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4336 Capitulo 2 O desenvolvimento do comércio entre europeus e afticanos O suctsso Dx Anca bx nesisin 4s rraeinas tentativas de ataque da Europa 40 seu litoral demonstrou que as interagdes que se seguiriam seriam rnuito pacificas e comerciais — pois s6 em 1579 ocorreria uma grande ‘guerra em Angola, mas logo teprimida sem uma conclusio precisa, N3o houve mais nenhuma importante conquista européia na Africa, € até mesmo os escravos que cruzaram o sul do Atléntico para ajudar na colo- nizagio da América foram, com frequéncia, mais comprados do que cap- turedos, Esse cendrio fora preparado pelas expedicdes de Diogo Gomes em 1456-62 e caracterizatia as relagbes entre os europeus e 08 afficanos, nos séculos subseqientes. As vit6rias navais afticanas n& comércio que floresceu em subst verdade, sob controle da Aftica ignifcatam necessariamente que 0 rao © 08 africanos incapaaes de se beneficiarem, “eit Sendo Torgados, em-virude da debilidade comercial, a acejtar um "Wale Rodney, talvez 6 mais influente especiaista na defesa dessa posiglo, conclui em seu trabalho sobre as relacbes comerciais na Africa atlintica que 0 comércio com a Europa foi o primeiro e decisivo passo ‘a7 Oe ee Tae 188 Adlncs scr stews na ormest do unde snr, 400-600 para o atraso da Africa, Como Rodney afirmou, em razdo de a Aftica ‘estar em ulm nivel inferior de desenvolvimento econdmico em relagio 2 Buropa, ela foi forcada a compactuer com uma espécie de comércio “ lonial’, no qual 0s afficanos cediam matéria-prima e recursos humanos {ha forma de escravos), em troca de bens manufaturados — uma forma de dependénda que certamenté caracteriza o comércio modemo africa. no.’ Embora nem todos os estudiosos tenham compartilhado de sua ‘Visio radical sobre muitos aspectos desse relacionamento, interpret ‘ses recentes continuaram a enfatizar que o subdesenvolvimento da Afri- “qa conduziu inevitavelmente a um tipo de comércio que prejudicou ‘seu potencial para progredis. Nesse sentido, Ralph Austen, cujas opr: ‘ides s40 muito mais conservadoras do que as de Rodney, também con- Enuetanto, uin exame sobre o desenvalvimiento econdmico da Africa ativo no desenvolvimento comercial, eo izefam por stia propria ‘economia afticana como pensam os estudiosos e por outro lado, seus produtos manufaturados tinham as qualidades necessérias para compe: tir com a Europa pré-industrial, Para compreender 0 papel da economia da Africa no cométcio do Ailantico, é preciso examinar duas questbes interrelacionadas, ambas oriundas de trabalhos de académicos que véern a Africa como associa dos comerciais subalternos e dependents. Primeiro, a premissa sobre 0 atraso da Africa na producio de bens manufaturados, baseada em gran- de parte na analogia com a sua atual incapacidade de produgio ¢ seu impacto na modema economia da Africa. Segundo, o pressuposto da dominagdo comercial, em que os europeus de alguma forma foram ci pazes de controlar o mercado afiicano, por meio do monopélio ou pel ‘manipulacio comercial. 1. Rodney, Haw Burpy Undeceoed 95-15; dem, A Hisar of the Upper Gunes Coase 15451800 (Loodsen. 