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MARS 1932
REVISTA
DO
SAO PAULO
TYPOGRAPHIA DO 4 DIARIO OFFICIAL
1918
REVISTA
DO
SÃO PAULO
TYPOGRAPHIA DO DIARIO OFFICIAL >>
1915
417807
A PROPOSITO DE UM REQUERIMENTO
PELO
DESPACHO
INFORMAÇÃO
« Exmo. Sr.
1) Classificação ;
2) Costumes ethnicos e estado social ;
3) Costumes religiosos e lendas.
II LINGUISTICA
1 ) Classificação morphologica ;
2 ) Denominações ethnicas, familiares, sociaes e reli
giosas ;
3) Grammatica, phraseologia e vocabulario. (Notas para
um esboço).
Segundo a classificação de Martius e alguns recentes
aperfeiçoamentos ou retoques, os Cherentes (Xeréntes -
Sheréntes Scheréntes) pertencem ao vasto grupo dos Gês,
parte central e segundo sub -grupo dos « Acuêns » (Akuéns ?)
São aparentados com os Chavantes (Shavantes Scha
vantes), mas permaneceram em sua primitiva séde, com seus
16
Ethnographia
1
CLASSIFICAÇÃO
COSTUMES ETHNICOS
3
ESTADO SOCIAL
A ESTRELLA (@A-CI)
( Lenda cherente
(1) Orville Derby, og mappas mais antigos do Brasil, Aprd, Rev. Inst.
Historico de S. Paulo , vol. VII, pags. 227 e seguintes : R. Schuller, artigo no
Imparcial de 7 de maio de 1914 ; padre Hafkmeyer. As principaes representa
çõex cartographicas da costa brazileira nos tres primeiros lustros depois da desco
berta (opusculo ), e Primeiro mappa com o nome de America, Apud «Annuario
do E. do Rio Grande do Sul» , 1010 , pag . 225 ; Candido Mendes , Apud, Rev.
do lustituto Historico Brazileiro, vol. 40, segunda parte , pag. 375 ; Barão do
Rio Branco, «Fronteira franco -brazileiras (atlas ), Winsor, «History of America »
vol . II , pag. 112 e outros .
- 30
(3) Apud Rev , Inst, Hist . Brazileiro cit. , vol. cit . pag . 215, nota .
- 31
II
( 3 ) J. Caetano da Silva, Rev. do Inst , Hist . Braz. vol . 29. 2.* parte, pag
3, e conego Penna Forte Brazil prehistorico , pag. 101 .
(4 ) V. de Porto Seguro - Historia do Brazil , 3. , ed . pag . 121.
( 5) V. de Porto Seguro, Notas ao diario de Pero Lopes . Nota 11 .
(6) V. de Porto Seguro, obr. cit. doc . V , nota 3.
(7) Apud , J. Winsor, History of America, vol . VIII , nota 3. pag. 375 .
(8) Pag. 47 e J. C. Rodrigues, Catalogo, nota á ( opia der Neveu Zeitung
ans Brésilig Laudt, pag . 181 .
35
( 12) V. Grossi. Carta cit . Carlo Herrera, L'època delle grande scoperte
geografiche, 1902, pags , 165 e seguintes ,
Para melhor elucidação do assumpta, damos em seguida e por ordem chro .
nologica, a relação dos mappas do XVI seculo, contendo o nome regional Brasil,
correcto ou nio , e a lista de autores citados, por V. Grossi , em sua carta ao
nosso ministro .
Mappa de Lorenz Friess, 1501 - Prisilin sive Terra Papagalli.
2 - Globo chamado de Lenox, 1505 - 1507 Terra do Brazil.
3 Marini - 1512 Brazil.
Carta nautica portugueza ( 1513 ). Nome Brazil applicado a todo o conti
nente . Claudio Ptolomei (Winsor ), 1513 , Brazil.
5 - Reisch - Carta de 1515 , que indica o mesmo continente com o nome
Paria seu Primillia (? ) .
6 – Da Vinci ( 1515-1516) ( Winsor ) Brazili .
7 Schoner (Globo ) 1515, Braziliae . Regio .
Waldseemaller, 1516 , Brazilia sive Terra Papagalli ,
Reinel, 1516 – Terra Brazilise .
10 Visconde Maiolo, II, 1519, Terra Santa crucis de lo Brasile .
Globo Dourado, 1528. Apud . Schrader , Brasilia .
12 Diego Ribeiro, 15: 9 - Tierra do Brazil .
13 Finoeus, 1531 – Brasilielle . Regio (Winsor ) .
Mappa- mundi Sebastião Munster Brasilia , 1532 .
15 Schoner (globo ), 1533, Brasilia .
16 Mappa francez, 1510 , Terre du Brésil .
17 Carta marinha ( Ptolomeu ), 1548 , E. Brasil ,
18 P. Decelliers , 1550 , Amerique ou Brésil .
19 Bellero, 1554 - Bresilia
Diogo Homem (II), 1558 , Brasilis
21 Bartholomeu Velho, 1551, Brazil (?) .
22 Diogo Gutierres, 1532 Regio de Brasil ,
23 Lazaro Lima ( II ) , R. de lo Brasil, 1563
24 A. Ortelius ( I), 1570, Braril .
23 Forlani , 1570, (? ) Terra del Brasil .
A. Ortelius ( II ), Bresilia , anno, idem .
27 Fernão Vaz Dourado ( I ), 1368 -- 0 Brazil .
28 Fernão Vaz Dourado, 1571 , Costa do Brazil .
29 - A. Thevet . , 1575 Brésil .
39 F. de Belleforest , 1575 , Brazil ,
31 Martines, 1578 , The land of Brasil (Winsor).
32 Rumoldus Mercator, 1587, Brazil .
33
-
G. Baptista Mazza , 1584 , Bresilia .
34 - Jan van Doet ,, 1585 Brasi
35 T. de Bry, 1592, Bresilia ,
Petrus Plancus, 1592, Brasilia .
37 Cornelio de Jode , ( I ) 1593, Terra de Brasil .
38 Cornelio de Jode, ( II), 1503, Brasilia .
39 M. Mercator, 1595 , Bresilia .
40 T. de Bry , 1596 , Brasili ,
A. F. Van Langerens, 1540 , Brasilia .
J. Hordius, Bra ... ( Ilegivel ) .
43 Wolfe's English edition of Lischoten, Brasilia , 158,
M , Quadem, 1598 , Bresilia .
B. Langerem , 1598 , Brasilia .
16 L. Hulsius, 1559 , Brasi
47 J. B. Vrient , 1699, Brasilia .
48 - Hacluyt, 1599, Brasilia .
Autores citados por V. Grossi, em sua carta , para melhor elucidaçãs do caso.
Harrage - Bibliotheca Americana Vestustissima .
Bellio - Collecção de docs , e estudo publicado pela Real Commissão Co
lombiana
L'zielli «Estudos bibliographicos sobre a historia da geographia na Italia» .
Amat. de San Filippo – « Biographia dos viajantes italianos » .
Ruge - «Die Eutiviekelung der Kartografie von Amerika, 1570 .
Kretachmer „ Die Ent. deckung Amerika's in iher Betendung für die Ge
shichte des Weltbildez Nordenskioldo ,
Fac-simile – Atlas to the early history of Kartography, etc , etc.
38
o dito alluara e per esta lho cofirmo e quero que elle guoze
e vse daquy em diante de todolos preuglegios e liberdades
gracas e franquezas de que gozão é de direito devem
guozar e gouir OS caualleiros per mim comfirmados ;
elle sera obrigado á ter armas e cauallo segundo
forma da ordenação. Notificoo asy a todas as minhas
justiças oficiaees e pesoas a que esta carta for mostrada e o
conhecimento della pertencer e lhe mådo que ha cumprão e
guardem e facam inteiramente cumprir e guardar como se
nella contem sem a ella porein duuida nem êbarguo algum
porque asy he minha merce. Dada em Lisboa a bij de feuei
reiro Baltesar Fernandez a fez ano do nascimento de
nossb Senhor Jesus Christo de jbc. Imj . ( 1554). Joham de
Castylho a fez escrever » .
« Dom Jº. outra tall carta de côfirmação de caualeiro
nem mais nem mepos como acima a Guabriel Alvarez, filho
do sobredito Dioguo Alluarez, Caramuro feyta e obsprita
pellos ditos escrivaees na dita cidade, no dito dia, mes e ano
acima comteudo ».
« Dom Jº. outra tall carta de côfirmação de caualeiro
nem mais nem menos como acima a Joham de Figueiredo
jemro do sobredito Dioguo Alluarez Caramuro feyta e sobs
prita pellos dit's escrivaees na dita cidade, no dito dia, mes
e ano acima comteudo » .
J. R. Coriolano de Medeiros
Socio CORRESPONDENTE DO INSTITUTO
Parahyba
Posição
Superficie
População
Limites
Hydrographia
Tem a Parahyba dois systema, hydrographicos : um a
· Leste da Borborema, e o outro a Oeste . O primeiro é in
teiramente do Estado e constituido pelos rios Parahyba ,
Mamanguape, Guajú, Miriry, Gramame e Abia ; o segundo
é formado pelo rio Piranhas e seus affluentes o Peixe, o
Porcos, o Piancó e o Pinbaras . Inclina-se para NE entra
no Rio Grande do Norte tornando o nomede Assú . Em te
rritorio parahybano existem varias lagoas, quasi todasde pe
quena importancia : são mais notaveis as : de Bahia da
Traição, do Abiá, Puchy, do Páo e do Bé.
Immigração
Quasi insignificante tem sido a immigração estrangeira
para o Estado. Individuos que se dedicam ao commercio, vem
expontaneamente se estabelecer e não raras vezes consti
tuem familia . A maior colonia europea existente, é a ita
liana, entregando-se todos os seus membros ao commercio.
E' uma colonia que tem merecido estima por sua operosi
dade e por sua indole ordeira.
Instrucção publica
Não é satisfactoria a instrucção publica do Estado, a qual
somente agora vai rumando novos horizontes. O interior, é,
quasi sem excepção, uma lastima e muitas aulas só existem
nas verbas orçamentarias. A politica concorre para esse es
tado de atrazo, mantendo professores incompetentes , porém
amparados na mais cscandalosa protecção. A aula publica
cahiu em descredito. e os pais voltam-se para o ensino par
ticular que não está ao alcance de todos. Entretanto, norma
graças
aos novos esforços, vai a diffusão do ensino se
lizando, 0 governo está se interessando muito pe
lo assnmpto. O Estado, além de aulas municipaes, con
ta 40 aulas primarias para o sexo masculino, 42 mix
tas, uma modelo, a Escola Normal para formação do
professorado , o Lyceu Parahybano para o estudo de huma
nidades, tendo um curso de commercio ; e aulas de latim ,
portuguez e arithmetica em Mamanguape ; a diocese pos
sue o seminario e o collegio Pio X, accusando esses estabe
lecimentos uma matricula de 3.450 alumnos, os quaesero
addi
cionados aos dos cursos particulares attingem ao num de
10.387 , o que dá ainda uma media de 80 % de anal a ph
betos . A lastrucção Publica é dirigida por um director, um
conselho fiscal e diversos inspectores regionaes. O grande
adiantainento da população é mais notavel na capital. nas
cidades e villas ; os habitantes ruraes são quasi todos igno
rantes ; quando muito , alguns mal sabem ler. A linguagem
inesmo a das classes instruidas, é recheiada de plebeismos.
84 -
Orographia
Religião
Predomina no Estado a religião catholica aposto
lica romana. A diocese da Parahyba foi creada pelo
pontifice Leão XII, por bulla de 27 de abril de 1892,
ficando sufraganea do arcebispado da Bahia, e posterior
mente do de Pernambuco. Em seu começo comprehendia
tambem o Rio Grande do Norte, que depois foi tambem ele
vado a bispado. Em 4 de março de 1894 , 0 exmo . sr. d.
Adaucto Aurelio de Miranda Henriques, primeiro bispo da
Parahyba, assumiu pa egreja de N. S. da Conceição, da Ca
pital, o governo da diocese, que conta 45 freglezias. A re
ligião lutherana é seguida por uns 1.500 individuos e conta
um unico templo na cidade da Parabyba. Ha tambem na
Capital algumas sociedades espiritas.
Revoluções
Seccas
Côro
Rosa !
Côro
Rosa !
E a resposta :
« Você só fala em Romano
Porque elle já znorreu ;
Mas Deus sabe e você sente
As pizas que elle lhe deu. >>
Cada trovador compõe sua toada, e dào é raro que varias
vezes componba a letra e musica do canto religioso a que cha
mam bemdits Mas todas essas musicas, por mais originaes
que pareçam , sejam as dos bemditos, dos côcos, dos desafios, das
emboladas, do aboio , etc. , têm sempre a tonalidade menor,
ou a languidez deliciosa de um começo de volupia e lem
bram o fado portuguez.
Dentre os brinquedos populares, ha o de birca
de mar, de origem portugueza ; o waracatú de procedencia
africana ; o bumba meu boi e o caboclinho, creação brazi
leira, devendo o primeiro ter sua origevi ou na Babia, ou
en
Pernambuco, ou Parahyba. O maracatú, é grotesco e
surdecedor ; o caboclinho , recordação dos primeiros contactos
do europeu com o selvicola brazileiro, é gracioso : além de
falas sempre acompanhadas de danças que primam pela fle
xibilidade do gesto, acompanha o toré de uma gaita de ta
boca. De todos, porém , é digno de nota o bumba meu boi,
comedia bnrlesca de costumes do Brazil colonial ; embora já
esteja hoje muito adulterada, nella se notam ainda os typos
do senhor de engenho autoritario e ignoran'e, do caboclo
apalermado, do cirurgião charlatão, do africano que fugia,
do capitão de campo, do rabula , das superstições referentes
a burrinhas, caiporas, etc., girando tudo isso no eogenbo, e
em torno do boi, como que a traduzir que deste animal é
que procediam as riquezas e o sustento de todos os individuos.
No que diz respeito ás modas, a sociedade parabybana
regula -se sempre pelo figurino de Pariz e do Rio , logares
que fornecem , além dos artigos elegantes, os livros em que
a mocidade e os estudiosos adquirem noções dos sciencias ,
letras e artes. Sendo essa sociedade pobre, com pequenos
capitalistas, nào ba fausto, embora alguns iipitadores primem
por ostentar um luxo caricato.
GONÇALO DE REPARAZ
O BRAZIL NO IMPERIO HESPANHOL
b ) A geographia do imperio .
Diversas causas concorreram para a ruina do imperio
hespanhol. Talvez a mais decisiva foi a scisão peninsular,
a qual teve como consequencia immediata a scisão da
America iberica .
Mas o que vinha a ser o imperio hespanhol ?
Geographicamente era uma cousa enorme.
Na Europa comprehendia a peninsula iberica, a maior
parte da peninsula italiana, o Franco - Condado, uma parte da
França meridional de hoje, a Belgica actual com mais al
guns districtos que a França conquistou e aunexou a seu
territorio na segunda metade do seculo XVII . Como tambem
contava com a cooperação do imperio allemão, todas as forças
da Europa Central The obedeciam .
107
c) A fraqueza do imperio .
Tão vastos dominios escapavam á toda estatistica; ter
ras e homens pareciam incomensuraveis e inclassificaveis . Era
incrivel a variedade de climas, de producções, de raças
e de linguas. O colosso abrangia quasi toda a Terra, e os
108
d ) A constituição imperial.
Mas este corpo fraco alentava um grande espir to. A
Hespanha tinha idéas proprias pa philosopbia, na politica, na
sociologia, va literatura, e aplicava - as coiu a mais ingenua
rigidez, porque era crente e estava saturada de fé . Politi
camente julgava - se o povo escolbido de Deus no Novo Tes
tamento , como o povo israelita o fôra no Antigo. A sua
missào historica era defender a Igreja de Christo, e fazer
d'ella a Mestra e guia da humanidade. A espada da Hespanha
venceria turcos e bereges e os esteriinaria, se preciso fosse ;
e os missionarios hespavhres levariam as luzes do Evange
lho aos milhões de iufelires selvagens, cuja salvação Deus
confiára ao novo povo eleito . Eis a doutrina. Era simples
mente uma fórmula de civilização que falhou . Contorve com
ella foi a vida do imperio. Vel -1 -hemos principalmente no
Brazil .
O imperio era uma federação. Cada um dos reinos con
federados tinha a sua constituição propria e a sua adminis
tração particular. Castella , Aragao, Catalunha e Portugal
reuniam as suas Côries, que o Rei convocava e ire - idia .
Elle era a nação. Cada uma dessas Cortes votavaru con
tribuições diversas que diversamente pagavain o povo, ano
breza e as cidades e villas . Nem mesmo na constituição re
109
Menezes. Faço saber aos que esta minha Carta patente virem
que tendo respeito ao muito que convem ao serviço de sua
Majestade que Ds. gde. e ao bem Cumum destes Povos de
São Paulo alistaremce todos os homens que ha capazes de
pegarem em armas para o que formei dous terços de auxi
liares e ordenança e porque a principal gente está por alistar
que vem a ser os officiaes de guerra Reformados, Juizes e Verea
dores que tem servido na Camara e porque estes são os prin
cipaes para qualquer incidente que suceda, porque de todos
fio o brasão conforme a sua nobreza e pessoas, e para governar
esta infantaria. Se necessita de Capitão de grande talento,
experiencia. Valor e respeito que com sua actividade e disposi
ção obre com acerto que se espera e vendo eu os serviços que
tem feito Manoel Bueno da Fonseca, além de ser húa das
principaes pessoas das familias de São Paulo e de ter ser
vido a Sua Magestade q. Ds. g.de nos postos de Alferes de
Infantaria da ordenança Capitão e Sargento-mór Com muita
acceitação e zello, e sendo Juiz ordinario na Camara desta
Villa. Sabendo as ordens 9. Sua Magestade 9. D.s G.de
tinha mandado sobre a baixa da moeda Logo pos em exe
cução a d.“ baixa. Sendo Contra a vontade de muitos mal
quistando se e pondo se em Risco de perder a Vida no que
se mostrou Com deliberada Resolução mostrando o zello de
leal vaçalo por dar a verdadeira Execução as Reais Ordens
II
( 1 ) Manoel Cardoso de .
(2) Annaes da Bibliotheca Nacional, tomo IX , pg. 471
184
LIVRO 3.0
( 1) Documentos Interessantes, IV - 25 .
(2) Carta de Pedro Taques a Frei Gaspar , Doc, Interess. III – 11 .
186
Recitou-a
o Dr. Fr. Gaspar da Madre de D.S
Santa Catharina, para que lhes fosse tão facil, como foi,
victoria .
Enganou -se, porém, a morte se entendêo, que conspi
rando contra a vida do Sr. D. José e elevando ao throno a
Rainha N. S. , dava auxilio aos hespavhoes. Sim , enganou
se, e se discursava com acerto, havia de assentar, que a
nossa maior ventura consiste em reger a Lusitania huma
Senhora no presente seculo, em que Venus se tornarão Mar
tes e as felicidades dos Estados na Europa annexos ás dis
posições do sexo feminino .
Tem por ventura a Sra. D. Maria , nossa Augusta So
berana, menos valor do que a Czarina da Russia ? Tem
menos fortaleza, menos constancia , menos prudencia e menos
juizo que a Imperatriz Rainha de Ungria ? Excede- a po
merecimento para com Deos alguma destas 'Heroipas ? Hé
certo que não : Logo, se Catharina na Russia pode eclipsar a
Lua Ottomana, tambem a Sra. D. Maria poderá defender-se
do Leão, que merece hua casa entre os signos celestes ; e
se as desgraças que Maria Thereza sofreo no principio de
seu reinado depois da morte de Carlos seo Pay, forão an
nuncios de gloriosos trofeos e paz constante ; da mesma sorte
a nossa adorada Maria, depois de lavrar para si hum solio
de palmas,
pa
fará, que gostem seos vassalos os doces fructos
da z.
