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COLEGAO. OFICINAS DA HISTORIA Diresfo: Edgar Sulvadori de Devea ETE A Formacdo DA CLASSE OPERARIA INGLESA yt A maldigio de Adao E P THOMPSON ‘Tradugao: Renato Busatto Neto Cléudia Roche de Almeida g) 2° edigéo CINTA NIST SY STIS SST SSIS) A ARVORE DA LIBERDADE Vol. I Prefécio 9 1, Nimero ilimitado de membros (5 2. O eristéo € 0 deménio 25 3. As fortalezas de Setands 37 4, O inglés livre de nascimenio 83 5. Plantando a drvore da liberdade 111 A FORGA DOS TRABALHADORES. Vol. UT 1A Westminetor radical 2. Um exército de justiceiras 5. Demagogos e mértires 4. Consciéneia de Classe Indice Remissive 10 1 EXPLORACAO John Thelwall ndo foi o nico a visuslizar em toda “me: nufature”” um centro potencial de rebelifo politica, Um viajante islocrético que visitou os vales de Yorkshire, em 1792, ficou alarmedo a0 encontrar uma nova indistria algodosira no “vale pastoral” de Aysgarth — “ora essz, aqui existe agora uma grande @ reluzente fébrica, eujo canal desviou metede da gua da ca- choeira além da ponte”: Com o sino tocendo € 0 clamor de fébrica, todo o vale fica transtornado; traigo © regimes igualitérios so o discurso; © a rebeliéo pode ester préxime. A fébrica surge como o simbolo das energias soviais que esto destruindo o verdadeiro “curso da Natureza”, Ela incorpora uma dupla ameaga & ordem estabelecida. A primeira, proveniente dos proprietérios.da.riqueza industri i frutavar de uma vantagem injusta sobre 0s pro cuja rend estava lit Portento, se os homens buscar as riquezas, ¢ se as riquecas do comércio sio fecilmente conguictadas, angéstia para n6s, homens de renda fixe e mediana; € angéstia pare todos os tecelées domésticos ¢ os pequenos proprietérios (Yeomanry) ago, A segunda, proveniente da populagao trabalhadora industrial, considerada por nosso viajente com u fidede afiterante que denunci a Na verdede, 0 povo esté empregado: mas ele estd todo entre: gue aos vicios de multidio, .. Nos momentos cm que nio balha na Fabrica, 0 povo parte para a pesca ilegel, depra. vagao ¢ pilhagem... ' ‘A cquivaléncia entre a indisiris do algodao © a nova socie- dade industrisl, © a correspondéncia entre as novas formas de relagio social e produtiva, foram um lugar comum pura os obser vadores entre os anas de 1790 © 1850. Karl Marx expressou isso com raro vigor a0 declarar: “o tear manual gerou a sociedade do senhor feudal; o tear a vapor, m sociedade do capitalista indus. tial". E nfo era apenes o proprietério da fébrica, mas também 4 populagio (rabslhadora trazida a viver juno v oo redor dela que parecia “nova” aos seus contemporincos. No momente em que nos aproximamos dos limites da regifio manufaturcira de Low: cashire”, escrevew um magistrado rural em 1808, “encontramos tuna nova espécle de criatura, tanlo em relagdo is manviras, quan to Bs coupasies cb subordinagdo. .." jd Robert Owen declarave, em 1815, que a “difusio generulizada de manufaturas por todo © pafs gerou um navo cardter em seus habitantes... uma mudanga esgencial no carsiler usuul da maioria do povo"” Nas décadas de 1830 ¢ 1840, o» obscrvadores ainda se admi- revam com a novidade do “sistema fabril”. Em 1833, Peter Gus kell referluse & populagdo manufatureira como “um 1iércules alnda em sou bergo"; fol “somente depois do uso da energia do vapor que eles adquiriram sua imporléncin suprema”, A méquin & vapor “agiutinoy a populagdo em denses masses” © Gaskell ji ‘enxorgave nas organizagses da classe operdria um “imperium in imperio da mals odiose espécie”®, Dez enos mais taide, Cooke ‘Taylor escrovia em termos semelhontes: “A méquina a vapor néo tem precedente, « méquina de fir ‘no tem ancestrais, a mule © 0 tear meciinico nada herdaram: 1. The Torrington Diorics, ed, C.B. Andeews (1936), Mk, pp. 81-2. 