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Um a rtig o de N a ta l

p a ra os n o s s o s le i­ Silent Night, Holy Hight!


t o r e s que e n te n d e m
— Inglês — por Elizabetli H. Werkcr

Did you think “ Silent Night, Holy Krippe Shau” or the “Cradle Show”
Night” was just a song? In Germany, which is a collection of images repre-
Christmas Eve is really a silent night, senting “The Christ Child in the Man-
a holy night. At five p.m. every place of ger.”
business in Germany is closed and ali When ali is in readiness the Fa-
the people go to their homes. Last ther gives the sign and the family sur-
Christmas the daily paper said: “ Here rounds the tree. The story of the Christ
in Berlin ali public places, except hotels Child is read and the family sings, oh
catering to transients, are closed tight so beautiful, “Silent Night, Holy Night”
as drums.” Ali shopping is finished be- then each name is read out by the Fa-
fore five o’cIock on the day before ther and as his name is given each child
Christmas for every one knows that gives a poem or a song and at its close
promptly at five every store will be the Father takes the gift frorp the tree
closed. No programs are given anywhe- for him, he opens it almost reverently
re, not an opera, not a picture show, and when ali have seen and admired
not a dance or theater. Even the traffic it, the next name is called and he gives
almost ceases and by six o’clock not a his part, right down to “ Baby” who
person is on the street. may only goo. Then Mother or Sister
In the homes, however, everything brings in the “refreshments” after which
is prepared for a quiet, almost holy ce- prayer is had and the family goes quie-
lebration. Ali the cooking has been pre­ tly to bed.
pared before hand. The lights are sub-
Quite different is it not from the
dued, only the Christmas Tree is lighted
noisy good time Christmas means in
and the Christmas Tree has no red or
niost countries, but when you once see
green lights, ali is white and against
the background of dark green is very it you feel it is so beautiful and surely
beautiful, Not only are the candles whi­ the proper way for Christmas Eve to
te {the electric lights are in the form of be celebrated.
candles, you cannot buy colored ones So when you sing “Silçnt Night,
in ali of Germany, they do not make Holy Night” will you remember that to
them here) bu much artificial snow is the people in this land of Germany,
used, it makes a very beautiful picture. Christmas Eve is indeed a Silent Night,
Many homes have what they call“Die a Holy Night.

c falecimento do ^Presidente Seegmiller


Entristecemo-nos receber a notícia de Salt Lake City do falecimento de W illiam
W . Seegmiller, aos 75 anos de idade; era êle o presidente da Missão Brasileira de 1942
até 1945, justamente os anos de guerra quando quasi sósinho como missionários o ca­
sal Seegmiller guardou a unidade entre os ramos da Igreja no Brasil, e ganhou em eter­
no lugar nas memórias de todos nue os conheciam. Êle nasceu em St. George, Utah de
pais que eram intimos conhecidtre do Presidente, Brigham Young. Foi missionário na
Alemanha, e presidente da Missão dos Estados do Oeste, nos EE. U U .; também foi
lider civil no Estado de Utah.

242 A LIAHONA
São Paulo D E ZEM B RO — 1952
Rua Itapeva, 378
Tel.: 33-6761 ANO V N.° 11

“ Um guia na escuridão" 0 Livro dl Mormon - Alma 27:38-30

Ò R G A O O F IC IA L D A M IS S Ã O B R A S IL E IR A D A IG R E J A D E JE S U S C R IS T O D O S
S A N T O S D O S Ú L T IM O S D IA S

‘‘A L IA H O N A ” é publi­ S U M Á R IO
cada mensalmente 110 Bra­
E D I T O R I A L ......................................................................... 245
sil pela Igreja de Jesus A R T IG O S E S P E C IA IS
Cristo dos Santos dos Ú lti­
Dois Dias S ig nificativ o s............................ . ....................... 246
mos Dias. Preços das assi­
por Anna Boss H art
naturas : cada exemplar, Ajudando Outros a Ajudarem a Si M e sm o s....................... 248
Cr$ 4,00; por ano, Cr$
(3.* parte do pamfleto)
40,00; exterior, Cr$ 50,00,
A Real História de N a t a l ................................................... 250
T ôda correspondência à por W . Cleon Skousen
Caixa Postal 862, São Pau­
Médico, Ministro e A d v o g a d o ............................................. 254
lo, S. P. (2." parte) — Uma Discussão Amigável
D 1r e t o r -R edato R V Á R IO S
C L Á U D IO M A R T IN S D O S Silent Nfght, Holy N i g h t ................................................... 242
SA N TO S
Para nossos leitores de Inglês
Registrado sob N.° 93 do A Igreja No M u n d o .............................................................. 244
Livro “B ” n.° 1, de M a­ carta de Irmão Oscar Erbolato
trícula de Oficinas Im ­ Curiosidades............................................................................... 263
pressoras, Jornais e Pe­ por Elder Vernon Murdock, Missão Argentina
riódicos, conforme Decre­ Diagrama V i s u a l .................................................................... 264
to N.o 4857, de 9-11-1939. Missionários D e s o b r ig a d o s ................................................... 262-263

