as yararas
Bichos s6 encontrados na banda oriental
do Paraguai, as yarards sao exclusivamente
femininas. A rigor, constituem exemplares
perfeitos de réptil hermafrodita, mas como
para os indios inexista esta mediagao — e
tao s6 0 limitado império dos dois sexos —
as yarards serao sempre as yararas — fémeas,
feminias, serpentes emplumadas, os olhos
de moga e 0 recurvo par de presas que
apunhala os apaixonados.
Zo6latras chilenos que pesquisaram o
mito na aldeia de Soledad, encontraram
historias de homens que engravidaram a
yarara, acrescentando ter dela nascido,
algum tempo depois, uma espécie feroz de
cobra — curta e grossa, a qual, por cega,
atira-se, odiosa, em qualquer dire¢do.
Parecida a um cao em furia.
SI
tae con camscetAs yarards costumam enrolar-se ao
galho mais CE das arvores, em paciente
espreita — o indio virgem tremerd, ante
os olhos delas, verdes, fatais como os olhos
de uma mulher, e sera ele que a yarar4 ha
de esperar, noite e dia, a sua presa.
O sexo das yarards é uma fenda
obliqua ao meio de seu coleante corpo de
jib6ia. Ali os homens jovens sao felizes.
Para 0 poeta Helio Veras, e também
para 0 paraguaidlogo Fabio Campana, 0
que mais chama atengdo na yarara € que,
sendo falica, facilmente se inscreva entre
os grandes mitos feminis do extremo
oriente paraguaio, 0 que recoloca as
serpentes — de qualquer tamanho — no
Ambito de um simbolo do qual nunca
deveriam ter saido: 0 de eixos femininos,
sua mais exata ciéncia.
As yarards enternecem 0 coragao dos
indios adolescentes que as chamam, nas
siestas calcinadas, em plena mudanga de
yoz, as chamam, OS duros mamilos
entumescidos e o abrasado calor a altura
da pélvis, yarardmichimira "ytotekemi,
de um modo ritmado e continuo,
yarardmichimira’ytotekemi, até a sincope,
yarardmichimtra’ ytotekemi, a sincope com
que pela quinta vez decaem do paraiso.
As yarards nfo respondem, limitando-
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ssovio. Nao, a ninguém
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a
tae con camscet