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SN 1678-7730 Coordenagio: Dr. Héctor Ricardo Leis Vice-Coordenagio: Dr. Selvino J. Assmann Secretaria: Liana Bergmann Editores Assistentes: Doutoranda Sandra Makowiecky Doutoranda C Tavares da Costa Rocha Doutorando Adilson Francelino Alves __ Atea de Concentragao A CONDIGAO HUMANA NA MODERNIDADE Linha de Pesquisa Representagies da Modernidade CARLOS AUGUSTO SERBENA IMAGINARIO, IDEOLOGIA E REPRESENTACAO SOCIAL N° 52 — Dezembro de 2003 Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciéncias Humanas A colegdo destina-se a divulgagao de textos em discussiio no PPGICH. A circulagao ¢ limitada, sendo proibida a reprodugao da integra ou parte do texto sem o prévio consentimento do autor & do Programa IMAGINARIO, IDEOLOGIA E REPRESENTAGAO SOCIAL, c ‘los Augusto Serbena* Resumo, Este texto discute os conceitos de imagindrio, ideologia ¢ representagio social procurando uma mancira de articulagio entre os mesmos ¢ 0 campo de atuago de cada um. Considera 0 imagindrio na perspectiva de G. Durand ¢ C. G. Jung, como universal, simbélico, imaginative dindmico. A ideologia seria uma das manifestagdes do discurso oriundo do imagindrio, mas com 0 a caracteristica da univocidade ¢ sem a multivocidade deste. O imagindrio, nesta concepeao, representaria 0 fundamento nao cognitive da representagao social, articulando sua causalidade figurativa ea sua face simbélica. Palavras — chave: Imaginario, idcologia, representagao social. *Aluno do Programa de Doutorado Interdisciplinar em Ciéncias Humanas 1. Ideologia e presenga do imaginario A idcologia € um conccito extremamente maleével, mas pode ser constatada sua operacionalidade simplesmente assistindo a cobertura da midia de um evento como uma greve, ou no qual esteja envolvido algo relacionado ao poder. Entretanto, tal como o termo “poder”, 0 estudo da ideologia foi revelando novos aspectos que estenderam 0 conceito muito além do termo inicial de distoredo de realidade. Zizek coloca bem a posicdo atual da ideologia: Ideologia pode significar qualquer coisa, desde uma atitude contemplativa que desconhece sua dependéncia em relacdo a realidade social, até um conjunto de crencas voltado para a acdo; desde 0 meio essencial que 0 individuos vivenciam suas relagdes com um estrutura social até as idéias falsas que legitimam um poder dominante. Ela parece surgir exatamente quando tentamos evité-la e deixa de aparecer onde claramente se esperaria que existisse”. (1996: 9). Este conceito tornou-se problemitico desde a proclamada “morte das utopias” em nossa yciedade contemporanea. Com esta morte perdeu-se a referencia dltima (utopia) a partir do qual se observava ¢ criticava idéias, visdes de mundo e projetos e poderia julgi-tos verdadeiro ou falso (cf. Russ, 1999), © conceito inicial de ideologia como “idéia falsa que legitima o poder dominante” se modifica, da andlise do contetido passa-se a analisar o processo de sua enunciagdo e seu contexto. O importante no é mais necessariamente o contetido falso ou no, mas as suas condigdes de enunciagio ¢ seu entendimento, isto é, como se configura sua funedo de discurso dentro da dinamica social. Como se engendra, articula, dissemina, reproduz e se mantém um discurso que assume uma funedo ideol6gica? Neste sentido, as justificativas ideoldgicas so fundamentalmente discursivas, uma narrativa racionalizada sobre um tema, mas clas “possuem elementos que extravasam 0 meramente discursivo, o cientificamente demonstrdvel” (Carvalho, 1987: 9). Por exemplo, os modelos de organizagao da sociedade na revolugao francesa traziam embutidos aspectos utépicos € visionarios. Estes aspectos normalmente so considerados secundérios no estudo da ideologia € das questOes postas acima, entretanto parece que este “extravasamento” do “meramente discursivo” ou racional representam um aspecto fundamental a ser considerado. Na falta de uma denominagio precisa, pode-se dizer que este aspecto forma o campo do imaginirio, de um modo geral, formado pelas imagens, simbolos, sonhos, aspiragdes, mitos, fantasias, muitas vezes pré- racionais e com forte conotagao afetiva que existem ¢ circulam nos grupos sociais. Pode-se colocar como exemplos o fendmeno quase universal da necessidade de um mito de origem, por vezes mascarado cm historiografia, que estabelece uma verso dos acontecimentos que dé sentido ¢ Iegitimidade a situagao presente © vencedora. (talvez. 