Endereços dos Ramos da Igreja no Brasil


SAO P A U L O R IO G R A N D E D O SUL
São Paulo: Rua Seminário, 165 - l.° and. Porto Alegre: Rua Andradas, 945
Pinheiros : Rua Borba Gato, 82 A7ovo Ham burgo : R. David Canabarro, 77
Campinas : Rua Cesar Bierrenbach, 133
PARANA
Sorocaba : Rua Manoel José de Fonseca, 79
Ribeirão P reto : Rua Alvares Cabral, 93 Curitiba: Rua Dr. Ermelino de Leão, 451
Santos: Rua Paraiba, 94 Ponta Grossa : Rua 15 de Novembro, 354 —
Rio Claro: Avenida I, 301 3.° andar
Bauru: Avenida 1.® de Agosto, 1-70 S A N T A C A T A R IN A
R IO D E J A N E IR O Joinvile : Rua Max Colin 426 (antiga rua
Tijuca: Rua Camaragibe, 16 Frederico Hubner).
Niterói: R. Tav. de Macedo, 193 (Icaraí) Ipom éia : Estrada para Videira
M IN A S G E R A IS
Belo Horizonte : R. Rio Grande do Sul, 1194

P O N T O S A D IC IO N A IS P A R A IN F O R M A Ç Õ E S :

Piracicaba: V ila Boyce, Rua Alfredo, 5 Araraquara: Rua da Conceição, 931


Marilia: R m 9 de Julho 1412 - sala 5
A Igreja no
Mundo
por OSCAR ERBOLATO
(do Ramo de Campinas, SP)

dades, se viram forçadas a abandonar


os seus lares — pois o nível da água
subia assustadoramente. Só na zona no­
roeste de Provo, cerca de 300 pessoas
tiveram que deixar seus lares.
PROV O, Utah (USA) Outubro
A Igreja — por meio do Plano e
1952 — Não faz um ano que eu e mi­
com a colaboração dos membros — deu
nha esposa Flavia estamos aqui em
abrigo, alimento e roupa à tôdas essas
Utah e no entanto temos a impressão
de que deixamos o Brasil há muito mais pessoas. Outro caso típico foi o da
tempo. A nossa permanência tem sido “greve das panificadoras” : não havia
tão alegre e agradável que só podemos pão para a população das principais ci­
confirmar o “slogan” de que “bs Mór- dades de Utah; o Plano do Bem-Estar
mons são uma só fam ília”. entrou em contácto com as senhoras da
Sociedade de Socorro, as quais começa­
Temos tido oportunidade de assis­
ram a fabricar e distribuir, a preços mó­
tir reuniões da Igreja em várias partes
dicos, pão de superior qualidade — evi­
do Estado; nos “fire side chats”, com
tando assim conseqüências desastrosas
os demais brasileiros, sempre procura­
oriundas da falta do “alimento número
mos colaborar com os Elders Lloyd
Stevens, MacBride, Leavitt, Cotant, La um” do lar.
Mon Sant e outros, que organizam reu­ A Escola Dominical é um livro
niões sôbre o Brasil e seu serviço mis­ aberto para ensinamentos biblícos e hu­
sionário. manos; a frequência, tanto nessa como
A Igreja de Jesus Cristo dos San­ na reunião Sacramental, é bem concor­
tos dos Últimos Dias é um forte baluar­ rida. Os jovens atendem assiduamente
te para milhares de pessoas aqui; ela a todas as reuniões, inclusive a da As­
prega, ensina e conduz ao bom caminho sociação de Melhoramentos Mútuos.
famílias inteiras que realmente vivem o No Brasil já tinhamos noção do
verdadeiro Evangelho. O Plano do Bem- que íamos encontrar aqui, pois pelo que
estar é algo maravilhoso que só pódè ter
aprendemos podíamos fazer uma idéia;
vindo por inspiração Divina e boa von­
porém, como aqui seguem a mesma Lei
tade por parte dos homens seguidores
e os mesmos Mandamentos e Regras —
do Evangelho. Não faz muito tempo
nada há de diferente dos inórmons do
quando Salt Lake City e Provo estavam
Brasil ou de qualquer parte do mundo.
ameaçadas de inundação provocada pe­
lo derretimento rápido da grande mas­ A essência é a mesma: obediência
sa de neve das montanhas, o Plano do à Lei de Deus, ao Evangelho verdadeiro
Bem-Estar auxiliou centenas de famí­ e às profecias modernas. Auxílio, amor
lias que, em algumas zonas daquelas ci- ao próximo e amizade — são 3 coisas

244 A L1AHONA
E d it o r ia l
0 Natal é a época de encher as nossas panças de doces. A ocasião de
termos desculpas para as nossas empanturrações e talvez bebedeiras. Ah! Nós
apenas celebramos o Natal uma vez por ano, é o que nós dizemos e então
comemos coisas que não são salutares e acima dos nossos desejos.
Parou você alguma vez pensando que uma pessôa que possui um automo-
vel leva-o a uma bomba de gazolina e enche-o com diversas espécies de com­
bustível e alguns “dôces” em forma de oleo crú? Êle provavelmente não poderá
sair da garage em conseqüência da sôbre carga. Pois bem, isto é o que muito
de nos fazemos com nossos estomagos no Natal e em muitas outras ocasiões.
Os alemães tem um ditado “man is was man ist”, isto é, “o homem é o que
êle come”. Todos nos devemos saber o que comer e usar sabedoria em fazê-lo.
Para êste Natal tratemos os nossos estomagos carinhosamente.
Devemos também procurar conhecer melhor a personalidade daquele Ser
no qual tradicionalmente pensamos nesta época do ano. “Conhecer Deus e
Jesús Cristo” é a vida eterna. O que é o seu conhecimento de Nosso Pai no
Ceu e seu Filho Jesús Cristo? Êles significam mais do que uma legenda ou
são personagens vivas como Joseph Smith os descreve depois de tê-los visto
naquela gloriosa visão daquele dia primaveril de 1820?

