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Ferando Hemandez provoca Educacad(@)irte Tepe) FES cece too) tura visual produzem Gee costae) Boerner CATADORES DA CULTURA VISUAL proposta para uma nova Nee cu Reicu Fedo aba ater narrativa educacional Cele us Re ue eens Fernando Hernandez Professor da Universidade de Barcelona ! Espanha ee preteen edt ° Tradugio de S ‘Ana Death Duarte eX TSE Revisto Técnica — Cae Editora Mediacao eine stints DEDALUS - Acervo - FE AINE ae 2007 20500065884 X60165, CM, we A Bk peuencer colcdions Qeorenria| Ha (0S ESTUDOS DE CULTURA VISUAL COMO PONTO 2 DE PARTIDA PARA UMA OUTRA NARRATIVA ‘A necessidade de revisar as narrativas dominantes na educacio das artes visuais (© que foi dito até agora me leva a destacar que, na atualidade, a cultura visual é importante, no apenas como objeto de estudo ou como um tema fundamental a ser abordado na Escola. Por ocupar uma parte signficativa da ‘experiéncia cotidiana das pessoas, é importante em termos da economia & das novas tecnologias, de forma que tanto produtores come receptores po- dem beneficiar-se de seu estudo. Tal perspectiva, que vai além de experiénci as de apreciagio, de prazer estético ou de consumo que a cultura visual pode proporcionar,suscica “uma compreensio critica do papel das praticas sociais do olhar e da representacio visual, de suas fungdes sociais e das relagoes de poder as quais se vincula”, ‘A funcio dus artes através da histéria cultural humana fol uma tarefa de" construgéo da ralidade”. As artes constroem repr ‘mundo, que podem ser acerca do mundo real ou sobre mundos jo estio presentes, mas que podem inspira os seres humanos 8 cracio de um futuro alternativa para si prépris. Muito do que constitu a reatidade esta cconstruide socialmente, inclindo coisas como © dinhelra, a propriedade, 0 rmatriménio, os papéis de nero, os sistemas acondmicos, os governos €0s males, Como a discriminagio ravil.As construgSes Focisis que encontramos nas artes ‘contém representagdes dessasrealdades socais. Portanto, 0 objetivo de ensinar arte é 0 de contribuir para a compreensio da palsagem social e cultural da qual faz parte cada individwo (Arthur Effané, 2004, p. 229). ‘A educacio da cultura visual participa, de certo modo, da tarefa que Debray (1996) considera objeto de estudo da midialogia. Isso significa exploraras vias © ‘osmeios de'“eficicla simbélica”, centrando-se no papel mediador dos diferentes artefatos culturais ede objetos “reais” e virtuals.Levar isso em conta leva-nos a repensar as bases a partir das quaisa relacdo entre as artes visuals ea educacao foi estabelecida e que vem sendo propostas, atualmente, nas instituig6es. nas 42 Catadores ds cutura visa} priticas individunis e na Escola, devide no somente &s mudangas apontadas, mas 20 fato de que a realidade de muitas propostas de educagao das artes visuais se sjf2Bits’ Spoiam, tle como aponta Highs (1998, pl) em procedmentor «pris ae new {que tém por base procedimentos e priticas do século XIX, presos a visbes € 20s confortiveis e sem pretenses”. I fato exige que se revisem os fundamentos teéricos.epistemoldgicos, disciplinares e pedagogicos da educagao das artes visuals. Para isso, é importante levar em conta que, nas duas itimas décadas apareceu uma serie de perspecti- vas sobre-as maneiras de olhar de representar e sobre a prépria concepsio da imagem, sob o manto da cul ‘raznovas contribuigSes e nos permi- tem refletir em termos dos fundamentos, das finalidades e das experiéncias para a aprendizagem''de" e“pelas” artes visuais na Escola r ‘A educasio das artes € uma atwvidsde de aprendzagem sustentivel © slstemitca centrada nas hablidades, maneiras de pensar e apresentar cada uma das formas artistieas ~ danea, artes visuals, misia, teatro ~ que produzem um Impacto em termos de melhorar as atitudes em relagso & escol @ aprendizagem, {que fomenta a identidade cultural e o sentido de satisfagio pessoal e de s bem.A edueagio pelas artes utiliza pedagogas todo 0 cur ‘2 melhora seadémica, reduz 0 abandor a escolar @ promove transfe = benefcis chegam a seraleangados quando fe fozem acordos para desenvolvimento de programas de qualidade. Se os programas io sio de qualidade, niber-reos beneficios que aparecem vinculados 2 programas de qualidace (Anne Bamford, 2006) Tis enfoques no