1990). pe. 2. alph Assen, Ann Beso © desercvinente do camdrisenre wcpauresicinde OF AINDUSTRIA E OS TERMOS COMERCIAIS. ‘As comparagdes entre 0 comércio dos séculos XVI e XVII e 0 dos dias auais, relacionando palses indusiralizados com os menos desen- volvidos, nao t&m embasamento, Embora muitos produtos impostados pela Affica antes de 1650 fossern bens manufaturados (como ferro ou tecido) e que muitas de suas exportacées fossem, na maioria, de produ tos semimanufaturedos (couro, cobre e ouro, borracha, marfim e escra vos), um exame mais minucioso revela que a antiga manufatua aftica- ‘aera em muitos casos capaz de prover as necessidades do continente cio alantico tena sido 0 fato de a Buropa s6 ter oferecida & Africa artigos ‘que ela j pioduzia — fato com frequencia ne “eomercais18s0 diferencia de imediato 0 perlodo inical com os dias & Toje pois egord a indsttia domésticaafficana nao produz nenbum dos opa exportava uma ampla gama de mercadorias para a Africa antes de 1650, ¢ de diversas categorias. Em primeico lugar, em termos de volume, vinhamxGs tecidos)~ uma grande quantidade de vitios tipos de tecidos no século XVI Depois as mercadoriagém metal sobretud fer. > Ceecobpxone matétia-prima (barras de ferro € raanillas de core}? € ei trabalhadas (acas, espadas, bacias ¢ tigelas de cobre etc.). Em. seguida, moeda cosente, consistindo em toneladas de cauri." Esse co aércio era muito importante em Benim ena Costa dos Escravos, em- bora essas moedas fossem também importadas pela Africa central. Por fim, havia 0 que se pode descrever como itens nio utilitérios como jsias (em geral, contas), brinquedos mecanicos e curiosidades, bebi das alcoolicas _Eimportante notar que nenbum dess 10s era “mercadoria es- ¥ sencial” A Aftica possufa indistrias bem desenvolvidas que produziam cada item dessa lista, ¢ embora nem todos fossem produzidos em cada istito, um nimero significativo era importado por regides em que cla- ‘amente nfo havia uma necessidade premente deles, e essa importacio ‘aha um caréter estritamente funcional 3, Una mona um ngoteem forma de ead a mane nls commim como eobe ers uaiponado «werd, "Note de Madura: Corie mone usado como nha em iguanas pares de ia ea Ac. 90. Abies eo aan ma formagse do mando sc, 1490-1809 Ocesanehimen do comics enresropese scans 91 verdade, 9s portugueses compraram fetro em Serra Leoa para ven em Senegimbia ¢ em outros locals, Como mostram claramei —Sentetimbla ¢ em outios locals, de registro dv navio Santiago que fer a travessia dessa rota Porém, o comércio europen posterior de ferro com 2 Senegimbis nao de valor de suas ca. i medida da extensio m vez disso, foi uma medida da exenséo a tecnologia foes ou ineiienda. 0 de(600 a.C, bu mesmo anien na oils so je seu mercado domestic. eds = ‘Comega-se a perceber as complexidades comerciais ao observar 0 Sesesto do SHAT élvex como resultado de desco- comércio de metals, sobretudo ferro, p ‘uma mercadoria que era importada e pod en fer 1a8..em que a técnica era essencial para produzir artefatos de qualidade. Os portugueses exportavam pouco ferro para 2 Africa, talvez porque se Bes. do papa contra a venda de infigis, No entanto, o Congo atis- to também recebeu pouco ferro de Portugal, 0 que faz crer que sua pro- duclo era pequena e 0 lucro de exporté-o seria mediocre. Os holandeses que tinham acesso a boas fontes '€ escandinavas, € Os ingleses, que possufam seu préprio ferro, foram os pioneiros na venda de ferro na Aft ros presentes ofertados por va ide — talvez © melhor aco do mundo ‘Aa €poca, € com certeza igual ou mesmo melhor do que 0 aco produzido nos Primérdios da Europa modema.