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24771-Texto Do Artigo-97199-1-10-20180607
24771-Texto Do Artigo-97199-1-10-20180607
Abstract. The Five Domains model of animal welfare applied in intensive animal production systems. A demand for
intensive production systems is a global reality with a tendency to grow in the coming decades. However, these systems
have limitations in terms of care as physical, behavioral and psychological needs of animals, which can lead to the impov-
erishment of their welfare. Although animal welfare has already been widely defined, its evaluation within animal pro-
duction still poorly applied. Among the forms of evaluation of animal welfare, we can consider the “Five Domains” model,
proposed initially by Mellor & Reid (1994). This model is a systematic method that includes four physical or functional do-
mains (Nutrition, Environment, Health and Behavior) and a mental domain (Mental or Affective State). This article begins
briefly describing the features of the “Five Domains” model. In order to illustrate the possible interactions between the
five animal welfare domains, three recognizable situations that affect the welfare of production animals are presented:
reduced space allowance at beef feedlot, painful handling of piglets and transport of broilers. In this context, although it is
not possible to describe all the intervening factors and their possible combinations that potentially affect animal welfare,
we believe that the examples presented showed an integrated view on the risks of compromising the welfare of animals
in intensive production systems.
Keyword: high density on transport, reduced space allowance at feedlot, tail docking, teeth clipping.
Resumo. A demanda por sistemas intensivos de produção é uma realidade mundial com tendência de crescimento nas
próximas décadas. No entanto, esses sistemas apresentam limitações em atender as necessidades físicas, comporta-
mentais e psicológicas dos animais, o que pode acarretar no empobrecimento do bem-estar dos mesmos. Apesar do
bem-estar animal já ser amplamente definido, sua avaliação dentro da produção animal ainda é pouco aplicada. Dentre
suas formas de avaliação, o modelo dos “Cinco Domínios”, proposto por Mellor & Reid (1994), atua como um método
sistemático que inclui quatro domínios físicos ou funcionais (Nutrição, Ambiente, Saúde e Comportamento) e um domínio
mental (Estado Mental ou Afetivo). Este artigo descreve sucintamente as características do modelo “Cinco Domínios” e
exemplifica as possíveis interações entre os domínios em três situações reconhecidamente críticas para bem-estar dos
animais de produção: restrição de espaço no confinamento de bovinos, procedimentos dolorosos no manejo de leitões
e alta densidade no carregamento e transporte de frangos de corte. Nesse contexto, apesar de não ser possível incluir
todos os fatores intervenientes nessa dinâmica, os exemplos apresentados mostram uma visão integrada sobre os riscos
de comprometimento do bem-estar dos animais em sistemas intensivos de produção.
Palavras-chave: alta densidade no transporte, caudectomia, corte de dente, restrição de espaço em confinamento.
Figura 1. Modelo “Cinco Domínios” do bem-estar animal, adaptado de Mellor & Beausoleil (2015).
contextos, ver Beausoleil et al. (2012) e Beauso- nos, b) procedimentos dolorosos no manejo de
leil & Mellor (2015). leitões e, c) alta densidade no carregamento e
transporte de aves.
De maneira geral, o uso de estados men-
tais positivos ainda é limitado no cenário da Aplicação do modelo “Cinco Domínios” para
produção animal. Assim, os modelos que serão avaliação do bem-estar de bovinos em confi-
discutidos a seguir, seguem a estrutura inicial namento com redução do espaço disponível
por animal
apresentado por Mellor & Reid (1994), e apre-
sentam três situações reconhecidamente limi- O Brasil é detentor de posição de desta-
tantes para bem-estar dos animais de produção: que no cenário global de produção e exportação
a) restrição de espaço no confinamento de bovi- de carne bovina, onde tem sido notória a cres-
Figura 2. Aplicação do modelo “Cinco Domínios”, proposto por Mellor & Reid (1994) para a avaliação do impacto da res-
trição de espaço em confinamento sobre o bem-estar de bovinos, baseando-se na literatura científica.
