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COMO M PROCESSAMENTO DAS A terapia focada nas emocoes (TFE; Gre- enberg, 2002) é uma terapia de curta du- ractio baseada em evidencias e que emergit do € . Com base na: do apego, a TFE propoe que (Greenberg, 2007). Os processos hipoteticamente envolvidos nessa relacdo condizem com elementos de outras abordagens delineadas até aqui, in- cluindo aceitacdo, empatia, foco no presen- te e ativacdo de sistemas tranquilizadores de afiliagao inerentes aos seres humanos. O conceito de esquema emocional também esta de acordo com a perspectiva da TFE de Greenberg a respeito das emogGes (Leahy, [sso condiz inteira- mente com as metas da terapia do esque- ma emocional (TEE), pois esta responde a conjuntos especificos de crengas e estraté- gias metaexperienciais sobre como alguém poderia se relacionar com as suas emogGes. HORAR O EMOCOES Além disso, tanto a TEE quanto a TFE re- conhecem a fungao adaptativa da experién- cia emocional como processamento de in- formagoes. Por exemplo, a teoria da TFE sustenta que a emocdo possui contetdo cognitivo relacionado e que ativa-la pode levar a um entendimento mais claro de seu contetido (Greenberg, 2002 Na TFE, bida como conce- psicoterapia. De acordo com Greenberg e Watson (2005), a relagao terapéutica opera de duas formas principais. Pi a relacdo resulta dire- tamente na da fungao de uma. a resultando em maior capacidade a autotranquilizacgao. Se a relagao te- rapéutica também serve como ontexto no iene O terapeuta da TFE trabalha de forma altamente cooperativa, oscilando entre guiar a experiéncia emocional do paciente e acom- panhar as diregdes emocionais as quais ele se 166 Leahy, Tirch & Napolitano encaminha (Greenberg, 2002). As técnicas comumente colocam papel de “treinador emocional” (Gottman, 1997), facilitando o aumento gradual da capacidade do paciente de regular as emogdes e tolerar estados afetivos dificeis. A cognigao é vista como componen- te do processamento emocional geral na TFE, mas nao é considerada o tinico papel regulador (Greenberg, 2002). Dentro desse paradigma, as emogoes podem influenciar as cognig6es, assim como estas podem in- fluenciar as emogoes. la TEE, “considera-se que a avaliacao ea emocdo ocorrem simultaneamente para gerar significados emocionais” (Greenberg, 2007). De fato, Greenberg e Safran (1987) sugerem que a emocao seja “uma sintese de alto nivel dos afetos, da motivacao e do comportamento” (Greenberg, 2002, p. 10). Como resultado, o treinamento emocional pode ser considera- do como treinamento do desenvolvimento da inteligencia emocional e intensifcagao do processamento emocional adapta O conceito de (IE) foi definido como a (Greenberg, 2002; Mathews, Zeidner e Roberts, 2002; Mayer e Salovey, 1997), incluindo identificacao, ex- Pressao, avaliacéo e compreensao das emo- gGes, geracdo de sentimentos emocionais, regulacdo das emogoes em si e nos outros e uso do conhecimento das emogées. Este conceito da IE foi largamente populariza- do pelo best-seller Inteligéncia emocional, de Daniel Goleman, embora 0 autor dé os créditos a Mayer e Salovey como pioneiros da conceituacao (Goleman, 1995). O mo- delo de Mayer e Salovey afirma que al goes (Mayer, Salovey e Caruso, 2000). modelo sugere que a IE funciona de form andloga as fungées da inteligéncia geral, le vando a métodos de avaliagao, teorias d desenvolvimento e crescente corpo de pes quisas sobre o tema (Mathews et al., 2002). Ciarrochi, Mayer e colaboradores prop seram uma definigao clinica aplicada da I que é relevante para as técnicas de regula 40 emocional (Ciarrochi, Forgas e Ma 2006; Ciarrochi e Mayer, 2007). Desta per pectiva, a IE representa a extensdo pela qual alguém é caps de adotar um comportament sistente com valores no contexto de emogées dificeis ou pensamentos emocionalmente carregados. ( rochi e Bailey, 2009, p. 154) As técnicas que se seguem neste capi tulo sao parcialmente derivadas da TFE almejam a intensificagéo do processamer to emocional dos pacientes. TECNICA: COMO AUMENTAR ACONSCIENCIA DAS EMOGOES Descrigao Se os pacientes comecarem a trabz com seu processamento ional e atencao plena podem servir como intro- ducdo titil a descentralizacao e observagdo das experiéncias internas, Além do cultivo da consciéncia