* 5gopetito.a pesquisa sobre a qualidade do metal produzido tas fin- 3 arqueologios recentes indica $03 afccano equal a qulgucr un prosuido em Gatos eg, eno sculo XV? Mat a fabricapio do ago anda requetiz panic aoe “Wade &imadeiray que nem sempre esava disponive, e taimn one lhor produgdo de aco era feita ma margem norte da floresta tropical, onde havia uma associagao de suprimentos de madeica e minério de ‘companhias comerciais francesas e inglesas. Curtin estimou que a Sene- simbia importou cerca de 150 toneladas defer da Europa por ano na segunda metade do culo XVIL embora esse montante seja provavelmen. ae te mais elevado do que as quantidades importedas anteriomente> co bern a Africa era uma produtora de ferro, e a Senegambia ja era su eb eee rida por produtores em Futa jalom (etalvez também por uma produ. Sehegimbia: Ein decorrencia, 0 so local de ma qualidade) & época da chegada dos portugueses Na 14 tad pot 92 % A jtca on alscares a frmazio do mundo ale, 400-1609 ra competitive no preso e podia ser ul ssitavam da qualidade do 2¢5.”— ‘Mas, apesar de seu preco ser commpetitivo, a importacio de ferro no .do em artefatos que da Senegsinbia antes de 1680, Deacordo fa dvesse um conjunto mfaimo de utensflios composto de uma enxeda, um machado, uma grande faca achete ou foice para desmatar os campos), pequenas facas para cortar e flechas elancas para cacar (excluindo artefatos para usos demos extimar que cada familia possufa dois quilos de sigdo a cada dois anos (para o ferro produzido no local o ferro de baixa qualidade ou importado necessitava de reposicio duas ou ues vezes pot ano), & por conseguinte, cada familia tinha um consumo anual de um quilo de ferro por ano. fa possulsse uma do de pessoas," organiza ‘entdo essas familias necess Ocesenohimento de comirio eave europe aticses % 93 Essa estimativa de consumo € baixa, presummindo um consumo m\ imo de uma fam 12) uma das mais importantes ins artefatos eram consumidos antes de se desgastarem 5a de arreméss regio mais abai sem de 30 toneladas de ferro —~ sem mencionat em que algumas de suas armas consumitiam 2 est deconsumo farnliar, mas que provavelmente demandatiam no total 10 0120 toneladas a mais Se 0 ferro da Europa no supria as necessidades de uma regio ca- rente desse metal, e com cerceza no subs ia ede outos | ferro barato europeu em barras (talvez a forma wm de com bra), mas eles também compravam espadas de ago de time qualidade, 4s quals cram com cerieza utilizadas jd com seu acabamento final. Os é claro, fazer suas proprias m Tabilidades e metal de qualidade, poré aera wmbém um item prestigioso, cujo v iGEpoF Gut 6s aiquetlogos enconira Jam uma espada européia em umn cemitério em Rao, que Somprada (através do comércio transaarian { i 94 A dite eon seme frag do mundo antes, 409-1800 digdes de trabalho o predispunham @ comércios de longa distanci tecido poderia ser fabricado em qualquer lugar, Com certeza, 08 aftica nos ndo compravam tecido europen porque nao possufam material pré- lo, emt se deve pensar que o tecido europeu era necessariamente me- thor (em um sentido funcional de protecio contra agentes extemos) ou ‘ais baratos do que os seus correspondentes afficancs. Os primeiros ‘visjantes europeus elogiaram os tecidos da Africa ocidental; por exern- plo, Fernandes e Pacheco Pereira falaram muito do tecido de Mandinga que eles e seus informantes encontraram.”” Esse tecido foi amplamente comercializado na Africa ocidental, e os portugueses até mesmo ‘podiam ser de Gtima qualidade, pois Pacheco Pereira eacreveu no inicio do século XVI: "No reino do Congo eles fazem tecidos de palmeiras, com ie como veludo, ¢ 0s desenhados como cetim aveludado sio tio Donitas que nio existe trabalho mais bem feito na Itélia." Esse tecido era também abundante. visto que os produtores