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Com essa publicagio, o CRESS almeja contribuir com as reflexées € analises que vém senda desenvolvidas sobre a ‘exereci profisional ne campo s6cio-juridien, privilegianda ‘© aprofundamento ertico sobre o Estudo Social que funda- menta Pasocores e Lauidos no Judicétio e na Previa 5o- cial, bem como as principals determinagbes presentes nach borage dos Exames Criminologicos nas plsdes Len Lila Cecio Braga Presidente CConsetho Federal de Servigo Social Brasflia, agosto de 2003, OESTUDO SOCIAL Fundamentos e particularidades de sua construgéo na Area Judiciaria* Eunice Teresinha Favero™* PARTE 1ineodugio Estudo social. Como podemos coneedé-0? Por que, para qué e come constrwtlo? Ein que campos owitwanses pode ser explicadlo, desenvolvido ou prolematizado? Que Jmplicagies ético-politias se fazem presentes na sua cons Parte deste estilo fi pment fo evento promovide pelo “eRESS 7 gis em crcroeng n dnd Aste SOC “O Compromieo fiteo ets na Eaboraio do Tso Sota: Para Alem 44 Dimensio Téoier”—9 de rao de 2 “Assent Socal cdo Jiri pit Dato em Serve Se int pols PUC-P. Peguiandors do NCA/PUCSP. P Soeetria da [AASPI} Si, Estado ce Sho Paso —getio 201-25. Cara Ea toil ds Renta Serge Sota oca, Cover Baie. teugio? que a pela wc aud sci eo parecer 8 Gla tm que ver com este estado? Em que cont, sina tote meio de tabalho, enguanto cspeificidade do Sorvign Social? _ = 7 ‘Ccestudo soca, th presante no ctilano da inerver- se a0 longo do proceso hstrico do Servigo Socal, em e peal nocampo sSlojurdlo parece ter si redkscobero, nos linen tempos, com um ojeto de nvestigagto cite snaticn, uestionamentos, peices e debates. Tal redesco- Tabs ele As rere oper agen iaoee mento de atemalizaio' arimoramento de meios para Interven, com vista a exereto do projeto tio pot Coda proisso,Projeto que 36 cola na diego do enfrn- tamento das expres da questo soil com aa qual © asaitente sot se depara nadia a cla de uae atvidades, tmexpecial aquelasqueenvolvem partcularidades do exe fo proininal no campo omen face Ainda que o meio sécio-jurdico, em especial o juice to, ena sido um dos primeiras espacos de trabalho do as sistente social, 86 muito recentemente& que particularida les do fazer profissional nesse campo passaram a vir a pa bico como objeto de preocupaczo investigative. Tal fata se {6 por um conjunto de razbes, das quais se destacain: 3 1. Campo (ou stems) sere di wep a0 congo de feos om que 9 ag do Sereigo Sociale a ates de haters jute, como oatema jutro o sera pentcig osatema de ewan, os asters de protege sesthientacome ago Iner rates conelhos de dion, ent out © tre shut, {pa se det fea, tem so disrinacono malo protic do Servig Sct em expel com as excl como em centa ca evi Ss ie Sam 7 Cons pon tmitensdoXCEAS Congress Bult de Aastra 200 2A primera asistente social ble um empresa campo interven de foto fiero palit mo i ds ance 180. ampliagdo significativa de demanda de atendimento © de rofissionais para adtes, sabretado apés a promulgacéo do ECA—Estatato da Crianga e do Adolescente;a valorizacio da pesquisa dos componentes desta realidade de trabalho, inclusive pelos préprios profissionais que esto naiinterven- io dizetn; e, em eonseqiléncia, um maior conhecimento cr tico e valorizagio, no meio da profissdo, de um eampo de intervengio historicamente visto como espaco tHe-somente ppara agoes dlisciplinadoras e de controle social, no ambito fis regirlagio easy a enen. Alia-ae a iso 0 compromisso de parcels signiicativa da categoria com agdes na diregso da Ampliagio e garantia de direitos, ena provocacio de alters ‘Ges nas préticas sociais; além dessas razbes, hi erescl mento do debate publica a respeito dos interiores do site ima penitenciério, do sistema judiciaeio e do complexo de brganizagies que tém