devem ser considlerados como uma ameaca,mas como, lum convite ao estabelecimento de pontes com outras bases epistemolagicas, ‘outros saberes clisciplinares, novas formas meios de representagio, assim como, Jas que surgem em termos da interpretacio da imagem, do 10 da histéria, pressupunha debxar de ensinarhistéria?A intro- es relativistas nos estudos sochas signficou debaar de ensinar @ investigar sobre estudos sociais! Ao contrério, serviram para revisar concep- es marxistas ou positivistas ¢ introduzir novas problemiticas e concepgoes (narracio, vozes silenciadas, microhistéria, relato, dferenca, etc. nestes campos. ‘Ao masmo tempo, nio devemos esquecer de que repensar os fundamen- tos da educagio das artes visuals ndo 6 um fato inédito. No decorrer da histéria, desta disciplina escolar, foram delineadas diferentes propostas com base em um, Editors Medagio Fernando Herninder 43 ou virios enfoques educacionais, condo por referéncia diversas concepgées da arte, e levando em conta uma série de teorias que thes serviram de funda- mento epistemologico e pedagégico (Freedman, 1987; Arafo, 1989: MarinViadel, 1993, 197, 2000:Barragin, 1997; rrézuriz, 1998;Herndnde, 1998; Efland, 2002; Aguirre, 2005). Tais propostas foram também uma forma de resposta a condicdes socials que provocaram essas mudangas (Freedman Hernindez, 1998). Assim, a tradigao da copia (de laminas, de esculcuras em gesso, do natural) tinha por base a idéia de mimesis ~a arte deveria imicar a natureza {(Tatarkiewicz, 1988) -,0 que se concretiza nos pressupostos das academias de arte (Araiié, 1986). ‘Aperspectiva expressivista fundamentou-se nas propostas da psicanlise freudiana (para liverar-se dos traumas) — 0 auge da ctiatividade -a posigo den- tro do campo de arte que sustentava que esta devia refletir sun essénecia (a forma ‘se transforma assim em contetido, a vontade do artista no referencial essencial course, também, na psicologia do desenvolvimento (nos esti- irre, 2001; Hernandez, 2001), ‘A perspectiva disciplinar, que teve como referéncia a proposta do Dis- re Based firts Education (DBAE) nos Estados Unidos (Greer, 1987; Marin 1002), bem como a Abordagem Triangular no a reforma curricular estabelecida por Bruner (1963, 1969), que destacava a importancia de ensinar a estrutura das disciplinas — 0 conhecimento escolar deveria ser de base disciplinar.No caso da arte, este conhecimento origina-se da historia da arte, da pratica da ina, da nogao de estética e da pratica de apreciagao ~ que nos Estados Unidos se denomina “critica”. Este enfoque presumia percorrer um caminho ra prética artistica pessoal que se deslocava do “aprender na arte” a“apren- der sobre a arte”. Desta maneira,a arte comegou a ser entendida como um corpo signifcativo de conhecimentos tedricos, ea educacio artistica centrou- ‘se no pensar,no apreciar e no consumir a arte (Amadio, Truong eTschureney, 2006, p7). ‘A perspectiva formalista, analitica e dirigida em relacio a aprendizagem da linguagem da arte (Balada e Joanola, 1984) ~ com uma notavel presenga nas refor- ‘mas educativas dos anos 90 na Espanha e em varios paises da América Latina (veja os casos do Brasil, Chile e da Argentina, entre outros) ~, € construida a partir dos fundamentos das propostas pedagégicas da Bahaus, da semistica es- ‘ruturalista eda iconologia (Hernéndez, 200; Ris, 2003) deora Mediacio 44 Coudores da altura vs) A partir deste breve apanhado sobre as "periédicas” mudanca das propos- tas em educagio das artes visual, surge a seguinte pergunta A educagéo das artes visuais pode incorporar as contribuicoes dos Estudos da Cultura Visual no sentido da revisio de seus funda- mentos, de suas finalidades e das praticas pedagégicas, de modo que possa responder as mudangas nas representasées visuals @ nas expe- rigncias de subjetivizagao das sociedades contemporaneas? esta pergunta é que, set entio néo surgiu nem uma proposta educativa dos Estudos da Cultura Visual (ECV) ~ um campo diversificado e fragmentado de estudos ~, hi uma série de contribuigBes que podem ser dteis para se aproximar o curriculo da ceducacio em artes visuais de algumas correntes de pensamento e de investiga fo atualmente dominantes quanto aabordagem cultural sobre o visual ea ima- gem. Estas contribuigdes poderiam ser: uma série de elementos teéricos (aimportank interpretagao, 0 estudo histérico da visualidade, a perspectiva critica, performatividade,nogées como representagio,mediagio, substituigSes,nar- rata, ete) - propostas metodoligicas (a ntertextualidade, a desconstrusio, a andlse criti cade discurso, entre outras); ~ posturas investigatvas em atengio ao contexto cultural e ao processo de recepgio - ilo apenas ao de produc das imagens; ¢ ~olinteresse da comunidade de pesquisadores em educacio das artes visuals sobre temas que versam sobre as relagdes entre cultura visual ea educacso (Fischman, 2001), Levar em conta tas contribuigdes exige uma abordagem contextualizada dos artefatos relacionados representages visuals, para além dos considerados como. bjetos artisticos pelos historiadores e tedricos da arte e que incorporam as mani- festagSes da cultura popular como mediadoras de experiéncias de subjetividade. Passoa desenvolver uma primeira defesa desta posicao, para depois apre- sentar 0s aspectos de uma proposta educativa que dialogue com algumas dessas contribuigées, Edtora Medco Fernando Hernindez 45 Os Estudos da Cultura Visual como referéncia para a educagao das artes visuais: esbocar uma proposta a partir de perguntas Como nos recorda Rogoff Lum campo de investigaeao transdisciplinar e transmetodologico nao si tra coisa senido uma oportunidade de repensar.a partir de outro Angulo, alguns dos problemas mais espinhosos deste momento cultural,Para ele tanto em te mos dos objetos de investigagao como de seus processos metadolégicos, cul reflere as mudancas sofridas, desde os anos 60, por diferent ‘campos de conhecimento (histéria da arte, lingistica e critia iterdria, estudos 198), 0 aparecimento da cultura visual como. Ou ‘Ao categorizar este periodo, Rogoff destaca a mudanca de uma fase de intensa atividade analitica, pela qual passamos desde os fins dos anos 70 e 20 ngo dos anos 80 — época em que se acumulou uma série de instrumentos de andlise -,até o momento presente. Desde os anos 90, como aponta Rogoff, vém sendo produzidos novos objetos culturais. Estamos profundamente enraizados em uma compreensio da stemolbgica (ni acetagto de um fendmeno como inexorével) ‘dos temas que seguem modelos analitcos do pe ruturalista¢ da introdugao da teorla da diferenga sexual igasdo ultrapassam 2 analse em di wentagio de noveslinguagens © akernativas que refletem as preocu ‘iveneiamos para além de nossas propris vidas (Rogoff 1998, pp.15-16 ), [Uma posicao similar, mas com outra énfase, é a que aponta Brea (2005, p.6), que considera que estamos assistindo ao aparecimento de alguns socialmente insiulas. Emrrelagio as mudangas e ao aparecimento de novos estudos, comparti- ho da opinifo de Paul Duncurn (2000, p.101) de que tudo isso também afeta os fundamentos, os objetivos e as priticas de educagao das artes visuals. © que faz dora Medacio 46 Catadores da cure visual com que estejamos em um periodo de transi: est acontecendo uma mudan- eto de estdo e de aprendizagem que significa passar daarte” “cultura sta mudanga € tio importante como foi, na década de 80, passagem da auto-expressio paraa orientagio disciplinar:O que atualmente se prope implica ‘mudanga na raz, do que pode ser 0 fundamento e o objetivo da educacio das ares vsuais, ao passo que a orientagio dscipinarembora delineasse ura pers- pectiva diferente, voltava-se para 0s mesmos objetos: 05 considerados"artst- ‘os,0 que acabou significando uma mudanca de perspectiva, mas nfo de "con- tei” Este reconhecimento de que estamos em um periodo de transigio também & cobservado nas contribuicées dos livros de Efland, Freedman e Sthur (2003) e de Freedman (2006), que o vinculam aos debates gerados sob o manto do pés-moder- rnismo, ou como o denomina Caries Guerra (2006, pp.16-17), da critica mode Neste sentido, Rachel Mason (1999, p59) ji previa no final da década passada:"a profissio (de educadores das artes visuals) encontra-se atualmente em umn estado detransigio entre o modemnismo e o pés-modernismo, no qual a rantemente moderna, mas a mudanca pés-moderna é inevitive Entretanto, as mudangas nao sao produzidas com um unico golpe. Ja antes desta transigo, aponta Duncum, acorreu em algumas escolas particulares —0 ue também pode ser observado em outros paises como a Espanha eo Brasil nas décadas dos anos 70 e 80 ~, uma