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indice Introdugao Nelson Aratijo. ......0ccceseeeeee Os primérdios do cinema (1895-1920), de Elena Cordero-Hoyo Cinema e vanguardas — entre o encantamento e 0 desencanto, de Mirian Tavares. ............ Cinema Classico Americano, de Carlos Melo Ferreira. . O Neorrealismo Italiano, de Carlos Melo Ferreira .. A Nouvelle Vague — As origens da Nouvelle Vague, de José Bértolo ‘Tercer Cine ou a descolonizagao do cinema, de Paulo Cunha Novo Cinema Alemio, de Liliana Rosa... . O cinema nérdico, de Daniel Ribas Cinema da(s) Ruissia(s), de André Rui Graga ..... A renovagio na Europa de Leste, de Sérgio Dias Branco Cinema britanico, de Nelson Araijo............ Itilia no pés-Neorrealismo — Antonioni, Fellini, Pasolini, Rossellini, Scola e Visconti, de Anabela Dinis Branco de Oliveira uw 19 107 129 157 177 193 219 233 253 Histéria do Cinema Asia, um vasto histérico cinematografico, de Anténio Costa Valente... 00... cece eeeeeeeeee eee © novo cinema americano, de Ana Bela Morais e José Duarte Nova Hollywood: pontos de fuga do cinema americano dos anos 60 e 70, de Luis Mendonga. Os géneros na historia do cinema, de Luis Nogueira ... (R)Evolugdes digitais, de José Alberto Pinheiro. ..... Cinema independente, de Liliana Rosa e Nelson Aratijo .......-..+ Percurso pelo documentério: evolucao histérica em geral © 0s filmes portugueses dos anos 90 em particular, de Manuela Penafria ‘Tempo, corpo e experiéncia no audiovisual contemporaneo, de Antonio Fatorelli..... 0.2.0... 6.000 c ccs e cece ee eee eee Os autores 10 333 355 377 393 413 439 Introdugao Entre os dias 5 e 7 de maio de 2011 decorreu, em Faro, o I Encontro da Associacao de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM), momento que marca o comego de uma nova fase nos Estudos Filmicos em Portugal. A proximidade de pessoas com interesses comuns permitiu uma nova dinamica autoral que tem vindo a requalificar 0 pensamento filmico em Portugal. O entusiamo pelo cinema aglutinou pessoas com os mais diversos interesses de investigacao, reforcando a amplitude e a pertinén- cia daquela area de conhecimento. Esta nova geragio tem avangado com miiltiplas publicagées e as mais diversas linhas de investigagao, arvorando um territério que, em Portugal, apresentava uma paisagem esquelética. E neste contexto de recrudescimento livresco que surge esta publicagio, propondo uma alianga entre as necessidades didaticas e pedagégicas de estudantes, cinéfilos e investigadores com a oferta editorial. A nao existén- cia de um livro portugués que trabalhe a grandeza da arte cinematogré- fica num recorte cronolégico maximizado entre o cinema dos pioneiros ¢ 0 cinema contemporaneo vitalizou a decisio de preencher esta lacuna do mercado editorial portugués. O trabalho de investiga¢ao implica um investimento num determinado perimetro filmico, 0 que substancializa um mapa de interesses diverso e extremamente rico na comunidade de investigadores. A equipa de trabalho desta Historia do Cinema deriva, pre- cisamente, dessa miltipla irrigacao no campo dos Estudos Filmicos aqui " Histéria do Cinema organizada em fungao dos dominios de trabalho desenvolvidos por cada um dos autores, numa articulagdo entre o todo e o particular que avaliza competéncia cientifica desta geragao AIM. © abrago de contetido aqui materializado estende-se do nascimento do cinema até aos dias de hoje, o que, desde logo, desloca o seu campo de acio para um nivel orginico capaz de mapear um territério filmico e de, simul- taneamente, fazer eco de outras regides a explorar. A metodologia praticada apelou ao poder de sintese dos investigadores, num esforgo de tornar acessivel © conhecimento exteriorizado, mantendo a promessa