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¢MINISTERIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO-MA © SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL-SDR Ri v ~~ INTRODUCAO A PERMACULTURA Brasilia, DF Novembro de 1998 PNFC-Projeto Novas Fronteiras da Cooperagao para o Desenvolvimento Sustentdvel (PNUD BRA 97/015) INTRODUCAO A PERMACULTURA FRANCISCO SERGIOTURRA . Ministro de Estado da Agricultura ¢ do Abastecimento MURILO XAVIER FLORES Secretrio de Desenvolvimento Rural . LUIZ ANTONIO GONCALVES DOS REIS Coordenadior-Geral do PNFC ELABORACAO Bill Mollison Reny Mia Stay TRADUCAO André Luis Jaeger Soares PNFC (PNUD BRA 87018) APOIO PNEC Aioysio Costa e Silva Junior PNEC (PNUD BRA 97/015) Catalogagao na fonte, MA/SDR/CENAGAI, Preservagao da Meméria Agricola Nacional ison, Bil Introduce & permacultura / Bll Moliison, Reny Mia Stay; tradugao de André Luis Jaeger Soares — Brasilia: MASDRPNFC, 1998. | 204 p, ‘Tradugae de: Introduction to Permaculture, 1991 1. Permacultura - Agricultura alternativa. | Slay, Reny Mia. II, Projeto Novas Fronteiras da Cooperagao para o Desenvoivimento Sustentavel, Ill, Titulo AGRIS £14 CDU 631.151 Impressono Brasit ». AGRADECIMENTOS DO AUTOR ‘Somos gratos ao grande ntimero de estudantes @ profissionais em Permacultura de todo o mundo que, com 0 passar dos anos, tém experimentado com espécies de plantas, projetado propriedades, escrito artigos informativos, organizado instituigdes de Permacultura em seus proprios paises & estados, ensinado outros estudantes, ¢ que tém ajudado a transformar uma parte da Terra em um melhor lugar para viver, nao somente para nossas criangas, mas para todos nés agora. NOTA DO TRADUTOR Para melhor compreensao do texto, algumas palavras da lingua inglesa, como dasign @ muich, entre outras, foram mantidas para conservar a integridade da tradugao. Essas palavras esto incluidas no texto, com uma definig&io de seu significado na frase. (Os nomes populares das espécies so sempre acompanhados da nomenclatura cienlifica para evitar confusao em relagdo as ze yariadas nomenclaturas existentes em diferentes regides brasileiras. Algumas espécies so citadas somente pélo nome cientitico. IMPOSTO PARA AS ARVORES Cada volume desta Introdugdo a Permacultura contribui_ com $0,50 (Dolares Australianos) pagos por Tagari Publicagdes a0 Instituto de Permacultura. O Instituto mantém, esses fundos para o plantio de arvores doagao.a grupos selecionados que trabaihem em reflorestamento permanente. Desta forma, ambos, editora e leitores, podem manter a consciéncia trangiila sobre 0 uso de papel neste volume ou em qualquer outro livro Publicado por Tagari Publications. CONVENGOES UTILIZADAS Estagdes do ano e diregdes: para que 0 texto e as ilustragdes sejam tteis e legiveis em ambos os hemisférios, o Norte e o Sul, as palavras “lado do sol” ou “lado da sombra” sao utilizadas em lugar de “norte” e“sut”, O simbolo abaixo € usado nas ilustragbes para indicar a dirego do sol, PREFACIO DA EDICAO BRASILEIRA A Permacultura considera 0 que finalmente comecamos a entender - que 0 homem 6 somente um componente da natureza, que esta ligado aos outros elementos, e que a Terra € uma comunidade organicamente entrelagada de plantas, animais @ microorganismos, sustentando outras formas de Vida. Sendo assim, as praticas da Permacultura seguem estratégias Que estabelecem a utlizageo e a produce sem desperdicio, implemen-tando sistemas produtivos interligados, mantendo a diversidade, a fertilidade e a estabilidade dos processos naturais. Esses principios basicos podem ser reproduzidos em qualquer bioma do nosso Pais, sendo adequados as condigbes ambientais @ sociais do Brasil Como poderemos ver a seguir, no contetido deste livro, a Permacultura abrange todos os aspectos do nosso ser: 0 corpo, a mente, a familia, nossa casa 'e 0 nosso relacionamento com a comunidade, com a natureza e com 0 mundo. Ac mesmo tempo em que junta os conhecimentos tradicionais & tecnologia da ciéncia moderna, a Permacultura 6 simples e direta: é a pratica do dbvic. Eo despertar para um entendimento consciente com a natureza, traduzido em solugoes efetivas e vidveis para ‘95 nossos problemas de degradacao. O fato de as praticas sustentaveis da Permacultura estarem sendo aplicadas criativamente em campos pelo mundo n&o Indica, apenas, a grande utilidade dessas préticas: torna clara, também, a necessidade de se garantir, de aiguma forma, que 0 seu legado educativo ndo seja dilufdo ou fragmentado com o passar do tempo. Com a crescente variedade de interpretacaio das praticas de Permacultura, é necessario certiicar as publicagdes que relatem fielmente 08 principios, os ensinamentos e a ética da Permaoultura. Este live é uma tradugao fiel dos ensinamentos do préprio idealizador da Permacultura: Bill Mollison - a0 qual agradecemos pelos direitos de publicagdo no Brasil, onde pretendemos preservar a integridade das suas diretrizes metodoldgicas, mantendo viva a forca ea autenticidade onginal da Permacultura. Cabe aqui destacar a intuigdo e a sensibilidade dos membros diretores da Tectoy indistria de Brinquedos, mantenedora da Fundagao Daniel Dazcal, que viabilizou a tradugao e a publicacdo conjuntas deste livro. So executives exemplares, atentos aos problemas ambientais do mundo, e foram Fapidos em reconhecer a Permaculture como 2 fonte renovadora e holistica que estabelece uma integracao harmoniosa entre 0 homem e 98 ecossistemas naturais. O Instituto Permacultura da AmazOnia (IPA), 0 Projeto Novas Fronteiras da Cooperacao para o Desenvolvimento Susientével (PNFC) e a Escola Agrotécnica Federal de Manaus (EAFM), em conjunto com a Fundacao Dani Dazcal, iniciaram um trabalho pioneiro no Brasil,’ estabelecendo uma Unidade Referencial de Permacuttura em Manaus. A publicagao deste livro 6 mais um fruto dessa parceria institucional, 0 que visa semear e disseminar as praticas da Permacultura no Pais, buscando 0 estabelecimento de novos instrumentos que possibilitem a verdadeira ordenagdo do homem com a terra, Promovendo, assim, o equilibrio e a Tanutengao da vida no nosso Planeta, Carlos Miller Fundagdo Danie! Dazeat PREFACIO DA EDICA 0 ORIGINAL Eu cresci em um pequena:vila na Tasmania. Tudo de que precisévamos, faziamos. Faziamos nossas brrias boas, nossos artefatos de metal. Nos pescdvamos nosso proprio peixe, produziamos a comida € fazlamos pao. Eu nao conhecia ninguém vivendo ld que tivesse sé um trabalho, ou qualquer coisa que pudesse ser definida como emprego. Todos trabalhavam em varias coisas. Até 0s 28 anos de idade, eu vivia uma espécie de sonho. Passava a maior parte do ‘tempo no mato ou no mar. Pescava e cagava para ganhar a vida. Nos anos 50, eu comecel a perceber que grande parte dos sistemas naturais, nos quais eu vivia, estavam desaparecendo. Cardumes de peixes estavam diminuindo. As algas que cobriam a praia comegavam a desaparecer. Grandes areas de floresta estavam morrendo. Até entao, eu nao tinha me apercebido que esta ‘natureza me era muito querida, que eu estava apaixonado por minha terra. Depois de muitos anos como cientista, trabalhando para o CSIRO (Organizacao para @ Pesquisa Cientifica do Reino Unido) na secao de Pesquisa de Vida Silvestre e para o Departamento de Pesqueios Interiores da’ Tasmania, comecel a protester contra os sistemas politicos e industriais que, eu via, estavam nos matando e ao mundo & nossa volta. Mas, logo decidi que nao bastava persistir com esa oposi¢&o que, no final, nao atingia nada. Sai da sociedade por dois anos. Nao me opus a nada, jamais, e nao mais perdi © meu tempo. Eu queria voltar somente com algo muito positivo, algo que nos permitisse a todos viver sem a destruigao desenireada dos sistemas biolégicos, Em 1968, comecei a ensinar na Universidade da Tasmania e, em 1974, com David Holmgren, desenvoivi uma estrutura de trabalho para um sistema agricultural sustentavel, baseado na policultura de érvores perenes, arbustos, ervas, vegetais, fungos © tubérculos, para o qual criamos a palavra Permacultura. Passamos muito tempo desenvolvendo os principios da Permacultura € construindo um jardim rico ern espécies. Esse trabalho culminou em 1978, com a publicagao do livro Permacultura Um, saguido, um ano mais tarde, por Permacultura Dois. A reagao do piblico & Permacuttura foi variada. A comunidade profissional estava enraivecida, porque estavamos combinando arquitetura’ com biologia, agricutura com estudo de florestas e florestas com zootecnia. Quase todos os que se consideravam especialistas se sentiram um pouco ofendidos. Mas, a resposta popular foi bem diferente. Muitas pessoas jé estavam pensando dentro das mesmas ideias. Elas estavam descontentes com a forma que a agricuitura é praticada, e j4 contemplavam sistemas mais naturais; sistemas ecoidgicos. Nos anos 70, eu via a Permacultura como uma associagdo benéfica de plantas e animais em telagao aos assentamentos humanos, em sua maioria direcionados para a auto-suticiéncia doméstica 6 comunitaria, @ possivelmente com uma “iniciativa comercial” a partir do excedente daquele sistema. Todavia, a Permacultura veio a significar mals do que suficiéncia alimentar doméstica. ‘Auto-suficiéncia alimentar nao tem sentido ‘sem que as pessoas tenham acesso & terra, informaggo e recursos financeiros. Entao, nos anos mais recentes, a Permacultura veio a englobar estratégias financeiras e legais apropriadas, incluindo estratégias para o acesso a terra, negocios ¢ autofinanciamento regional. Desta forma ela é um sistema humano completo. Em 1976 eu estave palestrando sobre Permacultura e, em 1979, me demiti de meu ‘emprago de académico @ joguel-me, jd em idade avancada, em um futuro incerto. Havia decidido fazer nada mais que tentar persuadir as pessoas a criarem sistemas biolégicos Positivos. Projetei varias propriedades 0 sobrevivi por um tempo pescando e apanhando. batatas. Em 1981 0s primeiros graduados de um curso padrao de Projetista de Permacultura comecaram a projetar sistemas Permaculturais na Australia. Hoje, existem mais de 12.000 graduados em todo 0 mundo, todos eles, envolvidos, de_alguma forma'em trabalho ambiental é social. Bill Mollison APRESENTAGAO Desde 0 surgimento da Humanidade sobre a Terra, ha dois milhGes @ meio de anos, © até dez milénios atrds, quando surgiu a —~ agricultura, 86 havia cagadores e coletores como os povos indigenas que, até hoje, em varios pontos do Planeta, sdio bem-sucedidos na resolugdo de seus projetos de vida, cagando e colhendo o que a natureza poe no seu caminho. Pode-se dizer, entéo, que a Permacuitura tem dez mil anos de existéncia, porque, no nascedouro dessa atividade humana, estavam presentes a observacao e © respeito & natureza que caracterizavam 0 ser humano, Aquela época, e que, até hoje, servem de sustentacao conceitual e pratica desta que é chamada, também, de Agricultura Permanente. E foi nesse tempo, ainda, que surgiram as primeiras ecovilas, que, em nossos dias, como marca de modemidade, estiio de volta para o futuro e jd se muttiplicam per todo 0 Pais, combinando, de forma sustentével, a Permacultura e a Agricultura Familiar. Meio século depois de 0 modelo bélico do Pés-Guerra, com suas maquinas ¢ quimicas, ter sido imposto a agricultura dita ortodoxa, causando desequilibrio ao meio ambiente, 0 produtor rural, ainda preso Aquele modelo predat6rio e invasivo, vé-se margem do proceso de globalizacaio da economia, na qual o mercado ¢ cada vez mais demandante por muita quantidade, melhor quatidade menor prego. Tudo o que a Permacuttura pode possibiltar, sem que, com isso, o ser humano perca sua paz e a natureza seja destruida. Ao mesmo tempo em que o Brasil reinventa a Agricultura Familiar e@ retoma o Associativismo/Cooperativismo como forma de meihor se organizar para 0 3° Milénio, buscando a integracao sistémica entre Homem, Sociedade e Natureza, 0 Ministério da Agricultura e do Abastecimento- MA propée @ construgo de um Novo Mundo Rural em parceria com toda a sociedade brasileira, no campo @ na cidade, com o acesso, desses agricultores e de suas familias, a modemas metodologias e tecnologias que, somadas & sabedoria popular, Ihes Serao disponibilizadas por meio de suas organizagoes cooperativadas. Nesse Novo Mundo, a Permacultura, depois de ter suas praticas validadas e incorporadas pelo. PNFC-Projeto Novas Fronteiras da Gooperagao para 0 Desenvolvimento Sustentavel (PNUD BRA97/015), vinculado a Secretaria de Desenvolvimento Rural-SDR/MA, serve as politicas de govemo, aos niveis federal, estadiiais e municipais como fortalecimento da Agricultura Familiar e da geragao de emprego, renda e sustentabilidade no meio tural brasileiro. Editada pelo Novas Fronteiras, a presente tradugdo daquele que é tido, em todo 0 mundo, como o texto introdutério baisico, para a compreensio ea adogaio dos principios € das praticas permaculturais, é muito mais do que, no papel, a configuracao de um Novo Mundo Rural com sua agricultura absolutamente sustentavel. E, principalmente, um desafio a ser por todos nés compartithado: 0 de ndo nos enxergarmos mais como “mestres’, e, sim, como sujeitos da Criagdo - para podermos, 86 entéo, mudar para methor este Velho Mundo Real, cujo futuro estara, sempre, sob a nossa _irrestrita responsabilidade, Murilo Xavier Flores ‘Secretirio de Desenvolvimento Rural 4 | | i { | | | 4 42 13 14 15 16 17 18 19 4.10 wn 4.12 24 22 23 24 25 26 27 28 -BIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA... SUMARIO INTRODUCAO, A ETICA DA PERMACULTURA PRINC{PIOS DA PERMACULTURA INTRODUCAO LOCALIZACAO RELATIVA CADA ELEMENTO EXECUTA MUFTAS FUNCOE: ADA FUNCAO IMPORTANTE & EXECUTADA Pt PLANEJAMENTO ENERGETICO EFICIENTE UTILIZANDO RECURSOS BIOLOGICOS CICLOS ENERGETICOS 0.0 SISTEMAS INTENSIVOS EM PEQUENA ESCALA. ACELERANDO A SUCESSAO E A EVOLUCAO. DIVERSIDADE. EFEITOS DE BORDA! PRINC{PIOS E ATITUDES DESIGN DE S{TIO EM GRANDE ESCALA. INTRODUCAG IDENTIFICANDO RECURSOS TOPOGRAFIA (Forma da terra) CLIMA E MICROCLIMA.. SOLOS AGUA... . POSIGIONAMENTO DA INFRA-ESTRUTURA IMPORTANTE, DESIGN PARA CATASTROFE...... BIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA.... COMPREENDENDO PADROES. INTRODUCAO PADROES DA NATUREZA . PADROES EM DESIGN. BIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA. EDIICACOES. INTRODUCAO.. A CASA TEMPERADA. A CASA TROPICAL A CASA DE TERRA SECA... CASAS DE PLANTAS. sents RECURSOS DOS DETRITOS D4 CASA.. ESTRATEGIAS TECNOLOGICAS.... BIBLIOGRAFIA. E-LEITURA RECOMENDADA. 57 73 14 1s 76 1 8.1 8.2 83 RA a5 86 87 DESIGN PARA O JARDIM DOMESTICO... a 4 INTRODUGAO, 7 estes . na PROJETO DO JAKDIM M4 G JARDIM INSTANTANEO 123 0 JARDIM PERMACULTURAL URBANO E SUBURBANO 126 DESIGN PARA JARDINS EM REGIOES FRIAS 132 JARDINS TROPICAIS. . 136 JARDINS DE TERRA SECA...... : 139 BIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA. 143 POMARES, AGROFLORESTA E PLANTIO DE GRAOS .. ‘144 POMARES --...0-----ese0 . M4 FLORESTAS ESTRUTURAIS.. 1s4 SISTEMAS DE PLANTIO DE GRAOS EL EGUMES 1ST COMBUSTIVEIS NO SITIO. se . 163, SISTEMAS COMERCIAIS......... Mid BIBLIOGRAFIA £ LEITURA RECOMENDADA. . 