atenta, pode ser titil que os pacientes pratiquem a habilidade de obser- var, descrever ¢ explorar sua experiéncia das emosées. ‘A TFE sugere varias maneiras pelas quais os pacientes podem comegar a pratica de prestar atengao em sua experiéncia emo- cional (Eliot, Watson, Goldman e Green- berg, 2003; Greenberg, 2002). Os pacientes Por exemplo: “Quando fico ansioso, percebo que meus ombros ficam tensos e meus dentes parecem ranger”. Eles podem dar nome as emocées, identificar os pensamentos relacionados & experiéncia emocional e examinar a fun- géo das emogdes em suas vidas (Greenberg, 2002). A TFE também ai representam ——, estimulos no mundo, enquanto as resentam istinguir esses elementos do proces- samento emocional é parte importante do treinamento emocional da TFE. Dois formulérios incluidos neste livro oferecem formas de os pacientes ensaiarem o aumento da consciéncia emocional: 0 For- mulario 2.3, Diario de Emogées (Greenberg, 2002), e o Formulario 8.1, que contém uma série de perguntas baseadas na TEE para os pacientes responderem sozinhos (Greenberg e Watson, 2005). As questdes especificas da implementacao desses formulirios so dis- cutidas posteriormente na seco Tarefa. Para ajudar a dar estrutura, confiabi- lidade e possibilidade aos pacientes de re- peticao a pratica de aumentar a consciéncia emocional, o terapeuta da TEE usa rotinei- ramente o Diario de Emogées (Greenberg, semogoes. As pistas externas também sio 167 Regulagao emocional em psicoterapia 2002). Essa ferramenta fornece uma forma simples de os pacientes identificarem as si- tuagdes e emogdes que surgem diariamen- te. O terapeuta pode pedir que seus pacien- tes permitam que uma parte de sua aten¢ao seja direcionada as emogoes a cada dia. Os pacientes devem importantes, e os pacientes podem apren- der a aumentar a atencdo a experiéncia emocional em certas situagdes que pro- vocam habitualmente uma resposta emo- cional. Quando se tornam conscientes das ‘emogées, os pacientes podem usar 0 Didrio de Emocoes para anotar quais delas se apre- sentam em cada dia. © Formulério 8.1, Perguntas a Se- rem Feitas para Incrementar a Conscién- cia Emocional, é um esboco direto e passo a passo das questdes e respostas almejadas na intensificagao da experiéncia emocio- nal. Ele apresenta uma série de questdes do cotidiano que os pacientes podem fazer a si mesmos. Eles registram as respostas as questées e entdo as revisam com 0 terapeu- tana sesso. Essas questoes ressaltam varios aspectos do processamento emocional que, para muitos pacientes, podem nao estar comumente associados as emogdes. Por exemplo, pergunta-se ao paciente sobre as experiéncias fisicas que ele associa as emo- Ges, o nome que da a elas e os pensamentos que as acompanham. Além disso, pergun- ta-se se ele experimenta emogGes mistas; caso afirmativo, solicita-se que identifique tais emocGes. Pede-se que identifique as ne- cessidades pessoais relacionadas com esas emog6es e as urgéncias comportamentais envolvidas na experiéncia emocional. As- sim, a variedade de aspectos do processa- mento emocional que compreende dimen- sées da IE pode ser ensaiada e fortalecida por meio de treinamento. 168 Leahy, Tirch & Napolitano Questao a ser proposta/intervengao “Usando os cinco sentidos (visio, audigao, olfato, paladar e tato), 0 que vocé percebe no ambiente em torno de si? Voltando sua consciéncia para dentro, que sensacées fi- sicas vocé percebe neste momento no seu corpo? Em que lugar de seu corpo vocé ex- perimenta sensagSes que relaciona a suas emogoes agora? Se tivesse de nomear — por © nome em um sentimento —, que emocao seria? Quais pensamentos que passam por sua mente vocé associa 4 emocao? Que ne- cessidades ou desejos vocé associa a esse estado emocional? Que impulsos de acao chegam com essa emogao? sim, que nomes tém as emogoes que estd sentindo?” Exemplo O exemplo a seguir envolve uma paciente que reclamava de sua inabilidade para se concentrar no trabalho. Apesar de esse ser 0 problema que afirmava ter, ela parecia bas- tante triste e assustada com o tratamento contra um cancer de pulmao pelo qual seu pai passava. A paciente raramente queria que sua reacao ao tratamento do pai esti- esse na agenda da terapia. Paciente: Nesta semana, foi muito dificil concentrar-me no