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METASTASE DO IRRACIONALISMO A total frusragao da liberdade no fascism é, com feito, o resultado inevittvel da flosofia liberal Karl Polanyi, A grende eransormagie Para Lukécs,.as ideologias possuem um inextricavel concerido social que thes nega qualquer pretensio & neucralidade (que, por suposto, também € uma idcologia) lhes coloca 0 imperativo de realizar uma fungio social definida no interior da luca de classes. Por isso mesmo é que, em diversas ocasiées, conclui afirmando que “nenhuma ideologia € inocente” £ com tal convicgio que Lukics se dispoe « realizar a sintese tedrica da ideologia burguesa naquela primeira metade do século XX; comesa por acusar 0 acentuado declinio do nivel filos6fico em fungio de um sofistico afastamento da filosofia dos problemas concretos da realidade. Para ele, no cntanto, o fendmeno nfo era novo nem surpreen- dente, mas algo “necessério ¢ socialmente condicionado” pelo pragmatismo egocéntrico da racionalidade capitalista, cujo desprezo ~ ou temor pela reflexdo filossfica ja havia sido detectado muito tempo antes por Marx ¢ Engels. Tendo-os como parimecros de suas préprias andlises, os censaios de Lukécs a respeito, como, por exemplo, “Marx e 0 problema da decadéncia ideolégica” ‘escrito em 1938, € A destruc da razdo,? de 1952, comprovam a ria tendencial da filosofia, + Doutora em hstria pla Universidade de Sio Paulo (USP) profesoraaposentada da Universidade Federal de So Carlos profwora de mesrado em hstria da Universidade Severino Sombra, em Vasouras ( Maria Orlanda Pinassi"_) cvidenciada em sua estreita ¢ comprometida relacio (de submissio a-critica) com a tealidade social. Em outro dos seus portentosos estudos a respeito da histéria da filosofia, Lukécs percorre 0 desenvolvimento juvenil de Hegel’ a fim de compreender a “conexdo interna entre filosofia € economia, entre economia ¢ dialética”, realizada pela hist6ria ¢ sintetizada pelo fildsofo alemao. Nesse estudo, Lukes verifica que a filosofia perante a modernidade € cada vex mais impelida a {reir o [teu] complexo problemsszo no sentido «suit pra deseo coneates mais profundas, 2 digi ta arengfo a0 cresciment histico da pensamento humano na ampla oralidade da compreensio cientifica da reslidade concrera. muito natural que, a0 fe2b0 asim, as citcias da naturesaentiveram ¢ estd0 em primeico gat. O exudo a inerago ene aciéncia ea natuera por uma pate © 1 metodologia floss, a tsora do concent € a liga por outa, com dado resultados nada despre [-] Mas, segundo Lukics, essa posit de concretamente ontoldgica assumida pela conexio entre filosofia e economia ¢ definitivamente interrompida pela prépria mudanga da situagio social ¢ seus desdobramentos. Ou seja: Enquanco no comeso da economia burguesa os grandes representanes da nova cidnciaviram nel, por uma parte, 4 ccia bisica da vida social e, por outra parce, nas categoriasecondmieas, reaper entre eres buamanos~ comm tama hontada ¢ ingnua auséncia de prejultos ~ mais tarde penetra nesta cincia a fetichizagio das categorias ecandimicas, produto objetivamence necessirio € creicente do desenvolvimento do capiralismo, até eterminat cada vee mais profunda ¢ decsivamence a smetodologia das cigncias sociais (.] em paralelo a ese proceso, e em grande medida em conseqéncia dele, a metodologia econdmica deixa de ser a citncia fundamental da vida social para converter-se em uma pr 20+ 1043 + 2005 @Nows Rune das numerosas disciplinas particulaes radicalmente especialzadas. E como também a filosofia recorre em sua maior parte este eaminho que leva a uma expe- ializago como disciplina particular, se compreende que 08 ldsofos no tenham td sequer a idéia de Fectndar seu trabalho mecodologicamente pelo estudo detalhado das eategorias econémicas.* Com base nessa perspectiva critica, Lukées acompanha o movimento mais do que dinimico da weltanschauung burguesa, comecando por sua formulagio clissca a sua constituigio epopéica -, prépria do periodo em que a filosofia ainda sedia 0 constructo critico-reflexivo do proceso revolu- cionério, até sua conversio em apologias fundadas na “liquidagao de todas as tentacivas anteriormente tealizadas pelos mais novéveis ideslogos burgueses, no sentido de compreender as verdadeiras forcas ‘mottizes da sociedade, sem temor das contradigées que pudessem ser esclarecidas”.* © momento em que tiveram medo c, no segundo, porque nada temeram. Conduzidos pelos nossos pastores, s6 uma vez nos encontramos na sociedade da liberdade, no dia do seu funeral Nada mais conveniente, portanta, do que disolver a “semente do dragio", essa perigosscrigéo da hstéria, to bem apreendida pela dialtica hegeliana, , com iso, absir os caminhos para « formulagso de ideologias reaciondsias, fiequentemente ieracionalistas Isso significa que as condig6es materiais advindas do processo pés-revolucionrio fecundam a tendéncia reacionéria da filosofia burguesa em idcologias de matiz ora apologético ~ no caso em que se buscava mitigar as contradigdes oriundas de revolugdes radicais ~, ora irracionalista ~ no caso em que se enaltecia as conquistas da “revolugio filoséfica”, © s6 filosdfica, segundo Heine, da Alemanha, Ambas as vertentes estio absolutamente submetidas as necessidades contingenciais da ) Ahistéria ale orgulha-se ito prevaleces ae vane, bufguesia que, independentemente da origem ~ se tetithess sespontiven ag, material ou filoséfica ~ da revolugéo vivenciada, eo dats de mice da tag Passa lutar contra 0 materalismo, a dialética © a isso data do inicio da fase eA eT ty ee cenvedueahaiben ogo de