons- truidos de secc¢3o quadrada ou sexta € oitevada. Actualmente constroem-se balaistres de betio ar- mado, cujo prego fica muito baixo, mas ficam quase sem- pre xpuito distantes da beleza ¢ elegancia das obras de cantazia. Sido obtides por vazamento. o que faz alhear a utilizaggo de filetes inferiores ¢ das belas escécias e outras molduras de donairosas curvas. Fig. 20—-CORPOS DESTACADOS A) ~ Bolaistee Classico; B) ~ Marco de seerso ‘quadrada: C)—Marco de seszéo redomta 42 — Em madeira também se constroem baladstres para obras interioves, onde por vezes a ralfa tem proeminente interesse. Quando sio cilindricos os balaistres de ma- deiza so simplesmente obras de torne e chegam a atin- gir grande beleza de linhas. MARCOS Oe merce sie peauenos motives eects sob os tr- Tenos ou arruamentos destinadas aos mais varie dos fins, como indicagio de itinesiios, de dimen- ses, de propriedades, de vedagdo e outros. Em geral @ construgdo dos marcos, que podem com- portar qualquer aspecto arquitectonico, é bastante va- riada, Os marcos podem ser cilindricos, cénicos 0 qua- drados, quer na seco quer na forma e construidos por qualquer pedra com qualquer aparelho, ara a sua teguranga no terteno possuem uma co- bega de avultadas dimensoes. Pelo menos a cabeca dos marcos de pedra deve ter de eltura um quarto da sua altura total Nos nossos desenhos (Fig. 20) mostramos, embora esquematicamente, a fisionomia dos marcos de pedra. Alguas desies marcos, como aqueles que delimitam passagens, portées, etc. tem a designaco popular de frades. ‘Os marcos também podem ser construidos de betéo armado, cujo custo € muitissimo baixo. COLUNAS E PILARES 5 colunas ¢ os pilares (*) so 08 mais importantes elementos destacados das constugées arquitect6- _ micas e por conseguinte obras de alta categoria déypedra aperelhada. As colunas ¢ os pileres so actualmente constrvides, em certas edificacées, de betio armado. ‘Os pilaces e 05 pilaretes so muitas veres erguidos em Sjolo, tanto d vista como guaruecido. As colunas sso tambénn, especialmente quando erectas em Jardins, sim- ples pedagos de tubos de fibro-cimento de largos dia- metros, que geralmente so cziados. Como capiteis des- ‘as colunas assentam-Jhe superiormente amas pequenas lajens de betio anmado. Desprovidas de base assentam por sua vez sobre uns macigos de tijolo ou de alvenaria. assim temos praticamente umas colunas ligeiramente construidas. 'No entanto nas fachadas de certas edificagées onde embora nem de Joage se sintem os ditamies das Ordens Arquitect6nicas, aplicam-se cohunas concebidas nos mais Variados moldes quer ckissicos quer modernos. (1) As colunas © os pilares so teatades 0g Caderno Ne 17 desta Enciclopéaia, i i i é OBRAS DE CANTARIA -ESCADAS § escadas séo consideradas as mais impoctantes Shas de cantata, atinginds por vezes uae. im: ponéncia arguitectural de primeira ordes, O ta. ado das escadas para coastogae de peta obedece 20s freemos prinipios daquelas que se destingm a sex cons: truidas de madeice, A diferengs que existe € apenas @ (que de cespeito & difecenca dos materiais, Como todos 3s trabathoy de cantasia as escadas aio cousttvidas por iverson Blocos assentes em justaposicéo e sobreposigao, ‘As excadas constrvir em cantata cio em geral a5 escadas momumentais, os degraus de convite ¢ eseada- Fas. exteiores, ‘Nas estadas monumentais 0 sistema dos degraus ¢ indicado pela sua pouca altucs e grande largarm Em eral usase a altura de 0.16 ¢ a lacgura de 0,52, que hos da uma boa proporsio. A foemula usada para a ob- fencio desta cegea € assimn; divide-se 9 altura que se pretende dar aos degravs por 300 ¢ 0 cociente que dai 300 312 ou 0,312 que se arredonda para 0,32. A