166 SISTEMAS FORRAGEIROS ANIMAIS E AQUICULTURA...... INTRODUCAO ANIMAIS DE ZONA 1 SISTEMAS FORRAG! SISTEMAS FORRAGEIROS PARA SUINOS.... PLANTIG GRANDE ESCALA. AQUICULTURA E ALAGADOS. IIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA. ESTRATEGIAS COMUNITARIAS E URBANAS. PRODUZINDO ALIMENTO NA CIDADE...... AREAS SUBURBANAS PLANEJADAS (VILLAGE HOME! RECICLACEMNA COMUNIDADE...... ACESSO A TERRA PARA A COMUNIDADE SGNOMIA COMUNITARIA ANVESTIMENTO ETICO. A COMUNIDADE PERMACULTURAL. - PURLIOGRABIA H LUATURA RECOMENDADA... ABENDICE ce ccetnent ines INTRODUCAO A Permacultura é um sistema de design para a criagao de ambientes humanos sustentaveis. A palavra em si nao é somente uma contragao das palavras permanente agricultura, mas também de cultura permanente, pois culturas nao podem sobreviver muito sem uma base agricultural sustentdvel e uma ética do uso da terra. Er um primeiro nivel, a Permacultura lida com as. plantas, animais, edificagdes e infra-estruturas (agua, energia, comunicagées). Todavia, a Permacultura nao trata somente desses elementos, mas, principalmente, dos relacionamentos que podemos criar entre eles por meio da forma em que os colocamos no terreno, objetivo é a oriagao de sistemas que sejam ecologicamente corretos ¢ economicamente vidveis; que supram suas préprias necessidades, no explorem ou poluam e que, assim, sejam sustentaveis a longo prazo. A Permacultura utiliza as qualidades inerentes das plantas e animais, combinadas com as caracteristicas naturais dos terrenos e edificagées, para produzir um sistema de apoio a vida para a cidade ou a zona ural, utifizando a menor area praticamente possivel A Permacultura 6 baseada na observagaéo de lemas naturais, na sabedoria contida em sistemas produtivos tradicionais e no conhecimento moderno, cientifico e tecnolégico. Embora baseada em modelos ecolégicos positives, a Permacultura cria uma ecologia cultivada, que 6 projetada para produzir mais alimentagao humana ¢ animal do que seria encontrado naturalmente. Fukuoka, em seu livro The One Straw Revolution (A Revolugao de um Fio de Patha), declarou 0 que 6 provavelmente a melhor detini¢&o da filosofia da Permacultura. Resumidamente, 6 uma filosofia de trabalho com (¢ nao contra) a natureza; de observacdo atenta e transferivel para o cotidiano, em oposto ao trabalho descuidado; ede observagao de plantas e animais em todas, as suas fungdes, em oposto ao tratamento desses elementos como sistemas de um s6 produto. Eu tenho sugerido, em ocasiées menos formais, a utilizagdo de aikidé no terreno, rolando com os golpes, transformando adversidade em forga, utilizando tudo positivamente. O outro enfoque seria o karaté ‘no terreno, tentando fazé-lo produzir usando a forga bruta, atingindo-o com muitos golpes duros. Mas, se atacarmos a natureza, atacamos (e, em tiima instancia, destruimos) a nés mesmos. Acredito que a harmonia com a natureza é possivel somente se abandonarmos a idéia de superioridade sobre ‘© mundo natural. Levi Strauss disse que 0 nosso efro mais profundo é 0 de sempre julgarmo-nos "mestres da criagao”, no sentido de estarmos acima dela. Nao somos superiores a outras formas de vida; todas as criaturas vivas so uma expressdo de Vida. Se \pudéssemos ver essa verdade, poderiamos entender que tudo que fazemos a outras formas de vida, fazemos a nds mesmos. Aquela cultura que compreende isso, jamais, salvo necessidade absoluta, destruiré qualquer ser vivo. ‘APermacultura 6 um sistema pelo quat podemos existir no planeta Terra utilizando a energia que esta naturalmente em fluxo © & relativamente inofensiva: ¢, da mesma forma, polo uso de alimentagao e de recursos naturats que sejam abundantes, sem destruirmos a vida na Terra. Todas as técnicas para a consérvacdo e a restaurago da Terra ja so conhecidas; 0 que nao é aparente é alguma nac&o ou um grupo grande de pessoas que esteja preparado para efetuar a mudanca. No enianto, milhées de pessoas comuns esto comegando a fazé-la sozinhas, sem a ajuda das autoridades politicas. Onde vivemos 6 onde deveriamos Iniciar algo, Podemos iniciar pela redugao do nosso consume de snergia- voce poderia, na realidade, viver com 40% da enercia que esta usando agora, sem sacrificar nada de valor. Podemos ajustar nossas casas para a eficiéncia energética. Podemos cortar o nosso uso do automével, utlizando transporte puiblico ou 0 dividindo com amigos. Podemos armazenar @ agua que corre dos nossos telhados em tanques, ou reciclar a agua cinza para o sanilario ou para o jardim. Também podemos participar da produgo de alimentos. sso néo significa que todos precisamos plantar nossas préprias batatas, mas que podemos compré-las diretamente de uma pessoa que esteja plantando responsavelmente. Na verdade, alguém que organizasse um grupo na vizinhanga para a compra cooperativa cestaria, provavelmente, realizando mais do que plantando. Em todas as agriculturas permanentes, ou, genericamente, em culturas humanas sustentaveis, as necessidades energéticas do sistema s&o supridas pelo mesmo sistema. A agricultura medema de {atifundios 6 totalmente dependente de energias externas. Essa mudanga de sistemas permanentes produtivos (onde a terra pertence a fodos) para uma agricultura anual @ comercial (onde a terra é considerada uma mercadoria), envolve a mudanga de uma sociedade de baixo consumo energstico para uma de alto consumo, com 0 uso da terra de uma forma exploradora e destrutiva, com uma demanda de fontes de energia extemas, princioalmente supridas por pafses do “terceiro mundo”, corno combustiveis, fertilizantes, proteina, trabalho e habilidades. © A produgao agricola convencional nao reconhece © nao paga seus custos verdadeiros: a terra é minada em sua fertilidade para produzir graos ¢ vegetals anuais; recursos nao-renovaveis sao uliizados para apoiar a produgdo; a terra softe erosao pelo excesso de animais nela mantidos e pelo cultivo demasiado; terra & gua sao poluidas com produtos quimicos. Quando as necessidades de um sistema ndo séio supridas de dentro dele, nés pagamos 9 prego em consumo de energia e em poluicao. Nao podemos mais arcar cor 08 custos verdadeiros de nossa agricultura, Ela esid matando nosso mundo, ¢ nos matard. Saindo pelo porta dos fundos, tudo de que necassitamos para uma vida boa esta nos esperando. Sol, vento, prédios, pedras, mar, saros e plantas nos cercam. A cooperagio com todas essas coisas nos {raz harmonia; a oposigdo a elas, traz desastre e caos. Componentes do local: ‘agua, tera, paisagem, lima, plantas Componentes social apoio legal, pessoas, cultura, comércio @ Fnangas A pessoas, Ne ; _— . Yo ODesigné {a integragéo hammoniosa (entre a paisagem @ as Componentes energétices: tecnologias, conexdes, /— ostruturas 0 fontes a“ Componentes abstratos: tempo, dados, stica A ETICA DA PERMACULTURA 4 um conjunto de crencas e atitudes morals em relagdo & sobrevivéncia em nosso planeta. Na Permacultura, adotamos uma ética explicitada em trés éreas: culdado com 0 planeta Terra; cuidado com as pessoas & culdado com a distribuigéo do excesso de tempo, dinheiro e materials para atingir esses, fins. Cuidado com a Terra significa 0 cuidado com todas as coisas, vivas ou nao: solos, espécies e suas variedades, atmostera, florestas, micro-habitats, animais e Aguas. !sso implica em atividaces inofensivas e reabllitantes, conservacao ativa, uso de recursos de forma, ética e frugal, e um estilo de vida correto (trabalhando para criar sistemas tteis e benéficos). ‘Cuidado com a Terra também implica em Cuidado com as pessoas, de forma que nossas necessidades désicas de alimentago, abrigo, educacao, trabalho satistatério e contatc humano saudavel sejam suprides. O cuidado com as pessoas é importante porque, mesmo que as pessoas sejam apenas uma pequena parte da totalidade dos sistemas vivos do mundo, nés causamos um impacto decisivo neste, Se pudermos suprir_nossas nocessidades basicas, néo necessitaremos da indulgéncia em grande escala de pralicas destrutivas a Terra. O tercoiro componente da ética basica de “Cuidado com a Terra’ 6 a contribuigao do excedente de tempo, dinheiro e energia para alcangar os objetivos de cuidado com a Terra € cuidado com as pessoas. Isto significa que, apés tenhamos suprido nossas necessidades basicas @ projetado nossos sistemas da melhor forma possivel, poderemos expandir nossas influéncias ¢ energias para auxiliar outros no aleance desses objetivos. A Permacultura também mantém uma ética da vida, a qual reconhece o valor intrinseco de tudo 0 que vive. Uma arvore é algo de valor em si mesma, mesmo que néo tenha valor comercial para nés. O qué importa é que esieja viva ¢ funcional. Esta fazendo sua parte na natureza: reciclando biomassa, suprinde oxigénio e didxido de carbono para a regiao, abrigando pequenos animais, construindo sol assim por diante, Assim vemos que a ética da permacuitura permeia todos os aspectos dos sistemas “ambientais, comunitarios, econémicos e socials. 15 Cooperagéo (e no competi¢ao) é a chave. AS FORMAS PELAS QUAIS PODEMOS IMPLEMENTAR A ETICA DE CUIDADO COM ATERRA SAO AS SEGUINTES: + pensar, a longo prazo, sobre as consoqi- éncias'de nossas agdes. Planejar para a sustentabilidade; * onde possivel, utilizar espécies nativas da area, ou aquelas adeptadas sabidamente benéficas. A introducao impensada de espécies potencialmente invasoras pode romper 0 balango natural da érea; + cultivar a menor érea de terra possivel. Planejar sistemas intensivos, eficientes ein energia e em pequena escala, em oposto aos sistemas extensivos de grande escala @ alto consumo energético; ‘+ praticar a diversidade policultural (oposta & Monocultural). Isso traz estabilidade e nos ajuda @ estarmos prontos para mudangas ambientais ou sociais; ‘+ aumentar a soma de produtos: focalize na produgao total do sistema suprida por plantas anuais e perenes, plantagoes, arvores e animais. Considere também & energia economizada como sendo parte da produgo; + Utilizar sistemas biolégicos (plantas e animais) e ambientais (sol, vento @ agua) de baixo consumo energético para conservar e gerar energia. + trazer a produgio de alimentos de volta as cidades e vilarejos, onde tem ocorride tradicionalmente "em sociedades sustentaveis; + ajudar as pessoas a tornarem-se auto- suficientes @ promover a responsabilidade comunitaria; © reflorestar a Terra e restaurar a fertilida- de do solo; + utiizar tudo até 0 maximo @ reciclar todos 98 detritos; * ver solugdes, nao problemas; + trabalhar onde conta (plante uma anc onde ira sobreviver; ajude pessoas que gueiram aprender). FONTES a ‘AARVORE DA PERMACULTURA [Ecies fo os olamantos do design. Ac ralzas ecto em muitas dscplinas, ore umn mundo abstato. Os produts ests no mondo real. A germinago de uma ois se tracuz na formato de produits (Os cinoo olamantos: madera, £090 (kz), er, ar © Agua 886 ofgani2acos Bela drvere, assim como a infermagso 6 organizada por ia). 16 CAPITULOL PRINCIPIOS DA PERMACULTURA 1.1 INTRODUCAO Existem dois passos basicos para um bom projete permacultural. O primeiro trata de leis e principios que podem ser adotados em quaisquer climas ou condigdes culturais; 0 segundo jé é mais associado a técnicas ¢ a préticas que mudam de um clima ou cultura para outro, Os principios discutidos nas paginas seguintes so inerentes a qualquer projeto permacultural, em qualquer clima e em qualquer escala. Sao selecionados a partir dos principios de varias disciplinas: ecologia, conservago de energia, paisagismo e ciéncia ambiental. Sao, em resumo, os seguintes: * localizagao relativa: cada elemento (casa, tanques, estradas etc.) & posicionado em relagéo a outro, de forma que auxiliem-se mutuamente; + cada elemento executa muitas fungdes; + cada fungao importante € apoiada por muitos elementos; + planejamento eficiente do uso de energia para a casa e os assentamentos (zonas & setores); * preponderancia do uso de-recursos biolgicos sobre o uso de combustiveis fosseis; + reciclagem local de energias (ambas: as humanas e as combustiveis); * utilizagao e aceleragéo da sucessao natural de plantas, visando o estabelecimento de sitios e solos favoraveis; + policultura @ diversidade de espécies benéficas, objetivando um sistema produtivo e interativo; + utilizacao de bordas @ padrées naturais para um melhor efeito; 1.2 LOCALIZACAO RELATIVA © ceme da Permacultura ¢ 0 Design, que representa a conexdo entre elementos. Nao 6 a dgua, a galinha ou a arvore. E comoa gua, a galinha e a arvore esto ligadas. E exatamente © oposto do que nos ensinam na escola. A educagaéo desmonta tudo em pedagos, sem fazer qualquer conexéio. A Permacultura faz a conex4o porque, tao logo vocé tenha compreendido a conexao, vocé pode alimentar a galinha a partir da érvore. Para permitir que um componente do projeto (tanque, casa, arvoredo, jardim, quebra-vento etc.) funcione eficientemente, devemos colocé-lo no lugar certo. Por exemplo: agudes ¢ tanques de gua séo melhor localizados acima da casa e do jardim, de forma que a gravidade (e néo uma bomba) seja usada para ditigir o fluxo. Quebra-ventos caseiros sic colocados de forma a defletir 0 vento, mas no a sombrear @ casa, do sol de inverno. O jardim é posicionado entre a casa e o galinhelro, de forma que os restos do jardim sejam coletados no caminho para 0 galinheiro, o estrume das galinhas possa ser facilmente removide para Ojardim, e assim por diante. Iniciamos com 0 planejamento dos relacionamentos de cada elemento, de forma. que as necessidades de um elemento sejam supridas pela produgaio de outro, Para i: necessitamos descobrir suas caracteris-ticas basicas, suas necessidades e seus produtos (veja quadio). Os elementos, em uma pequena fazenda tipica, poderiam incluir: casa, viveiro de plantas, horta, galinheiros, tanques de dgua, pilhas de composto, caixas de abelhas, estuta, arvoredo, acude, tanque de aquicultura, quebra-venio, galpao, barracdo de ferramentas, pilha de lenha, casa de haspod pastagem, sebe, minhocario ... @ assim por dianie, Esses elementos podem ser movimentados & vontade, no papal, até que estejam posicionados para o seu melhor funcionamento. Para cada elemento, podemos basear nossas estratégias de tigacdo nas seguintes quesi6es: “Que uso tém os produtos deste elemento, em particular, para as Recessidades dos outros elementos?” “Quais so as necessidades deste clemento que seréo supridas pelos outros?” ‘De que forma este elemento 6 incompativel com os outros?” “De que forma este elemento beneficia outras partes do sistema?” E methor comegar pelo ponto de atividade mais importante (a casa, ou, até mesmo, pontos comerciais, como o viveiro de piantas, 0 galinheiro ou a aqiicultura comerciais). Para que as coisas funcionem corretamente, devernos lembrar que: *° as necessidades de um elemento so supridas por outros elementos dentro do sistema; @ * 08 produtos de um elemento s&o utilizados por outros elementos (incluindo nds préprios}. 13 CADA ELEMENTO EXECUTA MUITAS FUNCOES Cada elemento no sistema deverd ser ‘escolhido e posicionado de forma a executar ‘0 maior numero possivel de fungées. Ura tanque pode ser uiiizado para irigacao, dar gua aos animals, cultivo de plantas aquaticas = controle de inc&ndios. Também é um habitat para pdssaros aquaticos, piscicultura e um refletor de luz (Figura 2.8). A parede de um agude pode servir como estrada, quebra-togo uma area de produgdo de bambu. Podemos fazer 0 mesmo com as plantas, selecionando espécies titeis 6 Posicionando-as em um local onde serdo utlizadas para um ou mais objetivos: Quebra-vento " Forragem animal Privacidade Combustivel Treliga Controle de eros&o Quebra‘fogo Habitat selvagem Mulch, Controle do clima Alimentagéo Condicionamento do solo PRODUTOS E COMPORTAMENTOS Figura 1.1. Analicando as caractr 108 otthas elementos do ti jas, nevessidades © produce de ceda elamente para coloci-o no hagar certo, em relago ‘Andlise Funcional da Galinha Primeiramente, listamos as caracteristicas inatas da galinha: cor, tamanho, peso, toleréncia térmica, habilidade no cuidar de seus pintos ete. As galinhas tém caracteristicas diferentes, de acordo com a raga: as de cor clara toleramn calor melhor do que as de cor escura; racas pesadas no voam tio alte quanto as mais leves (0 que significa que requerem diferentes alturas de cercas); algumas ragas séo melhores maes; outras, poem mais ovos. Taibém vamos observar 0 comportamento da galinha: qual 6 a sua ‘personalidade"? Percebemos que todas as galinhas esgravatam 0 solo para comer, caminham, voam, dormem em galhos ou poleiros a noite, formam grupos @ poem ovos. Em segundo, listamos suas necessidades basicas. Galinhas necessitam de abrigo, gua, banho de pé para evitar piolhos, uma area protegida para dormir e ninhos. Precisam de uma fonte de cascalho para poderem moer a comida na moeta. Também gostam de estar com outras galinhas. Uma galinha solitéria é um acontecimento muito triste, é methor dar-lhe companhia. Tudo isso é facil de providenciar, € nao leva mais do que alguns dias para organizar. Galinhas também necessitam de comida, € 6 ai que comegamos a fazer conexdes com outros elementos de nosso sistema, levando agalinha a uma situagdo ideal, de esgravatar para satisfazer suas necessidades. Cada vez que atrapalharmos a galinha em seu comportamento natural (esgravatar), teremos que executar mais trabalho para compensar. Trabalho e poluigao compdem o resultado de sistemas projetados incoerentemente. 