série de iniciativas que pretendiamincorporar asartes populares (Duncum, 1987) ¢2s manifestagtes da cultura popular (Chapman, 1978) Assim, como aponta Kevin Tavin (2005,p.5)*.0 trajeto em direcao & cultu- ravisual é um" novo movimento consticuldo por idéias do passado,com diferen- «25 substanciais entre as teorias eas préticas mais antigas” ica 6 predomi- Ae CG Fernando Hernindsr 47 No quadro a seguir, apresento o que estas contribuig&ies oferecem. Ele nos permite detectar a génese de reivindicagées similares em outros paises (Marin, 2002; Barbosa, 2001). eee ‘da produto arstica em Gresio a0 ai (Lanier, 1957 pensamento crtco e a compreensio cul fr a cokura popular para © desenvolvimento da consciénda critica (Lanier nos anos 70 ¢ 80) (ee ee "Ampla 05 objetos da cukura popular e de massas que os estudantes deveram avaliar Ge manciraertca (MeFee, 1968) Ssesucte Meee | Txplon as relagBes entre responsabidade sociale as dimensdes fiieas do ambience (eFee, ee | ncorporar perspectives antropolicas,cukurais cruzadas e socologcas sobre aac, a cultura popular © o ambiente naturale construido na educario ds ates visuais (MeFee, nos anos de 1980 ¢ 1990) ‘Que a aprendlzagem vi mais alémn da escob da sala de au © eduque um cdadio letrado em uma sociedad (Chapman: no decorrer de sua trajetri) j dead etre Sactaee Seor ee Dasenvolver @ preoaipacio pelas teas da vida daria em termos de signeados perscais de valores sociais (Chapman, 1967) fe eventos, desde amin sas, bebidas &| 1970) Favorecer uma cidadana com base no gluralsmo liberal (Chapman). rors Medagse 4B Cardores da cultura visual Estes autores apresentados por Tavin propunham,acima de tudo, uma ingio dos “objetos” que serviam de referenciais aos conhecimentos curriculares na educagio das artes visuais. Sugeriam a inclusio de manifesta- Bes da cultura e da arte popular ea énfase & educagio estética vinculada & cotidianidade. Entretanta, faziam-no de maneira aditiva, como algo mais den- tro da corrente disciplinar dominante. O que signficava que, de certo modo, as Belas Artes continuavam sendo 0 campo que determinava os objetos de estudo, Esta posigao aditivai*ndo veio acompanhada de um esforgo em ex- plorar o imagindrio que estava fora do “mundo da arte”, em reconceitualizar ‘a matéria curricular associada a cada contexto em termos da educagao das artes visuais (Duncum, 2001, p.101).Além do mais, como também aponta TTavin (2005, pp. 16-17), ainda que algumas das idéias encontradas nestes e em ‘outros autores possam estar vinculadas 4s que propomos na atualidade, os ‘que,como nés, consideram os estudos sobre a cultura visual como um mar~ co ser levado em conta paraa construgdo de outra narrativa para a educa- Gio das artes visuais, nio estio falando a partir do "mesmo" lugar,ainda que Utilizem termos como cultura popular, democratizagio, cidadania, interdisciplinaridade, olhar cultural, ete.Vou apresentar algumas destas dife- renas. Em primeiro lugar, porque as teorias com as quais dialogamos agora no so as mesmas que serviam como referéncia ha vinte ou trinta anos. Se ém for revisar © mapa disciplinar no qual James Elkins (2003) relaciona os estudos visuais e/ou de cultura visual, ou a ampla lista de disciplinas que Walter © Chaplin (2002) vincula 4 cultura visual, iré perceber que muitos destes cam- pos de estudo no existiam como tal ha trés décadas. Uma interessante par- tcularidade desta diferenca pode ser encontrada, ja em 1993: Nigel Thrift (em Mathiews, 2005, p.206) aponta dez direcdes disciplinares nas ciéncias socials e nas humanidades vinculadas a0 interesse pela cultura visual ICG pares messes pos eet Fe netaltao oe imap me 2 O imerese dos estidos culture pea pose do pace e pela pared muocladl replka demagans en fotografie leit eves BY O ieee ces critoe so seed ae aero cease © que; aumalidade, pode ser observado em slgine exemplos que diz extar insridos no extudo da cuura veal, mas que o que fazem 6 serescantarmanifestagces da cultura popular ‘mesma mancira gue antes se fazi cm as manifestaes attics Edtora Medacto 3g Fernando Hernindex 49 J uerera crs consumo pel papel rages po ero dacn ang identidade do consumidor au 5. Um interesse foucaul estruturas do conhecimento mas 6. Umm interesse geografico pelo papel da iconografia. FU inceresse foucaultiano efeminista pela corp: corpo. 