suas agbes voltadas para oatendimen- to de situagdes permendas pela violdncia social e interpes- soal — cada ver mais presentes no cotidiano de traballo do _assstente socal Para tratar da temética estudo social, sers0 sinalizados alguns pontos, quest0es © polemicas, os quais, ainda que ppermeicm os diversos espagos de trabalho do campo s6cio- juridico, ferio aqui um olhar mais préximo ao Servigo So teal no ambito do sistema judilario. Ou se, permarenes 0 testudo social a partir da ocupagto, pelo assistente social, de lum espace de trabalho vinculado ao Poder Juclicitrio— um. Poder de Estado que, enguanto responsivel pela aplicagio das leis e distibuigio da justign, tem sido visto, tradiclonal- ‘mente, coma se estivesse num patamar superior ou 3 parte dos demais poderes, © quo, via de regra, se reproduz em ‘diversas instincins de agbes no seu interior, 3 No sent de rogulaso pits, de contole das tenses socal provocnios pela slags de explorgtscaptait eer Talo, 185) Para o propésito deste texto, iniclamos @ desenvalvi- ‘mento de nosso pensamento, numia primeira parte, tecenda consideracoes a respeito das expressées da questio social nesse campo da trabalho. Fm seguida, sfo recuperadas al _gumas marcas histricas da construgio teérca /operativa do est socal, ele forma que se identifiquem tragos de sua influéncia no present; finalmente, bsca-se a reflexdo ares- peito de como se apresenta o estuco socal na contemporae neidade,a partir da necessaria articulagéo com o projet ie co-poltico do profissional do Servigo Social. Nama segun- dda parte, so sintetzadas algumas derctnzes a tespeito do tesudo social, percia social e formas de registro, bem como Sih indicados textos com contesidos ais Pode-se firmar que 0 processo de sistematizagtio de ‘conhecimento a respeito dessa realidade — sobre set obj to, objetivos, instrumentos ete. — principalmente no qite se refere ao sistema judiideo, alnda ¢ nici, Constata-e tl {ato mesmo consideranda que. ustiga da Tnfincia Juven- tude, por exemplo, tena sido uma dis primeiras reas de trabalho do assistente social, e que profissionnis que atta ‘em outros espagos institucionnis, que integram o denonnina= osistema cio juridico relacionam-sena diaadiacom esse ‘campo, como os que trabalham junto a abriges, inteenatos, consolhos de dirvtos, Ministerio Pablico, sistema penitench Ani (sobreeuda quando envalve mes ov pas pretos). [Neste sambito, muitas questdes devem ser considera tlas, como, por exemplo, pensar se 0 asistente social deve atuar apenas como perito, ou de sia intervencio deve ter Juma dimensiio mais ampla, articuladad rece social, sobre tudo juntod infancia wa javentude,conforme o proprio ECA, dlispbe. Se atuaré como perite tio-somente nas Vares cla F nufia e Varas Civeis ou teré uma atuagio mais abrangente junto’ Justiga da Infancia eda Javentude. -Afinal, 0 que € ser perio? Q que é desenvolver uma aagdo mais abrangente, para além da percia? Os profisio- nals da rea tém refletidoa respeito dessas questies? Seexis- te esta reflexéo, consiceram como fundamentos essenciais ‘8 prinefpis e diretrizgs tesrico-metodol6gicos ¢ ético-po- liicos norteadores do projeto da profissso? Temos que in- dager se estes profssionais estio buscando sistematizar com mhecimentos acerca das dimensBes da realidade social que se fazem presentes no cotidiano de trabalho — As quai tém acesso amploe possibilidades econtribue competentemen- te para provociralteragies na tealidade —da pritica e dos sujeitas, (Os assstentessociis tim consciéncla do saber que acu rmulam e do seu so enquanto saber-poder? Deverse com preender se ge trata de ui saber funelarsentado histérica @ tworicamente ox recuzido ao senso comum seas agbes tem sido dicecionads com base na compromisso com 3 amplia- ‘toe garantia de direitos, 3s