progress social fustigados peo uminismo quenenhumaouranagdo | rrarvada pelo caritcr con. © Pel Slosofia hegtiana, dindo-Ihes inerpretgses sabia Correncial das rlagoes encre Ubstancialmence diferentes : 5 paises no grande mer- Para Lukics, a nogio de razao ¢ de progresso virdalguma veza imitar no cado mundial. Desde essa deve ter uma conotagio radicalmente social, cujo fase, enfim, de consolidacio dda burguesia no poder de parametro, depois dos embates de 1848, conti- nuaria, apesar das promessas de emancipacio firmamentohstérico. | uma definiggo cada vez mais clara ¢ acirrada da luta de classes, vio se confirmando aquelas palavras de Marx, tantas vezes evocadas por Lukics: Les capacieé de la bourgeoisie sen vont A problemética, porém, se amplia e se agrava nas formas que essa decadéncta ideolégica da burguesia assume diante das condigées de ateaso histérico e material da Alemanha, A esse respeito, Marx pronunciou-se da seguinte forma: A histéria alemé orgulha-se de um desen- volvimento que nenhuma aura nagio anteriormente realizou ou vitd alguma ver a imicar no fiemamento hiscorico. Participamos nas reseauragoes de nasbes modernas, sem termos tomado parte nas revolugoes, Fomos restaurados, primeiro, porque houve mages que ousaram fazer revolugées e, em segundo lugar, Porque outras nagdes sofreram contra-revolugoes; no primeiro caso, porque nossos governances tuniversal, a ser dado pela luca de clase, dessa ver, centre burguesia e proletariado.* Portanto, para cle, toda € qualquer tendéncia contréria 2 superacéo dessa contradigao deveria ser considerada mais ou ‘menos irtacionalista, Anda que dificilmente haja uma flosofia ceacionéia {que nto contenha uma eerta dose de iracionalisme, nfo cabe divida de que 0 raio de agio da Filosofia bburguesareacionatia € muito mais amplo do que o da Filosofia inravionalista, no sentde prépria extrito da palavea” © golpe contra a Razio é dado j pelas teorias apologéticas 20 conceber que a dialéice cumprica © seu definitivo dever histérico e que a liberdade, enfim, poderia ser gozada pelos homens na constituigao © na conservagio da sociedade burguesa, desde que zelassem pelo progresso conquistado mediante a chaneela do capital. Mas, 0 irracionalismo consagrado por uma vertente do Novos Runos @ Ano 20 +1042 + 2005 romantismo anticapitalista significaria uma teagio mais nitidamente ofensiva & nogio de razao ¢ de progresso consagrada pela Hustragao; uma passagem de A destruido da raza ilustra a situagio: 0 primeieo periodo importante de icracionalismo madermo surge, congruentemente com iso, em lua contra 0 coaccito idealist, dialético histdrico, do progress; €ocaminho que vai de Scheling« Kierkegaard £20 mesmo tempo, 0 caminho que condur da reagso Feudal provocada pela Revolugio Francesa 3 honilidade bourguess contra» ida de progress." Mais grave, porém, ainda mais esclarecedor & que, segundo Lukécs: A situacao muda radicalmente desde os combates de Junho do prolearado parsiensee,principalmente, desde 4.Comuna de Pats: a partir de enti, seta idcologia do proletariado, o materialismo dialética © histirico, 0 branco de ataque cuja naurera esencal determinard 0 desenvolvimento ulterior do iracionalismo." Desde entio, porcanto, a ameaga representada pelo proletariado € pelo expectro do comunisme aproximaria tio bem as expectativas liberal- apologéticas das reacionitio-irracionalistas que, 20 final de algumas décadas, quase nao se notariam diferengas entre suas manifestagbes. Esses so alguns dos pressupostos que Lukes destrinchar os fundamentos da flosofia 1 calgada na pa do desenvolvimento histérico da Alemanha. Seu objetivo era o de desvendar as raizes e as principais caracteristicas de um jé tradicional irracionalismo filosstico, exteriorizado ¢ materializado, entio, pelas convenincias (¢ horrores) do Terceiro Reich como tuma nova forma de reagio & instabilidade oriunda do liberalismo sem peias. Essa reacio, vulgarmente conhecida por fascismo, tanto quanto em suas manifestagdes tedricas anteriores, surgia na suposigao de que os meios clissicos (liberais) da politica burguesa haviam esgorado todas as atidade concreta possibilidades de controlar as freqiientes convulsSes econémico-sociais do capitalismo e de conter 0 avango das classes trabalhadoras. Mas, conforme o préprio Lukes, seo fascismo parecia circunscrever-se as. particularidades histérico-sociais dos paises de capitalismo tardio © antidemocritico, nada impedia que outras formas renovadas de irracionalismo se convertessem em um “fenémeno internacional [portanto, gene- ralizado), tanto no que tem de luta contra a idéia burguesa de progresso como no que encerra de hostlidade contrao socialismo”."* De fato,a historia mais recente habilita a afirmacio de que as saidas irracionalistas s80 a propria expressio das solucses apologéticas. DeMaocracia IRRAGIONALISTA No genial epflogo & Destruigao da razdo,'* intitulado “Sobre o irracionalismo no pés-guerra’, Lukics transcende a especificidade da histéria alema ~ e seu pendor para o idealismo reacionério =, reafirmando, muito acertadamente, uma tendéncia a universalizagao do irracionalismo, capitaneada pelos Estados Unidos da América desde a “vitdria dos paises aliados” sobre as Forgas regressivas. E nesse ensaio que Lukécs simplesmente demole a mistica dos maniqueus da Guerra Fria, 2 poderosa trupe recém-saida dos desvios (j)morais das primeira e segunda grandes guerras. Naguelas circunstincias, é arrasadora a sua critica da idcologia burguesa na medida cm que desnuda a imagindria linha interposta entre os apologéticos principios democriticos do liberalismo € 08 irracionais (e brutais) métodos de intervengio econdmica e social do fascismo, que, h4 tempos, vinham se alternando para corrigir os defeitos causadores das incOmodas mas prédigas crises ciclicas © assegurar a reprodugao do sistema do capital Evidenciada a estrcita € necessiria relagio entre essas duas formas de representagao burguesa — democracia & fascism ~, termos responsiveis pelo movimento pendular do processo histérico ~ a modernidade regida pelo capital ~ no horizonte dessa forma societal nada parecia restar além de meros mesquinhos interesses de natureza econdmica."