8 Um interesse por parte dos estudos sociaise politicos pela construgso, de Idensidades nae 9. Um inceresse 200% 10. As contrbuigBes de tedricos da imagem alemies ¢franceses. co pela utizagio de metiforas e alegorias visuals. ta sobre efeitos disciplinares do olhar nas gio e pela inscrigio do km segundo lugar, porque os temas e os concetides da cultura visual foram sendo ampliados, incorporando, come aponta Tavin (2005, pp. 1-17) “um registro inclusive de imagens, artefatos instrurnentos eaparatos, asi como a experiéncin de svjeitos mediados «em rede em uin século XX! globalzado" Em terceiro lugar, porque ensinar,favorecer a aprendizagem a partir da eultura visual na aualidade permite a tilizagio de algumas metodologias de analise diferentes das do passado.O que“se pode exempifiar,por exemplo, pelo surgimento de novas e recentes imagens em tecnologia e experiéncias || Euleurais que implicam cibernétia, imagens dgitals, teas, rekce 6ptico, ma- pas por satélite, simulagio, vi idem, 17), ‘No quatro 2 aparece um mapa de diferentes tipos de metodologias do i visual, no qual se mesclam “antigas” " abordagens, que ampliam as aneiras de trabalhar-se com a visio, com o visual e a visualidade. Auorles Metodologias Forma ¢ conteido, anise de conteido, Iconografia eiconolog mitologas ° Anilise de género e técnica ‘Analse de forma e estilo, anise somiotica Estruturasmo, reconstruc, contest fisico Hermenéucia ‘Walker e Champlin (2002) Edkora Medingio 50. Catadores dn ctura visual Autorles Metodologis Prosser (1998) Emmison e Smith (2000) Antropologia visual, soclologia visual, investigngio etnog-ifica, andlise de eviddncias fotogrifcas Iconografia conologia, micologias ise de género @ tecnica de forma ¢ estilo, anise semistica Estruturalismo, reconetrusso, contexco fico Hermenéutica se de evidacias em dus incios, de diment6es, smitica dos obetos, soc ‘demureus de objets cotanes, do ambier ‘construe de atividades das pessoas Leeuwen ¢ Jewite (2001) Anilise de contetido, estudos culeurais, semibtica € conograf, perspectia terapéuta, andizeocsemi6na, alse emometodoiigca Rose (2001) Interprezagéa composi andicede contoudo, do diseurso: do ciscurse: instuigBes, etudos de audiénc Fernando Hernindez 51 ‘Acima de tudo, as diferencas entre os autores apontados estio relaciona- das ao que, para Kerry Freedman, constitui o tema central dos debates pés- modernos:a mudanga na esfera cultu Sobretudo © aparecimento de uma cultura visual que abarca o todo, transformou de mado fundamental a natureza do discurso politico, da interagso social e da identidade cultural. A cultura visual esta em expansio da mesma rmaneira que o campo das artes vieuai, Este campo inclu as belas artes, televisio, fo cinema € 0 video, a exfara virtual, a fotografia de moda, publicdade, etc. A rescente penetragio dessas formas de cultura visual e da liberdade com que festas formas cruzam of limites tradicionals pode ser apreclado a utlizagio das, belas artes nos anincios publcitéris, na imagem gerada por computador nos Imes ena expozigio de videos nos museus (Freedman, 2000, pp. 315-316). A partir dai ndo se pode conceber a cultura visual como sendo um assunto a mais, como outra matéria escolar, se ainda houver sentido em utilizar esta ‘erminologia do século XVI Trata-se, por outro lado, de uma perspectiva cuja intencio é a de propor nexos entre problemas, lugares e tempos, cujafinalidade a de se opor tanto ao potencial etnocentristae unidirecional dos enfoques que continuam presentes nas concepgées dominantes sobre as matérias, como so- bre o modo como tais concepsées aparecem nos livros-texto e nas propostas © ppraiticas da sala de aula. “Tendo chegado a este ponto,é importante recordar que existem diferen- ‘tes abordagens sobre cultura visual, e que tal como nos recorda Duncum (2001), esta diversidade também se reflece entre os educadores das artes visuais que se referiram a cultura visual. Uma destas abordagens chama a atensio"A fungao das imagens em © através de diferentes sociedades,em diferentes momentos”. Este enfoque jé aparece em Chalmers (1981), que traz exemplos sobre como as manifesta ‘ges da cultura popular presentes nas hist6rias em quadrinhos, na televisio & Emery (2002) Sete marcos interpretatvos para abordagem de obras dearte (que podem ser fetas