19 Por tikimo, listamos os produtos *saidas” da galinha. Ela produz came, ovos, penas, p6 de penas, esterco, didxido de carbono (da respiragao), sons, calor € metano. Também queremos posicionar a galinha de forma que seus produtos sejam utilizados por outros elementos do sistema, Se nao utllizarmos esses produtos para auxiliar outras partes do sistema, estaremos frente a mais trabalho e poluigao. Agora, temos toda a informacao necessaiia ao rascunho de um plano para o galinheiro, decidindo onde posicionaremos cercas, abrigos, ninhos, arvores, produce de sementes ¢ forragem, tanques, estulas e centros de processamento em relagdo & galinha. A casa precisa de comida, combustivel para cozinhar, calor em tempo frio, 4gua quente, luzes etc. Ela da abrigo e calor as pessoas. A galinha pode suprir algumas dessas necessidades (comida, penas, metano), como, também, consumit a maioria dos detritos alimentares oriundos da casa © jardim demanda fertilizantes, mulch, agua... Ele da folhas, sementes, vegetais... A galinha fornece 0 esterco come 0 excesso que 0 jardim produz. Galinheiros perto de jardins garantem a coleta facil de esterco e um sistema de alimentagio do tipo “Joga por cima da cerca’. Em situagdes controladas, as galinhas podem entrar no jardim, A estufa necesita de didxido de carbon para as plantas, metano para a germinagao, esterco, calor e Agua, Durante o dia ela irradia calor, nos alimenta e produz sobras para as galinhas. Estas podem, obviamente, utilizar a maioria das sobras, além de suprir muitas das necessidades da estufa, inclusive produzindo calor noturno (calor do corpo), se posicionarmos 0 galinheiro ligado a estufa (Figura 7.8). ‘© pomar necessila de retrada Ge ervas daninihas, controle de prages, esterco e alguma poda. Ele da comida (frutas & nozes) e oferecs insetos para a forracem das galinhas. Entéo, o pomare as galinhas. podem interagir beneficamente, se permitirmos que as galinhas entrem, de tempos em tempos. © arvoredo requer manejo, controle contra 0 fogo, controle de pragas e algum esterco. Ele dé combustivel sdiido, algumas frutas, sementes, insetos, abrigo algum calor. Galinhas podem dormir nas 4rvores, alimentar-se das larvas de insetos e ajuidar no controle ao fogo, esgravatando nos possiveis combustiveis (como os capins) A plantagao necesita de aragao, esterco, semeadura, colheita e armazenamento da produgéo, Ela oferece comicia para galinhas ¢ pessoas. Gaiinhas podem ajudar, tornecende o esterco © arando, Um grande nimero de galinha em uma area pequena, limpa a vegetagao e vira 0 solo de forma muito efetiva, A pastagem precisa de semeadura, fnnita, esterco @ armazenamento da a. Ela dé comida para os animais {incluindo minhocas ¢ insetos) Otanque precisa de algum esterco. Ele da peixe e plantas aquaticas como alimento, reflete a luz e absorve calor. Deixando, simplesmente, as galinhas comportarem-se naturalmente e passearem em locais onde oferecem beneticio, podemos delas obter uma grande quantidade de “trabalho”. Utilizando a informagao acima, colocamos as galinhas proximas ao jardim (cerrado), adjacente & estuta. Portdes so abertos em ocasibes apropriadas para @ entrada no pomar, pastagem e arvoredo, de forma que as galinhas possam calar frutas caidas, sementes e insetos, esgravatando © arrancando ervas daninhas e deixando 0 seu valiogo esterco. 20 ‘Um quobra-vento pode ser feito com érvores que fomegam forragem € agicares para 0 gato (Salix sp., Gleditsia iriacanthos, Chamaeeytisus paimensis, Coprosma repens, Ceratonia siiqua); corte para pequenos gaihos 6 lenha (Leuesena leucocephala), néctat & pélen para abethas (Acacia fimbriata); e que supram suas proprias necessidades de nitrogénio (arvores leguminosas). Acacias cumprem muitas fung6es: elas fornecem sementes para a forragem das aves, folhagem para animais maiores e fixem nitrogénio no solo, enquanto que as flores suprem 0 pélen para abelhas. Também so as plantas pioneiras que preparam e protegem 0 solo para as outras mais sensiveis e de crescimento mais lento, A selecdo de espécies apropriadas requer um conhecimento amplo das variedades animais ¢ vegetais em sonsideragao, bem como suas tolerdincias, necessidades e produtos. Quando estamos considerando plantas. por exempio, necessitamos saber se so caducas ou permanentes; se as raizes sao invasoras; a que altura crescem; se crescem rapido e vive pouco (ou vice-versa); se t&m uma copa densa, ou nao; se tém resisténcia ou susceptibilidade a doengas: se podem ser cortadas ou comidas; ou se morrem, se forem. podades por animais ou pessoas. Para comegar, inicie um indice de espécies, ou mantenha notas sobre cada planta (suas caracteristicas, tolerancias © sos) em fichas ou em um sistema de arquivo (veja, no Apéndice, a lista de espécies). Algumas das coisas a registrar sfo as seguintes: 1 Forma: tipo de vida (anual, perene, caduca oupermanente) e forma visual (arbusto, vinha, Arvore), incluindo altur 2 Tolerancias: zone climética (éride, temperada, tropical, subtropical); tolarancia de sombra 2u Sol (parcial ou total}; habitat (umido, seco, mothado, alta ou baixa etevagao); tolerancia de solo (arenoso, argiloso, rochoso); e tolerncia do pH (Acido ou alcalino); 9 Usos: comestivel (alimentacao humana, tempero); medicinal; forragem animal (para animais especificos: galinhas, porcos, veados); melhoramento do solo (fixadoras de nitrogénio, plantacao de cobertura, fertilizante verde); protegao do sitio (controle de erosio, cerca viva, quebra-vento); corte (lenha, postes, estacas); material de construgao (postes, madeira, mobilia) e outros usos (fibras, combustivel, controle de insetos, omamental, néctar @ pdlen para abelhas, raizes uteis, anilinas). Existem varios fatores que podem limitar a selegao das espécies: + impropriedade para o clima ou solo; + invasora ou nociva localmente; + rara ou nao disponivel (geralmente nao comercializada fora do pais de origem): + preferéncia (vegetarianos exciuem espécies forrageiras ou animais para a carne); + drea de terra disponivel (espécies menores, para propriedades menores); + utilidade em relagao & dificuldade de Produgao, pequeno retorne ou tempo de chegada & maturidade 14 CADA FUNCAO IMPORTANTE & EXECUTADA POR MUITOS 0S Necessidades basicas importantes, como agua, alimentag&o, energia e protegao contia o togo, deveriam ser supridas em duas cu mais formas. Um projeto cuidadoso de fazenda, por exemplo, incluiria ambas as pastagens, as anuais e as perenes, além de arvores forrageiras (Prosopis, Salix, Gleditsias, tagasastes), as quais seriam cortadas e oferecidas ao gado, oua este sendo permitido alimentar-se diretamente das folhas, vagens € galhos, periodicamente. Da mesma forma, uma casa com um sistema de aquecimento de agua solar poderia, também, manter um fogad a lena com reservatério para fomecer agua quente em dias nublados. Para o controle do fogo, muitos elementos (0 tanque, a estrada, o quebra-vento de drvores que queimem lentamente ¢ os canais de infiltragao) sao inclufdos no projeto da casa, ou vila, para reduzir o dano em casos de incéndio no mato, Em outros exemplos, a dgua 6 captada or uma variedade de técnicas, desde agudes @ tanques até canais de infitracdo ¢ arado (para reabastecer as aguas do subsolo). Em regiSes costeiras, os ventos sao contidos, primeiramente, por um quebra-vento forte, de Arvores @ arbustos; e, mais proximo a casa, por cercas ou sistemas de grades semi- permeaveis. 1.8 PLANEJAMENTO ENERGETICO EFICIENTE A chave para planejamento energético eficiente (na verdade, 0 planejamento econémico eficiente) é 0 posicionamento de plantas, areas para animais estruturas de acordo com zonas @ setores, com as tnicas excegGes para os fatores de mercado, acesso, inclinagao do terreno, nuances climaticas locais, areas de interesse especial (planicies alagadigas ou encostas rochosas) e condigdes de solo especiais, como lateritas duras ou solos de banhados. As segdes a seguir cobrem planos de zonas, setores @ inclinagao para um sitio “ideal”. Digamos, um terreno com inclinagao leve, de frente para o sol, onde encontramos poucas varidvels. Terrenos ‘reais’, todavia, serao tratados diferentemente, de forma que seus projetos serao mais complexos do que aqueles iiustrados. PLANEJAMENTO POR ZONAS © planejamento por zonas trata do posicionamento dos elementos de acordo com a quantidade ou a freqiiéncia em que os utilizamos ou necessitamos visité-los. Areas que precisam ser visitadas todos os dias {estula, galinheiro, jardim) so localizadas inais préximas, enquanto que locais visitados, menos freqlentemente (pomares, pastagens, arvoredo) so posicionados mais adiante (Figura 1.2). Para posicionar elementos por zanas, comece por um centro de atividades, geralmente a casa, embora possa ser, também, um galpao, viveiro de plantas comercial ou, em escala maior, uma vila inteira. (0 zoneamento & decidido a partir de: (1) ondmero de vezes que voeé precisa visitar elemento (planta, animal ou estrutura) para cotheita ou relirada da produgao; ¢ (2) numero de vezes que 0 elemento necessita que voc8 o visite. Por exempio, anualmente, nés visitarfamos 0 galinheiro: + 350 vezes para apanhar ovos; + 20 vezes para recolher esterco; +» 5 vezes para apanhar galinhas; + 20 vezes por outras razdes. Temos um total de 395 visitas anualmente, a0 passo que um carvaiho seria visitado somente duas, para a colheita das sementes. Quanto maior o nimero de visitas necessarias, mais préximos os elementos precisam estar. Aqueies componentes que necessitam de uma observacdo constante, visitas freqientes, trabatho intensivo ou técnicas de manejo complexas, devem ser posicionados bem préximos, ou desper- igaremos uma grande quantidade de tempo, esforgo @ energia visitando-os. Aregra basica 6 a de, primeiramente, cesenvoiver a érea mais préxima, assumir 0 controle 6, s6 entéo, expandir a partir das bordas. Freqiientemente, 0 iniclante escolhe um jardim longe da casa e acaba por nao Figurs 1.2 0 relacionamento one @ dsénsa @« Intensidade de manejo. Areas vistadaes treqtantomente aio cslocadas mais prowmas da casa colher as plantas de forma eficiente, nem cuidé-las de forma adequada. Com tempo, quaiquer solo pode ser meihorado para jardinagem; entao, priorize o fator “perto da casa’, quando esiiver posicionando um jardim ou um pomar, A Zona zero é 0 centto da atividade (casa, galp&o ou vila, se o projeto for em grande escala), a zona é planejada para a conservagio de energia e para ajustar-se as necessidades de seus ocupantes. A Zona | esta perto da casa, 6 a mais controlada e intensivamente utlizada, podendo conter 0 jardim, oficinas, estufas e viveiros de propagagao, pequenos animais (coelhos, porcos da india), combustiveis para a casa (948, madeira, composto), mulch, varal para roupas e area para a secagem de grdos. No existem animais de grande porte soltos ©, possivelmente, teremos poucas arvores de grande porte (dependendo das necessidades de sombra). Qualquer arvore pequena @ essencial, que seja visitada frequentemente, pode ser colocada nessa zona (um limoeiro prolifico, por exemplo), A Zona il ainda é mantida intensivemente, com plantio denso (arbustos maiores, pomares mistos e de pequenas frutas, quebra-ventos), podendo incluir terragos, sebes, grades e tanques. Existem algumas arvores maiores com uma camada complexa de ervas e plantas’ baixas, especialmente, as pequenas frutas. Espécies de plantas @ animais que requeiram ‘observacao e cuidado séo localizados nessa zona, ea Agua é reticulada (irrigagéo por gotejamento para drvores). Galinhas ¢ outras aves domésticas séo permitidas em areas selecionadas (pomar, arvoredo) para passeio livre, e uma area para uma vaca de leite pode ser cercada a partir da préxima zona, A Zona Ill contém pomares nao- podados e sem mulch, pastagens maiores are animais de abate ou para manter uma plantagao principal. A agua é disponivel apenas para algumas plantas, embora haja bebedouros para os animais, ou seja, gado, ovelhas e passaros semimanejados. AS plantas incluem quebra-ventos, moitas, arvoredos e arvores maiores (como carvalhos ‘@ noguciras), para a forragem animal. A Zona IV 6 somimanejada, semi- selvagem, utilizada para a coleta de alimentos tesistentes, possuindo arvores néo-podadas manejo de vida selvagem e floresta. A madeira é um produto manejado @ outras, produgées (plantas e animais selvagens) séo possiveis. Tabela 1.1. Alguns fatores que mudam no planejamento de zonas a medida que a distin- cia aumenta. FATOR OU ESTRATEGIA, ZONAT ZONA ZONA Tit ZONAIV Palo pare Gi da casa suo | Peotone pana] Paniayie panopa[ Call Taegan Bo suticiencia domés-| rea r00n ‘naa, pasagem fica Estabelecimente 3e | Uso tial de mush | Uso de mich bealzae «| Cordesman dose | Somnie conn pints emeamadas | prctetores de sores | 0m vorse sie dco Pod de anore | lens GETS TFamiae, grades | sem poon grades rats | wudne, vanedades oe pata constvices ra selocenadas Seno do artes « | Siecone miiauras | Varden encnacas | Midna solecionadas | Variodades se plata cu mutiovetass para enxeros posto | clas ou mej a por aime Ta Sap Pons coagn | REPT csrmtwma cane | amaznanennoane [Ape tx wen "pe G—8. 0 tog 9 agudes los © borbas eslicas tags Estutoras (Casa, estula, arma- zenagem Integrada | galinheiros ———L Vivetos, gaipeee, Abrigo de campo come sabes ¢ anor redo ‘Atmazém de forragem, abrga de campo ——_——____. 23 A Zona V compSem os sistemas no- manejados “selvagens". Até esse ponto, Uinhamos executado o design. Na zona V, somente observamos © aprendemos; ¢ 0 nosso loca! essencial de meditagao, onde somos visitantes ¢ nao gerentes. Zonas s4o: uma forma abstrata @ convaniente de lidar com distncias; todavia, na pratica, as bordas de cada zona se misturam umas as outras; a topografia e 0 acesso podem significar que, em alguns casos, a area menos utiizada (Zona V) fica préxima a érea utiizada mais intensamente (Zona |) - por exemplo, uma encosta ingreme loresta diretamente atrés da casa, Podemos, na verdade, trazer “ounhas" da Zona V até 2 nossa porta da irente, como um corredor para 2 vida selvagem, passaros @ a naiureza em geral. Ou poderlamos estender a Zona | juntamente com uma trilha reatientemente usada (uma volta que nos leve da casa para 0 galpao, passando pelo galinheiro & pelo jardim, proximo & pilha de tha, @ ds volta a casa). As figuras 1.3 1.4 mosiram exemplos do planejamento de zonas para uma fazenda pequena. Padres zonais podem muder, quando estivermos trabalhando com dois ou mais centros de atividade. Digamos, entre a casa © a cabana de héspedes, a casa e o galpao ou, em grande escala, entre os prédios de uma vila. Neste case, devemos organizer nossos elos cuidadosamente entre esses centros, ern sua maioria, conexdes de acesso, suprimento de agua © onergia, esgoto © cercas, 0 que David Holmgren chama de “rede de anaitise”, a qual faz 0 planejamento de sitios mais complexos, fazendo conexdes enire estradas, canos, quebra-ventos e assim por diante, para servis a mais de um centro. Figura 1.3. Corredor (corcade) para vida svestre (Zane mu | 28 eetnndendo até 2 zone 2er0, Jgura 1.4 Exempla de plane para uma pequena propriedade de predugao mista PLANEJAMENTO DE SETORES Setores tratam das energias nao contioléveis, os elementos do sol, luz, vento, chuva, fogo e fluxo de agua (inctuindo enchentes}, que vém de fora do nosso sistema ‘e passam por ele. Para isso, organizamos um diagrama de setores baseado no sitio real, uma éraa em forma de cunha a partir do centro de atividade (usualmente, a casa, podendo ser outra estrutura). Veja a figura 1.5. Figura 1.8 Comprocnder as direpdee da Incidéncia do sol, vento, fo90 © enchentes. ajuda no pasicionemento dus estuturas fda vogetagae. Alguns dos fatores que podem ser rascunhados em nosso diagrama sao: + setor de perigo de fogo; + venitos trios e danosos; + ventos quentes, com pé ou sal; + Angulos do sol para verdo e invemo; + reflexdo a partir de acudes; + dreas sujeitas a enchentes. Posicionamos espécies de plantas e estruturas apropriadas a cada setor (1) para bloquear ou diminuir a energia que entra ou uma vista distante; (2) para canalizéta para usos especials; ou (3) para abriro setora essa energia, permitindo, por exemplo, maior luz do sol. Assim, nés posicionamos elementos de nosso design manejando energias que entram para o nosso beneficio, Para 0 setor do fogo, escolhemos elementos