* Vejamos uma passagem daquele ensaio escrito. no inverno de 1953: ‘As preeogativas do presidente dos Estados Unidos, © poder de decisao da Suprema Corte em macéria continucional (bers entendido que um problema se considere aw no como tal depende sempre do arbitio do capital monopolist), © monopslo finance sobre 8 imprens a dio, ete. 0s enormes gastos eeitorals aque impedem examen formasio eo Foncionamento de verdadeitos partidos democriticos junto 20s tradicionais dos monopslio capitalists, e inalmente 0 ‘emprcgo de meios cerrorstas (a sistema de Linch}, tudo 200 20+ 1042 + 2005 @ Novos Runs contibui a pér em pé uma “democracia” que funciona ‘como uma méquina bem aceita © que pode atingir, de fato, sem romper formalmente com a democraia, tudo aquilo 2 que aspirava Hider”. Mais adiante, Lukées recorre & “humanista” visio de mundo do general Cummings, personagem tipicamente norte-americano compost. por Norman Mailer para o romance Os mus ¢ 0s mortos comprovando que o irracionalismo no € 0 avesso da Meca defensora do “mundo livre” ¢ do progresso, ao contririo. Sao do suposto general as palavras: A ener cineca de um pais € a organizagio,o esorso concenttado; fascismo, camo vocés 9 chamam. O plano do fascismo ¢, bem considera a coisa, muito mais 0 que 0 do comunismo, jf que se basa regiamense na verdadcira naturcia do homem; 0 quc ocorte & que se tem colocado em marcha em um pals pouco apto para isso, que nio possi poder potencial sufciente para desenvolverse integralmente. Na Alemanha, que adoece cde uma excuses fundamental de bens natutas, nha {que se produsirnecessariamente excesos, mas ida € © plane cram bons [..| No século passado, todo o proceso histtico foi desenvolvenda-se no sentido de car concenteagdes de poder cada vez maiotes. O século ‘em que vivemos vshimbra novasfantes de energi fica € tar consigo 2 expansio de nosso universo, 25 Forcas politica « organizasio necessrias para tornar possvel iso, pela primeira ver Pela primeita ver em nossa hiseéria ‘ém os podcroses homens da América do No asseguro, a conseincia de suas verdadeiras meta. Fixe them: depois ds guera, nossa politica exterior std muito ‘mais descarnada e menos hipécrta que antes. eu thes Desde entéo, © imperialismo norte-americano formularia uma ideologia “antitética’ aos fascismos alemao, italiano e japonés, menos por escripulo moral ou reptidio a violéncia, a destruigdo, a0 clogio da morte e mais por ter rejeitado as formas regressivas do capitalismo monopolista alemao 20 processo mais amplo de funcionamento imperialista do sistema. O recurso, convenientemente amparado na “garantia das liberdades democréticas”, legitimaria a defesa dos mecanismos cada ver mais agressivos de realizagdo ¢ dominacio do capitalismo contra 0 seu verdadciro antipoda de entio, petsonificado no sociatiome de tipo sovietico.” No mesmo texto, Lukécs afirma ainda que as circunstancias criadas no pés-guerra concretizariam as pretenses imperialistas dos Estados Unidos da América de capitanear o sistema hierirquico do capital e que tais pretensées dar-se-iam mediante 0 prolongamento ~ sempre ampliado ~ do “abortado” projeto irracionalista de Hitler. De fato, a histéria ver comprovando a veracidade das palavras de Lukécs, da mesma forma, porém, a experiéncia nacional-socialista nao parece ter sido sdo-somente a materializagio do irracionalismo vertido das condigbes histéricas particulares da Alemanha, nem politica norte-americana do pés-guerra um simples prolongamento das pretensdes nacional-socialistas historicamente localizadas. © problema é bem maior ¢ mais complexo, pois, os Estados Unidos da América, antes de se inspirarem no irracionalismo fascista, parecem ter sido fonte de inspiragio © admiraséo por parte dos idedlogos de Hitler, Conforme Losurdo, “ji nos anos 1920, entrea Ku Klux Klan e os cfrculos alemaes de extrema direita, se estabeleceu relagées de troca € de colaboragio na insignia do racismo anti-negros € anti-hebraicos’.* Entre outras evidéncia, factuais € ideol6gicas, sio muito significativas ay palavras proferidas por Rosenberg, ainda em 1937, mostrando as mais que evidentes afinidades entre as mituas propensies para o itracionalismo: para ele, 0s Estados Unidos da América sio “um espléndido pais do futuro”, pais que “tem tido mérito de formular a feliz ‘nova idéia de um Estado racial’, idéia que agora se trata de colocar em pr “com fora renovada’, mediante a expulsio ea deportagio dos ‘negros e judeus’."” Portanto, para Losurdo, os termos liberdade e democracia, hd muito tempo, carregam a insignia da exclusio social ¢ da segregacio racial, ensejam a violencia ¢ a particularizagso de interesses cada vez mais cometinhos, motivo pelo qual perderam, nos limites da perspecciva do capital, as prestogativas de sua razio histérica.