Hé mulher, eu o confesso, porém mulher forte : bé mu
lher porem varonil e escolhida por Deos como Debbora, para
redemptora de Portugal. Não quiz o Senhor, que se defen
desse à Ilha de Santa Catharina aos 24 de Fevereiro, dia
fausto, e infausto, no qual hum planeta maior da Lusitania
chegou ao occaso e outro de igual grandeza appareceo
no Oriente para que não se disputasse a gloria do triunfo
entre Debbora e Barac, e as victorias futuras se attribuko
somente á religião, e piedade de huma mulher virtuosissima
em cuja defensa da qual as estrellas sairão a campo , o céo
dará batalha e o Senhor dos exercitos abençoará os nossos
como fazia no tempo dos Affonsos Henriques e Nunos Pe
reiras, de quem a Sra . D. Maria, e o Sr. D. Pedro herdarão
a santidade.
Mas ay ! quanto não custou aos Portuguezes a fortuna
de que hoje gozão. Gosos mundanos, porque vos vendeis tão
caros ? Não podiamos entrar na posse do bem actual sem
primeiro chorarmos a falta do não existente . Lastima hé
na verdade, que sendo ditosas as Monarchias quando nella
succede hum Principe amavel a outro de igual merecimento,
tenhão todos a desgraça de não poderem ao mesmo tempo
desfratar a beneficencia de ambos, como DOS acontece com
alguns astros, que nunca apparecem juntos no nosso hemis
ferio.
Por este motivo antes de se exaltar sobre o throno de
seus Augustos Predecessores a estrella benigna, que nos pro
gaostica multiplicadas felicidades, era indispensavelmente
196
FIM
PAULISTA
COMMEMORAN
ILLUST
PRIMERA
PAULOAG
TENARION
AMEMO
HISTORI
O- NSTITUT
EOGRA
CONSAGR
GASPAR
MADRE
FREI
CEI
PREITO
DEUS
-DASTE
OSEGUNDO
DE
SÃO
DE
EDE
,DAS
E
G
I
papeis.
Ha evidentes lacunas na descripção dos bens de D. Anna .
Assim é que entre suas terras não figuram as dos Campos
Geraes, posseadas por seu marido e a ella doadas pelo Ca
pitão General Caldeira Pimentel, quando já viuvo, revali
dando esta seswaria o Capitão General D. Luiz de Masca
renhas, conde de Alvor, por acto de 15 de Abril de 1744,
passado em Santos. (Archivo do Estado de S. Paulo, 12 TC,
pags. 118 a 119 v.)
Não só não se mencionam estas terras de Itayacoca e
Cabejú a na passagem velha do ribeiro chamado Tibagy entre
o capão chamado dos Porcos até entestar com o matto grosso
de Itaimbé » , como tambem ha absoluto silencio sobre a ses
maria obtida por José Tavares de Siqueira a 13 de setem
bro de 1719 nos campos da Bocaina « po caminho novo de
S. Paulo ao Rio de Janeiro » . ( 1 ) E no emtanto havendo
José Tavares fallecido solteiro era natural que seus bens
revertessem a D. Anna de Siqueira, sua Mãe. (? )
São os excerptos do inventario interessantes ; dão algu
ma ideia de como era mobiliada a residencia de uma pessoa
opulenta do littoral paulista em fins do seculo XVIII.
Tratando-se da progenitora do autor das Memorias jul
guei dever copiar o inventario embora truncado o que ipsis
verbis fiz. Muito raras falhas apontadas por meio de reti
cencias resultam da impossibilidade de traducção dos ca
racteres ; provêm quasi todas dos estragos devidos a acção dos
insectos .
Santos, julho de 1915.
AFFONSO D'E . TAUNAY.
INVENTARIO
.... ario 3 v a 15
10 pratos de estanho de guardanapo, vistos e avaliados
cada prato a cento e vinte réis em hom uso.
18 ditos m ....orsinhos ( ?) com bastante uso vistos e ava
liados cada prato a 100
>>
colher e garfo de prata a 80 r. com 22
mo
oit.as a N. R." 1 $ 760
um sinete oit. r. ao P. Ex Abb. $080
uma boceta a N. R.mmo quar.' r . $ 040
2 novelos de algodão p ." Caza $ 080
1 funil p ." a d ." quar.' r. . $ 040
um colxãosinho ao S.ta Rita $ 160
um exercitatorio ao P.° Ex Abb . $ 400
mo
dois bispotes a N. R." $ 700
a Caza
11 oit.as de retróz a 60 r . p.“ $ 690
um 1.º a N. R.mo $ 040
uma meza ao P. Prior . $320
uma Canastra velha ao P.• Ex Abb. $ 160
umas horas de N. Sor." ao P. Prior . $240
Ceremonia e lei ao S.ta Rita . . 1 $600
>>
uma pessa de ganga q . The devia a Casa
de um cat.ão vencido 1 $ 280
3 pares de meias pretas q . se venderão 1 $920
>>
dinheiro que se achou onze patacas . 3 $ 320
83 $ 450
>>
dinheiro que estava na mâo do N. R."
P. D. Abb.º perten . “ a d.º 86 $ 920
1708370
170$370
BIBLIOGRAPHIA
fraldas da Serra.
E' deveras encantador o golpe de vista panoramico que
dessa eminencia os nossos olhos descortinam !
No primeiro plano, a chapada da colina com suas rui
nas vetustas ; depois a varzea e a graciosa colina onde an
tigamente se erguia a capella ; na parte meridional, ao
fundo, a encosta ensombrada da Serra, onde deveriam estar
os grandes canaviaes ; mais adiante, avançando até o -
largo do mar pequeno, o espigão, ainda com o resto dos
velhos pomares e suas rusticas habitações, occupadas hoje
pelos colonos ; na extremidade deste o Porto de embar
que com suas pequenas embarcações ; além , OS listões
curvas e
prateados do « Lagamar de S. Vicente » com suas
cente ; foi elle o eleito para acclamar rei a Dom João Il' ,
em opposição ao partido dos poderosos castelhanos, que tendo
acclamado rei em S. Paulo a Amador Bueno da Ribeira, o
leal vassalo que mostrou sua lealdade, repellindo essa honra
etc.... Foi capitão da Villa de S. Vicente e o segundo
fundador da Capella de Santa Anna do Acarahú, etc. etc.... »
A acclamação do rei D. João IV, em S. Vicente, feita
por Luiz Dias Leme, em nome do povo, teve lugar em abril
de 1641 , e nessa época Luiz Leme já era homem de idade
avançada, e por isso muito respeitado no lugar.
Tendo fallecido em 1659, dezoito annos após a data da
acclamação, é presumivel que estivesse com mais de oitenta
annos e que, portanto, a reedificação, ou « segunda funda
ção » da Capella de Santa Anna do Acarahú tivesse sido
effectuada ou no começo do seculo XVII, ou no fim do se
culo XVI, época em que elle estava na flor da idade.
Quanto á primeira fundação da dita Capella, por Alonso
Pellaes, sogro de Luiz Leme, pode-se presumir que houvesse
sido feita de 1560 em diante .
II
“ Apontamento e Notas" _para a Genealogia da familia de
Fr. Gaspar
Em 1810 o meu velho amigo , Snr. coronel Almeida Mo
raes , de saudosa memoria , escreveu para um jornal de San
tos , sob as simples iniciaes A. M ; unia pequena «memoria »
sobre Fr. Gaspar com o titulo :
ESCAVAÇÕES HISTORICAS E GENEALOGICAS »
Vào ellas aqui reproduzidas.
« Na fazenda de Santa Anna» do « Acarahú » , situada no
municipio de S. Vicente, pertencente ao Coronel Domingos
Teixeira de Azevedo, natural da mesma villa, que éra ca
sado na então villa de Santos a 6 de julho de 1712 com D.
Anna de Siqueira e Mendonça, que em dita villa fôra ba
ptisada a 22 de Abril de 1692, deste casal nasceu em 1714 ( *)
o notavel e famoso monge benedictino Fr. Gaspar da Madre
de Deus, que no seculo chamou - se Gaspar Teixeira de
Azevedo, assim como, segundo se presume, mais os seguin
tes irmãos : José Tavares de Siqueira , João Baptista de
Azevedo, Miguel Teixeira de Azevedo, D. Izabel Maria da
Cruz e D. Anna Maria de Siqueira, que eram filhos legiti
mos do legitimo matrimonio do casal supra referido e netos
paternos do celebre e tão notado Capitảo -mór Gaspar Tei
xeira de Azevedo, que foi superintendente das minas de
( * ) 9 de fevereiro de 1715 é a data do seu nascimento .
260
III
Uma carta de D. Ignacia da Silva Cruz de Azevedo Marques
S. Paulo 4 de Nov. de 1913 .
Illm . Sr. Benedicto Calixto de Jesus Saudações.
Em tempo recebi sua presada carta de 23 do pp.
Devido à temperatura que aqui encontrei, apanhei um
resfriamento que me privou de responder logo, como desejava.
Tambem queria procurar em papeis antigos alguma infor
mação sobre o assumpto de sua carta , que muito me inte
ressa . Infelizmente não consegui esclarecimento algum .
Dizia o Fernando (1 ), que eramos parentes de Fr. Gaspar,
mas sem descriminar o ramo e grao de parentesco que julgo,
ignorava. Não sei se a Capella de Santa Anna e caza fazem
parte das terras do Acarahú (2 ), porem ouvi ha muitos annos
o Fernando dizer que ainda existiam as ruinas da Capella.
O filho delle, mais velho, que sempre rezidio no sitio (3 ),
talvez saiba se as ruinas (se ainda existem) estão situadas
nas terras do Acarahú, (4 ) ou de algum sitio annexo. () que
posso garantir é que a casa actual da viuva do Fernando,
foi reconstituida sobre as ruinas primitivas, feita por Jere
nymo Bittencourt, (5) para sua rezidencia.
Não me recordo de ouvir fallar em D. Genebra . ( 6 )
O que sei sobre meus antepassados é o seguinte : Minha
bisavó Helena Maria de Assumpção Bittencourt e mais duas
irmães – Beatriz e Filippa, éram filhas de um capitão -mór
de Itanhaen . ( 7 )
Em pequeno «memorial» sobre o sitio do Acarahu, que
me deu o Fernando, diz elle que essas terras foram dôadas
á minha bisavó Helena, como presente de nupcias) por seu
pae Gastão Gonçalves de Aguiar (8) quando esta contrahiu
matrimonio com Jeronymo Bittencourt , natural da Ilha Ter
ceira . Por fallecimento de minha bisavó, herdaram essas
terras seus filhos : Antonio Mariano, Manoel Antonio,
Ignacio, — Francisco Vicente, - André Quintino, Salvador.
-José , ( Pai do Fernando ) Vicente, Anna, Gertrudes, -
Méssia, — Ignez e Maria, (minha avó) que foi cazada com
( 1) Estas notas acham-se no fim deste capitulo .
- 265
IV
Silva Cruz Lustoza
« Illm . e Rvm . Snr. Vigario da Vara. Diz João Pedro
da Silva Cruz que para bem de seu direito precisa que VS.“
lhe mande passar por certidão o dia , mez, e anno, em que
o supp. toi baptizado, cujos ascendentes forào - João da
Silva Cruz, e sua espoza Maria Gertrudes da Purificação e
de cuja graça E. R. M.ce
Despacho : Passe-- na forma pedida. Santos 6 de M.co
de 1840 . Barboza .
( em Peruhibe)
Pertence aos herdeiros do Tenente Coronel Joào da
Silva Cruz Lustoza , de Santos, e ao Sargento-mór Bepto da
Silva Cruz Lustoza , de Itaphaen e ao Cap. Felippe da
Silva Cruz Lustoza, como provam os documentos seguintes,
copiados do original que existe actualmente em mão de D.
Igpacia da Silva Cruz de Azevedo Marques, viuva de Ro
berto Maria de Azevedo Marques, irmão do historiador Ma
noel Eufrasio de Azevedo Marques.
Dizem o Tenente. Coronel João da Silva Cruz, o Sar
gento -mór Bento da Silva Cruz Lustoza e o Cap . Felipe
da Silva Cruz Lustoza, que p . bem de seo direito e Justiça
precisão que do Livro de Registros de testamentos, lhe passe
por certidão o Esc.m do testamento ou codicilio com que
falleceo o Irmão dos sup ."s o Reverendo José da Silva Cruz,
do mesmo a verba em que deixa as terras e Citio denomi- .
nado Villão aos sup.“ e porisso
Despacho : P. P., a VS." M.m Sur. Dr.
P. Como pede, não havendo Juiz de Fora se digne man
inconveniente. dar passar tão somente a dita
Villa de Ubatuba em 16 verba tendente as terras .
de Julho de 1824 .
Brandão. E. R. M.
3g
Tipo hendid
ar
dardlys
274
N. 257 20 $ 000
Pg. vinte mil rs. No 11 de Mco de
1850.
Lino
Oliveira
Manoel Corrêa Fernandes a fez.
V
a
)
基
Itanhạem — 1790
Resumos de alguns assentos de cazamentos copiados de
folhas disperas e puidas de um livro da matriz de Itanhaem ,
« Aos 2 de dezembro de 1790 , em presença do vigario An
tonio Pereira Jorge, e das testemunhas o Capitão José
Mendes do Prado, solteiro, Luiz Alvares França,casado, ambos
freguezes desta Parochia de Itanhaem , se receberão em ma
trimonio – Guilherme de Fontes Goudinho, viuvo de Maria
Ritta do Nascimento, filho de Pedro de Fontes e D. Maria
de Oliveira , naturaes todos desta freguezia ; com Marianna
Francisca dos Santos, filha lig. de João dos Santos Valle e
de sua mulher D. Anna Garcia de Siqueira, esta nat. desta
275
b )
1704
d)
Assentos de Cazamentos, do anno de 1700 , em diante,
(da Egreja Matriz de S. Vicente.)
« Aos 5 dias do mez de maio de 1720, nesta Eg. Matriz
de São Vicente, em presença de mim vigario encommendado
Estevão de Oliveira, sendo presentes por testemunhas o Ca
pitão Antonio Francisco Lustoza e Joaquim Pinheiro da Guerra
e D. Maria Leme, todos moradores em Santos e D. Theo
dora Justiniana Adorno, moradora nesta villa, se receberão
por palavras de presente, na forma do sagrado Concilio Tri
dentino, Frederico Lopez de Gusmão, filho ligitimo de Fran
cisco Lopez Gamarra e de sua mulher D. Thereza Muniz ,
moradores nesta Villa de S. Vicente, com D. Izabel Pedroza,
assistente em caza de Manoel Domingues Callassa, filha de
João Baptista Pedrozo e de sua mulher D. Maria de Abreu,
moradores que forão da Villa da Conceição, visto haver de
corrido seus banhos (pregões) na sua freguezia e constar não
haver empedimento algum canonico senào serem parentes jà em
quinto gráo, como consta da certidão do vigario etc. etc. »
Nota :
Nota C
que se refere ao « 2.° assento de baptisado o destes
« apontamentos » : (Cap. IX. )
O successor do Capitão -mór de S. Vicente Diogo
J'into do Rego, que servio de 1678 a 1687 foi o Capitão
Thomaz Fernandes de Oliveira o qual exerceu o referido
cargo até 1640, em que foi substituido pelo Capitão Manoel
Pereira da Silva, que falleceu e foi sepultado em Santos,
em 1692.
A proposito da morte deste Capitão -mór de S. Vicente
o proprio Fr. Gaspar escreveu, na respectiva lista, a seguinte
nota que muito nos interessa . Eil-a :
« Por morte deste Capitão -mór houve grandes duvidas
entre a Camara de S. Vicente e o Sargento-mór Domingos
de Araujo, meu bisavô materuo, a respeito da successão do
governo. » ( Domingos de Araujo foi pai de D. Izabel Maria
da Cruz, esposa de José Tavares de Siqueira ; deste casal
éra filba D. Anna de Siqueira Mendonça, esposa de Domin
gos Teixeira de Azevedo e mãe de Fr. Gaspar, que éra por
tanto bisneto de Domingos de Araujo. )
« A Camara de S. Vicente, apossada pela familia dos
da Guerra, teimava em que a ella, como cabeça de Capita
( *) Tendo nós , em companhia do vigario respectivo de S. Viceute, con
sultado ao Exm . Sr Arcebispo D Duarte sobre o que se deveria fazer, afim
de assegurar a conservação desses papeis velhos e puidos, resto do velho ar
chivo parochial, S. Exc. autorizou -nos a conserval-os, por enquanto, sob a
nossa guarda, em consequencia de não haver na dita matriz , local apropriado e
seguro .
287
VI
Livro Primeiro
lc'diea
pdDaelrelo
fr.=asoval
Mo
D
00
Ex
SJaanr
GPr
18
28
de
Esta é a lapide de Fr Gaspar, que, com as demais , foram encontradas servindo de degraus, na
CD
. 1 3EBRO
SA
SID
DE
FAL
DE
DEZ
186
A2DE
Esta lapide foi encontrada pelo Sor. Antonio Militão de Azevedo , junto á lapide de Fr.
Gaspar , na entrada da Ladeira , servindo de degrau a uma escada
1
:s
FR.MADE
17 54
DESTAGES
Aos 7 & ATO
Lusta FALO
R.P.D.Abb.
SAD.M.)
DeLibonia.
lapide
foi
nEsta
,cencontrada
Mosteiro
do
aipateo
virada
nscripção
om
o
calçamento
,servindo
baixo
para
ao
Lage
de
BAPTISTA CEPELLOS
Conferencia realizada na sessão de 5 de
Agosto de 1915
POR
LELLIS VIEIRA
Socio effectivo do Instituto
Baptista Cepellos
Embóra nesta casa se cultue a historia , não é descabido
fallar - se tambem da poesia, pois que esta, como aquella ,
sendo uma das mais altas actividades mentaes, se irmacam
perfeitamente, quando se collimam para a esthetica. As ma
nifestações da emoção humana pela poesia têm sempre pon
tos intimos de contacto com as emoções humanas escriptas
pela historia, porque uma e outra representam a expressão
idealisada ou não. Tácito burilando as mais altas paginas
da sua « Germania » , ou retraçando os seus « Annaeso
Virgilio cantando o naufragio das civilisações da Hellade, ás
margens do Lacio, aicandorando para os cimos da epopea os
heroes gregos em versos de bronze ; Suetonio fazendo em
largos esboços os perfis politicos dos doze Cezares ; Dante
synthetizando na sua immortal « Divina Comedia » a lucta
entre os Goelfos e Gibelinos ; Camões resumindo todo o pé
riplo agigantado da navegação dos luzos no poema immar
cessivel dos « Luziadas » ; todos emfim , poetas e historiadores,
andaram sempre irmanados, quasi que, tornando synonimos
-- Historia e Poesia .
Não está portanto desadrede, trazer para o culto deste
sodalicio o nome de um dos mais alevantados engenhos poe
ticos, de um dos mais galhardos manejadores da penna, que
se chamon Manoel Baptista Cepellos. Não foi um historia
dor o poeta dos « Bandeirantes » ? Quen como elle cantou
as arrancadas épicas das bandeiras paulistas, invadindo flo
restas, vadeando rios, galgando montanhas, saltando catara
ctas. com a fé no coração , com o sorri- o nos labios, abro
quellados de perseverança, escudados de coragem em demanda
dos confins da nossa patria, a procura de ouro e de pedrarias,
bem pode ser poeta e historiador.
Vejamol-o neste soneto :
AMADOR BUENO
II
III
IIII
A' SCHOPENHAUER
A náu das illusões afunda - se nos dias,
Em que hão de naufragar os seculos tambem ,
E cada coração é como um Jeremias,
Chorando sobre o pó de una Jerusalem. ..
· Gelam sóes na amplidão ; sossobram continentes ;
Nasce uma geração, morre outra geração ;
Abate-se o poder dos reis omnipotentes ;
E o tempo destruidor assopra a destruição.