0 mito do herdi ?) © na propria estrutura do fendmeno revolucionirio. Este parece que possui elementos miticos, tal como uma constante referéneia a um “além”, a um ideal ou um paraiso ¢ contém uma espécie de ritualizagao da revolta com presenga constante de rituais de regencragao, com # presenga necessiria de sacrificio e expiagao (cf. Maffesoli, 1981: 77). Assim, os simbolos ¢ mitos podem tomar-se receptores das projegdes dos medos, interesses € aspiracdes, modelando comportamento, condutas ¢ visdes de mundo desde que partithado por pessoas criando uma comunidade de sentido e solidificando uma determinada visao de mundo. Neste sentido, 0 campo do imaginério & também um campo de enffentamento politico, extremamente importante nos momentos de mudanga politica € social e quando se configuram novas identidades coletivas. Isto coloca a questo da duplicidade dos fatos sociais, isto & a sua dupla referéncia a um real empirico ¢ a sua Fungo imaginal, isto é, a sua posi¢o ocupada no imagindrio do grupo social em questio Deste modo, parece no haver diivida sobre a importincia da fantasia ¢ das imagens no mundo social. A abordagem deste campo proporcionou varias descobertas e foram relacionadas varias e complexas fungdes do imagindrio na vida coletiva e no exercicio do poder (cf. Backso, 1985: 297), pois o poder, especialmente o politico, explora ¢ suscita representagdes coletivas. O termo “imagindrio” vem sendo cada vez mais utilizado ¢ tendo maior penetragdo nos estudos te6ricos, entretanto esta difusio € utilizagdo so responsiveis por uma grande variedade no seu sentido ¢ conceito. Normalmente cle nao é definido de forma rigorosa ¢ acaba por incluir varias nogdes © conccitos considerados de uso comum, mas que sko vagos tais como a imaginag3o, a fantasia, o ilusério, o ficticio, o irreal entre outros (cf. Coetho, 1997: 212). 2. Posicio epistemolégica A partir do inicio da idade moderna ¢ com o triunfo da razdo ¢ da eigneia positiva ¢ tenica, © conhecimento tem como objetivo 0 objeto observavel, procura a universalidade, a possibilidade de previsdo ¢ controle e um fundamento na substncia material, nos fatos ou na “experiéneia”. Os mitos, sonhos, fantasias ¢ toda produco imaterial passam a ser considerados com uma outra tica. O reino do “espirito’ e da “cultura” sdo considerados sub-produtos do mundo real, seja da sociedade ou dos processos fisico-quimicos que ocorrem no ser humano. Ignoram-se entio os hos, aspiragdes, desejos, ideais, fantasias ¢ afetos do homem comum do cotidiano. Estes so desconsiderados ou climinados em fungao de um objeto ideal, como um ator coletivo ou um ego racional, pois no so empiricos, observaveis ou quantificaveis. O real passa a ser apenas este homem ideal’. Isto pode ser verificado na Psicologia pela emergéncia da Psicologia cientifica do bchaviorismo de Watson ¢ Pavlov, no marxismo pela determinagao econdmica da sociedade, pela teoria dos quatro estigios da evolugio da sociedade de A. Comte ¢ pela énfase nos fatos na historia Assim, 0 pensamento positivista, cientificista e materialista aplicado ao estudo do imaginirio tende a consideré-lo como um real deformado. O imagindrio ¢ concebido como epifendmeno do real ¢ se contrapde, como ilusdo ou fantasia, a0 conhecimento ¢ ao saber cienti tbe entao , necessariamente positivas © empiricas, estudar a ilusio do imaginirio’. Com 0 acaso do projeto da modemidade ¢ da promessa do Tuminismo da conquista do mundo pela razo e pela cigncia, ocorre a morte das ideologias, tanto pelo aspecto brutal e tragico das tentativas de sua efetivagio quanto pelas criticas do advindas do proprio pensamento. Verifica-se a auséncia de um sentido tinico ou absoluto, de uma "Verdade" a ser descoberta pelo pensamento cientifico © que permitiria entender, julgar os fatos e criar valores. A ciéncia positivista ndo é mais encarada como uma verdade absoluta ¢ so valorizados e possibilitados a abordagem destes campos “imateriais”, destes aspectos do imagindrio. Inicialmente, aparecem inseridas em teorias sociais mais amplas e estabelecidas. © campo classico de estudo do imagindirio social, segundo Backso (1985: 306s), ¢ formado por trés autores: Marx com a intengao desmistificante ¢ utilizando 0 conccito de idcologia; Dukheim demonstrando a relagdo entre as estruturas sociais e as representagdes coletivas © 0 modo como estas estabclecem a coesio social ¢ Weber mostrando a questo do sentido que os ‘mostrando a imaginag3o como uma atividade necesséria