laxgura do fo- cinko destes degraus que pode balancear 0,04 ou 0,05 da prumada do espelho nao & contada na largura do de- resulta € exactamente a lacgura procurada; Nos degraus de convite € muito usado dat-sethes as mesmas dimensées dos degraus dos langos da escada principal. ‘Quase todos os tipos de escadas de madeira podem ser fambém construides de cantaria. Os tipos de escadas de pedra quanto & sua cons- trugdo podem ser os de degraus macigos, sobzepostos uns sobre os outros, ¢ os degraus de pedea serrada em duas pegas, — 0 espetho € 0 cobertor, como nas construcces de madeira. Nas escadas exteriores as degraus podem ou ndo sex ~ provides de focinko. ESCADAS DE DEGRAUS MACICOS AS escadas constituidas por degraus macigos 0 seu assentamento € feito pela sobreposicio dos pris- mas de pedra uns sobre os outros, montando 0 de cima sobre 0 de baixo cerca de 0,05 a 0,10 para um s6- lido apoio, evitando 0 escorregamento que pode vir a dat-se se assim se no proceder. Quando estas escadas sio de pouca largura os de- graus ficam simplesmente encastrados nas paredes late- Fais da caixa da escada ou apoiados em paredes inte- ores para esse fim elevedas, 4 los degraus de convite, lango independente © sepa- rado das escadas principats ou nas escadarion exteriors 0s degraus sio assentes sobre massames de alvenaria de Pedra com argamassa de cimento e areia ou mesmo de cal e areia, nos tracos correntes das alvenarias (Fig. 21) fe © massame deixa-se ficar um elegimento muito bem nivelado para o assentamento dos degraus. que de- Yer por seu turno ficar também muito bem nivelados. © assentamento dos degraus comesa, como é bem de ver, pelo primeiro degrati sobre o fixe do texceno e se- guem-se-lbe todos os outros até se atingir o patim. Nas escadas ou escadarias exteriores os degraus tim © piso desnivelado para a frente. a fim das aguas da chuva correrem por eles abaixo até ao nivel da sua ot do tenceno. O préprio patim. em geral construide de la- gens, também acusa descaimento para escoante das gues. Fig, 21—DEGRAUS DE CANTARIA ASSENTES SOBRE MASSAME DE ALVENARIA © descainento do patim « 0 desnivelamento dos de- graus no deve passas, por via de regra. de 1:100, pois {gue com o desgaste do piso 20 fim de certo tempo esse ‘A altura do primeiro deqrau é em regea maior que 2 dos restantes, pois que se deve contar com uma certa es- pessura de pedra para assentar no elegimento do mas- Same abaixo do nivel do pavimento onde 2 escada tem Fig. 22—ESCADA DE BETAO ARMADO COM OS DE- GRAUS REVESTIDOS DE PEDRA SERRADA OBRAS DE CANTARIA lugar. Acima deste nivel 2 altura desse degrau fica igual A iltura dos oxtras que thes ficam superiores, Com calda de cimento faz-se 0 assentamento sobre © massame de todos os degtaus € para que eles descan- cew uns sobre Os oattos & mister meter-)he por debaixo. © ando se pratica o respective nivelamento, umas pal- + tinhas Bxas de madeira cuja parte mais grossa que fica de fora se quebra quando todo 0 assentamento esti- vec concluido e bem secas todas 2s massas. ESCADAS REVESTIDAS 5 escadas constrvidas de alvenatia ou de betSo ar- \ "mado podem ser sevestidas de pedra, tanto de cantatia se so exteriores como de métmore pu- Ho se sao interioces. Muites escadas interiores #80 ¢e- stides de cantaria vulgar putida. © revestimento destes tpos de escadas é feito pelo volgar sistema de espetho ¢ cobertor, tal qual como se ‘cede com os degraus de madeira (Fig. 22). Este 7 sstimento de degsaus € conseguido com pedea ser- rade (*) de cerca de 00025 para os espelhos ede 0,04 04S para os cobertores. O afastemento das pedras é ito sobre am reboco petfeito aplicado ao betio armado > tesco da escads. Devem eviter-se espagos