Tudo passa na terra, onde nada é perfeito :
A bocca da mulher e o calice da flor,
No fim de uma estação, como um sonho desfeito,
Perdem conjunctamente, o perfume e o viçor.
Muito vale o saber estudar o destino
Dos homens, atravez deste mundano mar...
Em vào ! O sabio morre, assim como o cretino,
E o riso da caveira é sempre um riso alvar. ..
Gloria ? Não ha mulher mais perfida que a gloria
Vaidade que enlouquece as alma « juvenis !
Ter um septro na mão, ter um nome na historia. ..
Escutemos, porém , Salomão o que diz...
Fausto ! De que valera a juventude e a vida,
Si o teu sonho de amor, como um sonho qualquer,
Havia de cahir aos pés de Margarida,
Exausto de fartura e velho de praser ?
DR . DOMINGOS JAGUARIBE
Socio benemerito do Instituto
Palavras indigenas com suas ethymo
logias e atraducção portugueza
Dos relatorios do naturalista La - Cerda que apresentou
em 1780 o resultado de sua viagem do Pará a S. Paulo, e
do não menos interessante trabalho de Frei Francisco dos
Prazeres, sobre etymologia de palavras dos Tupinambás, e
do Relatorio de Barboza Rodrigues , sobre o Valle do Ama -
zonas, publicado em 1875, extraimos uma serie de palavras
que têm applicação aos nomes uzados em S. Paulo.
DR. DOMINGOS JAGUARIBE.
Palavras da lingua geral dos Tupinambás
NOMES RAIZES SIGNIFICAÇÃO
Abaité Aba-eté Abalizado, notavel
Acanguera Acan - guera Cabeça que foi
Acaracú Acara-có Roça, ou quintal de
acaros .
Acaréquiçaúma Acare -quicauva Rede, lugar de garças.
Aguapehy Agua- pi Planta aquatica.
Ajurua Ajurua Papagaio.
Anambuy Enambu-hy Rio das nambús.
Anajatuba Anaja - tyba Lugar abundante de
anajos .
Andiroba Jandi - iroba Azeite amargoso .
Anhanday Nhanda - yg Agua de ema .
Araquara Ara- coára Buraco do dia .
Araraconguaba Arara-canguá Lugar onde se come ca
beça de arara.
Ararauna Arara -una Arara preta.
Araray Arara- yg Rio das araras .
Assú, guaçú, oçú Significa grande.
Atuahy Atua - yg Cogote , agua.
Avanbandava Ava -nhandava Gente que corre .
Avanhandava Avanhandava Logar onde tudo corre .
Avaré Avari Padre naufrago.
Avaré Manduava Mano -ava Logar que morreu um
padre.
Banharão Baé -Nharau Coisa brava
Bambuy Bambu -yg Rio dos bambús.
Boypeba Boya - peba Cobra venenosa
Bujuhy Buju -hy Passaros, andorinhas.
Cabaybos Caba - ayba Mata virgem .
Caçuapara Coaçu-apara Veados de cornos tortos .
Cahetés Coa - eté Vespa má .
Caiçara Caiçara Curral
Cajubá Caa - jybá Braço de mato.
Caranary Carua Carua pequeno
Camapuan Cama -puan Bico do peito.
Camboyuoca Cambohy - oca Taquara rachada.
Cangucú Acangu -oçú Cabeça grande.
Capibaribe Capibara -yg Rio das capivaras.
326
DR . VICENTE MELLILO
Socio correspondente do Instituto
E PELO
-
1
I
DISCURSO
Pronunciado pelo dr. Vicente Melilo, no dia 20 de fevereiro de 1915,
no acto de sua posse como membro do Instituto Historico e
Geographico de São Paulo.
II
sumario ; q. as
mas
m.mas pessoas , q . vieram denunciar os sup.es
fossem as m , q . servissem de test. p." confirmarem os
(1 ) Pyramide.
361
Affonso A. de Freitas
SOCIO EFFECTIVO DO INSTITUTO
« SNRS . CONSocios :
1
374
II
BRAZIL E PORTUGAL
Na historia da humanidade , nenhum povo pode ser com
parado ao Portuguez, quando se considera e admira o poder
immenso e a influencia que essa pequena nação exerceu no
mundo, ao tempo de suas descobertas e conquistas.
Agora que a nossa Mãe Patria, nos envia os seus de
legados, creando assim na consciencia esclarecida dos dois
povos irmãos os laços moraes que tornam indissoluveis as
crenças, costumes, a lingua , o sangue do mesmo povo, pó
de-se pedir a historia que substitúa a palavra do menos com
petente dos membros do Commissão Organizadora do 2.º
Congresso de Geographia.
O Brazil Colonial teve em Portugal o mais heroico dos
defensores de seu destino.
As invasões dos hollandezes no Norte, dos francezes e
dos hespanhóes no Sul, constitúem gloriosas paginas da nossa
historia ; sempre vencedores, nunca perdemos um palmo do
nosso territorio, e assim a mais pequena das Nações da Eu
ropa assombrou o mundo com as descobertas e o povoamen
to do maior paiz do mundo, vindo a repellir pelas armas,
poderosas nações.
385
Affonso A. de Freitas
Socio effectivo do Instituto
!
0 ( Correio Paulistano ) em 1831
1831
Benedicto Calixto
SOCIO HONORARIO DO INSTITUTO
A VERDADE HISTORICA
Relativamente á existencia politica da Capitania de Itanhaen
CAPITANIA DE ITANHAEN - é o titulo de uma Me
moria Historica que nos propuzemis a escrever, avimado e
auxiliado pelo historiador paranáense DR. ERMELINDO DE
LEÃO e por alguus dos illustres consocios do Instituto His
torico e Geographico de São Paulo .
Como porém , esse titulo — CAPITANIA DE ITANHAEN
tenha sido até hoje desprezado e mesmo considerado ille
gal por notaveis historiadores e cbronistas paulistanos, faz
se necessario que , antes da leitura desta Memoria , 0
publico em geral e os nossos digoos consocios em particular,
fiquem conhecendo as razões que nos levaram , pão só a dar
tão audacioso titulo a este trabalho, como tambem o motivo
principal que moveu nossa pessoa a emprehender tão ardua
quão ingrata tarefa, depois da publicação, em 1905 , da nossa
insignificante monographia - A VILLA DE ITANHAEN .
Todos os nossos dignos consrcios reste Instituto rrco
nhecem e avaliam os graudes e inolvidaveis serviços presta
dos a esta Instituição e á Historia de nosso ESTADO pelo
potavel e zeloso director do ARCHIVO PUBLICO DE SÃO
PAULO, I r. Antonio de Toledo Piza, de saudosa memoria,
não só com a publicação da série dos DOCUMENTOS IN
TERESSANTES — como tambem com a grande e forte con
tribuição de documentos e memorias de sua lavra que pu
blicou nos annaes desta Casa .
0 Sr. Dr. Antonio Piza, como sabeis, foi uin dus
historiadores paulistas que mais procurou accentuar e provar
que esse titulo de — CAPITANIA DE ITANHAEN nào
tinha, absolutamente, razão de existir, visto ser uma denomi
nação illegal, uma interpretação erronea por parte dos hs
toriadores que a elle se referem .
Durante a permanencia do Dr. Piza em São Paulo , nos
ultinios annos de sua laboriosa e proveitosa existencia, tive
mos a honra de travar e entreter relações de amizade com
esse diguo fuoccionario publico, trocando sempre idéas a
proposito de assumptos de nossa historia patria , em consul
tas que mutuamente faziamos, quer verbal, quer por escripto.
Parecerá, portanto, uma fata de respeito á memoria
desse amigo, e mesmo uma deslealdade de nossa parte, vir
- 404
1.º
4.0
8. °
9. °
( 1 ) Luiz Lopes de Carvalho, não foi, pelo menos nesta época, governador
de Itanhaen,
do Rio de Janeiro, mas sim governador e ouvidor da Capitaniade Janeiro
como declara o mesmo auctor das « Memorias Historicas do Rio >> bem
como outros documentos da Camara de Iguape, Cananéa , Paranápanema etc.
( 2 ) Estas minas de prata e de ferro que Luiz Lopez de Carvalho diz ter
descoberto em Itanhaen , são as minas de prata e ferao de « Biraçoyaba » (Ipa
nema ) em Sorocaba , que fazia então parte, não só da Capitania, como do dis
tricto da Villa de Itanhaen ( vid . « Villa de Sorocaba » ) .
Faremos adiante, neste mesmo capitulo, algumas referencias a essas minas
de « Biraçoyaba » e a parte activa que este governador de Itanhaen tomou nesses
trabalhos de mineração .
449
22.º
25.º
( 1 ) Dizemos « até esta época » , afim de reportar -mo -nos ao que escre
veu o auctor da « Capitania de Itanhaen e Paranaguán, porém , pelos documentos
que temos collecionado e já transcriptos nesta relação dos « Governadores de Ita
phaen » vêr -se -há que desde 1688 , no governo de Roque Leitão Roballo , já éra
adoptada essa praxe, de serem as nomeações feitas pelo Rei, mediante uma lista
com tres sojeitos , apresentados a S. Magestade pelos respectivos donatarios ,
466
aureo » que, se não foi tão propicio e util para o nosso paiz,
pelas riquezas das suas minas, cujo producto bem pouco se
aproveitou em nosso paiz, — foi, entretanto, de grande proveito
e alcance nas penetrações do continente e na espansão territo
rial que se fizeram ao sul e ao norte do Brazil, cujo inicio
incontestavel, cabe gloriosamente a esses intrepidos paulistas e
filhos da metropole que, obedecendo ao mando e a gestão dos
governadores de Itanhaen , levaram a conquista do dominio
Portuguez até as cochillas do Rio Grande do Sul, e depois,
em Minas, até as proximidades de Goiaz; e ainda além , até
os invios sertões das Capitanias do Norte. Si a humilde e
pobre villa de Itanhaen por falta de documentos, devido ao
estado precario e ruidoso de seus archivos, devastado pelo
tempo e poido pelas traças , não poder revindicar a importan
cia e as prerogativas que gosou, nesse periodo tão importante
de nossa historia colonial, devido a incuria e negligencia dos
historiadores, como já demostramos, ahi estào hoje para lhe
fazerem justiça e revindicarem os seus direitos, não só os
documentos de suas antigas villas, já citadas, mas os pro
prios aupaes da cidade do Rio de Janeiro, nas « Chronicas
de Mousephor Pizarro » e pas « collecções » dos papeis dos
governadores da mesma cidade do Rio, que em tão hoa hora
pos vem as mãos devido aos nobres exforços do sr. Dr. Ba
silio de Magalhães e do illustre vice - presidente do Instituto
Historico de S. Paulo o Sr. Dr. Alfredo de Toledo, que tanto
nos tein auxiliado nesta difficil e ingrata tarefa a que nos
propuzenos , de organizar a lista dos Goveruadores da Ca
pitania de Itanhaen .
Ainda algumas referencias a este ultimo Governador da
Capitania de Itanhaen. Antonio Caetano Pinto Coelho .
Foi de 1721 em diante, durante o governo do Capitão
General Rodrigo Cesar de Menezes, como se verá na parte
que se refere ao conflicto de jurisdicção entre as Capitanias
de São Paulo e Itanhaen que, por uma falsa interpretação
ou por um requinte de malicia e perversidade contra os di
reitos dos condes da Ilha do Principe, donatarios legitimos
da Capitania de Itaphaen , se iniciou essa campanha odiosa
contra os lóco te entes dos herdeiros da dovataria de Martim ,
Affonso de Sousa .
O proprio rei D. João V, bavia em 1709, por uma carta
regia, confirmado a doação das « cem legors de costa »
todo o sentào correspondente, concedidas a Martin Affonso
de Souza, + m 1534 por D. João III. N'essa confirmação feita
a D. Antonio Carneiro de Souza, conde da Ilha do Principe,
donatario da Capitania de Itanhaen lhe são autorgados pelo dito
rei D. João V ir dics os poderes « icra que os logre e possua,
por successão, com todas as jurisdicções, derrogação e prohe
minencias etc. conforme as teve - logrou e possuiu seu Pai 1).
Francisco Luiz Carneiro, conde que foi da Ilha do Principe ».
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anthozoa doque, @team
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Ciotoa aastomozans
Pound Quisquemí s 6 :353 aniss
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NOTA
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LXVII.
Efte ſerà Martinho ,que de Marte
oncmctem coʻas obras dirivado;
tanto em armas iluſtre em toda parte, Cс
quato em cöfclho fabio ,c bé cuidado.
Sucedalbehaa ': Caftro ; ĝo elladarte
Portugues terakmpre levantado.
Conforme fucilor ao ſucedido , (do .
ģhúergueDio ,outro o defedeergui
Martim Affonso de Sousa
Este retrato, como já declarámos, é uma fiel reproducção
photographica da gravura que vem em uma rara edição dos
« Luziadas de Camões o de 1639 , commentada por Manoel
Faria e Souza. Essa edição, escripta em hespanhol, foi
toda aprehendida, impedindo assim a sua divulgação, como
prova a transcripção dos documentos que o nosso distincto
amigo Dr. Ageuor Silveira se dignou enviar -nos :
Amigo Benedicto Calixto . Ahi vae o que lhe pro
metti para fundamentar a raridade da edição hespanhola dos
Luziadas.
O neu exemplar que se compõe de dois grossos vo
lumes in - tolio, com duas columnas em cada pagina, impresso
em Madrid no anno de 1639, commentado por Manoel de
Faria e Souza , pertenceu a frei Bernardo Pacheco, mestre
das obras do mosteiro de São Bento, de Lisbôa ; traz, colla
do ao 1.º volume, o seguinte requerimento, do seu primeiro
possuidor, autographo precioso, e mais ainda por ter sido o
requerimento despachado por 1) . Seb'stião Cezar de Menezes,
que foi o Secretario de D. Affonso VI e auctor da « Summa
Politica » , livro numerado entre os classicos da nossa lingua.
O teor do requerimento é o seguinte :
« Illm ." Sür. Diz frei Bernar : o Pacheco mesére das
Obras do mostr . ° de São Bento 0 novo desta Cidade de
Lisboa que elle mandou vir de Madrid o livro dos Luziadas
de Camões commentados por m . de faria e quando lhe
chegou a mão v . ill.ma S. " o tinba mandado recolher, e elle
supplicante o levou logo ao p . mestre frei fernando de me
nezes morador no mosteiro de São Domingos p."a que o re
vesse, e por que passa de um avdo que la Esta , P. a V.
ill " * S.“ The fassa m . de lhe dar licença p .° ler o dito li
vro, visto ser elle religioso xpão ( * ) velho e que não duvida
em nenhua cousa da fé e que tem e crê a santa madre
igreja Romana.
E. R. M.
Despacho : Pode o supp. ver e ler o livro do 9 . faz
menção, sem embargo da prohibição em contrario para o que
se lhe conceda a L.ça necessaria . Lisboa 8br.° de 1641 .
Fr. João de Vasconcellos. P. J. da Silva. Sebastião
Cezar de Menezes. »
( * ) Leia-se christão.
501
Do Amigo obr.
Agenor Silveira » .
Biographia de Pedro Lopes de Souza
« Franceza gente, que o Brasil tentava
Pedro Lopez de Souza em furiosa
Naval batalha o mar lhe contestava- »
( 1 ) Gabriel Soares diz no Rot . Ger , cap : 14 que se viu assim do mar
felejando com algumas nảos Francezas , de que os francezes nunca se sairão bem .
( 2 ) Sousa , Hist. Gene T. 12. pag . 1 a diz « Seria este serviço que mal
entendido fez dizer a certo genealogista cujo Nobiliario, Manuscripto , existe na
Bibli , Publ. de Lisboa, que afirmavão ter elle sido Governador de Mina .
( 3 ) A maior parte dos escriptores dizem que Pedro Lopes foi em pes
sôa colonizar a sua Capitania depois que lhe foi doada . Outros não fazem mensão
de tal . Quanto a parte de Santo Amaro não encontramos docnmentos anteriores
- 507
a 1512 , em que D. Izabel Gamboa nomeia seu loco tenente e Ouvidor Com tudo
Gabriel Soares, que foi ao Brasil, vinte e tantos annos depois e por isso se pode
dizer – ser coetano ( de Pedro Lopes e Martim Affonso, ) – ainda que confunda
os acontecimentos que se passaram na armada de que tratamos, e que menciona
no cap 1.º, todavia diz no cap 11 do Rot . Ger . , que, « conduzindo armada á
sua custa e em pessoa foi povoar esta Capitania ( Itamaraca ) com moradores que
levou do porto de Lisboa, d'onde partiu , no que gastou alguns annos e muitos
mil cruzados » - e no Capitulo 61 acrescenta que fizera um engenho em Santo
Amaro de que tambem foi povoador em pessoa ; porém para esta ultima ha menos
fundamentos . O certo he que a mesma ampliação que El - Rei fez a 21 de Janeiro
de 1535 he prova de que elle cuidava da Capitania .
( * ) Esta biographia de Pedro Lopes de Sousa foi organizada pelo his
toriador Varnhagem e vem precedendo a transcripção do « Diario » , nesse folheto
a que nos referimos, publicado pelo mesmo autor, no Rio de Janeiro, em 1847 .
Como é pouco vulgarisada e assas interessante para a historia das Ca
pitanias de S. Vicente e Itanhaen , aqui a transcrevemos, afim de completar as
- noticias biographicas » que vão reunidas nestas memorias , com todos os dona
tarios da Capitania de S. Vicente e Itanhaen » .
Não podemos entretanto dar a transcripção completa do referido « Diario »
por ser demasiado longo ; entretanto , havemos de nos referir a esse importante
è incontestavel documento , quando, em outro capitulo destas memorias , tivermos
de nos occupar desse importante assumpto : « desembarque de Martim Affonso
de Sousa em S. Vicente , em 1532 » , ponto esse, que embora ja tão elucidado com
estas provas irrefutaveis do « Diario de Pedro Lopesa, continua a ser posto em
duvida e contravertido pelos actuaes escriptores.
Brazão d' Armas do Marquez de Cascaes
As armas desta Casa são : Em campo de prata
seis roellas azues, em palla. Timbre :
Meio Leão de ouro rompente .
Marquez de Cascaes
NOTAS BIOGRAPHICAS E GENEALOGICAS
quatro filhos, entre elles D. Sancho de Faro, que foi 2.º Conde
de Vimieiro, titulo que renovou , na sua pessoa, El-Rei D.
João V de que tirou carta a 5 de Janeiro de 1709. Foi Go
vernador de Mazagão e na Guerra, Mestre de Campo Geral,
Governador do Minho e Beira e ultimamente Governador e
Capitão General da Bahia, onde falleceu no anno de 1719.
Foi cazado em 29 de Agosto de 1703 com Dona Thereza de
Mendonça, a qual ficou viuva e depois de assistir á educa
ção de seus filhos, entrou no mosteiro da Conceição da Luz,
onde tomou habito a 30 de Maio de 1730, com grande edi
ficação da Côrte, a que assistiu a Rainha D. Maria de Aus
tria. Falleceu em 5 de Maio de 1740. Era filha de D. Luiz
Manoel de Tavora, Conde de Atalaia.
irro
15
lourenço
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Rio dof Este Rio fazbarro no Aldeia de S.
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Morros dos Itating
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22 Venepave PR Guara
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Ria Italin Morros de Berro da Guaratuba
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Po Barra de Vna S Morro da Comopon - Corta Topog:
Pir
ogu Costa do Mar de
Rio Paçauna Rio Suamerim
Barra de Sant
do Rio Carajauna a carta da Villa
Reludo Rio Verde
Conceição de
Ponta da Jureat
O Rio Juquia com todos os outros que a) Igreja Matriz
fazem barra nelle estão reservados os seus b) Caza do Comare
matos para os Cortes Reaes , de todos os
mattos que vi na costa desta Capitania 03 de maior altura
c) Corivento dos Fra
Degroçura foram neste Rio d ) Pelourinho
525
1
de
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.S. bastião
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545
NOTAS DE B. CALIXTO
(") Ver, neste livro, « 4.* phase do litigio entre os donatarios » – Capi
tania de Itanhaen e Capitania de S. Paulo , onde se esclarecem todos esses pontos.
