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FUNDACAO UNIVERSIDADE - EMPRESA DE TECNOLOGIA E CIENCIAS Ublidade Publica Federal, Decr. 86.238 - Fax: (051) 339.1129 - CGC 87.878476/0001-08 ua Prolesor Cristiano Fischer Nt 2018 (051) 338-2807 39.1129 3381794 e 358.2040 338.2981 Cx. Postal N? 1911 - Enderego Telegritico "FUNDATEC'- CEP 91410-000-P. Alegre, RS FUNDATEC Lag a OG) “Ap GRUPO DE MECANICA APLICADA LABORATORIO DE ENSAIOS MECANICOS ELEMENTOS FINITOS CURSO DE INTRODUCAO AO METODO Ministrante: Prof. Rogério José Marczak. Porto Alegre, 20 de julho de 1995, TTRVERSIOADE FEDERAL D0 RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENTARIA- DEPARTAMENTO DE ENGENFARA MEGANGA [RUA SARMENTO LEITE, «25 -90080-170- PORTO ALEGRE -RS-FONES (051) 201603 / s406600 RAMAIS 8522/3641 1303, FAX (1) 2200021 - EMAR. TAMAGNAGVORTEX UFRGS BR / RATOQVORTEX UFRGS BA inDICE CAPITULO 1 - INTRODUGAO.. 1.1 Sintese histérica ..... 1.2 Método dos elementos finitos 4.3 Descrig&o do MEF. 1.4 Tipos de elementos. 1.5 Aplicagées..... CAPITULO 2 - ELEMENTO DE BARRA .... 2.1 Formulagao direta do elemento de barra: matriz de rigidez e vetor 2.6 Transformacdo de coordenadas 2.7 Arquitetura basica de um programa de elementos finitos .. CAPITULO 3 - ELEMENTO DE VIGA ..... 3.1 Formulagdo direta - dois graus de liberdade por né - viga plana e reta .. 55 3.2 Elemento de viga - epee ence Perino > considerando cisalhamento 3.3 Elemento de viga: formulagSo energética 61 CAPITULO 4 - ELEMENTOS DE ELASTICIDADE PLANA .... 4.1 EquagSes basicas da elasticidade linear . 4.2 Elasticidade plana ... 4.3 Tridngulo de deformages constantes (CST) . 4.4 Elemento quadrilétero isoparamétrico .. 4.5 Exemplo comparativo de sigumes menes pera um estado plano de tensdes CAPITULO 1 INTRODUGAO) 1. INTRODUCAO A Mecanica dos Meios Continuos, ¢ mais especificamente a Teoria da Elasticidade, tem como preocupagio basica o desenvolvimento de modelos mateméticos que possam representar adequadamente 2 situagio fisi ise estrutural, 0 objetivo pode ser a determinagao do campo de deslocamentos, as deformagées internas ou as tensdés atuantes no sistema devido & aplicago de cargas, além de outros. Navier, Cauchy, Poisson, Green, dentre real em estudo. Em ani outros, sio nomes que despontam no desenvolvimento da teoria matemética da Elasticidade, que muito tem auxiliado na determinacao das variveis envolvidas num determinado estudo. Porém, a aplicago de tais teorias a casos priticos apresenta dificuldades as vezes de carregamentos, geometria, condigdes de contomo, comportamento dos materiais etc, em intransponiveis. Por exemplo, na anilise estrutural, a perfeita representaglo matemiti muitas situagdes, apresenta-se de forma complexa, havendo, assim, a necessidade de se introduzir muitas hipdteses simplificativas no problema real, para permitir alguma forma de modelagem matematica que conduza a solugdes mais simples. Por outro lado, engenheiros tém demonstrado um interesse crescente por estudos mais precisos para a anilise de estruturas. Este interesse vem unido a uma necessidade cada vez maior de se estudar 0 comportamento de elementos estruturais complexos, 0 que conduz a tratamentos analiticos mais elaborados, baseados em teori gerais, ¢ que sio, via de regra, de solugdes extremamente dificeis. Desta forma, engenheiros tém procurado desenvolver e/ou aplicar _métodos aproximados que permitam aplicar os principios daquelas teorias de forma acessivel ¢ precisa Dentre estes métodos, os qu tem sido mais utilizados sio aqueles baseados na discretizagao do meio continuo (a estrutura, 0 fluido, o gas, etc) O Método dos Elementos Finitos (MEF) ¢ seguramente o processo que mais tem sido usado para a discretizagiio de meios continuos, A sua larga utilizagio se deve também ao fato de poder ser aplicado, além dos problemas clissicos da mecinica estrutural elistico-linear - para os quais foi o método inicialmente desenvolvido - , também para problemas tais como ~ problemas nio lineares, estaticos ou dindmicos; ~ mecinica dos sdlidos; = meciinica dos fluidos; 2 Introdugdo ao Método dos Elementos Finitos - cletromagnetismo; ~transmissio de calor, - filtragio de meios porosos; ~ campo elétrico; ~ aciistica; etc, ‘Além disso, pode-se afirmar também que o MEF € muito utilizado face a analogia fisica direta que se estabelece, com o seu emprego, entre o sistema fisico real (a estrutura em anilise) © 0 modelo (malha de elementos finitos) 1.1 SINTESE HISTORICA As limitagdes da mente humana sio tais que o homem nio consegue dominar completamente 0 comportamento do complexo mundo que 0 cerca numa s6 operagio global. Por isso, uma forma natural de proceder dos engenheiros, cientistas ¢ outros profissionais, consiste em separar os sistemas em componentes basicos, ou seja, aplicar © processo de aniilise do método cientifico de abordagem de problemas. Com essa operagio, tem-se a oportunidade de estudar 0 comportamento dos elementos - que ¢ mais simples -, ¢ depois sintetizar as solugdes parciais para o estudo do sistema global A discretizacdo de sistemas continuos tem objetivos andlogos aos acima descritos, ou seja, particiona-se o dominio - o sistema - em componentes cujas soluges sio mais simples e, depois, unem-se as solugdes parciais para obter a solugto do problema. Em alguns casos essa subdivisio prossegue indefinidamente e 0 problema s6 pode ser definido fazendo-se uso da definigiio matemitica de infinitésimo. Isto