** Além disso, os fatos vém comprovar que na contenda pela hegemonia do mundo encantado do capital as divergéncias de natureza politica sio a expressio indispensivel — mas nanica - das marcantes afinidades econémicas do sistema. Melhor dizendo: A principal fungto do interval roalicria €reconsitir a cstatura geral do metabolism social capitalist, asim, prepara o terreno para um retozno do modo pluralsaa de legiimagSo pollicaideoligica Por isso, logo aps 0 ineerlidio totaltirio, os representantes da ideologia dominante procuram se diswociae com estardalhaga do “Estado de emergnci” historicamenterecém-superlo, Novos Rumos @) Axo 20+ 1643 + 2005 que muitos deles ajudaram a insite aivamence. Tal mudanga de atitude nio deve ser eonsiderada uma simples acomodasio pessoal oportunista ie novas circunstincias, por mais forte que possa ter sido 2 motivagio em alguns cass bastante conhecidos. Antes de tudo, 0 ponto & 4 presso exercida pela pluralidade dos capitais no que dizia respeita a suas exigéncias objetivas de funcionamento.” Por FALarR em Estaoos UNipos DA AMERICA. Uma das mais conhecidas ~ e controvertidas ~ teses marvianas afirmava que o desenlace definitivo do sistema sécio-metablico do capital irromperia do seu pélo mais evoluido. No tempo em que a tese fora proferida, a Inglaterra era 0 pats que, mais apropriadamente, reunia as condigdes necessérias a0 cumprimento desse importante papel histsric. A expectativa ~ otimista ~ de Mars, enunciada em 1847, se estabeleceu com base na correspondéncia entre o acentuado desenvolvimento industrial ¢, ta como ele considerara, © conseqiiente desen- volvimento da classe erabalhadora associada em seus proprios drgios de representacao sindical e politica.”* No entanto, os sucessivos adventos da lura pelo socialismo ~ dentre os quais 2 Revolugio Russa foi, sem sombra de duividas, sua experiéncia mais significativa -, confrontavam aguela tese, insistindo medrar nos elos mais débeis do circuito capitalist.” ‘Ao analisar 0 fracasso das tentativas de consolidagdo™ até aqui concretas do socialismo, Mészaos recompée a gravidade do problema, interrompendo, de modo inexorivel, 0 curso mais ‘ou menos tranqiillo das teorias apologéticas que pretensamente vém defendendo a naturalidade © a universalidade perene do capital Lembra, porém, 0 fildsofo que “a questio da universalidade apareceu na filosofia do iluminismo de forma enfacica, atingindo seu climax na sintese monumental realizada por Hegel” em sua Filasofia da historia. E, jd naquela época, “os aspectos destrutivos da universalidade antagonica do capital se tornaram muito mais pronunciados” do que a positividade apontada pelos ainda bem inten- cionados defensores do progresso macerial/ cspiritual da sociedade emergente. Aliés, esse Foi © ponto central do dilema de Hegel em relagio 20 progresso: © niicleo real da concepgao de Hegel da “tragédia do érico” & que ele concorda inteiramente com a visio de Adam Smith de que 0 desen- volvimento das forcas materiais de producao ¢ progressivo € necessirio, mesmo com respeito & cauleura.. Ble cem a mesma forga de Smith ¢ Ricardo em suas criticas severas As queixas dos romanticos sobre 0 mundo moderno e desdenha sua sentimen- talidade, que se fixa em particulares € nao vé a situagao inteira. No entanto, a0 mesmo tempo cle também vé — ¢ isto 0 aproxima dos interesses ¢ preocupagoes de Balzac ¢ Fourier — que o tipo de hhomem produzido por esse avango material do capi- talismo, € por meio deste, € a negacio pritica de tudo o que ¢ grande, significativo ¢ sublime que a humanidade tena criado no decorrer da histéria até entio. A con- tradigio de dois fenémenos necessariamente tados, 0 elo indissolivel entre 0 progresso € a de- | Estados Unic gradagao da girlie hu- com implicagées de longo mana, a aquisigio do pro- gresso a custa de tal de- alcance para o resto do gradagio — este ¢ 0 centro ane da “tragédia do ético” ‘Assim Hegel articula uma das maiores contradigdes da sociedade capitalista , com certas ressalvas, de todas as sociedades de classe.” © amadurecimento daquela contradigio potencialmente trégica [..] que poderia ser considerado apenas larente 0 passado mais distance veio& rona com forgatorl sob 2 forma de duas gucras globus devasadoras dos extragos do imperialism. Ao mesmo tempo, tanto no campo do armamento militar quanto no plano ecolégico, os meios fe métodos de destruigia avancaram a tal ponto que o caminhar irreprimivel do capital rumo & dominagio tuners pode agora ametcat & prépria sobrevivencia da bhumanidade." Pode-se, com isso, dizer que Mészaros, em seus llcimos e, até aqui, decisivos trabalhos de critica a0 capital” desmistifica toda e qualquer ilusio respeito de toda e qualquer positividade que se pretenda emandvel deste sistema de funcionamento s6cio-metabilico confrontando-o com a sua esséncia po0 20 +1643 + 2005 @ Novos Rumos Assim “é muito mais provavel que uma convulsdo social venhaa ocorrer na ‘América Latina do que nos jos da América, Ss evolutiva e concretamente toralitiria, antiontolégica ¢ substancialmente destrutiva, Pata tanto, revivifica a oportunidade historicamente recolocada ¢ revigorada daquela tese marxiana, profundamente realista na sua essencialidade hist6rica — ou seja, de que a classe trabalhadora permanece poten- cial’mente revoluciondria — desde que desprovida de qualquer otimismo com a jé defunca porencialidade civilizatéria do capital." Assim, quando afirma que “o futuro do socialismo ser decidido nos Estados Unidos da América, por mais pessimista que isso possa parecer’, na verdade, ele estd realizando uma superagio (aufhebung) na melhor tradigio dialética daquela idéia de Marx sobre a transigio. Ou seja, Mészdros reafirma que a featura definitiva do sistema atingird primeito a base do seu pélo mais