trabalho e fazer qualquer coisa porque tenho passado. por muito estresse. Terapeuta: Estresse? Paciente: Sim, acho que estava com a doen- ga do meu pai na cabeca durante toda a semana e, com isso, fica dificil fa- zer alguma coisa. Estou muito preo- cupada se vou ou nao vou conseguir cumprir meus prazos. Meu chefe € realmente exigente, e eu simplesmen- te nao sei o que ha de errado comigo para nao conseguir criar coragem e terminar 0 trabalho. Terapeuta: Faz muito sentido que seu pai esteja em sua mente, nao? Eu sei que ele esté passando por um tratamento médico dificil e realmente desafiador. Sei, particularmente por causa de nos- sa discussio da semana passada, que vocé esté muito preocupada. Paciente: Eu sé queria que isso tudo nao atrapalhasse o meu trabalho. Terapeuta: Sim, entendo. Paciente: Agora? Terapeuta: Sim. Como vocé poderia des- crever 0 que esta sentindo neste exato momento? Paciente: Nao tenho certeza. As vezes, nao sei o que estou sentindo. Apenas fico estressada e nao quero sentir absolu- tamente nada. Terapeuta: Suponho que seja natural ten- tar calar ou afastar sentimentos com 0s quais seja dificil conviver. As vezes, acho, fazemos isso mesmo sem saber. Vejamos se podemos nos sintonizar com sua experiéncia emocional neste momento. Tudo bem? Paciente: Sim, s6 que nao tenho certeza de como fazer isso. Terapeuta: Tudo bem. Podemos revisar os sh juntos. Entao, neste momento, de si, usando todos os cinco sentidos? Paciente: Bem, escuto os carros passando do lado de fora. Sinto meu peso sobre acadeira. Ao olhar em volta, vejo aluz € as sombras na sala. E desse tipo de coisa que esté falando? Terapeuta: Sim, é exatamente disso que es- tou falando. Paciente: Acho que sinto um pouco de ten- so na garganta. Agora que vocé falou disso, percebo uma pequena pressao nas temporas. Na verdade, sinto como se fosse chorar. Paciente: Sim. Terapeuta: Que nome vocé daria a emogao que esta sentindo neste momento? Paciente: Quando paro e me deixo senti- -la, estou simplesmente muito triste. Sinto muito. Terapeuta: Nao ha problema em estar tris- te. Sei que esta est4 sendo uma época muito dificil para vocé, com tudo o que esté enfrentando. Quando a tris- teza chega, que pensamentos passam por sua cabeca? Esta bem se falarmos sobre esses pensamentos por alguns instantes? Paciente: Sim, claro. Acho que simplesmen- te nao quero ter de ver meu pai passar por esses tratamentos. Ele é tao forte e positivo, e isso é simplesmente tao de- vastador para ele. Nao quero isso. Terapeuta: Claro que nao. Suas emocoes, sua reacao a isso, séo muito naturais e humanas. Tarefa Os pacientes podem trabalhar com quais- quer dos formularios incluidos nesta secao. O Diario de Emogées (Formuldrio 2.3) é mais fundamental, toma menos tempo e pode ser particularmente util como in- troducdo ao trabalho sobre a consciéncia emocional. Uma vez que este exercicio se 169 Regulacao emocional em psicoterapia concentra em perceber e dar nome as emo- g0es, pode ser particularmente efetivo para os pacientes com alexitimia. (Formulério 8.1) _poppara ser preenchido, Esse exercicio pode ser prescrito como tarefa de casa a pacientes para os quais 0 trabalho com a consciéncia das emogées tenha sido apresentado na ses- so e servir como uma sequéncia do Diario de Emogées. ‘Ambas as tarefas de casa devem ser apresentadas na sessio, sendo que terapeu- ta e paciente trabalham com o formuldrio juntos como exemplo pelo menos uma vez. ‘As tarefas podem ser designadas por uma semana ou mais, para que o paciente tenha tempo suficiente de praticar, aplicar e ge- neralizar as habilidades envolvidas nesses formulirios. Possiveis problemas Os formularios e conceitos discutidos nes- ta seco podem parecer muito simples e basicos para clinicos e outros que tenham empregado algum tempo na exploragao de suas respostas emocionais. nehan, 2006; Walser e Hayes, 2006). Além disso, a esquiva dos afetos é um aspecto da esquiva experiencial, hipoteticamente um processo central envolvido em muitas for- mas de psicopatologia (Hayes et al., 1996). Focalizar e identificar emogdes pode provo- car grande dose de ansiedade e desencadear esforcos de esquiva ou resistencia. 