ao individuo, da antropologia estrutural ‘mostrando como a cultura pode ser considerada como um sistema simbdlico, pela histéria das mentalidades © por outras disciplinas. Isto mostra a complexidade do imaginario ¢ de sua abordagem, que atravessa varias disciplinas configurando-se como um campo interdisciplinar da multiplicidade de métodos ¢ teorias que existem sobre ele ¢ a inexisténcia ¢ de uma teoria iinica e consensual para o mesmo, percebida claramente na polissemia do termo “imagindrio”, “simbolo’ e nas difereneas conceituais Deste modo, a partir das dltimas décadas, o imaginario sai do campo das belas-artes, onde tradicionalmente & utilizado, e passa ser aplicado no dominio da vida social. Verifica-se a existéncia de téenicas de manejo do imagindrio em todas as sociedades, confundindo-se com os mitos ¢ os ritos, pois os guardides do imagindrio social sio também os guardides do sagrado. Enquanto nas sociedades ditas “primitivas” os mitos possuem implicagdes idcolégicas; na yciedade moderna, racional ¢ técnica, as ideologias escondem os mitos, pois o imaginario social € racionalizado e instrumentalizado. Nesta, emergem novas formas de trabalho com o imaginério, que conduzem a sua utilizacao e manipulagao cada vez sofisticada e com técnicas mais refinadas, tais como a propaganda moderna (cf Backso, 1985: 300). 3. Imaginrio e Universalidade Uma questio fundamental sobre o imaginario remete a sua universalidade. Se o imaginario existe em todas as sociedades, qual a sua matriz ? Como se relaciona com 0 mundo material ? ‘A abordagem estruturalista, em sua figura mais procminente: Levi-Strauss, considera que existe uma certa universalidade na mente humana, “a mente humana es en todas partes una y la misma, con las mismas capacidad” (Lévi-Strauss, 1978: 40) de tal forma que nio existe diferenga entre 0 modo de pensamento de sujeitos das socicdades ditas ‘primitivas’ ¢ da sociedade ‘modema” (cf. Lévi-Strauss, 1991:142)'. Existem clementos invariaveis da mente humana que possuem diversas manifestagBes ¢ constituem parcela importante do imaginario, O mito ou pensamento mitico também cxiste em nossa socicdade, pois é parte integrante da natureza humana. Ele surge da necessidade de resolver questdes tais como a oposigao entre a natureza ¢ a cultura. Sua mancira de resolver estabelecendo relacdes através de uma colagem (bricolage) de diversos elementos postos a sua disposigdo. Posteriormente aplica esta resolugao para problemas homélogos surgidos em planos distintos do original, assim, “a linguagem apropriada para um dominio estende-se a todos os dominios que poderia surgir um problema do mesmo tipo formal” (cf. Lévi-Strauss, 1991:179). Os mitos se organizam em conjuntos ¢ variagdes em torno de um niicleo temitico Ele & visto como uma linguagem a ser traduzida, reconstruindo a sua légica interna através de uma interpretagao adequada. Seria constante a mancira como mito & construido, a sua forma ¢ sua estrutura, mas variando os significados. A estrutura bisica que constitui © mito pode ser considerada como um modelo de funcionamento do imaginario. ‘Nesta abordagem os conceito de simbolo e de fungio simbélica sto ampliados . Chartier (1990: 18s) critica isto, considerando que desta forma acaba se remetendo a eles “iodos os signos gracas aos quais a consciéncia constréi a realidade” (Chartier,1990:20). Contra isto resgata a nogio de representagao a partir de Durkheim, mas recolocando-a em um sentido mais restrito, iscrindo-a cm uma relagio compreensivel entre um signo visivel ¢ um significado, mas nao necessariamente estavel ¢ de sentido unico. Ressalta a sua historicidade ¢ sua “irredutivel” especificidade ¢, desta maneira, recusa 0 conceito de categorias universais de pensamento. Também Certeau critica 0 método estruturalista por retirar os mitos, contos, provérbios (componentes do imagindrio) de seu contexto histérico ¢ “eliminar as operacdes dos locuiores em circunstancias particulares de tempo, lugar e competigiio” (Certeau, 1994:81) As criticas das tentativas de analisar os mitos © produgdes culturais coletivas a partir de uma teoria sobre a existéncia dos universais da mente humana, isto é o que a psique humana teria em comum podem ser esquematizadas em: (a) os critérios de andlise dos mitos so externos a cultura que os produziu, “de fora”; (b) ocorre uma reduedo dos diversos significados possivei do mito, as unidades estruturais do mito s8o definidas nos seus