elevados, resultando em alterações que podem rie de pontos críticos relacionados ao bem-estar
afetar diretamente a saúde e o desempenho, dos animais. Entre eles as condições do manejo
incluindo catabolismo proteico, hiperglicemia, pré-abate, especialmente durante o transpor-
atrofia do tecido linfóide, redução do número de te, o alojamento das matrizes gestantes, a falta
linfócitos e anticorpos, ocasionando falhas no sis- de enriquecimento ambiental nas instalações, o
tema imunológico e lesões aos tecidos e órgãos, desmame precoce dos leitões e os procedimen-
com redução do ganho de peso e alterações tos potencialmente dolorosos de rotina como a
psicológicas como apatia (Matteri et al., 2000; caudectomia e o desgaste ou cortes dos dentes,
Tsigos & Chrousos, 2002; Carrol & Forsberg, aos quais os leitões são submetidos entre o pri-
2007). meiro e o terceiro dia de vida.
das vísceras dos animais após o abate (Kritas & de já ter sido banida de algumas granjas, ainda
Morrison, 2007), perdas econômicas para todo pode ser considerada rotineira e utilizada para
o setor (Zonderland et al., 2010) e comprome- contornar as implicações da baixa disponibilida-
timento do bem-estar dos animais (Hunter et de de alimento para os leitões. Normalmente, o
al., 2001, Sandercock et al., 2016). Nesse con- desgaste remove de 2 a 4 milímetros dos den-
texto, a única medida preventiva, amplamente tes, sendo realizado com pedra porosa rotativa
recomendada por técnicos e utilizada em muitas (desgastador ou desbastador), que pode ser aco-
granjas, é a caudectomia que consiste na am- plada ao dispositivo de resfriamento com o uso
putação do terço final da cauda dos leitões, por de àgua. Já o corte dos dentes é realizado com
meio de esmagamento, corte seguido (ou não) alicate e consiste no corte na base do terço su-
por cauterização (Hunter et al., 2001). Mas seus perior do dente ou bem próximo à gengiva. Ape-
benefícios ainda são controversos, pois surtos de sar dos benefícios esperados, a prática do corte
caudofagia podem atingir até 60% dos animais, dos dentes também possui eficácia controversa
mesmo quando eles são submetidos à caudecto- sobre a redução das lesões no aparelho mamá-
mia (Temple et al., 2011). rio das matrizes e na melhoria do desempenho
dos leitões (Estienne et al., 2001; Selegatto et
Ademais, uma alta ocorrência de lesões
al., 2003; Souza et al., 2004; Koller, 2006). Des-
no aparelho mamário das porcas e na pele dos
de 2001, a legislação da União Europeia proíbe a
leitões, ocasionada por brigas durante a disputa
prática do desgaste ou corte dos dentes dos lei-
por leite materno, tem sido descrita nos siste-
tões como manejo de rotina, deixando a critério
mas intensivos de produção. Isso pode ocorrer
do Médico Veterinário indicar sua necessidade
como resultado do aumento do número de lei-
somente quando houver indícios de ferimentos
tões por leitegada, que vem ocorrendo nas últi-
nos tetos das matrizes, protegendo assim a saú-
mas décadas, sem que o aumento de produção
de e o bem-estar animal (Ec, 2001).
de leite das porcas ocorresse na mesma propor-
ção (Le Dividich, 2005; Eliasson & Isberg, 2011). Considerando o modelo dos “Cinco
Em concordância com essa teoria, Gallois et al. Domínios” do bem-estar animal, proposto por
(2005) reportaram que a frequência e a gravida- Mellor & Reid (1994), a submissão do leitão à
de das lesões no aparelho mamário foram maio- caudectomia e ao desgaste ou corte dos dentes
res nos tetos menos produtivos das matrizes. A (Figura 3) podem ser considerados um desafio à
incidência de lesões faciais nos leitões também é saúde dos animais (Domínio 3 – Saúde). A cau-
maior em leitegadas numerosas, em decorrência
dectomia ocasiona um processo inflamatório
de maior disputa pelos tetos (Fraser, 1975).
que pode durar até 41dias após o procedimen-
Assim, o desgaste ou corte dos dentes to (Kent et al., 2000; Sutherland et al., 2008,
dos leitões é uma prática de manejo que, apesar 2011). Por sua vez, o corte ou desgaste dos den-
Figura 3. Aplicação do modelo “Cinco Domínios”, proposto por Mellor & Reid (1994) para a avaliação do impacto dos
procedimentos de caudectomia e desgaste ou corte dos dentes sobre o bem-estar de leitões, baseando-se na literatura
científica.
