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Colegio ANTROPOLOGIA SOCIAL diretor: Gilberto Velho : Marshall Sahlins oe aeeeoes : eee ene : Pee retcn poser eeee| eee bee teee eee . “Ormumeseat CULTURA E RAZAO PRA | peace ee i een eer AZAO PRATICA : ene ae estan pee Fe ean ee eneaee | sna seria um grande servigo tanto paraateoria antropolégica como paras marsis- ta Pols pel simples fato de sera antropologia a cia de uma sociedade burguesa, {ujas aupostas virtues superiores ela nao referenda, sua inten maior pode ser emesis do materialismo critic: “ajudar os homens a sar de sua autoconstruida pesto de incompreendido determinismo econdmies” (Schmidt, 1971, pl). B este oexpirito dese lvro “A resistencia da sociedade tribal &teoria miaterialista tem tido muitas expres- soes, Houve clares anteeipagbes do problema nos trabalhos de Marc e Engels: “autela quanto pertingncia da dialétca material, onde os mos de produgio nio Confrontam os produtores enquanto forcasretificadas ealienadas; circunspec¢t0 {quanto 3s forgasformativas da base econdmicarelativas aos lags “naturas” de srangue’s observagao da imutabilidade das comunidades aldets arcaicas (ver es- pecalmente Marx, 1964; 1967 {1867], 1: 358; Engels 1972 (1891]s Marx e Engel, 1936, p405.6), De forma que agors, para cada pretensio de universlidade da jnterpretagio materialist, existe uma contrapretensio da sua relatividads. Para vada afireagdo da sua aplicabilidade ao todo da historia (Althusser e Balibas, 1970, Terra, 1972) hi uma reserva da sua especificidade ao crescimento e declinio ocapitalismo (Petrovic, 1967; Schmidt, 1971). A polémiea incide sobre oestatuto tebrizo do materialism histrico enquanto a citncia da Historia ou — coruja de Minerva algando v6o no crepésculo—enquanto autoconsciénci critica da socie- dade capitaistaavangada, ‘Entretanto, dentro da propria academia antropol6gica, materialism histé- rico nao tem sido um desqualificado sucesso. Claro que existem resistincas ideo- Togica, mas também existem critica sérias. Este capitulo Levanta algumas das princpaisconelusoes de ceros debates recentes entre o marxismo eos dois estra- aralitmnos antropologicos o ingles e o francés. Mas antes, algumas regras de base para tal discussio, Seria puro “terrorism” por parte do marxismo refutar esses argumentos antropol6gicos como idealisno burgués (ct. Sartre, 1963). Mas seria de igual node desanimador para a antropologia adotar 0 mesmo terrorismo ao contrario, deccartando o desafio marsista como um “determinismo econémico vulgar’ uma Compreensio “reflesionista”ingénua das relates entre a base esondmica ¢ as Superestruturaspoltco-ideolgicas. Hi exemplos concretos suficientes em Marx eee ee eee peo to meacionr a benches erg a etm erepotincl dB fet que jstiiam denaemse dead ta res A quedadvede occ tom o etrturalismo inglés ¢ red: arelevdnea do equema analico mavtst | para uma sociedade que: ‘nao conhece uma distingao organizacional entre base e ' superestrutura, quer dizer, onde as duas sio formalmente a mesma estrutura. Em / Spent ee ogi ont wee U avert mi ponds anon mars «ane “Contra pode to ser pa i pode ove alae crea Bi aguas ist uma scomodafio fel. O furiow cao de amer-Sdio etre esruturalomo ¢ marke comprom seated atria enon de Lc de Heche cu nudes else oan ope Alm dso, mancaruusspee qua os dls epost tnctnla do enrunralemo & ros co sucess Sapccwo ie ee tan il ened emo vera ind ree er uma Sintse, E rerdade que alguns militantes desprezam o estruturalismo por ‘stapueteoblime, Ms Lev Seas da que num eset ma {196 pt; 1966 p130): do mesmo modo gue Goer ach que Mar ra estruturalista (1972). Além disso, esta atracdo entre opostos tem similar na a prs anropelogl, bo lascinio gue La Sans ene pelo tlogo ange, Team apt teu habia cian canptma ) ave een Pee sem a da concepsao da continuidade na histéria que Marx. + ‘reconhecia para determinadas sociedades pré-capitalistas, é uma afirmacao expli- | ita da cultura na praxis, da ordem simbélica na atividade material. se Mare est emblem en o prinevos« rconeem i. Mas pra st uma dstingao de Athuser, econhecer um fato important, velo to &o mesmo eed © seu conceit. As formulacées gerais da teoria da cultura de sero ge ld pts inne a an si il em re ins aque Arlee ean produe no mundo oranizagio Simbolica da experiéncia—eiso ponto cro entre o marnism eo extraturlis tts tn opens ne ds reons ropns 2 rao url ep. Sucordinc€ sobre» depart dP instituir a ordem humana. oe Adicio proc ebro qua dee esr ane lin nid str ene aur eee ctr stue desloge omom Taee importinca da questo, da mesma forma ques difeuldades que o marxismo eo ‘Xtututsnn cena wager am do outs aumead pela aba cao de ques vino marian de fro soins ate pls occas do Sluice oitade ores utara, oat sonchonsa leagues ds, a ultra erect prion eee 7 . pisces WS Lv Straus Boas hviam sustentado sobre o passdoprimitv, Ors nfo ese ‘iriosagoe que manttm espe inet a stn mt coincide com ot da lac de preateco tentendimento antropolgic esencial da propria cltrat Urea bod forma bstrtur da sociedad comm odo [1956.63]. ‘Worsey¢ portant lerado encontrar uma dvesdade na unidade inst ee ar uma dversdade na unidade instita- COmarxismo eo estruturalismo inglés: sional sgundo'e mode de um iétode para desecbrit a nidade am oatroversin Worsley Fortes dliversidade inttucional ara se ter wn ado a claro dessa invert eric, peritam-me reproduzira mals famosa das deciargbes de Marx sobre o i quando Peter Worsley (1956) submeten os estudos de Meyer Fortes sobre o* pios materialist: ena ‘Fite (princpalmente os de 1945, 1949) ume critica marsste, adotos na - vray que pareia mas anata que dialtic.