de rigor e objetividade. Desta maturacdo, emergem aromas didaticos e pedagégicos que certificam uum fluxo discursivo que pretende articular novas perspetivas, sinalizar novos files de investigaao e sistematizar protagonistas, momentos e movimentos artisticos que contribuiram para 0 aprofundamento e fortalecimento da lin. guagem cinematografica. Neste exercicio, destacam-se os episédios de rebe- igo que, na tensdo criativa, validam 0 pensamento de Adorno quando afirma que «em toda a obra de arte genuina, aparece algo que nao existe» [)] Elena Cordero-Hoyo assina 0 texto inaugural, Os primérdios do cinema (1895-1920), sinalizando 0 caracter «interartistico» do cinema, nas suas origens, e como 0s fluxos com as outras artes participam na sua fabri- cago. Sem anular a orbita dos j4 consagrados Lumiére, Edison ou Méliés, sinaliza a fertilidade autoral no feminino, apontando a efemeridade do momento que, com o advento do sonoro, viria a ser um meio dominado pelos homens, e nessa transitoriedade perderia, também, a «possibilidade de ter uma linguagem puramente icénico/musicab Mirian Tavares traga a singularidade artistica das vanguardas pré- -cinema sonoro, revitalizando, nesta tarefa, a importincia dos manifestos do Futurismo. O rasto de encanto com um periodo proficuo que se cons- tréi na liberdade experimental acaba por dar lugar ao desencanto numa etiqueta filmica padronizada por «uma tendéncia realista-naturalista de cunho programitico», Carlos Melo Ferreira, na sua imerséo no Cinema Classico Americano, desmonta a construgéo da forma clissica, entrelagando os seus inicios, ['] avorno, Theodor W,, Teoria Estética, Lisboa: Edigdes 70, 2008, p. 131 12 Introdugao crescimento e desenvolvimento, e, nese percurso, extrai filées filmicos que sustentam uma «das matrizes fundamentais do cinema mundial, na medida em que 0 cinema americano sempre fez. questio de chegar a todo o mundo». © mesmo autor entrega-se ao Neorrealismo Italiano, assumindo aquele que era o seu habitual compromisso com o leitor: a complexidade e aamplitude a sustentar a base discursiva e a paixdo pelo cinema na condu- ao para o cume do objeto trabalhado. A organizacio do texto substancia~ liza um recorte de contetido dividido pelas varias fases que caracterizam este movimento, desvelando os seus protagonistas e obras, encontrando em André Bazin o seu maior defensor e em Jean Renoir os seus pontos de partida e chegada na importante influéncia do Neorrealismo Italiano no cinema mundial contemporadneo, José Bértolo amplifica as tradicionais leituras da Nouvelle Vague, obje- tivando as condigées artisticas para o surgimento daquele movimento e dos seus protagonistas «comegando com a Ocupagio em 40 e terminando com os primeiros filmes realizados em 59-63». Transpirando, deste texto, a ideia de que, a montante da Nouvelle Vague, hd uma falha investigati va que importa retificar. Paulo Cunha vincula-se ao Tercer Cine ou a descolonizagao do cinema, desdobrando a sua abordagem pelo apelo A compreensio do contexto his térico ¢ a exteriorizagéo de um movimento sinalizado numa constelagao de manifestos e filmes que propdem a libertagao do cinema das amarras das outras duas vias cinematograficas, Este processo de descolonizagao € densamente mapeado, estabelecendo cumplicidades em «torno de uma ideia contra-hegeménica» entre o continente Sul-Americano e African, numa investigagao que salta para lf do perimetro territorial tradicional quando se fala de Terceiro Cinema Liliana Rosa confronta © Novo Cinema Alemao com «as feridas do seu passado histérico», retirando dessa operagdo um excedente artistico que estrutura o seu texto e integrando no seu perimetro de investigacao 0s ignorados filmes realizados por mulheres