tes são fatores de risco para a exposição da ca- ticas de dor neuropática relatadas em humanos,
vidade pulpar, que resulta em gengivites, cáries, conhecida como dor “fantasma”, gerando sensa-
inflamações da polpa dentária e abscessos (Sele- ção de dor crônica nesses animais (Nannoni et
gatto et al., 2003; Koller, 2006). Tanto a caudec- al., 2014; Giminiani et al., 2017a).
tomia quanto o desgaste ou corte dos dentes dos
Destaca-se que a sensação de dor pode
leitões geralmente são realizados sem anestesia
alterar o comportamento dos animais (Domínio
e/ou analgesia, o que resulta em dor aguda, que 4 - Comportamento), resultando no aumento
pode se tornar crônica, dependendo das inter- da vocalização durante a realização dos procedi-
corrências após os procedimentos (Nannoni et mentos (Giminiani et al., 2017b). Leitões que fo-
al., 2014; Sutherland, 2015; Ison et al., 2016). ram submetidos ao corte da cauda e dos dentes
Sandercock et al. (2016) comprovaram que há foram observados sozinhos com maior frequên-
formação de neuromas traumáticos, em decor- cia durante os três primeiros dias após o procedi-
rência dos processos de reparação dos nervos mento e durante todo o período de amamenta-
periféricos lesionados, até quatro meses após ção (Zhou et al., 2013). Considerando que nessa
a caudectomia em leitões. Adicionalmente, há fase é comum os leitões se aglomerarem para
evidências de hipersensibilidade periférica da re- manter a temperatura corporal, esse comporta-
gião lesionada, o que se assemelha a caracterís- mento de isolamento poderia tornar os animais
ainda mais susceptíveis a hipotermia, compro- Noonan et al. (1994), a contenção do leitão para
metendo seu conforto térmico e, em casos mais realização dos procedimentos de caudectomia e
graves, sua sobrevivência. corte dos dentes é estressante por si só. De fato,
procedimentos dolorosos onde os animais preci-
Ainda, leitões submetidos à caudecto-
sam ser contidos fazem com que, além da sensa-
mia e ao corte dos dentes apresentaram menor
ção de dor, eles experimentem sensações de des-
frequência de comportamentos exploratórios e
conforto, medo, desconfiança e falta de senso de
de investigação do ambiente durante os períodos
controle sobre a própria vida. Adicionalmente, a
de creche e de crescimento (Zhou et al., 2013).
vivência dessas sensações pode levar o animal a
Essa modificação de comportamento poderia di-
estados de apatia e isolamento, afetando direta-
ficultar a localização de recursos, como água e
mente o Domínio 5 - Estado Mental.
alimento, em novo ambiente. Adicionalmente,
animais que experimentam a sensação de dor Diante do exposto, fica claro que a rea-
reduzem a ingestão de alimentos e água, ocasio- lização da caudectomia e do desgaste ou corte
nando sensações de fome e sede, que ao longo dos dentes não resolve as causas que levam à
do tempo poderão resultar em casos de desnu- ocorrência da caudofagia e das lesões na pele
trição (Domínio 1 – Nutrição). De fato, apesar de dos leitões ou no aparelho mamário das matri-
não terem avaliado o consumo dos animais, al- zes, apenas amenizam os efeitos desses compor-
guns estudos mostraram menor ganho de peso tamentos. Além disso, parece pouco coerente
em suínos que passaram por caudectomia, nas submeter um animal a um procedimento que
primeiras 24 a 48 horas (Marchant-Forde et al., lhe causa dor aguda e pode, inclusive, lhe causar
2009) e até 70 dias (Zhou et al. 2013) após o pro- dor e desconforto crônico, como forma de evi-
cedimento. Existe ainda outra maneira pela qual tar uma possível dor no futuro em decorrência
a caudectomia tem o potencial de afetar o com- da caudofagia e de lesões na pele, por exemplo.