“f neces’ esrevew, “a> ‘A conclusto geal a que cheguet e que, uma vez aleangada, continuo servindo de crea de lags de parentesc, que € um sema untti de rae Tine-mesta ss mete etudos, pode ser bevemente emia como s ef Soave pesnoas nos seus sta components intenconisd dem dren produ soda que os Romer eam ees entrant lage efiidas que sto | eee indispenséveis e independentes da I arene ees sie ependentes da sua vontade; estas relagbes de produto corres- entre pondem 2 um estigio definido de desenvolvimento das suas forcas materiais de ‘producio. A soma total dessasrelacSes de producio consttuiaestrutura econdmica (econdmica, procriativa, ri (1956, 6, gfo meu). Aqui js tem um imprstionante afatamento Ao me, (956 pt Bi me Ao rorya sbreo site liege Poti Amat ec rio eto O ee proceed por Mark pat ds ts pla fue equ conga mae nar cnc doe pen o capiaisna oidental Worsley € obrigndo a desmembrar uma una Soy eer ere ger aia yoni prem de aparente de modo a descobrir as relagSes ocultas entre as suas partes Pi Ada soe police epi No consti dos homens ue eermia soy ‘Marz o problema era descobrir a unidade entre as partes — a economia, ei,0 ‘existéncia mas, ao contrério, sua existéncia social € que determina sua consciéncia! [Marx 1904 (1859), p.11-2.) stado que se apresentavam distintas eautOnomas. va dferenga demétodo é acho eu, acontrapartia tebrica de uma diferenca ; dteobjet cultural A sintese materialist sleangada por Marx fo um triunfo sobre teem neand sl ca mang: confit ae , Saparencia enganora peculiar da sciedade burgess. Luks explic,"s scone es frat mses em devevlimeno ears de prods eb { tnia, alee o Estado aparecem aqui como sistemas fechados ‘que controlam 0 todo Jo & revolucio social, & transformacdo da base econdmica e, consequente- Social, em virtude da perfeigéo do seu pr6prio poder e pela sua propria construct — A transformagio mais ou menos répida de “toda a imensa superestrutura’ (eee SO materaismo hist6rco’, conclu Lukées, “fl uma conquista qe fz toa dinamica quanto a determinagdo na teors,o movimento diacrOnico ea foi eapaz de ver que esses sistemas, na aparénciatotal- relago sincrbnica, pessupdem uma ordem cultural diferencada. A sociedade | sree independentesheméticos eaut6nomoseram na verdade aspects cum cabeadepe trimeric iia nen inenonacompos. \ ocr caciutvo e que a sua independéncia devia ser ultrapassada” (Lukics 1971, 5” — economia, politic, ideologia — cada um organizado por instituigoes \Was0) Mat os Tales, da forma como Worley os desreve,apresenam ese cexpecializadas (Mercado, Estado, grea, etc). A prdpria formulagdo de Marx do \ época exatamente porque ° materialise histrico cont Jplema ao inverso: fico contém tum a priori estrutural definido — mas de uma errs tspécie que antropologia tem reconhcido como particular ehistric. Vimo qu ques pons, erate qua gem se un por ep, mt vjof__ Amateaepistad do “primitv? ma orem ds clas humana xta- Fr nro tambéons mss eaten quelque te (6) meme a ausencia da diferenciadoente bas uperestruturasupesta pela con go, educaina ee-Os go que ga indie Cp materiaista, Otermo no tem tdo qualquer uso sensivel na antropologa oa cfc no ko somente goede interes units existe wma rede com a no ser para desgnar uma estrutura generalizada. Nas cultura rbais,aecono- midges deeneosement gue monte pesos juntas Esa mullite ‘mia, a politic, os rituase a ideologia nlo aparecem como “sistemas” distints, plea xen ama pent. a ea pits te nem as relagdes de Parentesco podem facilmente ser nlarcadas por uma ou outra emt erat em ens é pte, enorno ono de canes fangJes Coloeando a cosa objetvamentssocedade 6 rdenada por ut os raps ments de nt set do conten dase 8 nico econsistente sistema de relaes que tem propriedades que ns econhece- nt nego de parentacoé,entdo, a estrutura do sistema socal total os e parenela rea A clas de patentee ent, ‘mos por “parentesco”, que se estende ou delineia pelos varios planos da a¢ao , 16 Gata acto pica social. Os grupos relagbes tribais sdo “polivalentes” ou “multifuncionst sam todas a atvidades que, na cvlizagio ocidental, sto sueitasadesenvol- arnentos institacionais especais. O parentesco, que no Ocidente é uma dessas “apectlizagoes, limitads a0 Angulo doméstico da via social € 9 modelo d¢ ume «eee ade coma dos Tilensi.O parentesco 6, so mesmo tempo,"supetestrurs th perepectiva do materalismo clssco e base na estratura da sociedade bal. Panos Tallensiasrelagbes de parentesco entre pai filho, marido e mulher irméo wMnmalo, sfo as prineipais relacbes de produsHo. Sao também relagoes rtuais © juridico:polticas. A teligito € 0 culto dos ancestais, da mesma forma que ¢ politiea ¢alinhagem e produgio é 0 conjunto patriarea) Dat a necessidade que Worsley sentiu de fragmentar 0 parentesco nos seus sistemas componente. Assimilando desta forma a totalidade de uma sociedade araivnoes de uma outra, Worsley dest6io trabalho da histra por um trebslho aa snente, Mas, entao, “analitico material” deve descontar as propriedades do) parentesco das relagdes econdmicas ¢ red {ao pela base econdmics” a uma ecologa do interes prético€a ume psicologia JMemotivagio econOmica. Para aantropologia das sociedades tribals, a importan ligdo deve sera de que este argumento da necesidade material nfo & intelectual- ratte acidental. Em parte, o carer da critica de Worsley fi imposto pela teria srentante na antropologia inglesa. A espécie de materialismo que entende © parentesco como 0 “idioma” das coisas préticas€, de wm lado, urna adaptagio as rondges tegrcasexstentes dentro da dscplina.O materialsmo de Worse) 4. setitee da tese estruturalista desenvolvida por Radcliffe-Brown ¢ levada adiante por Fortes e, enquanto pura negasio, compartiha das premissas do seu oPQ0 por eo. Conserva particularmente aquela concepeio da forma social como “ex preset” de um “principio” essencial que ea fundamental no trabalho de Radelif- substitu 0 principio do interesse econ6mico pelo da fe-Brown, Contenta-se em telidariedade social, vendo 0 primeiro como a “base objetiva” do segundo, mas sco é io dominante na soredade Tale ea tein de coneases pei uote es neue elo os erent socal et tment fr da Oo se ene pect ole ve free bast com mite outs aca se aa ie oes Foto paretesco¢oprincpirticuador dorgciasio socal Ertan sa co tn como omit determined compartment ualaes SPST & Font rs isso ¢ qu de € «bse conc da maguiars de negragio ssi em depataneno po comn mostrar mito entados sobre Afric, 2 Oceania x Ame et i Per aagbes de pret 00 maior eerminante do pain de ognize oe dean ete dete quae os intereses predominant do povo so satsios stove era tea non david sci nl pasa vidades gd produ «cosa oe eos oe pes aia pa ages compromeias com reproduc edasase doy aac ceca manana dos ditos deveres ds indvidues uidedes cones descendent Py io au outon pare a wvidades erimonais elon" (Fortes 1949.23 0. 