muito comuns aqui, ou melhor: entre contácto com a Igreja dirigentes, mem­
os Mórmons. bros, a m ig o s ... Todos êles têm dife­
Não podiamos deixar passar esta rentes palavras mas uma só opinião:
oportunidade sem endereçar estas pala­ “Os Mormóns são bravos e seguem Algo
vras aos irmãos brasileiros, justamente realmente Verdadeiro”.
agora quando estamos nos mesmos lu­ Finalizando, enviamos nossas sau­
gares onde em 1847 os Pioneiros se es­ dades e abraços a todos os membros e
tabeleciam nesta região. A Universida­ amigos da Missão Brasileira; ao Presi­
de de Brigham Young — pelo seu alto dente Howells e Missionários. E lem­
padrão de ensino e exemplar moral — brem-se: nunca será demais o maior es­
é justo orgulho para os Mórmons. forço oue vocês fizerem em pról da sua
O nosso desejo não é impossível: verdaaeira Igreja!
que todos tenham esta grande benção Áuxiliem-na e colaborem com os
e privilégio de visitar os Estados Uni­ seus dirigentes, pois “fé sem obra” na­
dos e o Estado de Utah; de entrar em da vale.

Dezembro de 1952 245


D O IS D IA S S IG N IF IC A T IV O S
por ANNA BOSS HART — Traduzido por Marina Jahrman

Hoje à noite, há velas em nossa A visão de coisas divinas e de profun­


mesa e uma quirlanda de pinheiro em da paz, encheu nossas almas.
cada janela. A tradicional árvore está Novamente eu penso nas experi-
ornamentada e iluminada, o último pre­ encias deste verão. A noite, durante a
sente foi cuidadosamente embrulhado e paz, desta tarde, penso numa encanta­
colocado sob a árvore. Meus pensamen­ dora pausa no Monte Cumorah. Antes
tos voltam-se para as duas pessoas que do espetáculo começar, fomos guiados
nós como Santos dos Últimos Dias, es­ ao alto do monte e vimos um verdadei­
tamos honrando nesta época de Natal. ro mar de automoveis e o palco, do la­
O fogo na lareira irradia movimen­ do dos artistas; sentimos a tranqüilida­
to e calor, a madeira queimando, suge­ de que provem de uma excelente pre­
re vida do verão já passado, vindo no­ paração e a expectativa de experiências
vamente para a luz. Não é estranho que divinas.
meus pensamentos recordem cenas em Palavras não conseguem traduzir
Palmyra, New York, na época da con- os sentimentos em nossas almas. Nosso
ferencia da missão dos estados do este tempo era limitado — tinhamos apenas
e exibição teatral ao lugar onde José um vislumbre do vale e do céu; somente
Smith radiou tal influência e recebeu o tempo necessário para uma oração de
tanta inspiração. profunda apreciação por uma visão tão
Estou pensando na divina melodia impressionante e o desejo de que o qua­
que ouviamos enquanto seguiamos a dro permanecesse vivo para sempre em
velha cerca, para o portão de entrada nossas memórias.
do Bosque Sagrado. Uma profusão de A paz de uma experiência inspi­
árvores e arbustos fizeram o lugar re­ rada, absorve e quando penso nestas
cluso e sagrado. Cada árvore parecia noites de silêncio, nas quais Deus fazia
ter consciência do milagre que aconte­ grandezas, eu fico impressionado.
ceu numa bela manhã, há mais de cem Hoje à noite, ouço pelo radio, can­
anos passados. ções e histórias de Natal. Minha alma
Algumas centenas de pessoas, jun­ é afetada e eu, tambem quero unir-me
taram-se silenciosamente e esperaram na canção; Natal é uma época em que
em reverente expectativa, pela reunião. o cantar é genuino e que acha corações
Dentro em pouco ouvimos numa parte receptores em toda a parte. E’ a época
distante do bosque, músicos executan­
do: “Que manhã maravilhosa”. Então
ficamos todos de pé e com mais senti­
mento do que usualmente experimenta­
mos em canções, unimo-nos à êles. Co­
mo veneramos aquele dia. Nossas al­
mas apareceram para ser purificadas,
Estavamos em harmonia com Deus e a
natureza. Tenho certeza de que todos
os pensamentos estavam voltadas para
a visitação divina e nosso Proféta. Na­
quele momento esquecemos a grande
cidade e o trabalho urgente, notícias de
jornais e palpitantes assuntos mundiais.