568
rezão como costuma, para ver o que está a seguir, por que
á vista do passado o prezente nos atemorisa, e o futuro é pre
visto, quando deixar -nos V. Exc . entregues ás mãos da vin
gança, e basta dizer – ausencia para que tudo seja ruina...
As condições do povo e da villa de Taubaté não me
lhorou nesta época, da maior derraina do ouro vindo das minas
de Cuiabá e mais tarde das de Goyaz.
Parece-nos mesmo que a situação afflictiva da villa de
Taubaté tornava-se cada dia mais precaria.
Em 1763 , trinta e tres annos após esta data, a Camara
de Taubaté, representada por Antonio Cantinho Cordeiro,
Antonio d'Almeida Porto, Felix Corrêa Leme, Manoel Velbo
Garcia e Gabriel de Araujo Torres, Officiaes da dita Camara
de Taubaté, diziam que á vista do deploravel estado a que
estavam reduzidos os moradores da villa, pelo gráo de po
breza que lhes tem decipado as forças, tanto que nem para
o culto divino e templo da parochia podem dar o minimo
subsidio, e attendendo que os seus moradores tomaram armas
para entrar nos incultos sertões chamados dos Cataguazes (*)
conquistando os barbaros indios que os habitavam para o
descobrimento de minas de ouro ; pediam a S. Magestade
uma esmola para se poder armar a capella mór da nova egreja
que se estava levantando . »
O pedido foi concedido nos seguintes termos :
« Senhor. Com o mais profundo e reverente respeito
pomos na real presença de V. M. o deploravel estado a que
estão reduzidos os moradores desta villa pelo grao de pobreza
que lhes têm dissipado as forças, tanto que nem para o culto
Divino e templo da parochia podem dar o menor subsidio.
Esta é a villa, Senhor, d'onde os paulistas em corpo de união
tomaram as armas para penetrar o inculto sertão chamado
de Cataguazes , conquistando os barbaros indios desta nação
que o habitava, para descobrirem as minas de ouro que S.
Ñ . inuito recommendava aos officiaes da Camara de São Paulo ,
( ** ) por carta de 21 de Março de 1678. Foi tal a nossa
ventura que Carlos Pedroso da Silveira ( cabo principal da
tropa ) conseguiu descobrir as ferteis minas, das quaes deu
conta a V. M. em carta de 16 de Junho de 1695, Sebastião
de Castro e Caldas governador do Rio de Janeiro e V. M. se
dignou mandar-lhe escrever em 16 de Dezembro do dito anno
e no de 1697. Foram ellas de tanto rendimento que já no
anno de 1699 avultaram muito os régios quintos, por cujo
(**) Nem uma allusão se faz aqui aos Governadores da Capitania de Ita
nhaen.
570
Villa de Sorocaba
E AS MINAS DE BIRAÇOYABA
DOCUMENTO ANNEXO
Nesta entrada que fiz nos sertões fui dar com as ditas
serras de Birasuiava , aonde estão as minas de ferro na quali -
dade , e fertelidade deste groceiro metal excede a todos os que
pode haver descoberto ; e por me achar exhausto de cabedais
p ." os poder por minha conta entabolar, dei dellas noticia
a S. Magestade que D.* G.° pelo seu conselho Ultramarino,
de que athe o prezente nom tive resoluçam ; e agora se anima
a m .“ esperança com este informação que V.* S. me pede,
a que satisfaço.
Tem esta Serra de circumferencia sete legoas, segundo
informação de varias pessoas que a tem investigado, toda co
berta de densos arvoredos, em que se achão paos Reaes, e
madeyras de ley que será lastima reduzillos a carvão, porém
como distão trinta legoas do mar, nom ha outra serventia ;
E nella se achão varios Rios capazes de em qualquer delles
se fabricarem muitos engenhos de agua.
No meio desta serrania está hua varge que tem tres le
goas de comprido e meia de largo, e pello meio della corre
hum Rio capax de se fazerem nelle as fabricas ; toda esta
varge, e agoas vertentes da serra para ella está coberta de
mineral de ferro e de meuda area , athe pedras de arobas, e
muitas, e mui dilatadas betas profundas, largas, e compridas,
como poderão dizer o Coronel de Ytú Manoel de Moura Ga
niam , Manoel Glz. da Fonseca, e M. frz. m.tre ferr. ° ( mestre
ferreiro ) porque estiverão muitos dias vella em minha com
panhia, hoje estão nesta Cidade.
Rende esta pedra meio por meio, porque fundindo dous
quintais de pedra se tira hum de ferro. E isto posso affir
mar por experiencia que fiz pellas minhas mãos, pois fabri
cando hum Engenho muito limitado, por nom ter posses para
mais, tirava todos os dias este rendimento de hum quintal
de ferro de dous de pedra , porém só sinco dias continuei
nesta officina, en razam de vir hua chea, e como pella mi
nha pobreza, pois a fabriquei com pouca fortaleza, e se aruinou ;
ficando incapaz de poder continuar na fabrica.
Querendo S. Magestade que se levante Engenho com
sinco forjas, me obrigo a que todos os dias se tirem sinco
quintaes de ferro, e trabalhando-se só vinte dias em cada mes
se farão cem quintaes que multiplicados importào em cada
anno mil e duzentos quintaes, os quaes vendidos a quatro
mil rês qe tãobem a isso me obrigarei , importão Doze mil
cruzados .
Importará o dispendio deste Engenho com as sinco for
jas preparadas, e com o sustento da gente que ha de traba
îhar, e selarios dos Indios pelo preço que gm .," se alugão
quatro mil cruzados por hua vez, tres
não entrando nelles o gasto,
e soldadas que hão de levar os m . que hão de vir do Reyno ;
e estes 12 mil cruzados se hão de dispender na forma que
se dispende a fazenda de S. Magestade havendo almox .".
Escrivam , e mais officiaes que parecer, que terão seos orde
nados alem da d." quantia, que esta sô he deputada para a
592
16
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io de una
Villa de Iguape
morte , da qual tambem livrou uma india carijó que elle tinha
por manceba, a qual casaram os padres; e por que não
quizeram dal-a ao barregão ; e que por isso tomou tanto
odio aos padres que veio a parar em fazer matar os irmãos. »
Seja lá como fôr, o certo é que, esse castelbano, que
mandou assassinar os dois missionarios, si não foi o proprio
Mosqueira, foi algum dos seus sequazes, antigos companheiros
de Pedro Corrêa nas suas primeiras façanbas contra os mi
seros tupis e carijos do littoral.
O ponto principal a que nos queremos referir, sobre a
fundação da primeira egreja de Iguape, conforme escreve o
Sr. Young, é esse, em que « diz a tradição que o primeiro
padre da egreja éra um discipulo do Padre Anchieta de nome
Pedro Corrêa, o qual, depois da inaugursção desta egreja,
havendo partido, em direcção ao sul, foi murt pelos indige
nas no lugar em que existe hoje a povoação de Araraquara. »
Em primeiro lugar, Pedro Corrêa, embora Simão de Va
sconcellos o diga, não foi propriamente um discipulo de An
chieta, que no decurso de oito mezes, de 24 de Dezembro de
1553 que é a data de sua chegada a S. Vicente a 24 de
Agosto de 1551, data da partida de Pedro Corrêa para Ca
nanéa, apenas deu a este irmão algumas lições de grainmatica
latina, e recebeu delle, Pedro Corrêa, as primeiras noções da
lingua Tupi, na qual elle Corrêa éra versado, como o declara
o mesmo Anchieta.
Pedro Corrêa teve por mestre, no seu tirocinio de « ir
mão escolastico da Companhia de Jesus, » não o veveravel
José de Anchieta, que se achava em S. Vicente ha oito me
zes apenas, e ainda não éra sacerdote, mas sim o padre Le
onardo
rêa
Nunes que foi sempre considerado, pelo proprio Cor
o seu guia e mestre.
Os Irmãos mandados por Nobrega e Manoel de Paiva a
essa missảo em Cananéa, com o fim de apaziguarem ns sel
vagens, éram tres : Pedro Corrêa, João de Souza e Fabia
no .
Este Irmão Fabiano, que não seguiu com Corrêa e João
de Souza na missão aos sertões do Paraná, foi o que ficou
em Cananéa, ou Iguape, segundo refere o sr. Young, afim
de doutrinar os indios tupis. O chronista Vasconcellos diz
que o Irmão Fabiano ficou tambem para curar um caste
Thano que havia sido ferido, na guerra, por uma frechada.
Essa guerra, que os missionarios iam apaziguar, segundo diz
o mesmo chronista, éra promovida pelos castelhanos aliados
aos Carijós, que vinham atacar ( s tapis e, talvez, al
guns portuguezes que ali com estes, estivessem sitiados.
Eis como é descripto pelo dito chronista a chegada de
Corrêa ao porto principal dos tupis, » em Cananéa : « che.
gados ao porto principal dos Tupis ( éra entào o que hoje
chamam Cananéa e donde se arreceiavam os castelhanos )
entrou Corrêa pregando aquelia gente, e com a graça e elo
quencia captivou os animos de todos, o frz officio de Anjo
da Paz ; prometteram de não fazer mal aos Hespanhoes, e
601
gemido de um orgão.
E os sinos continuavam suas vozes festivas.
Vede ! vede ! bradou um cenobita, apontando por uma
janella do côro, aberta para o mar. O oceano estava todo
coberto dos reflexos do luar.
Todos olharam , então .
Ao longe, muito longe, entre a limpidez do céu e sobre
o dorso illuminado do mar, seis luzes vivas, claras, divinas,
caminhavam parallelas vindas do norte em direcção ao Sul .
« Parecia que nem um sopro as bafejava, nem zephyro
as movia com seu halito sereno.
Caminbavam como guiadas por mào invisivel e omni
potente sobre o oceano que lhes desenrolára em frente, uma
estrada semeada de reflexos.
O céu éra uma cupula immensa abrazada de luzes
quasi a desabar ao peso das estrellas, e a lua como uma
perola enorme rolava mansamente por aquellas ardentias do
firmamento . ..
« Na mesma noite essas luzes foram avistadas em toda
a costa . A população das Villas de São Sebastião e São
Vicente, despertada ao ruido dos sinos, teve occasião de
avistal-as, seguindo a direcção de Norte a Sul .
« De Una do Prelado, junto ao rio Pussauna foram mais
visiveis por se approximarem até chegarem a praia.
Os habitantes correram pressurosos ao seu encontro ,
achando um grande caixão que, aberto, deixou vêr a Sagrada
Imagem do Senhor Bom Jesus de Iguape. .
.
Ribeira .
Essa valla mandada abrir pelo Governador de Itanhaen
seguia quasi parallela ao caminho que do Porto da Ribeira,
( nessa mesma lagôa ) vinha ter ao povoado.
E'ra pela direcção d'essa valla, de trezentas ( * ) braças
de extensão, que desde os primeiros tempos, os habitantes de
Iguape pretendiam abrir um canal que communicasse as
aguas do Ribeira com as do mar pequeno.
A primitiva valla do rocio servia tambem de cerca que
impedia o gado, que pastava do lado opposto ás terras da
Camara, de vir damnificar as plantações que se faziam nas
terras do rocio. Com o correr dos annos, e com o desenvol
vimento da Villa e o grande movimento de carros de boi
e outros vehiculos, o caminho do Porto da Ribeira por
onde passava, não só para a Villa como para o mar, toda a
producção da Ribeira, se foi arraigando cada vez mais no ani
mo do povo a idea da abertura do canal ; mesmo porque,
( allegavam então ) tendo augmentado o gado com as novas
criações, e estando já obstruida a antiga valla do rocio, havia
constantes reclamações dos donos de plantações, nas terras
do rocio, pelo estrago que lhes causavam os animaes que abi
viviam soltos, em grande quantidade.
Em representações feitas pela Camara de Iguape e pelo
povo ao Governador de S. Paulo ein 1804 e 1805 , pedia-se
com grande instancia a autorisação para a abertura desse
vallo, « ha tantos annos reclamadc » , expondo - se todos esses
motivos e dizendo-se ainda que esse canal ou vallo deveria
seguir a mesma directriz da antiga villa do rocio. O Capi
tão - general de S. Paulo, não querendo , entretanto, assumir
inteira responsabilidade da autorisação desse emprehendi
mento, prevendo já, talvez, as suas consequencias desastrosas,
mandou, em 14 de Fevereiro de 1805 que « a Camara de
Iguape desse uma informação em regra, depois de ter ouvido
os cidadãos de mais conceito e probidade, não só da Villa
como do seu termo . >>
Em 20 de Março desse anno de 1805 José Gonçalves
Maia, Juiz Ordivario e Presidente da Camara de Iguape,
fazia constar ao Governo de S. Paulo, as condições em que
José Innocencio Alves Alvim e José Antonio dos Anjos , se
propanham fazer a abertura do canal , mediante um contracto
ou privilegio, para cobrar, durante dez annos, um imposto
de transito no canal, que contrabalançasse as despesas de sua
abertura e conservação .
As obras parece que tiverão inicio, nessa época, mas foram
logo sustadas, porque desde então começaram a surgir
distancia é
( * ) Os documentos antigos dizem trezentas braças, porém a
muito maior, confórnie verificamos .
634 -
dente desideratum » .
Porém -- ainda assim -- os animos não estavam de todo
acalmados, visto que as aguas da Ribeira , como que desdc
nhando de tantos esforços, não se encaminhavam resoluta
mente pelo canal , o qual , só nas altas marés, é que dava
passagem ás canôas, ou em occasiões das cheias de « aguas
dos montes » .
Esse estado de cousas mais exasperava o povo que på
gava imposto, e aos partidarios do canal do norte, que, em
bora vencidos, vão deixavam de gritar continuamente contra
essa obra, dizendo que todo aquelle trabalho havia sido inutil
por ser terreno arenoso ; que cada vez entupiria mais o canal,
pelos desmoronamentos continuos de suas margens, o que
portanto : nunca e se canal do sul duria passa gem franca ás
canoas da Ribeira.
Só algum tempo depois é que a Ribeira, como querendo
desmentir tr dos esses preconceitos do povo e as demais opi
niões dos engenheiros e profissionnes competentes, resolveu
encaminhar -se resolutamente, pelo vallo grande, realisando
637
.
douro No
mar Arariaia
.de
es Morro
de
tão
tambem
reservados São
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opara
mesmo
fim
Rios
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Taquari
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de estaleiro
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• oradores
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da
collecção
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de
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Capitania
10
(antiga
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Por
120
0
50
40
30 IDO
seculo
XVIII
do
fim
no
tuguez Braças
1
A Villa de Cananéa
( * ) E' sem duvida erronea essa opinião de Milliet de Saint Adolphe, quando
conta que « em 1554 o Jesuita Pedro Corrêa discipulo de Anchieta , baptizou um
sem numero de indios , etc. ,
Pedro Corrêa , que não foi discipulo de Anchieta, mas sim de Leonardo
Nunes ( o abaribebé não podia baptizar indio algum , pelo simples motivo de
não ser ainda sacerdote, quando falleceu . Ao tratarmos da fundação de Iguape
e da primeira igreja levantada nessa povoação pelos missionarios Jesuitas, já
refretamos essa asserção : - de ser Pedro Corrêa o primeeiro padre que
administrou sacramentos nessa povoação de Iguape ou Cananéa . Pedro Correa
éra apenas - irmão escolastico da Companhia de Jesus – quando foi martyri
zado e morto, em 1554 ; e como tal não podia administrar o sacramentos,
Quem poderia ter feito esses baptizados, aos quaes se refere o historiador
Saint Adolphe, teria sido, talvez, o P. Leonardo Nunes, ou o seu companheiro
P. Diogo Jacomo, ou mesmo o padre Manoel de Chaves, conforme affirma o
chronista Simão de Vasconcellos .
( Vid , « A Villa de Iguape » neste mesmo Capitulo ) – Nota de Benedicto
Calixto .
* ) No mappa topographico da Bahia de Paranaguá está bem indicado a
local onde foram descobertas estas * Minas de Ouro » . - ( Nota de B. Calixto ).
- 678
nhaen »
( ) Vide este nome na « lista dos Governadores da Capitania de lat
( Nota de B. Calixto ) .
683
1
Dr. Hermelino A. de Leão
Autor da « Memoria Historica » CAPITANIA DE ITANHAEM
e CAPITANIA DE PARANAGUÁ, e dos Dados HistoriCOS SOBRE
CANANÉA.
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maisoanal
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proximo
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1790.
amonde
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Therostra
Santos
ofGrande
Borra
de ortalesa Fortaleza
Villa de Paranaguá
A DATA DE SUA FUNDAÇÃO. Os Marcos E Pa
DRÕES DE CANANÉA E PARANAGUÁ. CONFUSÕES DOS
HISTORIADORES SOBRE ESSEs postos. A PLANTA TO
POGRAPHICA DO PORTO DE PARANAGUÁ NO SECULO
18. ° UM LUMINOSO RELATORIO DESSA ÉPOCA . PRO
JECTO DE UMA NOVA FORTALEZA NESSE PORTO . UMA
NÁU DE PIRATAS . Os QUI TOS REAES. A LINHA DI
VISORIA ENTRE AS DUAS DONATARIAS. OUTRAS NOTAS .
O DESCOBRIMENTO
1585
tade, que sua mercê, com a gente desta dita capitania , faça
guerra campal aos indios nomeados Carijós os quaes a tem
ha muitos annos merecido por terem mortos, de quarenta an
nos a esta parte, mais de 150 homens brancos, assim por
tuguezes como hespanhóes, até mataram padres da Compa
nhia de Jesus, que foram os doutrinar e ensinar a nossa
santa fé catholica, pela qual matança, que assim fizeram , e
fazem cada dia, está mandado, ha muito tempo pelo Sr.