1 Bitvamente, ideologla de parents fuzi, desta forma, a famosa “determina- ) 3, © marxismo eo doi estrturliomes 7 parca chs fc na loan entoeam oren ong seamen hla cet ee Tai Soran citron ee fats senta uma tansformacio logia do materialism histrico perente Srnsec ct owanc asain" “nm et he rine pa cn tpn ns Scene Ssh cm loi le ey ca wns oan pe hn to ima cen on a cman on tangas ota as See eee astern mits ttn marae sa er peep re a ss Sc ca ence srelagbesestabelecidas — ou, is vezes mais modestamente, Toe fp so nein rains omy ines imal epee stems ate ea wpa teppei can tain oe) cpa ose Se soma strpos cate peep Ne ones es sms Wo cao Sn ie pets sido na vida Te. Masel erie ami a frm de egret de> mndmico, incluindo producio, distribuicdo consumo” (p.64, vie! 2 Iso pode ser comperado com 2 Jo ad compro om cca oman dia pl cal ox ar ts tivesse pique até recebero 4eu primeiro cheque de 6 Guta rasto potion {( me). Entéo, no primero estigio da anise de Worsley, o sistema de parentesco ordenador da producto & dissolvido nos seus reas “sistemas seis" — cuj reali- dade, ao nivel econémico, & uma dimensio tebrica abstrata — s6 para reaparecer mais tarde como a “expressio das relacSes econdmicas, das quas 60 conteido.” Em titima instincia, portanto, o materialismo torna-se uma variante do economicismo” A dindmica da estrutura de linhagem Tallensi € atribuida a motivos lucrativos, concebida como consequencia Obvia das condigbes objetivas de produeas. Os filhos permanecem sob a autoridade paterna depois da maturi- dade (esicénciapatrilocal) para poderem ter acesso terra da familia extensa, 0% enti, na falta de terra, uma vontade de ter o controle do seu préprio trabalho ou (0 cuidado com as suas familias crescentes leva-os a romper com o domiclio paterno, As solidariedades e divisdes estruturais que Fortes tanto aprecia sio basicamente questio de sentimento econ6mico. A logica da forms de linhagem € 6 interesse econdmico. Entre 0s primeiros e os iltimos estigios desse desenvolvimento te6rico, Worsley interpreta os outros “sistemas intencionais” dentro do sistema de paren- tesco, tis como o culto dos ancestrais, pela estrutura econémica que ele havia {gualmente analsado. Por isso, um momento funcional de uma relako de paren- tesco polivalente é entendido como o efeito de outro, quando, na verdade, cada ‘um est simultaneamente presente no outro. Worsley, por exemplo, sustenta que a relacio juridica ou ritual entre pa filho Tale epende de sua relagbo na produsio (p-41-9, 62). Mas & evidente que sua relacio na produglo depende também da autoridade do pai na estrutura patrilinear e da devogio ritual do filho (Fortes, 1949, p.204). Mas odilema basico nesta, como eng toda andlise, € que ndo se pode determinar as propriedades de parentesco da telagdo através das coordenadas ‘econdmicas da interagio, Nada nas condigdes materiais ou nos interessesecond- tmicos specifica a qualidade de parentesco enquanto tal, Os agricultores Tallensi no se relacionam como pai filho pela maneira como entram na produgios entdo, les entram na produgso porque se relacionam como aie filho. Esso que torna a réplica de Fortes inatacivel (1969, p.220ss.) > Avedugo de relagbes de produ hittin, coperetas a uma etrturafantasma abtrats de ‘ecesidadesprodatve parece uma condigfo necesa para apicaro materialism histric lsi- ots sociedades primitives — como, por exemplo, gs “unidade de produ corespondendo « formas de coopea;so, na ands de Tray sobre bs Garo (1972; ver também mais adiante,p 26) 08 1 "limitades orgaizacionais bisicas no extudo de Godelier sobre os pigmeas Mba (1973). Tal imposigto do modelo infts-estraturssuperestrutura € s vets justia como tna passgem "Sentifia” ds reaidadessparentes para as escondidas, mas € mas corretamente wma toca analtiea simultines do real plo formal e do histrico pelo eterno. As rages concretas d,produsio sio {omadas meramente como un sparta de necesidadesformais-éenica ea mais remota absta- {0 € eno tratada como averdadeirsinfiaextratrs,Dalser o modo de produto histicoconceto “eapicada pla redugao a desunimadorasrepras postivamente de ficcia materia-Pars um proce- rias do que tinka recebido, ¢ suas relagbes paternas devern ast, entdo, as relagdes eco- ee ne 14 primeira instncia pelos doador theres ‘edo chefe dialogador sot rane (tone eran tualismo fe pace nara ba ae 1¢ aqui a autoridade ritual sobee Paterna ¢ dividida ae ron at nian rma dus nto so abst abstancialmentedistinguldas pelos Fi poiso 51:3. Ves no dito econ micos i 40 Cutan prin Linhagem do phage Lunhagera do fin dT ‘soeoe eines na ordem de parentesco moalano (—* directo das FIGURAA + Relago triddica evidente! Ipaseada no “sangue sagrado”). obrigagbes econdmicas principals A > B > C, serie itual final “superior” e “acompanhe” o Indo da chef; entrada da frente oposta & “interior tadiionalmeate orienta asotaventoe“acompanhs lado comum.- saan tncingbe (num sistema de quatro clases auano padronizado) s0 pri BENE simbolicas,porgoanto a superesrutura da comunidade da aldea€tradicio- Sehmente a infreretratura da construsio domésica.O plano exterior da casa — emu sme da vida familia, que 6 20 mesmo temp, uma miniatura da smunidede poe —medeiaasrelagies entre o domicio ea ade econsitu omnes da product da lela A casa €construid coletiamente, Masa forma du cooperasao nfo decoresimplesmente ds dimensbesteicas do sevio. Por radio crunaistncia sittin e ative da corespondénci signiiativa entre ratte ¢domestiiade, endo of segmentos da comuntdaderesponsves plot eens da cz, de acordo conta corelago de esruturs.B, como et suben- toed na descigd squint da consrugio tradicional de cass, esse conjunto de caneordanciasestende-s para fora, paraasesruturascoturas da natureza: ‘te lado da casa volta para © mar erachamado de lado pobre (ja tuage) © ve apaiarao 0 fnl ont oo se asa fost perpendcilar a tora oo sararinsoaubre,eacompanhavao o final do mar. Se somente a ale Tunbou ‘ines constrindo os Katumbalen ( segment de che da meted principal) ee Ne: © marae €s dois extruturlisnos a ‘i tA00 FNAL mEHIOR eS FIGURAS + Representagé spaces . 