significados quando, muitas vve7es silo ambiguas ¢ polissémicos; (c) segmentos do mitos sao selecionados para andlise, mas 0 que nao é selecionado pode ser altamente significativo e (d) © mito € retirado do seu contexto cultural, suas unidades estruturais podem possuir outro significado do que aquele atribuido pelo pesquisador por meio de critérios “externos” a cultura do mito. (cf. Douglas, 1968 ¢ 1978). Respondendo as estas criticas, Lévi-Strauss coloca que a nogao de transformagaio & insepardvel da nocio de estrutura, apesar da maioria dos estudiosos ¢ criticos do estruturalismo focalizarem sua atengao sobre a nogio de estrutura e esquecerem seu dinamismo e iransformagao possivel (cf. Lévi-Strauss, 1991:159). Entretanto ele mantém a sua posicdo (ef. Lévi-Strauss, 1991:165) de que “o espirito humano se move em um campo limitado de possibilidades, de forma que ax configuragdes mentais andlogas podem, sem que seja preciso invocar outras causas, repetir-se em épocas ¢ locais diferentes” (Lévi-Strauss, 1991:166). As estruturas nio sto deterministas ¢ univocas, permitem diversas combinagdes ¢ possibilidades gerando miiltiplos significados possiveis. Desta maneira, 0 imagindrio teria componentes estruturais e que permitem levantar ¢ sustentar a hip6tese de sua universalidade. 4, Imaginario e Poder O imaginario possui uma fun © de Iegitimagio de um regime politico existe o trabalho de claboragio de um imagindrio por meio do qual se mobiliza afctivamente as pessoas. Nele “as sociedades definem suas identidades e objetivos, definem seus inimigos, organizam seu passado presente e futuro...O imagindrio social é constituido e se expressa por ideologias e utopias ...[e]...por simbolos, alegorias, rituais, mitos.” (Carvalho, 1987: 11). Assim 0 campo do imaginario também é um campo de luta politica pelo poder, onde se cruzam interesses de grupos sociais ¢ idcologias. O trabalho de apropriagdo dos simbolos ¢ configurago do imaginario a partir de um objetivo especifico cm fungao de interesses de determinados grupos sociais permite falar cm “poder simbsl Assim, um aspecto do poder consiste no exercicio de um poder simbélico que ‘ndo consiste meramente em acrescentar o ilusério a uma poténcia “real”, mas sim em duplicar ¢ reforcar a dominacao efetiva pela apropriagéo de simbolos ¢ garantir a obediéncia pela conjugacdo das relagies de sentido e poderio” (Backso, 1985: 299). Agregado a este poder simbélico, Bourdicu (1974: 170s) coloca a existéncia de uma “violéncia simbélica” que se define pela “crenga” na legitimidade daqueles que exercem 0 poder pelos individuos ¢ grupos que estiio sujeitos a ele. Isto ocorre porque os sistemas simbolicos* estabclecem uma ordem gnoscoldgica, atribuem tum sentido e uma ldgica, atuam no sentido de integrago social construindo um consenso ¢ sendo manifestos pelos simbolos. Observa-se que cles podem constituir campos especificos que seguem uma légica propria segundo o grau de autonomia c diferenciagao da totalidade da estrutura social, mas esto inseridos na sociedade ¢ esto sujeitos a condicionantes ¢ fungdes dentro desta mesma Ic aspectos politicos, pois na luta poli estrutura social. Neste sentido Bourdieu considera a arte, religido € linguas como simbélicos ¢ que as relagdes sociais so fundamentos tiltimos dos sistemas simb6licos. Eles podem caracterizar-se como uma idcologia, ou produzindo um efeito idcolégico quando atuam na imposigGo © legitimagao de dominagao, servindo a interesses de grupos especificos da sociedade ¢ nio a sua totalidade social. Desta mancira,.cxiste uma luta simbélica’ entre os diferentes grupos sociais para imporem a visio de mundo mais adequada aos seus interesses. O sistema simbélico reproduz “ sob forma irreconhecivel, por intermédio da homologia enire 0 campo da producdo ideolégica e 0 campo das classes sociais, a estrutura do campo das classes sociais” (Bourdicu, 1989: 12). A ideologia torna-se determinada entdo tanto pelos interesses dos grupos sociais a que referem, como pela ligica especifica do campo de produgao” do sistema simbélico no qual s encontra inserida. Assim, na andlise do imaginario ou de um sistema simbélico, necessariamente deve-se levar em consideragao as suas condigdes de produgio ¢ reprodugao, isto é, os sistemas sociais no qual esto inscridos e sua fungdo social. Nao considerando isto, a anilise pode assumir uma funcio ideoligica, no minimo, da neutralidade do intelectual e de suas produgdes. (cf. Bourdieu, 