conduz a equagdes diferenciais, ou expresses equivalentes, com um niimero infinito de elementos. Com a evolugo dos computadores digitais, os problemas discretos podem ser resolvidos geralmente sem dificuldades, mesmo que 0 niimero de elementos seja muito elevado. Entretanto, como a capacidade dos computadores ¢ finita, os problemas continuos s6 podem ser resolvidos de forma precisa com o uso da matemitica. A discretizagio de problemas continuos tem sido abordada, 20 longo dos anos, de forma diferente por matematicos ¢ engenheiros. Os matemiticos tém desenvolvido técnicas gerais apliciveis diretamente a equagdes diferenciais que regem 0 problema, tais como: aproximagdes por diferengas finitas, métodos de residuos ponderados, técnicas aproximadas para determinar pontos estacionérios de funcionais. Os engenheiros procuram abordar problemas mais intuitivamente, estabelecendo analogias entre os elementos discretos reais ¢ porgdes finitas de um dominio continuo. O conceito de anilise de estruturas, pode-se afirmar, teve inicio logo apés o periodo compreendido entre 1850 ¢ 1875 - Escola Francesa com Navier ¢ St, Venant -, com os trabathos de Maxwell, Castigliano, Mohr e outros. Capitulo I~ introdugiio = Progressos no desenvolvimento de teorias ¢ de técnicas analiticas para 0 estudo de ¢struturas foram particularmente lentos entre 1875 ¢ 1920. Isto foi devido, certamente, as limitagdes praticas na solugdo das equagdes algébricas. Neste periodo, as estruturas de interesse eram basicamente treligas ¢ pérticos, que tinham um proceso de anilise aproximada baseada numa distribuiggio de tensdes - com forcas incdgnitas - ¢ que era universalmente empregado. Por volta de 1920, em fungao dos trabalhos de Maney (EUA) e de Ostenfeld (Dinamarca), passou-se a utilizar a idéia basica de analise aproximada de treligas © pérticos baseada nos deslocamentos como incégnitas. Estas idéias sto as precursoras do conceito de anilise matricial de estruturas, em uso hoje em dia. ‘Varias limitagées no tamanho dos problemas a solucionar, que podiam ter forgas ow deslocamentos incégnitos, continuaram a prevalecer até 1932, quando Hardy Cross introduziu © Método da Distribuigio de Momentos. Este método facilitou a solugio de problemas de anilise estrutural, e passou-se a poder trabalhar com problemas mais complexos do que os mais sofisticados problemas até entdo tratados. Este foi o principal método de anilise estrutural que foi praticado pelos proximos 25 anos. No comego de 1940, McHenry, Hrenikoff e Newmark demonstraram - no campo da mecinica dos sélidos - que podiam ser obtidas solugdes razoavelmente boas de um problema continuo, substituindo-se pequenas porgSes do continuo por uma distribuiggo de barras elisticas simples. Mais tarde, Argyris, Turner, Clough, Martin & Topp demonstraram que era possivel substituir as propriedades do continuo de um modo mais direto, ¢ no menos intuitivo, supondo que as pequenas porgdes - os elementos - se comportavam de forma simplificada. Computadores digitais apareceram por volta de 1950, mas a sua real aplicagio a teoria € pritica nfo se deu, aparentemente, de forma imediata, Entretanto, alguns individuos Previram 0 seu impacto estabeleceram codificagdes para anilise estrutural em forma adequada - a forma matricial. Contribuigdes deste tipo foram feitas por Argytis ¢ Patton Duas publicagdes notiveis, que podem ser consideradas marcos no estudo do MEF, foram os trabalhos de Argyris & Kelsey e de Turner, Clough, Martin & Topp. Tais publicagdes uniram 0s conceitos de anilise estrutural ¢ anilise do continuo, ¢ langaram os procedimentos esultantes na forma matricial; elas representaram uma influéncia preponderante no desenvolvimento do MEF nos anos subseqientes. Assim, as equagdes de rigidez passaram a ser escritas em notagiio matricial ¢ resolvidas em computadores digitais. A publicagio clissica de Turner et alli ¢ de 1956. Com estas © com outras publicagdes um desenvolvimento explosivo do MEF aconteceu. Mas jé em 1941, 0 matemético Courant sugeria a interpolagdo polinomial sobre uma subregiéo triangular como uma forma de obter soludes numéricas aproximadas. Ele considerou esta aproximagao como uma solugdo de Rayleigh-Ritz de um problema variacional. Este é o MEF como se conhece hoje em dia. O trabalho de Courant foi no entanto esquecido até que engenheiros, independentemente, o desenvolveram. 4+ Introdugdio an Método dos Elementos Finitos © nome Elementos Finites, que identifica o uso preciso da metodologia geral aplicével a sistemas discretos, foi dado em 1960 por Clough. E de 1950 o trabalho de Courant, McHenryY & Hrenikoff, particularmente significante por causa da sua figagio com problemas governados por equagdes apliciveis a outras situagdes que no a mecanica estrutural. Durante ainda a década de 1950, pesquisadores, motivados por uma formulagdo especifica de elementos para o estado plano de tensdes, estabeleceram elementos para sélidos, placas sob flexiio, cascas finas e outras formas estruturais. Tendo sido estabelecidos estudos para casos lineares, estiticos ¢ anilise elistica, a atengdo voltou-se para fendmenos especiais, tais como: resposta dinimica, estabilidade materiais e geometria nao lineares. Isto foi necessirio no somente para estender a formulagio dos elementos, mas também para generalizar a andlise estrutural. Este periodo foi seguido por um intensivo desenvolvimento de programas computacionais para colocar