0 esquematica dos expagos sociaistradicionais da casa moalana. talamaolaa abs al pm aera etd psp no Sa seo cpt cnt mei ean at vaio pen gl cts eto fumos eng a te deca) pure Tinio Ged tera ues) dines oak Seto Lena ese rsa, Ce or ste superna om odo sb; Waa eWatanb feam om ofl a pteretal ae eae eee da terra de “A. ‘Cidade’ tambu relativa a ela); Natokolau (ou Dakt 1 metade territorial ieee a torial da ih) fara com oto ad ofa ete. [oe 998, 126, Vejase, 2s p.113-4, uma trans B26 Wi formagao dessa estrutura na pesca coletiva das si iso a can rept de cord como stern de gut clases le a0 qui se refer, Una projeo das mexnas lias de separag na 2 pov dace como sue mis ‘universal (ver Hocart, 8 pt omar umn oman "sore iinm aeserre int sre nt con cones pliner de ost dr crete tern content nercanitcomac cole hada de Hort nto como a Serene pptearmceoes nema teeta or imi ve conidia © sogrocelc bese, bauatento tem unt quarto oriental concebido como “scm do seindo, “aba” Daten tm un guar stor as ato “alto morgen co si tat trata ma eo np a i pe eheatasy Portada feta mais aia da cass droga : donc sda che oe ae emg oe ag eu a Cultura e rato prticn integrando a vida familiar sentido do interior produziria um espago tripartido, )2? Os finals titeralmente dentro das categorias da sociedade mais ampla (figura 5) “inferior” deste espaco trisseccionado, logue ¢ sue respectivamente, s20 opostos nos tipos de sociabilidade, uma vez que ele tém valores diferentes. Separado do resto da casa por uma cortina de casca de érvore, o final superior protege 2 pltaforma onde o mais velho da familia dorme e tem seu depésito de bbjetos de valor, armas e ferramentas agricolas. Seu uso geralmente €restringido ‘gos membros da familia (que também podem guardar os seus pertences Id), mas principalmente ao turagae marama dacasa(0“chefe” ea “chefe”).O valor relativo {ho final superior distingue-se nao so pela altura, mas também pelas fnas esteras hele colocadas, em comparagio com as esteras da entrada da frente eas esteiras nelhores, mas ainda comuns, que cobrem a secao do meio. O final inferior do ‘omicilio é mais piblico que privado eéhabitualmente associado com 0 fogio da tlhe os utenslios clindrios ea comida quente, por oposicio ao dormir (sexo) as colsas masculinas?® A série de oposigbes envolvidas é ainda mais ampla do (que esses extremos domésticos traz A cena as complexidades interessantes da ‘Givisgo sexual do trabalho. O fogio da mulher dentro de casa se ope em contraste smuitiplo aos fornos subterraneos nos quais o& homens cozinham, que se situam tradiionslmente nos limites da aldeia. Assim reencontramos. relagio diagramé- mulheres: homens: :dentro:fora—que tinhamos visto antes nas oposigoes niticas entre Terra (= lado da mulher) e Chefes (= lado do homem). Também faz sentido os fornos subterrdneos serem geralmente reservados para ocasi6es espe- iais —- por exemplo, para os domingos — ¢ 0s fogoes das mulheres para 25 refeigbes do dia-a-dia. Mas as inversOeslopicas também devem ser salientadas: 8 Corinha do homem é seca, subterrdnea e no meio “mais baixo” da ters; acozinha dda mulher se fz fervida er panelas — acima,e no meio de 4gua salgada ou creme ‘de coco (ambos “masculinos”). Voltae brevemente a essa troca complex, quan- do discutir as relagdes de producto. ‘Mas primeiro completemos a sociologia tripartida da casa. A excepo dos chefes de linhagem, que, juntamente com os membros da familia, tim acesso as “superior” € Fane umm semelhangaimptessionane ene ete diagrama en eitrutura desis partes desevolv- Beeeseaue (957) apart de mater estat sbretudo ss representaoda“unidade social” oer ae vel documento do rraga 8 aldla Cava sobre a principal ha dos ii. O cago Merete ume comprarto deta, ash interes aro nas reagent categorie (fr fopeem um simridade de extrrara mal profande — ds gual omasdelo de seis partes sere {is uinaconeetiari. BS ctogss dentro io dori foram leplent ribose Mola. Toda coin ets ume aaa eee aeparads-cmbores comida ejsinga servis pla mulheres do final inferior da cst eee tap (190, p69) dz sobre» Tau do Sul que a lariraseram tradcionalmente aoa sch eet de cntseda mast expec de que pono devs (éa porta oude dentro ‘Gecans) Nap tee mas informs algumawobreese aspect. | s#0 complementar de superior e inferior, cade a © marssme eos ois xruturaiomos 3 portas later ‘cerem resp todos os vsitantes deve tes devem entrar pelo terminal inferior F epermane- peste hag yen Bip astern conde a rearing nines ei eae ¢ fins do domicilio (figura 5), de tal fe alge) Talgeratvdade rtualizada, como o hve as pessoa que bebem e comin se Shag autargggencome air eerereae tes : i arquitetOnicas e as da cultura geral 6. = aa Sicha, i en Ne ome wom anilise é uma série de clasificagdes paralel ‘nica estrutura operando ie de classificavoes paralelas, ou uma unica estrutura operand. em plans ciftrens,& a enp ‘quatro classes é, a0 mesmo pre #0 to estruturada, pees Ines esttur Essas relagdes estendem-se necessa oda inde 0 ebdigo de reece: rica forma, Revelando-4e em uma habia pessoas sao elas préprias habitadas pela riamente aos objetos da vida familiar. As objetos diferente a -ntes no espaco tinico re i a ton nc se Fess; Pols também os bens sto marouterra,macho oufémes, chefeou pov, ; ‘mar ou terra, machoou femea, : Tefeigio deve conter um elemento a“ Clr ant priicn J) e um fundo sélido comum (“comida a sio “a cabega de todas as coisas” Sua na guerra marcante de carne, peixe ou verdutras (i coi vverdadeira’, kakana dina). Os dentes de bali “inica medida social 6 um ser humano: eles dio seguranca nos e¥ViG0s, ‘ou no trabalho, aqueles que os aceitam como oferenda; seguram a esposa para 0 arido, compensam 0 guerrero por seu tributo de uma vitima canibal © sogro pela morte da esposa, o parente da mie pelo nascimento do seu filho. Hoje er dia Pe dentes da baleia estio expostos as Vezes nos postos mais altos da casa, mas normalmente sio guardados na parte dos fundos, coabitando com outros objetos de autoridade (mana) no lugar de dormir do homem mais velho. Valiosos como ‘so, os dentes de baleia ndo podem ser trocados por qualquer coisa de uso comum ‘da mesma forma que se poderia dizer, por motives semelhantes, {que o filho mais novo nao poderia comer a comida do mais velho. $6 duas coisas Se contrapdem metodicamente aos dentes de baleia — a tartaruga ¢ 0 porco— “cabega de todos os alimentos do mar ea “cabega” de todos os alimentos da terra ‘Mas isso porque um porco pode ser substituido por um homem nos sacrificios ea tartaruga € 0 “peixe que vive" (ika bul) ou 0 “homem-peixe” (ike tamata) contra qual opescador do chefe sera obrigado ase substituir no caso de falhar na pesca, Paiste uma equivaléncia transitiva entre os dentes da baleia,o porco e a tartaruga, paseada na sua intermutabilidade com os homens.” Agora os antropélogos des- cobrem frequentemente “esferas de troca” nas economias tribais — a alocagao de bens entre classes inconvertiveis, cada uma constituindo um circuito isolado de jtens transacionéveis separados