profissionals da drea de Servigo Social devem ques- tionar se 6 trabalho apenas como peritos nd leva ae riseo maior e mais fil da fragmentagio das suas agSes eda ter~ ceirizagio desses servigos, enquanto parte do projeto neoli- bral de umn Estado minim, O trabalho mais articulado com politias e projetos socais, por sua vez, pode confundiese ‘bu sobrepor-se a agdes de responmbilidade do Poder Exe- cutive. Como se constitu o projeto de trabalho nesta di ‘io? Abirbara realidade social na qual vivemes permite aos proflsionals trabalho t30-somente camo peritos, sem en Yvalvimento como parceiros, em aghes coletivas de carster inowvador, erative transformador? Questionames qual 60 papel do nssistente social nosso campo, e © que isso tudo fem que ver com o estudo social. Como podiemas concel- twat tal extudo, por aquis para qué ecomo ele deve ser cons tito sto mais algunas indagagdes que se deve fazer, [Nao ser possivel responder a todas estas questbes 20 cespago limitado deste estuda, Contudo, para respaldar © pensimento acesca da diversidade de indagacoes que per pessam esse complexo ¢ amplo tema, toma-se necessitio rmapear, ainda que brevemente, algumas particularidades das agSos aoe relacionadas, em especial aquelas relacion dag 8 Justiga da Infancia e da Juventude eda Fomine Sic cossbes! Interven julia «questi social No Fstado de Sio Paulo, tomade aqui como base de rferBncia, ae asgiesjuicins, que teamitem na netics da Justia da Infancia eda juventude da Justiga da Faria dae Sucessdes, tim alcangado nuimeros bastante elevadas, contribuindo cotiianamente para a garantia de direitos, objetivo maior da intervengto judicial, os para o controle e dlseiplinamento de comportamentos, de forma que se ame- nize ou adie a explosto de sitiagtes de violencia — inter pessoaise socais, [Na cidade de Sao Paulo estio instaladas algumas Va- 125 Bspeciais, que atencem apenas ovens em confiio coma Iai, Os profissionais de Servigo Social que atuam nestas Va- ras realizam © estudo soclala respeita destes jovens, com vistas a subsidiar o magistrado no que se refer, sabretudo, a aplicagio de medidas s6cio-ecucativas previstas no BCA. [Existem otras nize Varas la fala ela Javentaleexpa Thadas nas diversas regides da cidade, que atendem todas asmedidas previstas no ECA, excelo aquelas que dizem res peito aoadolescente em conflito com ale. Nos onze Fortine da capital, estio instaladas ainda dezenms de Varas da Fax inilla e clas Sucessbes. foda esta estrutura significa uma enorme demande para a intervengio do asistente social, na medida em que a “Pras ans one do fiscal demand ‘sabato do Assitente Sci grande maioria das situagdes 6por ele atendida sejana tei {gem Inia, esja no plantio, na realizagie de estuclo social com apresentacio de wlatérios, audos, pareceres —, € fem acompanhamenta de situagies evja avaliagdo profissio- nal (por parte do assstente social ¢/0u do psieslogo) e de- {eeminagéo judicial considerem como necessér, ‘Pesquisas ralizadas recentemente!, uma delas visan- do conhecer a8 condighes soeloecandmicas de mies pais {que perderam 0 poder familiar na comarca de Sto Paulo, © ‘outra analisando a pobreza como condicionante dessa me- ida, Gouxeram 8 fona exemplos sigruicativos desses ele vvados nuimeros: nas onze Varas da Infancia e da Juventude dda capital, que aplicam medidas protetivas 406 mies e pais ppassaram pelo atendimento judicial, perdendo o poder ft Iniliar sobre os filhos, em apenas quatro meses do ano de 1999, Nomesmaano.