170 Leahy, Tirch & Napolitano As técnicas para incrementar as expe- riéncias emocionais sao como um conjunto de bonecas russas. Dentro de cada uma das perguntas permanece um mundo de outras perguntas e associacdes. Por exemplo, ao perguntar ao paciente “que necessidades voce associa a esta emogao®”, o terapeuta tem chance de descobrir uma variedade de pensamentos autométicos, esquemas, pressupostos mal-adaptativos e padrdes de esquiva emocional. Como resultado, o tera- peuta precisa alcancar um equilibrio cuida- doso ao aplicar a descoberta guiada para li- dar com a experiéncia emocional e ao mol- dar um novo padrao de resposta emocional no paciente. O terapeuta deve normalizar a experiéncia emocional do paciente, validar seu processamento emocional e orienté-lo a questionar a natureza da emocao, bem como as cogni¢ées relacionadas a ela. Referéncia cruzada com outras técnicas As estratégias de aumento da consciéncia emocional estao associadas a muitas técni- cas diferentes, em particular aquelas basea- das na atengao plena. O treinamento da atengao plena pode prover o paciente com as habilidades de descentralizagao, 0 que serd util para aumentar a consciéncia emo- cional. A meditacao da abertura de espaco € particularmente util como exercicio pre- paratorio para trabalhar com as emogoes. O exercicio do espago respiratorio de 3 mi nutos pode também ser titil para abrir um campo de consciéncia no qual o paciente examine de perto suas respostas emocio- nais. As técnicas baseadas nos esquemas emocionais (exame das crengas de perigo, vergonha, culpa, incompreensao, exclusivi- dade, necessidade de controle) podem ser liteis para examinar as crengas ¢ estratégias invocadas ao abordar emocoes. Além dis- so, 0 Registro de Pensamentos Emocional- mente Inteligentes (descrito a seguir) pode também ser util para aumentar a conscién- cia das emogoes. Formularios Formulirio 2.3: Diario de Emogoes. Formulério 8.1: Perguntas a Serem Feitas para Incrementar a Consciéncia Emocional. TECNICA: REGISTRO DE PENSAMENTOS EMOCIONALMENTE INTELIGENTES Descrigao O Registro de Pensamentos Disfuncionais, de Beck, tornou-se uma técnica crucial na terapia cognitiva. Esse registro de pensa- mentos oferece um formato estruturado para os pacientes se dedicarem a reestru- turacdo cognitiva, identificando a situa- ¢ao que incita uma emogdo; nomeando e medindo 0 grau da emogio; identificando Os pensamentos automiticos e o grau de crenca no pensamento; dando respostas alternativas ou racionais (e o grau de cren- a); e avaliando a emocao resultante. Por exemplo, um paciente que diga a si mesmo “nao suporto sentir ansiedade” pode usar técnicas de reestrutura¢ao para identificar um pensamento alternativo, como “sou forte o bastante para suportar isso, no fim das contas”. Fazer o paciente preencher o registro de pensamentos disfuncionais é uma técni- ca util, mas, 40 trabalhar eomalguém com, ‘do contetido das cognigdes. Conforme te- mos sugerido, é possivel usar uma\varieda> ara lidar com as emogoes, irs coci, nO lorizadas, mportamentais, “ cional, desfisio cognitiva e treino de félaxamento, Isso pode parecer muito para um terapeuta e um paciente conciliarem juntos. O objetivo do Registro de Pensamen- tos Emocionalmente Inteligentes é fazer os pacientes se perguntarem a respeito de al- gumas questées que tratam de uma varie- dade desses processos, os quais sio envol- vidos em uma abordagem abrangente para trabalhar com as emogoes. O propésito do como buscar exclusivamente mudangas cogniti- vas, a série de questdes delineada nessa téc- nica pretende uma vida bem vivida, Como o Registro de Pensamentos Disfuncionais, o Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes busca oferecer um formato claro e utilizavel para a pratica da tarefa de casa, esperando 0 desenvolvimento e generalizacao de habili- dades particulares. O Registro de Pensamentos Emocio- nalmente Inteligentes é conceituado a partir de uma perspectiva particular sobre pensa~ mentos e sentimentos. O uso desse registro de pensamentos pressupde que os eventos internos (como pensamentos e emocées) so menos conceitos estaticos do que parte de um fluxo continuo de agao, tendo lugar naquele momento. O Registro de Pensa- mentos Emocionalmente Inteligentes al- 171 Regulago emocional em psicoterania meja trazer a atengao do paciente sua ex- periéncia de momento a momento, fora da presena