vazios para que as pedras com 0 trausito nio guebrem. Uma masse de cimento ‘arcia faz © ligacio completa de todo o revestimento. festas escadas revestidas de pedta tembém os patins se completam com 0 meso zatecal. ESCADAS DE CANTARIA construc das escadas de pedra obedece como js issemos 2 qualquer planta e $6 a sua elevacso difere devido a natureza do matenal empregado. Comportam, postente, os degraus de volta no sei so- Fig. 23—PLANTA DA ESCADA er meco (Fig. 23), tsagados da mesma forma como se pra- tice para as escadas de madeira ("*). Estas escadas, como ¢ bem Compreendido, ndo pos- sue pernas mas comportam guarda-chapins tembém de cantaria, onde assentam 9s guardas que na moiosis dos casos s30 formedas por balaistradas que suportam Inr- {905 corriméos. Os degraus devem sex, tanto quante possivel, cons- lituidos por uma s6 pedra, € 6 se permsitindo © acres- centamento quando a largura da escada for assaz gran- de. Quando, port, se ver de formar os degraus com mais de uma pedra, munca os espessos devem coincidir as com 05 outros. Devem ficar sempre desencontrades ou com os espessos alternados, pera a obtensdo do me- Thor efeito Os espessos dos guarda-chepins, do corrimdo ¢ de olutros motives componentes so sempre feitos na con- cordincia das rectas para as curvas (Fig. 23). Em elgumas escades totalmente de canterié ou mes- mo de marmore nem sempre os guatda-chapins 80 maci- gos: algumas vezes sa0 de tijalo que se zeveste depois de dantaria. Porém, neste trabatho nem sempre o zesultado obtido € dé molde a compensar 2 economia que 8 p: meira vista se posse avaliar. As vezes 0 conjunto das pe- cas, que formam 9 guarda-chapins abre, afestando-se as pedras umas das qutras, deixando es juntas muito largas. Este inconveniente temedeia-se um poco quando se utiliza uma boa espessiea em todas as pecas € se apli- carem bous gatos de bronze e boa massa de cimento. Porém, scmedos os custos deste trabalho, por posco mais constroj-se um guarda-chapins macico onde os de~ greus podem entrar nas rasgos ali abertos par2 esse fim, © assentamento dos balaiistres sabre o guarda-cha- pim € conseguido pelo processo de pernes, nes suas t: tremidades, paca eatrarém nas mechas abertas no lug: marcedo, Supesiormente o balaistre (em também © seu perme pera a meche do corrimao, O cortimao é assente na prumada do guarda-chapim, como acoatece pata as escades de madeira, ¢ 36 depois de bein certo 20 seu comprimento se abrem 2s =eches paca os baladstres, Estes tém de ficer muito bem epru- mrados. Ne construcdo dos gavetos tanto dos guarda-chapias como dos carrimaos deve haver a maior pericia do cen- teizo, para que as curvas no fiquem deformadas e fora do seu luger. Os tragados para estes teebalhos no local da obca devem ser feitos no chio, coma ne oficina 0 foram num taipal de medeire. (Os conjuntos destas curvas so sempre acabedos aos seus lugares para que a perfeicio de obra se wastre com- pleta. Os tracados das escadas so sempre classicos, como néo padia deixar de ser. pois que 2 expesiéncia secular a5 tem conduzido a zesultades certos, mas © aspecto estas construcdes pode ser © mais variado possivel den- tro de qualquer concessdo artistica (0) A designncio de pedca serzada & dada 2 plocas de qualidade de cantar, twadas das Slocus por serra © em Geral 4 pouca espessure. (0°). Ver Caderno No 3 Bet de Madeira OBRAS DE CANTARIA Fig. 2€~—ALCADO DA ESCADA renee Parganas Se Fig. 25—ALGADO LATERAL DA ESCADA rs sartestaenneesah Pee ne a BPH Na oe Fig. 25—CORTE DO LANGO DA ESCADA 15s OBRAS DE CANTARIA DIVERSOS TRABALHOS A “sos estos sncesniodes 2 sespeto de diver sos tragados em gue as cantarias tém principal cabimento, muitos outros trebalhos 2 