as potencialidades do MEF ao alcance dos usuarios. Em 1963 0 método foi reconhecido como rigorosamente correto ¢ tornou-se uma respeitavel drea de estudos académicos. Até 1967, engenheiros e matematicos trabalharam com elementos finitos, aparentemente, com desconhecimento uns dos outros. Hoje as duas areas esto cientes uma da outra embora os matemiticos raramente se interessam pelos problemas da engenharia, Em contrapartida, os engenheiros raramente esto habilitados para entender a matemitica, ‘Dez artigos foram publicados em 1961 sobre elementos finitos: 134 em 1966 ¢ 844 em 1971. Em 1976, como apenas duas décadas de aplicagdes do MEF na engenharia, 0 nimero de publicagdes na drea ja excedia 2 7000. Hoje muitos pesquisadores continuam a se ocupar com o desenvolvimento de novos elementos ¢ de melhores formulagdes ¢ algoritmos para fendmenos especiais, ¢ na elaborago de novos programas que facilitem o trabalho dos usuarios Os interesses de estudos na rea continuam com a anilise de fendmenos nio apenas estruturais. Por exemplo: anilise termoestrutural, onde 0 calculo de tensdes térmicas é integrado com 0 calculo do transiente de temperatura; a interagdo fluido-estrutura, na anilise de hidroelasticidade. 1.2 METODO DOS ELEMENTOS FINITOS O MEF é um procedimento numérico para resolver problemas de meciinica do continuo com precisto aceitivel para engenheiros. Suponha-se que os deslocamentos e/ou tensdes da estrutura mostrada na figura 1.1 devam ser achadas. Respostas numéricas no sto encontradas em qualquer livro. Os métodos classicos descrevem o problema com equagdes diferenciais parciais, mas nio fornecem Fespostas prontas por no serem a geometria e o carregamento comuns. Na pritica, muitos Capitulo 1 - Introducdo ~3 problemas sio complicados para terem uma solugdo matemética fechada (algoritmo proprio para a sua solugio). Nestes casos (como o da figura 1.1) uma solugao numérica 6 necessiria, ¢ um dos mais versateis métodos para tal é 0 MEF, Px) y) x(u) x(u) Figura 1.2: Possivel malha de elementos finitos (clementos triangulares) Na figura 1.2 € mostrada uma possivel malha de elementos finitos - que representa a viga da figura 1.1 -, onde as regides triangulares so 0s elementos finitos, ¢ os pontos escuros silo os nds - que conectam os elementos uns aos outros. Pode-se dizer que os elementos finitos sio pedagos da estrutura real. Porém, nio se pode converter a figura 1.1 na figura 1.2 simplesmente fazendo cortes da estrutura em regides € unindo as partes através dos nés, Isto resultaria numa estrutura fragilizada. Adicionalmente, procedendo desta forma, haveria concentragdes nos nds ¢ uma tendéncia a haver uma sobreposicdo ou separagio ao longo da linha de corte entre as regides. Na realidade, uma estrutura real nlio atua desta forma, Assim, os elementos finitos devem se deformar de maneira compativel. Por exemplo, se uma aresta de um elemento permanece reta, 2s arestas dos elementos adjacentes deverdio ter deformagdes compativeis, sem que haja sobreposigio. ou separaciio © MEF nao é restrito apenas a problemas de estruturas mecanicas. Ele pode ser aplicado a um grande nimero de outros problemas, tais como: meciinica dos fluidos, magnetostitica, campo elétrico, condugao de calor ete. A versatilidade 6 uma notivel caracteristica do MEF, que pode ser aplicado a virios problemas. A regitio sob anilise pode ter forma arbitréria e cargas e condigdes de contorno quaisquer. A maha pode ser constituida de clementos de diferentes tipos, formas propriedades fisicas. Esta grande versatilidade pode, muitas vezes, ser colocada num programa computacional simples, désde que se controle a Selegio do tipo de problema a abordar, especificando geometria, condigdes de contorno, selegio de elementos ete. 6~ Inirodugdo a0 Método dos Elementos Finitos Outra caracteristica do método (e uma das suas grandes vantagens) a semelhanga fisica entre a malha ¢ a estrutura real. Assim, o modelo, ou seja, a malha, no é uma abstragio matemitica dificil de ser visualizada. Apesar das suas vantagens, o MEF também tem as suas desvantagens. Um resultado numérico especifico sempre é obtido para um conjunto de dados que tentam representar um sistema; e nem sempre existe uma formula fechada que permita a verificagiio destes resultados. Um programa ¢ um computador confiveis so essenciais, experiéncia e um bom senso de cengenharia slo necessirios para se construir uma boa malha; muitos dados de entrada geralmente so necessétios e€ um volumoso conjunto de dados de saida deve ser adequadamente interpretado, Entretanto, estes obsticulos nio so tnicos no MEF, estando muitos deles também presentes em outros métodos de solugio, 1.3 DESCRICAO DO MEF A maior dificuldade na aplicagio dos métodos aproximedos - como 0 Método de Rayleigh-Ritz - é a escolha das firngdes que descrevem 0 comportamento das variiveis a0 Tongo de todo o dominio. Estas flungdes devem satisfazer no somente its condigdes de contorno cineméticas, mas devem também representar adequadamente a geometria e 0 comportamento do material, dentre as demais caracteristicas do sistema. Todas estas condigdes, simultancamente, so dificeis de serem satisfeitas, © os métodos aproximados, na sua forma original, tém sido de uso limitado, Com o advento dos computadores digitais de alta velocidade de processamento, desenvolveu-se a idéia de partici dos dominios e a aplicagao dos métodos aproximados em pequenas reides destes. © MEF