dos outros por discrepincias de valor social (Firth, 1965; Steiner, 1954; Bobannan, 1955; Salisbury, 1962). Mas que sto as famosas esferas de troca, nao ser 0 momento funcional de um sistema de obje- tos? Eo sistema de objetos? A transposigéo, em um outro plano, sociedade. ‘Uma “base econémica” é um esquema simbélico da atividade pritica — do somente esquema prético na atividade simbolica. Ba realizagto de uma dada rdem de sentido nas relagbes efinalidades de produgio, nas avaliagdes de bens ¢ determinagbes de recursos. Considere-se a oposigdo moalana de “terra/mar’: Mais {teracio entre grupos sociais ou entre homens e mulhe- al de uma distinggo natural. As relagbes de mnstituidas de acordo com as estruturas através disso, 0 mar e a oupor comida— do esquema de ‘que um discurso sobre a res, ela significa a organizagdo cultur produgio vigentes no mare na terra so cot de reciprocidade entre as categorias assim designadas e, faturais sio dotados de uma ordem cultural. Para 0s terra enquanto elementos 1 ies. Primeiro, a ‘Moala, as estruturas de reciprocidade relevantes sto de duas espéci / 1 Now também, conforme erelago previamentedicutida entre a vridade ober supremo wig aes end expecicamente acopleda aos dentes de buleia as Feminine — a coupe de casas da noiva edo noivo(e- Lets, 1939-40, 9.28), spresentaes mattimoniais entre os pazentes (© marcisme ef dois etraturliznos 4s toa sin conepndendo to alamo excl comglgnen secede mos rvs da Teed lar nchando oe aon os Chefs 0 grupos de meses pescadors (ka wa dn) vineladoe seven servigo — fornecem produtos um ao outro a partir dos elementos com os. is tém uma afinidade natural, O Povo da Terra, como se costuma dizer, “nao 6: nite falc ma gua’ De fate a aden dominadas pla Terra fazer mul poe pesea em ato-mar até oe apes da poubliade de acess seis pagans oa papel é ular, principalmente tro, supra eta com bolo de tar de coco 2 com pos es nade npouo contro pore mp San ‘sco se no dee eer ae re os ee tartaruga S86 0 que o Povo do Mar fornece & Terra.» A segunda forma de recipro- cidade € um interim mais complex, cortespondendo mais roprianentexa stems dequte ce cus aeaioqunncatre cote hee ae | pate por ain dae por «mbnnca ou sons que set ae Serena pod omen ste Eocene da dvisto domestica do wabaho, exercitada por todos os jem um momento ‘propia tos cme gud ino do bono sed Str spore"? propor prepreg paroem toade tina ftom pene *"O memnorcanecesoanbinreoans means) homes mas psa er omsuanioenntene Pesca ¢ a colheita diéria das mulheres nos lagos que produzem o princi pal ‘uprimento de comida no mar Alm dio asmulerstranam esis fate rope dct adeno quedo elie desea eet itor waste do own, Otcan sa vaste ae ce Suis pte conic nacongtemiarrtnacsc wea 22 Nes somo Povo do Mat (La wi nous org pat No steno plist Os noxos ‘ies (aca) ao tba fem cps maiatctes Eunos ov do Mare “len Ga Moat Os noses ior to atvam Once no dr hora a tn mas asl de vain), um ge chara Veni None anton pore deli plantas ot msm alimentos Neva peor Bsa sm cm tds o das «todo rd no ramos» coed Hoje en i tot Senin bem pecan. Nor ancestral conc oink mas le ao ao do fes da Terra” (Sireli, o mais velho da aldcia Nuku, 1955). * _Thompuon lima qn Lado Sl ox Cet so aos comparads com et to pescadors epee (194 9.32, 11> 20 Po qe dS bene gue Monee imo tt emanate ead Conta rasa ena i ater ao tt jas de bits cee prema espeese gue o ap Tee do Mar proporinen ‘respectivas comidas expeciais, a 31 Be inbolmo pati car em momentos diferentes a ata de catenins ues tects dos Et Wl 83, pane, 946 Shy, 96) Ro Nato ‘nu Laem srr par aes epee fares nc pea per einhame eos as pas prc inane ao (Chin 148 p73) 4s Cara erst prion mulheres sfo de “dentro” na vila eno mar adjacente,lanqueadas no outro extre- mo geogréfico pelos dominios das homens sobre alto-mar ea florestacerrada.A distinglo tripartida entio permata a oposigao terra-maremn uma tipicaéstratura de quatro (figura 6). Pois a terra € socialmentebifurcada em aldea (Koro) e mato (eikau), enquanto 0 mar é de igual modo diferenciado em wai tui ou “mar dos chefes” dos homens, aém dos arrecifes, em contraste com a lagoa ou a parte costeira do mar, lugar das atividades das mulheres, chamado pelo mesmo termo (dranu) que.as aguas doces costeiras.” Na expresso de Marx a natureza conheci- da pelo homem é uma “natureza humanizada’ Por outro lado, comega-se aver a questdo nas crticas marxistas correntes 20 estruturalismo como uma logica imével deestruturas equivalentes, sem qualquer sentido de domindncia ou determinagio entre os niveis da ordem cultural — e consequentemente sem qualquer conhecimento da mudanga ou do evento (Ter- zy, 1972, p.39-41). Esuma espécie de “paradigma vazio” kuhniano, uma ver que, ‘parao estruturalismo,acléssica dstingdo entre infra esuperestrutura no faz mais sentido aro, Também nao cil entender a “preponderincia do fator econdmi- ‘o" no entendimento estruturalista do fator econdmico. A chamada infra-estrutu- ra aparece como a manifestagfo de um sistema total de sigificages em ago no ‘mundo, um processo que qualifca também o sentido da experiéncia prtica como uma relagio naquele sistema. A ingra-estrutura incorpora uma superestrutura uma logiea concetual que nem é a do proprio mundo — no sentido de uma cficicia mecdnicainerente — nem express suas propriedades materiais, nfo ser ‘como uma valoracio culturalmenteespecifica. Qualquer ordenasio cultural pro duzida pels orcas matriais pressupde uma ordenagio cultural desss forcas. Permitam-me abrir uin pequeno paréntese sobre as condies insttucionais das categoria conceituais dos Fiji. A parte a patente e excessva simplificago, talvera falta principal dsse tipo de explicacio do texto cultural sea ofato de que ele prossegue, de certo modo, inventando antropologia sem se beneficiar das explicagbes etnologicas jé conquistadas. Mas a esta altura, com os exemplos do estruturalismo francés e inglés simultaneamente colocados perante nés, parece claro ques forga de cada um é 0 complemento do outro. undo pretenderia fazer ‘uma sintese, Somente observar que a transposicao de wm dado esquema simbli- 52 De modo correspondent, a gua slgads,enquintooposta gus doc, particlarmente eis ‘ne puiicagio, Alm dito a ambigtidadeenvolvids na exporaso pla mer do elemento geog- [Sco mascaling esuperoyo maz encontrase com ax estes ius que no seria mito alicis 4s eos seriohgeas de Douglas (1966) ou