que ndo queimem ‘ou que criem quebra-fogos, como agudes, paredes de pedra, estradas, areas limpas, vegetacéio que telarde o fogo ou animais herbivoros para manter a vegetagao baixa. A B INCLINAGAO (Declividade) Finalmente, observaremos o local em perfil, anotando elevagdes relativas, para Posicionamento de agudes, tanques de Agua ‘ou vertentes (acima do sitio da casa); para o planejamento de estradas de acesso, drenos, desvio de enchentes ou de correnteza; para 0 posicionamento das unidades de efluentes ou biogés, e assim por diante. As figuras 1.6 @ 1.7 ilustram alguns relacionamentos ideais entre estruturas ¢ fungées, assumindo uma inclinagao razoavel. Iniciando com o plat no topo teremos: + agudes sao posicionados acima da casa, recebendo o excesso de aqua de tanques elevados, 05 quais recebem a captacao dos telhados, dos galpées de armazenamento, oficinas ou sales. Todos eles necessitam de pouca dgua, mas tém uma grande rea de captacao no tethado. O mesmo resultado pode ser obtido com canais de divergéncia direcionados aos agudes; + todos os tanques cobertos em elevacdo 820 muito iteis e podem, na verdade, ser construidos na base de'edificagGes, for- mando um regulador térmico no pordio das Oficinas. A agua armazenada em tanques sn Ht eric en Soalcia twee Figura 1.6 Andlice da encosta @ 0 plano para o iio em reiagao ao aspecioinluarciam muito no pasiclonamenta do acesso, Ssuprimento de Sgus, florestas@ plantas em geval (zones umes). aT cobertos é seguramente livre de potuigao biolégica e deveria ser utiizada para be- ber soments nos niveis mais baixos da area de assentamento. Quantidades mai- ores de agua para uso doméstico (chuvei- fos, banheitos, jardins) s80 suprides por agudes altos; + acima da casa, particularmente em terro- NOs rochosos @ Secos, deveria haver uma selegao cuidadosa de plantas adaptadas as condigdes aridas que necessitarn de uma irrigaeo localizada somente na fase de estabelecimento. Essas florestas ou pomares ajudam no controle da erosdo € ha retengao de Agua. Para sitios mais bal- xos, escolha plantas com maior nacessi- dade de agua; na casa, tanques pequenos séo rios para © suprimento de 4gua I. A localizagao da casa deverd tras dos agudes ou lagos mais baixos, para proteoao contra 0 fogo. A dqua cinza Griunda da casa (égua descartada nas pias @ chuveiros, mas nao do vaso sanitério) € absorvida pela vegetacéo densa do jardim ou pomar; + mais abaixo, a agua do lago, no vale ou em armazenamentos maiores, é bombeada para tanques ou agudes mais los, em emergéncias come fogo ou S Um fator frequentemente _ne- gligenciado no planejamento é a necessidade de acesso a locais mais altes, tanto na forma de trihas quanto na forma de estradas. Um acesso assim pode ajudar na drenagem ou no desvio da agua para acudes ne melo da encosta, no controle de foge e, & época da golheita, servir como acesso & floresta e 20s galpdes ¢ oficinas. Felizmente, em pequenas propriedades, o mulch das floresias @ os estercos dos galpdes acima da encosta podem ser, facilmente, levados mais abaixo para estabelecer um jardim “do galpao para a case’. Pisos sélidos nos gaipdes de tosquia, casa das cabras @ estabulos nos permitem um facil acesso aos estercos. Para relembrar as regras basicas da conservagao de energia: + posicione cada elemento (planta, animal ‘ou estrutura} de forma que ele execute, no minimo, duas ou mais fungdes; + cada fungao importante (captagao de gua, protegao do togo) 6 servida de duas ou mais formas; + elementos s40 posicionados de acordo com a intensidade de uso (zonas), 0 controle de energias externas (setores) € um fluxo eficiente de energia {inclinagao). Figure 1.7 - Piano Wealizado para équa, ef 9808 © eovseo (a vagatagie nao esté desenhada pare wor apresentar os me ‘imentos da igus). Canals de Inragio dlstiouem a agua cobre uma encesta pare preverir vogoroeas durante a= hues, Uma vez compietada essa andlise de bom senso, sabemos que cada componente esid posicionado corretamente por trés razGes {relalivas aos recursos do local, as energias extemas e a inclinacdo ou elevacao). Nao deve haver planta, drvore, estrutura ou atividade que nao esteja posicionada de acordo com esses critérios. Por exemplo: se plantamos um pinheiro, ele vai para a Zona IV (visitas, infreqiientes), longedo setor de perigo de fogo (pinheiros acumulam combustivel e queimam como um barril de piche), voltado para o setor de ventos frios (sao resistentes ao vento) e fornecendo pinhas comestiveis como forragem. Se quiséssemos posicionar uma pequena estrutura como um galinheiro, ele deveria ser rentea borda da Zona | com a zona II (para visitas treqtientes), longe do setor de fogo, ligado ao jardim anual (para coleta técil de esterco), junto ao sistema forrageiro e, em climas temperados, figado a estufa, além de fazer parte de um sistema de quebra-vento. 1.6 UTILIZANDO RECURSOS BIOLOGICOS —m um sistema permacultural, utilizamos, onde for possivel, recursos biologicos’ (plantas e animais) para economizar energia € realizar o trabalho da fazenda. Plantas animais so usados para, fomecer combustivel, fertiizante, aragdo, além de serem titeis no controle de insetos, controle de ervas invasoras, reciclagem de nutrientes, methoramento dos habitats, aeraeao do solo, controle de inc&ndio, controle da erostio € assim por diante. © acumulo de recursos bioldgicos em um sitio é um investimento a fongo prazo que necesita culdado e manejo nas fases de planejamento, pois é uma estratégia-chave para a reciclagem de energia e para 0 desenvolvimento de sistemas sustentavels. Ulilizamos “esterco verde” e arvores leguminesas, ao contrario de fertilizante nilrogenado; gansos na capina e ervas, rasteiras, em lugar de cortadores de grama; Controle biolégico de insetos, ao contrario de pesticidas; € outros animais, como galinhas ‘ou porcos, em lugar de arados mecanicos, venenos e fertilizantes artifciais. 29 No entanto, o uso cuidadoso de alguns recursos nao-biolégicos (maquinaria baseada em combustiveis fésseis, fertilizantes attiliciais, equipamento técnico) nos estagios iniciais de um sistema permacultural & aceito, se forem usados para criar sistemas biolégicos sustentaveis a longo prazo, com uma infra-estrutura fisica duradoura, Por exemplo: — equipamentos tecnolégices como células fotovoltaicas, aquecedores de agua solares e tubos plasticos utilizam recursos ndo-renovaveis na Sua fabricagéio; mas, podemos utilizd-los efetivamente para produzir nossa propria energia no local. {qualmente, podemos aiugar maquinaria de tefraplanagem para construir estradas, agudes, canais de infiltragao e de divergéncia ¢ drenos; tratores para passar 0 “arado-chisel? em solo duro ¢ improdutivo; ou © disco, em terras secas, coletando lodo e sementes para um eventual crescimento das Planta: aminhdes para trazer esterco e mulch de fontes proximas, de modo a dar partida em nossos proprio sistemas. Da mesma forma, fertilizantes artificiais aplicados em solos desgastados produzirio uma colheita de esterco verde para iar a acumulacdo de fertiidade biolégica. © problema ocorre quando estamos aprisionados em um ciclo anual de uso de fertiizante ou maquinaria, ao contrario de utilizar esses recursos sabiamente para construir,nossos préprios sistemas biolégicos, no sitio du na comunidade. Utilize cuidadosamente o que esteja disponivel; faga-o pelas melhores razdes @ desenvolva altemativas, o mais rapido possivel. A seguir, damos alguns exemplos da utilizacdo de plantas @ animais para aumeniar 8 produgio € o vigor e reduzir a necessidade de fertilizantes @ pesticidas. Ao invés de depender de méquinas ou de forga bruta, Podemos, ao contrario, pensarnosso caminho fo manejo @ na manutengao de nossas propriedades, Animais-tratores ~ galinhas e porcos ‘840 conhecidos por seus habitos de ciscar e cavar © solo procura de minhocas, insetos @ raizes. Embora 08 sistemas de animais- tratores sejam descritos no Capitulo 7, resumimos: galinhas, porcos ou caprinos, se confinados em uma area de ervas daninhas ou em caposira, rao dastruirtoda a vegetagao, cultivar parcialmente a terra @ adubar a area com estarco. Por isso, deverao ser levados para outre area fechada antes que possam, na verdade, causar dano pelo excesso de esterco ou pelo distirbio do solo. Controle de pragas - Plantas umbeliferas @ compostas, como o anis, 0 funcho, as margaridas e as tagetes, posicionadas em voila de canteiros e no pomar, alraem insetos predadores (que se alimentam ou parasitam pragas). Tanques abertos no jardim atraem anfibios comedores: de insetos (ras). Caixas de ninhos adequadas, ‘ou atbustos espinhentos, oferecem habitats para passaros insetiveros. Fungos e bactérias, benéficas ou nematéides tém sido usados para controlar insétos, e muites plantas fealizam o controle de insetos ou nematdides. Fertilizantes ~ Todos os animais reciclam nutrientes comendo a vegetacao ou outras animais e excretando esterco nitrogenado nos campos, pomares ¢ jardins. Esterco de patos @ porcos, em um grande langue ou lago, aumenta 0 nutientes para muitas espécies de peixes. Minhocas bombeiam ar para deniro dos solos e formecem himus @ nutrientes para as plantas, ou sao colhicias como alimento de galinhas ou pelxes. Os restos do jardim @ do pomar sao reciclados pelas minhocas, sendo limpos de pestes e oengas em potancial © contrei pode ser combinado com estercos @ compostado ou fermentado em uma mistura liquida para prover os nutrientes essenciais as plantas do jardim. Muitas espécies de drvores vigorosas e com raizes profundas penetram o solo abaixo da camaca uperior, *razendo” nutrientes para plantas de ralzes menos profuncas. Assim, as folhas podem ser utilizadas como muich e para auimentar 0 hummus do soto. Os legumes e érvores leguminosas (alfafa, feijes, leucena, acdcias) abastecem de nutrientes 0 solo, através da retirada do nitrogénio do ar e processamento do mesmo nos nédulos nas raizes. Existe uma bactéria apropriada (rizdbia) que, adicionada de forma correta ao solo de plantio, pode aumentar 0 ‘rescimento das plantas em até 80% acima das plantas que nao forem inoculadas. Nota: nem todas as leguminosas sao fixadoras de nitrogénio; excegdes notdvels sao a Gleditsia e a Ceratonia sifiqua. Existem mais de 150 plantas nao-leguminosas, como o alder (Alnus $9), @ Oliva Russa (Eleagnus umbellata, E. angustifolia) 6 as casuarinas, que S20 conhecidamente fixadoras de nitrogénio. Pastagens leguminosas, arbustos e Arvores sao interealados com drvores de pomar e de floresta; legumes, como feljoes © ervilhas, sao plantados em jardins e utilizados como primeiro andar em pomares. Se forem cortados ou podados antes da floracdo, o nitrogénio dos nédulos nas raizes é liberado para dentro do solo, para ser utilizado pelas plantas na redondeza. ‘Muitas dessas plantas, espe-cialmente 0s legumes, t8m outros usos; 0 arbusto da ervilha siberiana (Caragana sp.) ea tagasaste (Chaemocytisus palmensis) por exempio, nao somente melhoram o solo, mas so tteis como quebra-vento ou cerca viva, alimento para as galinhas (sementes) e forragem para animais maiores (folhas). Outros recursos biolégicos incluem abelhas (polinizacdo de flores e colheita de néclar), plantas espinhentas (cercas), plantas alelopaticas (que suprimem 0 crescimento de ervas daninhas) e caes (quardas para outros animais, particularmente as ovelhas). Achave para ouso efetivo de recursos diolégicos 6 0 manejo. Se no forem manejados, esses recursos ficardo fora de controle © se tornarao destrutivos, freqiientemente terminando como poluentes. Isso pode ser visto no gado nao-cercado comendo os brotos da floresta; caprinos que escapam para 6 pomar; galinhas que poluem: © cercado @ arvores ieguminosas n&o- manejadas, que acabam por sombrear 0 jacdim. | | ‘A maioria das estratégias de manejo so baseadas na temporalidade. Gansos, por exemplo, iréo capinar os capins de uma horta de morangos, amoras, tomates e outras colheitas de raiz, como cebolas, batatas etc. O importante 6 permitir a entrada dos gansos somente apés as plantas estarem grandes 0 suficiente para prevenir 0 dano causado por seus pés @ antes do amadurecimento das frutas (gansos comeréio morangos e tomates maduros). As galinhas, apesar de todas as vantagens de adubagao e do controle de insetos @ sementes de ervas daninhas, nao deveriam ser permitidas em um jardim ou pomar com mulch, pois irao espalha-lo quando ciscarem & procura de insetos. Se o pomar no contém mulch e, 20 contrario, é manejado ‘com um andar de leguminosas fixadoras de nitrogénio, as galinhas sao permitidas para catarem frutas caidas, insetos e brotos. O mulch fo cercado das galinhas pode ser coberto com pedras ou com uma tela metalica. 1.7 CICLOS ENERGETICOS Em nossos sistemas de suprimento alimentar modemos, nutrigao completa e uma dieta variada sao obtidos através de uma rede mundial de transporte, armazenamento publicidade. Obviamente, essa reticulagao de alimentos gasta muito mais energia do que uma diversidade agricultural local, @ so é possivel devido ao subsidio de combustiveis fosseis. Hoje em dia, jd notamos que os cusios dessa reticulacdo de alimentos estao fora de controle, e sentimos seus efeitos nas fazendas @ sitios onde so produzidos. Métodos “eficientes" 16m sido forgados ao produtor, mesmo que em prejuizo da terra e da qualidade do produto a longo prazo. Pesticidas, grandes quantidades de fertiizantes, técnicas de cultivo e sequancias de plantio pouco sabias tém-se tornado comuns, num esforgo para reduzir custos aumentar a produgao @ na va corrida para manter a viabilidade econémica. Uma comunidade apoiada por uma Permacuitura diversa 6 independente desse trafico de distribuigdo, e capaz de garantir uma dicta variada, provendo todos os requisitos 31 nutritivos sem sacrificar a qualidade ou destruir aterra a partir da qual se alimenta. As maiores economias energéticas esto na eliminagao dos custos de transporte, embalagem e Publicidade, Sistemas Permaculturais visam interromper esse fluxo de nutrientes 6 energia que saem do local e, 20 contratio, transtorma- Jo em ciclos, de forma que, por exemplo, restos de cozinha sejam reciclados para -composto; esterco de animais seja levado para a produgdo de biogés ou de votta ao solo; a gua cinza da casa flua para o jardim; esterco verde seja transformado em terra fértil; folhas sejam levadas de volta as arvores, como mulch. Ou, em uma escala regional, esgoto seja tratado para produzir tertilizante a ser usado em terras produtivas, dentro do distito. O bom design utiliza energias naturais que entram no sistema com aquelas geradas no local para garantir um completo ciclo energético. A segunda lei da termodinamica enuncia que a energia é constantemente Perdida, ou se torna menos itil ao sistema. Todavia, 6 através de uma constante reciclagem que a vida na Terra se prolifera. A interagao entre plantas e animals, na verdade, aumenta a energia disponivel no local. O objetivo da Permacultura néo 6 somente reciclar e aumentar a energla, mas, também, captar, armazenar e utilizar tudo 0 que estiver disponivel no ambiente, antes que acontega a degradacdo até onivel de uso energético mais baixo e se perca para sempre. Nosso trabalho é utilizar a energia que entra (sol, agua, vento, esterco...) no nivel de uso mais alto possivel, no nivel seguinte mais préximo e assim por diante. Podemos criar pontos de uso.a partir da“fonte e até 0 depésito natural’, antes que a energia escape da nossa propriedade. Sistemas de captagao_e armazenamento de égua, por exemplo, so construidos em elevagdo no terreno para a utilizag&io em um padrao complexo de cacimbas, acudes @ armazenamentos menores, geragao de energia e assim por diante, até quo, finalmente, a agua escape da propriedade (Figura 1.8) Figura 1.8 © trannino ao proetcta¢ ena armazensmentos Hols de anorgias na palsagemn ou nas ediicages (maudando da ‘stuagae A para B. Tas armazeramenios so torram fecursos pars maior produvidade 32 Se ignorarmos os morros @ as elevagies € colocarmos uma barragem no fundo do vale, teremos perdido a vantagem da gravidade 6 necessitaremos de energia para bombear a ‘gua de volta para cima. Na verdade, nao 6 a ‘quantidade de chuva que conta, mas 0 ntimero de cislos que podemos organizar para utilizar essa Agua para o nosso melhor beneficio. A medida em que criamos mais armazenamentos titeis, aos quails dirigimos a energia que entra ou aquela gerada no local, antes que saiam, melhores designers (projetistas) Permaculturais seremos. 