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Obras de Antonio Gramsci Editor: Carlos Nelson Coutinho Co-editores: Luiz Sérgio Henriques € Marco Aurélio Nogueira Cadernos do cércere (6 v,) 1. Introdugio ao estudo da filosofia. A filosofia de Benedetto Croce 2. Os intelectuais. O principio educativo. Jomalismo 3. Maquiavel. Notas sobre o Estado e a politica 4, Temas de cultura. Ago catélica. Americanismo e fordismo 5. O Risorgimento italiano. Notas sobre a historia da Italia 6. Literatura. Folclore. Gramética. Apndices: variantes ¢ indices Esoritos politicos (2 v.) 1. Escritos politicos 1910-1920 2. Escritos politicos 1921-1926 Cartas do cércere (2 v,) Antonio Gramsci Cartas do carcere Volume 1: 1926-1930 ‘ORGANIZACKO, INTRODUGAO E TRADUGAO DE Lui Segio Henriques G CIVILIZAGAO BRASILEIRA Rio de Janez 2005 COPYRIGHT © Carlos Nekon Coutinho ¢ Luiz Sérgio Henriques, 2005. on Evelyn Grumach PROJETO.GRAFICO Evelyn Grumach ¢ Jolo de Soven Leite PREPARAGAODEORGINA'S Carlos Nelson Coutinho Luis Sérgio Henriques (CIP-BLASIL. CATALOGAGAO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DELIVROS, RJ Soeaninie Apéndice ISBN 85-200-0692-2 1, Gramsci, Antonio, 1891-1937 ~ Corsespondéncia, 2. Co- ‘munistas ~ Ilia ~ Correspondéncia. I. Coutinho, Catios Neb son, 1943 IL Henriques, Luiz Sérgio. I. Titulo, cpp - 920933543 CDU ~ 929GRAMSCI 05-1757 “Todos os direitos reservados. roibida a reprodusio, armazenamento on transmissto de partes dest livro, através de qualquer meios, sem peévia aucorizagio por escrito, Direitos desta tradugHo adquitidos pela EDITORA CIVILIZAGAO BRASILEIRA Um selo da DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVICOS DE IMPRENSA S.A. Rua Argentina 171 ~ Rio de Janeiro, RJ ~ 20921-380 ~ Te: 2585-2000 PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL Caixa Postal 23.052 ~ Rio de Janeiro, RJ - 20922-970 Tpreso no Brasil 2005 Sumario inTRODUGAO 7 Luiz Sérgio Henriques CRONOLOGIA DAVIDA 47 (5 CORRESPONDENTES DE GRAMSCI E 0S MEMBROS DAS FAMILIAS GRAMSCI E SCHUCHT 61 ‘CARTAS DO CARCERE 71 1926 73 1927 99 1928 223 1929 311 1930 389 inDICE ONOMASTICO 469 Introdugao 1. ‘Morto em 27 de abril de 1937, mais de dez anos depois deilegalmente preso, “julgado” em tribunal de excegdo € posto sob direte vigilncia das mais altas autoridades do fascismo (de Mussolini em pessoa), An- tonio Gramsci nio era de modo algum um desconhecido nos circulos envolvidos na luta politica. Personagem de primeiro plano dos conse- Ihos de fabrica turinenses no “biénio vermelho” (1919-1920), secsetd rio do Partido Comunista da Itilia e deputado por uma circunscrigio do Véneto a partir de 1924, além de dirigente da Internacional Comt- nista (Komintern), Gramsci viveu intensamente os anos da crise do li- beralismo italiano ¢ da ascensio e consolidacao do poder fascista, bem como da ruptura representada pela Revolucio de 1917 das ilusbes ue esta despertara sobre uma iminente “revolugéo mundial” antica- pitalista, cujo ato inaugural teria sido, exatamente, a revolucio dos sovietes. No plano intelectual, a atividade de Gramsci se desenvolveu no jornalismo e foi especialmente intensa: milhares de artigos, escritos mais (ou menos ao sabor dos acontecimentos, ficaram registrados nos arqui- vos da imprensa operdria de Tarim ou de Roma, em tftulos que jé eram ou se tornariam hist6ricos, como Avanti, L'Ordine Nuovo ou L'Unita; ‘o problema é que tais arquivos eram praticamente inacessiveis durante ‘0s anos do fascismo. Gramsci, com razo, supunha ter escrito “linhas suficientes para encher quinze ou vinte volumes de quatrocentas pagi- nas”, mas fadadas “a morrer no fim do dia”. CARAS Do CARCERE ‘Apesar desta atividade prolifica, por algum motivo ele préprio contribuira para o relativo desconhecimento do seu nome, ao se opor pelo menos a trés sugest6es de coletaneas antes da prisio: em 1918, Umberto Cosmo, seu velho professor universitério, estudioso de Dante ¢ personagem importante destas Cartas, Ihe sugerira uma selegio de pequenos artigos aparecidos