2. P. Gaskell, The Monn facturing Population of England (1833), p. 6; Asa Briggs, “The Language of ‘Chess’ in Early Nineteenth-Century” England”. fem Exzays In Labour History ed, Briggs end Saville (1960), p. 63 12 1 i i eles surgiram repentinamente, como Minerva do eérebro de Vopiter. ‘Mas foram os efeitos dessas “inovacoes” sobre o homem que cousaram maior inguictagéo a esse observador: Quando um estrangeito passa pelas massas humanes que se acumularam 20 redor das tecelagens ¢ estampatias...ndo pode deixar de contemplar essas “colméias abarrotadas” sem ‘uma’sensagio de ansiedade ¢ apreensio que beira 0 desalen- (0. A populasso, tal como o sisiema a que ela pertence, é NOVA, mas ereses a cada momento em forca e exlenséo. Ela € um agregado de massas que nossas concepg6es reves. tem com termos que exprimem algo de prodigioso ¢ tcr- rivel... como nm Jénta e gradual formagdo das ondas de um oceano que deverd, em algum momento fuiuro, mas nfo distante, carregar todos os elementos da sociedade em sua superficie, ¢ arrastélos s6 Deus sabe para onde, HA energias vigorosas adormecidas nessas massas... A populagio ma- nufatureira no € nove apenas em sua formiasio: € nova lambém em seus hébitos de pensamento e ago, que se for- marem, pelas circunstinctas da sup condigao, com pouca instrusdo, ¢ orientagao externa einda menor... > Para Engels, a0 descrever a Condigdo da Classe Trabolha- dora na Inglaterra em 1844, patecia que “os primeiros proletérios eslavam coneciadis & manufatura e haviam sido engendrados por ek 05 operdrios, filhos primogénitos da revolugic industrial, formeram, do principio 2 atualidade, o niicleo do Movimento Tra: balhste” ‘SY Independentemente das diferengas entre seus julgamentos de valor, observadores congervadores, rudicais ¢ gocialistas sugecirem, ‘@ mesma equacaot energia da yapore indistriaalgodoeira = nova clesse operiria, Os tnsirumentos fisicos da produglo erara vistor, numa forma dirots ¢ meis ou menos compulgiva, como responed. vois pelo surgimento dp novas relacdes sqcisis, instituigdes e héble ics ultras, Ao mesmo tempo, 9 hstér’ da agitgEo popular durante 9 perfodo de 1811-50 parecia confirmar esse quadro, Era >’ 3. W, Cooke Taylor, Notes of @ Tour tn the Manufacturing Districts of Lancashire (1842), pp. 4-8, 13 como se a nagio inglesa passasse por uma experiéveia crucial na década de 1790 ¢ emergisse numa forma diferente, apés as Guer. ras, Entre 1811 ¢ 1813, 2 crise dos ludditas; em 1817, a ascensio de Peniridge; em 1819, Peterloo; por toda a década seguinte, a proliferasdo da atividade sindical, propoganda owenista, joma- lismo radical, o Movimento das Dez Horas, a crise revolucionécia de 1851-2; e, além disso, a multiplicidade de movimentos que ‘constituiram 0 Cartismo. Foram, talvez, a extensio ¢ a intensidade dessa agitago popular multivariada, mais do que qualquer outra coisa, que criatam 4 imagem de uma mudanga catastréfica (tam- ‘bem entre observadores ¢ historiadores contemporanecs). ‘Quase todo acontecimento radicai na década de 1790 se re- produziu com forgu dez vezes maicr apds 1815. Um punhado de fothetos Jacobinos déu origem a uma séric de periddicos ultra- radicals ¢ owenistas. Enquanto Daniel Eaton cumpriu prisko por publicar Paine, Richard Carlile ¢ seus auxiliares cumpriram um fotel de mais de 200 unos de prisao por crimes similares. En- quanto as Sociedades de Correspondéncia mantiveram uma exis- léncia precdria numa série de cidades, os Clubes Hampden do pés-guerra ou as unides politicas crisram raizes mesmo em peque- nas vilas industriais. Quando se records (oda a agitagae popular no decorer da dremtatica evolugio da indiistria algodoeira, € na tural assumir uma relacao causal direta. A tecelagem € vista tanto como agente de uma revolugdo industrial como também sccial, produzindo néo apenas maior quantidade de mereadorias, mas 0 Préprio “Movimento Trabelhista". A Revolugio Industrial, que comegou como uma descricdo, ¢ agora invocada como uma expli= ‘casio, Da época de Arkwright alé