como fextensiv a outras produgses da culeura Yormalista, desconstrucionista, de enero, colural, semidtco, psi social realsea Ediera Medigho has charges polteas desempenham um papel similar a0 que a pintura desem- ~perihava ha alguns anos. Seguindo esta perspectiva,@ possvel fazer relagoes entre a fotografia de uma pdgina na Web e um retrato deVan Gogh, partindo 6 fato de que ambos atuam como substituigdes; também se pode vincular 0 interior da cépula da Capel Sistina a uma telenovela, a partir da perspectiva que ambas s20 narracSes; ou propor relagées entre imagens de contextos diferentes, mas, que justapostas, constroem uma nova narrativa.Também & possivel, como nos apresenta Mathews (2005), utlizar as charges p Fedora Medacio 52. caradores da cultura visa! geradas a partir do episédio de 11 de secembro para explorar a construgio de um discurso (com base no medo) que represente sacrificar as liberdades cidadas em favor da seguranga e do controle que, supostamente, nos ha de proteger do terrorism. ‘Ac mesmo tempo em que sio produzidas estas novas relagées, ampliam= se 0$ debates erm tornoa0“cAnone do mundo da arte,ou sobre 0 que é ou nfo Este debate é produzido ao mesmo tempo em que as imagens tradi indo da arte dialogam e convivem nos museus, nas exposigbes, ‘bes da cultura popular com outros objetos, imagens pliam seus signficades e permite propor navas formas de (2000,.210),que“o génio ea poder e as formas de prazer que nos proporcionam tornar-se-do mais objetos de investigago do que um"*mantra a ser entoado ritualsticamente em frente a _monumentos inquestionivel Neste sentido, Kerry Freedman (2000) aponta um processo no qual se pode observar-"a relagio entre as artes visuals eas imagens dos meios da cultura visual popular”, em particular das rela- cionadasa gener: niio apenas se limitam a citacio eprodutiva, mas também apropria- 0 de um significado pree-existente, -orporando-o em uma nova narrati- va (Imagem 5). Isto possibilita, por exemplo, que, 0 investigar as repre- sentages de género nas sa chegar a estudar o gener gens das artes visuals. Por sua parte, Brent Wison (2003) ‘e Marjory Wilson (2000) consideram necessirio aprofundar-se"nas conexSes ‘entre omundo da arte ea cultura popula”. Para tal, recordam que a Internet oferece grandes possiblidades para hipertextos que relacionem asimagens que os estudantes criam ou preferem com imagens e idélas dos outros. Este é um lugar de onde se | lernindez 53 As perspectivas anteriores referem-se a relacionaro mundo da arte com « imaginrio popular com base em um tema ou em um problema comm. Esta culsgio pode ser interessante para os educadores do capo das aces suns porque lhes permite transitar do canhecido em direcio ao desconhecido, etam- bém porque permite construir pontes, em termos de apropriacées (procedt- mento que esti no fundamento das privicas artistas) entre a cultura visual popular € a5 artes visuais tidas como tragicionais, mas que, em situagbes de Intertextaldade, produzem novasrepresentagdes e signfados Eo que se pode perceber nas Imagens 6 e 7, em que um referencia eligi 1050,0 quatro da Ultima Ceia de Leonardo Da Vinei ~ objeto de atualidade © debate naraiz do livro de Dan Brown,"O Codigo DaVinci" transforma-se em bjeto de questionamento, como vemos nesta fotografia cbtida em uma das adas para.aeducagao das artes visuals em ua escola de Sidney ( tril), Que, por sa ver, esti reacionada 3 apropriago que o artista fez do ‘mo referencial para um anincio io apenas se sub canone de representacio dominance, como também se transgridam os géneros publicidad, arte, propaganda ~, ese q emaltaaliberdade de expressio. N Se observamos a partir de outro ponto de vista a imagem 5, apesar de ser ‘sem divida interessante e de sua exemplaridade pedagogica, vé-se que ela man- ‘tém ou persegue uma certa necessidade de legitimago dos abjetos, das imagens 54) Caeadores dca gens se reacionam e as abordagens que chamam a tendo sobre imaneiras de vere de olhar a partir de diferentes posicionamentos culturalse sociis(Duncur, 200. p18) ‘Analsando as relagSes entrea educacfo das arts visuals eos Estudos de CulturaVisual Michel (2000-210) aponta qu culura visual”. Para enfrenei-l,rechaca como sendo impossive!aideia de orga- nizar um curricul como um estudo integrador e com base em formas