18 SISTEMAS INTENSIVOS EM ~ PEQUENA ESCALA ‘Ao contratio dos sistemas centralizados em grandes colheitadeiras e carretas de transporte, 0 sistema permacultural & sintonizado nas ferramentas de mao (tesoura de poda, carrinho de mao, foice, machado) em um sitio pequeno, ou motores com uso modesto de combustivel (pequenos tratores, rogadeiras, moto-serra), em sitios maiores. Embora, a principio, a Permacuttura aparente ser de trabalho intenso, ela ndo é um relorno aos sistemas proietarios de colheftas anuais, escravidéo e sofrimento sem fim & dependéncia total na servidao humana. Pelo contrério, ela prioriza o design da fazenda (ou sitio, ou quintal urbano, ou cidade) para o melhor beneficio, utilizando uma certa quantidade de trabaino humano (que pode incluir amigos e vizinhos), uma acumulacao gradual de plantas produtivas perenes, mulch para o controle de ervas daninhas, 0 uso de Fecursos bioldgicos, techologias alternativas que gerem e economize energia @ um uso moderado de maquinas, de forma apropriada. -__ Sistemas intensivos de pequena escala significa que (1) uma parte da terra pode ser utilizada por completo # eficientemente, e que (2) o local esta sob controfe. Em um pequeno Sitio isto ndo é problema, no entanto, em sitios maiores 6 mais facil cometer o erro de multiplicar jardins, hortas, pomares, arvoredos ® galinheiros. isso é um desperdicio de tempo, energia e gua."Se voce quiser saber como controlar o seu sifio, coméce a parti da porta 33 da casa! Se vocé avistar uma fazenda onde a porta da cozinha leva a ervas daninhas, elas existio até os limites de propriedade; a area de terra é muito grande em termos de tempo, trabalho, dinheiro ou interesse disponivel. Se ndo podemos manter ou melhorar um sistema, devemos deixd-lo em paz, assim, minimizando danos e preservando a complexidade natural. Se nao regulamos nossos proprios niimeros, apetites e a area que ocupamos, a natureza o faré por nds, pela fome, eroséo, pobreza e doenca. O que chamamos de sistemas econdmicos e politicos esta apoiado (ou decaindo) de acordo: com a nossa habilidade, ou no, de conservar Oambiente natural. Um controle rigido da terra disponivel e o uso muito cauteloso de recursos, naturais é a nossa Unica estratégia para ur futuro sustentavel, Talvez devéssemos controlar somente aquelas areas em que podemos estabeleces, manter e colher através de tecnologias brandas, como uma forma de controle dos nossos apelites. Isso significa que assentamentos deveriam sempre incluir a provisao total de alimentos, ou, de outra forma, atriscaremos a combinacao fatal de cidade estéril e terreno delingiiente, onde a cidade, a floresta e as fazendas sao negligenciados e sofrom até a falta de recursos basicos para a auto-suficiéncia. © que observamos frequentemente, no mundo ocidental, 6 um tertitério delingaente ~ lotes suburbanos cobertos de gramados ¢ flores cosméticas; areas de decadéncia urbana em volta das cidades; mais e mais desmatamento nas bordas da floresta e a ullizacdo da terra de forma desesperadamente incorreta, nos intervalos. Esse sistema nao é sustentavel. Neste momento, nos parece Sbvio que 0 planejamento da produgao alimentar altamente intensiva e biol6gica, a parr da porta de casa, 6 0 Unico caminho para a saida das crises futuras. Compare as _enormes reas desmatadas da Austrélia e dos Estados Unidos ‘com as pequenas ¢ intensivamente cultivadas das Filipinas, onde a drea total a volta das casas € normalmente em toro de 12 metros quadrados: neste jardim é produzida a maior parte da alimentagao para a familia. A casa 6 geralmente apoiada em esteios ¢ os animais 40 mantidos sob 0 piso, O jardim cerca toda a casa, Restos e podas so dados aos animais; estercos So usados no jardim. Treligas com maracujés, cabacas, feljbes 6 outras plantas trepadeiras abrigam a casa do calor extremo e provéem de comida a familia. Arvores de crescimento rapido, como a Leucena, s40 podadas para Jenha. Ento, fique perto de casa e trabalhe para o desenvolvimento de sistemas pequenos ¢ intensivos. Podemos plantar 10 arvores cruciais e cuidar delas, enquanto que, se plantarmos 100, poderemos perder até 60% por falta de preparacio do local e falta de cuidado, Dez Arvores e, talvez, quatro metros quadrados de jardim, bem protegidos, adubados e regados, so um bom comego para um sistema nas Zonas | ¢ I O planejamento de nucleos menores sempre deve ser relacionado a um plano maior. Eles so os designs que circundam a ‘casa, fazer o pomar ou ocarrem nos espagos do galinhelro. © importante ¢ desenvoiver 0 nicieo por completo, antes de ir adiante. Nucleos poem ser téo simples coro um ‘grupo de arvores pioneiras mantidas com pouca frequéncia, mas estabelecide cor um bom preparo do solo e provisdo de agua, se necessério. Ou podem ser jardins, sistemas forrageiros animais, pomares ou margens de tanques completamente plantados, cercados, com mulch e irrigados. Para economizar agua e energia e prevenir a invasdo de ervas daninhas, 0 sistema desenvolvide deve ser totalmente ocupado com plantas, mesmo que algumas devam ser arrancadas mais tarde. Mesmo que, a principio, isso aparente gastar mais energia e tempo, a longo prazo é econémico, gragas as reduzidas perdas & "cil manutengao do sistema. Empithamento de plantas Em todos os ecossistemes ocorrem ospécies de plantas diferentes em altura profundidade variadas, @ partir do solo. As plantas crescam em resposta & luz disponivel, 34 de forma que, em uma floresta, as arvores maduras formam. a camada (ou andar) mais alta (copa), com uma cameda um pouco mais baixa de drvores menores que utlizam um pouco da luz restate, A camada de arbustos, adaptada a niveis baixos de luz, cresce 1ogo abaixo, ¢ se ainda existir alguma luz de sobra, uma outra camada herbdcea se forma no nivel mais baixo (Figura 1.9). Podemos construir nossas proprias varlagdes da floresta, estabelecendo um plantio intercalado de espécies altas e baixas, trepadeiras e ervas, posicionadas de acordo com suas alturas, tolerancia 4 sombra 6 necessidades de gua. Por exemplo: em terra com fertilidade adequada e alguma fonte de qua, colocamos o nosso sistema todo de uma vez, com espécies de climax (arvores de pomar de vida longa, como nozes @ améndoas); frutiferas de vida mais curta menores (ameixas, péssegos); pioneiras leguminosas de crescimento rapido (acdcias, oliva russa, Eleagnus sp., tagasaste para mulch, sombra @ nitrogénio); espécies perenes de vida curta (contrei, Achillea miliefolium) para ‘© controle de ervas daninhas e para fomecer mulch; arbustos perenes (groselhas, amoras); ©, até mesmo, anuais como funcho (Anethum graveotens), faijao e abébora. O espacamento entre as plantas depend, principaiments, da disponibitidade de gua 6 dos requisites de luz. Piantios em terras secas requerem mals espaco entre elas, enquanto que plantas em regides quentes € Umidas podem ser posicionadas muito préximas. Design para climas frios requer sistemas relativamente abertos para permitir 2 chegada de luz &s camadas mais baixas para superar a falta de calor no amadurecimento. Também, muitas arvores frutiferas do clima temperado e, até mesmo, algumas plantas de ambientes quentes € Umidos, necesita movimento do ar entre elas para reduzir a possibilidade de ataques de fungos quando ocorrerem chuvas fora de estagao. a D a y SONAXONONO 3 DS ODO Soe Me Noo OG: RIX NONE en ie ee My RY OG 35 Empithamento de tempo Os ingleses crieram um sistema de picdhigdo no qual as pastagens sio divididas, ‘apds os animais terem permanecido nelas por alguns anos. A rotacao apropriada ocortia a cada periodo de sete anos. A pastagem ers arada e cultivada com alguma espécie de alta demanda de nutrientes, digamos alfafa, seguida de um plantio de cereais e, em soguida, de um plantio de raizes. Depcis, 0 local era abandonado por um ano para 0 dascanso do solo. Isso era sustentavel, mas © ciclo durava um longo tempo. Masanobu Fukuoka, um mestre estrategista, lida com empithamento do tempo. Eie nao precisa aiqueivar (descansar © solo) porque nunca ira do solo a parte principal da colheita, Ele empiiha os legumes com os cereals, com os patos e com as 148, Ele coloca seus animais ria plantagao de tempos em tempos, sem stabelecer um local para os animais @ outro ara a plantacdo. Ele empilha tipos diferentes de plantagées e, ainda, vai um passe adiante: pilha seqiiéncias umas dentro das outras, inisiando 0 préximo piantio antes que a titima colheita tenha terminado. Podemos fazer a mesma coisa colocande pioneiras, frutiferas jovens, palmeiras (ou arvores para esteios), arbustos, quebra-ventos, coberturas rasieiras @ até mesmo canteiros anuais, todos juntos, a0 mesmo tempo. Eventualmente, as anuals sombreadas por arbustos perenes es menores €, em 20 anos, as Arvores. dominarao a maior parte da area. Enquanio 1sso, teremos colhido muitos anos die produgo @ aumentado 0 solo fértil pela acigac de restos 36 vegelais ¢ esterco verde. Ao invés de esperar pela producao de frutas e nozes por 6-20 anos, feremos uma produgao a partirde 6-6 meses. 1.9 ACELERANDO A SUCESSAO E A EVOLUCAO “ Ecossistemas naturais desen-volvem- s@e mudam com o tempo, dando. espago para a sucesso de diferentes espécies de plantas e animais. Pastagens abandonadas, por exemplo, serBo sucessivamente colonizadas por uma camada de ervas daninhas, plantas pioneiras e, eventualmente, espécies de climax apropriadas aos solos, topografia @ clima. Cada estagio cria as condigdes certas para o préximo estagio. Plantas pionelras podem fixar nitrogénio, afofar solos pesados, reduzir a salinidade, estabilizar encostas muito inclinadas, absorver umidade excessive ou prover abrigo. Elas colonizam novos habitats, tornando mais facil, para as outras espécies, seguir esse trabalho de modificagéo do ambiente até um momento mais favordvel. A figura 1.10 mostra 0 processo de sucessao 6m um pastagem. Na agricultura convencional, a vegetacao 6 mantida ao nivel da camada de ervas (ex.: verduras, grdos, legumes, pasto), utilizando-se energia para manté-la cortada, capinada, arada, fertilizada €, até, queimada; isto 6, estamos constantemente ajustande o sistema para trés € incorrendo em custos de trabalho e energia, quando interrompemos a ocorréncia da sucesso natural ‘A Eiabelecimento do sistema: uma draa 6 cercada, sto plantadas diversas especies © proteaidas do gado. Soments gansce, patos «@ alguns planios anuais sie produzidos. ©. Um sistema evoiuide produ forzagem, fenha @ produtes animals, além de prosizir seu prépro mulch ¢ adubos. © sistema maduro ‘equer manejo com pouca necessdade da energia,# oferece uma variedade de produtos comerciatzves. Figura 1.10 7 Ao contrério de lutarmos contra esse processo natural, podentos dirigi-lo e acelerd- Jo. para incluir nossas préprias espécies de climax erm tempo mais curto. + _Utilizando 0 que jé estd crescendo no local, gerelmente uma camada de ervas ‘daninhas”, para melhorar a fertiidade do solo. Ervas macias podem ser cobertas por uma camada de mulch de papelao carpete velho, ou cortadas antes da tloragao @ utilizadas como mulch em volta de outras espécies. Arbustos perenes lenhosos, como a Lantana camara e 0 gorse (Ulex europaeus), criam solos éxcelentes quando apodrecem, apés serem cortades, e so eventuaimente sombreados pelas arvores. As raizes podem ser arrancades, se quisermos uma mudanga mais rdpida, mas, no caso das ervas daninhas anuais, caver ou virar 0 solo somente produz mais ervas daninhas, a medida em que as sementes brotam em resposta @ luz eA Agua. + Introduzindo plantas que sobreviveréo facitmente no ambiente em particular, além de ajudar a aumentar a lertilidade do solo, Dependendo dos tipos de solo com que estamos trabalhando (que podem ter problemas de erosao, salinizagao, cansago, alagamento, —_acidez, alcalinidade,ser argiioso ou arenoso), podemos plantar ambos os tipos, anuais e porenes, de uma leguminosa localmente adaptada (para esterco verde @ mulch) é arbustos perenes Utels conhecidos localmente, pela sobrevivéncia 6 resisténcia. E possivel que tenhamos que. esperar para plantar nossas espécies de ‘climax’, até que solos mais favoraveis tenham se estabelecido, + Aumentando os niveis organicos artificialmente pelo uso de mulch, plantios de esterco verde, composto @ outros fertiizantes para mudar 0 ambiente do solo. sso nos permite plantar mais repidamente. ou, se utilizado em combinagao com 0 nétodo anterior, plantar um nuicieo de arvores de climax.e solo marginal, s@ estamos dispostos a inoluir 0 trabalho de cuidar dessas arvores. 38 + Substituindo por nossas préprias espécies de ervas, pioneiras e climax, as quais S40 mais uteis a nés do que a vegelacao perturbada ou natural’existente. Confrei, por exemplo, brotaré mesmo. através da camada das daninhas, ajudando a controlar a area; se plantado em densidade suficiente, dard produgao no primeiro ano. 1.40 DIVERSIDADE No seu livro Plants, Man, and Life, Edgar Andersen descreve os plantios de Jardins/pomares agrupados em volta das casas na América Central: perto da casa e mais ou menos cercando-a, existe um jardin pomar compacto de aproximadamente 20 metros quadrados de extenséo. Nao se encontra dois destes exatamente iguais. Existem plantios ordenados e agrupados mais (ou menos juntos. Ha varias érvores frutfferas (citricas, Annona sp., sapotis, mangas e abacates) e moitas de cafés & sombra de Arvores maiores. Também ha mandioca, de uma ou duas variedades, plantada mais ou menos em finhas na borda das Arvores. Frequentemente, existem areas de bananas, milho feij4o, aqui ¢ ali, em fileiras ou grupos. Subindo e se espalhando por tudo, existem Vérias abéboras @ suas variedades: chuchu plantado pela truta e pela raiz; a esponia (Lutia aegyptiaca), com sau esqueleto utlizado para a limpeza em geral. As cucurbitas sobem pelos beirais dos telhados e pelos esteios cumeeiras, subindo alto nas érvores ou sobre a cerca, Por todo 0 jardim, ha flores @ varias espécies de ervas (délias, aleorim, Glaciol Sp. sosas trepadeiras, Asparagus selaceus, canas @ Amarantos sp. Andersen contrasta o pensamento linear, ordenado, resirito e segmentado dos europeus com a policultura produtiva, mais natural, dos tropicos secos. A ordem que ele descreve 6 uma ordem seminatural de plantas em seu relacionamento correte umas com as outtas (consércios), mas no separadas em varios agrupamentos artificiais. Nao esta claro onde ficam os limites entre pomer, casa, campo e jatdim, onde existem anuals e perenes, ou, na verdade, onde o cultive dé espago para sistemas evoluidos naturalmente. Para o observador, isso pode parecer um sistema desordenado e desarrumado; no entanto, nés ndo deveriamos confundir ordem com arrumagao. Arrumacao separa espécies, cria trabalho 6 pode, também, convidar pragas, enquanto que a ordem integra, reduz trabalho e dissuade o ataque de insetos. Jardins europeus, freqientemente arrumados de forma extraordinéria, resultam em desordem funcional e baixa produgdo. Criatividade raramente arrumada. Poderiamos dizer, provavelmente, que arrumagao € algo que acontece quando a atividade compulsiva substitu a criatividade imaginativa Embora a produgao de um sistema monocultural seja provavelmente maior para uma espécie em particular do que a mesma produgdo desta espécie na Permacultura, a soma das produgdes de um sistema misto seré maior. Na anterior, um hectare de verduras produzira somente verduras durante todo 0 ano, enquanto que na outra, verduras sa0 uma parte menor da produg&o total de nozes, frutas, dleos, gros, madeira, galinhas, lenha, peixe, semontes e proteina animal. Para a auto-suficiéncia, isso significa que a familia pode satisfazer todas as suas necessidades nutritivas com as frutas, verduras, proteinas e minerais disponiveis. Economicamente, ter mais produtos vendaveis. em épocas diferentes do ano protege a familia das viradas do mercado e das perdas severas que podem ocorrer en uma plantag&o devido 5 pragas ou mau-tempo. Se o mercado para came estd baixo um ano, por exemplo, serao vendidos somente lenha, nozes, frutas, gros © ervas, mantendo-se o gado para melhores épocas. Se a geada aniquila a produgdo de frutas, outros produtos estardo disponiveis para comer ou vender. 