Martim Affonso de Sousa, que haja em gloria , que lhe fi
zessem guerra , quando se desta terra foi, por lhe matarem
80 homens juntos, que mandou pela terra á dentro, a des
cobrir, e para dita guerra deixou por capitães a Ruy Pinto
e que a Pero de Góes, homens fidalgos, e si se então não se fez
foi por a gente desta capitania ir á guerra aos de Iguape ,
e por lá matarem muita gente e desfez a dita guerra e até
agora não houve opportunidade para se poder fazer, como
agora , porque depois que mataram os 80 homens primeiros,
mataram depois disso, por vezes outros tantos, e matarão ca
da dia por serem mui atraiçoados e inimigos de homens
brancos e são inimigos desses indios tupininquins, nossos
amigos, aos quaes cada dia dão guerra, e elles nos pedem os
soccorramos contra elles, das quaes matanças que tem feitas
a christãos, sem lho merecerem , somente tudo para os rou
bar e comer carne humana, têm dado a morte a tantos ho
mens, do qual tudo está tirado um instrumento de testemu
nhas, por onde se prova largamente serem feitas todas as
coisas declarada e por elle prova estar a dita guerra man
dada fazer pelo sephor da terra, em nome del rei , como ca
pitão -mór, que aquelle era, pelo qual e pelas razões já no
meadas tornamos a requerer ao sr. Capitão Jeronymo Leitão
faça a dita guerra ao dito gentio, com a mais brevidade que
se puder, com a gente desta capitania, porquanto todos es
tamos prestes para seguir a sua merce, a qual guerra lhe
requeremos que a faça por mar, por assim perceberem a to
do o povo, porque pelo sertão e dar grande oppressão a to
dos por se não poder levar o necessario para ella por terra,
e a faça com tomar o parecer das Camaras e para nellas se
declarar as condições com que se hade fazer a dita guerra ,
e disso se fazer um assento nos livros das ditas Camaras, e
si caso fôr que o dito gentio se queira dar de pazes, lhe re
queremos a sua mercê que lha não dê sirão com condições
que sejam resgatadas pelos moradores desta capitania e não
em aldeias, sobre si, porque, estando o dito gentio sobre si,
nenhum proveito alcançam os moradores desta terra, porque
para irem aventurar suas vidas e fazendas e pol-os em sua
liberdade será melhor não il-a , e trazendo-os e repartindo-os
pelos moradores como dito é, será muito serviço de Deus e
da sua majestade e bem desta terra, porquanto o dito gen
tio vive em sua gentilidade, em suas terras, comendo carne
humana, e estando cá se farão christãos e viverão em ser
viço de Deus. E outrosim requeremos ao sr. capitão que
- 717
DESPACHO
$
AUTO
an . Malah
com /
Bemala Guella
Sale
R.de Seda,
ni
nda ya
FIM DO 1. ° VOLUME
INEDITOS DE PEDRO TAQUES
Por fim tomei nova rezolução v.' ' não poder ir estabe
lecer me nessas diivas como desejo emq.tº durar a prizam de
serviços de El Rey de q . já pedi successor. Vay a m ." mul
lata Maria na companhia do marido Thomaz Damasceno
Meyreles, para tratar com sua agencia de lucrar p .*
8078.ºs em que lhe corto o preço da alforria , subordinada e
sempre sugeita a obediencia de meu am .° Fructuoso Macha
do e Silva, a q ." hade ir dando o ouro p ." se lhe pôr em
recibo, aus.se o Goarda Mor e a V. M., como declaro no pa
pel que lhe passey. Paresse me q. não desmeresserá o favor
da entrada da casa de V. M. e de outros Snrs. casados, p .
q. sempre teve creação com tratam.tº e servindo a sephoras.
Mando vender tambem hua boa escrava mullata solteira ,
moça , sãa e sem minimo vicio ... cosa p." todo o serviço e
para andar na catta : chama se Ritta , hé de hua minha
Prima a Sra. D. Custodia q . se lhe rematara por 40$ e com
ella mais outra por 60$ — para pagar hua divida que a to
mey a mim p ." vedar esta roina. Vay entregar ao Lic.do
Germano Moniz, com carta minha, p.* ser vend.", empenhada
ou queimada por 100/8. ** q . vale 140 /8.08. – V. M. concorra
com sua inculca ( ? ). O crd .° de V. M. de 13 $ 180 o achará
em mão do d.º amigo Fructuoso Machado, para que este ouro
junto com o da Bulla me venha aqui em Ag.to pr. p . q . a
frota hade chegar em Julho pelos avisos g . agora temos.
Antes de vir o ouro V. M. fará lista em que mostre q."tas
summarios se venderão de 320 rs. , de 160 rs., de 80 rs., q .
com o Real 5.° somma tantas 8.as houve de accre ciino nos
preços miudos tanto Rendeu abaixo da Bulla tanto de q .
La de vir assignado. – V. M. ou coadjuc !or que assistir a
abertura. Agora vay o Cred .° de Francisco Bueno p . a
v.* delle pagar 105$ e os juros por me escrever g . não ar
riscava o ouro, nem pagava seu receber e seu crd .'. V. M.ce
lhe falará nesta materia p. q. supposto lhe escrevo tambem
ordeno ao am . ° Fructuoso q. não recebendo logo o ouro
prompt. venha o d .° cred ,' p. q. cả ha fiador a q ." se hade
ex. ' pellos seus bens v.tº g . a ininba attensão e cortejo se
pão reconhesse. Concorra V. M. para a venda das m.es
terras q . as mando reputar e recommendo este vegocio ao
sobred . am .' , ao Goarda -Mor e a V. M. e a todos escrevo,
e tambem ao meu amado Lic.do Germano Muniz Barreto es
perando boa utilid . tendo tão bous procuradores e sendo as
minhas terras 2 dattas 12 e boas terras.
764
De V. M.
Comp." Am ." e Cr.º am . obr.º
Pedro Taq. de Alm.da Pues Leme
Forão no mesino dias oyto mil e duzentos reis.
Arouche.
sionada escritura $
1 Aos 5 de 9.bro de 1743 digo aos 22 de junho
de 1741 resebeo meu Pay do Sargento Mor
Pedro Taques de Almeida dos juros vensidos 65 $560
2 Aos 5 de 9.bro de 1743 resebeo minha May a
conta dos juros vensidos 107$620
3 Aos 18 de Abril de 1716 resebeo minha May
do Sargento Mor Pedro Taques a conta dos
juros 50 $ 080
4 Aos 27 de julho de 1747 resebeu m .“ May a
conta dos juros vensidos do d ." sargento
Mor 44 $640
5 Resebeo mais m .“ May a Sara. D. Angela , a
conta dos juros vensidos aos 22 de 9.bro
de 1717 seu trespasse que fez a Manoel
de Masedo 2738565
6 Resebeo mais a conta dos juros vensidos em
1.° de Março 5 $240
Resebeu mais a conta dos juros veosidos em qua
renta oitavas de oiro que vierão de Cuya
bá e se achavão no cofre dos Aus.tes, per
tencentes a da m.* tia a Sora . D. Leonor
770
Soma 13$670
Villa de Santos 28 de Junho de 1776.
R.. conthendo na conta retr. que são treze mil seiscen
tos e setenta reis por mão do Sr. Guarda Mór Agost.° del
gado e arouxe e por verd . do referido pacei a prez.t" da m.“
lettra e sinal. S. Paulo 17 de Julho de 1776.
Antonio José Carvalho
( 0 ) F1 , 6.
786
TESTEMUXHAS PRESENTES :
Alfredo de Toledo
Gentil de Moura
Affonso A. de Frietas.
812
Pags.
A PROPOSITO DE UM REQUERIMENTO , pelo dr. Alfredo
de Toledo 5
Os CHERENTES, (aborigenes do Brazil Central) pelo.
professor snr. José Feliciano . 11
ESTUDOS CARTOGRAPHICOS, pelo dr. J. C. Gomes Ri
beiro . i 27
CARAMURÚ NA LENDA E NA HISTORIA, pelo dr. Mario
Henriques da Silva , 0 41
PARAHYBA , por J. R. Coriolano de Medeiros 57
GUERRA DOS Mascares , pelo dr. Vicente Ferrer de
Araujo 95
O BRAZIL NO IMPERIO HESPANHOL, 'por Gonçalves de 103
Raparaz
Dis “URSO DE Posse, pelo prof. Basilio do Magalhães 121
FREI GASPAR DA MADRE DE Deus, pelo dr. Affonso
d'E . Taunay 127
INEDITOS DE FREY GASPAR DÅ MADRE DE DEUS, pelo
dr. Affonso d'E. Taunay 187
1715-1915 2.• CENTENARIO DE Frei GASPAR, por Be
nedicto Calixto de Jesus 249
BAPTISTACEPELLOS,pelo Coronel João Lellis Vieira 301
UNIÃO CENTRO AMERICANA, pelo dr. Leopoldo de Freitas 312
PALAVRAS INDIGENAS, pelo dr. Domingos Jaguaribe 323
DISCURSO DE RECEPÇÃO, pelo dr. Vicente Mellilo e
pelo dr. Pedro Rodrigues de Almeida 329
VARIAS NOTAS HISTORICAS, por Antonio Egydio Martins 343
A CONSTITUIÇÃO DE 25 DE MARÇO DE 1824, por Af
fonso A. de Freitas 362
Os MEDICOS DOS TEMPOS COLONIAES, pelo dr. Alfredo
de Toledo 369
DISCURSOS DE ABERTURA E ENCERRAMENTO , pelo dr.
Domingos Jaguaribe 377
O « Correio PAULISTANO» Em 1831, pelo dr. Affonso
A. de Freitas . 391
CAPITANIA DE ITANHAEN, por Benedicto Calixto 401
DOCUMENTOS IDEDITOS SOBRE PEDRO TAQUEs, pelo dr.
Affonso d'E. Taunay 743
Discurso pronunciado na sessão solenne de 1.º de No
vembro pelo orador official snr. A. V. Gomes
dos Santos 791
Actas das sessões regimentaes 805
MAB 5 193
EVISTA DO INSTI
R TUTO HISTORICO
E GEOGRAPHICO
DE SÃO PAULO
FUNDADO A 1.° DE NOVEMBRO DE 1894
VOLUME XXI
ABRANGENDO OS ANNOS
DE
1916 A 1921
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1924
REVISTA
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EVISTA DO INSTI
R TUTO HISTORICO
E GEOGRAPHICO
DE SÃO PAULO
FUNDADO A 1.9 DE NOVEMBRO DE 1894
VOLUME XXI
ABRANGENDO OS ANNOS
DE
1916 A 1921
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SÃO PAULO
1924
FOLGANÇAS POPULARES DO VELHO S. PAULO
POR
AFFONSO A. DE FREITAS
SOCIO BENEMERITO DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO DE S. Paulo
FOLGANÇAS POPULARES DO VELHO
S. PAULO
cortejos religiosos .
Vesse periodo de transição que fixaremos sob os albores do seculo
passado, as danças já eram realizadas sem o caracter publico e religioso
de outr'ora e sem o concurso indistincto das diversas camadas sociaes.
As castas da população foram -se delimitando e detalhando - se os
costumes até a extincção da promiscuidade de classe naquelles fol
guedos. Unicamente as " congadas " " batuques”, sambas, os “ moçam
biques” , ainda se realizavam pelas ruas, de ordinario no largo de
S. Bento ou junto ás igrejas de S. Benedicto ( que os documentos
attestam pertencer a S. Francisco ), e do Rosario, após o recolhimento
das procissões : reprimidas por anachronicas, foram substituidas pela
dança dos “ cayapós" , arremedo dos costumes daquelles selvicolas,
sem valor ethnico, organização artificiosa que era, de pretos creoulos
da Capital .
Por esse tempo 0 " cateretê " tradicional, doce reminiscencia dos
fugazes momentos da alegria dos amoraveis piratininguaras , era pra
ticado nos arredores da cidade pela gente que se não envergonhava do
cupreo pigmento .
As camadas privilegiadas da população. já perfeitamente discri
minadas, bailavam á europea nos salões doirados dos palacetes patri
15
homenagem aos santos do céo que aos da terra e nesse ultimo caso,
sempre de portas a dentro, fugindo assim á transgressão de recentis
sima disposição policial que prohibe “ os fogos de artificio, taes
como pistolões, craveiras, rodinhas, balões e outros quaesquer, quando
lançados das janellas, de modo a offenderem os transeuntes ou as casas
fronteiras " . ( 3 )
Eu já vi buia de prato
Já vi tijela tini
Já tá passando da hora
Que o café tinha de vim .
As muié e as gallinha
Não se deixa passeá
As gallinhas bicho come
As muié dão que falá.
Eu passei o Parahyba
Imbarcado numa barsa
Os peccado deste mundo
Vem da saia e não da carsa .
junto a ilha de Fanfa, lhe fez soffrer maior revez. A victoria foi
completa .
Os revolucionarios tiveram 120 mortos, grande numero de feridos,
e deixaram em poder dos legalistas 15 boccas de fogo e quinhentos
prisioneiros, inclusivé o chefe da revolução, o valoroso caudilho Bento
Gonçalves. O seu immediato, Onofre Pires, braço forte da rebellião,
teve tambem egual sorte .
Essa victoria decisiva poz termo á lucta, que não podia mais
proseguir por falta de elementos .
A regencia premiou o coronel Bento Manuel Ribeiro " pelos rele
vantes serviços prestados na provincia do Rio Grande do Sul, para o
restabelecimento da ordem e contra os rebeldes ” , promovendo - o ao
posto de brigadeiro do exercito .
( ) governo fez acompanhar a patente de promoção deste decreto
elogioso :
T'oi com a maior satisfacção que o Regente, em nome do Impe
rador, ouviu a leitura do officio de 9 de outubro proximo passado,
em que V. S. dando conta do triumpho completo que obtiveram as
forças da legalidade, sob seu immediato commando, no dia 4 , contra
os rebeldes, anarchistas capitaneados pelo chefe de sediciosos dessa
provincia, augura felizmente o breve exterminio da anarchia e total
restabelecimento da ordem , para que tanto tem V. S. cooperado, coa
djuvado efficazmente pelos intrepidos defensores da legalidade que,
superando todas as fadigas da guerra , patrioticamente se dedicam a
restituir á grei brasileira essa importante porção do imperio, abalada e
ameaçada de horrorosa subversão.
( ) regente em nome do imperador, reconhecendo o relevante ser
viço que V. S. acaba de prestar ao Imperio, com a victoria do dia 4
de outubro, houve por bem , por decreto de hoje, conferir -lhe o posto
de brigadeiro " . Foi tambem agraciado com o officialato da Ordem do
Cruzeiro.
Depois da victoria alcançada em Franfa, se propoz Bento Manuel,
á frente de tres mil homens, varrer toda a campanha, submettendo e
destroçando tropas inimigas, que ainda se encontravam dispersas pe
los pampas. Assim , marchou elle com destino a Bagé, onde estacio
nava o chefe rebelde Antonio Netto, com alguma gente que pretendia
augmentar, afim de continuar a lucta. Após varias manobras, com que
procurava esquivar - se ao encontro , cahiu finalmente esse caudilho
em mãos de Bento Manuel, depois de renhido combate, no qual foi
abatido grande parte do seu effectivo.
Estava virtualmente terminada a campanha provocada pelos rebel
des republicanos, e por isso julgada desnecessaria a continuação de
Bento Manuel, no commando das armas .
-49
AFFONSO A. DE FREITAS
( RELATOR )
1.
O MATERIAL BELLICO DA VARZEA
DE S. BENTO
PARECER
A Commissão
AFFONSO A. DE FREITAS relator
PEDRO DIAS DE CAMPOS
AFFONSO D'E. TAUNAY
UMA CARTA DE OSORIO
PELO
adversa .
O SCENARIO
VA VANGUARDA
dias contados, e da sua quéda surgirá a paz neste inferno de crimes " .
O almirante brasileiro Greenfell apresentou Mitre a Urquiza . Este
acolheu - o enthusiasticamente, Fere- se a 3 de Fevereiro de 1852 a
batalha de Caseros e Mitre nella toma parte saliente, como artilheir ),
As tropas victoriosas entram e oocupam Buenos Aires. Contam his
toriadores contemporaneos, que as forças brasileiras foram acclama
dissimas e cobertas de flores por uma multidão em delirio pela sua
libertação , quando atravessaram as ruas e praças da cidade destina
da a ser uma das grandes metropoles sul-americanas, Rosas cahiu ,
Urquizas foi investido dos poderes provisionaes.
CONTRA URQUIZA
PRESIDENTE DA REPUBLICA
VO PARAGUAY
Maio, quiz fazer crer que o seu triumpho foi devido ás prevenções
que lhe fiz na vespera ". ( Extracto de uma carta de Mitre ao dr. Fer
nando Osorio, filho do general) . Nesta questão do Paraguay o cri
terio historico manda que se indague, antes de tudo, se a acção do
generalissimo, ao iniciar- se a campanha, foi benefica. A affirmativa
impõe-se por si . E ' quanto basta para , deixando de lado outras con
siderações, aliás secundarias, proclamarmos bem alto que as tropas
alliadas contra o Paraguay muito deveram em sua gloria ao saber,
prudencia, ca ma e previsão do generalissimo Mitre . Nos grandes
dramas nacionaes ha logar para todos os chefes que nelles tomam
parte. Desnecessario é, portanto , discutir agora como se deveria ter
feito então. “ Mitre sentia instinctivamente que o interesse de todo
o Rio da Prata era a victoria do Brasil ”. “ A lealdade de Mitre é
perfeita, sua urbanidade consumada. sua cortezia graciosa ". (Na
buco. Um estadista do imperio, 2. vol. ). O estudo inesmo ligeiro
da vida desse grande homem , que foi Bartholomeu Mitre, basta para
convencer ao maior descrente, que as virtudes pessoaes e civicas do
criador da Republica Argentina são puras como a neve dos Andes
e rijas como o granito americano.
Leal, valente e bom, Bartholomeu Mitre foi amigo sincero do
Brasil, a quem serviu devotadamente e admirador enthusiasta da nossa
cultura, que elle respeitou e amou, pois teve ensejo de , repetidas vezes,
cotejar os nossos homens. Saraiva , Pimenta Bueno, Paranhos, Octa
viano e outros , com os Rosas , Urquizas e seme hantes . Mitre em
toda a sua longa vida foi um bom e um justo . Os interesses pes
soacs e de menor importancia nunca o desviaram do caminho recto
CAPITANIA DE ITANHAEN
( II PARTE )
POR
BENEDICTO CALIXTO
Socio HONORARIO DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO DE S. Paulo
A REDACÇÃO
CAPITANIAS PAULISTAS
CAPITANIA DE ITANHAEN
( II PARTE )
POR
BENEDICTO CALIXTO
Socio HONORARIO DO INSTITUTO Historico E GEOGRAPHICO DE S. Paulo
CAPITANIAS HEREDITARIAS
KRAUSILALAHARIN MORSOMME
INTRODUCÇÃO
A tomada de La Pelérine, diz Capistrano de Abreu ( “ Capitulos
de Historia Colonial" 1500-1800 ), a feitoria franceza fundada em
Pernambuco , e noticias de preparativos para se fundarem outras, es
pancaram finalmente a inercia real . Escrevendo a Martim Affonso
de Souza, a 28 de setembro de 1532, annuncia-lhe el-rei D. João III a re
solução de marcar a costa , de Pernambuco ao Rio da Prata, e doal-as
em Capitanias de cincoenta legoas ; a de Martim Affonso, teria cem ,
e seu irmão Pero Lopes, seria um dos donatarios.
A chegada deste joven guerreiro victorioso em Pernambuco – a
17 de Fevereiro de 1531 ( “ Diario de Pero Lopes ” ) mostrou mais
uma vez a imminencia do perigo .
Talvez a isto se devam certas medidas desde logo tomadas, ou
pelo menos discutidas ; liberdade ampla de emigrar para o Brasil .
preparo de uma armada de tres caravellas , cada uma com dez a doze
condemnados á morte , “ per farli dismontare in terra , cosi abbiamo
a domesticare quel paese , respitto per non mettere boni uomini a peri
colo " , assegurava , a 16 de julho de 1533, o veneziano Pero Caraldo ,
a quem devemos esta noticia .
Tal armada veio effectivamente ?
Sua vinda explicaria uma porção de pontos obscuros.
Os documentos mais antigos da doação das Capitanias datam
de 1534.
- 91 -
CAPITANIAS DA COROA
São conhecidas por este nome todas as donatarias que por serem
mal administradas, ou abandonadas pelos respectivos donatarios, pas
saram ao dominio da Coroa.
A primeira a ser adjudicada foi a Capitania da Bahia que teve como
donatario Francisco Pereira Coutinho.
Logo que a Portugal chegou a noticia do desastroso fim de Pereira
Coutinho morto e devorado pelos selvagens resolveu el -rei com
prar a Capitania da Bahia pela importancia, annual, de 400 $ 000, paga
pela ridizima da mesma Capitania, ao filho do donatario Manoel Pe
reira Coutinho e a seu descendentes.
Eis como 0 erudito histriado Capistrano de Abreu descreve
ainda os principaes factos a que estamos nos reportando : “ O remedio,
preferido por D. João III em vista do máo successo das Capitanias
consistiu em tomar posse da Capitania da Bahia, deixada devoluta
pela morte de Coutinho, com os recursos da corôa, e estabelecer uma
organização mais vigorosa, criar um governo Geral , forte bastante
para garantir a ordem interna e estabelecer a concordia entre os di
versos centros de população .
Rasgaram - se assim doações e foraes, onde só estavam previstos
conflictos entre solarengose senhores hereditarios, e só se fictava
equiparar a situação destes á dos reis contra os poderosos vassallos me
dievaes .