246 A LIAHONA
em que todos os participantes irradiam
Bôa vontade e a paz é trazida às nossas
almas. Um espírito semelhante foi ra­
diado pelo grupo de missionários que
reuniram-se no palco, após a apresen­
tação do espetáculo. Os milhares de car­
ros haviam partido; grupos de expec-
tadores sairam sem fazer comentários,
enquanto que outros disseram algumas
frases entusiasmadas e então sairam va­
garosamente.
Muitos ficaram sós, contemplando
a grande experiência religiosa; alguns
permaneceram para ver que demonstra­
ção seria dada pelos jovens que, vaga­
rosamente, congregaram-se num dos
palcos. Estes jovens, emocionados com
a representação da tarde, uniram-se sob
as estrelas e como cantaram “Anjos
cantando”, não me poderiam ter emo­
cionado mais. tiga foi cenário da maravilhosa história
Nesta véspera de Natal, muitas ex­ do nascimento de Cristo. Palmyra foi
periências semelhantes vem a mim; a história do nascimento do proféta des­
agora, observo as luzes na árvore de tes últimos dias. Ambos nasceram em
Natal. Não é estranho que eu pense em circunstancias humildes — um, num es­
Jesús “a luz do mundo” e na “luz” que tábulo e o outro, numa casa de campo.
veio ao nosso proféta no bosque, há Um tinha a atmosfera da casa de um
mais de cem anos atraz uma luz que carpinteiro; o outro, de humilde fazen­
deu brilho para um povo na escuridão. deiro. Um mundo de confusão e cren­
Hoje à noite, pensamentos de dois ças discutidas encontrou-os. Ambos a-
significativos dias, trazem-me calma e prenderam, muito cedo, lições de traba­
paz. O primeiro Natal trouxe aquêle lho e renúncia; a preparação de ambos,
que ensinou aos homens, coisas que os para suas missões foi completa.
guiariam em fraternidade. Outro ani­ Deram aos indivíduos, fé na imor­
versário pouco mais de um século, trou­ talidade; seus caracteres foram piedo­
xe outro, que ensinou fraternidade entre sos e seus nomes sem mácula. Ambos
as pessoas de uma nova Igreja organi­ ensinaram o segredo da paz duradou­
zada; uma fraternidade que levou-os a ra; ambos tinham fé que penetrava suas
sofrer perseguições, viagens através os almas e oração marcou seus progressos
planaltos e todos os incidentes e árduos na vida. Ambos tinham um conhecimen­
trabalhos para sua localização no oeste. to da verdade em suas almas; ambos
destacaram-se dentre os outros. Pensa­
Quão agradecida eu sou pelas vi­
mos no proféta José Smith, no profun­
das destes dois que mudaram para me­
lhorar, a vida da humanidade. A Precio do silencio do bosque. Pensamos em Je­
sús ao lado das águas calmas e no tran­
mais sútilmente do que nunca, as per­
qüilo jardim.
sonalidades que vieram à nós em dois
Etquanto ambos, a vinda de Jesús
dias tão significativos.
para viver na terra e a vinda do profé­
Que diferença de tempo entre os
ta José tiveram lugar sob circunstancias
dois; no entanto, quão idênticas foram
suas vidas e missões. A Palestina an­ ( Continua à pág. 262)

Dezembro de 1952 247


Ajudando outros a ajudarem a si mesmos
(Sendo esta a Terceira de quatro partes)
A G R A N D E PERSPECTIVA tual e segurança. Uma divulgação afli­
tiva feita por um exame realizado em
Quando tôdas as pessoas tiverem
1935, foi que alguns milhares de mem­
sido alimentadas, quando todos os que
bros da Igreja estavam recebendo so­
são capazes estiverem trabalhando —
corro que não necessitavam e que pos-
quando todos os membros tiverem dado
suiam fazendas, que se fôssem cultiva­
o que podem e recebido em troca tudo das, não precisariam de socorro. Quan­
aquilo que necessitam — o trabalho do
do o homem não cumpre com a obriga­
Plano terá apenas começado. Há pro­
ção que lhe foi dada desde a criação
blemas maiores, tão complexos como a
da terra, um povo inteiro poderá ser
própria sociedade, que exige atenção. ameaçado de perder a sua herança; e a
A êste é dedicado o terceiro objetivo do dependência de coisas gratis em vez dos
Plano — o melhoramento progressivo
frutos- do trabalho é igualmente desas­
das condições existentes. Os homens trosa.
precisam tanto de conforto como das • Nada é mais apropriado nem mais
coisas essenciais à vida tais como: edu­ significativo do que os seis pontos do
cação, divertimento, arte cultural, e aci­ programa agricultural que fazem parte
ma de tudo, uma oportunidade para de­ do Plano de Bem-estar. I .■ Estímulo:
senvolvimento espiritual e alegria. Em Um novo espírito e meio de conservação
tôdas as comunidades há possibilidades do solo, água e dinheiro. 2.9 O incre­
que apezar de aparentemente terem mento de colheitas mais aproveitosas e
poucos atrativos por serem tão comuns, a descoberta de novos métodos para
se fôssem desenvolvidas teriam maior usar as antigas. 3.' Maior cooperação
felicidade e segurança. entre os fazendeiros na produção e ven­
das das colheitas. 4." Planejamento inte­
NA FAZENDA ligente e conservação de registros. 5.15
O melhora­
A posse da fazenda e 6." oportunida­
mento das condi­ des para cultivar novas terras.
ções das fazen­ Esses passos, não somente são re­
das é fundamen­ comendados, mas também, estão sendo
tal neste progra­
ativamente introduzidos sob a direção
ma. A Igreja en­
de um comitê de peritos de agricultura
controu a salva­
geral, que constitui o centro de infor­
ção temporal e
mações sôbre problemas agrícolas, e
fôrça espiritual
projetos de cultivo de terra por todo
no deserto do
oeste.
oeste enraizando-se profundamente no
solo. Êsse apêgo à terra tornou-se mais NA C ID A D E
do que um meio de subsistência, tor­ Na cidade como na fazenda há ne­
nou-se um modo de vida, fundamental cessidade de melhoramentos de longo
à maneira mórmon de fazer as coisas. alcance. A solução não é tão fácil como
Apezar de os tempos estarem mudados, na fazenda. Quando a renda daquele
os fundamentos não mudaram, e o solo que recebe salário é cortada repentina­
precisa ser ainda cultivado para dar o mente, não há um celeiro bem cheio em
que nenhuma outra coisa pode dar — seu quintal. Mas, economia, conserva­
pão, fôrça, independência, visão espiri­ ção e visão também são possíveis na