39 Nosso objetivo deveria ser o de dispersar a produgdo ao longo do tempo, de forma que produtos estejam disponiv durante cada estacao. Esse objetivo é alcangado de varias formas: + selecionando variedades de principio, meio e fim de estacao; + plantando a mesma variedade em situagdes de amadurecimento precoce e tardio; + selecionando espécies que frutiiquem por longos periodos; ‘+ com um aumento geral na diversidade e na multiplicidade de usos das espécies no sistema, de forma que folha, frulo, semente € raiz sejam parte da produgao; * utilizando espécies que se auto- armazenem, como tubérculos, sementes duras, nozes e rizomas, os quais podem ser usados na medida da necessidade; * com técnicas de preservacao, como conservas, secagem, congelamento € armazenamento a frio; + por meio de um camércio regional entre as comunidades, ou adquirindo terras em diferentes altitudes e latitudes. A diversidade 6 freqientemente relacionada & estabilidade, na Permacultura No entanto, estabilidade s6 ocorre entre espécies cooperativas, ou espécies que n&o causem prejuizo umas as outras. Nao 6 0 bastante, simplesmente, incluir 0 maior numero possivel de plantas e animais em um sistema, pois poderéo competir pela luz, nutriente e dgua. Algumas plantas, como nozes e eucaliptos, inibem o crescimento de outras excretando hormdnios de suas raizes no solo (alelopatia). Outras plantas oferecem habitat de inverno para pragas e dosncas danosas.a espécies préximas. Gado e cavalos, deixados no mesmo pasto, eventualmente causarao degradagao. Arvores grandes competem pela luz com cercais, Caprinos no pomar ou no arvoredo iro comer a casca das rvores. Assim, se vamos utilizar todos esses. elementos em um sé sistema, devemos ser cuidadosos na colocagao de estruturas ou plantas que intervenham entre elementos potencialmente prejudiciais. Entéo, a importncia da diversidade no esta muito no némero de elementos de um sistema, mas no nimero de conexdes funcionais entre esses elementos. Nao 6 0 numero de coisas, mas 0 ntimero de formas nas quais as coisas trabaiham. O que procuramos & um consércio de elementos plantas, animais ¢ estruturas) que trabalhem armoniosamente juntos. CONSORCIOS Consércios so feitos a partir de uma associag&o proxima de espécies agrupadas, em torn de um elemento central (planta ou animal). Esse agrupamento age em relagao ao elemento para assisti-lo na sua sade, ajudar no manejo ou amenizar efeitos ambientais adversos, Ha muito, temos reconhecido plantas companheiras nos jardins e misturas de sairas ricullura que. juntas, se relacionam bem. Vern dai 0 conceito de consércios, os quais dependem oa composigao e da colocagao de species que beneficiem umas 4s outras (ou, nu minimo, que nao se prejudiquem) Benelicios podem ser: + aredugiio da competigao nas raizes de capins invasores, Guase todas as drvores frutileras cultivadas gostam de uma cobertura herbacea no solo, néio de capins. Confrei, por exemplo, permite as raizes das arvores alimeniarem-se na superficie e produz mulch @ comida de minhoea, quande morre no invemo, enquanto que dulbos de primavera (espécies de Allium, Narcissus sp.) morrem no verao @ nado competem com as arvores peia agua, durante os periodos de seca no calor; + aprovisdo de abrigo fisico da geada, do sol, cu dos efeitos dessacantes do vento. Exemplos sa0 sabes e bordas de arvores rbustos resistentes que causem deflexo nos ventos fortes, bem como arvores espalhadas que provenham sombra parcial para culturas como 0 café eo cacau; 40 + a provisdo de nutrienies na forma de anuais, arbustos ou drvores teguminosas; + a assisténcia no controle de pragas através de restringentes quimicos (Tagetes fumegam 0 solo contra cartos tipas de nematéides) abrigando insetos predadores (plantas umbeliferas como 0 funcho, anis e cenoura) e utilizando animais forrageiros, mo galinhas, para a limpeza de frutas caidas. E este ultimo item que nos interessa, com respeito &s pragas no jardim, pomar e plantacdo. Plantas podem ser definidas como interacdo positiva ou negativa. As interagdes entre pragas e as fungdes das espécies de plantas sao de grande importancia na mistura de plantios, envolvendo: + plantas insectarias que agem como anfitrido (um alimento} para insetos predadores que, por sua vez alimentam- se de pragas; > plantas sacrificiais que sd atacadas preferencialmente pelas pragas, o que nao as impede de florescer e dar semente. Outras plantas préximas escapam ao aiaque; + anfitrides de estagao nas quais as pragas passam o invemno ou nelas vivem de vez, 0 que Ihes permite aumentar a populagdo (ex.: pragas das citricas s4o hospedadas nas oleandras); + plantas atrativas para predadores ou polinizantes cujas espécies da plantagio ou das sebes produzem flores para alimentar os pradadoras adultos (ex.:tigo -Fagopyrum esculentum ~ préximo 20s morangos); * plantas-armadilhas que atraem e matam as pragas, ou permitern que elas sejam apanhadas e destruidas nestes plantios. Essas fungdes importantes sao desempenhadas por arvores, arbustos, flores evinhas, de forma que qualquer agricultor que selecione culdadosamente as espécies para asebe, apartir de uma ou mais das categorias acima, tenha um grande potencial de controle de pragas. Se tivermos um sistema com uma diversidade de plantas, animais, habitats e microclimas, a possibilidade de uma infestagao de pragas é reduzida, Plantas espalhadas umas com as outras dificultam a movimentacao das pragas de uma planta para a outra. Todavia, uma vez que a praga se reproduza em qualquer planta, insetos predadores irdo perceber isso como uma fonte concentrada de alimentos, e também so concentrardo para aproveltar-se. Na situagao monocultural, a alimentaggo para as pragas é concentrada: em uma policultura, a propria praga 6 uma concentracdo de alimento para os predadores. LI EFEITOS DE BORDAS Bordas (no sentido de fronteiras ou limites) s8o interfaces entre dois meios: 6 a superficie entre a Aqua e oar; a zona em volta de uma particula de solo onde a agua se liga; a linha da costa entre a terra ¢ o mar; a area entre a floresta e o campo. E a capoeira, a qual podemos diferenciar do campo. E a area em uma encosta entre 0 nivel que congela na geada e 0 que nao congela. E a fronteira do deserto. Em qualquer lugar onde espécies, clima, solos, encostas ou quaisquer condigbes naturais ou limites artificiais “se encontrem, existirdo bordas. Bordas siio lugares de ecologia variada. A produtividade aumenta nas frontelras entre dois sistemas (biomes). Ex.: terra/4gua, floresta/campo, estudrio/oceano, plantagao/ pomar. ISso porque os recursos de ambos os. sistemas podem ser utilizados. E, também, porque a borda, freqiientemente, tem espécies, unicas de si propria. Na natureza, ecossistemas de corais (a borda entre o coral - € 0 Oceana) S40 alguns dos sistemas mais produtives do mundo, como 0 S80 0s mangues, (intertace entie terraimar). Existem pouquissimos assen-tamentos humanos, sustentaveis e tradicionais que nao estejam situados nessas jungdes eriticas entre duas economias naturais. Aqui é a area entre 0 pé do moro e a floresta € 0 planalto, em outros locais, nas bordas entre a planicie e 0 4 pantano, terra e estudrio, ou alguma combinacao entre estes. Um territério com uma borda complexa é interessante @ bonito; pode ser considerado a base da arte do paisagismo. E, certamente, mais @ maiores bordas resultam em uma paisagem mais produtiva, Planejadores que colocam um assentamento residencial em uma planicie podem ter a “vantagem? de um planejamento plano, mas abandonam os habitantes ao fracasso se o combustivel para transporte secar, quando teréo que depender de um ambiente natural limitado em relago as sues variadas necessidades. Assentamentos bem- sucedidos @ permanentes tém, sempre, a disponibilidade de utilizar recursos de, no Minimo, dois ambientes. Igualmente, qualquer assentamento que fracasse na preservagao dos beneficios naturais e, por exemplo, desmate todas as floresias e envenene os estuaiios, rios ou solos, esté caminhando para a eventual extingdo. ‘Temos as opgbes de posicionar nossas casas € assentamentos para se beneficiarem dos recursos de dois ou mais ecossistemas, ou podemos aumentar a complexidade de nossas propriedades, projetando e construindo: nossos préprios ecossistemas variados. Se no nos assentamos perto da agua, podemos construir agudes e cacimbas: se estamos err terra plana, podemos utilizar maquinas para criar montes de solo ou canais @ ribanceiras & nossa volta; se ndo temos floresta, podemos. plantar um arvoredo, nao importando 0 quéio Pequeno ele seja. Até mesmo dentro de uma. propriedade maior podemos pensar em termos de "bordas” para elementos menores. Por exemplo, um tanque pode ter somente uma forma e uma profundidade (e, assim, abrigar uma ecologia simples), ou podemos construi-lo com profundidades e formas variadas e com ilhas. Assim, podemos plantar juncos na borda do tanque, aguapés 6 castanhas d'agua (Eleocharis sp, Trapa sp.) na parte rasa e, ainda, vegetagao superficial para a alimentagao de carpas e bagres, limpando o fundo ¢ com passaros se abrigando naitha (Figura 1.11). Figura 1-11) Camathdes 6 has tele dent © na votla da agua oferacem multaa bordas (richos) para plantas, animals © pessoas A borda age como uma rede ou peneira: energias ou materials se acumulam nas bordas, solo @ datiitos so soprados pelo vento contra uma cerca; conchas marinas formam uma finha nas marcas des marés da praia; folhas se acumulam na sarjeta das cidaces. Percebendo como bordas coletam materiais na natureza, podemos projetar para Jevar vantagem sobre 0 movimento natural de materiais e de energia, em nosso sistema. AS soas que constréem estradas em locais ‘onde neva reconhecem o valor da consirugao de cercas de treligas especiais, para interceplar a neve de forma que nao se assente na estrada. Em desertos, onde 0 mutch é escasso, podemos construir “armadilhas do mulch” nos leitos dos césregos, simpiesmente, com a adigao de um tronco grands ou uma cerca em Angulo com o o6rrego. Durante as cheias, os detritos (lodo & vegetacao) earregados pela agua sao depositados imediatamente antes ou apds estas armadithas, Bordas definem areas e as quebram em segdes manejéveis. Bordas podem ser definides ao longo de cercas, estradas de acesso, margens de agudes, 4 area entre a casa e a entrada do carro, o caminho em volta do Jardim, terragos e, na verdade, qualquer rea que possa ser definida por urna estrutura (oerea, treliga, casa ou galinheiro), acesso (caminho, trilha ou estrada) ou linha de vegetagao (quebra-ventes ou sebes). Entdo, bordas sao importantes, também na Permacultura, do ponto de vista da implementagao 6 da manutencéo de uma segdo em um sistema projetado. 2 ‘Somente definindo as bordas em volta de uma area é gue poderemos comegar a controlé-la. Se no controlarmos @ borda em volta de nosso jardim, plantanco uma barreira de plantas @ supressores de daninhas, os elementos de fora do jardim (animais, ervas) irdo invadi-to. Além disso, caminhamos até a borda e ld paramos; nossas energias s40 dedicadas a especies as quais temos acesso, @ no aquelas que possam estar no meio de um vasto territério sem limites definidos. Agora chegamos ao conceito de borda por um caminho diferente: a partir de sua ‘geometria, ou padrdo. Pense um pouco sobre a configuragao de nosso cérebro e de nossos intestinos. Existem metros de material ‘guardados em um espago pequeno, e muitas bordas ou fungdes possiveis. Quem sabe nos também possamos aumentar a produgao de nosso sistema, manipulando a forma das bordas? Uma borda curva pode ser mais tt! do que uma reia, particularmente se a curva também forma uma espiral que sobe. Uma borda ondulada (crenulada) 6 ainda mais iti, permitindo acesso a uma area maior. Pequenos montes @ bancos de terra também apresentam muita borda; mais plantas podem ser colocadas em uma rampa espiral em volta de um monte, especialmente em um espaco equeno, de jardim. Entdo, vejamos oque pode ser feito quando brincamos com aigumas configuragées de bordas. Espiral: quando fazemos nossos canteiros, geralmente pegamos a linha @ passamos o ancinho em tudo para nivelar. Se 0 jardim ja nao fosse nivelado desde 0 principio, logo 0 fariamos no nivel. Mas, 0 que aconteceria se nossos canteiros subissem em direcdo ao céu ou, mesmo, descessem para dentro do solo? A forma de um tipo de concha marinha que tem uma espiral ascendente 6 um método muito eficiente de acumular um bocado de digestéo dentro de um pequeno espaco. Uma espiral de ervas é exatamente isso (Figura 5.1). A base é de 1,6 metro de didmetro, com uma rampa de plantio que forma uma espiral para cima e para o centro, Ervas so plantadas dentro da espiral de acordo com suas necessidades: as que apreciam o scl, na posiga0 de frente para ele; as que preferem sombra, posicionadas do outro lado. Com somente um movimento condensamos espago, criamos uma variedade de microclimnas, aumentamos a borda para maior produgao e aliviamos a monotonia de uma paisagem achatada. Lobular ou Crenulada: eu costumava viver perto do mar, e minhas drvores estavam sempre sofrendo jatos de areia langados pelo vento. Todavia, passando a estrada, eu tinha um agrupamento grande de Lycium ferrocissimume, um dia, paguei a foice & cortei uma série complexa de entradas (baias, Figura 1.12), deixando o perimetro imacto para protego contra o vento e as vacas. Agora, eu finha uma variedade de microclimas: espagos quentes, areas com ventos frios, espagos com sombra, reas secas e dmidas. E também tinha muita borda na qual plantar, entéo, plantei minhas rvores frutiferas cercadas por uma pequena camada herbdcea de confrei ¢ tagetes. Uma linha de gotejamento irrigava a rea e, para o mulch em volta das arvores, eu cortava um pouco mais do Lycium. Figure 1.12. Um pasiéo lobular cartado em uma area de capocira protagerd as vores dos animals e do vorto,pariculamanta em zona costars, Pneus velhos om vota das érvares protegem-nas dos animais herbivaras. Uma isha de inigagao por gotejo serve 2 todas as arvores ‘Peteceneececoenee A forma crenulada (grandes ou pequerios idbulas, ou crenas) da muito mais borda que uma linha rela (Figura 1.13) e, por consequgncia, mais produgao. O agude rodondo da esquerda tem exatamente a mesma area do da direita, mas a produgo fol duplicada na direita, devido ao aumento de pbordas agua/terra. Chinampa: o sistema de chinampas, originario do México e da Tailéndia, consiste quase inteiramente de bordas (Figura 1.14). Essas uragdes de canais-e-canteiros sdo sistames altamente produtivos; as piantas, crescendo nos bancos, tm acesso & Agua; os peixes na vala utilizam a vegetagao das bordas. © lodo do fundo da vala trazido para cima, em baldes, @ usado para manter os canteiros nos banicos férteis. Plantio de bordas: 0 plantio de bordas tem sido usado extensivamente em muitas partes do mundo onde duas culturas (ex. tigo ¢ alfafa) s20 plantados em faixas. Podemos desenvolver sistemas mais complexos {Figura 1.15) plantando faixas de uma cultura dig arvores, contrei (mulch permanente e planta nutriente), legumes (para @ coiheita ou para uso como esterco verde), girasséis (para consumo, humano ou animal) € verduras. Os residucs vegetais (girassoi ¢ hastes do milho) 40 usados como mulch e nutrlentes para as arvores. A colhelta e a manutengao séo assistidas por trilhas em curvas de nivel ou plantios em faixas. Vintuas no tad da sombre — © da boraas Canto do 4 ha Cantlra do ha nidades de plantas | -2¢- nidades de plantas 42 botdse Figura 1.43 Sem aiterar a érea do campo (eu a5uce) pode mas duplicar © nimoto de plantas nas bordas madificando 2 forma destas para aumentar a interlace ene o8 cols sisters. Em areas tropicals, um sistema de avenidas emprega drvores leguminosas (leucena, Sesbania esp., Cajanus, acdcias, glicidias) plantadas em faixas com outra cultura vegetal {milho, abacaxi, batata-doce). A leguminosa, podada ou usada para sombrear, prove de nitrogénio e mulch a cultura, além de produzir fenha (Figura 5.10) Padrdes de bordas podem ser em ziguezague {cercas assim, sesistem ao vento melhor do que cercas retas); lobulares (canteiros em forma de buraco de fechadura criam microclimas diferentes); elevados (bancos € montes protegem do vento e oferecem maior superficie para crescimento, além de boa drenagem); favos (para canteiros, em climas. secos, @ para captar mulch e detritos que vagam pelo terreno); curvados suavemente (caminhos cortados em curva de nivel, a volta, da encosta, dao acesso 2o plantio, & Irrigago 2 & colocagao de mulch) e ourvados abruptamente (o desenho de um catassol para aumentar 0 calor e proteger dos ventos frios). A figura 1.16 mostra alguns tipos de padroes de bordas. Figura 114 Canals » camathées (Chinampas) slo al 44 Precisamos selecionar padrées de bordas apropriados ao olima, a0 terreno, ao tamanho e a situagao, pois tipos diferentes de sistemas @ espécies de plantas necessitam de abordagens diferentes. Sistemas em pequena escala permitem uma complexidade de padrdes maior; sistemas em grande escala devem ser simplificados para minimizar 0 trabalho. 