é uma técnica eficiente para obter solugdes aproximadas para problemas cujas solugdes requeiram que o funcional seja estacionério, O funcional exato TI do problema é substituido por um funcional aproximado I, onde as variaveis do problema so expressas em termos de fungdes de interpolagio, ponderadas por parimetros a determinar. Tais parimetros so normalmente associados com as variiveis do problema. O dominio é particionado em regides - ¢, sobre estas regides, as variiveis do problema silo expressas por combinagdes lineares das fungdes de interpolagio, ponderadas pelos pariimetros a determinar 4= 914, +024; +- 404d, ay onde u- fungio aproximada (varidvel do sistema) ; Fungo de interpolagio 4, = parimetros a determinar. Capitulo 1 -Introdugdo -7 Estas expresses definem 0 comportamento aproximado das varidveis do problema sobre o elemento, a sua escolha constitui a principal etapa do método. Cada elemento é entio considerado isolado dos demais. O comportamento individual de cada elemento é determinado em termos de uma relagdo entre cargas ou tensdes e deslocamentos nodais, definidos como valores nodais das variiveis, aproximados pelas fung&es de interpolago. A escolha dos pontos nodais no contorno - ou eventualmente no interior - dos elementos é feita de forma que os arimetros a determinar sejam os valores das variiveis do problema nestes pontos. O nimero de pontos nodais ¢ determinado pelo niimero de parimetros a determinar, chamados graus de liberdade do clemento, de forma que o nimero de equagdes lineares resultantes seja igual a0 nimero de parimetros a determinar. Finalmente, aps a organizagdo destas relagdes na forma matricial, em termos dos Coeficientes de rigidez ou flexibilidade, a interagio entre cada parte do dominio permite estabelecer a solugiio em termos dos coeficientes a determinar, na forma de um sistema de equagdes algébricas lineares, também em termos dos coeficientes de rigidez ou de flexibilidade. © MEF pode ser visto como uma aproximagio do Método de Rayleigh-Ritz, combinado com um principio variacional aplicado & mecinica dos meios continuos. Ele permite a determinagtio de tensdes, deformagdes e deslocamentos em estruturas de engenharia com facilidade © preciso. O procedimento geral de elementos finitos e 0 método matricial estrutural convencional sio similares. No ultimo caso, a estrutura & idealizada como um conjunto de membros estruturais unidos uns aos outros por juntas ou nés, nos quais as resultantes das forgas aplicadas so supostas concentradas Como jit dito anteriormente, o MEF consiste basicamente em se di elementos discretos, ¢ assumir um campo de tensdes e/ou deslocamentos dentro de cada elemento, ou no contorno entre eles. A aplicagio dos principios variacionais resulta num sistema de equagdes algébricas, cujas incégnitas podem ser os deslocamentos e/ou tensdes nodais. idir um sdlido em Varios modelos surgiram nesta area. © Modelo dos Deslocamentos ¢ deduzido do Principio da Minima Energia Potencial e & baseado na adogo de um campo de deslocamentos continuo, em todo 0 sélide. © Modelo de Equilibrio é deduzido a partir do Principio da Minima Energia Complementar ¢ ¢ baseado num campo de tensdes em equilibrio, que é admitido em todo 0 sdlido. © Modelo Hibrido (Hibrid-Siress) & baseado no Principio da Energia Complementar Modificada, ¢ assume um campo de tensdes em equilibrio dentro de cada elemento. Em adigao, deslocamentos compativeis sto admitidos sobre 0 contorno entre os elementos. Um segundo Modelo Hibrido é o Hybrid-Displacement, que é baseado no Principio da Energia Potencial Modificada, onde é assumido um equilibrio de esforgos ao longo do contorno entre os elementos, ¢ & admitido um campo de deslocamentos continuo em cada elemento. 8 Introdupio ao Método dos Elememos Finitos Partindo-se do Principio Variacional de Reisner, obtém-se 0 Modelo Misto, onde & assumido um campo de deslocamentos continuos em todo o sélido e um campo de tensdes para cada elemento. 1.4 TIPOS DE ELEMENTOS Alguns elementos que silo comumente empregados vio a seguir ser apresentados. elemento de barra, figura 1.3, resiste apenas a cargas axiais, tendo, assim, apenas um (01) grau de fiberdade por n6, ou seja, 0 elemento tem dois (02) graus de liberdade. Neste texto é desenvolvido 0 estudo de elemento de barra para o caso plano, porém é relativamente simples a sua generalizago para o caso espacial. Este elemento ¢ particularmente util para os casos de anilise de treligas cujos vinculos sfo rotulados, Como todos 0s outros tipos de elementos, pode ser prevista a sua utilizagio em conjunto com outros elementos. Os elementos bisicos para a anilise de casos que podem ser identificados como estado plano de tensdes ou plano de deformagies, sto apresentados na figura 1.4, onde aparecem um elemento triangular ¢ um quadrilitero. Varias outras formas de elementos planos so possiveis, porém serviriam para propésitos especificos. Capitulo I~ Introduce =9 (@) Elemento triangular (b) Elemento Quadrilitero U, ~ destocamentos nodais na diregao x. Vj ~ deslocamentos nodais na diregiio y. Figura 1.4: Elementos planos. Estes elementos planos tém dois (02) graus de liberdade por né, portanto, o elemento triangular tem seis (06) graus de liberdade ¢ o quadrilatero, oito (08), Os elementos sélidos, que sto generalizagdes tridimensionais da analise por elementos finitos para estruturas sélidas (no caso de andlise estrutural), tm como formas