executar em pedca ha que ter om conta, Entre os varios trabaihos de cantaria ou snesmo de matmore, que tém lugar na construsao da case, contam- -S€ os capeamentos € as moldures. Estes, que também podem sex executados em ma- deira e em massa, relegamo-los pare o seguinte Ca- derno. «vas os capeamentas, que da mesma sorte podem constrvir-se em madeira ou em sjolo, tém aqui o seu lugar. Outras obras de somenos importancia tiram os leito- res por analogia de execusao. CAPEAMENTOS s copeamentos destinam-se a cobrir na sua extensio muros destinados 2 bom aspecto, como divisorias de jardias onde se Ihe essentam gradeamentos, paredes divisérias de baixa altura nas habitacdes © a remate de platibandas ou 2 qualguer tipo de parede. Os perfis dos capeamentos x0 variéveis conforme © projecto da obra, ¢ 0 seu assealamento € feito sobre os mniros o4 paredts com argamassa de Gmento ¢ area com qualquer trago mais ou menos forte, como sejem os de 1:4 ou 1:5. mes vezes também so fixados aos muros com ferrothos arqueados ov com pernes metidos em chumba- douros abertos nas pedras dos capeamentos € em algu- mas pedres da alvenaria do muro. Em geal os capeamentos tracam-se estabelecendo a espessura do muro e dando para cada lado o balango conveniente. Na Figuca 27 damos vétios tipos de pertis de ca- peamentos. ‘As ithargas ou faces laterais dos capeamen- Fig. 27 —DIVERSOS PERFIS DE CAPEAMENTOS — 16 — tos de pedra rectos tém a designacdo evigar de cabe- cinkas. ‘Também se aplicam capeamentos de madeira, de be- tdo armado ¢ de tijolo. LANCIL [LONG 2 desionagio geral dads aos paras de cane taria de dimensdes estreitas e delgadas ¢ comer- Gialmente € vendido por metros lineares. Nas pedreicas medem-se estas pedras por palmos & maneira antiga, Gs lancis servem para as bordaduras dos passeios capeamentos. ombreiras e vergas quando néo ultrapas- sam 0,25 e para faixas e demeis obres de cantaria. ‘As faces do lancil s30 cabecas, leito e tardoz: as pri- meizas sdo aparelbadas ¢ as duas éltimas ficam lascadas ou ligeizamente desbastades, para ligagio 20 conjunto da obra, Todas as cantatias em bloco séo de um modo geral medidas por volume, medindo-se as pesas a construic pelas suas maiores dimensBes. ‘O lancil devido ao seu corte de aproveitarvento é de um prego rélativamente baixo, mesmo quando € obtido das melhores qualidades de cantaria CONDUCAO E ASSENTAMENTO 5 pedras de cantania s50 trabalhadas ¢ assentes com A\* Tecomenias sproprindas 2 este. material. Acon- dugio das cantarias também € feita com os apa- relhos adequados a pouparem as arestas que Se poderdo quebsar se no merecerem as necessasias preceucées. ‘Os dlocos saidos das pedreiras sio conduzidos &s serrarias onde So serrados em cubos, em placas ¢ em Tancis destinados a5 oficinas onde seréo adequados as diversas obras, sofrendo novas serragens e cottes. deg iS xamating J tabalhades sfo actuslmence leva fas para as construgées em camides, mas bem acondi- Sonades para se no quebrarem. Em tempos condu- ziem-se 2 pau e corda que era o seu melhor meio de transporte. No local da edificacdo rolem sobre rolos de madeice, elevam-se, presas a estropos, pelos guinchos, roldanes ¢ outzos aparelhos elevatdrios. = Pera se conchegarem as diferentes pegas de canta- ria no seu lugar servem-st os pedreitos de ferros de fuva. pequenos paus ¢ palmetas de madeira. Todo o esforgo devera ser feito de molde @ poupar as arestas de qualquer peca e a evitar # fractura nas pesas de pequena espessura. Nos assentamentos das cantaalas utilizem-se além dos gatos ¢ pernes, os gatos de botio, barras lisas numa extremidade e umha rachada na outra, gatos de malhete, simples barras mais estreitas no meio € gates de