evolufdo, nao por suas propriedades positivas para 6 desenvolvimento da classe trabalhadora, mas, a0 contrério, por ser essc 0 lugar que, de modo mais intenso, manifestario o amadurecimento ¢ a agudera das suas contradigées. De fato, 0 destino da classe trabalhadora assim constituida estd inextricavelmente associado a0 sistema sécio-metabélico ¢ hierdrquico do capital, que além de negar-the a condicio de sujeito da histéria ainda reforca a sua sociabilidade deformada, reificada e alienada. Isso significa que, nesse sistema, os trabalhadores, além da exploragio material a que sio submetidos, recebem pronta a sociabilidade a qual devem sujeitar-se para viver ¢ forganizat-se enquanto clase para o capital. Sob a vigéncia do capital, a histéria vem reafirmando a prevaléncia das condigées de constrangimento sobre a classes trabalhadoras, muito mais do que suas possibilidades efetivas de emancipacio. Alids, essa € uma das mais importantes argumentagdes de Mésaéros para considerar defensivas todas as estratégias anticapitalistas — sindicais e politicas ~ até hoje articuladas e/ou praticadas, pois em nenhum desses casos se conseguiu vislumbrar algo para além do existente. Mais grave do que isso, porém, ¢ observar que independentemente das circunstancias histéricas ~ se criticas ou favordveis ~ de funcionamento do capital, s40 as classes trabalhadoras que substan cialmente sofrem o énus decorrente do agravamento da situagio, Movidas por convulsées internas, no entanto, elas tém sido conduzidas 2 uma luta nao contra a ordem que as explora e desumaniza, mas para assumir perspectivas absolutamente alheias aos seus préprios interesses Isso comprova o otimismo, justo 4 época, de Marx ~ ¢ também de Engels, Lénin, Rosa, Trdtsky, Gramsci, Lukes e outros argutos criticos socialistas ao longo do século XX ~ em relagio ao desen- volvimento da potencialidade ofensiva da classe trabalhadora associada a0 progresso material ¢€ & racionalidade econdmica do capital. Ao contrério do que possam ter acteditado esses que foram os mais contundentes criticos do capital, tedricos € militantes da luta pelo comunismo, as classes trabalhadoras foram, ¢ continuam sendo, tio profundamente golpeadas ealjadas de uma auréntica petcepcio de classe dominada que. principalmente tem situagées de crise mais profunda, sew horiconte ideotégico manifesta-se muito mais em fungao do contingenciamenta histérico do que de sua mais que necesria potencialidade revoluciondria. Por isso mesmo é que, freqilentemente, nao consegue vislumbrar nada além de ufanismos nacionalista, fundamentalismos religiosos, de racismos intole- rantes e sua luta, muitas vezes encarnigada, se cestabelece na preservacio da forma societal que tem no trabalho alienado a projesio do seu inferno. Por isso ainda é que a potencialidade revoluciondria da classe trabalhadora, cuja singularidade afiema-the a condicio de sujcito da histéria, 6 irrompers do enfrentamento definitive contra a (ir) razio do progresso movido pelo capital. Entretanto, 2 imposigio das conveniéncias contingenciais exigidas pelo capital provoca, sobretudo nos paises capitalistas avangados, “uma ‘enorme inércia pelos interesses ocultos do capital [...] junto com a cumplicidade consensual do trabalhismo reformista” provavel que uma convulsio social venha a ocorrer rna América Latina do que nos Estados Unidos da América, com implicasdes de longo aleance para 0 resto do mundo”. A explicagio disso reside no fato de que “a necessidade de uma mudanga radical & muito mais urgente na América Latina do que na Europa e nos Estados Unidos da América, ¢ as solucdes prometidas de ‘modernizagao’ e “desen- volvimento’ demonstraram nao passar de uma luz que se afasta num tine! cada vex mais longo" Assim “é muito mais Mesmo concordando com 0 fato de que as experitncias socialistas do século XX se realizaram Novos Ramos @ Ave 20 + 1643 + 2005 prematura e equivocadamente em paises capitalistas arrasados: mesmo reconhecendo que tanto 0 desempenho como 0 desfecho mais que lamentével de cada uma dessas experiéncias reacende a urgencia de se ativar a perspectiva histérico- ontolégica de Mars mesmo que se siga a linha de raciocinio de Mésziros que nega a correlagio entre © desenvolvimento material do capital ¢ 0 desenvolvimento da luta dos trabalhadores, ainda assim a rese permanece polémica. A partic dela somos colocados diante do mais radical dos paradoxos da atualidade: que o futuro do socialismo seri decidido justamente no pais que, em vireude da sua propria ¢ irracional concepsio dde “mundo livre’, idealiza e executa, por meio do complexo industrial-milicar mais dinamico do planeta, os mais horrendos crimes ¢ as mais portentosas guerras da histéria. E, ainda a esse respeito, so muito esclarecedoras as reflexdes de Mészdros sobre 0s conceitos de raedo, ciéncial téenica e progresso assumidos na vigéncia atual do capital ¢ devidamente maverializados pelo impe- rialismo norte-americano: © desenvolvimento histérico produtiu perverso agente material do complex militarindustial ¢ 0s “truques habilidosos’ das *técnios engenhosos". por meio dos ‘qusina“asedcia da Razto" parece prestea ener a malhor sobresi mesma, assumind a forma de iracionsidade total «em ver de realizar aliberdade na hstéria, colocs um pono final na padpria hiss.” Por isso, sea premissa for correta, seri preciso mais do que sangue-frio para ie além de todo antiamericanismo ~ no geral forjdo pelo pior dos nacionalismos, aquele que, como se se, mitiga a real contradicio de classe, para enfrentar o extraordinario poder de exterminio do império