africa. pratam muito teddo do Congo oriental para exporté-lo para as teas 2 leste de Angola, e um memorando sobre esse comércio datado de 1611 indica que a regido do Congo oriental exportava s6 para Angola cerca de 100 mil metros de tecido por ano.” Esse nivel de exportacdes sugere, a0 se considerar 0 consumo doméstico e as exportacées para outros locais da Aftca, que a producio to tante de exportacées em uma regio cuja populacdo total provavelmente US: Pacheco Pere, Esme eo 1, exp. 29 (ed Sie (© ceseoevienta do comine one europe elicros ‘95 io excedia a 150 mil pessoas situa o Congo oriental no mesmo ntvel dos grandes centuos téxteis da Holanda na mesma época (como Leiden) — caja produsio total por ano chegava a 100 mil metros ecuja popula- sfo total (urbana e rural) era talvez equivalente’ ‘Constata-se ainda que as importagiies européias nio se destinavarn simplesmente ao vestudtio pessoal quando se considera o consumo Costa do Ouro, um grande importador de tecido europeu, que ab ‘uma quantidade de cerca de 20 mil metros de tecido da Europa eda Asia Por ano no inicio da metade do século XVII Esse comércio fornecia tecido para uma populagéo composta, em um cileulo estimativ, por 1.500.000 pessoas, das quais cerca de 750 mil adultos, e um nimero aproximadamente igual de homens e mulheres Pode-se calcular com base em descrigdes do vestuétio do povo comurm de Act feitas era rela tos de viajantes, cais como o de Marees (1601) ¢ de Mi cada homem adulto vestia de trés a qui smulher talvez de quatro a cinco metro do o pano pera carregar ctiangas), a maior parte um nico pedaco de tecido enrolado em volta ‘do corpo.* Se fizermos uma suposicdo minima (contemplando os es- ein oon Cul (ss rill assinlad, 5.2 Uonoxe abe Han 1913) adit para o ingles com « euterseio de pnts oa ascaade, ‘Abert van Dantig« Adam fonea Dewripdon and Hutaral Acuna te old Kngsom of ‘Gunes (162) (Landes, 1987), pp. 198 19h, Deb WabeJohonn Mall, De female © cesereivimeno do comico enre eunpet salicnes "® 97 f 96 % A dire eos atcanca me oso do mand eco, [400-1600 uma regio produtora de um exce 20 mil metros para Angola em 1611," os herdeiros do rei mostra com orgulho um estoque que inclufa uma grande vatiedade de tecidos europeus ¢asiéticas, e quase 700 metros de tecido do Congo oriental Essa mostra pretendia ‘cavos mais pobres) e determinando uma durecao de dois anos para neste eines eae aes esse suprimento de roupa, ent&o em média um adulto precisava de pelo ‘menos um metro de tecido por ano ¢, por conseguinte, o consumo anual ‘ser comprado e vendido ao longo da costa do Congo.” Mesmo Benim, que exportava 5-10 mil metros de tecido por ano através de seus portos para outras partes da Africa (sobretudo para a Costa do Ouro),* tam- bém importava linho da Holanda e tecido da fn ‘mesmas que importavam deve-se a um mercado text . dopor uma extensa produgio local. 0 tecido europeu era importa p _atender as demandas sempre em mutagdo de um tipo de consumidor di ido, que jé havia se acostumado a usar grande quantidade de fe. zenda ese dispunha a comprar mais, sobretudyse fosse dferensX¢ nova) ‘Assim, algumas das i Nese sentido, Miller, ao descrever o consumo de tecido da Costa «conotacio de prestigio, mas outras, como 0 tecido sofreriam ainda outra transformacto. Segundo o capitdo ing! Phillips, que visitou Alad4 em 1694, a maioria das “sarjas e perperua que cle vendeu foi desfiada e entrelacada em seus pro} revendida em outras partes da Africa. Alguns desses mesmo cruzaram o Atlantico, pois Phillips