os Motins de Plug, © ainda de- ols; a imagem de "fabrica tenebrosa 0 saténica” domina nossa reconstruggo visual de Revolugao Industrial. Em parte, talvez, por- que essa € ums imagem visual dremética — edificios semelhantes um quartel, grandes chomings, as criancas de fabrica, os taman- cos ¢ xales, a aglomeragéo de habitacdo ao redor das inddstelas como que geradas por elas (essa € uma imagem que induz a pen- sar antes ng indstria, ¢ depois nas pessoas que dependiam dela). Em parte, porque a (ecelagem e as novas cidades industriais — 4 pela rapidez do seu crescimento, cngenhosidade das suas téenicas © novidades ou dureza de sua disciplina — pareciam dramétiens © portentosas aos seus contemporineos: um simbolo mais satisfa- t6rio pera o debate sobre a questo da “condigdo da Inglaterra do que aquetes distritos manufatureiros anénitnos e em expan: desordenads que figuravam com creseente freqliéncia nos “regls- tros de distirbios” do Ministério do Interior. E, a partir disso, derivou-se uma tradigéo tanto literéria quanto histérica. Quese todos os relatos cléssicos de contemporéneos sobre as condigies da Revolugdo Industrial esto baseados na indéstria do algodao — © principalmente, em Lancashire: Owen, Gaskell, Ure, Fiel- den. Cooke Taylor, Engels, para eitar alguns. Romances tals como Michael Armstrong, Mary Barton ou Hard Times perpetuaram a tradig#o. Essa énfase também € cncontrada nos escritos subse- qlentes de histéria cconémiea © social. Entretanto, muitas dificuldades permaneceram. A indtistria do algodo foi certamente a pioncira na Revolucdo Industrial * e @ tecelagem foi o modelo preemincnte Para o sistema fabrit. Ainda sssim, no podemos essumir qualquer correspondéncia aulomética ‘Ou excessivamente direta entre a di ica do crescimento econd- €2 dinkmica da vida social ow cultural. Durante meio século pds 2 “erupgao” da tecelegem (por volta de 1780), os trabalha- dores industriais conservaram-se como uma minoria na forga de trabalho adulta na préptia indistria algodoeira. No princfpio da década de 1830, os teceldes manuais do algodfio superavam todos 0s homens © mulheres empregados nas fiagGes e tecelagens indus- triais de algodio, li ¢ seda somados.> Além disso, em 1850, 0 fiandeiro adulto de algodio néo era mais representativo dequela ‘igure Imaginéris, o “trabalhador médio”, do que 0 operérlo da inddstria automobllistica na década de 1960, 4. Para uma admirivel expesigto sobre as ruzées da supremacia da indds- (ria algodoeica ha Revolusdo Indusirial, ver E. J. Hobsbawm, A Era das Revolupdes, Pax e Terra, 1982, eap. 2 ‘% Estintativas para © Reino Unido, 1633. A forga de trabalho adulte total fm todas as incdstring taxteis 1BLG71. © nimero de tecelbes algo- oviros emt teares manviis chegava a 213.000. Ver adiente cap. 4, p. 151, 15 © ussunto ¢ relevante, pois « Gnfase encessiva sobre o eardter inovador das tevelagens pode levar uo menosprezo da continuidade das tradigées polfticas © culturais na formagio das comunidades a classe operdria. Os operdrios, longe de serem os “hos pri- mogénitos da revolugo industrial”. tiveram nascimento iardio Muitas das suas idéias e formas de organizagio foram antecipadas or trabslhadores domésticos, como os que trabalhavam com a Ie ‘em Norwich ¢ em regides do oeste, ov os teceldcs de aviamentos de Manchester. f diseutfvel se os operirios — exceto nos distros algodociros — “formaram o niclco do Movimento Traballyista”™ antes do final da década de 1840 (e, em algumus cidades do norte € da regido central, nos anos de 1825-4, conduzindo as grandes dispensas coletivas). © jacobinismo, como vimos, criow taizes pron fundas entre os artesios. O luddismo foi obra de trabalhadoves qualifieados de pequenas oficinas, De 1817 até o Cartismo, os (rabalhadores de pequenas oficinas. na regiéo norte ¢ central, cram {Go proeminentes em toda agilacio radical quanto os oper industeigis, Em muitas