Leach (1964), exatamente porque osimbolimo sexi perticular também # congruente com of cones fjlancs de poténia masculine feminine: 25 ‘nulheres rides, da mesma forms qu se mulees mensruada, sf prejuicas pesca paso ‘gues purfiaefo co final dese condgdes,chamados "bao no mary sto normalmente a oasiso pare retomada de pee com dite pao conaprid cmprensod si enguato otdeminsitucond pnetslondeSobesaconnas net ae to consistente de relages (primeiramenteo parents) dendcbraie oa na onsgentenens,tenbtooameriamo enteor de oie ae svt maa cedar tae et ‘Puro interesse especulativo; é uma condigao real da vida social. Seas distingbes no. melo (ambiente) etioconetada metafricament com dieenca ne Tea Een as mesmas relagdes que regem a produgo Tegem tambér 7 Politica. Na medida em que as relacoes institucionais permanecem consistentes ac cn fal Seong omens permite ao ce supreme mpi 3 suPrems- Spano oir genet att doses commons Sain dena togno rine mbna da pr ol ae em ita do chef una ver que, como estan eset fore nis (mata ple) — ua permstaio das corelasdes doadrer-de-mulhe- doom La frm €acompanhada por uma sti de otras ca Sot a re coe necessidade pode sr jul ; zontal a itingaochefelplebe¢ passa da horizontal 0 eixo geogréfico da dstingdo chetep sors vert En vee devi porn —aucrige dor erage doce 7 nda dalinhage governane de Tins ln eto a pra cat com uma ther da pops indigena mais primitive (a pr= ert por uma verso, descendente Ga minhoca). Donde, jéque starcaomar Pera ame epresentag conor pra dad oie Mae ‘servo fume images inda que em um estado secunddtio © em de dualism, ainda que em wm die se desenvolve af uma imagem: pesado sod pop ins an ae Shatome Song alm ds, ea dead da ops ei “oat do "ola da mule” pra a dain entre ingens dos mas eos ¢ dorms nov a africa eliza fndarentaimente plano dos ‘Stns eno drum son deta genera Vio dot oa codificago da relagio entre mais vlho emis no ected demi rnin ats Tend ma foo ns oo, Ua conrad iso ¢xear se nae rl mh agen dete marco Ceo wremuler) Em amc nel dexobrineodeverofinet do Sr aac rnate cape, o Tai Tong, o chee que permanece imovel ¢ rem ‘que combina o poder materno imigrantes como “estrangeit pose pene ee ar ado, i gra ane pateno raprni. © dvasoo de Toga € represen nante como © mana pater oa ecard . ken du, sgrada ¢ scala, ea at eee re aoe an moma da nage gvemant qu de (otha un angio cat, Na verdad et seen €oeabouo ea pen ue se extend em principio toda Tong, stndo a dust pure seabegadas respectivamente pelos chefes mais vlhos-sagra ee ea vez que o primeiro esté para otltimo com: Tnoyorteclates. Ora ua © marnsmo eo doi esrutraionos 5 mulher” para o “lado do homem’, e como a mt homem fora’ existe na divisio em metades uma inversio fi ~ espacias fijianos, com o superior sendo agora o interion stvisbesreferem-se 2 sua disposigio geogréfica. A Kauhalauta (meade ae tat ones) morava no lado de dentro ('uta) da rua, enquanto que a Kaubalelats {retade do chefe secular) morava na parte mas baita da rua, ou sj, do lade dy Gatos Pats protegero Tui Tonga e seu povo”(Kaeples, 1971, p.192; ver tambery Gifford, 1924, 1929; Bott, 1972; Leach, 1972; Biersack, 1974). ‘Todos os elementos desse sistema existem também entre os Fj otentals, mas Sip sintese ou domindncia, Iso inclui os grupos “estrangeiros” anémalosigados &s linhagens dos chefes, caja origem externa continua sendo uma qualidade fay damental de sua dentidade local, apesar de toda aaculturacio, Em Moala, sto cle Sicarpinteiros do chefe — chamados de “samoanos"—e 0s grupos pescadores de Bau Gau. Um 6 entio, Terra 0 outro Mar, mas ambos sto “poves diferente?" on forasteiros em comparagao com 0 Povo da Terra indigena e peritos mais ont {nies ténics que cerimonias (ambos 0 tipos de atividade,contudo,englobe, dos sob a noglo de “trabalho” (cakacaka}), Uma vez que o Povo da Terra es por {radiggo doador-de-mutheres para os Chefes, esses pertosestrangeioslegitincen ‘us ligagdo com a linhagem do chefe através do casamento de seus ancestras imigrantes com as filhas dos chefes supremos moalatios. O sistema oculto no ualismo moalano € a troca generalizada, De igual modo, as aldeias abrigam um dualismo co ico, uma composigio triédica da diade. Tradicional ‘ou caminho em metades complementares, sendo uma ulher esta “dentro” em relagio ao inal dos conceitos “Os nomes das duas macentrico dentro do simé- imente dividida por um rio ‘ lugar da metade do chefe, 2 Facadetaes togstcos ver Sains (1962), Sobre oad lin ver Moca (1970) e Tippett 52 Gata erate prtica iradigdo estrutural dessa natu- ‘A ia geral & de que, quando existe uma cont x resistente aa, existe também uma dire; a0 hist6rica. © dualism fjiano pode sr vere gras expécies de circunstincias contingentes. Mas, por um lado, © suet) pode enfraquecer esse dalismo através da acumulagio de inconsisténcias histor ror oureo lado, bé a contradicio interna se os eventos sf0 continuamente reinterpretados por uma estrutura privilegiada, a estrutura ‘mantém, pelo mesmo process, ui eventualidadeprivilegiada — que 6 aparentemen® édescontinua vem ca propria. O sistema fijano tende, ou pelo menos évulneréve. at certa Soecrin a produyao era organizadn como reprodusto dos in Nem nna ste eens j0 continua do presente pela: ccmntcoms si rama ama cana opr ae oa mundo: “A Histéra nfo € mals que uma sucesso de pera jem Seep ome i i a tae at tese, por um lado, continua astividade trac eee Fa a iene cretion ume dade comp (Marne Eagee, 1955, p57). © marsome 05 dis exruturalimes ss relapdes de parentesco definidas (Marx, 1964, p.64ss; 1973. p.471ss,)A finalidade ‘nfo era uma acwmulaioilimitada de uma “iquera” abstata,paralelaa recrngae de produtores meramente como “trabalhadores” Para o individuo, ea a reali, ‘Go concreta, a auto-objetificagio de uma existéncia social. ais fins sto fnites, Marx podia ter pelo mundo que os reconhecia o mesmo respeito que oantropsle. 