Os poucos protestos dos interessados passaram desattendidos, e
em 1549, sem abolir de todo o systema feudal, insistiu-se novo re
gimen .
Acompanhado por quatrocentos soldados, seiscentos degradados,
muitos mechanicos pagos pelo erario , partiu de Lisboa, em Fevereiro.
o primeiro Governador, Thomé de Sousa, com Pero Borges, Ouvidor
Geral, O Ouvidor -Mór da fazenda Antonio aCrdoso de Barros, e
CAPITULO I
QUESTÕES PRELIMINARES
Primeiras duvidas entre as donatarios sobre limite e
posse das suas terras. O que dizem os chronistas sobre
esse assumpto . A Donataria de Martim Affonso e a
Donataria de Pero Lopes. As povoações que existiam
nessa época. A Ilha de Guaimbé passa a chamar - se
Ilha de Santo Amaro, e a fazer parte da Capitania de
Pero Lopes. Acção dubia ou dôlosa dos governado
res. O Capitão Jorge Ferreira tenta em vão fundar uma
villa na Ilha de Guaimbé.
que esses herdeiros sejam seus descendentes, mas aquelles que her
daram seus direitos sobre as Capitanias de Santo Amaro e Itamaracá ,
depois da extinção de sua familia , na pessoa de D. Izabel de Lima ,
ultima descendente, que falleceu no fim do seculo XVI, antes do ini
cio definitivo dessa demanda .
( 2 ) - Nem Fr. Gaspar, nem Pedro Taques, fizeram pesquizas
nos archivos de Itanhaen e das demais villas desta Capitania, antes
de escreverem suas “ Memorias " . Fr. Gaspar, serviu -se apenas das
investigações feitas por Marcellino Pereira Cléto, Pedro Taques diz ,
“ que mandou copiar alguns documentos nessas villas” , mas lá não
esteve pessoalmente.
( 3 ) - O auctor falla aqui do conde de Vimieiro e não do ver
dadeiro donatario da Capitania de Martim Affonso que seria, nesta
época, o Conde da Ilha do Principe, descendente dos condes de Vi
mieiro, conforme se vê do respectivo capitulo que se refere aos diversos
donatarios da Capitania de Itanhaen .
Nesta mesma carta dirigida á D. João de Faro diz Pedro Taques
“ Na mesina frota satisfiz a esta commissão, enviando a 1. Ex, uns
103
apontamentos, que foram uteis para a causa entre o Exmo. Sr. Conde
de Vimieiro e o de Lumiares..."
Este “ Conde de Lumiares " , como se verá adiante em uma nota
feita pelo Dr. Capistrano de Abreu, era o proprio “ Conde da Ilha
do Principe" forçado a mudar o seu titulo por uma imposição do
Marquez de Pombal .
Por este dizer de Pedro Taques isto é : que suas pesquizas
historicas foram uteis para a causa entre o Exm. Sr. Conde de Vimiei
ro e o de Lumiares, parece celligir-se que entre os dois herdeiros do
Morgado de Alcoentre houve tambem alguma acção ou demanda, in
dependente da que estamos tratando.
Nem Taques, nem Fr. Gaspar, entretanto, nos esclarecem sobre
este ponto ,
104
com
Pedro Lopes de Souza, irmão de Martim Affonso , casou
D. Izabel de Gamboa e deste consorcio teve os seguintes filhos : 1.°
Pedro Lopes de Souza, que falleceu ainda menino e foi o 2.º donatario
das oitenta legoas das donatarias de Itamaracá e Santo Amaro, 2.
Martim Affonso de Souza, que falleceu ainda moço e foi o 3.º donatario
tioga uma legoa de terra “ da dita fortaleza pela praia adiante " ( 19 ) .
Em 15 de Dezembro de 1568, concedeu a Manoel Fernandes umas ter.
ras além da Ilha de São Sebastião, da banda da terra firme, antes de
chegar á enseada defronte da Ilha dos Porcos até o rio Corupacé (Ju
queriquere ) .
Como se vê por esta relação, Antonio Rodrigues de Almeida,
como Capitão e Ouvidor das terras de D. Izabel de Gamboa (Capi
tania de Santo Amaro ) , além das terras concedidas dentro do perime
tro da dita Capitania e das que concedeu dentro da doação de Martim
Affonso , para o sul , na ilha de Santo Amaro, como adeante demons
traremos, ultrapassava tambem a sua jurisdicção para o lado do norte,
além da fóz do rio Corupacé, dando cartas de Sesmarias como essa,
que vimos de graphar, concedida a Manoel Fernandes em 1568, a qual
abrangia “ desde a enseada da ilha dos Porcos até a fóz do rio Coru
pace ”.
Ora, essa enseada da ilha dos Porcos, que se acha hoje dentro do
municipio de Ubatuba, está algumas legoas além da fóz do Juqueri
querê, ou Curupacé, que era então o limite septentrional das 10 legoas
da doação de Pedro Lopes, neste littoral, como bem determina o Foral
de D. João III .
Toda essa parte da costa que comprehende hoje o municipio de
Caraguatatuba , e grande parte do de Ubatuba, que incontestavelmente se
achava dentro da Capitania de São Vicente, era então concedida por
Sesmaria, em nome de D. Izabel de Gamboa e de seu filho Martim
Affonso ( sobrinho ) , a Manoel Fernandes, sem que o locotenente da
Capitania de S. Vicente, que nessa época era o Capitão Jorge Fer
reira, fizesse o menor protesto ou objecção ao acto arbitrario de seu
successor Antonio Rodrigues de Almeida .
Ve-se portanto, por estes procedimentos dos Capitães e Ouvidores
de ambas as donatarias, nesta época, que os interesses e os direitos
da Capitania de S. Vicente estavam sendo cavillosamente prejudi
cados , ou desbaratados, por aquelles mesmos que mais deviam esfor
çar-se em defendel -os e amparal -os .
O mais digno de reparo, em tudo isto, é que, o proprio Pedro
Taques , que tão minuciosamente estudou esta questão em seus me
nores detalhes, advogando a Causa dos Condes de Vimieiros, não
tivesse feito a menor annotação ou commentario a estes actos arbi
trarios e as imprevidencias capciosas dos lóco -tenentes dos primeiros
donatarios, Pedro Lopes e Martim Affonso !
fonso, das quaes o dito Conde, sem titulo algum, pretendia se fazer
Senhor .
Ao chegar a São Vicente, Manoel Rodrigues de Moraes, disto se
queixou amargamente em um Requerimento que dirigiu aos Camaris
tas, aos quaes apresentou a dita Provisão do Governador Geral, pe
dindo que , “ sem demora o apossassem da Capitania de S. Vicente e
da de Santo Amaro, com todas as jurisdicções dellas, e com todas as
cousas a ellas pertencentes, assim e da maneira que Lopo de Souza as
possuia etc."
O facto de não se achar em S. Vicente o Capitão -Mór Governador
Martim Corrêa de Sá e a tibiesa dos Camaristas, em não darem posse
immediatamente ao substituto deste, que era , como já dissemos, o
alcaide-mór Pedro Cubas, fez com que, não só os officiaes do Con
selho, como as demais autoridades se submetessem ás imposições de
Manuel Rodrigues de Moraes .
“ Admirou aos officiaes da Camara a injustiça do despacho do
Governador Geral ; porém temerosos de que D. Luiz executasse a sua
communicação, mandando -os conduzir para a Cidade da Bahia, carre
gados de ferros , onde os opprimisse em masmorras por todo o tempo
do seu Governo, como muitas vezes faziam os Governadores Geraes
aos que deixavam de cumprir as violencias de seus dispotismos,
executaram a ordem, e deram a posse ordenada" ( Fr. Gaspar Me
morias ) . O unico vereador que de alguma forma protestou, decla
rando abaixo de sua assignatura, que respeitava o Direito de S.
Magestade “ ou de quem o tiver”, foi Jorge Corrêa ; os demais sub
metteram-se a tudo .
O auto de posse foi lavrado na Camara de S. Vicente a 11 de
Janeiro de 1621. A 13 do mesmo mez poz-se o cumpra -se na Villa
da Conceição de Itanhaen , no dia 16 na Villa de Santos e no dia 25 do
mesmo mez de Janeiro na Villa de São Paulo .
E assim, com o boneplacito de todas as Camaras, se consummou
esse attentado contra os direitos dos herdeiros de Martim Affonso de
Sousa, na pessoa de sua legitima descendentes, pela linha masculina,
D. Marianna de Souza da Guerra, Condessa de Vimieiro .
CAPITULO IV
sentença deu origem a maiores contendas pela malicia com que foi exe
cutada pelo Provedor da Real Fazenda, Fernão Vieira Tavares."
“ Este Fernão Vieira Tavares, Provedor da Fazenda Real na
Capitania de S. Vicente, escreve tambem Pedro Taques foi o Juiz
executor desta sentença ; parece que ainda occupado da dôr que sentia
de ter sido apeado do cargo de Capitão -mór Govrnador e Alcaide da
Capitania de S. Vicente, pela donataria, a Condessa de Vimieiro,
obrou como veremos, esquecendo-se totalmente do santo temor de Deus
e com a consciencia estragada, praticou tão despoticamente, que - roubou
á Condessa donataria a sua Capital Villa de S. Vicente, a de Santos
e a de S. Paulo , e com estas todas as mais villas do centro de S.
Paulo !"
Diz ainda Pedro Taques que os autos da demarcação que, em cum
primento desta sentença do Provedor-mór do Estado, se deveria ter
executado, não existiam mais no Cartorio da Provedoria da mesma
Fazenda, quando elle ali deu busca, e que nem por meio de uma
Petição pode obter tal documento, dando assim a entender que esses
papeis haviam desapparecido ou lhe éram sonegados ou que tal
demarcação não se effectuou , conforme ordenava a sentença .
“ Estas conjecturas se apadrinha, acrescenta entretanto o historia
dor, da certeza de existir no archivo da Camara da villa de S. Vicente
uns autos entre partes , ( do Conde de Monsanto e da Condessa de
Vimieiro ) , e nelles se acha uma certidão dos officiaes da Camara da
mesma villa . "
E' do teor seguinte o precioso documento da Camara de S. Vicente
aludido por Pedro Taques :
“ Certidão dos officiaes da Camara da Villa de São Vicente, sobre
o procedimento que teve o Procurador da Fazenda Fernão Vieira
Tavares, para metter de posse desta Villa e outras, ao Conde de
Monsanto, e repelir d'ellas a Condessa de Vimieiro :
Os officiaes da Camara desta Villa de S. Vicente abaixo
assignados, sertificamos como aos 29 dias do mez de Janeiro de
1624, indo o provedor da Fazenda de Sua Magestade Fernão
Vieira Tavares, metter um padrão no rio desta villa , por virtude de
uma sentença da Relação deste Estado, indo em sua companhia o
Capitão-mór Ouvidor, que no presente servia, João de Moura Fogaça,
outro sim, procurador da Condessa de Vimieiro, D. Marianna de Souza
da Guerra, entre os quaes dito provedor da Fazenda e o Capitão Mór
Ouvidor, houve algumas palavras de differença , antes que partissem
142
desta Villa ao dito effeito, ao que nós, ditos officiaes, por bem da paz
e da quietação accudimos, e fomos em pessoa para evitar algumas di
sençõens que se presumia poder haver no lugar do dito padrão : e
chegando nós todos ao lugar pelo dito Provedor, deputado para isso,
se foi o dito Provedor a um penedo que está na agua salgada, junto
da terra, da banda desta V'illa, e mandou aos pilotos, que consigo levava,
tomar o rumo pela agulha, para saber onde havia de fixar o dito
padrão, ao que elles satisfizeram . O dito Provedor, em virtude disto,
mandou botar fóra da canoa onde ia, uma pedra que já levava prepa
rada para marco ; e, a este tempo, accudiu logo o dito Capitão Mór e
Ouvidor João de Moura Fogaça, em altas vozes , como Procurador da
dita Condessa de Vimeiro, dizendo- lhe e fazendo - lhe requerimentos
que não pozesse o dito marco n’aquelle lugar: porquanto as des legoas
de que sua Magestade davo ao Conde de Monsanto, desde o Rio Coru
pacé até o Rio de São Vicente, se acabavam , largamente, da banda do
Norte do dito Rio, na outra bocca e barra de São l'icente, que por
outro nome chama-se Bertioga : E que, do Rio Corupacé até aquelle
braço da banda do Sul, rio ou barra onde mettiamo marco, eram
quinze legoas, e que assim o perguntassem aos Pilotos que com sigo
trazia o Provedor , ( que eram quatro ) ; e que protestava, com os seus
ditos, de não consentir que o dito Provedor, coma seu inimigo, The
metesse ali marco, e que só medindo as dez legoas, na forma da Sen
tença da Relação deste Estado, donde ellas acabayam, no braço do dito
Rio da banda do Norte ( Bertioga ) , o pozesse; porque queria obdecer
á Justiça e não podia consentir em nada de que se estava fazendo,
porque tinha vindo com embargos a execução ; porém que naquella
paragem não queria consentir em tal marco ; e aos ditos requerimentos
o dito Provedor respondeu que elle não éra seu inimigo, mas que
dava cumprimento ao que Sua Magestade lhe mandava . E pondo pena
ao dito Capitão Mór Ouvidor de “quinhentos cruzados e dois annos
de degredo para Africa ” , não lhe perturbasse a deligencia que lhe
éra comettida, e mandou seu Escrivão tomasse todos os requerimentos
que o Capitão Ouvidor lhe tinha feito : e insistindo o dito Capitão
Ouvidor para que não fixasse o marco no dito logar, o dito Provedor
nomeou e houve em lugar de padrão e marco " O Penedo atras dito ” ,
que fixo estava na agua salgada. Ao que accudio logo Domingos de
Freitas, que diziam ser Procurador da Condessa de Vimieiro, gri
tando e appellando a que Del -Rei ! deitando tres pedras sobre o dito
marco ( Penedo ) e que lhe accudlssem sobre a injustiça e força que lhe
fasia o Provedor, por ser inimigo de sua Constituinte, a dita Condessa
de Vimieiro, pois com o poder de seu Cargo, elle Provedor, The toma
vam cinco ou seis legoas de terra, dando -as ao Conde de Monsanto, e
que o dito Provedor não corresse mais com a tal obra por diante ; e
- 143
Não convindo pois a divisa das duas Capitanias, nem por essa
barra da Bertioga, nem pela barra do meio, denominada “ Barra Gran
de de Santos" , Fernão Vieira, de accordo com Manoel Rodrigues de
Moraes, lembrou -se então de um " alvitre feliz " que bem demonstra a
argucia sagaz deste deffensor dos direitos e dos planos do Conde de
Monsanto , como se vae ver .
O Fôral de D. João III , como já temos demonstrado, dizia que a
divisa entre os donatarios de Martim Affonso e de seu irmão Pedro
Lopes, seria “ a Barra do Norte do rio de S. Vicente " isto é o braço de
mar que vae fazer barra na Bertioga . Outros documentos antigos,
tratando dessa divisa, dizem tambem que o ponto , onde se deveriam
por os marcos, era a “ Barra do Norte da Ilha de S. Vicente ” , porque,
na verdade, o lagamar que cerca a referida Ilha de S. Vicente ou
Ilha de Ingáguaçú ” forma um delta com tres barras, ou tres sahidas .
Prevalecendo-se dessa circunstancia ou dessa confusão, - em não
terem os ditos donatarios entrado em um accordo definitivo sobre
qualquer um desses pontos (ou da Barra de Bertioga , ou da Barra
Grande de Santos ), para limitarem suas posses , o Provedor da
Real Fazenda, Fernão Vieira Tavares lembrou-se então deste novo e
ardiloso alvitre :
Existe, como todos sabem , na bocca da Barra de São Vicente um
outeiro, ou pininsula conhecida actualmente pelo nome de Ilha Porchat.
Diz Fr. Gaspar da Madre de Deus, ao tratar deste ponto da questão,
que esse Outeiro, ou Pininsula era antigamente conhecida por İlha
do Mudo, e tambem por Ilha de São Vicente .
A referida ilha foi tambem denominada, na época do povoamento,
Ilha do Sól, pois é por esse nome que Pedro Lopes de Souza á deno
mina no seu Diario " , como já referimos quando tratamos da “ Fun
dação da Villa de S. Vicente " .
Actualmente esse Outeiro ou Ilha do Mudo é apenas uma pininsula,
pois só fica cercada d'agua nas grandes marés do Equinoxio ou em
tempos anormaes em que o mar innunda aquella parte da praia ; não
obstante, essa pininsula é ainda hoje conhecida por liha Porchat,
nome esse que lhe deram os actuaes proprietarios.
Nas evoluções das areias e syrtes que margeiam e formão o alvéo
da fóz da dita Barra de S. Vicente, produzidas por “ phenomenos mari
timos ” de escavações repentinas, que insolitamente se repetem até hoje,
como temos demonstrado em outro Capitulo, esse outeiro tem
sido alternativamente até o presenteilha e peninsula .
Pelo mappa topographico levantado por ordem do Governo por
tuguez no fim do seculo 18.', o qual vae reproduzido neste Capitulo ,
vê-se que, nessa época, a Barra de São Vicente tinha duas sahidas. –
147
CAPITULO VI
vidor nomeado por elles, me responderá, nesta Côrte, com oitenta mil
reis cada um anno, de direitos que pertencem á dita Capitania, e
poderão outro sim cobrar dos Tabelliães da dita Capitania as pensões
que, conforme ao Foral, são obrigados a apagar, e concertar-se com os
donos dos Engenhos em alguns föros ou tributos que lhe parecer a
isto conforme, ao que cada um até agora lavra ; o que tudo está ex
presso na Ordenação que aqui hei por expressada e declarada ; e poderá
outro sim requerer minha Justiça em todas as Causas que se moverem,
e substabelecer um e muitos Procuradores, e para tudo lhes dou poderes
em direito necessarios e livres a geral administração ; e tudo por elles
feito haverei por firme e valioso. Lisboa, 31 de Março de 1645,
annos. D. Affonso de Faro."