248 A LIAHONA
cidade e, assim como os fazendeiros po­ giratório moderado, do qual, emprés­
dem melhorar os seus métodos, assim timos a pessoas de caráter podem ser
também os artífices, na cidade, podem feitos mediante uma solicitação e reco­
melhorar as suas habilidades, ou obter mendação apropriadas; empréstimos
empregos em indústrias recentemente para compra de material de construção,
criadas. Desde que há muito mais pes­ alimentação, gado, ferramentas, semen­
soas desempregadas sem aptidões do tes e equipamento — as coisas necessá­
que com aptidões, um programa de ori­ rias para estabelecer ou salvar um ne­
entação profissional, muito contribuiria gócio. Tais empréstimos, apezar, de
para uma segurança maior e um ajus­ pequenos, quando são acrescentados ao
tamento mais feliz na cidade. esforço coperativo do grupo local ao
Enquanto isso, a Igreja, usando os qual a pessoa auxiliada pertence, cons­
seus próprios fundos, tem criado novas tituem um grande passo em direção a
indústrias para os necessitados, e o res­ sua volta à solidez, que vem como in­
to vai para as lojas para ser vendido dependência financeira e industrial.
ao público. Tais medidas, apezar de superfi­
A Igreja tem fomentado a fabrica­ cialmente serem materiais, são tão es­
ção de tijolos, a manufatura de roupas pirituais como os seus resultados. Quan­
tricotadas, fabricação de sabão, cons­ do, em adição a tal auxilio, os indiví­
trução de casas, serramento de madeira duos se adaptam a qualquer crise por
etc . . . — fornecendo em cada caso um meio de uma vida correta, o Plano de
emprêgo permanente. Bem-estar é realmente “para a defesa
e rufúgio contra a tempestade, e contra
O BELO a ira quando esta fôr derramada, sem
O embeleza­ piedade sôbre a terra”.
mento dos lares e
das capelas cons­ O PROGRAM A NO FUTURO
titui outro aspec­ O Plano do Bem-estar Mórmon é
to do melhora­ jovem e olha para o futuro. Nunca ha-
mento de longo
alcance das con­ ( Continua à pág. 261)
dições existentes O orgulho cívico é nu­
trido na beleza. Desde que êste pro­
grama exige um dispêndio de esforço
em vez de dinheiro, oferece outra opor­
tunidade para cooperação em grande
escala. A capela, o lar e a praça pú­
blica constituem um índice para as pes­
soas que neles vivem, por isso Os mór­
mons resolveram torná-los bonitos e
confortáveis.

O HOM EM DE POU CO RECU RSO


Os indivíduos necessitam frequen­
temente de pequenas somas de dinheiro
para começar o trabalho de reabilita­
ção. Uma corporação que não visa lu­
cros, chamada a Corporação da Segu­
rança Cooperativa é uma agência do . . . o solo prccisa scr ainda cultivado para dar o
çuc nenhuma outra coisa pode d a r. . . pão, fôrça,
Plano dc Bem-estar que tem um fundo independência-) visão espiritual c seyurança . . .

Dezembro de 1952 249


Os "M a g o s " nada
sabemos sò b re ê le s,
nem seus nom es, nú­
m ero ou n a c io n a lid a ­
d e , po is tu d o o que se
tem d ito d zle s ê pura
f ic ç ã o ... lemos e m ...