direta do terapeuta, generalizando essa experiéncia por meio do exercicio did- tio da tarefa. De um certo ponto de vista, 0 Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes é um exercicio de aten¢ao ple- na aplicada. Ao utiliz4-lo, o “mento, As questdes apresentadas na préxi- ma seco e o exemplo clinico esclarecem as especificacées da intervensao. Questao a ser proposta/intervengao As questdes que formam a estrutura do Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes estao relacionadas com exerci- cios experimentais fundamentais das tera- pias cognitivas e comportamentais de ter- ceira geracdo, bem como com o formato do Registro de Pensamentos Disfuncionais. A folha de exercicios em si come¢a com uma breve instrugdo para que os pacientes pos- sam ser lembrados das orientagdes do tera- peuta na sesso. Assim como o Registro de Pensamentos Disfuncionais tradicional, 0 Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes comeca pedindo que os pacien- tes percebam e estabelegam a situagéo em que se encontram durante a experiéncia de emogoes perturbadoras. Durante o periodo subsequente de auto-observacdo e investigacao, os pacien- tes devem praticar a -lo, examinam e experimentam a realidade nao da forma como temem, acreditam ou insistem que ela seja, mas simplesmente 172 Leahy, Tirch & Napolitano como ela é, naquele instante, momento a momento. quanto examinam suas respos- tas fisicas, emocionais, cognitivas e com- portamentais. ‘Apesar de este exercicio nao ser ex- + plicitamente voltado para a reestruturacao cognitiva, ele inevitavelmente envolve mu e qualquer mudanga no contetido dos pensamentos for verificada, recomen- da-se que o terapeuta ajude a mudanga dos pensamentos a ir em direcdo a uma pers- pectiva equilibrada, receptiva e fortalecida, em lugar de enfatizar uma abordagem ex- clusivamente “racional”. % Processos que podem estar envolvidos neste exercicio incluem adotar perspectivas, nomeagao dos afetos, descentralizacao, cul- tivo da aten¢ao plena, promogao da desfusio cognitiva, exposi¢ao aos afetos, reestrutura- Go cognitiva e compromisso com a busca comportamental de metas valorizadas. O terapeuta pode fazer as seguintes perguntas na sessao, referindo-se ao Regis- tro de Pensamentos Emocionalmente Inte- ligentes: com vocé? O que vocé esta fazendo? O que percebe no ambiente que o esta afetando?” + _Passo 2; “As vezes, nossa resposta a algo em nosso ambiente pode ser sentida no corpo, como um ‘frio na barriga’, por exemplo. Trazer a atengao, da melhor forma possivel, para essas sensagdes pode ser util. || pratica; entao, se vocé nao perceber nada em particular, permita-se simplesmente ter essa experiéncia, enquanto tem alguns instantes para poder observar o que ocorre. Nesta situacio, que sensagdes. “corpo? Em que lugar do corpo voce tem essas sensacdes? Quais sio as qualidades de tais sensag6es?” “Dar nomes as emogdes usan- do ‘palavras emocionais’ pode ser util. intensamente vocé diria que esta sentindo a emogao? Se tivesse de avalid-la em uma escala de 0a 100, sendo 100 0 sentimento mais intenso possivel e 0 a auséncia total desse sentimento, qual seria o valor?” Passo 4: “Que pensamentos esto passan- do por sua cabega nesta situacao? Per- gunte a si mesmo: ‘O que esta passando por minha cabeca agora? O que esta surgindo em sua cabega nesta situagao? Dame- Ihor forma possivel, perceba o fluxo de pensamentos que se desdobram em sua mente nesta situa¢ao. Quais pensamentos esto chegando?” Passo.5;“Aprendemos a tentar livrar-nos ou afastar-nos de coisas que parecem ameacadoras ou desagradaveis. Isso faz muito sentido. Contudo, as tentativas de . Entaéo, por um momen- to, Seguindo 0 fluxo da sua respiracao neste momento, tanto quanto puder, abra espaco para 0 que quer que venha a se desdobrar diante de sua mente.” Passo 6: “ ‘mento? Adotando uma atitude atenta e ‘emocionalmente inteligente’, vocé pode realidadeem si.