observou que cada um deles {foi vendide por uma coroa em Barbados.” Esse complexo reapro- quando se depara com um maha de pagar duas vezes mais Uillizagéo, E importante notar que o tet Y “Heo era 0 da Europa, mas o de Man« da Costa do Ouro.” ode fazer obterags similares sobre a exbico do xtoaue ds tecidos apés a morte do rei de Loango, em 1624. Embora Loango foss SE all es, 20 de malo de 1635), fl 2 3 @ 98% A tien ees treanos ra lego oud see, 140-1800 veitamnento do tecido europeu com certeza antecedeu a visita de Phillips, etalvez milhares de tecido de Alada vendidos pelos holandeses na Costa do Ouro nos anos 1640 tivessem uma composicio similar ‘entender a demanda dos aiiicanos por uma ampla variedade de j6ias baratas e contas, como as ubfquas alaquequas, uma pedra amarela do norte da Africa que Pacheco Pereira viu sendo vendida 20 longo da costa da Senegambia." Diversas contas eram hé muito tempo manufaturadas sna Africa — as contas akori, por exemplo, tinham uma antiga reputagio na regio da atual Nigéria.* Mas, ainda mais que o tecido, a8 contas cera valorizadas pelo seu prestigio e pela sua procedéncia do exterior, € talvea até mesmo pelo seu preco exorbitante! No caso dessas mercado- tias a idéia funcional de uso deveria comesponder as preferéncias dos consumidores. Essas preferéncias explicam, sem divida, por que os afticanos de- mandavam tanta variedade de mercadorias da Europa, Ap6s examinar 2s listas de importagbes holandesas para a Costa do Ouro, Kea avaliou rentes produtos etam procurados, incluindo 40 tipos dife- ido.” Além disso, a procura por determinado artige muda- latos e ndo encontravam interesse por eles, Essas mudan- cag5es claras de que os compradores estavam respondendo modismos de produtos ndo essenciais do que a real ne sidade de comercializar para satisfazer dese gostam dessa nova moda, depois se interessam por outra: ¢ tudo que les atraia eles querem ter... Essa € a razao pela qual tantas mercadories Por fim, muitos especialistas que estudam 0 comércio a peu exquecem, com fregléncia, que a Africa também exportava produ- 29,3 (e, Siva Dis), pp 79.01 pai, Lower Gulnes nthe Spaeth andSeentents © desenovineta de condrc ee eropanesttcnee 98 tos manufacurados para a Europa, inclusive texteis.}é imosos tecidos mesclados de Alaa que 0 eapitao vendidos por um prego elevado em Barbados, demonstrando que al ‘guém (poderia ter sido escravos afticanost) estava disposto a pagar cato pela mercadotia. As esteizas de palha da Senegémbia eram exportadas are o mercado eutopeu emi grande quamtidade, Esse coméicio & men ‘conado em fontes antigas,€ essas esteras eram freqilentemente usadas 1a Europa como cobertas de came. Elas devem ter sido produzidas e ‘exportadas em grande ndmero, pois no inicio do século XVIII im agen- te inglés em Serra Leoa foi instruido a comprar nada menos que um rmilhio de esteiras, “se puerem ser obtidas". Os aftcanos também pro- duziam outros artigos para clientes europeus. O mais famoso detes foi ‘0 atfim afto-portugués", na mesioria em forma de colheres, mas também ‘cometas ¢ saleiros. Esses artigos exam elaborados artisticamente em wim estilo hfbrido e se destinavam ao consumo da elite, mas eram numerosos O suficiente para ir além de uma simples producio pitoresca.” ; Conclui-se entéo, que o comércio da Buropa com a Aftica nao pode servisto como algo destrutivo, pois ele nao espoliou nenhuma Maha de 0 afticana nem impediu o desenvolvimento fornecendo prod (© MERCADO E 0 ESTADO NO COMERCIO DO ATLANTICO Os europeus néo