culturais convencionais ue acuem como simples réplicas de dvisdes di tentesPor sua vez, argumenta que" estudar a cultura visual pode faciitar 0s 4 estudantes uma série de ferramentas criticas para a investiga¢io da visualidade humana e no para transmitir um corpo especifico de informagio e valores”, Mitchel sugere (2000 | acto sobre a visual dos artefatos da cultura popular no que diz respeito as artes visunis, Em face a iss0,poderia se dizer, como acontece nas Imagens 6 e 7,que_h perspectivas mais ‘Qual é a fungio das imagens em relagio ao inconsciente, & memoria & fantasia © Sere fea at + te © cultura vi 4a reprodusio Como as mudancas nas tecnolog ‘ais questdes apontam para uma visio do curriculo que no tem por base a transmissio de conteidos predefiidos, mas é construido a partir de uma série de questionamentos que os aprendizes podem amplar;a0 mesmo tempo em que indagam sobre possiveis caminhos para suas respostas. No sentido de esbocar tum curriculo de cultura visual a partir de perguntas, rit Rogoff (1998, pp.15-16) propde as seguintas questées: ‘A quem vernos ea quem nio vemos? Quem & prvilegiado dentro do regime de especuasio? Ferrando Henindes 55 | spectas dopassado hstéricofazem ou nfo circular de representagdas fantasis se nutrem de que imagens visuals? Qunis sio os cétigos que levam alguns a poder olhar outros a aventurarse a um a proibi 0 politico se insere o olhar e © devolver 0 clhar come um ato de Pode-se partcipana atualidade, do prazere da identiicao das imagens produzidas por outros grupos culturais especicos aos quals nio pertencernos! Jennifer Eisenhauer (2006, p.158), or um ineeressance artigo no qual esbo- acerca gen da relacio entre a cultura visual ea educagio das artes nos, Estados Unidos, retine as perguntas lova autores que fazer parte da perspectiva denominada Visual ‘Que objetos e imagens sfo considerados relevant importantes para um deartes! Qual seria a importincia de fax8-o! mos? Que significados quis passar 0 autor? Quando foi feito? Com 0 que relax cionamos? Estas e outras perguntas similares so as que os educadores tém proposto para 0s alunos ou para os vsitantes de exposicdes, guiados por uma ‘concepsio da histéria da arte que considera a representago visual como dotada de uma verdade que a educacao ha de desvelar.Perspectiva que coloca 0 foco no processo de produsio e no papel hegeménico do artista, que segue o discur~ 50 que o Romantismo construlu em relagio a arte, ao artista e & experiéncia cestética (Shiner, 2004 [2001 ‘Como alternativa para esta concepsio educativa centrada no “deci entrada em categorias normativas e ra leitura das representagées visuais como, portadoras de verdade, as questées propostas por Michell e Rogoff eas que Estas perguntasultrapassam em muito as tradicionals questéest o que ve~ j e 56 Catadres es cultura ws rete Eisenhauer deslocam o objeto de estudo para uma posigso marginal. Este deslocamento convida a uma abordagem cricica, que duvide da verdade da pré- pria representagio, colocando-a em relagio com outras imagens, outros contex- tos e questionamentos (relagées de poder, por exemplo).vinculando-a as expe- rigncias dos observadores de diferentes tempos e lugares e favorecendo prii- cas de apropriacio conectadas a problematicas atuals ou emergentes. Neste sentido e como resultado do trabalho realizado com professores de educacao infantil, ensino fundamental e médio nos iltimos anos, a partir da perspectiva de educagio paraa compreensio critica da cultura visual, surgiram as questdes a seguir como possivels organizadoras de uma proposta educativa, 1. De que critérios necessitamos para dislogar de maneira critica com as, rmanifestag8es pablicas e particulares relacionadas com a cultura visual? 2. Como pedemos desenvolver atitudes e procedimentos criativos que nos permitam comunicar nossa maneira de nos relacionarmos com 0 mundo, ‘com os outros e conosco mesmos? 3. Que projetos de investigacio podemos desenvolver sobre problematicas que requeiram interagio de saberes™? postas de intervencao social? 5, Como, mediante a compreensao critica e performativa da cultura visual, podemos favorecer o autoconhecimento dos jovens e o reconhecimento, cde que podem aprender com os outros? {6.Como favorecer posicionamentos alternativos vinculados & cultura visual {que nio estejam atrelados ao prazer? 