1974: 173s). Observa-se que Bourdicu no utiliza 0 conceito de imagindrio, mas de simbolo ¢ sistema simbélico. Opde sistema simbélico a mito considerando que o mito é um “produto coletivo coletivamente apropriado” (Bourdieu, 1989: 10) existente em sociedades homogéneas ¢ com um sentido totalizante ¢ partillha das criticas a uma pretensa universalidade do imagindrio. Entretanto, como o sistema simbélico na definigdo de Bourdieu é composto de quase os mesmos elementos do imagindrio e partilha das mesmas fungdes sociais, o mecanismo do poder e da uta imbélica acaba se sobrepondo ¢ a utilizago de sua abordagem tebrica esclarece aspectos politicos, de luta pelo poder ¢ a fungao idcolégica do imaginario. 5. Imagini , Sociedade moderna e representacao social Outra critica refere-se a possibilidade do imaginario, na forma como é normalmente concebido, ser adequado apenas para sociedades homogéneas no para sociedades complexas como a moderna. Nesta, a emergéncia do saber cientifico, t6enico e racional altcraria alteraria a fungao gnoscoligica, totalizante © de orientago dos mitos, ritos lendas, constituintes do imaginario. Esta fungao seria parcialmente preenchida por uma forma de conheciemnto denominada de representagio social ou pela ideologia. Enquanto 0 mito ¢ uma apreensio totalizante do mundo ¢ conferindo um sentido ao real, a representagao social é uma das vias de apreensio do real (cf. Moscovici, 1978: 43s) disponiveis na sociedade moderna. Ela & “uma forma de conhecimento particular de nossa sociedade e irredutivel a qualquer outra” (Moscovici, 1978: 46) sendo “equivalentes aos mitos ¢ sistemas de crengas das sociedades tradicionais” (Moscovici, 1981: 1) ¢ ao senso comum atualmente, Neste sentido ela ocupa a fungo de orientar e dar sentido aos sujeitos na sua vida cotidiana, situando-se entre 0 mundo dos conceitos técnicos e cientificos que dio sentido ao mundo tornando-o intelegivel e ds percepedes realizadas que procuram refletir este mundo. Estas tornam- se cada vez mais presentes ¢ atuantes quanto menos existirem teorias ou sistemas simbélicos que oferegam uma explicagao unificada da realidade ou na medida em que temos varios conhecimentos concorrendo entre si na sociedade. ‘A representagiio social localiza-se no cruzamento da sociologia ¢ da psicologia, é, “uma forma sociolégica de psicologia social”, com raizes histéricas no conceito “representagdes coletivas” de E. Durkheim. Possui um cariter ativo, de “produedo de comportamentos e de relagdes com 0 meio ambiente” (Moscovici, 1978: 50) modificando-o ¢ nao apenas reproduzindo-o. Ela procede através da manipulagao dos clementos conhecidos, procurando preencher as lacunas e dissonfincias com elementos ¢ conceitos de outros campos, modificando muitas vezes o scu significado original. Desta forma, as representagdes sociais, ao mesmo tempo que fazem com que 0 mundo “seja 0 que pensamos que 6 ele é ou deve ser” (Moscovici, 1978: 59), mostram que existe uma distincia entre a representaco € o real e que o conhecimento € 0 ‘mundo esto em constante mudanga. No estudo de uma determinada representacdo social “precisamos sempre retornar a este elemento de desconhecimento (nado familiaridade) que a motivou e que ela absorveu” (Moscovici, 1981: 16). Elas sfio formadas basicamente por dois processos: ancoragem ¢ objetificago. A ancoragem liga o clemento desconhecido © nao familiar a uma referéncia reconhecivel através do proceso de comparagio, julgamento, classificagio e categorizagaio feita a partir de categorias conhecidas ¢ criando um rétulo ou nome para cla. A inclui no universo conhecido ¢ atribui um valor ¢ um sentido para 0 desconhecido, tornando-o familiar através das relagdes que estabelece com 0 conhecido. A categorizacao permite classificar 0 no familiar em um modelo que generaliza um modelo tipico ¢ ideal, mas perecbido como real, original “natural”, Este modelo € utilizado para comparag’o com os casos reais © especificos. A classificago implica em dar um nome ¢ um rétulo, transformando o estranho em familiar. No processo de tornar o estranho em familiar é utilizada a formula de dar realidade ao conceito, isto & perceber © constatar a idéia em objetos reais. Primeiramente 0 conceito & associado com uma imagem ou combinagdo que formam um modelo ou “nticleo figurativo”, isto é* uma estrutura de imagem que reproduc uma estrutura conceitual de uma maneira visivel” (Moscovici, 1981: 27). Estas s4o sclecionadas