¢peeiodo, ocorreram 588 adogies. em contar as situagGes de abrigamentos, tutelas, e demais me: dlicas protetivas esociaeduentivas que em muito avolumam ‘esses tervigos. No Estndo de S80 Paulo, 1.646.968 ag6es ju Giciais referentes A infancia A juventurde estavam em. an- ddamento,sendo que outras 194,859 tiveram infcio naquele no, Destas, 4.759 tratavam de adogbes. ‘O Estatuto da Crianga edo Adolescente universalizou o discurso legal, clispondo sobre n protec intogra a todas seriangaseacolescentes (art, ), vedando, portato, 2 dis Criminagio pelas condigSes de pobeeza, como sugeriam os Cédigos de Menores (de 1927 ¢ de 1879), que eram disigh= dos, priortariamente, 4 crianga e ao adolescente poores. Contudo, apés decnrrdos quase 13 anos de sua promulga- Gio, a grande matoria do contingente populacional que de 5. ver Fvero 200 ¢Hivero4t i, §.Cam@ entrada em vigor do mv Cig Che 2008 9deno- sina “poser falar” abst “peep, anterirmente ui ‘manda os servicos judiciarios na drea da infancia ¢ da ju- ‘ventude & aquele de baixa ou de nenhurme renda, oque vert endo acentuado recentemente também nas Varas da Fami- lige das Sucesspes. Uma parcela da sociedade composta por uma populag’o que sobrevive com dificuldades no que se refere 20 suprimento de necessidades bisicas como alimen= tagso, habitagdo, sadde, educagio, lazer, seguranca ‘Ao recolherem informagies a respeito das condigées, de vida dos sujeltos que perderam 0 poder familiar sobre algam filho, as pesquisas apontadas obtiveram resultados {als como: a malovia das mies e pais estava desempregada ou subempregada; aproximadamente 5% nao tinham qual: quer ronda e grande parte era analfabeta ou semi-alfabeti- 2zada. Enfim, 0 conjunte das informagées revelou gue 3 qua- se tolalidade desse segmento era constituido porsiltos que, via de regra, nunca foram ineluides nem mesmo entre ague- les que acossam minimamente aos bens sociais, ot foram cexcluidios socialmente ae Jongo de suas trajet6rias de vida, ‘em decorréncia da perda do trabalho e da conseqiiente im: possibilidade de acesso a outros bens sociais, Realidade esta ‘que permeava a viea de todos, independentemente do en- volvimento em acces judiciais pelo fata de a crianga estar ‘om sco social ot tor sido vitimizada ous abandenad, ‘Com relagio ao Rio de Janeiro, um estudo divulgado fem 2002, realizado com 396 fami que Hnham entre seus ‘membros algum jovem em conilito com a lei, mastrou uma realidade social semelhante, evelando queo “desemprego, 0 uso de deogas e a falta de formogio escolar marca o8 ‘ticleos familiares que foram parar na justca”- Isso significa queer para o debate a respeito da reali- dade de vida dos sujeites, e da intervencao do Servigo So- 7, Fstudo enzo pea Pe ene Riza, “Deserpapo dogs levom pate Justin Jounal Fa de Dil, Caderno 7 Sto Paula, 12 de outub dea0. cial nesses espagos do Juidicério — © que parece no ser Citerente com relagio a0 conjunto dos espagos de interven- ‘Gio dos trabalhaiores do campo s6cio-jurtdico— é necessi- Fo ver, laramente, como ponto de partida, que a questio social atravessa o cotidiano dos sujet ai atendidos — em todas as suas dimensdes. Questdo social que se apresenta ‘como “base” fundante do Servigo Social enquanto trabalho, _especializado, e conceituada come 0 ..conjuntodas expres ‘bes das desigualdades que aparecem com a seciedade ca- pitslista © que tem uma raiz comum: a produgio social & (Gila ver mals eoletva u Lables titan mais anaplanie te social, enquento a apropringso do seu produto mansem- se privada, monopolizada par wma parte da sociedad”, ‘como destaea Tamamoto. (1998: 27) ‘Vivemos uma sitnagio no contexto mundial, nacional «local, em que 6 trabalho se apresenta cada ver mais de orma precarizada, com aumentoconstante de mio-de-obra, {que alo encontra emprego estivel, ow outra atividade re" ininerada de qualquer tipo, e garantia de direitos. Assim, © [profissional que atta diretamente janto a essa ampla parce- Ind populagto, que vem sofrendo as conseqiéncias de um processo perverso de excluso social necesita, urgentomen- fs, como diz lamamote, tomar “um banho de tealcade