Munido pois desta Procuração, dirigiu - se o Capitão Valerio de
Carvalho á Villa de Itanhaen, e apresentando - se no Paço do Conselho,
os vereadores lhe deram posse da dita Capitania pelo Auto do teor se
guinte :
“ Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seis
centos e quarenta e seis, nesta Villa de Nossa Senhora da Conceição
de Itanhaen, estando juntos em vereação os officiaes da Camara deste
presente anno, por elles foi posto o cumpra-se na Procuração atraz, e
em virtude della foi mettido de posse aos Procuradores que nella se
declara desta Capitania de Itanhaen em nome do Senhor Don
Sancho de Faro , Donatario della, como se vê do Alvará de Sua Ma
gestade ; e, de hoje em diante reconhecem ao dito Senhor por Donatario
desta Capitania e como tal poderão fazer os ditos seus Procuradores,
em seu nome, tudo quanto lhes éra ordenado ; como tambem em Camara
se deu juramento , pelo vereador mais velho - João Lopes Martim , ao
dito Valerio de Carvalho, para servir nesta Capitania de Itanhaen os
cargos de Capitão -Mór e Ouvidor, como nesta Procuração se contem,
-e elle assim prometteu fazer. Do que fiz este Auto em que assignarão,
e eu Braz Nunes Freire, Escrivão da Camara o escrevi. Mathias
de Aguiar Daltro. – Manoel da Costa Cordova. -- João Lopes Mar
tins. Felippe Gonçalves. Francisco de Pontes. Valerio de
Carvalho. -- "
D. Sancho de Faro, representado por seu Irmão D. Affonso de
Faro, conservou -se como Donatario da Capitania de Itanhaen até 10 de
Novembro de 1648 . Neste anno lhe succedeu seu filho D. Diogo
de Faro e Souza, em cujo nome foi provido no cargo de Capitão - Mór
e Ouvidor, da mesma Capitania , o Capitão Dyonizio da Costa, conforme
se verá, da respectiva “ Relação dos Governadores da Capitania de
Itanhaen " que vae em outro volume desta “ Memoria ” . Este Gover
- 164
“ ESCRIPTURA DE DOTE
Traslado :
Em nome de Deus amem . Saibam quantos este instrumento
publico de contracto de dote, e obrigação virem , que no anno do Nasci
mento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seis centos e cincoenta
e quatro, em os cinco dias do mez de Janeiro, nesta cidade de Lisboa,
junto ao Convento de S. Francisco, nos aposentos de D. Affonso de
Faro, estando ahi presentes partes a saber : de um lado Dom Luiz
Carneiro, Senhor das Ilhas de Santa Helena , de Santo Antonio e da
do Principe, Conde dellas e do Conselho de Sua Magestade, e da outra
Dom Diogo de Faro e Souza, filho de Dom Sancho de Faro que
Deus tem herdeiro e successor de sua Caza e Morgado de Vimieiro e
Alcoentre e de Dona Izabel de Lima e Carcome, sua mãe, que Deus
tem , e bem assim o dito Dom Affonso de Faro, seu tio, tutor e cura
dor, e de Dona Marianna de Faro e Souza, sua Irmã, e seus sobrinhos
menores. Em seu nome e no de cada um delles ; e outrosim estavam
presentes o Dr. Pedro Paulo de Souza, Desembargador dos Aggravos
e Casa da Supplicação, e o Dr. Francisco da Cruz Freire, nomeados
procuradores pelo Dr. Francisco Ferreira Euserrabodes, Juiz dos Or
phans e das repartições desta cidade e dos ditos menores que tambem
estavam presentes, para assistirem e darem auctoridades a este Con
tracto e Capitulações . Disse logo por elles Dom Diogo de Faro e
Souza e Dom Affonso de Faro, como tutor e curador dos ditos seus
sobrinhos menores ; foi dito a mim tabellião, perante as testemunhas
adeante nomeadas, que estão contractados para, com o favor divino,
mediante o Agrado do Espirito Santo e comprasimento de Sua Mages
tade, por seu Alvará ao deante trasladado, haverem de casar a dita
Dona Marianna de Faro e Souza , sua Irmã e sobrinha, com elle Conde
Luiz Carneiro, e que havendo o dito casamento seu real effeito e sendo
1.° Alvará
“ Eu El Rey, faço saber aos que este alvará virem que havendo
respeito ao que por sua petiçam me enviou a dizer Dom Diogo de Faro
e Souza, por seu tio e tutor Dom Affonso de Faro, pedindo-me lhe
CAPITULO VIII
desta Carta, vós delles não tomareis Conhecimento, posto que hajam
de receber ; antes os remettereis a este Juizo de minha Ouvidoria -Geral
e do Civil, adonde pertencem ; sem embargos delles esta a fareis cum
prir e guardar, assim e da maneira que nellas se contem. Dada e pas
sada nesta minha Cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, aos
26 dias do mez de Setembro de 1678 annos. O Principe Nosso Senhor
o mandou pelo Doutor João de Góes de Araujo, do seu Desembargo,
seu Desembargador e Ouvidor-Geral e Civil, com alçada em todo este
Estado do Brasil."
Luiz Lopes de Carvalho obteve ainda na Bahia uma Certidão do
Escrivão da Provedoria da Fazenda Real e outra extrahida dos
Livros da Fazenda Real, da Villa de Santos , conforme consta dos refe
ridos autos das Camaras de S. Vicente, Itanhaen e Santos.
Damos na integra a copia dessas duas certidões, que são impor
tantes, não só pelo que esclarecem sobre a questão, como tambem pelas
referencias que fazem a outros pontos que muito interessam a historia
da fundação de São Vicente e Santos .
deste periodo que vae de 1679 a 1721 , como se verifica dos Archivos
Publicos, fazem menção da “ Capitania de Itanhaen da qual é do
natario o Conde da Ilha do Principe. "
E' isto, afinal, um facto incontestavel, provado pelos documentos
que vão transcriptos nesta “ Memoria " .
Admira, entretanto, que , nem Pedro Taques, nem o dr. Antonio de
Toledo Piza, que se occuparam exclusivamente desta questão “ Pro
cesso Vimieiro Monsanto " no intuito de esclarecer a verdade,
tivessem olvidado esse ponto principal de que estamos tratando, e
viessem mesmo accentuar ainda mais tal confusão entre as Capitanias
de São Vicente e de Itanhaen , como já temos demonstrado .
Se csies historiadores tivessem , com mais perseverança, consultado
os velhos archivos, já não diremos das villas da Capitania de Ita
nhaen, mas da propria Cidade de S. Paulo, teriam ahi encontrado os
velhos documentos, dessa época, que bem esclarecem agora todos esses
pontos de controversia entre Fr. Gaspar e Pedro Taques, quanto á
posse ou revindicação, por parte do Marquez de Cascaes, da parte da
Capitania de São Vicente que havia sido reconquistada pelo Capitão
Governador de Itanhaen Luiz Lopes de Carvalho, em 28 de Abril
de 1679 .
Passamos a transcrever , neste Capitulo, outro documento do
Archivo Municipal de São Paulo, que tambem não foi citado por
esses historiadores.
Em 20 de Março de 1682 o Capitão Diogo Ayres, procurador
do Marquez de Cascaes, dirigia uma carta e requerimento ás Camaras
da Capitania de S. Vicente, nestes termos : “ Senhores officiaes
da Camara. O Capitão Diogo Ayres de Araujo, procurador bastante
do Senhor Marquez de Cascaes, donatario desta Capitania de São
Vicente, e como procurador da Coroa, fazenda real e fisco, requer a
vossas mercês, da parte de Sua Alteza , que á sua noticia é vindo
que Luiz Lopes de Carvalho, Capitão-mór da Capitania de Con
ceição , que de presente está no reino, tem escripto a esta Capitania,
dizendo estar provido por Capitão-mór desta Capitania ( de São Vi
ceinte) por nove annos ; tendo assim alterado estas villas que estiveram
sempre em posse pacifica do dito Senhor Marquez de Cascaes, do
natario destas Capitanias de S. Vicente, como a vossas Senhorias Ihes
consta ; e por quanto o dito Luiz Lopes de Carvalho, por si e por
segunda pessoa pode apresentar nesse Senado, occultamente, alguma
ordem , sentenças , provisões ou outro qualquer titulo que eja , que
prejudique ao dito senhor marquez em sua pacifica posse, ou por
outra qualquer via que seja, requeiro a vossas mercês, da parte de
Sua Alteza, lhe não admittam cousa alguma, nem provisão, nem nada
que a esse Senado possa apresentar o dito Luiz Lopes de Carvalho,
184
por si, por seu procurador ou por outra qualquer pessoa, sem primeiro
me mandarem vossas mercês dar vista de todos os papeis, provisões
que apresentar, ou Sentenças que prejudiquem a posse do dito Senhor
Marquez, por quanto tem embargos legitimos a tudo quanto apre
sentar ; aliás não lhe sendo concedida vista por vossas mercês, antes
de lhe deferirem cousa alguma : aggravo ou appello, qual no caso
couber para a Relação deste Estado, ou para donde o caso directa
mente pertencer, onde proteste allegar justiça contra meu constituinte
e de haver as perdas e damnos que resultarem ao dito Senhor, que em
direito fôr. Para o que mandem vossas mercês tomar este requeri
mento e dar certidão do teor delle por ser para bem da Justiça ; e o
mesmo tenho feito na Villa de São Vicente para que conste a todo
o tempo, com o que me assigno. Santos, 13 de Março de 1682. O
procurador da Coroa Diogo Ayres de Araujo.” ( Registro Geral
da Camara de S. Paulo ) .
No Capitulo seguinte ao tratarmos da prerogativa de Cabeça da
Capitania de São Vicente " , concedida nesta época pelo Marquez de
Cascaes á villa de São Paulo transcreveremos ainda outros
documentos importantes, do “ Registro Geral” da mesma Camara,
que não foram citados pelos ditos chronistas .
CAPITULO IX
a zelar hoje ' os meus interesses particulares mais que nunca ; maior
mente amando eu esse povo mais que a todos e, vem a ser : que como
este velhaco de Luis Lopes de Carvalho não pode por la conseguir o
seu intento, fez que o Conde ( da Ilha do Principe ) alcançasse de Sua
Alteza que Deus guarde , simulando e subrepticialmente uma provisão,
pela qual o dito Senhor, quando menos, o fazia senhor de todas as
minhas terras... Chegando eu a esta Corte e tendo noticia deste facto,
fis presente ao dito Senhor, da verdade, e convencndo - o da mentira em
que se fundava o acto de posse que de la trouxe , e occultando o des
forçamento que me fez João da Rocha Pita, desfiz tudo com grande
nota do mesmo Conde, a quem Sua Altesa mandou reprehender aspe
ramente e que logo est esse ( sic ) a dita provisão para se rasgar.
“ E para maior cautella escrevo ao Governador Geral da Bahia á
Camara de São Vicente, ordenando-lhes que á dita provisão não dêm
cumprimento algum, por haver sido passada contra a verdade e sem
legitima informação ; e ainda que este documento por ser tão grande
me segura e que com elle não haverá nada que se atreva contra minha
posse, não fio menos dos moradores desse povo, por que, em caso que
os de São Vicente, sentidos de os eu haver feito subditos desse (de
S. Paulo) , continuem com me faser aggravos. Espero que essa Ca
mara tome tudo por sua conta , sobre este negocio, e que tenha eu muito
que lhe agradecer, continuando no selo que mostram em meu serviço,
como eu sempre lhe saberei merecer, etc.
" Lisboa, vinte sete de Janeiro de mil seis centos e oitenta e dois ” .
" Depois de ter esta feita me chegou noticia que o mesmo Conde
estava tambem introduzindo -se em Paranaguá, que pelas noticias e
tradições fica dentro de minha demarcação. Espero que dessa Camara
se me remettam todos os documentos e informações que melhor jus
tifiquem a minha razão, assistindo o Capitão -Maior e mais procuradores
deffendendo nesta parte, a minha jurisdicção, como ofiseram e eu
reconheço na de São Vicente, o Marques de Cascaes”. ( Trasladada
no livro de registro da Camara de S. Paulo, pelo Escrivão Jeronymo
Pedrozo de Oliveira, aos 16 de Julho de 1682 ) .
E' a época em que, com mais relevo, se destaca a acção dos Ban
deirantes Paulistas que, “ com seus feitos heroicos, formaram o periodo
aureo da Capitania, mais duradouro que o bronze”, conforme exclama
o Dr. Washington Luis na sua “Contribuição para a Historia da
Capitania de S. Paulo " .
Sim : foram elles, os paulistas, primeiro na Capitania de
Itanhaen e depois na Capitania de São Paulo e Minas Geraes, OS
CAPITULO XI
" Eu El-Rei faço saber aos que este alvará virem que fazendo
se -me presente pelo meu conselho ultramarino o requerimento que
por elle havia feito o Marquez de Cascaes D. Luiz Alvares de Castro
e Souza, do meu Conselho de Estado, em que me pedia licença para
vender a José de Góes de Moraes as cincoenta leguas de Costa que
possuia no Estado do Brasil , quarenta dellas que começam doze le
guas ao sul de Cananéa e acabam na terra de Santa Anna, que está
em altura de vinte e oito graus e um terço, e as dez legoas que res
tam principiam no rio Corupacé e acabam no de S. Vicente, pelas
quaes cincoenta legoas de costa lhe dava o dito José de Góes de
Moraes quarenta mil cruzados, pagos logo em um só pagamento , para
se porem na junta do commercio á razão de juro, e todas as vezes
que se offerecesse oocasião se empregasse em bens de raiz, além de
quatro mil cruzados que mais lhe dava de luvas; e sendo ouvido neste
requerimento o conde de Monsanto, filho do dito Marquez de Cas
caes , comoseu immediato successor, e o meu procurador da coroa
a quem se deu vista : tendo a tudo consideração, e sem embargo do
dito marquez declarar que os rendimentos das ditas cincoenta legoas
de terra não correspondiam ao referido preço, que José de Góes de
Moraes lhe dava por respeitar a honra que da dita compra lhe resul
tava, de ser donatario de uma capitania , cujo honorifico não era de
valor para a coroa por ter nas ditas terras o supremo rogado, para
que as ditas cincoenta legoas de costa que mando comprar ao dito
Marquez fiquem divididas e apartadas das outras trinta legoas da
Ilha de Itamaracá, ficando-lhe estas com a capitania dellas, jurisdic
ções, rendas e direitos que nellas tem, na forma que pela sua doação
- 200
deste contracto e validade das clausulas delle, que tudo hei por derro
gado de meu poder absoluto, ainda que seja necessario fazer de tudo
expressa e individual menção, sem embargo da Ordem do livro 2.0,
titulo 44, pelo que mando aos meus procuradores da coroa e fazenda
que hoje são e ao diante forem , e mais ministros a que tocar, que
em nenhum tempo venham, nem possam vir contra este contracto e
compra , nem intentar desfazel- o e quando o façam não serão ouvi
dos em juizo em cousa alguma, e lhes seja denegada toda a audien
cia e por este meu alvará hei inhibido todos os julgadores e tribunaes
para que não possam conhecer de cousa alguma que se allegue con
tra elle ou contra a dita compra, nem demanda que contra ella se
mova e lhes hei por tirada para o dito caso toda jurisdicção ou po
der de conhecer e julgar, tudo do meu motu proprio, certa sciencia e
poder real e absoluto, sem embargo de quaesquer ordenações, leis ou
opiniões de doutores em contrario, que tudo hei por derrogado como
se de tudo se fizera expressa menção, não obstante a dita Ordenação
livro 2.0, tit. 44. E este meu alvará se incorporará na escriptura que
se ha de fazer de compra ; e do conteudo della, se porão verbas na
carta de doação passada ao dito marquez de Cascaes das oitenta le
guas de terra, e em seus registos, para que em todo o tempo conste
da referida compra e se cumprirá inteiramente como nelle se contém
sem duvida alguma, e valerá como carta sem embargo da Ordem, do
livro 2.0, tit. 40, em contrario e não deve novos direitos por ser para
a compra que se faz por parte da minha corôa , e eu assim o haver
por bens sem embargo do regimento e ordens em contrario . Dionisio
Cardoso Pereira o fez. Lisboa , 22 de Outubro de 1709. O secretario
André Lopes de Lavre o fez escrever. Rei. Miguel Carlos."
19 de Setembro de 1711 .
“ Em nome de Deus, amem . Saibam quantos este instrumento de
venda, quitação, ou como em direito melhor lugar haja virem , que
no anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1711 , em
19 dias do mez de Setembro, na cidade de Lisboa, nos aposentos em
que vive de presente o desembargador Manuel Lopes de Barros, pro
curador da fazenda real da repartição do conselho para em seu nome
outorgar é assignar a escriptura do contracto ao diante declarado, em
virtude de um alvará real que ao diante se faz menção nesta escri
ptura, e que todo nella ha de ir incorporado ; e de outra José Correa
Barreto, em nome e como procurador bastante do marquez de Cas
caes, D. Luiz Alves de Attaide Castro Noronha e Sousa , do conselho
de Estado do dito Sr., por um alvará de procuração pelo dito mar
202
CAPITULO XII
mentos para a Historia de S. Paulo " , nos dão noticia , mas não trans
crevem. ( 3 )
Note-se ainda que, além das confusões de datas, os autores que
vimos de citar confundem ainda as denominações das Capitanias :
Ora é a Capitania de Santo Amaro ou a Capitania de São Vicente
que o acto de Pombal resgata ; ora é simplesmente a Capitania de São
Paulo, e isto pelo simples facto de não quererem, taes autores, fazer
menção do verdadeiro nome da donataria dos Condes da Ilha do
Principe, que se distinguia ainda das outras capitanias com o nome
de Capitania hereditaria de Itanhaen .
Em fim : “ são caturrices de historiadores” como bem define o
Snr . Dr. Affonso de E. Taunay em uma carta que nos escreveo em
resposta a uma consulta que neste sentido lhe fizemos .
Estas confusões feitas pelos nossos historiadores não deixam
de ser prejudiciaes, se não fossem vergonhosas para nós, os paulistas,
perante todo aquelle que se propõe a estudar a fundo este assumpto,
tão importante, das Capitanias paulistanas.
O douto historiador italiano prof. Vicenzo Grossi, em seu livro
“ Storia de la colonizazione europea al Brasile " , ao tratar de tão
importante assumpto das Capitanias em São Paulo , diz o seguinte ,
depois de analyzar a complicada questão :
66
Quanto alla Capitannia de Itanhaem (o de São
* Paulo ? ) , essa viene incorporata a la Corona colle
“Carta Regia del 31 Agosto 1753 e 28 Gennaio 1754,
mediante indenizo al donatario ."
64
Auto de posse da Capitania de S. Paulo em nome
de Sua Magestade que Deus guarde. "
“ Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Chris
to de mil setecentos e quatorze, aos vinte e cinco dias do
mez de Fevereiro do dito anno , nesta cidade de S. Paulo,
em as casas do Senado da Camara della, com assistencia
do Governador Manoel Bueno da Fonseca prezidencia
do Dezembargador Ouvidor Geral Dr. Sebastião Gal
vão Rosquinho, juizes, vereadores e procuradores da Co
rôa e Conselho ; onde vierão para effeito de tomar pos
se desta Capitania de S. Paulo, em nome de Sua Ma
gestade que Deus guarde, por estar hoje affecta a Coroa
real, por compra que della fez o dito Senhor, pelo Con
selho Ultra- Marino, ao Marquez de Cascaes, Senhor e
donatario d'ella, pelo preço de quarenta mil cruzados,
pagos na Junta do Commercio, e a luva de quatro mil
cruzados que mais se lhe derão pela dita Capitania, de
cincoenta legoas de costa, conteudas na escriptura de
compra e venda que d'ellas se fez pelos procuradores da
fazenda real, ao dito Marquez de Cascaes, e a Coroa
de Sua Magestade, que estão registrados nos livros da
Camara desta Cidade. E com effeito, o dito Dezember
gador e Ouvidor Geral e officiaes da Camara tomarão
posse das ditas cincoeinta legoas de Costa, desta Capi
tania , em nome do dito Senhor e do seu procurador da
Coroa o Capitão-mór Pedro Taques de Almeida, no
nome que representa. Do que, de tudo , mandarão fazer
este Auto que assignarão com as mais pessoas que pre
sente se achavão e eu Antonio Corrêa de Sá o escrevi.”
- 218 -
CAPITULO XIV
lina, não poderiam negar que essa linha” lhes provinha de Lopo de
Souza , neto não legitimo, mas reconhecido, de Martim Affonso de
Souza ...
Pequenas e insignificantes particularidades estas, que hoje nada
significam e que, entretanto, na época á qual nos estamos referindo,
entre um povo tão cioso de suas prerogativas, como era povo
paulista, muita importancia adquiria , pesando fortemente sobre
a opinião publica, com a qual se aquilatavam os factos e se decidiam
altas questões, como esta de que nos occupamos .
Me
CAPITULO XV
66
O titulo de
isso não o tinha feito até essa data, emquanto as suas vistas estavam
voltadas unicamente para a região das Minas Geraes, menos pro
babilidade haveria agora , na desannexação legal dessa donataria de
Martin Affonso, quando já estavam em plena evidencia as ricas mi
nas de Cuyabá bem como as de Goyaz. Do que agora cogitava, se
riamente, o rei D. João V, como bem diz o Dr. João Mendes de Al
meida , “ era de peiorar as condições do donatario, para diminuir a
indemnisação ” . Essa “ indemnisação " não se faria porém, em seu rei
nado, nem tão pouco no do seu successor, como affirmam os chronis
tas, Fr. Gaspar, Pedro Taques e Marcellino Pereira Cléto, porque,
o producto fabuloso dessas Minas de Ouro da donataria de Martim
Affonso, então chamada Capitania de S. Paulo – ainda não eram
sufficientes para manter o fausto e as prodigalidades d'esses mo
narchas .