mais comuns 0 tetraedro € o hexaedro. TETRAEDRO Figura 1.5: Elementos silidos. Um dos mais importantes campos de aplicagio do MEF é na anilise de sélidos axissimétricos (figura 1.6): Uma grande variedade de problemas em engenharia pode ser analisada nesta categoria, incluindo tanques de concreto e de ago, vasos de contengio 10 Introdugdo a0 Método dos Elementos Finitos nucleares, rotores, pistes, eixos e bocais de descarga de foguetes. Nestes casos, carregamento © geometria sto geralmente axissimétricos. Na figura 1.6 ¢ mostrado um elemento axissimétrico triangular, embora uma forma quadrilitera geral também possa ser empregada, 2 (sino de rovolugho) 3 ens | elemento 47 ‘ 1 2 Figura 1.6: Elemento sélido axissimeétrico (triangular). Na figura 1.7 é mostrado um elemento de casca axissimétrica, que é semelhante (na aplicago) a0 elemento da figura 1.6, embora neste caso as relagdes que governam o problema derivem da simplificagio da teoria de cascas finas. fia; uu deslocamento linear na dirego radial, v-deslocamento linear na dirego axial. © - destocamento angular do meridiano, Figura 1.7: Elemento de casca fina axissimétrica. Capitulo 1 ~ ntrodugiio = 14 Na figura 1.8 sto apresentados elementos de placas que resistem a flexdo, tendo cinco (05) graus de liberdade por nd, trés (03) translagées e duas (02) rotagdes - em x e em y. 3 ate 1 y y, m= ie hopes de placa Placa triangular sob flexio Placa retangular sob flexio Figura 1.8: Elementos de placa sob flexdo. Elementos estruturais de casca (elementos onde duas dimensdes sto bem maiores que a terceira dimensio - espessura -, sendo 0 elemento curvo): deve-se emprewar o elemento de casca, Na figura 1.9 esto apresentados dois elementos de casca - com dupla curvatura - considerando 0 efeito da flexio em dois eixos. Casea fina quadrilitera Casca fina triangular Figura 1.9: Elemento de easca fina, Os exemplos apresentados nas figuras acima possuem um nimero minimo de nés (por exemplo, um elemento de barra com dois nds, um elemento triangular de trés nds etc.) Entretanto, dependendo do grau das fungdes de interpolagio empregadas, os elementos podem 12 ~ Introdugdo a0 Método dos Elementos Finitos Possuir um nimero maior de nds. A vantage destes elementos esti no fato de representarem melhor geometrias curvas. Além disto, quanto maior 0 nimero de n6s, maior a possibilidade do elemento representar corretamente o campo de variaveis dentro do mesmo. Assim, o uso de elementos deste tipo, denominados elementos de alta ordem, permite geralmente 0 uso de um ‘nimero menor de elementos que quando do uso de elementos de baixa ordem, para um mesmo erro da anifise. E claro que quanto maior a ordem de um elemento, maior & 0 seu custo computacional ¢ as dificuldades inerentes a gerago de malha etc. A tabela 1.1 ilustra algumas familias de elementos finitos mais comuns. Triangulares Elementos 2-D ° Quadnilateros Tetraédricos Elementos 3-D Pentaédricos Hexaédricos LS APLICACOES A seguir sto apresentados alguns exemplos aplicativos, a titulo de demonstragdo das potencialidades do MEF, colhidos da literatura da érea. Capitulo 1 = Introdugao ~13 Figura 1.10: Modelo de clementos finitos utilizado Para analise de um automével BMW. A malha em segundo plano ¢ utilizada para anilise de crash ¢ a malha em primeiro plano é utilizada para andlise aciistica no interior do veiculo. Foram utilizados elementos de placa/casca para a primeira e elementos finitos de acistica para a segunda Figura 1.11: Malhas de clementos finitos sélidos: (a) carcaga de uma bomba de grande porte, (b) Teservatério de conereto esférico, 14~ Introdugdo ao Método dos Elementos Finitos () @ Figura 1.12: Modelos de elementos finitos para anailise de tubulagdes. As figuras (a) e (b) exemplificam malhas de conexdes tipo K ¢ T usando elementos finitos solidos. As figuras (c) ¢ (d) ilustram partes de uum trocador de calor, utilizando elementos de casca, Capitulo 1 = Introdugdo ~15 Figura 1.13: Flambagem de um silo de armazenamento de griios. A malha utiliza elementos de casca ‘triangulares. Em vista da simetria ciclica da estrutura, apenas um setor foi modelado. Figura 1.14; Tampa de um reator nuclear ‘modelada com clementos sélidos ¢ clementos de casca. A figura ilustra um modelo de 180° ¢ uum de 30°, 16- Inirodugéo ao Método das Elementos Finitos L Figura 1.15: Modelo de elementos finitos de uma célula de carga. Apenas 1/4 da goometria foi ‘modelada, aproveitando a simetria. Foram utilizados elementos de clasticidade plana. @) (b) v bx wx © @ Figura 1.16: Modelagem do comportamento de um vaso de pressio na regio da solda do bocal. (a) ‘Subrogides utilizadas. (b) Matha empregada. (c) Padrio de deslocamentos da estrutura submetida a ressiio interna. (4) Nivel de tenses equivalentes. Capitulo I fmrodugao =17 () Figura 1.16: Modelo para andlise da estrutura de um nibus urbano (a) Componentes estruturais considerados na anilise. (b) Malhas de placa/casca ¢ de vigas. 