1.12 PRINCIPIOS E ATITUDES As idéias a seguir so principios ambientais ¢ Permaculturais que tratam do sitio, do ambiente ou do projeto, na realidade. Tudo funciona em dois caminhos Cada recurso é uma vantagem ou uma desvantagem, dependendo do uso que se faa dele. Um vento persistente vindo do mar é uma desvantagem para o plantio de culturas, mas podemos tornd-lo uma vantagem, construindo um cata-vento gerador @ posicionando nosso jardim dentro de faixas abrigadas ou em estufas. Desvantagens podem ser vistas como ‘problemas" e, entéio, escolhemos 0 caminho mais caro, energéticamente talando para “resolver o problema’, ou podemos pensar em tudo como sendo um recurso positivo: depende de nés descobrir como poderemos fazer uso disso. “Problemas’ podem ser ervas. daninhas dificeis (ex. lantana, nos trépicos), pedras enormes no lugar perfeito para a construgao da casa e animais comendo 0 produto do jardim ou pomar. Como poderfamos transforméd-los em componentes, eis para o nosso sistema? Lantana é uma excelente construtora de solos; pode ser eliminada com a sombra de uma vinka vigorosa, como o chuchu, ou cortada e utilizada como mulch duro, a volta de érvores. pioneiras (que irdo, eventualmente, sombrear e matar a lantana, se plantadas densamente). Rochas no lugar perfeito para a casa podem ser incorporadas dentro dela propria, pela beleza e para 0 armazenamento de cater. ‘Animais podem set apanhados € comidos: a torta de corvo era a comida favorita na Inglaterra, por uma boa razio; peles de possum (marsupial australiano) s40 quentes: © veado é, sem sombra de diivida, uma fonte de proteina bem melhor do que a came de gado. 45 Eco Figuea 1.18. Plantios de bordas em pomates ¢lavouras, Note que o campe A ® o campo Ba dcea thm a mesma droa, com o memo ‘espagamenio entre nfs. No enter, ne campo B podems inttodusi 45 plantas enquanto que na campo A existe espago para 36 somente, Permacultura 6 intensiva em informagéo & imaginagao ‘A Permaculture nao ¢ intensiva em energia ou em capital, mas 0 € na informagao. Ea qualidade das idgias e da informagao que usamos que determina a produgao, ¢ nao © lamanho cu a qualidade do local. Estamos usando Néo somente os nossos recursos fisicos, mas a nossa habilidade em acessar @ processar a informagao. Informagao 6 o investimento mais portatile flexivel que podemos fazer em nossas Vidas; ela representa conhecimentos, experiéncias, idéias @ experimentacho de Figura 1.16 Paces A ziguezaguo 2B burace do fochadara ©. 9. feo de walle" tndee o boncos E catasso milhares de pessoas, antes de nés. Se reservarmos tempo para ler, observar, discutir @ contemplar, comegamos a pensar em termos muliisciplinares e a projetar sistemas que economizem energia e nos déem produgdo.. - Aprodug&o, ou 0 ganha-pao que pode Ser retirado de um sitio em particular, por ‘exemplo, do é limitado pelo tamanho, mas, 20 contrario, pelo quao elelivamente podemos utilizar um nicho em particular. E 0 numero de nichos em um sistema que permitiré um inimero maior de espécies dentro de um projeto; nosso trabalho € descobrir como podemos crid-los. Por exemplo, 0 numero de pares de pombos acasalando-se em um penhasco depende do niimero de saliéncias na rocha. Se quisermos pombos em nossa propriedade (por seu esterco ou para comer), podemos prover mais saliéncias na forma de casas de pombos em volta do jardim. Vernos como as coisas funcionam na natureza, e tiramos nossas idéias dai, Até mesmo se tivermos uma propriedade eficiente energeticamente (onde os produtos @ restos de um elemento sao usados para as necessidades de outro), completamente plantada e sob controle, ‘sempre haverd alguma forma methor na qual possamos trabelhar, sempre outro nicho a ser preenchido. © tinico limite no nmero de usos de algum recurso possivel, dentro de um sistema, esté no limite de informagao e imaginagao do projetista. 47 BIBLIOGRAFIA E LEITURA RECOMENDADA. Anderson, Edgar, Plants, Man and Life, University of California Press, Berkeley, 1952 Kem, Ken, and Barbara Kem, The Owner- Built Homestead, Charles Scribners’s Sons, 1977. Odum, Eugene, Fundamentals of Ecology, W.B.Sauders, Toronto, 1971 Phillbrick, N., and A.B. Gregg, Companion Plants, Robinson and Watkins, London, 1967. Quinney, John, Designing Sustainable Small Farms, Mother Earth News (July/August 1984) Whitby, Coralie, Eco-Gardening: The Six Priorities, Rigby Pub. Ltd, 1981 CAPITULO2 DESI N DE SiTIO EM GRANDE ESCALA 21 INTRODUCAO Este capitulo fovalize 0 projeto de sitios em sentido amplo, analisando recursos; trabaihando com as limitagSes de forma, microclima, solos e agua do local; posicionando a casa, 0 acesso e os cercados para o maximo beneficio e para evitarem catastroles como inc&ndic e enchentes. 1anejamento do design é @ coisa mais, importante que podemos fazer, antes de colacar qualquer outra coisa ne local, O plano geral, se feito rinuciosamente, id economizar lempo, dinheiro e trabalho. Existem varias formas de iniciar 0 processo de design, dependendo da sua natureza e de suas necessidades. Vocé pode comegar detinindo seus objetivos tao precisamente quanto for possivel @, entdo, othar para o sitio com esses objetivos na mente. Ou voo8 pode comeger pelo sitio, com todas as suas caracteristicas (boas e ruins), 2 deixar os objetivos aparecerem por si proprios. Das duas perguntas - “O que posso azer para essa terra produzir?” € “O que esta terra tem para me oferecer?” ~ a resposta & primeira pode levar a exploraggo da terra sem jevar em conla as consequéncias a longo piazo, enquanlo que a resposta & segunda poderd levar @ uma ecologia sustentada, uiada por noss¢ controle inteligente. Definir objetivos e identificar potenciaig elimitagées do sitio andam de maos dadas. E sempre mais facil de ver o sitio com os objetivos em mente, mesmo que esses objetivos, mais tarde, darnonstrem serem nao- realistas, De fato, objetivos podem necessitar 48 de uma redefinicdio, em vista das limitagoes do sitio. Design € um processo continuo, guiado na sua evolucao pela informagao e pelas habilidades derivadas da experiéncia € de observacies anteriores. Todos 0s projetos (designs) que envolvam formas de vida passam por um processo longo de mudanca; até 0 estado de “climax” de uma floresta é um conceito imagindrio. 22 WEI NTIFICANDO RECURSOS. Observacao e pesquisa sao usados para identificar os recursos 6 as limitac5es de um sitio em particular. Usamos mapas da propriedade e consultamos dados de vento, chuva, enchenta, fogo e listas de espécies da area. Perguntamos aos moradores locais sobre pestes, problemas e técnicas utllizadas, informac6es que nos dao uma visao ampla da rea. Elas fazem o cenario e, no entarito, no dizem nada sobre o sitio em si, Somente caminhando por ele e observando todas as estagdes & que poderemos descobrir suas limitages e seus recursos. Podemos modificar muito disso com 0 tempo e com um. bom design, espécies de plantas e animais apropriadas, atmazenamento de agua, quebra-ventos 6 assim por diante. ° Mapas Um bom mapa de caracteristicas do terreno é uma grande ajuda no design; ale revela cursos d’égua, vegetagao, solos, geologia 8 acesso, que sao informagées @ssenciais. Podemos fazer um mapa, comprar um, combinar varios mapas especiticos ou fotos aéreas, para figurar otto. Se 05 mapas mostram boas curvas de nivel, estas podem nos ajudar a projetar sistemas de Agua e posicionar componentes que demandam urn aspecto espectfico, inclinagao ou vantage na altitude. Coisas a mapear so as caracteristicas naturais que incluem a forma do terreno (tamanho, contorno, caracteristicas geolégicas, inclinagao e aspecto), vegetacéio existente, o6rregos e solos assim como o que jd esta construido (*benfeitorias"), como cercas, estradas, prédios, acudes @ terraplanagem, energiae conexdes hidraulicas etc. Se caminharmos pelo sitio e colorirmos todos esses fatores no mapa, o sitio como que comega a desenhar a si préprio. Arvores plantadas, pastagens ou quebra-ventos podem ser consideradas como parte do ambiente natural ou construido, dependendo se séo claramente methorias recentes ou se ha muito estabelecidas, que evoluiram coma paisager, Mapas sao titeis somente quando séio usados em combinac&o com a observagao. Jamais tente projetar um sitio somente olhando Para o mapa, mesmo que este seja cuidadosamente detaihado com curvas de nivel, vegetacao, linhas de erosdo e tudo 0 mais. Mapas nunca so representatives da realidade complexa da natureza. Obtenha bons mapas, se puder, mas preste mais atenodo 9 local, a0 comportamento dos organismos, pioneiras, Agua @ vento, bem como as mudangas de estagao. Lembre-se: “O mapa nao € 0 territério” (Korzybski, Semantica Geral) + Observagio A medida em que conversamos sobre 0 sitio com outras pessoas, podemos melhor perceber nossas observagdes. Nesse estagio, tentamos armazenar a informagao que ganhamos de alguma forma acurada, carregando um bloco de anotagées, uma ‘camara, ou um gravador; fazendo pequenos desenhos. As anotagées poderao ser utllizadas mais tarde, para criar estratégias de design. Nos nao apenas vemos e ouvimos, chelramos e saboreamos. Também podemos, sentir calor @ frio, pressdo, estresse de esforgos para subir encostas ou plantas espinhentas, encontramos locais compativeis ¢ incompativeis no terreno. Percabemos uma vista boa, mirantes, cores e texturas do solo. Na verdade, nds usamos (conscientemente) 49 todos os nossos muitos sentidos ¢ nos tomnamos cientes de nossos corpos e de suas reagdes. Além disso, podemos sentar por um tempo e perceber paarGes-e processos. como algumas arvores preferem crescer em rochas, algumas em vales, utras no campo ou em grupos. Podemos ver como a agua flui onde incéndios deixaram cicatrizes, ventos tem dobrado galhos ou deformado a forma das Arvores, como 0 sol @ as sombras se movern, ‘onde encontramos sinais de animais descansando, se movendo ou se alimentando. O sitio é cheio de informago em cada sujeito natural, e devemos aprender a ler tudo isso muito bem. Ler a paisagem é procurar por indicadores da paisagem. A vegetacao, em particular, oferece informacao sobre a ferlilidade do solo, disponibilidade de umidade @ microclima. Juncos, por exemple, indicam solos encharcados ou vazamentos; Tarascum officinale @ Vaccinium sp. indicam solos Acidos; € Fumex sp., solos compactados ou argilosos. Arvores grandes crescendo em regiGes secas indicam alguma fonte de agua subterranea. Uma abundancia de espécies herbaceas espinhentas ou de sabor ruim (Cnicus benedictus, Oxalis sp., Solanum sp.) Indicam uso excessivo e falta de manejo da Pastagem; vossorocas (erosao) e caminhos Compactados iro confirmar isso. Uma planta florescendo e dando frutos antes que outras da mesma espécie o facam, indica um microclima favoravel, arvores crescendo com a maioria dos galhos de um lado indicam a direcdo dos ventos fortes predominantes. Esses exemplos so especificos para climas, diferentes @, até mesmo, palsagens diferentes, Regras desenvolvidas localmente advém do conhecimento da regio. A freqiiéncia e a diregao do fogo podem, também, ser vistas por meio das mudangas na vegetacdo. O fogo produz espécies secs emaranhadas, caducifdlias de verao, de semente grossa: a falta de fogo desenvoive espécies de foiha larga, sempre verdes ou caducitdlias de inverno, de semente pequena @ uma camada grossa de cobertura vegetal morta sobre 0 solo. Freqdentemente, arvores outras plantas indicarao linhas de geada, na encosta da propriedade, pela mudanga do tipo de vegetacao. Como podemos observar, “problemas” em potencial podem ser peresbidos, como vegeiagdo nociva, erosao, solo ancharcado, seas, tochosas ou compactadas e solos empobrecidos. Sao areas de consideracdo especial e podem ser selecionadas para plantios especiais, ou deixadas intactas como areas de vida selvagem. Alguns problemas, com um pouco de criatividade, podem virar vantagens. Solo encharcado é um indicador dos padrées naturais de drenagem da area, retletindo subsolos impermedveis; estes podem ser feilos em uma area de pantano ou cavados para fomecer agua. Algumas vezes, existe acumutacao de turta ou, até mesmo, argila de ceramica, Se tanques sao feitos no pantano, a turfa pode ser retiraca para 0 solo de plantio em potes ou para melhorar areas arenosas. Existem muitos recursos a serem procurados. Podemes encontrar cursos d'agua ou fontes em elevagao (para suprimento de agua e possivel geragao de energia)? Ha florestas contendo madeira valiosa ou, até mesmo, ironcos mortos titeis para a vida selvagem ou para lenha? Ha um bom local ventoso para @ energia edlica? Existem muitas categorias de recursos: recursos da terra; recursos biolégicos (plantas, animais, insetos); recursos energéticos do vento, dgue, madeira, dleo e gas; 6 0s recursos socials, que incluem 0 potencial de um sitio para o ensino em semindrios ou atividades recreativas, as quais dependem, princi- palmente, ‘da localizacao, facilidades disponiveis ou que possam ser construidas, @ da fegisiagdo local. Observando a paisagem, retiramos inspiragdo das estratégias de sobrevivéncia seguidas pelos sistemas naturais @ as imilamos, usando espécies de uso mais direto para nos. Observamos, por exemplo, que Arvores grandes crescem no lado da sombra das grandes gargantas de terra seca: 6 ai que colocaremos nossas préprias Arvores. | 50 Qu vemos que plantas pioneiras estéio se estabelecendo nas linhas da cerca © nos moirées, a partir da defecacao dos passaros, podemos, entdo, fixar dezenas de postes poleiros para encorajar tais plantas, ou colocamos poleiros perto de érvores frutiferas para fornecer fostato para nossas rvores. 3s Recursos fora do sitio Podemos descobrir oportunidades na rea local. Serrarias, lixdes, feiras, estébulos, restaurantes e granjas so recursos em potencial; produtos desperdicados podem ser usados para melhorar o local, enquanto nossos préprios recursos estéo sendo desenvolvidos. Um dos fatores mais negligenciados 6 © acesso.aos recursos fora do sitio, como lojas, escolas e feiras, entre outros servigos. Imobilidrias reconhecem o valor da logalizagaio perto de cidades, com os pregos das terras subindo & medida em que se aproximam dos servigos essenciais, A Permacultura coloca maiot énfase em recursos do sitio; recursos externos sdio, multas vezes, criticos nao somente no estabelecimento de um sistema, mas em tempo € no dinhelro que custam para chegar & cidade (para o trabalho ou a escola). ‘Morando longe da rodovia, os pais necessitarao viajar duas vezes eo dia para apanhar e deixar as criangas na escola. Também 6 importante levar seus préprios recursos em consideragao. Veja se sua habilidade e recursos financeiros sao compativeis com design que vocé gostaria de implementar. Suas habilidades @ produtos podem ser usados na area local? Existe um mercado para ervas finas, produtos de viveiro, galinhas caipiras, frutas e verduras organicas, Sementes, plantas aquaticas, peixes de agua doce ou qualquer coisa que’seu sistema de Permacuitura possa produzir? Vocé pode usar fundos de umia cooperativa de crédito local, caso tenha um plano de negécios realista? 