CAPITULO XVI
O SERTÃO E AS MINAS
NAS DUAS PRIMEIRAS CAPITANIAS PAULISTAS
baxos , fazendo o caminho a l'es nordeste até mea noite em que man
dei tomar as velas por me fazer com ho Rio de Janeiro.
“ Sexta-feira, XXIII dias do dito mez, pôla manham , via a terra.
tres legoas de mim e conheci o Rio de Janeiro que me demorava a
norte e quarta do nordeste, e com O vento sudoeste dei vela e en
trei nelle ao mêo dia . "
“ Sexta- feira, XXIIII dias do mez de Junho, chegou a náo Santa
Maria das Candeas que fiquara em Sam Vicente acabando de car
regar. Neste rio estive tomando mantimentos para 3 mezes e parti-me
terça - feira 2 dias de Julho : com o vento nordeste sahy fóra, e achei
o mar tam feo, que me foy necessario tornar arribar e surgi na bocca.
ao mar da Ilha das pedras em fundo de areia limpa de 15 braças..."
- 261
CAPITULO XVII
cachoeira, até á Gróta -Funda, e dalli até ao alto ( Rio Grande e Cam
po Grande ) , d'onde se dirigia para Santo André e São Paulo de Pira
tiniga. ( 1 ) O caminho do Cubatão, depois aberto e melhorado, no
tempo de Anchieta , por ordem de Mem de Sá , onde hoje trafegamos
automoveis e é conhecido por Caminho do Mar, já existia nessa época
e só era trilhado pelos indios.
Foi pelo caminho velho ( Piassaguéra ) que Martim Affonso, seu
sequito e os primeiros missionarios Jesuitas , Leonardo Nunes, Dio
ser
go Jacome e Pedro Corrêa, em 1550, penetraram nos campos e
tões de Piratininga, antes de 1553 .
São estes, aliás, factos incontestaveis, como se podem provar, com
documentos só agora conhecidos .
Além do caminho de Piassaguéra e do caminho do Cubatão, no
mar de Santos, que são até hoje bem conhecidos, existiam , ao sul do
lagamar de São Vicente, outros “ caminhos do mar" que communi
cavam com os sertões do interior eе foram percorridos pelos pri
meiros povoadores e missionarios.
Entre estes, os mais notaveis são : o que da aideia de Imbohy
( ou Mboy ) e Santo Amaro, se dirigia a Itanhaen, conhecido por
Caminho do Gado do qual as sesmarias do tempo de Martim Af
fonso e os velhos documentos da Camara daquella villa nos dão 10
ticia ( 2 ) .
Essa antiga " estrada” foi ainda melhorada, após a Independen
cia , pelo engenheiro Porfirio, a mandado do governo Provincial; mais
tarde, 1885, o deputado dr. Cunha Moreira, residente e proprietario
em Itanhaen, por verba votada pela mesma Assembléa Provincial,
mandou tambem melhorar o camiriho da serra, desde o alto até
o “ Porto Velho" , á margem do Rio Branco. Foi por esse caminho do
mar, de Itanhaen, que o celebre caudilho, Bartholomeu Bueno de
Faria , subdito da capitania de Itanhaen , residente em Jacarehy, desceu
em 1710, com o seu troço de indios e tropas de muares para tomar a
Praça de Santos e levar o carregamento de sal , para abastecer as po
voações do interior, como é bem conhecido. Foi ainda nessa mesma
correr
( 1 ) Odesbravamento da Amazonia pelos cearenses, no
do ultimo terço do seculo XIX, facto dos mais notaveis da nossa ex
pansão , foi feito á custa do sacrificio dos indios. No alto Acre não
restam nem vestigios delles ,
(2) - “ Indianer and Anglikaner ", Braunschweig -- 1900, pag. 35.
- Frederici G.
- 275
extinctas nessa época, mas sim, “ os negros ", trazidos das costas d'A
frica, que, apezar de sua robustez, morriam asphyxiados nas galeria,
e furnas, ou pereciam sob os maus tratos de seus desalmados se
nhores .
O ouro, arrancado assim do sólo, embebido e manchado com 0
sangue de tantas victimas, não trouxe e nem podia trazer o progresso
e almejada felicidade dos mineradores !
A verdadeira riqueza do paiz e principalmente o notavel surto
e progresso de São Paulo, só mais tarde, pela cultura da terra sob
o “ braço livre ", é que deveria manifestar- se, conforme já tivemos
occasião de referir em outros capitulos.
CAPITULO XIX
NOTAS EXPLICATIVAS
mais cedo do que devia e que por isso não lh'a quizesse dar
Christovam de Aguiar " .
(32 ) Jeronymo Pantojo Leitão. Tendo sido nomeado por uma pro
visão do governador geral , Francisco Barreto, de 6 de Ou
tubro de 1657, para que, vagando, na Capitania de S. Vicente,
qualquer dos cargos de capitão -mór, provedor da Fazenda Real ,
ou sargento -mór, elle entrasse a servir por virtude desta pro
visão, que apresentou na Camara de S. Vicente e se cumpriu aos
6 de Janeiro de 1658. Nesse dia tomou elle a posse de Capitão
mór-governador .
(33) Antonio Ribeiro de Moraes. Por provisão de Salvador Cor
rêa de Sá e Benevides, governador geral , passado dos 4 de Ou
tubro de 1659 e cumprido e registrado na Camara de S. Vicente
aos 19 de Dezembro de 1659. - ( Archivo da Camara da dita
villa, livro 14.º ) .
296
3.0
Pedro de Almeida Portugal, conde de Assumar. Tomou posse
a 14 de Setembro de 1717 e serviu até 4 de Setembro de 1721 .
Pedro Alvares Cabral. Foi nomeado para substituir o conde de
Assumar, mas não tomou posse do cargo .
4. °
6.°
7.
15.º
FAGUNDES VARELLA
A ' excepção das 1.*, 2.*, 4.a, 7." e 16.º estrophes de *** que se
não encontram em " A uma mulher ”, e da 13." que apparece em ambas,
sem alteração , as demais foram aproveitadas na segunda poesia depois
de mais trabalhadas na forma e nas ideas .
Tambem " O Vagalume" publicado pela primeira vez no " Recreio
Instructivo” n. 2, anno I, de Agosto de 1861 com as suas seis estrophes
sómente, não é bem “ O Vagalume” das “ Obras Completas " em oito
quadras
ACUSMATAS
PALAVRAS DE UM LOUCO
Mas onde estou eu ? Que frio é este que me corre pelas veias ?
Que agitação é esta no meu seio ? Ah ! E' verdade, lembra -me agora,
eu sou um louco, o mundo o diz e eu o sinto !
Este frio que me gela , é o halito da morte que chega !
Oh ! vem ! Vem , virgem dos derradeiros momentos , vem , que estou
cançado de esperar-te !
Preso em teus braços, suffocado por tuas caricias, o pobre louco
poderá voltar- se um momento para o mundo e dizer : Maidição !
- 314 –
PALAVRAS DE UM LOUCO
gilias, em alegria soturna rythmada pelo tinir das taças e pelo som
das cantigas, numa atmosphera saturada dos vapores do vinho, aden
sada pelo fumo dos cachimbos até que, de repente batem na porta :
DR . EDMUNDO KRUG
( SOCIO HONORARIO DO INSTITUTO )
SURREALISMI
Artistas elles não são e verificando eu que a sua arte não é desen
volvida cheguei á conclusão que seria inutil perder o meu tempo no
estudo deste assumpto, devido, tambem, á deficiencia de material e
não ter encontrado nos seus utensilios, armas e tecidos amostra apre
ciavel.
As pontas das flexas e as pennas que servem de guias a estas, ge
ralmente de arara, multicolores, são prezas por fita de imbé, untadas
com cera ou amarradas de tal forma que não se desprendem facilmente.
O ferro que se encontra nas choças destes selvicolas é proveniente
de armas trocadas ou de ferramentas velhas achadas por elles no
matto , perdidas por qualquer roçador ou trazidas mesmo pelos “ Co
roados" mansos . O seu estado atrazado de cultura ainda os conser
va muito distanciados da idade do ferro. Para apontal- o servem - se
da pedra .
As caçadas nunca são feitas a sós ; em regra geral vão sempre
em grande algazarra, 10 a 20 individuos, á procura do rasto do ani
mal, sempre acompanhados de seus cachorros magros e famintos.
o indio foi o mestre do sertanejo caçador e devido ao seu olho
firme e seu olfato altamente desenvolvido é capaz de achar em breve
tempo a caça desejada .
Conhecem perfeitamente os barreiros na beira dos rios nos quaes
as antas, jacutingas e outros animaes vão lamber e pisar a terra sa
litrada.E' dahi que elles , seguindo o rasto da anta , que é sempre
.O mesmo , soltam OS seus cães , fazendo sempre a maior algazarra,
imitando outros animaes, no que são verdadeiros mestres e vão
ao logar onde o enorme pachiderme, para se livrar dos seus perse
guidores , joga-se á agua . matando - o então com golpe certeiro de
lança ou de flexa .
Morta a preza e sendo ella grande, o sangue é immediatamente
esgotado e dado aos cães juntamente com os intestinos. Em seguida
é amarrada.com cipós e lançada na agua para ser lavada do sangue.
No dia seguinte ou mesmo algumas horas depois, a caça é levada ao
a campamento onde é comida em forma de churrasco .
Para preparar este petisco, que na verdade é delicioso, é previa
mente feita uma cova na qual são deitadas pedras mais ou menos
grandes entre tócos de lenha enxuta . Depois de ateado o fogo e
vermelhas as pedras, a caça é ahi deitada e coberta com folhas de
coqueiros que por sua vez recebem uma densa camada de terra. Assim
fica a caça assando durante horas e horas ; retirada, é comida pelos
kaingangués sem addicionamento de sal ou tempero algum .
A caça pequena, como gambás, jacutingas, jacus, inambús etc., é
preza em laços e armadilhas engenhosas collocadas em logares pre
326 –
nião da maior parte dos nossos patricios, julgando taes trabalhos ocio
sos é desnecessarios ! Para dar um exemplo desta lingua, vejamos como
se conjuga o verbo ter . O presente do indicativo seria ;
1.a pessoa Tõo -inhi;
2.a singular Tõo - ani;
3. * Toõ-tini :
1.a pessoa Tõo aimanti;
2.a plural Tõo ayangue nanti;
3." Tõo ' hangue nanti.
o Imperativo se conjugará :
1.a pessoa Tõo-inhive ;
2.a singular Tõo-aniye ;
3.a Tõo-tinive ;
Um certo dia elie reunio os seus parentes e disse - lhes : voces sof
frem sempre fome, porque só comem mél e frutas do matto ; tragam
os seus cacetes e façam aqui neste logar uma grande roça, derrubem as
taquaras e ateiem fogo ás arvores cahidas depois de seccas. Assim
elles fizeram. Então Nhára ordenou que trouxessem cipós e fossem
junto com elle ao meio da roçada, cuja ordem tambem foi cumprida.
Mandou -lhes então que amarrassem pelos braços e pescoço e o arras
tassem em as diversas direcções dentro dos limites da roçada ieita.
A isto todos elles se oppuzeram e começaram a chorar, mas o velho
dizia que já estava prestes a morrer e que cançado deste mundo tinha
saudade dos seus que se achavam já ha muito tempo junto a Tupam ,
que os dirige no mundo da alegria e fartura e que si fizessem como
eile ordenava somente teriam lucro e viveriam muito mais felizes.
Conver:cidos, de que iam tirar vantagem desta acção os Kaingangués
accederam ao pedido. Antes, porem , de arrastal-o, pedio o velho que o
enterrassem justamente no centro da roçada e depois de terem feito
tudo isso fossem durante quatro luas ao matto para caçar, comer mél e
frutas. () pedido todo foi executado e depois de quatro luas voltaram
ao logar achando toda a superficie roçada semeada de uma planta
alta, com folhas largas e com espigas verdes, planta esta que elles
nunca tinham visto antes. Todos os Kaingangués experimentaram o
fruto e achando - o delicioso satisfizeram-se a fartar. Em homenagem ao
bom velho, ao despretencioso cacique e para não ficar esquecido o seu
nome, deram ao milho o nome Vhára .
Vejamos finalmente alguma cousa sobre o canto e a dança ; ouça
mos Telemaco Borba, o amavel paranaense :
“ Vão sabiam cantar nem dançar. Em suas reuniões só bebiaino
quiquy, quando sentados junto ao fogo ; de suas boccas não sahia canto
zigum e porisso suas festas eram tristes e enfadonhas. Desejavam
aprender a cantar e dançar, mas não havia quem os ensinasse ; outros
indios ainda não existiam. Um certo dia que os Cayurucrés andavam
caçando, encontraram em um logar aberto no matto um enorme tronco
de arvore caido e já carcomido pelo tempo ; sobre elle estavam encos
tadas umas pequenas varas com folhas, a terra perto do tronco estava
muito limpa, folha alguma a sujava, planta nenhuma se observava ali ;
examinando - a verificaram haver pequenas pegadas de crianças e ad
mirando-se d'isso, contaram á noute, nos seus ranchos, a descoberta.
Junto foram , então, no dia seguinte examinar com mais attenção o que
poderia ser, aproximaram -se do tronco e escutaram : d'ahi a pouco
viram um pequeno porungo prezo á ponta de uma varinha, que se
movia continuadamente produzindo um som exquisito mais ou menos
como ri, ki ri... As varas encostadas á arvore carcomida, começaram
a mover- se compassadamente, ao mesmo tempo que uma voz muito
335
fraca cantava : emi no tin vê ê ê é. Ando chô caê voú a. Ha , ha, ha.
Emi no tin vê ê , ê, ê , ê. Emi no tin vê ê ê ê ...
Comprehenderam immediatamente que aquillo devia ser incontes.
tavelmente alguma cousa como canto e dança, aprenderam de cor as
palavras, sem comtudo entendel -as. Aproximando- se do tronco só vi
ram as varas e o porungo quietos , bem quietos . Examinando o chão
não encontraram logar algum onde se pudesse ter escondido o cantor,
não souberam quem era o dançador. Passados dias voltaram de novo
ao matto usando das mesmas precauções anteriores, viram outra vez
o porungo e as varas se mexerem e uma voz que cantava desta vez :
dou camá corô é, que agnan kananban. Coyogda emi nô ting : E qui
mațin ... E ' qui matin . Decoraram novamente o canto e examinando o
chão acharam tudo como da primeira vez. Abriram o porungo e acha
ram nelle somente pequenas sementes,pretas e duras, mais nada. O ins
tincto de imitação fez com que eles preparassem outras iguaes tal qual
acharam ; fizeram uma festa, dançaram e abrindo a bocca, que antiga
mente era muda, cantaram os dois cantos que tinham ouvido, fazendo
com as varas que seguravam nas mãos os mesmos movimentos que ti
nham observado.
Com o tempo foram compondo outros cantos e inventando outras
danças, mas em suas festas principaes começam sempre por estes .
Passadas algumas luas e sempre intrigados com quem poderia ter sido o
dançador e cantor, um Cayurucré foi ao matto e caçando deparou
com um Tamandúa - inirim . Levantando o seu cacete para matal-o o
bicho ficou de pé e principiou a dançar e a cantar as modas que elles
tinham aprendido. Então o Cayurucré ficou sabendo quem tinha sido
o mestre de canto e Cança. Depois de dançar o Tamandúa disse ao
Cayurucré : da-me teu cacete que eu o quero examinar para te dizer
a que sexo pertence o teu filho que vai nascer. O Cayurucré cedeu ao
pedido e o Tamandúa dançando disse-lhe : Eu fico com o cacete, teu
filho será homem .
Isto ha de servir de signal á tua gente ; quando encontrarem
commigo e me derem os seus cacetes, e eu ficar com elles, seus filhos
serão homens, mas si eu deital- o fóra depois de dançar, serão mulheres.
Os Tamandúas sabem muitas outras cousas e presumem os Kain
gangués que elles tivessem sido a primeira gente que existiu antes
d'elles, mas que de velhos perderam a fala e os dentes. Quando elles
os encontram entregam- lhes os cacetes e não os matam ; si elles os
seguram estes indios ficam alegres, sendo motivo de festa, onde o
goiffá corre sem cessar " .
Isto sobre os Coroados.
Vejamos agora algo sobre os Cayuás que, como é sabido, formam
uma grande ramificação do gentio guarany.
- 336
não lhe obedeceu e raivosa disse-!he : “ voce diz que o seu filho tem
vontade de comer , pois saiba que o meu filho não é seu " . O marido
ouvindo isto entristece, abandonando - a . Esta não vendo, depois de
decorrido algum tempo , o marido, affligiu-se e começou a procural -o.
Finalmente achou o seu rasto , seguindo - o perdeu - o novamente por ter
elle pisado em chão areento . Ella começa a chorar e o filho, pro
ximo a nascer, condoendo -se da mãe, disse -lhe : siga o caminho a
direita " . Ella seguindo a vereda indicada e andando muito , chega
finalmente ao cume de uma serra donde tinha uma larga e linda
vista , podendo perceber ao longe o marido que já descia outra serra ,
perdendo - o de novo . Ella não desanimou, seguindo - o até chegar n'uma
encrusilhada e não sabendo si devia ir á direita ou à esquerda, ou
seguir pelo mesmo caminho , começou de novo a chorar . O filho dis
se -lhe então desta vez : " segue á esquerda, que encontrarás teu ma
rido ; meu pai não está longe " . Caminhando, sempre mais desesperada,
chegou ella a um arraial aonde havia lindas flores ; ahi o filho
pediu -lhe que apanhasse algumas d'ellas ; accedendo ao pedido ella
foi n'esta occasião picada por um marimbondo , que n’ellas sugava o
delicioso nectar . Chegando a uma nova encrusilhada o filho disse -lhe
novamento : segue á direita, mas apanha -me aquellas flores , que são
ainda mais lindas e mais cheirosas do que as que trazes comtigo " ,
Ella , colheu -as, mas desta vez foi picada por uma grande vespa , que
se refrescava nas sombras de petalas multicolores. A mãi , zangando - se,
deu uma palmada 110 logar aonde estava o filho . Quando ella chegou
pela terceira vez a uma encrusilhada e perguntardo ao filho qual o
caminho que devia seguir, este, vexado, nada lhe respondeu , calan
do-se completamente. Eila tomou a esquerda e foi dar á tóca dos ti
gres , das onças pintadas, situada na beira de um grande precipicio :
justamente na entrada estava deitada a avó dos tigres a quem a po
bre viandante perguntou si tinha visto o seu marido. Aquella , olhan
do - a desconfiada e rugindo, disse -lhe que os unicos entes vivos que
havia eram os seus netos, que no moment andavam caçando e que
si a percebessem a devorariam .
A mulher, com fome, pediu -lhe alguma cousa para comer e en
arvore, suas flechas eram pequenas, não os podiam matar e gritando afim
de ver si alguem os ajudava, ouviram em seguida uma resposta
bem de perto . Dahi a pouco appareceu- lhes um homem de
346
ram e quando chegaram onde estava o pai, viram que elle era um
homem branco com a barba e os cabellos louros, a cara, porem , pin
tada de vermelho com urucú . Tinha cinto , pulseiras e cocar de pen .
nas vermelhas , os olhos eram como a luz do fogo ; ficaram com
medo e conheceram que o pai delles era Tupan, que governava o mun .
do inteiro. O pai perguntou -lhes pela mãi , elles contaram o que tinha
succedido a ella e os trabalhos porque tinham passado. “ Vamos para
a minha morada descançar” , e elles foram e durante a conversa
Pags.
FOLGANÇAS POPULARES DO VELHO SÃO PAULO , por
Affonso A. de Freitas membro benemerito do Instituto . 5
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