unha rachada, barras espelmades de um lado e de unha tevi- rada do outro in ENCICLOPEDIA PRATICA DA ~CONSTRUCAO CIVIL TEXTO E DESENHOS DE ¥. PEREIRA DA COSTA OBRAS DE (AS consteucées de pedra aparelhada exigem dos téc- nicos da arte de construir conhecimentos celativa- mente profundos dos tragados da classica arquitectura, ainda hoje absolutamente necessérios, para que a obra, no sett Conjunto, result convenientemente, 1A Arquitectura, a famosa arte monumental, s6 con- segue atingi: esta sublime designacso quando 2 sua obra € construida de cantaries. Quando a edificagio € conseguida de materiais po- bres, 0 sex valor artistico © a sua resisténcia ficam sem- pre aquem.da categoria que Ihe seria atribuida, mas quando as construgdes sa de pedra aparethada resis- tem etermamente sobre as muinas dos edificios abatidos co Sy CANTARIA pelos catsclismos ou pele passagem secular do tempo. Basta um simples relancear da vista para os wetustos monumentos da Gréeia e de Roma, nfo querendo deter- -a0s para as obras da génesis arquitectural do remotis- simo vale do Nilo, para compreeadermos abertamente @ duragio eterna das construgies de pedea aparethada — a cantaria. ‘Desfaz-se a alvenaria no seu conjunto, mas fica im- ponente 2 cantaria a desafiar o tempo, iS5o pois as Obras de Cantaria o tema deste Ca- derno, depois de 4 termos estudado os prelimiinares de tudo 0 que diz respeito @ este material ¢ 20 génezo de obras que nele se extcutam. Fig, 1 ENTABLAMENTO DE CANTARIA (Algado ¢ Cone) OBRAS DE CANTARIA M OL D Cowes, clemeato primirio ma decoracto aauitestévica ~ “figuram as moldaras, que, por sua vez, podem oF rio ser decoradas, ‘As molduras sio fozmadas pela combinagao de ele- mentos sectilineos ¢ eurvilineos entre das linkas para~ telas © tomam a desigmagio da forma como esse tracado reine as suas extemidades, Li. opitvare sh Fotis « Fig. 2—MOIDURAS DE CANTARIA (Entablomento) ‘As principais wolduras arquitectonicas com as quais se constituen as cornijas, capittis ¢ bases, debaixo do onto de vista classico, sio nove. Ei-las: 1—Listelo ou filete: faixa: 2— Toro: astrélogo ou tondinbo: 3—Cavade ou quacto de cireulo concavo: 4—Ovedo ov quarto de circulo convexo; 5—Escécia: 6—Gola ov taléo: 7 —Garganta ou taléo; 8 —Gorja ou meio redondo céncavo, 9 —Bocel. As caracteristicas das molduras pela sua localizago na obra ¢ grandeza sio as seguintes © filete ox listelo, quando tem grande altura, toma 2 designacio de faizs, ¢ quando colocado na parte su- perior dos capitéis chama-se ébaco: 2 [aixe, quando entra na composigo das cornijas e € provida de pin- gadouro, designa-se por lacrimal. ‘© toro, quaado é empregado com pequenas dimen. sbes, toma o nome de astragalo ou fondinko. ‘O quarto de circulo cncavo, quando toma Jugat na transigao do fuste das colunas para o capitel ov pare 2 base, chama-se escapo, e particularmente inescapo se € juste A base, e somescepo se esté junto do capitel; o U RAS cavado dizse dicecto quando a sua parte avancada fica fuperios e diz-se reverso quando 2 saléncia fica pare ‘O.ovado, quando € de tracado alongado, designa-se por ovedo alongado, e quando @ moldura € reprimida. chama-se ovado encurtado quaado 0 ovado € decorado com Svulos, toma a designacéo de ovalo: 0 ovado € di- recto quando 0 seu bojo fica para cima ¢ diz-se reverso quando o bojo fica para Baixo. A escécia ¢ ume moldura curva ¢ graciosa © toma as designasdes de profunda, eliptica € de centros, con- forme © seu aspecto e construcso; a escécia, aplicada com 2 sua maior largura para cima, tem o nome de es- <écia reverse, ¢ quando 2 sta maior largura fica pare Baixo, chamarse escécia directa. ‘A gola diz-se directa se tem a convexidade do lado