portamento dos animais, que é através do uso Nesse contexto, existe uma lacuna no que se re-
da cauda como um mecanismo de comunicação fere a alternativas verdadeiramente eficientes
entre os membros do grupo, tornando-os impos- para resolver esses problemas, os quais têm con-
sibilitados de comunicar-se por essa via (Houpt, sequências negativas ao longo da vida dos ani-
2005). Portanto, o corte da cauda impede os ani- mais, comprometendo seu bem-estar. Portanto,
mais de apresentarem este comportamento na- são necessárias estratégias de mitigação dessas
tural da espécie (Nannoni et al., 2014). consequências sobre os animais e alternativas e
Conforme apresentado, todos os 4 do- práticas de gestão que eliminem a necessidade
mínios físicos afetados por esses procedimentos de executar esses procedimentos dolorosos. O
dolorosos em leitões resultam no comprometi- enriquecimento ambiental com palha nas baias
mento do Domínio 5 - Estado mental. Segundo de terminação (Scollo et al., 2013), boa venti-
lação e espaço duplo nos comedouros (Hunter integração”. No caso da avicultura, os contratos
et al., 2001) por exemplo, foram eficientes para geralmente dividem obrigações sendo os avicul-
diminuir a caudofagia em suínos. Além disso, o tores responsáveis pelos custos do aviário, da
uso de analgesia e anestesia local pode reduzir mão-de-obra e dos equipamentos e a empresa
acentuadamente a dor durante e após a realiza- integradora responsável pelo fornecimento dos
ção dos procedimentos dolorosos (Sutherland, animais, ração, medicamentos, assistência técni-
2011, 2015). ca e, em alguns casos, pelo transporte das aves
ao frigorífico (Zaluski & Marques, 2015). Todas
Aplicação do modelo “Cinco Domínios” para
as etapas da criação de frangos (desde o nasci-
avaliação do bem-estar de frangos de corte
mento até o abate) exigem boa logística e bom
submetidos ao carregamento e transporte
planejamento.
para o abate em caixas com alta densidade
Do ponto de vista econômico, o transpor-
O abate de frangos de corte no Brasil
te faz parte da gestão estratégica e representa
aumentou nos últimos anos e já ultrapassou a
60% dos custos logísticos, sendo diretamente
marca de cinco bilhões de aves abatidas anual-
afetada pelo planejamento dos carregamentos,
mente, posicionando o país entre os três maiores
programação dos veículos, roteirização, audito-
produtores mundiais (IBGE, 2017). Grande dispo-
ria de fretes e gerenciamento de avarias (Fleu-
nibilidade de área para construção de instalações
ry, 2002). Adicionalmente, o período do dia em
e produção de grãos, solo fértil, clima favorável
que as aves são transportadas, as condições das
e inovação das empresas envolvidas no proces-
estradas, o tempo de transporte e de espera no
so foram fatores que contribuíram para o cresci-
frigorífico para o abate bem como o número de
mento do setor nos últimos dez anos (Oliveira &
aves nas caixas são fatores reconhecidamente ca-
Nääs, 2012).
pazes de afetar a mortalidade das aves (Vieira et
O processo de produção de frangos é al., 2013). Apesar disso, como estratégia errônea
extremamente complexo e, na maior parte do para reduzir os custos com a logística, observa-se
país, ocorre em sistema de integração. Segundo em algumas situações o aumento do número de
a Lei nº 13.288 de 16 de maio de 2016 (Brasil, aves nas caixas (alta densidade), comprometen-
2016), integração é definida como a “relação do o bem-estar animal.
contratual entre produtores integrados e inte- Para definir alta densidade no transpor-
gradores que visa planejar e realizar a produ- te das aves serão considerados os valores que
ção e a industrialização ou comercialização de ultrapassam o definido pela legislação europeia,
matéria-prima, bens intermediários ou bens de relativa à proteção dos animais durante o
consumo final, com responsabilidades e obriga- transporte (Ec, 2005), já que o Brasil não dispõe
ções recíprocas estabelecidas em contratos de de nenhuma legislação específica sobre esse as-
sunto. A legislação europeia determina um espa- cada como um desafio ambiental (Domínio 2 –
çamento entre 180 e 200 cm2/kg para aves com Ambiente), provocando aumento da temperatu-
peso vivo menor que 1,6 kg; 160 cm2/kg para aves ra local e corporal da aves, resultando em maior
com peso vivo entre 1,6 e 3,0 kg; 115 cm2/kg para estresse calórico (Delezie et al., 2007). Uma ave
aves entre 3,0 e 5,0 kg e 105 cm2/kg para aves produz cerca de 10 a 15 watts de calor com per-
com mais de 5,0 kg de peso vivo. Apesar desses da de 10,5 g de água por hora, assim, quanto
valores definidos, é sabido que os mesmos po- maior o número de aves juntas em espaço redu-
dem variar em função do estado físico das aves zido, maior o incremento de calor e de umidade
e das condições climáticas, por exemplo. Para (Mitchell & Kettlewell, 1998). A ave, por ser
a presente abordagem, essas variações serão homeotérmica, em condições de mudança da
desconsideradas, em função da complexidade e temperatura ambiental, tentará regular sua tem-
especificidades de seus efeitos, dificultando sua peratura corporal. Para isso ocorrerão algumas
inclusão no modelo geral proposto. alterações fisiológicas e comportamentais, que
podem afetar o Domínio 3 - Saúde e Domínio 4 -
Considerando o modelo dos “Cinco
Comportamento.