2.3. TOPOGRAFIA (Forma da terra) Topografia ou forma da terra € uma caracteristica imutavel de um sitio; embora pequenas escavagdes possam alterar a natureza do sitio, terraplanagem extensa é cara e, geralmente, desnecessaria. A topografia exerce um efeito no microclima, nos padrées de drenagem da gua, na profundidade do solo e no cardter acesso, e na vista de um sitio. Para compreender sua influéncia na terra, as caracteristicas topogréficas que devem ser notadas e mapeadas so: * encostas voitadas para 0 sol ou para a sombra; + gargantas ou montes de rochas; + linhas de drenagem (cursos d’égua); + terreno dificil; + Vistas boas ou ruins; * + alturas, inclinagdes @ acessos das elevacies; + areas encharcadas, éreas suscetiveis & erosao, Obviamente, um sitio pequeno seré mais facil de mapear, enquanto que uma area grande pode levar alguns dias ou até semanas. Um sitio variavel, com muitas das caracteristicas acima, é muito titi em relagao 4 inclinagao. Inclinagées sao notadas pelo aspecto (se voltadas para o norte, sul, leste ou oeste) € pelo gradiente (genti,, médio ou acentuado), 0 Ultimo, sendo um bom indicador para problemas de erosao em potencial, se vores tém sido cortadas de um morro com gradiente acentuado. O efeito da inclinagaono microclima é discutido na sego seguinte. E importante notar que a Permacultura pode ser desenvolvida em qualquer tipo de terreno: morros rochosos, alagadicos, regides sl alpinas, planicies aluviais ou desertos. Nao 6 necessério tentar mudar uma paisagem estével para conseguir algumas condigoes em particular, pois toda palsagem ou ecossistema natural ira ditar a natureza geral da Permacultura possivel; isso 6 necessdrio, se 0 sistema objetiva estabilidade a longo prazo. 24 CLIMA E MICROCLIMA Clima 6 0 fator limitador basico para a diversidade de plantas e animais de uma drea. Embora qualquer planejamento de sitio deva considerar o clima geral da regiao (imido- quente, quente-seco, artico, temperado etc.), devemos prestar atengao aos diferentes microclimas ocasionados pela topogratia, solos, vegetagao e outros fatores. Duas propriedades, localizadas a uns poucos quildmetros uma da outra, podem variar em Pluviosidade, velocidade do vento, temperatura ‘@ umidade relativa. Entdo, se torna vital analisar © clima do sitio em detalhe, sem depender de estatisticas climéticas amplas do distrito. Esse passo importante pode significar a diferenga entre viver em cercanias agradaveis ou em condigées miseraveis, em uma propriedade que provavelmente ira mudar de dono de tempos em tempos. So estudarmos 0 microclima de nosso io, seremos capazes de: ‘+ posicionar estruturas, plantas e animais fos locais mais favoraveis (a casa voltada para o sol, em climas temperados, ou no lado da sombra de um morro, em climas quentes); + focalizar energias benéficas e dispersa: energias hostis que entrem no sitio (Plantar barreiras para o vento, perto da casa e da horta, ou plantar arvores, « forma a canalizar brisas em dire¢zo & casa); + estender microciimas favordveis, As proximas seg6es iro discutir os tatores que mais afetam o microclima de um sitio @ que, por conseqiiéncia, devem ser ‘cdnsiderados ao escolhermos os locais para a casa e para 08 piantios em mente. + Topogratia Topografia refere-se as caracteristicas da paisagem de um sitio, até que ponte ela seja plana ou ondulada. Areas planas terao poucas diferengas na topografia (0 que significa pouca ou nenhuma diferenga no microciima), enquanto que dreas onduladas mostram uma grande variagZo no microclima, Aspecto © aspecto refere-se & direpdo que a inclinagdo do terreno esta orientada, em relago ao sol, e afeta as condigSes do sitio devido & quantidade de luz solar direta que Efeitoe da inclinagdo com © anguio de sol recebe. Encostas voitadas para o sol (norte, no Hemistério Sul; sul, no Hemisfério Norte} recebem a maior luz; se elas também esto voltadas para o leste, a temperatura maxima 6 alcancada pela manha, se for para 0 oeste, alcangada pela tarde. Uma encosta voitada_ para “o lado da sombra” (sul, no hemisfério Sul) ird receber pouca radiagao solar direta Ainiluéncia do aspacto nas plantas em comunidades vegetais naturais pode ser vista Quando numa encosta voltada para o sol esta coberta por floresta escleréfila seca, enquanto ‘que, no lado mais frio, mais timido, voltado para a sombra da encosta, podem estar ocupados, por floresta mica (Figura 1.1c). O uso do aspecto na Permacultura significa aproveitar as inclinagdes voltadas ao sol, titeis para 0 amadurecimento de frutas, 0 posicionamento da casa para maior conforto térmico no inverno, e para plantar uma vegetagao que sea “marginal” em reagao ao clima em particular, ‘como, por exempio, uma arvore tropical e uma regiao subtropical, eer vn / I~ we taverno. Nascer e por do sol sazonat Figura 24. A deco do sl, © sun ature em relagdo ao horizonts durante @ ano, afta o projoto ca casa e das comunidades Ge partes, ‘Sol de verso 20" Ingolagde méxima Queda 10° ‘Solde verko seo Insolacio (inverno) Figura 2.2 Como a incinagio do terreno ateta a quantcade de iradiacso solar local am dllerentes épocas do ano Por outro lado, plantas ou estruturas que necessitem de sombra ou frieza sao colocadas nas encostas voltadas para a sombra, como um celeiro fio para 0 armazenamento de vinhos, ou amoras de clima frio em climas subtropicais. Para um design de uma casa eficiente en1 enoigia, assim como para a colocagdio de jardins @ pomares, 6 essencial notar as variagdes de estagao no caminho do sol, particularmente sua altura absoluta no céu, entre 0 verao € 0 invemo (Figura 2.1a), bem como a disténcia que passa em seu caminho, co loste para 0 oeste (Figura 2.1b). O aspocto nfo 6 um fator tao importante cm climas nublados, ou quando o sol é sombreado por elementos topograficos ainda ‘maiores, como uma montanha ou crista oposta ao sitio. © efeito do aspecto somado a inclinagao verdadeira do terreno é marcante. Como pode ser visto na Figura 2.2, uma inclinagao suave é mais quente no verao pois recebe luz solar incidente em um Angulo 33 favordivel. Todavia, a melhor inclinacdo para o inverno é uma acentuada, pois recebe 0 sol de um Angulo melhor do que a suave. Drenagem de ar trio © cardter da inclinagao afeta a estabilidade do solo @ a passagem de aqua. Em termos de planejamento para o microclima, a drenagem de ar frio é mais influenciada. Ar frio é mais pesado que ar quente, ¢ tende a fluir do convexo dos morros Para 0 céncavo dos vales. Ele se acumularé os vales, aumentando as possibilidades de geada. Os topos dos morros também tendem @ congelar, quando quantidades de ar frio permanecem na crista plana dos topos e planaltos. Os sitios livres de geadas estao, geralmente, nas partes médio-superiores dos vales acima de 20 metros. Porque so mais quenies, noite e dia, do que 0 fundo ou 0 topo do vale, tais éreas so conhecidas como faixas termais (Figura 2.3), usadas hd muito para localizagao de vilas € casas, sendo as éreas favoritas para o plantio (vinicultura, na Franca e Alemanha). lat de ar fio plantio Faixa termal «melhor ras para Plats de a fro Figure 2.4 Come o ar fo desce a encosta, Note as formas de evilar bolstes de gsada pola uilizagio da vegslagso para No entanto, essa ceterminagao simples da geada funciona somente em paisagens simples. A paisagem real, com suas caracteristicas vegetais & topogrdficas, compiexas, necesita de mais observagao planejamento. Porque 0 ar frio fui como um corrimento, quase como agua, move-se devagar em volta, sobre, @ sob objetos sétidos, 6 bloqueado por obstéculos (prédies, arvores @ formas do terreno). Por exempto, ar frio fluindo morro abaixo, ém diregao ao fundo do vale, pode ser estancado pala floresta acima; nese caso, 0 af fio 6 efetivamente represado @ ira acumutar-se acima da floresta, ¢ n3o no vale. Para o ar frio mover-se para baixo, aberturas grandes devem ser cortadas para a drenagem do ar (Figura 2.4); a nao ser que a floresta esteja, de fato, protegendo uma casa ‘ou vegetacdo imediatamente abaixo. £ comum que um obstdculo na encosta, ou préximo ao fundo do vale, permita a0 ar frio represar-se, e que geadas possam s4 ocorrer em qualquer ms (om climas frios ou temperados). Casas colocadas acima dese obstaculo serdo sempre frias, enquanto que, 20 metros mais além, pode existir 0 perfeito sitio para uma casa. Alé nos subtrépicos, vales abaixo de grandes platés desmatados podem, produzir geadas regulares ou ocasionais, apés noltes claras. Ventos Embora qualquer sitio esteja sujeito a padres globais de vento, ou até mesmo a ventos catastroficos (ciclones e furacdes), somente os ventos locais prevalecentes importam, quando se planeja para o microclima. A topografia pode causar um Grande efeito nos ventos persistentes locais e regionais; em algumas areas montanhosas, ‘08 ventos regionais predominantes podem até virda diregao “errada’, devido a forma particular dovele. Em vales, ventos de inclinagao sao causados pelo aquecimento e 0 resfriamento rapido da terra, em dias @ noites claros. Ar mais frio, sendo mais pesado, flui morro abaixo. Em um grande sistema de vales, pequenos ventos locais seguem um ciclo diario (morro acima vale acima, durante 0 dia; morro abaixo e vale abaixo, anoite). ‘As velocidades aumentam no lado do vento em cristas; e diminuem do outro lado. Para qualquer protegao significativa do lado reverso ao vento, todavia, as velocidades do vento necessitam ser de no minimo 5 metros por segundo e a inclinagao de 5° ou mais. A velocidade do vento aumenta na direcdo encosta acima, diminui na dirego oposta (Figuras 2.54 e 2.5b) e aumenta ao passar por uma constrigao (seja na forma do terreno ou na vegetacao) 0 chamado efeito “Venturi” (Figura 2.5¢). Nas proximidades de lagos ou do ‘oceano, brisas s4o uma parte importante no microclima. Por causa da marcante diferenca, de temperaturas enire os grandes corpos de ‘gua e a superficie da terra, correntes de ar fixam um ciclo de brisas da costa. Durante 0 Gia, 0 ar quente sobe sobre a terra, permitindo a0 ar frio 6 pesado do mar entrar rapidamente. A noite, como a terra esfria, 0 processo & revertido (Figura 2.6). Nos tropicos e subtrépicos, essas brisas trazem um alivio bem-vindo quase todo 0 ano, enquanto que, em regies temperadas, elas sio mais sazonais, geralmente aparecendo no verao. As casas, especialmente aquelas situadas nos ttOpicos, ‘so construfdas para aproveltar a ventilagao natural oferecida pelas brisas do mar. Contrariamente, em climas frios 40 usadas sebes para defletir esses ventos, da casa e do jardim. Figura 2.5 Como 0 vonto se comooria para cima ou para balxo nos menos (Ae 8). A volocdade do vento aumenta nas ‘Sfunlamentos da paisagom ou da vegeta. Podemos dizer de que diregao 0 vento ver, pelo exame das arvores e arbustos no sitio, Se estao dobradas em uma diregéio em particular, significa que estao respondendo a ventos freqiientes. No lado do mar, arvores Sao, quase deitadas em resposia aos ventos fortes: © a pulverizagao de sal vindas do oceano. Sa nao existe vegetagao no sitio, estacas (1,5 - 1,8m altura) com tiras de pano ou plastico aiadas 20 topo podem ser fincadas no solo, em varios locais. Observando a freqiiéncia ¢ eGa0 em que essas tiras esvoagam, podemos determinar a diregao usual do vento. Eese método, obviamente, significa abservar O sitio durante 0 ano todo; portanto, 6 melhor analisar a vegetacao da redondeza, se A informago sobre como controlar os ventos com a yegelagao ¢ dada na secao seguinte. Altitude 6, também, um fator microclimatico importante. As temperaturas caem & medida em que subimos; 100 metros de altitude séio equivalentes a 1° de latitude, Assim, a 1000 metros no equador, as temperaturas 40 equivalentes a um cima de 10° de latitude a partir do equador.1sso significa que, em uma regio montanhosa subtropical 0 tropical, diferentes vegetagées podem ser plantadas. Uma seqiéncia _ tipica ‘seguidamente encontrada nos trépicos, da costa maritima até a montanha, 6 a de coco, cana-de-agiicar, banana, cha @ abacaxi (Figura 2.7), com cada plantio sucessivo necassitando condigbes mais frias. Figura 2.6 Como grandos massas do gua exercem umn eleito ne cima cesta Figura 2.7 Efeio de atitude na vegetagso: encosiae mais hse, alé maema em elimas topicaie, pormitem plano de espécioe lemperadas em slides mates. + Massas de Agua Grandes massas de Agua, como 0 mar @ os grandes lagos, aquecem e resfriam jentamente, modificando a temperatura da érea 4 volta, Em climas temperados, a geada raramente é problema préximo ao mar, enquanto que, 20 km adentro, geadas podem ‘ocorrer na maior parte do invemno. Agua também modifica a temperatura, por causa da evaporagao. Durante a ‘evaporagao, a energia é relirada do arem volta; enquanto a temperatura cai, a umidade aumenta. Até mesmo pequenos lagos, piscinas e tanques podem ser moderadores climaticos eficientes, especialmente em regiées aridas. Por exemplo, fontes sao encontradas em muitos paises mediterraneos para prover evaporacao e resfriamento para o patio A luz refletida da 4gua também 6 uma consideragdo quando projetamos um sitio. Embora a reflexdo difusa das superficies da agua seja baixa, a reflexao espelhada 6 geralmente alta, principatmente durante 0 invermo (quando o sol esta baixo no horizonte). No vale do Main na Alemanha, a luz refletida do rio é usada para amadurecer as uvas nas encostas ingremes. Ent4o, bancos ou ribanceiras voltados para o sol e atras de tanques, agudes, lagos e rios podem ser considerados areas favordveis para plantas marginais necessitande luz e calor extra. Casas situadas nestes bancos ou lombadas ganham calor extra (Figura 2.8) «+ Estruturas Estruturas como treligas, bancos de terra, estufas, carcas, muros 6 coretas podem afetar 0 microclima em pequena escala, modificando a velocidade do vento e a temperatura. A estufa é a estrutura mais titil para 0 controle do microclima em regides temperadas, permitindo o plantio de quase qualquer planta. Estufas ligadas & casa sao otimas para 0 aquecimento no inverno, economizando combustivel durante o dia. Bancos de terra, montes ou ribanceiras afetam o microclima de formas variadas (Figura 2.9). Eles podem: + bloquear oso! baixo no lado oeste, aliviando casa @ 0 jardim a tardinha; + bloquear ou canalizar ventos; + dar isolamento térmico (solo retém calor perde temperatura, gradualmente); Figura 28 Acudes ou barragens como rfletoros do gol de inverne aumentam a temperatura das bordas & noe © 40 amanhecer, Deneficiando as editicaroes e a vogalagdo (bordas de fente para’6 ol methoram o amiadurecmanio), Pode ma us ar frame _ ated da cna ou, erie Um / local antre c-eamaingo. { docanale a casa, com \\_aiabre ventas » \ minhooas. Bancos criam uma palsagem mate comploxa Invoregeanto om tortae planas com microctimas Evcortimento af Taverna Figura 2.9 Banoos ou camalnses cram elstos microctimatcas eapeciais, 58 « dar privacidade e bloquear vistas desagradaveis; bloquear o barulho do tréfego (até 80%); grandes bancos, entre super-rodovias subUrbios, ja S40 comuns hoje em dia; proporcionar um espago mais complexo para as plantas, aumentando 0 espago vertical. . Muros de lado para o sol também sao importantes no controle do microclima. Como 0 lado da floresta voltado para o sol, muros oferecem abrigo contra os ventos e podem ser usados para refletir ¢ sol de invemo, Muros de pedra escura absorvem calor ¢ irradiam-no durante a noite, reduzindo o risco de geada. Plantas colocadas a frente desses muros iro crescer a0 maximo. Paredes pintadas de branco refletem calor (2, assim, reduzem sua - acumulacdo); plantas & frente dessas paredes iro amadurecer melhor. Na Alemanha, experiéncias com tomates @ péssegos - plantados contra paredes brancas e negras mostraram crescimento mais répido naqueles contra a parede negra: no entanto, a produgao, devido ao amadurecimento melhor, foi maior naqueles contra a parede branca Treligas (grades) s&o wteis como protegao contra a vento; para dividir 0 espago em volta da casa e 0 jardim; para fazer um (pelo sombreamento ou microclima aquecimento) € como um abrigo temporério para pequenas arvores, prevenindo a queima pelo sol, " Pequenas estruturas a volta de érvores ou plantas individuais criam um microclima mais umido, com menos vento e, ocasionalmente, mais calor. Para drvores, uma variedade de quebra-ventos esta sendo usada em varias partes do mundo: pneus, fardos de palha, sacos velhos, tambores etc. (Figura 2.10). No jardim, pequenas estufas ¢

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