a partir das caracteristicas, da tradigaio © das referéncias do grupo social. Adquirido ¢ consolidado este micleo, desenvolvem-se formulas, esteredtipos e clichés simplificando e ligando as imagens aos conceitos ¢ sendo utilizados para compreender a realidade, Eles tomam-se cada vez mais comuns até serem perecbidos como naturais, tomam-se parte da realidade social, considerados como entidades auténomas, cuja existéncia é um fato natural, sto “palavras sao transformadas em coisas”. (Moscovici, 1981,29), Na dinmica das representagdes sociais atuam conjuntamente dois tipos de atribuigaio de causas aos eventos ¢ objetos, uma causalidade eficiente, objetiva, cientifica, construida a partir do objeto extemo, procurando fatores ¢ variaveis invisiveis para o observavel © outra causalidade subjetiva, construida a partir da representagao do sujcito, explicando o cl pelo observavel. O sujeito passa de um modo causal a outro até construir um edificio que Ihe parece adequado, significativo e integrado. Isto remete ao fato de que ela possui duas faces, uma simbélica e outra icdnica (cf. Moscovici, 1981: 2). Pode-se relacionar a face simbélica com a causaco subjetiva, do lado do sujeito ¢ a iednica com a causa eficiente, arbitréria e conceitual (cigneia ¢ técnica). Desta maneira, pode-se considerar que a representac3o social ¢ um proceso cognitive de cunho social, realizado pelos individuos, mas partithado socialmente gerando a expresstio “sociedade pensante” (cf. Moscovici, 1981). Apesar de cognitiva, duas caracteristicas da representago social, a causalidade figurativa e a face simbélica permitam apontar a hipdtese de um fundamento no cognitivo na representag2o social. Este fundamento seria da ordem do imaginério, equivalente aos mitos ¢ simbolos, pois “a maior parte das teorias e nogdes muito abstratas acudiu primeiro ao espirito de cientistas ou surgiu numa ciéneia de modo figurativo, prenke de valores simbélicos, religiosos e figurativos” (cf. Moscovici, 19781: 66). 6. Uma relacao possivel entre imaginirio, ideologia e representagdo social Foi observado que a ideologia a representagio social possuem em sua constituigao elementos que ultrapassam o discurso racional, um carter figurative © simbélico © fungi cognitiva e social semelhante aos mitos ¢ religides. Pode-se considerar que 0 simbélico ou representagio é um elemento que constitui o humano podendo ser dividida em dois campos: do imagindrio e da representacdo semidtica. Este teria como fundamento o signo e aquele o simbolo. Nesta concep¢2o, o simbolo ¢ vivencial, polissémico, liga-se a imagens, remete a um significado invisivel e no passivel de ser traduzido em palavras, cle é a melhor expresso possivel de algo relativamente desconhecido enquanto o signo possui significado convencional, univoco e opera com experiéncias definidas e discurso l6gico e racional Assim, o sentido afetivo emocional de integragdo vivencial do individuo frente a realidade € a construgao de um significado para a sua existéncia sto realizados por meio do simbolo, através da imaginagio simbélica (que opera com simbolos) ¢ da fungo transcendente (que permite integrar opostos). O signo, presente no campo racional e com suas operagdes entre si podendo ser explicadas racionalmente e conjugadas segundo regras representa uma espécie de “enquadramento” da multivocidade do simbolo. Desta forma, 0 simbolo antecede aos conceitos, as idéias, as ideologias © a todas as representagdes c produgdes humanas semisticas, sendo o substrato do qual elas emergem. Ele relaciona-se com a fungo da imaginagdo, de acordo com teorias de pensamento tais como a Psicologia Analitica de C. G. Jung e a Teoria do Imagindrio de G. Durand. O estudo papel da imaginacdo de G. Bachclard e do estudo das religides enfatizam 0 papel da imaginagdio no relacionamento com a realidade, A imaginagao é considerada como um elemento criativo € relativamente auténomo em relagao ao sujcito ~ as imagens aparecem ao individuo ¢ nao esto sujeitas a seu controle. Ela possui a faculdade de integrar as diver feras da existéncia tais como pensamento, ado e emogdo em uma experiéncia significativa, através da fungao transcendente ¢ de simbolizagiio — 0 que 0 individuo faz, ¢ sentido ¢ entendido de forma plena, integrado afetivamente e, por conseqiiéncia racionalmente. ‘A mediago entre estas esferas é realizada através do simbolo. Esta maneira do simbolo operar mostra que seu significado ¢ as experiéncias