cineastas. As diferenciagoes pogticas desta geracdo so maturadas num rasgo investigativo que reforga © caracter heterégeno dos protagonistas deste movimento. B Histéria do Cinema Daniel Ribas dedica-se & ingrata tarefa de, em t4o pouco espaco, arma- zenar todo o cinema nérdico. Enfatizando as suas paredes mestras — Carl Dreyer, Ingmar Bergman e Lars von Trier —, traga um desenho do modelo nérdico de apoio estatal que se assume como semente da afirmacao de um conceito de cinema nacional que, na sua complexidade, se tem desenvol: vido em miiltiplas direcées, destacando-se, atualmente, a capacidade de penetragao das séries de televisao no mercado internacional ea diversidade «de abordagens que conferem ao cinema nérdico um futuro a descobrir». A cifra de André Rui Graca substancializa 0 Cinema da(s) Ruissia(s), num trabalho que entrelaga o folgo artistico com as liberdades de dis curso, assinalando uma narrativa histérica nuosa em que o filmico marcado pelo nao-filmico, numa cinematografia que deixa uma semente de afirmagao na historia do cinema mundial: «Desde a teoria da mon. tagem das atragoes de E enstein 4 narrativa cuidada de Zvyagintsev, passando pelos tragos autorais inimitaveis de Tarkovsky, as transgres- ses de Parajanov e pelas comédias dos ilustres desconhecidos Ryazanov © Gaidai» A renovagao do cinema na Europa de Leste é sistematizada por Sérgio Dias Branco, numa organizacao textual que explora «as diferentes realida- des artisticas, sociais e politicas de cada pais do bloco socialista», mais con- cretamente: A Escola Polaca, A Nova Vaga Checa, A Escola de Budapeste © A Vaga Negra Jugoslava. Nelson Araiijo rastreia o Cinema britdnico, num percurso que arranca com A Escola Documentarista Britdnica, movimento que reclama da rea lidade social da Gra-Bretanha o seu cardcter de verdade. Apés a Segunda Grande Guerra, o cinema deste territério consegue bater-se de igual para igual com Hollywood, sublinhando O Empreendedorismo de Alexander Korda e John Arthur Rank, A adesio as Novas Vagas cinematograficas também aqui trabalhada tendo em conta a sua especificidade — 0 Free Cinema e a New Wave. Os Fluxos com os EUA sao explorados para tra- sar um deficitario corpo identitério na cinematografia britinica e, neste exercfc , para sinalizar realizadores que, deslocando-se do modelo hege- ménico de Hollywood, contribuem para a construcao de um territério cinematografico singular. 1“ Introdugao Anabela Dinis Branco de Oliveira trabalha 0 cinema de Itdlia no Pés- -Neorrealismo — Antonioni, Fellini, Pasolini, Rossellini, Scola e Visconti, em que a partir de um corpus filmico, previamente definido, daqueles realizadores investiga conceitos operativos tio ricos diversos como: Fragmentasao, Subversdo, Transgressio; Rostos e Olhares Estruturantes; Contemporaneidade Historica: Resisténcia e Satira; Arte Omnipresente. Anténio Costa Valente topografa um desmedido territério de estudo filmico — Asia, um vasto histérico cinematografico —, comegando por recortar e justificar a sua Asia de trabalho assumindo o seu olhar Ociden- tal numa postura metodolégica que absorve histérias nacionais e o brilho de obras e realizadores distinguidos nos Oscares € no Festival de Cannes. Num texto de grande folego, Costa Valente define quatro grandes eixos de gravidade — A Escola Japonesa; O Cinema da China; O Cinema da Coreia ¢ O Cinema da India — numa elaboragao tedrica que particulariza o rasgo artistico e identifica tensdes coletivas. A resposta a hegemonia de Hollywood, no seu préprio territério, é diagnosticada por Ana Bela Morais ¢ José Duarte, numa administragao tedrica que constitui O novo cinema americano como «um momento transformador na forma de fazer cinema nos Estados Unidos da