A real história do Natal


Por W. Cleon Skousen

Há duas histórias de Natal, a tra­ ÍN o dia que nossa história começa^


dicional e a verdadeira. A primeira é a o incenso sagrado devia ser queimado
que se celebra todos os anos, com to­ por um vigoroso e devoto sacerdote le-
dos os ornamentos e embelezamentos vita, chamado Zacarias. Lá fóra, no lu­
de 19 séculos, com a vistosa propaganda gar da reunião geral, os fiéis congrega­
realizada por comerciantes modernos. do se esperam com impaciência a co­
Porém, esta não é a real história do luna de fumaça do incenso que devia
Natal. surgir do tabique que os separava do
A verdadeira, original e história, é lugar Santo. Esta cena indicava que o
muito mais excitante e grandiosa do sacerdote havia executado o seu oficio.
que a que tem sido sempre pintada em Entretanto, neste dia especial, algo apa­
prósa, poemas e espetáculos. recia ter acontecido, pois o sinal não
À História real do. Natal começa apareceu.
no ano 752 dos romanos. Zacarias havia cumprido durante
Augusto Cezar era quem governa­ toda a semana a cerimônia judáica pres­
va, naquela época, todo o mundo oci­ crita para esse privilégio de presidir no
dental. altar. Para êle, este era um dos acon­
tecimentos mais singulares de sua vida,
Em Palestina, as legiões romanas,
pois havia tantos sacerdotes leviticos na
mantiveram no poder de um árabe de-
judéia, que havia sido divididos em vin­
sapiédado, cruel e sanguinário, um po­
te-e seis grupos, pertencendo, Zacarias
lítico velhaco com baixas ambições, que
ao grupo de Abias, conhecido antiga­
tem sidó imortalizado na história como
mente como o de Abijáh, e êle foi ele­
Heródes, o “grande” .
Este Heródes, é 0 mesmo que qui- gido por sorteio entre todos aqueles que
pertenciam aquele grupo, para oficiar
zera reprimir o veemente ódio dos ju­
naquele dia no templo. As autoridades
deus, construindo-lhes um novo e mag­
concordaram que este honroso caberia
nífico templo, destinado a superar o
uma ou duas vezes no curso de vida de
templo de Salomão. Oitenta anos foram
cada sacerdote medio. .
precisos para terminá-lo, construindo-
lhes, mas quando passou a histófla que Zacarias, só e sem ajuda, penetrou
no lugar Santo pela entrada do oriente.
central, que incluia o Santo dos Santos, Na frente perto da cortina, estava o al­
e o lu g a tp a fa oferecer HolOcaustos. tar de. ouro. com os restos de incenso .

250 .A LIAHONA
queimado a noite anterior. Â direita, a Esquecera a mãe de Sansão, de Samuel
mesa com as toalhas de precissão, e à e Isaias, que deram a luz mediante in­
esquerda os candeeiros de ouro que pro­ tervenção direta dos céus? Ou duvidou
porcionavam a única luz. a caso da autoridade do anjo? Em tom
Aos sagrados confins daquele lu­ de solene admoestação, o anjo falou:
gar Santo, Zacarias levou o mesmo fogo Eu sou Gabriel, e estou diante de Deus.
íervente que havia sido por muitos anos Fui enviado para falar-te e dar-te as
a principal aflição de sua alma: a ancia bôas novas. Mas aqui ficará mudo, sem
de um filho! Já. havia passado larga­ poder falar, porque não crêstes nas mi­
mente o tempo que êle poderia esperar nhas palavras.
um filho, mas, por hábito, continuava E havendo entregue a sua mensa­
fazendo a mesma suplica ao céu. Era gem, o anjo partiu. Zacarias, muito
este seu pensamento predominante, aturdido, voltou lentamente a cumprir o
quando se acercou do altar com o in­ ritual de queimar o incenso. À medida
censo. que as nuvens de fumaça perfumada
Mas, subitamente, Zacarias, se de­ ascendiam no tabique, o sacerdote le-
teve, pois a semi-penumbra do lugar vita saiu diante de seu povo que o ob­
Santo foi quebrada, inesperadamente, servava atentamente, ancioso por uma
pela brilhante aparição de um ser glo­ explicação da demora. Mas Zacarias
rioso. parou diante deles como uma criança,
sem poder falar. Finalmente, com ges­
Um anjo ficou suspenso ao lado
tos e sinais, fê-los compreender que
direito do altar, rodeado por uma luz
havia tido uma visão.
celestial, excessivamente intensa. Foi
assim que, pela primeira vez desde o ^ Há um cento e sessenta quilome-
tempo de Malaquias, um periodo de tros ao norte de Jerusalem, em um vale
mais de 400 anos, uma manifestação situado entre as colinas da Galiléia, ha­
divina foi dada a um sacerdote do povo via naqueles dias uma modesta aldeia
judeu. de camponeses, chamada Nazareth. Vi­
Zacarias assustou-se com um gran­ via naquele lugar certa filha de Israel
de temor, mas o mensageiro celestial que, por direito de nascimento, era uma
lhe disse: Zacarias, não temas, porque princeza judaica, descendente direta do
tua oração foi atendida, e tua espôsa rei David, que se chamava Miriam. Este
Elizabeth te dará um filho, e tu o cha- nome veio para nós do grego como Ma­
marás João. O humilde sacerdote le- ria, e era muito popular entre os ju­
vita mal podia crer no que lhe dizia o deus. Talvez porque seus profétas, igual
anjo, que continuou: aos profétas dos nefitas haviam predi­
Muitos se gozarão de seu nasci­ to que tal seria o nome da mãe do Mes­
mento, porque será grande diante de sias. Miriam era jovem, estava já termi­
Deus . . . pois vem a preparar o cami­ nando sua adolescência, e havia ha
nho do senhor. A súbita declaração foi pouco feito a cerimônia sagrada do seu
excessiva para Zacarias. Como poderia noivado com um jovem chamado José,
Elizabeth conceder um filho sendo já carpinteiro de profissão, porem de ori­
de idade avançada? Impossível! Com gem igual à de Maria, da real familia
espirito duvidoso, disse ao anjo: Como Davidica de Judá. A pobreza e a in­
acontecerá isso? Eu já estou velho e sensata carreira política dos crueis con-
minha mulher com idade avançada. quistáüores do mundo durante vários
Os olhos que observaram Zacarias séculos da história judaica, haviam dei-
devem ter sido profundos como a eter­
nidade. Duvidara êle do poder de Deus? ( Continua na pág. seguinte)