0 estrutural tem pela procura de “modelos fechados, formas e limites dador” © “satisfagag de um ponto de vista limitado” (Marx, 1973, p.488). Mas Marx diver, Birla de todas as antropologias posteriores na ida de que a comunidad antiga, que mediava as relagdes dos produtores com a naturezae com eles préprios neg ra propriamente um produto socal la pertencia mais propriamente dordem de natureza: 0 desenvolvimento de agos“naturais” de parentesco ou sangue, produ. indo, além disso, com instrumentos que estavam mais ou menos naturalmente aoaleance. Por um lado, entdo, a causalidade estrutural cléssica do materialism histori- <2 assim suspenss,sendo seu campo de aplcacio relativizado como apropriado estritamente As formasbes capitalists. Contudo, a ordem social das cultura pri. ‘mitivas ndo pode ser considerada uma superestrutura erguida sobre um aliexee real de relagdes econdmicas. Pois, como Marx repetidamente insist, em formas tniscomo a comunidade clinica orginica, a ordem social é pressupasto da produ {#0 da mesma forma que étambém sua intenglo final. Aesta altura, as condigoes iredutiveis que os homens encontram na produgio, condigbes prévias ¢ inde. Pendentes de sua vontade, as quais, por conseguinte, ele tém de submeter sua atividade material, sto seus “lasos naturais” de sangue, linguagem e tradigoes Para a sociedade primitiva, os “alicerces reais” e as “superestruturas” trocar on seu lugares em aspectos decsivos. Alm do que, por outro lado, a suspensto da rganizasao econdmica (Richards, ——— oe : ee eee seco at ae aac et ‘selvagens” — mais geralmente de que a “ética” do ant “ 5 eee eee Sie ee Soe ee 6 Como o projet de Malinowski opslarmente dest {057 save Malina fr tin hes ms ee proces de Sze eee halaooa {sce eins rnc de roar usm ead uo pcan mal rier vist canal emda trae ec) eno cecal as ¢ P elementos cltras muito universas efandamentalmentehumanos ese reconhecimentoseaberd Aditindo a expliass, ou ea, + desta, em te tdetins elt, gh ei, em eros amie, cone ext (190 20 Culture rte pedtica cultura. Em vez de submeter-te &compreensio de uma estrutura com uma exis- tencia independent eauténtca, ele compreende a estutura pela sua compreen- so do objetivo dela, fazendo assim com que sua exstencia (da estrutura] depend dele. ‘ara Malinowski era um ponto importante do método etnogrico “pereeber «© ponto de vista do nativo, sta relagdo com a vida, para compreender a sua visto do seu mundo” (1950 (1922) p25). Este era um principio fandamental do seu Sempirismo radial, como chama Lesch. Hi, porém, uma contradigao clara entre esse empirismo e a compulsto para dissolver costumes estranhos em nogbes utlitéias.O “empirismo”entio deve consstir na apicagao radical de uma teoria a aos interesesprticos edo clculo pessoal — que sustenta que as maneiras aparentemente peculiares pelas quais as pessoas estéo agindo no merecert em ada, nos Eeus proprios termos, a nossa atengfo, Certa ver, Kroeber langow @ eguinte pergunta, pensando obviamenteem Malinowski:“Por que um Yurok no ‘ome em sua canoa enquanto navega no aceano?” A questes como esta “ni ha ‘nenhuma resposta dbvia como aque se da perguntas do tipo: por que uma fecha ‘emplumada ou qual €o uso dadoa uma rede de pescar” (Kroeber, 1948. 307). Malinowski — feita esta critica —serecusa a reconhecer qualquer capacidade no sistema cultural, quanto menos tentar compreender sua logic inerente. Areas jnteras da cultura escapam, portanto, a ama expliagio funcionalista, ama vez «quedo formam nenhum sentido prtico aparente, Leach colocaafeitgara como tim exemplo do que acaba de ser dito: “De acordo com o dogma de Malinowski, pelo qual essa racionaidade natural 8 espécie humana, as crengas em fiigaria. re nso sendo nem sensiveis nem racionais — nunca foram efetivamenteincorpo- ‘das ao eaquema funcionaista (Leach, 1957, p.128-5 cf Nadel, 1957) Havia muitos outros dominios da vida das ilhas Trobriand — parentesco, ia, politica — dos quai Malinowski deixou-nos uma avaiaga incompleta ¢ tuorsstematoada devi alguns dsses mesmosesrdpulos eos. le cons derava os textos e declaragbes de pessoas como simples formulagbes do ideal, em comparagdo com os motivos reas pragmaticos que governavam as relagbes dos omens com tai regras e entre si (c, Malinowski, 1966 [1926]. Em tudo iso, Malinowski inverteu nio apenas as premissas de uma antropologia boasiana, como também 0 relacionamento original do antropslogo com a populacio. £ bem verdade que Boas terminaria tendo uma compreensio do parentesco Kwa ‘Gull igual que Malinowski tev do sistema Trobriand. De fat, Boas fi muito rmais inoerente, a partir de um respeito decent pela ininteigibilidade do indo. Boas achava que os ftos“falariam por eles mesmos’ Hoje em dia, esta afitmagao ‘considerada como osigno de um empirismo ingénuo. Mas, em primero lugar, 0 ‘que se procurava era uma submissio& cultura em si mesma, um comprdmisso em ‘encontrar ordem nos fatos, e ndo em colocar os fatos em ordem (cf. Smith, 1959). ‘A ingenuidade empirisa de Boas consistia nailusio de que a propria ordem se ois paradigms de teria antropoliica a revelaria exatamente tal como apresentada, através dos textos de mil recetas de salmao, sem se beneficiar de nenhum entendimento da sua parte.” Tratava-se ‘aqui de uma relasio totalmente diferente com 0 objeto. O antropdlogo foi reduzi- do ao status de um aparetho de gravacio; nem mesmo sua prdpria inteligencia podia entrar em cena. Para Malinowski, porém, o “selvagem? era negatividade pura. Ele ndo exista; Malinowski,o criaria: “Ouso a palavra ‘Kiriwina’. estou Pronto; pequenas cabanas cinzas, réseas: sou eu quem as descreverd ou criard” (Malinowski, 1967, p.140).. © funcionalismo utilitério é uma cegueira funcional para o contetido e para 1s relagdes internas do objeto cultural. O contetido 4 apreciado apenas por seu. efeito instrumental, sendo sua consistencia interna, por conseguinte, mistficada ‘como sua utilidade externa, A explicago funcionalista é uma espécie de barganha feita com a realidade etnogréfica, na qual 0 contetdo & trocado por uma “com- preensio” dele. Uma teoria, porém, deve ser julgada tanto pela ignorancia que exige, quanto pelo “conhecimento” que oferece. Ha uma enorme disparidade entre a riqueza e a complexidade de fendmenos culturais como o Intichiuma eas nogdes simples do antropélogo quanto as suas virtudes econ6micas. Somente a fragao mais infinitesimal dessa rica realidade, e nada do seu contetido especitico,é avaliad por sua funcao."