de cissa e reversa se a convexidade fica do lado de Baixo: as goles podem ser alongedas, encurtadas ou achatadas, conforme forem largas, estreitas ou baixas. A garganta € directa se a sua concavidade fica su- pesior & convexidade ¢ reversa se se der 0 contrério; este talfo também pode sez alongedo, encurtado e acha- tado, de acordo com o seu tracado. A gorja'é exactamente a oposicéo do toro. Praticamente nos meios da construdo civil desi gaam-se algumas moldures por nowes que se vilga zaram através das geragées, n3o passando alguas deles de simples corruptelas. 'Assim, ao astrégalo chamam corde ¢ algumas vezes redondo: 20 cavado chamam meia-cane ou nacela; a gola directa, papo de rola e sim- plesmente gula se € de pequenas dimensSes, ¢ 8 gar- gante dicects designam-na por pescoro de cavalo ‘As molduras tanto podem ser construidas em can- taria como em madeira. Algumas mesmo, como 2 faixa, podem sec construidas em tijolo. ‘Desctitas as principais molduras clissicas, vamos proceder 30 estudo dos seus tragados, estabelecido © Fig. 3—CAPITEL E BASE DE COLUNA (Molduras) OBRAS DE CANTARIA Fig. £—CAVADO Fig. S—OVADO 'p iipio de que a altura das molduras deve estar sem- "pre em relagdo com a sua saligacia ou sacada. A propor- go mais useda nas cimalhas, na Iargura das suzs mol- Gas €, geralmenie, de 45° sobre'a sua alture, mas lem- ‘br nos que em arte $6 0 bom gosto impera. ‘C YNSTRUCAO DAS MOLDURAS C) sazade on quarto de cirenlo céncavo & como 0 set nome indica um quarto de circulo inscrite entre duas linhas peralelas © ovado on quarto de ciculo convexo € também, ‘pe sua designagio, um quarto de circulo inserito entre as_idhas paralelas, ‘mas ao contrério da moldura cén- cava. "A gola ou taléo € uma resultante da ligacdo de do quastos de cicculo, um bocel € a uniéo de dois quartos de circulo con- Pexos, um de maior raio de que outro. O quarto de lo maior pode ser mais ou menos alongado ou faci tado € © menor & sempre perfeito, Fig. 8—TORO Fig. 9~GORJA Fig, 6—GOLA Fig. 7—GARGANTA Obtem-se © bocel dividindo a sua eltuza em trés iguais, cujos pontos sdo ae 6. De a tita-se uma inka ‘horizontel onde se inscrevem duas partes iguais a acb, cujo centro b, de onde se centra dessa mesma horizontal pata 2 paralela dendo o quarto de circulo menor, De a centra-se deste quarto de cireslo para 2 paralele superior e tendo o quarto de circulo maior fica completa a moldura com o seu ojo perfeito. © Iistelo ou filéte € formado apenas por uma pec- pendicular entre as linhas paralelas, ado tendo, geral- mente, grande altura ‘A faixa € exactamente como o listelo, tendo apenas maior altsre Todos 0s tragados destas moldures sia de uma sim- plicidade absoluta, como os leitores podem observar pe- los nossos desewhos. WA escécia € a moldura de mais aplicada execusio, muitissimo usada na arquitectura classica ¢ de bonito efeito, E de feicdo céacava, mais ou menos arredon- dada, obtida por varios métodos, sendo na maioria das vezes ttacada por dois quartos de circulo ligados entre sie ds duas paralelas que a delimitem. ‘As escécias tanto podem ser aplicadas directa como reversamente, isto €, tanto podem ter a maior largura para baixo como para cima. De entre os varios métodos conhecides para os tracados das escécias estudamos seis, que Ros parecem 05 mais pritices € due mos dio as molduras de melhor efeito. 1/—Escdcia de do's centros—Divide-se 2 altura total em 2 partes iguais, onde marcamos os pontos 1 e 2. Do ponto 2 tiramos twa linka horizontal, onde também inscrevemes 2 partes iguais asda perpendicular © em cujo centro marcamos 0 ponte 3. Centrando no posto 3, Fig. 10—BOCEL Fig. 11 —UISTELO OBRAS DE CANTARIA Pig. 12-~GARGANTA ALONGADA tiramos wm pedago de citculy da paralela superior ete 2 horizontal e depois, centrande zo ponte 2, continua nios © quarto de cixculo até 3 paralela inferior, ficando terminada a moldura. 