Dezembro de 1952 251


xado os naturais herdeiros do trono de
David, olvidados e esquecidos.
Seis meses depois que Gabriel apa­
receu a Zacarias, provavelmente no mês
de agosto, êle também se manifestou a
Maria em Nazareth. Ela estava só, quan­
do a visão celestial se abriu diante de
seus olhos, e como Zacarias um grande
temor apoderou-se dela. O repentino
esplendor do mensageiro celestial, ce­
gou-a momentaneamente, e antes que
pudesse falar, a voz do poderoso G a­
briel fez-se ouvir: Salve minha esco­
lhida! O senhor seja convosco. Bendita
sois vós entre as mulheres. Instintiva­
mente, Maria recuou mas com confor­
tante segurança o anjo falou rapida­
mente: Maria não temas, porque caiste
na graça de Deus!
Então com solenes palavras desti­
nadas a inspirar confiança e compreen­
são, entregou sua preciosa mensagem:
Conceberás em teu ventre e darás a luz
um filho que chamarás Jesús . . . e será
chamado o filho do Altíssimo. E lhe dará
o Senhor Deus o Trono de David, seu
pai.
Maria não podia compreender. Co­ de um antigo patriarca conhecido du­
mo seria isso? perguntou. O Espírito rante sua vida na terra, como o proféta
Santo velará por ti, e em virtude do Al­ Noé. À medida que Maria mirava seu
tíssimo dar-te-á sombra. Também o brilhante aspecto, admirava o espirito
Santo que nascerá, será chamado filho de seu grande antepassado. Antes de
de Deus. partir, Gabriel contou a Maria que sua
A humilde resposta desta jovem prima Elizabeth havia concebido e es­
princeza judaica revela a classica no­ tava já no sexto mês. Maria entezorou
breza e beleza de seu carater. as palavras do anjo como um segredo.
Nem seus parentes, nem mesmo José a
Está aqui a serva do senhor. Faça- quem amava, foram informados. Porém,
se comigo conforme a tua vontade. havia uma pessôa que ela sentiu que po­
E ’ duvidoso que Maria e Zacarias dia partilhar do seu sagrado conheci­
estivesem inteirados da verdadeira iden­ mento. Era Elizabeth, por isto apres­
tidade deste anjo, que chamou a si mes­ sou-se em visitá-la. E sucedeu que pou­
mo de Gabriel. Sem embargo este per­ co antes de partir, a glória de Deus a
curso celestial tinha que comover-se di­ circundou e o milagre da nova vida co­
ante de tão bela moça, sabendo ser sua meçou.
descendente, e cuja identidade e missão Quando Maria chegou ao lugar
havia sidas reveladas aos profétls, sé­ onde estava Elizabeth, Esta levantou-se
culos antes do seu nascimento. Este para saudá-la. A velha senhora esten­
mensageiro celestial chamado Gabriel, deu 'suas mãos e possuida do Espirito
não era mais que o espirito ressuscitado Santo exclamou em alta voz: Bendita

252 A L1AHONA
uma disputa familiar. Elizabeth decla­
rou que seu nome seria João, mas seus
parentes ficaram indignados, e ordena­
ram ao sacerdote que desse o nome do
pai. Quando Elizabeth se preparava pa­
ra objetar, foi feito um pedido a Za­
carias. E falaram-lhe por sinais, pois
este havia se tornado surdo e mudo.
Então Zacarias pediu uma tábua e sô-
bre ela escreveu: “João é o seu nome”.
Todos os parentes se admiraram pois
haviam pensado que o devóto levita que­
ria que seu unico filho tivesse o seu
nome.
Alguns instantes depois, os paren­
tes tiveram um motivo assombroso, pois
Zacarias, repentinamente começou a fa­
lar. Pela primeira vez em um ano apro­
ximadamente, sua lingua foi aberta:
“Bendito é o senhor Deus de Israel”,
exclamou êle. E mirando orgulhosamen­
te seu filho, foi possuido pelo Espirito
de profécia e disse: “Tú filho, serás cha­
mado proféta do Altissimo. Porque irás
diante da face do senhor, e lhe prepa-
rarás o seu caminho.
Dias mais tarde, veio um anjo e
és tu entre as mulheres, e bendito é o ordenou ao infante o sacerdócio. Nun­
vosso ventre. Depois, humildemente: E ca antes na história se havia observado
como é isto, que a mãe do meu senhor tal conduta; porém, neste caso tratava-
vem a mim? se de um menino escolhido, cheio do
Espirito Santo ainda antes de seu nas­
Sabendo que Elizabeth conhecia o
cimento, e de quem o Salvador mais
seu segredo, Maria disse: “ Engrande­
tarde diria: Porque vos digo que entre
ce minha alma ao Senhor”.
os nascidos de mulheres, não ha maior
Nos três mêses que se seguiram, proféta que João Batista.
Maria ficou com sua prima aguardando
Aconteceu que Maria voltou para
o tempo em que esta daria á luz. E
Nazareth, onde José anciosamente a es­
quando este terminou, Elizabeth deu á
perava. Quanto tempo passou antes que
luz a um filho, tal como Gabriel havia
êle soubesse que Maria estava grávida,
predito. Para Zacarias e Elizabeth esta
não sabemos ao certo, mas podemos
foi uma grande benção. Parentes, ami­
afirmar que seu coração se encheu de
gos e vizinhos regozijaram-se com êles,
tristeza e dor. Sob a lei Judaica, a infi­
reunindo-se em grande número para tes­
delidade era castigada com a morte. A
temunhar o autor de dar o nome àque­
única alternativa era o repúdio por meio
le maravilhoso infante nascido fora do
de 11111% carta de divórcio publica. Mas
tempo.
como José não estava encolerizado com
Durante a cerimônia, o sacerdote Maria, resolveu deixá-la secretamente.
não falou no nome do menino, e quan­
do lhe perguntaram, se viu no meio de (Continua à pág. 256)