* Quando Malinowski demonstrou que “as ceriménias Intichiuma dos aborigines australianos, com suas dancas selvagens, seus corpos pintados e seus escudos simbolicamente esculpidos, desempenhavam uma fungi na sua vida econ6mica” — ou seja, ue estimulavam a produgio através da ante- cipagao representada pelos ritos (Malinowski, 1912) — o que de fato aprendemos sobre essas dangas selvagens, esses corpos pintados e as mil outras propriedades do Intichiuma? Esse empobrecimento conceitual & 0 modo funcionalista da produgao te6ri- «a, Ble se apresenta exacerbado quando a fungao buscada ao nivel bioldgico, 0 que é quase sempre verdadeiro, ndo s6 em Malinowski, como também em versbes ‘ais recentes da antropologia (cf, Vayda, 1965, p.196; Vayda e Rappaport, 1967). Quanto mais o fato cultural se afasta da esfera da uilidade a qual estéreferenciado — 4 orginica, a econdmica, a social —, menos intensas e mais mediatizadas devem ser as relacoes entre esse fato e os fendmenos dessa esfera; consequente- 17 Radin present esumidamente 0 principio de Boas de que “ninguém tem o dito de akerara foxna ext aaa informaqoes fora esa’ cmbore, a meamecbractige em pot idades tent do mest de tala acltera om peas sdotando un tata ifesonna, cate otras imperfies do todo historic (196 1933) Pra una cute esc da sitae de crcunepecyao de Bou pre com ofedneno em si mesmo, verse agp “O edo dt gan ou se [it 18 Neste post, devo muito Rr Bergmann ¢ Raymond C. Kel), quanto « una prcra foxmulagto die dos rendimentosdcrescentes para expla fanconase que deve del a Catara eraztoprdtica ‘mente, menos intensas e menos especficas serdo as coergdes sobre a natureza do costume em consideracao; menos determinada sera explicacio através de virtue des fancionais, ou, inversamente, maior seré a variagio de pritcas culturasater- nativas que poderiam servir igualmente (até melhor) 30 mesmo propésito. Deve hhaver muitas maneiras de estimular a produgfo além de encenar uma ceriménia Intichiuma. Na reatidade, a explicagso sai frustrada no seu objetivo de tornar 0 costume inteligivel; esta & uma forma bizarra de se ocupar dos seus préprios assuntos. Para nos provar a indeterminagio de qualquer desss explicages, basta inverter a questdo: €vantajoso aumentar a produgao —e, consequentemente, & ‘vantajoso o Intichiuma? O entendimento funcionalisa de Malinowski teria sido mais convincente se, la Radcliffe Brown, ele examinasse a ceriménia a0 nivel do fato social. As relagSes dominantes entre os clas tottmicos, homens ¢ mulheres, iniciados ou nio-iniciados, teriam de percorrer um longo caminho até tornar intelpiveis as dancas selvagens eos escudosesculpidos. Quanto mais se recorte 3s vantagens econ6micas, menos é dite. E menos ainda teria sido obtido se Mal- nowskitvesse levado adiante seu projto, até o nivel biologico. Ai entSo, cont 4o cultural, cujaespecifcidade consist no seu significado, ficaria completamente perdido em um discurso de “necessidades" vaio de signficagao, Tentou-se formular uma regra geral dos rendimentos decrescentes para a cexplicagio funcionalist: quanto mais distante e distinta a prética cultural do ‘observaor da sua pretensafungao, menos essa funcao especificaré ofendmeno. A regra deve serconcebida como uma expresso instrumental da “autonomia relat- va" de diferentes dominios cultuais(cerimBnia/economia), particularmente da irredutbildade do cultural 20s nveis consitutivos da integragio fenomenal(su- perorginico/orginico). Ness titimo aspect a fonte geral de inadequagio nas explicagbes pela fangdo natural estérelacionads, precisamente,aatividade vlora- tiva da simbolizagio: mais uma vez, a natureza azbitréia do signo, que envolve o objetivo apenas seletivamente,submeteo natural a uma légicaespeciica da culta- 1a, Lucien Sebag demonstra-o bem: por definicao, toda refracio de uma realidade através de uma linguagem implica uma perda de informasso, podendo o que £abandonado, por sua ver, tornat-se0 objeto de ‘um tratamento da mesma ordem. A atividade lingiistca aparece portanto como wz esforgo permanente para submeter 2 um conjunto de formas um dado que sempre ‘ltrapassa os seus limites. Mas ndo é esta uma caraterstica apenas dalinguagems; é& cultura como um todo que se deixa definirids mesma maneire. A relagio do dado natural coloca isso em plena lz: quer se trate da sexuaidade, dos ritmos do desenvol- vimento do corpo, da gama das sensagSes ou dos afetos, cada sciedade aparece como submetendo a um principio de organizagfo que nunca & 0 tinico concebivel uma realidade que se presta 2 uma multiplicidade de transformagies. A partir dssefato, compreende-se por que a explicacio naturalista sempre insuficiente, pois esséncia da necessidade, descoberta aquém das diversas modulagées culturais, nio nos pode ois paredigmas i toriaantropolgica 3 “dar sento 0 esbogo da propria forma da culture, nunca do seu contedo; or, é este ‘limo que deve ser compreendido. [Sebag, 1964, p.166-7.] [Em francés no original] Lo conteddo que deve ser compreendido, Esse & 0 nosso objetivo. No entan- {o,a pritica funcionalista, como jé vimos, consiste em considerar as propriedades culturais simplesmente como a aparéncia. O concreto-real cultural torna-se um abstrato-aparente, apenas uma forma de comportamento assumida pelas Forgas ‘mais fundamentais da economia ou da biologia. Sartre fala, num contexto andlo~ 80, de um “banho de écido sulfirico”. Além disso, como as forcas supostamente ‘essenciais sto na verdade abstratas — sobrevivéncia humana, necessidades hua as, ete. —, a abstragao do simb6lico atinente ao objeto foi complementada pela simbolizagio de uma abstracio pertencente a0 antropélogo. O ataque de Sartre tinha como alvo um certo marxismo, que se contenta em negligenciar a logica auténtica de um “fato superestrutural’, tal como uma obra de arte ou um ato, politico, ¢ as determinagbes especificas do seu autor, em favor das determinacoes ‘erais de classe e produgao. A partir dessa visdo, a poesia de um Valéry érepudiada como um exemplo de “idealismo burgués". A critica de Sartre parece apropriada, Ponto por ponto, a pritica funcionalista cléssica: (© formalismo marxsta € um projeto de eliminagso.O método €éntico ao terror na sa recusainflexvel do dierent; sua meta € a assimilacio total com wm miaimo ossivel de esforga. O objetivo nio é integrar aquilo que é diferente enquanto ta, Dreservando para ele uma relatva autonomia, mas sim suprimiclo .. Determinagoes ‘specifics despertam na teoria as mesmas suspeitas que as pessoas despertam na ‘ealidade. Para a maioria dos marxistas pensar &exigirtotaidadee, com esse pretex. ‘0, substitu a particulridade pelo universal £ necessério levat-nos de volta 20 concreto [o material] e conseqentemente apresentar-nos com determinagbes fun.

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