cidades, o verdadeiro nécleo de onde 0 movimento trabalhista retirou suas idGias, orgonizagao e liderango ra constitufda por sapateiros, teceldes. scleiros e fabricantes de arreios, livreiros, impressores, pedreiros, pequenos comercizntes ¢ similares. A vasia érea da Londres radical, entre 1815 ¢ 1850, nfo extraiu sua forge das principais indlstrias pesadas ia cons luglio de navios tendia a declinar, ¢ os mecinicos causariam im- Pacto somente no final do séoulo), mas das fileiras dos pequenos olicios ¢ ocupaches. Tal diversidade de experiéncia levou alguns autores # ques ‘lomarem tanto a nogo de uma “revolugao industrial” quanto « do ums “classe operitla"”. Nao preclearemos ius deter aqui ha rimeita discusséo.” © temo ¢ suflciententente Gil nas suas cono- tagées atuais. Pace a segunda, mullos autores preferem o termo lasses irebathadoras, que enfatiza a grande disparidade em status, 5. Ch. Hobsbawin, op. eit, cap. 2. 7, Um sumério desta controvérsla encontiase em EE, Lampard Mudie Vistorial Association, 1957). Ver também 16 conquistes, habilidades e condigées no seio da mesma expresséo polissémica. E nisso, eles ecoam as queixas de Francis Place: Se o cardter ¢ a condute dos trabalhadores forem abstraidos de perisdicos, revistas, panfletos, jornais, relatérios das dues Casas do’ Parlamento © dos Comissérios de Fabrica, encon. ‘aremos, agrupados como as ‘classes infetiores”, 0 mais hébil ¢ prudente trabalhador com os mais ignoranies ¢ im. prudentes empregados ¢ indigentes, apesar da diferenga ser realmente grande e, em muitos casos, sequer dar margem comparagao. ® Naturalmente, Place esté certo: © marinheiro de Sunderland, © tabalhador irlendés desquslificado. o vendedor ambulante ju eu, 0 habitante de ume casa de corregio numa vile inglesa do leste, 0 tipdgrafo do The Times — todos poderiam ser conside- rados por seus “superiores” como pertencentes as “classes infe- tlotes”, enquanto eles mesmos mal poderiam se entender, por falarem 0 mesmo dialeto, Contudo, uma vez tomadas todas as precaugies necessaries, © faio relevante do periocio entre 1790 € 1830 € a formagio da lass operdtia". Isso € revelado, om primelro lugar, no eresci- ‘mento da consciéncia de classe: a consciéncia de ums identidade de interesses entre todos esses diversos grupos de trabalhadores, contra os interesses de outras classes. E, em segundo lugar, no crescimento das formas correspondentes de organizagio politica ¢ industrial. Por volta de 1852, havia instituigées da classe operéria solidamente fundadas © autoconsclentes — sindicalos, sociededes de auxilio métuo, movimentos religiosas ¢ educativos, orgeniza- ses politieas, periédicos — elém das tradigées intelectusis, dos Padroes corunilérios e da estrutura da sensibilidede da classe operérias O fizer-se da classe operdtin € um falo tanto de histéria Politica € cultural quanto da econdimica. Ela no fot getada es- Pontanekriente pelo sistema fabril. Nem devemos imaginat alguma fotga exterior — a “revolusao industrial” — atuendo sobte algum ‘material bruto, indiferenciado e indefinivel de humanidade, trans- 8 M.D. George, Londun Lite in the Bighieensh Century (1980), 8, 210, Ww formando-o em seu outro exiremo, uma “vigorosa raga de seres" ‘As mutévels relagoes de produgio ¢ as condigbes de trabalho mu: tavel da Revolucdo Industrial ndo foram impostas sobre um mate rial bruto, mas sobee ingleses livres — livres como Paine os legou ‘ou como os metodistas 05 moldaram. O operirie ou o tecedor de smeias exam também herdciros de Bunyan, dos direitos tradicionais nas viles, das nogdes de igualdade diante da lei, das tradiga sanais, Eles foram objeto de doutrinagSo religioss macige e cria- dores de tradigbes politicas. A classe operaria formou 2 si propria tanto quanto foi formads. Encarar a clesse operdria dessa forma significa defender uma visio “cléssica do petiodo contra a inclinagée predominunte nas