20 desejo de aprender de dade} b) a relagao com 2 ents ¢)2 corre diferentes campos de inigacio:s) a rpresentagoer do corpos a rasculridade; 2 era mada 05 8) artes vals, cultura visual e vide co somo contr fee oF artintay a estitia das experi ‘Se socalzagic; 6) © nel Inelu a georetris em co 16}; © ambience £0 fe pasem ser abordadas, eolocando-se em relagio: Jgorents" de representaes vitae os contextor de producio, de dstrbulco e de recep 3s perapectvas matacolégcas de interpretagSo: epritcas que se tanto se apropriam como (cto que fo aprendide em nena represencagderviuas. Todo iso a Farr da perspectia ava dos projets de trabalho que veremas no quinto capitulo. Editora Medacéo Fernando Hernindez 57 Estas perguneas constituem uma proposta a ser debatida, revsada, complement eadaptada a ata contexco, um camiho que seabre para que Cath edveador enconte sua prépra directo no sentido de consiirexperién- Gias de aprendlzagem relacionadas is problemétcas que lhe Seam mais pertinen- tese significative Os milltiplos alfabetismos,e a educagio a partir da cultura visual” Esta mesma tendéncia de efetivar uma proposta educativa a partir de per- {juntas pode ser percebida no que, sob meu ponto de vista, representa uma das perspectivas mais interessantes neste momento sobre a fungio da Escola. Ref rro-me a proposta que as autoridades educativas e os docentes em Queensland, Austria, desenvolvem desde 1999”. Para inicio de conversa, alguns leitores poderio se surpreender com 0 ‘ato de que um curriculo possa ter apenas nove piginas e que o que as escolas devem desenvolver para que os alunos aprendam possa estar organizado em quatro eixos temiticos a que se vinculam outras tantas perguntas = Caminhos para a vida e 0s futuros sociais: quem sou e para onde vou? -Alfabetizagées miiltiplas e meios de comunicagio: como dou sentido 20 ‘mundo e me comunico com ele? ~ Cidadania ativa: quais sio as minhas responsabilidades em relagl0 8 comunida- Ambiente e tecnologias: como descrevo,analiso e configuro 0 ‘mundo que me rodeia! Destes quatro eixos, o segundo é 0 que se refere a educacio das artes visuals.A perspectiva que propdem em Queensland esta inspirada nas idéias do ‘New Lonclon Group (1996) € no que velo a ser denominado como “alfabetismos rmiltiplos” (muttiplelteracies) ou “novos alfabetismos” (new lteracies),INa préti- ca, adotar esta perspectiva significa que os educadores, juntamente com os apren- dizes, devern organizar experiéncias de aprendizagem que permitam: Elton Mediagto - aprender a relacionar meios de comunicacio tradicionals e emergentes: = fazer apreciages critivas e expressi-as de diferentes formas; ~ comunicar-se uriizando linguagens e formas de compreensio mulkcu = ter um bom dominio dos diferentes afabetos (multimidia, ora, vis escrito, performative, etc.) ¢ da numeragio (no sentido de aprender a pensar matematicamente}. Por que introduzir os alfabetismos multiplos na Escola? Esta nfo é uma pergunta que se responda apenas pelo viés da educagio, no sentido de se inero- duzirem novas competéncias, ou como uma questo de especialistas propando Escola ea outras instancias educacionais suas preocupagGes tedricas e temas de Investigagio. Hi de se olhar para além da Escola, pois como aponta Kress (2008, se pode pensar sobre alfabetismo de forma isolada,’ margem de uma 5, tecnolégicos e econdmicos Se tivesse de apresentar alguns eixos a partir dos quais se pudes situar oapar Jado assinalaria o impacto softi- do pela revisio que o New London Group (1996) realizou sobre o significado do ensino ¢ da aprendizagem da lingua (a alfabetizacio) em uma época de 10 dessa questio, do é apenas aprender a ler 0s textos, mas também ~ como escreveu Paulo Freire ~interpretar o mundo para atuar nele a partir de uma conscientizacio que leve a emancipacio. Vine conceito de meira abordagem, surge a necessdade de se ampliaro betismo) devido as mudangas nas sociedades contem- pordneas, especifcamente a transformagio que ocorre quando se passa a ter algumasinformagées e conhecimentos em suportes analégieos e outras em ports vtuais. Neste momento, a alfbetizario visual érestabelecida, pois iden- ‘iicagdo de codigos e elementos de linguagem visual resuka néo apenas inade-

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