saquearam retamente como comerciantes prov izacionais,seja porque tinham ‘uma nosdo mais elaborada de hucros do que os afrcanos, possufam uma ctganicacio comercial mais bern estruturada ou porque eram capazes de restringir as importagGes para a Aiea de todo a ciarum monopo- {9 Oconee deci shox Ky Caro Teo Frege onan Sic Aaa ofa Hobid Ant Frm’ 9 ol dhsenalo Sedov dcicde indiana 1385) pp 812 een 100 % Ades eos sians 1a formas do mundo ncn, 400-1809 © desemevmert de conics eaveevropeureaticnos 10] lo parcial. Qualquer desses fatores pode ter dado vantagens comerciais rar o méximo de rentabilidade para 0 comércio. Isso era uma 208 exo mesmo que o Estado em geral preferisse autotizar comerci — a8 negociagdes de Gomes com d: soverantes da Africa ocidental —, cidades possam ter servido para esses prop sm preferido o fluxo comezcial tranqt mais distantes quase nunca era ums ialoria dos governos (05, apesar de 03 comerci- tas dos Esiados. Essa expansto ‘ita teria prioridade sobre outras considerasBes econdmicas, mesmo aquelas que podesiam ter aumentado 0 volume ou a gl tendimentos. Se os comerciantes igdo, a ser governado e controla- do por eles ¢, em iitima instincia, para servir mais as suas necessidade: do que as dos compradores ou vendedores. isso ndo era Uma preos inos tenham percebido que $6 por: delucto privado 0 comércio pross €.da producio, Em outros casos, ees se contentavamn sim, Plesmente em taxar um produto, o qual entdo passava para o 6 abbarguesia, um grupo de comerciantes que vivia sobretudo de rend Ae comércio, Quando posse, eles podiam auentao lucr dese co 0 gatantindd 408 membros preferidos um monopélio ou ae me disiorcendo @ mertado ei seu favor e nd e SH mercado em seu favor e 5 acs ‘que essas reivindicayses oistante do lucro (€ portanto das rece 0 direito da comunidade interna- Bade de twar listorcer © mercado do que na verdade realiza-lo com txio. me da dimenséo organizacional do comércio afficano com a Europa evela que ele era reflexo do comércio da Europa com a AiicaAmbos)}s parceiros buscavam um cométcio “administrao", sob o conttotedo Estado, que tentasse eliminar ou controlar os efeit mecanismos de mercado como a competisgo, na expectativa de assegu- oua French Senegal Company que fizeram seus prép ‘comerciantes privados. Com freatigncia, 08 dois tipos de com deram ser lassi cadostoscamente depivadovenispatrecnad Estado, coexistiram ou se alternaram corn descor 0. Ver Redes, Ure Caines Coast pp. 805 1719: Asan, Afican Etonic Hise, 102% Ateneo aleanoemfemagie do mide seen, 400-1800 Potconmesinte ce meredoe europe due pretend neo para obi necessério porque o rei de Portugal reivi as comerciais do oceano Atlantico, e, por meio desse pleito, que os ® (mas ner todas as poténcias da Europa) reconheciam, também 10 de limitar 0 acesso, fixaritinersrios e impor tribu- tugal de negociacées com o governante de Kayor; chefe do Bsta- do que controlava 0 ponto final do lado afticano. Embora ele ndo todas as complexidades em um cenério que estava comecando a se d near, & bem claro que suas discuss6es comn 0 gow csadin com um nobee lel serum parte dt Visitantes posteriores mostraram a natureza imprecisa desses rela- cionamentos, Quando Pietet van den Broecke, um mezcador holandés que agia sem muita interferéncia estatal da Europa, realizou uma via- gem a essa mesma érea em 1605, ele no pediu permissao de Portugal, embora soubesse que os navios portugueses poderiam atacé-lo por vio- lar suas reivindicagdes de soberania — que jé vinham sendo violadas impunemente por navios ingleses e franceses.