e imagens a ele estio vivas ~ simbolo vivo, mas cle pode deixar de ser significative, de evocar estas experiéncias e de possibilitar a integragao, pode soffer um movimento de racionalizagao, tornando-se ent2o um signo ¢ formar ou se inscrir em um sistema ou discurso racional ¢ univoco. deixa-se o campo do simbélico para © campo semistico, da simbolizagiio para a representagio. A atuago do simbolo ¢ da imaginagao forma o campo do Imaginario. Deve-se salientar que este termo possui muitas acepedes e nem sempre & bem definido, Nesta concepedo, utiliza-se a definigio bascada em G. Durand (1997) na qual o imagindrio & ” o conjunto das imagens nao gratuitas ¢ das relagdes de imagens que constituem 0 capital inconsciente e pensado do ser humano. Este capital € formado pelo dominio do arquetipal — ou das invaridncias ¢ universais do comportamento do género humano — e pelo dominio do idiogréfico, ‘ow das variagdes € modulacdes do comportamento do homem localizado em contextos expecificos e no interior de unidades grupais” (Teixeira Coclho, 1997: 212), ui dois pélos: idiogrifico ou idedrio € arquetipal ou imagindria. O primeiro compreende a cultura, padrdes de conduta, cédigos, normas, priticas cientificas ¢ técnicas ¢ a determinagao. O segundo pélo envolve a afetividade, a vivéncia, as imagens por si proprias, a mitologia, o onirismo coletivo, os sonhos, as priticas rituais, a incerteza, denominado de “imaginaria”. Estes pélos so conectados através da fungdo simbélica (cf. Carvalho, 2004 29s). Este mapeamento do imaginario que permite estabelecer os diversos regimes do mesmo, eus modelos, as figuras arquetipicas e sua linguagem e é mostrado no esquema a seguir: Nous Mitolimaginal para cima, _® Configuragses > Dominio Ideogrific Processo de EIDOS Racionalizayio Mythopig desio J“ dmagindria vetor vetor represent ‘imagens coletivas Sutura — - — funedo. - —SIMBOLO + episiemologica simbélica (universo das imagens simbélicas) 4 Imagem arquetipica para BIOS baixg - > Invarineias > Dominio Schemes / arquétipos/ creodos Arquetipiol6gico PHYSYS, “{Esquema baseado em Carvalho, 1998; 401) Neste esquema conceitual a ideologia ¢ as representagdes sociais aparecem como uma das formas de funcionamento oriundas do imaginirio, sendo resultado de um proceso de racionalizagao, mas permeado de componentes mitico ¢ imaginais. Ela localiza-se principalmente no campo semidtico (do signo), agindo como uma visto de mundo coerente ¢ racional. Postula- , entretanto, que os componentes imaginais ¢ miticos (simbélicos) scjam responsaveis pelo papel integrador reunindo © pensamento, o sentimento ¢ a ago do sujcito em um todo coerente tanto no campo racional como no campo afetivo. Isto & possibilitado pela fungdio transcendente dos simbolos presentes nos componentes miticos ¢ imaginais da ideologia ¢ da representagiio social. Desta mancira, as imagens arquetipicas transformam-se em idéias e conceitos através de um proceso continuo de racionalizagio, saindo do pélo arquetipico em diregao ao polo 10 ideografico. A ideologia, enquanto visio de mundo, e a representagdo social atuam na sociedade ‘moderma como clementos que substituem os mitos ¢ a religito das sociedades homogéneas. Enquanto os mitos possuem claramente um fundamento arquetipal © sua coeréncia principalmente afetiva e emocional, pois pertence ao campo do imaginario; a ideologia e a representago social exigem uma certa cocréncia légica no preenchimento das lacunas ¢ aporias, pois estilo no dominio semistico, A ideologia, que em seu desenvolvimento tedrico chega a se colocar como ciemtifica, tornando-se visio de mundo, de alguma forma busca coeréncia, fornecer a orientago ¢ justificativa racional para as condutas ¢ comportamentos. Isto ¢ realizado por meio de um modelo conceitual da realidade através do qual se realiza a comparagdo ¢ a andlise. As lacunas incongruéneias do modelo tedrico procuram ser preenchidos com anilises teéricas da realidade € do proprio modclo. Isto fica claro quando se observa a propria historia do conccito de idcologia, surgido a partir do modelo de sociedade marxista. De forma diferente, mas também procurando preencher lacunas, a representago social procura tornar o objeto, antes estranho, em familiar. isto é, ser inserido em “uma posi¢do segura na matriz de identidade” (Moscovici, 1981: 23) deste grupo social. Assim ele adquire uma identidade © pode ser descrito, qualificado, distinguido de outros objetos, receber