‘Trabalhando como tera- peuta, vocé pode aprender muitas formas de reagir a pensamentos e sentimentos que provocam sofrimento. Eis algumas perguntas para fazer a si mesmo e que vocé pode praticar ao longo da préxima semana: — ‘Quais so os custos e beneficios de acreditar nesses pensamentos?” — ‘Como poderia agir, se realmente acreditasse nisso?” — ‘Como poderia agir, se nao acreditasse nisso?” = ‘Oque poderia dizer a um amigo que 173 Regulago emocional em psicoterapia ‘Como posso cuidar demim mesmo da _ melhor forma possivel nesta situagao?” Exemplo ‘Terapeuta: Vocé descreveu varias situacoes da ultima semana durante as quais 0 seu medo de vémito foi muito proble- mtico. Parece que isso passou bas- tante por sua cabe¢a enquanto seus filhos brincavam, nao? Paciente: De fato. Muitas das criangas na creche tiveram gripe recentemente € eu nao conseguia deixar de pensar que um de meus filhos voltaria para casa com uma virose estomacal. Eu realmente perdi o controle. Terapeuta: E se um deles de fato voltasse para casa com uma virose estomacal, ‘© que vocé temia que ocorresse? Paciente: Bem, temia que eles vomitassem, claro. Entao, eu teria de lidar com isso, 0 que me deixaria maluca, e eu simplesmente nao sei se aguentaria. Terapeuta: Eu sei que esse pensamento “nao sei se aguentaria” apareceu junto com muita ansiedade no passado. Paciente: Com certeza, mas eu acho que & +_ Passo Z. “Faca a si mesmo as seguintes verdade. Que tipo de mae nao conse- perguntas: gue lidar com seus filhos vomitando? = i Terapeuta: Entéo, quando esse pensamen- to surge, ele vem acompanhado, ¢ isso significa problemas, nao é Entao, agora parece que vocé esta tendo o pensamento de que é, de alguma for- ma, uma mie defeituosa. Paciente: Claro que sou! Nao estariamos tendo esta conversa se eu nao fosse. "Tad oetenanatesane _pensamentos e sentimentos. — estivesse enfrentando esta situacdo?” ie 174 Leahy, Tirch & Napolitano Paciente: O que quer dizer? Terapeuta: Certo, entao, aqui estamos, nes- Terapeuta: Como parte de nossa agenda te consultério, as 14h, e estamos dis- para a sessdo de hoje, vocé possivel- cutindo seu medo de que seus filhos mente lembra que discutimos apre- vomitem. sentar um novo exercicio pratico de _Paciente: Sim, odeio até o simples fato de autoterapia. Por que nao damos uma pensar nisso. olhada nesse exercicio agora e ensaia- _ Terapeuta: Faz sentido. Entdo, vocé pode- mos juntos na sessao? Tudo bem? “tia, por favor, descrever brevemente Paciente: Claro. Estou simplesmente bus- cando algo para tirar este sentimento de mim. Terapeuta: Bem, nao tenho certeza de que _ Paciente: Estou sentada com meu terapeuta estejamos pretendendo “tirar os sen- e estamos falando sobre o meu medo. timentos” agora. Na verdade, parte de vémito. Sao 14h, e mais tarde vou de iti ter de buscar meus filhos na creche. Terapeuta: Entao, como vimos, Vocé is ple- se lembra do nosso trabalho inicial de atengao plena? Paciente: Sim, claro. Ainda pratico exer- “no corpo. cicio de “atengao plena respiratéria” — Paciente: Como o exercicio de “escanea- toda manha. Mas s6 por 15 minutos. mento corporal”? Vocé vai me pedir para simplesmente — Terapeuta: Sim, mas desta vez estamos ve- “aceitar” esses sentimentos? rificando nossa experiéncia em “tem- Terapeuta: Vocé esta certa, aceitar os sen- po real”, a fim de podermos treinar timentos faz parte disso, mas ha algo mais que podemos fazer. As vezes, a aceitagao é passiva, bastando deixar que as coisas tomem seu rumo. Mas, as vezes, - fundamente com o que é mais impor- tante em nossas vidas. Paciente: Sim, eu me lembro disso, e tem me ajudado um pouco quando vou pegar as criangas. Terapeuta: Entao, essa “disposicao para sentir as coisas mais plenamente” foi de fato ail? Paciente: Eu disse “um pouco”! (risos) mas... Sim, tem me ajudado. a consciéncia para realmente “estar” com a experiéncia neste momento, enquanto vivemos nossas vidas. En- to, trazendo sua aten¢ao da melhor forma possivel para a presenga de sen- sages em seu corpo neste momento, que sensagGes fisicas vocé percebe que expetimenta no corpo? Paciente: Sinto que meu félego est curto, como se houvesse uma pressio no meu peito. Terapeuta: Bom. Vocé conseguiu notar isso bem rapido. Agora, sem tentar mudar ou alterar a experiéncia, voce estaria disposta a simplesmente se permitir ficar com o sentimento de félego cur- to e pressdo no peito, enquanto pros- seguimos com o exercicio? Paciente: Sim, é possivel. De qualquer forma, as sensa¢gdes nao vao embora mesmo! (Risos.) Terapeuta: (rindo com a paciente) Foi uma observacao bem aguada. Agora, dan- do-se um momento para abrir espa- o de verdade para