na imprensa turinense, “com um prefé- cio muito favordvel e muito honroso”; em novembro de 1920, Giuseppe Prezzolini, nome destacado da renovagio intelectual italia- na de inicio do século XX, chegara a providenciar os trabalhos de composigio de outra antologia, mas o proprio Gramsci, por motivo ignorado, acabou por ressarcir as despesas jé feitas e recolher 0 manusctitos; e, por iltimo, Franco Ciarlantini, editor e deputado {ascista, propusera, jd em 1924, a redagdo de um livro sobre 0 movi- mento dos conselhos de fabrica, com o compromisso de nao acres- centar “nenhum preficio ou comentario polémico”. Nova recusa, ainda que Gramsci tivesse considerado “muito atraente” publicar um livro por uma editora fascista, antes, obviamente, do endurecimento definitivo do regime em 1926", Na verdade, 0 cércere foi o lugar altamente improvaivel transfor- mado em laborat6rio para a construgio de dois documentos fundamen- tais do século XX, que, cada um & sua maneira, contribuiram para “absorver e centralizar” a vida intelectual do prisioneiro e concretizar sua pretensio de deixar “algo fir ewig”, a partir de um ponto de vista “desinteressado” em relagio &s exigéncias mais imediatas que assolam "GE, nesta edigto das Cartas do edrcere,catta 250, 2, p. 83. Em tom divertido, ainda no incio da experignciaprisional, Gramsci relara episddios em torno da sua equlvaca “fama” not meios populares: tem o sobrenome, de origem albanesa, tstropiado das mais variadas maneitas pels interlocucoresy um anarquista recur ase, desladamente, a reconhecer Gramsci como tm homem pequend e corcun- da, endo-o imaginado “um gigante"; um sargento da escoltatata-o com bizarra deferéncia, 20 saber que se tratava do “famoso deputado”. Gramsci admie, com auorironia, que nio & “conhecido fora de um cfrculo bastante restrto” no mun- do “grande e tereivel”, como costumeiramente se expressava, CE. carta 21, infra, p. 116-20. InTropugae 0 dia-a-dia de um jornalista, mesmo quando € talentoso: trata-se, evi- dentemente, dos Cadernos e destas Cartas do carcere. Os Cadernos, uma espécie de “nao-livro”, com sua curiosa disposigéo em pardgrafos de tamanhos variados, indicadores de uma considerdvel concentragio de esforgo, ainda que o produto deste esforco corresse 0 risco perma- nente de desaparecet sem deixar vestigios, “como uma pedra no oce- ano” —e isto quer em algum arquivo do Estado fascista, quer em algum ‘outro do Komintern stalinizado. As Cartas, uma espécie de obra-pri- ma por acaso, um complicado mosaico cujo autor tinha, em geral, “invencivel aversio & epistolografia”, mas no qual, certamente, pode- se acompanhar —além dos acontecimentos mitidos da rotina prisional que lentamente mataram o individuo Antonio Gramsci e muito além do que se pode esperar de uma correspondéncia “convencionalmente carceréria” —a tragédia politica e existencial dos “revolucionarios sem revolugio” no Ocidente capitalista. Tais surpreendentes cadernos e cartas, de edigdo péstuma, é que garantiriam para seu autor o estatuto de clissico da politica (e da li- teratura) do século passado, mas €evidente que nio nasceram do nada, na circunstincia desfavoravel do carcere. Ao contrario, cadernos € cartas tinham conexées profundas — do ponto de vista da forma mental dialégica do autor — com 0 modo de ser e de agir no perfodo pré-carcerdrio: a saber, respectivamente, com a palavra escrita no jornal e com a conversa informal (meio de que comumente Gramsci se servia, na falta de dons particulares de tribuno ou orador de comi- cio). Pelo menos, esta é uma das muitas indicagdes dedas por Valentino Gerratana, que ajudam a entender continuidade e ruptura entre os periodos pré e pés-carcerario, entre o dirigente politico revoluciond- rio € 0 pensador que, em condigées extremamente adversas, ilumi- naria a insuficiéncia fundamental da estratégia bolchevique em sociedades complexa “alentino Gerratana,“Prefazione”. In: A Gramsci. Quaderni del carcee. Edigio

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