juizos e ter scu significado partithado entre este determinado grupo social. Este processo, de tomar familiar © que € estranho através da ancoragem ¢ objetivagio, nio tem por objetivo uma visio de mundo totalizante e totalmente coerente, mas parcial e de orientago no cotidiano. Ele utiliza da mesma maneira de processos cognitvos com exigéncia de coeréncia légica,mas manipula e distorce os conceitos cientificos através da légica figurativa que aparece como um nivel de funcionamento latente, Desta forma apresenta-se na idcologia © na representagao social um dinamismo em dois niveis. Um nivel manifesto, patente ¢ pretensamente racionalizado, onde se localiza a narrativa ou. discurso ideolégico ¢ a representaco social ¢ um outro nivel latente, que ancora o manifesto ¢ localiza-sc os componentes do imaginario (cf. Teixcira, 2000: 42s). Isto ocorre devidos a que 0 dinamismo energético do mito encontra-se ligado, fechado na capa racional da ideologia como um espartitho, perdendo a sua intensidade; a cequivocidade, a expessura de sentido que caracterizam todo simbolismo e todo discurso mitico [estes] cedem 0 lugar a um conceptualismo que se dirige para a univocidade. Em resultado desta racionalizagdo e desta secularizagéio, 0 imagindrio ideoldgico aparece como um imagindrio empobrecido e degradado. (Sitonneau apud Teixeira, 2000: 43) No entendimento deste trabalho, o discurso latente do mito e do imaginério complementa aspecto cognitivo, pois.conferem a ideologia e a representagio social manifestas 0 impulso emocional ¢ axiolégico que possibilitam sua permanéncia Para compreensio destes aspectos & necessirio um envolvimento € uma abordagem do pesquisador, que na postura de interprete ou hermencuta, propicie a ressondncia das imagens a crem interpretadas na subjetividade do interprete para screm explicitadas as motivagdes profundas, pois estas se referem & imagem simbolica e “sé podemos compreender a imagem se nds vivermos no halo da pré-compreensdo da imagem, ou seja, 0 seu sentido hermenéutico” (Carvalho, 1998: 141), Notas 1 Observa-se que isto ocorre em um momento ds modemidade no qual hi intensa produgio de ideologias e mitos politicos (cf Backso, 1985: 297). Estes objetos de conhecimento como o “homem real” e o “verdadeiro grupo social” remetem a ilusdo de um homem, uma sociedade © uma histria, a um real totalmente transparentes 20s homens, o que é uma construgio imaginaia 2 A psicologia deve abordar “as faculdades e ox mecanismos psicoligicas que provacam a defarmagdio do real ‘mediante a producdo de ilusdes .. fe as eitncias sociaise histéricas)...descobrir os determinismos sécio-culturais através de cujo jogo as homens confindem o real e 0 imaginério nos seus mitos e preconceites, crencas priticas” (Backso, 1985: 304), 3 Note-se que Levi-Strauss no opera com o conceito de imaginario, mas estuda os mitos, ritos e sua fungo social e diversos teéricos ampliaram esta abordagem para outros campos como literatura, histéria, psicologia ¢ outras cigncias humanas. Tendo em vista que os mitos ¢ ritos constituem o imaginério, a sua posigaoe esclarece certas questoes 4 Estes so “estruturas estruturadas” posto que possuem uma autonomia, regras © uma légica propria “estruturas cstruturantes’ pois constituem um aspecto ative de construcao de conhecimento, de insttuigdes, criagdo rodificagao de regras, normas e valores ¢ atuam sobre o sistema social. Sendo uma “estrutura estutirada” ele & passivel de uma anslise estrutral que apreende seu funcionamento, 5 0s sistemas simbdlicos operam ¢ funcionam devo ao fato que “as relagbes de forga que neles se exprimem $6 se ‘manifestarem neles na forma imeconheetvel de relagdes de sentido (deslocaye)” (Bourdieu, 1989: 14), 6 A existencia de um modelo puro de um determinado sistema simbelico, por exemplo a arte pela arte, s6 & possivel dlevido a este campo simbslico possuir uma autonomia relativa, mas este modelo puro & uma abstragdo, um vio das relagbes entre este campo com as relagdes de forea dos diversos grupos que compBe a BACKSO, B. Enciclopédia 5 — Anthropos — Homem. Lisboa: Imprensa Nacional — Casa da Moeda, 1985 BOURDIEU, P. A Economia das trocas simbélicas. Sd Paulo: Ed. Perspectiva, 1974. BOURDIEU, P. O Poder simbélico. Rio de Janciro: Ed. Bertrand Brasil, 1989. CARVALHO, J. C. P. Imaginério e mitodologia: hermenéutica dos simbolos e estérias de vida. Londrina: Ed, da UEL, 1998. 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