18 Introduzdo a Método dos Elementos Finitos primeiras frequéncias naturais. Figura 1.18: Um exemplo de matha obtida com gerador automiirico de malhas, com o respective carregamento ilustrado. ZEISS NINN. = ra 1.19: Determinagdo do fator de concentragio de tensdes em uma placa com furo circular, submetida 4 tragio em um dos lados ¢ compressio no outro. (a) Matha utilizada - estado plano de tensies (b) Resultados obtidos. Figura 1.20: Raquete de ténis modclada com elementos sdlidos hexaédricos. A configu esti sobreposta & configuragio indeforn 1-30 deformada 20 Inirodugdo ao Método dos Elementos Finitos oy KIS AK Exar RANE ae Ors BEL DERRERERREER St EES ERS REN ge ASCE pea EAA ELAN NEEEISA Dae f) ae FA PEERY ne ERS] (©) @) Figura 1.21: Um exemplo de programas de elementos finitos com recurso de adaptatividade: 0 usuario cespecifica previamente um erro para a analise (em termos de destocamentos, tensSes ou energia) ¢ 0 intermediairia ‘automaticamente a fim de concentrar os nés nas regides de maior erro. (e) Malha final gerada pelo programa. (d) tsolinhas de tensio obtidas. Copinuto 1 - Introdugao = 21 Figura 1.22: Uma aplicagiio de biomecinica: anilise de protese para femur humano: (a) Visualizagio ‘sem remogao de linhas ocultas. (b) Visualizagio com remogio de linhas ocultas. (b) @) Figura 1.23: Flambagem de'um perfil de ago de sego variivel resolvida com um modelo de elementos finitos de placa: (a) Configuragio indeformada. (b) Configuragao deformada. 22- Imrodugdo a0 Método dos Elementos Finitos Figura 1.25: Matha de clementos finitos para anilise acrodinimica de uma acronave Boeing 747-400. Capitulo I - Introdugao ~23 Figura 1.25: Modelo de um destréier. Devido & complexidade do modelo, este foi dividido nas subregides ilustradas, cujas malhas foram geradas separadamente, CAPITULO 2 ELEMENTO-DE BARRA 2.1 FORMULACAO DIRETA DO ELEMENTO DE BARRA: MATRIZ DE RIGIDEZ E VETOR DE CARG. Considere uma barra de comprimento J de seco transversal A, engastada e submetida a ago de uma conforme mostra a Figura 2.1 2.1: Barra sob tragdo, ‘ la de w erial isotrépico, homog neo ¢ linear. D estrutura simples usando um processo de discretizagao, que p e sero M atal, a ra da 2.1 € modela 2, onde sio usados pedagos de barra, ou seja, do modo aj sentado na Figura jementos de barra. 2: Barra sob tragio discretizada Copitulo.2 = Elemento de Barra = 31 © elemento de barra ¢ usado tem dois nds (1 ¢ 2), frea de segio transversal A, comprimento L. e dois graus de liberdade uy € uy (a0s quais poderiam ser associndas forgas nodais P, e P3, respectivamente), Este elemento ¢ mostrado na Figura 2.3 de duas maneiras. A primeira apresenta o elemento do modo como foi na discretizagao da barra sob tragiio, ¢ a segunda apresenta a maneira mais comum de se representar 0 elemento de barra de dois nds, uma vez que 0 comportamento da barra & representado pelo comportamento de sua linha centroidal. Figura 2.3: Elemento de barra. Este elemento (0 mais simples dos elementos finitos) seri usado para ilustrar diversos pontos fundamentais da teoria de elementos finitos. Como ainda nio foram introduzidos os métodos energéticos, os conceitos de equilibrio serio para a obtengiio das equagdes referentes aeste elemento; esta formulagio é chamada de formulagaio direta. Figura 2.4 : Forgas nodais do elemento de barra. Considere a Figura 2.4, com as forgas nodais do clemento de barra. A equagio de equilibrio de forgas na dirego x fornece P P, (2.1) © estudo de barras sob carregamento axial realizado em Resisténcia dos Materiais mostra que a equago constituliva (equago tensto - deformagio), para este caso, é a lei de Hooke para tenses na sua forma mais simples (unidimensional), isto é, 32 Introdugdo ao Método dos Elementos Finitos 0, =Ee,, @2) onde G, é a tensfo normal, E ¢ 0 médulo de elasticidade ¢ £, € a deformagao axial, que é dada em fungao do deslocamento axial u(x) ao longo do elemento por 23) A equago deformagio - destocamento (2.3) pode ser reescrita considerando que a deformagio &, é constante ao longo do elemento, como ==, 2.4) foray (4) onde AL é a variagio do comprimento do elemento, devido & agli das forgas nodais. Utilizando a definigio dos deslocamentos nodais (graus de liberdade) uw) € wz, pode-se escrever a equagiio deformacio-deslocamento em termos das variiveis nodais, isto é, Uy uy L (2.5) Note que, para um elemento de direa de seo transversal constante esta expresso € exata, 0 que implica que a tenso também ¢ constante ao longo do elemento. Considerando o equilibrio nos nos 1 ¢ 2, com auxilio da Figura 2.5, obtém-se, respectivamente, (2.6) P, =0,A. Cy Figura 2.5: Equilibrio nos nos. Copituto.2 = Elemento de Barra = 33 Substituindo-se a relago (2.2) nas expressdes (2.6) ¢ (2.7) tem-se P| =-EAc, : (28) P, =BAg,, 29) © & subsequente substituigdo da relagdo (2.5) nas expresses obtidas acima leva as equagdes PB =-FA(u, ~u) (2.10) EA P= (uy —u) (2.11) que podem ser reescritas na forma matricial como THe) ex Esta ¢ a equacio do elemento de barra, na forma da equago fundamental de elementos finitos, ou seja, a equago carregamentos-deflexdes (ou carregamentos-deslocamentos) A matriz obtida 3 2.13} ; 3) € denominada de matriz de rigidez [K* ] do elemento de barra. O vetor te}={M 14) 6 denominado de vetor carga {P*} do elemento de barra. A equago (2.12) pode ser escrita como [k*]{ut}= {p*} (2.15) 34 = Introducdo ao Método dos Elememos Finitos onde {u‘} = {* } €0 vetor dos deslocamentos nodais. 