Domínios” do bem-estar animal, proposto por
Mellor & Reid (1994), a alta densidade das cai- Nessas condições, a ave irá eriçar as pe-
xas transportadoras de frangos de corte para nas e tentará expor a maior área de superfície
abate (Figura 4) pode ser, inicialmente, classifi- corporal abrindo as asas. Concomitantemente
Figura 4. Aplicação do modelo “Cinco Domínios”, proposto por Mellor & Reid (1994) para a avaliação do impacto da alta
densidade de aves nas caixas transportadoras, baseando-se na literatura científica.
ocorrerá aumento da frequência respiratória, fa- pode levar o animal à desidratação (Vanderhas-
cilmente visualizada por meio da taxa de ofega- selt et al., 2013). Além disso, a permanência pro-
ção, que por sua vez poderá provocar alteração longada das aves nessas condições de restrição
do equilíbrio ácido-base, gerando uma alcalose de espaço impossibilita a execução de compor-
respiratória, devido ao estresse calórico (Borges tamentos específicos, como os de manutenção,
et al., 2003). A exposição das aves por 15 minu- gerando estados emocionais negativos, como
tos a uma temperatura ambiental de 42°C já é frustração (Domínio 5 - Estado mental) (Vester-
suficiente para afetar o metabolismo proteico gaard et al., 1997).
de frangos em crescimento, provocando redução
Com o passar das horas confinadas nes-
significativa dos aminoácidos livres circulantes
se ambiente, as aves sentirão necessidade de
no plasma, proteínas totais e da concentração da
ingerir alimento. Segundo Rui et al. (2011), aves
enzima alcalina fosfatase, além da elevação das
em condições normais se alimentam a cada 4
concentrações de certos grupos de aminoácidos
horas, sendo assim, períodos prolongados sem
no fígado, albumina, glicose, ácido úrico, ácidos
acesso a alimento (Domínio 1 - Nutrição) alteram
graxos livres no plasma, lactato desidrogenase e
o comportamento das aves que passam a fre-
creatina quinase (Ostrowski-Meissner, 1981). O
quentar mais os bebedouros, ingerem mais água
aumento da temperatura está diretamente rela-
e podem iniciar o consumo de cama do aviário
cionado com o aumento da síntese da proteína
(Domínio 4 - Comportamento). Casos extremos
de choque térmico, responsável por proteger as
de privação de alimento podem levar a estados
células em situações de estresse (Delezie et al.,
mentais negativos caracterizados pela fome e
2007).
frustração (De Jong et al., 2002). Todavia a reti-
Na granja, o aumento da temperatura rada da ração para o transporte é fundamental,
também promoveria uma elevação no consumo pois evita problemas de contaminação no frigo-
de água e a ingestão da bebida fria auxiliaria na rífico durante o abate, que pode ocorrer devido
redução da taxa respiratória, na perda de calor à presença de alimento no trato gastrointestinal
e no reestabelecimento da homeostase (Bor- (Northcutt et al., 1997). Neste caso é importan-
ges et al., 2003). Entretanto, dentro das caixas, te seguir a recomendação brasileira, a qual esta-
as aves não possuem acesso a água (Domínio 1 belece que o jejum para o abate não deve ultra-
- Nutrição) e o espaço interno é restrito, impossi- passar um total de 12 horas (Rosa et al., 2013).
bilitando que as aves estendam as asas (Domínio Dentro do contexto apresentado,
4 - Comportamento), fatores que irão dificultar todos os 4 domínios físicos afetados pela alta
o processo de perda de calor. A impossibilidade densidade no carregamento e no transporte de
de beber água promoverá um estado de descon- aves resultam no comprometimento do Domínio
forto causando sede e, com o passar do tempo, 5 - Estado Mental e, quando não resolvidos a
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