norte-americano, E, independentemente da personificaggo politica que 0 conduza ~ se democrata, se republicana ~, a quebra absolura desse poder constitui 0 “desafio da hora” da alrernativa socialist, a tnica esperanca de sobrevivencia para humanidlade. Mais Uma PaLavRa SaBRE OS Estavos UNioas DA America., Hoje & quase impossivel se fazer alguma alusio a0 pais sem lembrar do faridico 11 de setembro, ‘Nao € para menos, afinal, desde aquele dia tem sido grande o bombardeio de “noticias da guerra’, noticias novas. velhas, requentadas, de fatos reais, atrozes, ardilosamente banalizados pela freqiténcia do “tema” e pela impassibilidade dos mediadores. As noticias, na sua imensa maioria, inscrevem a defesa das “liberdades democriticas’, © constructo idcolégico das guerras preventivas, visando conferir aucoridade as precensbes universalistas mais recentes do capital, urdidas e representadas pelo império rnorte-americano. Mas, como jase disse antes, nada mais patético do que assistir ao renovado reconhecimento dessa pretensio do capital hi muito tempo desmistficada." (Ora, a estratégia dessa guerra ideoligica €a de converter a guerra real, milicar, sanguinéria, num fato corriqueiro, cotidiano, mediocre, “saneador” que satura pela repetigio e imobiliza pela velocidade com que se veiculam os “incriveis dados” a respeit. Perante a eles, opinides “igualmente incriveis” tém a pretensio de constranger ¢ desqualificar ex- plicagées alternativas: hipéteses que no se amparem na sempre redentora neutralidade cientifica, ou na descrigao rasa do *jornalismo imparcial e sério", sio descartadas, jogadas na “vala da conspiracao", resultado inconveniente do alarmismo ¢ do extremism daqueles eém “imaginagio demais ¢ objetividade de menos’. Essa ampla cruzada comtra a “ideologizagio dos discursos’, na verdade exiggncia do prdprio capital que visa garantir a uniformidade virulenta da perigosa ideologia tinica acravés dos meios mais diversos até mesmo dos mais violentos.:” Por isso mesmo € que grande parte da inte lectualidade prefere tangenciar a problemitica € acreditar na “profecia” segundo a qual 1) modida que a revolugiocetocede part o pasado, o revisionism ganhs reno juntamente com umn modo de vida mais semelhance a0 da clase média. Quanto sais os homens desfratam da posse de um mundo que comemo isco de perder, tanto menos impacintes fcam para mudar ese mundo.” No entanto, vimos que hi muito tempo esse tipo de reconciliagdo com o existente deixou de ser uma elaboragao de incautos; hoje cla é substantiva de uma generalizada tomada de posigio cinica ¢ inresponsivel, até porque esse mesmo “mundo que se pretende preservar" muda permanentemente ¢ de modo absoluramente desumano, sem que os Ano 20 + 42 + 2005 @ Novos Runs homens tenham consciéncia disso (como, aliés, afirmava nosso bom ¢ velho Mars), Essa ignorancia (ou fobia) olimpica pela nnatureza imanente ~ ¢ transeendentemente ~ rrdgica do capital é que permite o restabelecimento diuturno © anacronico da valoragio burguesa de liberdade € racionalidade. Por isso mesmo € que, durante muito tempo, “a principal linha da ideologia dominante, em suas tentativas de minimizar a importincia da alternativa socialista, consistiu em restringir essa tiltima As condigoes de subde- senvolvimento”. Apesar da avalanche de eriticas contra a “politica de retaliagéo” criminosa desferida imediatamente pelo governo Bush, poucas ousaram ir além da imediatidade dos fatos. A reagio mais comum fecundava alguns dos mais graves dilemas da Guetsa a, dilemas que, na realidade constituida pela vigéncia atual do capital, parecem obsoletos, quando 120 cinicos. Por isso, foi, no minimo, inexplicével a indignagio desconcertada dos partidarios da ordem, da par € da normalidade diante do estado de beligerincia perpetrado pelos Estados Unidos da América contra os “inimigos da liberdade democrética’, indistincamente classificados de terroristas. Observadas as diferengas histdricas, a situagio parecia reeditar © Movimento pela Paz" dos anos de 1950, uma tentativa do Kremlin de articular um grande front antiamericano, uma resposta do socialismo realmente existente aos objetivos expansionistas de Washington. As estratégias foram, entdo, as mesmas que anos antes haviam sido utilizadas pela coalizao anti-hitleriana, Segundo Fernando Claudin, ‘Aiden cca essencial da nova linha consis em explorar a fundo as contadigBes entre expansio americana eas Durguesiasnacionais europsias ou de euteas lcalidades: cemagrupar, come dita Zdanoy, oda a forsas dspostas defender a causa da honra eda independéncia nacional ‘© mobiliar todos os partidrios da paz contra 0 perigo ddeuma Tercera Guerra Mundial, Petendia-se mobilzar tudo 0 que fosse mobilizavel para trazer os chefes americanos }rario c obrigi-los a retomaro caminho de Yalra* Dentre 0s varios anacronismos histéricos havidos entre uma e outta situagio, o mais evidente esti na extingio da antiga Unio Soviétiea como antipoda do império norte-americano, antipoda que, apesar de ter sido Fundamentalmente ideolégico, foi capar de mobilizar, em torno de uma campanha mundial, um amplo ¢ arraigado sentimento antiamericano. © mesmo acontece com os objetivos da contraposigao entre guerra e paz. Nos anos de 1940 ¢ 1950 a luta pela pacificagio do mundo teve sua importincia consagrada na grande cisio entre ‘0s mundos capitalista e pés-capitalista. No entanto, a hist6ria incumbiu-se de amadurecer os limices do soctalisme realmente existente, cujo cardter pés- capitalista revelar-se-ia contingencial e necessério 20 expansionismo ¢ desenvolvimento do préprio sistema