2 2.2 SUPERPOSICAO DOS ELEMENTOS DE BARRA: MATRIZ DE RIGIDEZ, GLOBAL E VETOR DE CARGA GLOBAL. Apds obtidas as equagdes para o elemento de barra, retoma-se o problema da estrutura slobal, isto é, a barra tracionada, discretizada, da Figura 2.2. Para represemtar esta estrutura modelada por elementos de barra, necessita-se superpor os trés elementos usados na discretizagio (considerar os trés elementos em conjunto). O processo de superposigio de elementos finitos ¢ direto e 0 meio de visualizé-lo € considerar os trés elementos de barra separadamente, ¢ ento uni-los. Figura 2.6: Os trés elementos de barra usados na discretizagio da barra sob tragio. As equagdes equivalentes & equago (2.12) para cada um dos elementos de barra sto B)_ BAL! 1) fu a Pook [1 flu, lene sey em Pal ales 1} lu, P| _ EAS} -!]fus : teleFels It} at Capitulo. = Elememo de Barra = 38 Para superpor estas equagdes, cria-se uma matriz grande o suficiente para que cada elemento possa ser inseride nela. Como apos a superposigo u; = Uy € Uy = Us, existirio apenas quatro deslocamentos nodais independentes. Entio escreve-se uy = a (2.19) Uy ast it 46) gut que é a forma légica para a matriz que representa o sistema superposto. Usando esta forma tem-se, para o primeiro elemento PB, 1-1 0 0} fu, P,|_E,A,/-1 1 0 of Ju, + 0 L, {0 0 0 of ju,f’ oy 0 0 0 o} ly para o segundo elemento 0 0 0 0 0} fu, P| EA, [0 1 -1 Of Ju (2.21) Pf i, [oO -1 1 0} jy 0 0 0 0 of tu, € para o terceiro elemento 07 fu, o} Ju e (2.22) =] Ju, 1] [uy Adicionando as equagdes (2.20), (2.21) e (2.22), obtém-se a equago representando os trés clementos superpostos, ou seja, a equagdo de elementos finitos para a barra sob tragio modelada por trés elementos de barra, isto é, 36 = Jntrodugdo an Método dos Elementos Finitos {p*}=[k*]{u°}, ow (2.23) E,A, E,A, * é 1; 4 PB BA, ByAy EA, E,A; x y Rel | L Ll, is L uy, (224), PAP, a EA, EA, BA, EAs |]u, : Pe Ly Ly Ly Ly |lu, 6 a BAS, EA Ly Ly A matriz obtida EA, _EA , 4 Ly Ly _E\A; EyAy Ep Ay E,A é fe]-} ok En ay 4 EA, BpAg ByAy _EyAy L, L, Ly Ly 0 0 -BA BA Ly L, é denominada de matriz de rigidez global [K°] de uma estrutura (ou de uma combinagdo de clementos). © vetor » a P, +P, Poyat (2.26) {e?} ne (2.26) Py € denominado de vetor carga da estrutura {P°}. © vetor {u®} é 0 vetor global de deslocamentos nodais, ou vetor solugdo do problema Para 0 caso particular em que a barra sob tragio foi discretizada por elementos iguais, ou seja, com a mesma érea de secgo transversal, © mesmo comprimento e o mesmo material, a matriz de rigidez global pode ser escrita como Capinulo.2 - Elemento de Barra = 37 1-100 perez a2 ipo Lio - 2-1 oo-) (2.27) onde pode-se notar, similarmente ao observado na equagio (2.25), que a matriz obtida & simétrica ¢ apresenta valores nao nulos apenas na diagonal principal e nas diagonais adjacentes a esta, caracterizando 0 que se chama de matriz. banda, Estas duas propriedades facilitam a resolugdo do sistema de equagdes simultineas (2.24). Na secgo 2.1 foi mencionado que os deslocamentos nodais poderiam estar associados 4s forgas nodais P,, i=1,4. O cariter destas forgas pode ser relacionado a forgas distribuidas ao Jongo do elemento, como as forgas concentradas aplicada a0 modelo global. Esta diferenciagio ficari clara na apresentacdo da formulagao energética do elemento de barra. Ao analisar a estrutura discretizada nas secgdes 2.1 © 2.2 e equago respectiva (2.24), vé-se que na auséncia de forgas distribuidas ao longo dos elementos ¢ interpretando as forgas nodais como ccarregamentos concentrados aplicados 20 modelo global, as forcas nodais P,, P,, Ps, Py e Ps sto nulas. A tinica forga no nula é P,, cujo valor € tomado como o da carga aplicada P. Assim, para 0 caso em que a barra é discretizada usando-se elementos iguais, a equagio de elementos finitos (2.24) ¢ escrita como 1-1 0 O}fu) [0 EA|-1 2 -1 Offu{_jo — abe 2.28) L]o -1 2 -1fJu,f~ jo 228) oo -1 Iflu) [Pp O sistema de equagdes (2.28) ainda nto pode ser resolvido, pois a matriz de rigidez global € singular (tente obter uma solugéo para o sistema acima, Nio possivel.). Esta propriedade é comum a todas as matrizes globais obtidas pelo processo de superposigio de matrizes de rigidez de elementos finitos. Fisicamente, a razilo para tal é 0 fato de nio se ter imposto ao modelo a sua vinculaglo, ou seja, é como se a barra sob traglo estivesse livre no espago. Portanto, é necessirio impor condigdes de contorno sobre o sistema de equagdes (2.28) para possibilitar a solugdo do mesmo. 38 = Inrodugdo ao Método dos Elements Fintos 2.3 CONDICOES DE CONTORNO. Para a barra sob tragtio dada na Figura 2.1, foi obtido o sistema equagdes simultineas (2.28), que € a equagiio de elementos finitos para a estrutura discretizada da Figura 2.2, usando-se elementos de caracteristicas iguais. Escrevendo cada equagio de (2.28) separadamente, tem-se: uy -u, =0 tt, +2u, -u, =0 =u) +2, —u, (2.29) PL Wy +s = Como 2 barra sob tragio esta engastada no seu extremo esquerdo, 0 deslocamento do né 1 deve ser zero, uy =0 © 0 sistema acima ¢ reeserito uj =0 ~0+2u) —u, =0 u, +2u,-u, =0 230) PL wy +s = Notar que se u, #0, a segunda equacdo teria um valor diferente de zero no seu lado direito, Por exemplo, se 0 deslocamento do né 1 fosse prescrito com Uj, entilo o sistema de equagdes seria escrito como Capituio,2 ~ Elemento de Barra ~ 39 2u;-u, =1) -u; +2u, —U, =O, (231) og ieee oo EA. Retornando ao sistema (2.30), pode-se escrevé-lo na seguinte forma matricial 1 0 0 o7fu,) fo pA|O 2 -1 0 0 ax Mle (232) Lo -1 2 -1|}u,{- Jo oo - tly) te Notar novamente que se 11, #0, a forma matricial seria 10 0 O}fy) fa, BAO TS Olam (2.33) L |o -1 2 -1/Ju,f-Jo oo -1 iflus le Existem varios outros métodos de imposigio das condigdes de contorno, Dentre estes vale mencionar 0 método da penalizagio, Por exemplo, no caso em que u, = 1 ¢ a equagio era tu, =O (_ Primeira equago em (2.29), adiciona-se K u, no lado esquerdo da equago ¢ K ti no lado direito, ou seja, (1+K)u, -u, =0+KG, Se K é um nimero grande comparado com os coeficientes de u, ¢ u, (neste caso 1), entdo a equacio acima ¢ aproximadamente 2 condigo de contomno, pois Ku, = Ku, 40 ~ Introdugao ao Método dos Elementos Finitos: uy =), A. discussio sobre os métodos de imposigiio de condigdes de contomno nio seri estendida, deixando-se ao leitor a sugestiio de consulta a vasta bibliografia existente sobre elementos finitos, se 0 interesse no assunto existir. 