® Mas os comerciantes, holandeses, assim como os de outros pafses europeus que visitaram a parn-Leporace) p. 1-13. Papa Romanus Pores 6 de jnezo de 1455, em MMAZ CO davonhimente do contro ante uropeat estiner ® 103 em sua época, logo perceberam que eles sofriam restrigbes em 8 que os de Portugal em relacao 208 comerci 10 de negociar com a Africa. Essa companhia serviu de modelo para ruitas outras companhias licenciadas que atuavam fora da Franca e da Inglaterra, e funcionow como hospedeira para outros patses do norte da Europa, como Dinamarca, Brandenburgo, Suécia e Curlandia, Entretanto, para van den Broecke, bem como para todos os outros que se seguiramn, os Estados africanos ainda exerciam varios mecanis- mos de contiole estatal, Embora ele ndo tenha feito visitas demoradas_ 208 governantes de Kayor, fol obrigado a fazer uma visita de cortesia a” ‘urn “aleaide” do, mm troca do direlto de comércio privado. Por outro lado, quando van “Gen Broecke vieliou outras partes da Africs, sua experiencia essemelhou- se & de Mosto. Em Loango, aonde ele foi ttés vezes entre 1606 e 1612, visitava com regularidade o governante, pagava impostos e negociava, ‘condigdes comerciais, tal como en Ngoyo € Nsoyo, outros Estados afii- cans na regio central da Aftca Apesar do foto de que exes Extado2 4 stuassem no comércio atlantico hé cerca de um século quando van den Broecke os visitou, a necessidade dé controle esatal ainda requetia ie 20s governantes. Esses dos vistantes revelaram algumas das complexidades do co- “ néitio afticano, Por sua veo, hay ide pleitos das ses mostrariam, que incufam ebulaglo, conuol- sole rots ¢ ner fcagbesFelativas a produtos a serem vendidos ou com; 46 Bid, pp. 6 22.3041, 58, 104% A Anes eos areans nu orm do mundo atin, 1400-1000 MONOPOLIO E COMPETICAO NO COMERCIO DO ATLANTICO Embora o controle estrito sobre as atividades dos europeus fosse, «em grande parte, uma questio de assegurar que o coméscio se conduzi- Sa pesquisa tobIzo Comércio reclamava com fregiiéncia que em viride de 0 comércio nao ser “bem administrado", as condigbes comerciais para a venda de cavalos em troca de escravos pendiam em favor dos afticanos. § evidente que isso significava que enquanto a jo valor maximo seria atribufdo pelo fino de cavalos ou por outras & fe suprimento de pro- @” | Karam isso Talharam., Com esse fracasso, adv “$80 de comunidade comercial africans, ados pelos portugueses por” ‘Segundo, havia © perigo de que agentes portugues ios do govemno ou comerciantes particulares a ioques €'4 oferta de pregos para os afficanos, CO caromelimena doceririoenre eaepee reas % 105 do com_ou sem licenga, reduzissem o controle estatal ou competissem entre les. Para enftentar a prim “europets. Apesat do reconhec Tegitimidade nao era totalmente seguta ou a deo inicio das navegagdes portuguesas, governo portugués tentou cessar essas viagens capturando os navios € suas cargas (uma ameaca ainda mi ses anunclaram que jogariam Ept do Eptade ww puunevee® postura generalizada dos europeus em relecio ao papel do Estado em 106 %% A Aires a termasdo do mundo sta, 100-80) Cerner q © derercuinerto do comérce ene euopeureaiesnos 107 romover o comércio, obtendo concessées para exerct-lo-ou algo seine iB a8 pales seconhecessem que haveria a viagens ilegais particulares a despelio da desaprovacio real. ‘Ao mesmo tempo que procurava encerrar a parti] 1212 Coroa também tentava controlar a participacio dé

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