bra sileira, muninderse de dads, informacéese indticacores que ppossibliiem Identitict as expressdes particulates da ques- Ho social, assim coma os processos socials que as reprodu- em” (1998: 38). A qualificagio, para acompanhamento ¢ anise crt «cn das relagoes socias com as quais oassistente social lida rho trabalho, torna-se fundamental para a proposigao de fagbes inovadoras que venham a contribuir para ateragbes nessa realidad, tanto no nivel da intervencio diveta, quan- tomo Ambito cas politcas socials, de forma que o dominio do conhecimento da realidade social contribua para “ ctransformar os espagos de traballo em espagos fetiva~ mente piiblicos, a servigo dos interesses da coletividade”. (4998: 40) E necessétio, a est tipo de atividade, um conheclmen- te que contemple o conjunte dos fandamentos que da dire- 020 projetoda profissgo. Nesse senticlo,» busca da hist®= ia, enquanto possibilidade de explicagoe do presente e de respaldio para acces ransformadoras no futuro, se pde como lum dos pontos essenciais a sorem considerades, Manas isis ete oe ‘Ao longo do procesto hst6rico, as prticasjulicisrias vem, par meio de profisionais de diferentes steas, cone= tmiindo formas de conhecimento do que se convencionou chomar, no meio juridico/judicisrio, de "verdade” a res- ppeito das situagdes com as quais lida, com vistas 2 alear ‘gar maior objetividade neste conhocimento, a partir de sit- porte ciantifico. O perite, enquanto detentor de um saber, foi o personagom chamado a dar esse respaldo, ou soja, chamou-se um profissional especalist em determinada rea doconhecimento, pasa oestudo, a investigagio, 0x8" ‘me ou a vistoria de uma situacao processua, com 0 objet +yo de oferecer subsidios técnico-cientificos que possibill- Ateaoem ao mesiotsade @ aplicegto da let com mcior see ranga, reduzindo-se a possibilidade da pritia de erros ot de injustigas O especialista em outras reas do saber, além da juridi- ‘ca como € 0 ciso do médico psiquiatra— foi chamado 2 ‘atta junto 3 Justiga da Tnfineiae da Jeventude e também 3 Justiga da Familia, no nici de 1920. Sua atuagio foi previ ta no primeiro Codigo de Menores brasileiro, promulgado ‘5 Hapeclietaenquantodtanor deconhecmentat em determina ‘a Arend formagio/ dung profsiona. ‘em 1927 (Len? 17.943-A, de 12 de outubro). Conforme dis pnha o artigo 150 (em parte especial do eédigo, que trata- vva da ctiagSe do primeira jufeo Privativa de Menores, do Distrito Fetal), competia no profissional da medina psi- uitrica “proceder a todos os exames méilicos e observa- «8s dos menores levadas a juizo, aos que o julz detormi- nar” e “fazer as pescons das familias dos menores visitas ‘médicas necessérias para as investigaghes dos antecedentes hhereditérios e pessoas destes” ssa mesma legislagio previa também 0 auxilio dos tentao chamados comissarios de vigilancia’, os quais atua~ ‘vam junto ao Juiz e tinham, dentre suas atribuigoes (art 152), a responsabilidade de “proceder a todes as investiga {es relativas 20s menores, seus pais, tufores ou encarrega- dos de sua guarda, e cumprir as instrugées que thes forem ‘dads pelo juiz” Em 1943, o DecretorLei n” 6026, em alteragio a esse Codigo, no que se teforea medidas aserem aplicadae & ado leacentes em confit com a lel, dispés que o juiz deveria estudar “a personalidade do menor, sobretuco em sex am- biente familiar e social, mandando proceder reservadamen- te As periciase inquéritos necessirios& individualizagso do tratamento eda edueacio”. ‘A origem dos estudos a mspeito da realidade soctofi- iniliar das criangas e adolescentes, com finalidadte de subsi- iar as decisdes eagbes que tamitavam na esfera da justin ‘eles destineda, remonta, portanto, a0 instrumenta do i {uérito, enquanto possibilitader de eoleta de informagées com vistas ao restabelecimenta