2.4 RESOLUCAO DO PROBLEMA A equaco (2.32) representa a equago de elementos finitos para a barra sob tragio discretizada, usando-se elementos iguais ¢ com as condigdes de contorno impostas ao sistema de equagdes. Como u, & conhecido, ou seja, uy =0, a primeira equac3o pode ser descartada e © sistema de equagdes (2.32) pode ser escrito como gal? 2 °]f™) [2 {ot 2 “Hm p=yo (234) “10 -1 1ffu} [P, Escrevendo cada equago separadamente resulta em u, =2uy =u) +2u,-u, uy =3u (2.35) atte bees yeas a HER 2 EA € entio a solugo do sistema de equagdes (2.32) & uy 0) juz{ PL I 9 a 2.36 uf BA ]2 =) U6 3 A expresso (2.34) fornece o vetor global dos deslocamentos nodais para uma barra de comprimento / e area de secc%o transversal A, constituida de um material isotrépico, homogéneo ¢ linear (médulo de elasticidade E), submetida 4 tragio por uma forga P. Esta Capitulo 2 ~ Elemento de Barra = 41 barra foi discretizada usando-se trés elementos de barra iguais, de comprimento Le area da secgdo transversal A. Obtida a solugdo para o problema proposto na figura 2.1, deve-se verificar a precisto deste resultado. EXEMPLO: Figura 2.7: Barra sob tragio A solugio analitica deste problema pode ser obtida da Resisténcia dos Materiais e é dada pela expressio do deslocamento axial ao longo de uma barra submetida a carregamento axial (ver Popov, E.; “Introdugao a Meciinica dos Sélidos". Edgard Blicher, 1978, pag. 116) : apy 4o=f aac, (2.37) onde P,(x) € 0 esforgo axial ao longo da barra, sendo constante para este caso e igual a P. C & a condigdo de contorno de deslocamento no inicio da barra, sendo igual a zero para este caso. Entio, 0 deslocamento do extremo livre da barra ¢ dado por: PL — (2.38) "EA = Utilizando os dados acima, obtém-se u(x=/)=7,143x107 em. (239) 42. - introdugdo a0 Método dos Elementos Finitos A solugio deste problema utilizando 0 Método dos Elementos Finitos € dada pela equagdo (2.34). Fazendo uso dos dados fornecidos, incltindo a consideraco de usar trés clementos iguais de 10 cm de comprimento cada um, obtém-se: uy 0 u;|_ }2,381x107 uy }4,762x107 | %™ us} (7,143x107 (2.40) Comparando (2.39) e (2.40) pode-se verificar a excelente preciso da solugio fornecida pela aplicagtio do Método dos Elementos Finitos ao problema da barra sob traclo. Os valores uy © uy também podem ser comparados com solugdes analiticas obtidas de (2.37), apenas trocando-se o limite de imtegragio. 2.5 METODOS DE SOLUCAO Os métodos de solugio das equagdes que representam a estrutura estudada so os mais variados, Entre os mais usados destacam-se 0 método de eliminago de Gauss e suas variantes, © método Skyline ¢ o método de solugdo frontal. Nesta secglo, serit descrito 0 método de climinagto de Gauss, A equagio de elementos finitos representando uma determinada estrutura tem a forma genérica Ku=P, 41) ou Kyuj=P,, (2.42) ou [K°]{u°}={P°}, (2.43) que é um sistema de equagdes lineares, que pode ser escrito como a ay *y (2.44) Capituto.2 ~ Elemento de Barra = 43 Na forma expandida, o sistema de equagdes “0 “o ro) ayy Xp t.@}y Xp +a} Xy +... tA} My = DY! a) x, 4.00) x, +00 xy4..4088 x <4 a ” xy = bo? (2.45) aS) x, +a) x, +a$) x,+... Bat « a Dx, tall) xy4...t0Q xy = be al xy. ena forma matricial m .D gt oy eg we =| fo a a al xpapee co) a3 08 ~ alld [eg Um método de eliminagao de Gauss padrio € dividido em duas partes, a eliminagio Progressiva ¢ a retro-substituiglo. A eliminaglo progressiva sera descrita em detalhe para os dois primeiros passos ¢ seri generalizada para os outros usando notagao indicia © primeiro passo ¢ eliminar os termos ay) X1, 3) Xjon Any X, do sistema de equagdes lineares (2.45), como indicado abaixo: 5 0 Ox = HD Aly Xyt.A}y Xy Hayy Ay... Fahy Ny = BF oy o 82 a 2? a oy 88 gy (2- Hi a Ixy +] a Aah af? Ie, +| af Sih al? In... ay an a (921 gay =p cu a it » “0 St a) 2 gay af af? }x, +] a wee et ay aN? a o Ba jay Bn | Aa (2.47) ” po SL po ow an © afm 4), ot] ay — hy ain ay y 44 = Imtrodgito ao Método dos Elements Finitos Denotando os coeficientes das novas equagdes por a{?? onde a a go al 4 fy a Piao ° one (2.48) 0). pe — pen _ AS gn bP be) = be “AL b>... an tem-se: a x, all xy tal xy. tal xy = BAP AG x, tay tte xy = be? (49) 2). gal 2. =p? af) x, +09) x,+... 402 xy =b? aQ) xg +a} xy xy = bP segundo passo € climinar os termos a x2, a9) X>,... a} x3. Usando a segunda equagio, Ox +a x, +a? 0 x =D a? x,+all'x, +000 x,+...+al9 xy = bf 4a 2 ope AD x, +a xy. xy = be ya? ay ya? 4a) @) 22) x, +| a 2 a2 x4... an an 2 ay (2) (2) ay (2) » AN @ |, par_ 8a p> soot] 8-5 aR Jay = BP — SF iS 2 Capitulo. 2 ~ Elemento de Barra = 43 (2.50) ey _ 82 aa )_ 23 a af} -— a Ix, +| a} Xt... a 2) 2) 28 ay a2 (2) (2) ‘ af a — 882 a@ |x, =p? 882 p@ sot] BN Gy an Jn = BY) ——) DY “a an Finalmente, ao se terminar (N-1) passos do processo da eliminagao progressiva, tem-se af x,t xg +a xyt..tall xy = Oy 400? 25 be 29x, +08 x,4...4a@ xy = b2 $aP gt tainy

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