esta experiéncia e permiti-la, que “palavra emocional” descreveria e “rotularia” melhor esta emogao que vocé esta sentindo neste momento? Paciente: Palavra emocional? Quer dizer, 0 nome de uma emocao? Terapeuta: Sim, exatamente isso. Paciente: Bem, entao seria “ansiedade”. Definitivamente, é uma sensagao de “ansiedade”, ou talvez também pode- riamos chamé-la de “medo”. Terapeuta: Bom, vocé conseguiu dar nome & experiéncia bem claramente, nao? Tarefa Os ‘ormulérios 8.2 e 8.3) mais im vez de simplesmente entregar os Formulérios 8.2 ou 8.3 ao paciente e revisar os passos, ¢ O propésito da folha de exercicios é perce- ber, distanciar, nomear, permitir e alterar a relagdo do individuo com experiéncias di- ficeis, 4 medida que ele se move para uma agao efetiva. Frequentemente, as metéforas na pratica de uma nova habilidade podem ser titeis. Por exemplo, o terapeuta pode oferecer a seguinte observacao: 175 Regulagao emocional em psicoterapia e voce estivesse aprendendo a tocar violino, poderia exercicios. Se estivesse aprendendo a jogar golfe, poderia ir ao clube de golfe. Vocé pode pensar no Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes como esses exercicios: um pro- cesso simples que pode repetir de maneira frequente, para poder aprender algo novo e importante”. Possiveis problemas oO m exercicio que pode se tornar fundamental na forma de traba- Ihar com os pacientes, mas nao é uma fer- ramenta “simples” para uma terapia sim- lista. O uso desta técnica ‘comendado, Uma relagao terapéutica ativa, vital, empatica e cooperativa também é fun- damental para o uso efetivo desta técnica, EE rinse trazer consciéncia as sensagées fisicas pode, na ver- dade, intensificar inicialmente a experién- cia da ansiedade. Esse € um passo normal, e talvez necessdrio, mas precisa ser tratado de forma compassiva, ainda que direta, por parte do terapeuta. Ao usar o Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligen- tes, o terapeuta esta de fato orientando os pacientes a permanecerem na presenga de eventos internos diante dos quais eles pos- sam ter algum tipo de reacdo “fobica”. Isso & ¢ eo 176 Leahy, Tirch & Napolitano pode refletir algum processo esquematico subjacente, alexitimia ou tendéncia gene- ralizada de esquiva experiencial. Qualquer que seja a forca que move essa tendéncia, 0 objetivo do terapeuta; em tais casos, ¢ criar um contexto receptivo, seguro, empatico cooperativo, dentro do qual os pacientes possam vir a observar as sensa¢oes pertur- badoras aumentarem e diminuirem. Segundo, os pacientes podem nao de- sejar permitir que a experiéncia ocorra exa- tamente como ela é, naquele momento. Isso pode ser visto como um exemplo in vivo da tendéncia de esquiva experiencial que pode estar causando muitas das lutas apresenta- das pelo paciente. Apesat de essa resistencia ter chance de ser considerada um “proble- ma potencial”, é, na verdade, uma mani- festac¢ao do problema maior. O Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes oferece uma estrutura para que os pacien- tes gradualmente tratem dessa tendéncia de esquiva e a superem, engajando-se de modo efetivo em suas experiéncias. Parte da meta do terapeuta é atingir 0 equilibrio entre moldar suave e gradativamente o en- volvimento efetivo por parte dos pacientes e manter, de forma consistente, uma abor- dagem estruturada nao conivente com as tentativas de esquiva. Terceiro, pacientes que creem for- temente nos pensamentos problematicos, que dao ouvidos a eles ou que demonstram fusao cognitiva com estes podem ter difi- culdade de escapar da armadilha de ter que debater a “veracidade” de tais pensamen- tos. Isso pode levar o terapeuta bem-inten- ‘En cionado a se emaranhar mais ainda no con- ss tetido cognitivo dos seus pacientes, caindo na armadilha de discutir pensamentos ¢ © comportamento. As técnicas de reestru- turagéo cognitiva demonstraram eficdcia em certas aplicacdes e sao um aspecto do Registro de Pensamentos Emocionalmente a © controle que estes tém sobre Inteligentes. Todavia, esta técnica enfatiza a adocao de uma relagao com os pensamen- tos e sentimentos muito diferente daquela frequentemente mantida pelos pacientes que fazem terapia cognitivo-comporta- mental (TCC). Usando’adescentralizagio ea desidentificagao, os pacientes sao