da *verdade” dos fatos, | dda construcao “de provas a respeito da agio em litigio ou 9 Ata voluntiin da infin vented, ind anes or slums das Veron dni ec fentele — sem bgtonedade ‘de formagha ein alguna een profestonal expec, em exame', numa dizegso coorcitiva e diseiplinadora da fordem social O assistente social, so inciaro trabalho no Ambito da Justiga da Infancia eda Javentade, em Sia Patilo— nos dos «dos anos 1940 —passout a ocupar oespaco do perio da rea social, atuand inicialmente como estagisrio ot coma mem- bbrodo Comissarindo de Viglinein, Num perioda em que se cevidenciava 0 agravamento¢ tentativas de controle das se ‘elas de questio social ese ampliava a ceupasio de espa- {ar intituconais pela Serica Sora, paints aca, eam formagie generalist na éren social, passot a term Justign da Infincia e da Juventude, espago privilegiado de agéo, 0 ‘ue fez com que, progressivamente, deixasse de atuar junto 0 Comissariado e ocupasse, no final destes anos 1940, e=- ago formal de trabalho no entio denominado Juizado de Menores de So Paulo". Com o segundo Codigo de Menores, promulgado & 19792, que dispunha sobre “assisténci, protecto e vigilin- cia. a menores” fart. 1), 0 prfissional deServigo Social pas- sous ser integtade em maior neimerono interior do Jus 10, Newseum generac no ques eee wage ene tenia wera unt cranes a adolssertes rn a {is de Sloroes frances, gun lava, do acon com Donel (098512), como “0 pina nsrumantetenco destinado cede ‘nova ltt do eabelhn soca possi eer on ett {serangay a interven ns fafa com ins eee) 4 Sopanaparectaa 1 ale ert uc ese il de taba Frn do Servi So- cian bit dof paula oasastente scl nmin se 0 ‘leagt pors alga pria,nvestnco rane sll mean oh tnwalviment devSsos opment ds comunidate TCs decd de 1950 demonstra arena, bom coma oF ls. Seman os Problema de Mena, que berm inioo nofinal dos non de 910 (vee Haver, 1. tio, na medida em que, para a aplicagto dessa lei seriatn levados em conta, dentre outros elementos, “o contexto $6- ciorecondinico e cultural em que se encontrem o menor & scuspais ou responsivel”,bemcomo “estado decada casa” deveria ser realizado “por equipe de que participe pesso ‘éenico, sempre que possivel” (art. 4. A necessidade do perito, enquanto profissional — de diversas reas, que oferece conhecimentos cientifics para subsidiar a deciso judicial oj prevista também na Lepisla~ $80 Civil, sendo reguilada no Cédigo de Processo Civil (Negeto, arts, 145 « 147). Legislagso esta que na atvalidadie ruspalda a nomeacio ou solicltagho de asaistent socal para boferocer coniseimantos da rea 30 aplicador da justign, para goes que tamitam nas Varas da Familia e das Sucessies © Varos Civeis, A legislagto em vigor, referonte d infinelae d javenti- «de (BCA, promulgado em 1990) aponts, nas seus artigos 150 151, para a necessidade de aesessoria de equipe interpro- Fissional nessa esferadajustica. Equipe 8 qual compete, "er- tne outras atribuigBes que Ihe forem reservadas pela legisle~ Gio local, fornecer subsidios por escrito, mediante laudos, buverbalmente,na audiénela, bem assim desenvolwer ta batho de aconselhamento, orientagio, encaminhamento, prevencio e outros..”. Essas disposiodes contidas no ECA, fazem parte de um conjunto de normas relacionadas dou trina da protesdo integral, quenorteia asagoes junto eran 1 a0 adolescente. Asdes que no Poder Judicisrio tém soici~ ‘ade, cada vez mals, a presenga de profissionais com forma- sho na Area social para atuarem ern medidas preventivas © de suporte a aplicagao dale. Vevilica-se que, neste processo histirico, © Serviga So= cial, mais pecificamente no que se reere atagio junto 8 Justiga da Infineiae Juventude e também da Familia, e das Sucessies, ¢ Civeis, tove como base a metodolopla oper cional do "Servigo Social de casos individuais", desdobea- Ao