sécio-metabslico do capital. Por tudo isso, desde os anos de 1990 fica evidence o fim da fase ascendente do capitalismo ‘0 esgoramento da sua potencialidade civilizaérias ‘da mesma forma ficou “para as calendas’ a ilusio de que a emancipasao viria com a corregao dos defcicos do secialisme de tipo sovietico. Enttetanto, por mais crtico que se possa ~ € que se deva ~ ser em relagio a esse antagonista histérico do capitalismo, o fato € que essa experiéncia conseguit conter, por mais de setenta anos, os impulsos mais selvagens do capitalismo, impulsos que desem- bestaram na afirmagio da sua hegemonia, contingencialmente comandada pelo império norte- Até por isso ¢ que sto cada vez mais com- plicados ¢ incompreensiveis os discursos que fazer a apologia da embaragosa “ordem progressivamente saudavel e racional do capital”, Sem antipoda, 0 quadro fecunda a realidade prenhe de regres- sividades que tragicamente superam cada vez mais © terreno da filosofia, ¢ revelam 0 caréter mais nitidamente parasitério ¢ punguista do capital. Amparada na crenga da ideologia sinica, essa sua esséncia € investida, sobretudo, contra 0 trabalho tomando-Ihe de assalto os direitos que haviam sido conquistados por meio de luras ¢ de enfrentamentos violenros, dircitos substituidos por "reformas absolutamente necessirias". Para quem, afinal? Assim, se houver algum sentido real nisso, a pregagio da ordem, ditada por um sistema sem antagonista © absolutamente descontrolado, corresponde a0 restabelecimento de uma mais do que falida democracia burguesa e de uma normalidade pressuposta por desemprego, miséria, exploragao, por racismo, destruigao ambiental, viokéncia sexual ~ contra mulheres © menotes ~ por Novos Runes @ Ano 20 + x43 + 2005 discriminagio culeural, fundamentalismos politico religiosos, por uma crise estrutural sem precedentes tna histéria do capitalismo. Ou seja, se no horizance Zo se vislumbrar 0 socialismo objetivado num mundo radicalmente transformado, restard vivenciar 8 universalizagio de capital em suas mais cruéis € absurdas formas de irracionalismo. Notas © Georg Laks, Marsinnn cored terre (Rio de Jancis Giviinagio Brasileira, 1968), pp. 49-112 Georg Lukics, A devtrigdo dae recio — 4 trajetiria do irracionalino de Schelling « Hitler (BarcelonalMeaico Ediciones Gejalbo, 1972). > Elven Hegel yl probleas dela seciedad pital. (Mésic: Editorial Grialbo, 1963) id, pp. 31-32 (ites do autor, Georg Latics, Mamita eworis do lraeurs, cit p52. Karl Mar, “Introducio & erica da filosofia do diteito de Hgel’sem Manasritereconbmicor flair (Lishos Edigbes 70, 1993), p. 79 (gifs do autor) | rato 6, primeieamente, ums proposigao de cardter romdntico, uma etica decorrente das inststigbes com os ramos tomados pels revoleSeburguen que, assunidamene, pont pasado como o lel da perfeigio eda haemonia © Ness medi, ele até pode asumiea univesal radilidade revolucioia dos jcobinos, mas ndoa sua cawsa media Georg Lukies, A destrugao de recae — a srajeririe do irnacionaliom de Selling a Hite, cit pA. Biden. "Bhd p. 6 bids p14. "> Para além dos equivocospolicose sSrcos que esa obra poss conte, equivacos que se objtvam prinipalmente na fun perpeetiva robe o deve da rao localiza no sistema fovigtico, a sua grandeza reside n cries arguta que desfere conics sinter docapital Grae made, durance toda 4 sua vida Lukicsvislumbrow a sada co reine de needa naeperénciaconceta do scene (lesipa sortie, desde que covigias a deformagbcsimposas pelalonga era ctalniana. Vera espeitnolongo etudo realizado por Kevin Mésedros na Parte, capitals a 10, de Pa alm ‘docapial~ramo ana ori dé rans (0 Paulo: Botempo Editril/Elunicamp, 2002) pp. 347-516. Georg Lukics, A deseruigao da razto — a trajxirta do itraionalimo de Schelling a Hitler, cp. 622. "Ibid, pp. 622-623 (gefos meus) RRemetemoso leitor& letra dos eapitulos 17 « 18 do lio Para alm do capital raern makita orginal e uit inceresnce do cre po-capaliez anti plo socialise realmente existent. Domenico Lovurdo, “Guerra prventiva, amerieaniamo ¢ antiamericanismo",em revista Margem Esguerda, 5. Sto Paulo, p64 Aled Rosenberg, Der myth des 20. labrbundens ~ 1930, _spud Domenico Lourlo,“Gueraprevetiva, americans ¢ ‘niamercanismo", cit p68. Reorsando de modo deiivo.a iia, mais adiance Domenico Lonurdo afrma que 0 termo untermen, “que tem um papel to ental quanto nefsto no desenvolvimento da teoriae daprtica do Terviro Reich, no ‘outeo vento atradugio de Under Man. Rosenberg reconhsce fo fto © exprime a sua admirasto pelo autor extadunidense Lothrop Stoiar:a ele abe o mito de have, pela primeira ‘ve, cunhadoogermo em questo, que weencontra no subelesdo (The Menace of de Vader Man) de um livro publcado ex [Novas York em 1922. ma sua verso alem (Die Drobung des Untermenschen) publicada és anos depois” ‘era espitao inteesantsim artigo de Domenica Losurdo iniulado "Guerra preventiva, americaniemo ¢ antiame- Fcaismo” publcade oiginalmente em Giuseppe Pestipino (org). Gera e paz (Népoes Istituto er gh Std Flosofc, La Gira Del Sole, 2004), pp. 137-169, wadusio minh ‘Além dese exudo, dois outtos,outrora muito hides, mas, hoe: injutamenteequecids, so absolucamente ubrigatrios pase 0 aprofundamento di questi: wm dees, ereto em ‘anjunto por Paul Baran Paul Sweex, Capaliomo monapaliaa —Enutn sobre a orders economioa e ciel americana (Rio de Janeiro: Zaha Editores, 1966) ¢0 outro eserito somence pot Sweeny, Torte do dsenveleiment capitals (Rio de Janet, Zahae Editors, 1976)-O mesmo se pode dizerarespeita do item racaro nes Est Ua ca ea vegunda guctra ‘mundial, capitulo 1. ‘A linhagem do racismo nacional sia’, da