e2coias contemporineas de ica e de Sociologia. © territério da Revolugio Industrial, que foi primeiramente demar- cado e explorade por Marx, Arnold Toynbee, os Webbs ¢ os Hams monds, assemelhase agora a um campo de batalla académico, Ponto por ponto, a familie visio “catastrdfica” do periodio tem sido contestada, Embora fosse costumeiro julgor o periedo como marcado pelo decequilfbrio econdmico, miséria c explotayio inten- sas, repressio politica e hersica agitacdo popular, a atencdo agora é dirigida & taxa de crescimento econdmico (c as dificuldades da imitag#o” para uma reprodugio tecnoldgica outo-suficiente). O movimento dos cercamentos € hoje menos nolady por sun dureza fm dispensar os pobres des aldeiss do que pelo seu sucesso em alimentar o répido erescimento da populagio. Os sofrimentes do Perfodo so consideredos como conseqiiéncia das mudangas pro: vocedes pelas Guerras, das comunicegses deficientes, das opera. ‘96e8 banicdrias © de truce incipicntes, dos mercados incertos ¢ do ciclo econémito, ao invés da exploragis ou da competigéo encar- nigada:-A’agitago popular € considcratla como resultado da coin- cidéricia inevitével da alte dos precos do trigo com as depressoes econbrticas, e explicével cm termos de um qusdro clementar de “tensio soclal”, derivado dessas condigées.’ Em geral, se sugere que‘a situago do uabalhador industrial em 1840 era melhor, em 9. Mer W.W. Rosiow, British Economy in the Nincieenth Century (1948), esp. pp. 122-5, 18 muitos aspecios, que a do trabalhador doméstico em 1790. A Revolugio Industrial foi um periodo, no de catéstiofes ou con- flilos e opressio de classe, mas de desenvolvimento." A clissica ortedoxia catastr6fica foi substituida por uma nova ‘ortodoxia anticatastrética, que se distingue mais claramente por sua cautela empitica e; entre seus mais notiveis expoentes (Sir John Clapham, dra. Dorothy George, Professor Ashton), por uma censura adstringente 20 relaxamento de cerios auiores da escola antiga. Os estudos da nova ortodoxia enriqueceram nosso conhe- cimento histérico, modificando ¢ revisando em aspectos impor- tantes 0 trabalho da escola clissica. Mas hoje, & medida em que @ nova orlodoxia envelhece ¢ se entrincheira na meioria dos cen- tos académicas, ela, par sua vez, tomase vulnerivel. Os suces- sores dos grandes empiristas exibem com demasiada freqliéncia uma complacéncia moral, uma estreiteza de referéncla e uma fami- ridade insuficiente com os movimentos reais da populugo tra- bothadora desse, periodo, Eles estao mais conscientes das posturas ‘empitistas ortodoxas do que das mudancas nas relagées sociais © nos hébitos cultureis que @ Revolugao Industrial impés. Pei~ douse 0 sentido global do processo — 0 contexto politico e social global do periodo. O que representou, em principio, uma modi- (icagio valiosa se converteu, através de estdgios imperceptiveis, em novas generalizagbes (raramente sustentadas pelas evidéncias), e das generalizages se passou a uma atitude normativa, A ortodoxia empirista € freqiientemente definida « partir de ums critica apresseda ao trabalho de J. L. ¢ Barbara Hammond, E verdade que 05 Hemmond se mostraram muito propensos « ‘moralizarem a histéria ea orgenizarem o material em termas de uma “emasiio excessiva’’!! Hé muitos pontos em que o trabalho deles foi criticada ou modificado & luz de pesquisas subseqiientes, © pretendemos apregentar ainda outros. Contudo, uma defesa dos 10. Algucas dus concepsies aqui esbosadgs podem ser encoattede, ical iw” ou expliciamente, em TS, Ashton, Industral Revolution (1948) A. Radtord, The Economie History of England (2* ed, 1960). Uma Tinnte sociolésien € desewolvide por NI. Smelsr, Suclel Charge in the Industrial Revolution (1959), ¢ BS também uma obra de divulsagao excita por Joho Vainy, Success Story (WEA. 4). M1, Ver B. E Larspacd, op ety p.7, 19

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