originariamente nasetapasde “estudo,dlagndsticoetra- tamento”, ou "investigacio — diagnéstico e intervengio" No que diz respeito sobretudo & operacionalizagao do pro- c2s50 de intorvengio, pode-se dizer que esea metodalogia aid hoje so faz presente, e de manoira predominante, nese ‘campo, resguardadas a diferentes orientagdes tedricas que lreclonaram a agio do assistente social ao longa dos anos. © proceaso de intervencio composto pela “investiga lo — diagnéstico intervencio”, tem na sta origer a ex: pressio e conceite do "DiagnSstico Social, formulado por Mary Richmand, na obra cldssiea Sacial Diagnosis, de 1917. Deacordlo com Nadi Kfouri, Richmond afirmava que 0 Ser vigo Social de Casos era o campo especifico do diagnstica social, mas que ele se destinava a tornarse elemento iss liar de outzas profiscdes, tals como a edveagio, a medina, a jurisprudéncia eto (1969: 17). 'No final dos anos 1940 e nos anos 1960, quando da im- plantagao do Servigo Social nos Juizados de Menores deSi0 Paulo, por meio de Servigo de Colocagio Famillar®, a di fo te6rico-metodaTOgiado "Servico Social de casos ind viduais" pautava-se no feferencial ideolégieo da doutrina social da igrjaeatéliea, que tomava como modelo de fame liaa “sagrada familia”, ou afamuia nuclear. Amotedolog! opeielive nese gave ee fifluerctola pelo Servis Sota norte-americano, cujaintervengdo junto a “casos indivi dluais" roferonciava-se em estudos dle atureza psicosocin,) isto 6, versava sobre “fatores interns ou de personalidade je extemmos — ou sittacionaise socais” (Kfour, 1969: 07) Com predomnio, inicialmente da anslise os fatores Internos ou subjetives, buscou-se, com 0 decorrer da tem 1 Implant om 198, a cootdenagio do Prof fos inheie ‘Cortese com funia dit is Professors Helena liny angus ‘Gala Cine, da Eso de Serig Sci ce So Pa ve 959, _po, uma maior articulagso com conhecimentos das Géncias Sociais. Assim, conceitos como “status’e papel socal, clas- se social, sistema e estrutura, agto social, burocracia, mu- danga, desenvolvimento esubdesenvolvimento, cultura da pobreza’, passatam a ampliar a funcamentagso ds est- dos realizadios ¢ “a eapacidade de diagnéstico”, conforme ‘exposto por Kfour) Bsa autora result esse modelo dein- tervengto especifia em Servigo Socal como “Servigo Social de caso genético’, isto & aplicivel a diversos campos da pritica™. Nadir Kfouti assinalava que “toda anslise sobre a hatsreza do ckagnostica sper ¢ concorde em ressaltar ana tural globalidade, complexidadeintrinsoca ¢interdependén- cin de fatores do dingndstieo”e, por eonsegrsinte, da realida- Ale abordada pelo Servigo Socal” De acordo com ela, mes mo no Servigo Social de casos, o diagnéstico era “inerente- ‘mente complexe e multidimensional, compreendendo pes- 0a € pessons, pessoa grupa, ¢ classe socal, ¢a sociedade ‘mais amp; fatores de personalidade e extemos em cont na e cinimica intertelagdo", consstuindo-ae, em slates, puma “configuragio global”. (Kfouri, 1969: 12-15) Os prineipios tins e ilosdficos que deveriam diveclo- nar eeram subjacentes A priticasinttizavam-so na "valo zagio do homem e da sociedad” (Kfouri, 1969: 08), mama perspectiva de adaptacio, integragio socal ¢ participagso no processo de desenvolvimento, portanto, numa dinecio em gue a ertica aos padedes dominantes de exploragio so- dat nto se fazia presente. Os conhecimentos tedricos divi- diam-se, por sua vez, entre 0s até entio sistematizades, a ppartirda anslise da prética, 8 ncorporedos de outras dis 1H. Aseapclalieagioy rund Kiar doversensoragudor ne campos da prt -aesctnca de campos cleenclagos um dado de ‘liad ow cts de apeaelonmento de ps-gaduaci,sende ‘oe, "Nenana profit cece ser n cpa perspectiva da visi go Tn genavca ed especin” (196 13

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