iv supracitad de Joo Bernard, Isevin Mésitos, © pader da ideoagia (Sao Paul, Boitempo FEdivoril, 2004), p. 244 Segundo Marx os “economists querem que os opertios permanecam naociedade tal como clasts formada etal como les @ comsignaram e sancionaram em seus manuais. Os socials querem que os opertisdeixem dead a sociale antiga para que potsam entrar melhor na sociedade nova que "do presdentement preparam para cles. Apctard unee ours, apsvar dos manuais € dis utopias, a coalnbes nso deixaram tunes de progreie e creer com o desenvolvimenta 0 «xescimento da india moderna. Ess atl onto que, hoe, ‘gra sleangado pea colo em um pas assinalsnicidarmente fo gra que cle ocupa na herarqia do mercado mond. A Inglaterra, onde a indistia atingiu o mais ako grau de desenvolvimento, posui as coalsdes mais amplas « melhor ‘rganizadasy cf. Karl Mars, lofi de miia (Sao Paulo: Global Editor, 1989), p. 158, “Os limes objeivos da siuagdo histvica dada forgaram até mesmo Linin a busar garantas muito problemitcas. Or, rem mesmo cle podia imaginar a posibilidade de uma contadigo objetiva entre a dadura do prolearid eo propio. proleiado. Asim, em algumasquestc vais concermentes sopoder de Estado esuarelago como proetaradoy cle aterou ‘adicalmente sua porgio aps a Revolugio de Outubro com conseqléncas de longo prszo para. a clase trabalhadors Tsevim Meta, Par all do capital rome a rea tara de ang, cit. p. 739 Gomatia de resltar que © Bacaso adtco das temarves de camalidapto do scilismoe no da sua condica resukance de lam procesn de nas populares que foram, em alguns cass, absolusamentvitorions, (CE Ievin Mésrdton, Par aie de capita de wanset, cic, pp. 938-539 Widen. ‘Avan obra de maior envergadura orelade exeaordindsio dde mais de vinte anos de estudes criticos do mundo contemporinen & Pine al’m do cepita aqui ictads. ec 20 +6 43 + 2005 Novos unos [Na obra suprociada, ver subitem “23.3 As acunas de Mars", Paete IV ~ Ensais sobre temaetelacionados, pp. 1.044 1056. CCE Levin Msn, Pe alive do capital urna a uma tenia dd ransgt. cits pp. 29-3. Ibevén Méseos, 0 poder de ideo, stp 288 [oul mas condig@es da sociedade de classes ~ devido conitadigioinerene entra ‘pars €0 Yodo devide 0 ato de ‘qu o interes parcial comina a realidad da soiedade ~ 0 Principio da parcsidade est numa coniradigio insolel com 2 universaidade, Em conseqiénea,€2 sua relagao de Foreas {que eleva forms predominante da parcialidade « oma universal fei, o asso que anegasio orienta para ideal dessa parcaldade [I deve permaneceriuséria, Fete, impotent cf, stn Mesniros, Manca teria dealcnsgie (Rio de Jancizo: Zahar Eiores 1981), p. 33, ® Sagundo Mesziro, 0 “impacto dessspergosstendéncia de ross tempo ating amb eas anes celebradas em ome do modelo ques presumiacompulie para todow mun aesrutiainstconal da democracs libertad ode Maso qu ane fol um geno aig def Hr ands que ‘muito tena, trnouse ada mai do que a chads inca pi avertras areas, Para laste gravida des falavas ita John Pilger ern The New Ral ofthe Wold Cones: Ver, 2003). 2 0 enfiaguccmeno da Cara dos Discos non Estadon Unidos, o desmanrcamento do julmento por jr ma Gri-Breunkse de ums petora de lierdads civ snocias so pure da redo da derocraia 2 um ritual ele: ou sea a compedgo ene partidos indiinguiveis pare ganar aadinseaso de un Exo de idl ne "Dar seek "iia idol ¢ Glacial que signfics compres rm un modo proserto de wniformidad ~¢ pete neni dese proceso priv. E portant, mitimporantelutr canto ergox torrents pars more rds parteo Exado de idolgiadni, no impor o quanto ele pea rina eunvenalmente loavivel (FO poder de idea, cic, 9p. 13-18). © Raymond Aton, The duty Soin pu latin Mesos, O poder de idelog itp. 17S. 2 laevis Mesos, O pader da idl, cit. $40 "A organizacgo do Movimento pela Paz comeca em 1948, Em gosto dese ano, acontee, na Poldni © Congreso Mundial dos Lncelecsis pla Paz em novembro o Congreso Nacional dos Combatenees da Par na Franga«, nor meses seguintes, diversas assembldias do mesmo tipo se devearolam cm Aieretes paises earopens. De 20-1 25 de abril de 1949 se redinem em Parise em Praga represeneantes de 72 pases, incluindo Brasil no I Congresso Mundial dos Combarentes «ds Paz. Conforne os documentos do congress a esa date ‘omputavancetea de 600 miles decombatentes da pa cf Fernando Claudin, La crs du mouvement commana If (Paris Frangois Maspera, 1972), pp. 662-668, Fernando Claudin, iitem, E panicularmente interesante andi de Méstirosque conch pela cota impossibilidade do capital global constitu urna Tormagio equivalence de Estado, A ese respite, dio segunte "Assimaincapacidade do Estado de realizar plenamenteo que cm altima andlise €exigido pela deverminagfo interior toualizedora do sistem do capital reprevnca um grande problems para futuro. A seredade dee problem iets pelo faro de que mesmo Estado capitalisa dono do poder hhegemenico mais privilegado ~ hoje, os Estados Unidos da Andria ~ devrd fracas em as entativasdelevaracabo 8 rmissio de masimizar a srtringiiidade global do capital € impor se como incontestivel Exado dominante do sistemado capital global. Ineviavelmente le permanece naconslmente imitado em seu empreendimento, tanto politics quanto conomicamente ~¢ sa posigio de poder egeménica ett potencislmenreameacads em fungioda minanga na ela de Forgas no nivel dos confronts interimbios socioecondmicas interacionss~ independente de sua posgio dominante como potdnca imperialist. avsn Mesnirs, Pare alm do cpial ruse aura triads rans, cit, pp 130-131 (gritos do autos) Novos Runos @ Ano 20 + 43 + 2008

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