esti- mulados a se envolver com (e questionar) seus pensamentos quase como uma “brin- cadeira”. Mudando a relacao ou ponto de vista que tém do fluxo de pensamentos e sentimentos, 0 ato da reavaliagao cognitiv: pode ser almejado, tratando-se nao apenas\“ da estrutura dos pensamentos automati- cos negativos, mas também de sua funcao. O grau em que padrées problematicos de pensamentos exercem controle sobre os comportamento e afetam a habilidade dos pacientes de viver uma vida significativa e compensadora é uma meta mais central para o Registro de Pensamentos Emocio- nalmente Inteligentes do que simplesmente uma aproximacao do pensamento racional. Até aqui, discutimos problemas rela- tivos aos pacientes na implementagao desta técnica. Ha também problemas no uso do Registro de Pensamentos Emocionalmen- te Inteligentes que podem comegar com 0 terapeuta. Para usar essa técnica de modo efetivo, varios fatores relativos ao terapeuta a terapia devem estar presentes. E muito recomendavel que o terapeuta que utili- za técnicas baseadas na atengao plena e na disposigao tenha desenvolvido e mantido ele mesmo uma pratica pessoal de treina- mento em aten¢ao plena. Esse elemento do treinamento e preparagdo do terapeuta foi enfatizado em varias formas de TCC de terceira geragio (Roemer e Orsillo, 2009; Segal et al., 2002). Além disso, o Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteli- gentes objetiva fazer parte de uma abor- dagem cuidadosa da terapia, que envolve uma conceituagio de caso plenamente desenvolvida. Tanto o terapeuta quanto 0 paciente sio melhor servidos por um cur- So terapéutico que consiste em o terapeuta tera io dos sintomas, fatores de manutengao e atenuacao envolvidos na expressao dos sin- tomas, bem como 0 histérico de aprendiza- do do paciente e 0 entendimento tao claro quanto possivel dos esquemas emocionais do individuo. Ademais, a éompreensao das Sem esse entendimento mais amplo, importar esta técnica para uma forma au- tonoma tradicional de TCC nao seria ideal. Referéncia cruzada com outras técnicas O Registro de Pensamentos Emocional- mente Inteligentes estd relacionado com aumento da consciéncia emocional, técni- cas de atengao plena, nomeacao de afetos, identificagao de esquemas emocionais ¢ muitas outras técnicas apresentadas neste livro. Esse registro didrio de pensamentos tem 0 objetivo de resumir e oferecer uma pratica generalizadora para o ato humano de regular emogées por inteiro, envolven- do, como € necessdrio, consciéncia com atencao plena, aceitagao, autocompaixao, comportamentos consistentes com os va- lores, reestrutura¢ao cognitiva e uma cons- ciéncia emocionalinente inteligente dos es- quemas emocionais. Formularios Os Formulérios 8.2 e 8.3 apresentam duas variagdes do Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes. A primeira é bem mais longa e fornece uma descricao abrangente de cada uma das perguntas. 177 Regulagao emocional em psicoterapia isto oferece uma oportunidade para os pacientes ensaiarem € generalizarem o trabalho realizado durante as sessdes. Uma vez que o paciente tenha demonstrado compreensao dos passos en- volvidos, ele pode passar para a versao cur- ta (8.3), que oferece versdes breves de cada pergunta, com menos explicagdes dos pas- sos empreendidos. Formulirio 8.2: Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes (versao longa). Formulirio 8.3: Registro de Pensamentos Emocionalmente Inteligentes (versao curta). CONCLUSOES S848) teniieas, inspiradas na TFE e na TCC integrativa, focalizam diretamente os esfor- gos dos pacientes para inerementar © seu s métodos des- to, varios processos descritos ao longo deste livro podem estar em a¢ao, como a conscién- cia com atengao plena, autocompaixao, cul- tivo da disposic¢ao e mudanga dos esquemas emocionais. Os formuldrios e exercicios apresentados aqui podem ser usados para focar o treinamento da regulagao emocional dos pacientes, especificamente em varios ele- mentos da reestrutura¢ao ou trabalho com 0s esquemas emocionais. Cada pratica descrita nas técnicas des- te capitulo prioriza claramente a melhora do processamento emocional em um for- mato passo a passo. Essas ferramentas sio 178 Leahy, Tirch & Napolitano Os terapeutas devem |

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