2° —Escécia de trés centros—Inicia-se este t£a- sado dividindo a altura total da moldura em 3 partes iguais e por uma dessas divistes — e superior — traga- Método) vamente, de A para B e de ¢ para B. Continuando, com © compasso em A tramos de Bum acco de eirculo pare a perpendicnlac C-D ¢ com 0 compasso em B tiramos de Aum arco pare 0 mesmo luger, o que nos da o ponto 3. Deste ponto 3 fazemos partir’ para 0 fonto a uma recta que, proloageda, nos d& a’ © que, passando pelo arco A-b, marca-nos 6 poato 7. Repetindo para © outro lado o enesmo tragado, fa- zendo sair do poate 3 uma linha pera d, temos © ponto 2 sobre 0 arco ¢-B € 0 respectivo prolongemento a’. ‘Terminada ests construcao, vamas tracar totalmente 2 canelura. (Com 9 compasso em I tiramos um pedago de arco de A att a e com © compasso em 2 tira-se igual mente um pedago de arco de B ate a’ \Agora fecha-se @ canelura, ligando, com o compasso no ponto 3, os pedagos de circule de a’ ad’. Canelura de Jénico Grego (Fig. 37) —Obtida pela ligha a-b a larguea da canelure, dividimo-la em 4 partes iguais e ficamos com ts pontos 1, 2 3. Do ponto 2 le- vantemos uma perpendicular, que divide em 2 partes iguais a Haha a-b. Depois, com 0 compasso no ponto 1, ramos de 3 um arco a interceptar a perpendicular, ¢ com 0 compesso no 3 elevamos também um arco que intercepta igualmente @ perpendicular e 0 primeiro arco € temos desta manzira o ponto O. Pig. 36 — CANBLURA DO DORICO RENASCENTISTA (Trazado de Vignola—2" Métedo) $ Deste ponto fazemos sair dues linhas rectas: uma 1a passat pelo ponto € que se.prolonge pata baixo © coutra @ passar pelo ponto 3 e que tacibém prolongamos. Terminada toda esta construgae, vamos tragar final- arente 2 canelara. ‘Centrando © compass no ponto I, fazemos partir de a um arco até ao prolongamento da linha O-I e com © compass no ponto 3 fazemos do mesmo modo sair um arco de 5 até 20 prolongamento da recta O-3, Para concluirmos a canelura tiramos, com © compasso no ponto O, um arco que liga os outros dois arcos jé ins- cries. Canelura do Dérico Renascentista— 1* Método de Vignola (Fig. 35) — Achada a largura da canelura na linha a-b, dividimo-la ao meio ¢ estabelecemos 0 ponto C. Deste’ponto tiramos um arco de citculo de @ para b, que, 20 passar ne perpendicular levantada de c, dé o ponto d. De seguide, centrando no ponto d. tiraimos de a para <6 um arco e est concluida a canclura. Canelura do Dérico Renascentista —2° Método de Vignola (Fig. 36) —'A linbs a-b indica a largura de- sejada para a canelara, a que se nio deseja dar grande profundidade, o que torna 0 estudo bastante ‘fscil "Assim, centrando com o compasso no ponto a, tina se com o raio de b win arco para fora da coluna ¢ com ‘9 compasso no ponto 6 levanta-se de a um outro arco ue vai interceptar 0 primeiro, dando-uos 0 ponto ¢. Finalmente com 0 raio c-a tira-se um aico para be temos terminado o tragado desta caneluca Expostos estes quatro curiosissimas tragadas de ca- nelaras, que poderio ser aplicados 4 voatade em qual- quer obra fora das construcées clissicas das Ordens Axqnitectonicas, incitamos os leitores 2 tirarem de qual- quer deles 05 resultados. magnificos que nos sugetem, Diremos também que todos os tracados, por mais dlassicos que sejam, podem ser aplicades as novas con- OBRAS DE CANTARIA Fig. 37 —CANELURA DO JONICO-GREGO cepgées do modernismo sempre com vantagens, 00 ca- minho para atingir 9 Belo—a supremacia da Arte de Construir. CAPITEIS A.

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