América» € uma fase subversiva que aglutina diferentes abordagens alinhadas com as Novas Vagas cinematograficas e que darao origem a um conceito, pos teriormente, bastante proficuo — Cinema Independente —, que ter, nesta publicagao, um espaco préprio de objetivacao. Luis Mendonga desdobra a passagem de O novo cinema americano para A Nova Hollywood: pontos de fuga do cinema americano dos anos 60 70, num exercicio que sinaliza continuidades e retrocessos, num processo artistico que, quando estabilizado, se vai traduzir numa reformulagio do modelo classico feito de convengdes e desvios discretos em que a «Nova Hollywood vinha testemunhar a perda da inocéncia de Hollywood, que deixava de nos vender mentiras sob a forma de sonhos para passar a vender verdades sob a forma de pesadelos». Investindo em férmulas espetacula- res, 0 cinema de Hollywood constréi novos e excitantes mundos em fil- mes com estreias mundiais «oferecendo entretenimento ligeiro, “para toda a familia’. 15 Histéria do Cinema A dinamica de Os géneros na histéria do cinema é 0 objeto de estudo de Luis Nogueira, que, desde logo, sublinha a dificuldade de parametri- zar os géneros cinematograficos. Sinalizando a idade adulta do género no periodo clissico, define um vasto recorte cronoldgico que se estende até ao blockbuster contemporaneo. A tendéncia evolutiva dos géneros desloca o seu trabalho para a focalizacao nas suas fases ascendentes ¢ descendestes, numa abordagem que explora «entre outros aspectos, a definicao, a génese, a dinamica, a canonicidade ou 0s limites dos géneros no cinema». José Alberto Pinheiro examina o rasto das (R)Evolucées digitais sina- lizando as suas origens nos pioneiros ¢ na libertacéo do imaginario que a arte cinematogréfica permite. Sublimando momentos de rutura como a CGI (Computer-Generated Imagery), 0 video digital ou as plataformas de streaming, o autor sustenta que o digital promete «colocar nas maos de novos cineastas meios que nao s6 reduziram dramaticamente os custos associados & producao, libertando-os de uma ditadura silenciosa, como expandiram as possibilidades de representar o imaginavel>. Liliana Rosa e Nelson Araiijo articulam 0 texto sobre Cinema indepen dente, extraindo riqueza artistica do «cinema que contraria o paradigma dominante e que se posiciona fora da érbita de Hollywood» e sinalizando uma luta global pela afirmagao da diversidade cultural do mundo. Manuela Penafria faz um Percurso pelo documentério: evolugao his torica em geral e os filmes portugueses dos anos 90 em particular, Parte da hipétese de que os filmes pioneiros Nanook, o Esquimé | Nanook of the North (1922), de Robert Flaherty, e O Homem da Camara de Filmar | Chelovek s kino-apparatom (1929), de Dziga Vertov, construiram as bases do documentério, na medida que a dialética filmica deste género estabe lece dislogo, de uma forma ou de outra, com aqueles dois filmes inicisti- cos. Nesta florescéncia cinematogréfica, submete o texto a clarificagao da atitude documental nao se esquivando «eterna dicotomia» documenta rio/ficg4o, num texto que encontra no documentério portugués um aliado de peso. Por iltimo, Antonio Fatorelli, com o horizonte das mutacdesimagéticas contempordneas, convoca Henry Bergson e Gilles Deleuze para um posto de ataque a0 Tempo, corpo e experiéncia no audiovisual contemporaneo, 16 Introdugao num embate tedrico que interroga a imagem analégica imputando-lhe uma légica ética e encontrando na imagem digital uma significag4o para- doxal. Na emergéncia das formas hibridas contemporneas, Fatorelli con- sidera, contudo, nao terem provocado «uma mudanga de paradigma ou uma revolugio nos regimes estéticos». Nelson Araujo v7

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