Dezembro de 1952 253


UMA DISCUSSÃO A M IG A V EL ENTRE
Médico,
Ministro e
Advogado
é um Deus em cuja semelhança fomos
feitos.
“Bem, não tive idéia quando co­
mecei minha conversação com Mr.
Brown que iria achar no Sr. tal antago­
nista. Poder-se-ia chegar á conclusão
que o Sr. fêz da Bíblia um estudo com­
pleto”.
“ Eu tenho, como cristão, estudado
“Por favor ouça um pouco mais o registro; de fato desde a infância
pois ainda tenho algo a dizer a respeito meus pais pediram-me que confiasse e
do que o Senhor chama de bobagem, lembrasse tini versículo muito importan­
não obstante sendo assim, devo insistir te naquele bom livro velho. E’ encon­
que é bobagem por parte da Bíblia. O trado no 5.Ò Capítulo do Evangelho, Se­
Snr. diz que Deus é um espírito; isso gundo S. João, sendo o versículo 39.", e
prova que êle não tem corpo? Também é como segue: — Examinai as escritu­
nos é dito que devemos adorá-lo em es­ ras porque vós cuidais ter nelas a vida
pírito. Diso devo entender que devemos eterna, e são elas que de mim testifi­
adorá-lo sem um corpo? O senhor tem cam”.
um espírito? Sim; Também tem um cor­ “ Isso é certo, porém, mais uma vez
po? Sim; O Sr. foi feito à imagem de devo lembrá-lo para não aprofundar-se
Deus, corpo e espírito? Assim diz a Bí­ em mistérios que não podemos enten­
blia! O Homem foi criado na imagem de der”.
Deus. (Gen. 1:26, 27). Então Deus tem “Mas Pedro diz-nos que nenhuma
um corpo e conseqüentemente deve ter profecia da Bíblia é de interpretação
partes. Moisés falou-lhe face a face as­ particular (II Pedro 1 :20), e são essas
sim como um homem fala com outro. as coisas que devemos procurar para
(Exodo 33:1 1) e também viu êle suas informação; porque uma falta de infor­
costas. Êle prometeu (Num. 12:8) fa­ mação da parte dos ministros sôbre es­
lar com Moisés cara a cara. E ’ nos dito tes pontos, é, em muitos casos, a causa
no 15.° capítulo de Deuteronómio que de muitas pessoas se encontrarem no
Êle tem mãos e braços. O Psalmo 139: estado de espírito de Mr. Brown hoje.
16 diz-nos que Êle tem olhos e Isaias “Se sua afirmativa é correta, talvez
(30:27) diz que Êle tem língua e lá­ me seria melhor desistir e deixar Mr.
bios. João descreve sua cabeça, cabelos Brown em suas mãos”.
e olhos (Apoc. 1:14). E, por paixão, “Desculpe-me” disse Mr. Durant
diz-nos a Bíblia, que dêle emana amor “não pensei em ofende-lo; esforçar-
e que é um Deus ciumento. Isto^ião sig­ me-ei para ser mais cuidadoso durante
nifica partes e paixões? Deveria pare­ o resto da palestra”.
cer que todos aqueles que acreditam nas “Reasumiremos a discussão em
escrituras devem concluir que estas coi­ outra ocasião. Hoje à noite somente
sas são partes e paixões e que o Criador pensei em permanecer um tempo curto,

254 A L1AHONA
tendo um encontro importante; sendo o aumento de infidelidade e isso faria
assim, se o Sr. me desculpa, desejarei a outros assim como a mim, parar e
a todos- boa-noite”. considerar. Agora então, para a “Lei e o
“Bem” disse Mr. Brown, “as coi­ Testamento” ! Dê-me o capítulo e o ver­
sas tomaram um rumo muito peculiar. sículo para que eu não possa fazer
Parece-me estar fora da disputa. Nun­ êrros”.
ca ouvi em minha vida tantas coisas ra­ O Dr. então pela 1.» vez tomou
zoáveis concernente à religião como ou­ parte dizendo: “Também estou me tor­
vi do Sr., Mr. Durant, e devo também nando muito interessado, e penso me
admitir que se o que aprendi anterior­ juntar a vocês com minha Bíblia. Po-
mente em assunto de religião tivesse si­ nhamo-nos todos em um círculo”.
do dessa espécie, creio que seria um “Muito bem, examinaremos o
bom cristão. Estou até certo ponto fa­ Evangelho de Jesus Cristo na Bíblia,
miliarizado com as doutrinas de socie­ principio por principio. Para que tenha^
dades cristãs diferentes, e da mesma mos um entendimento preciso a êsse
maneira que o Sr. se expressa referente respeito, ser-nos-á necessário afastar-
a personalidade de Deus, gostaria de­ nos um pouco até os dias de nosso pai
masiadamente de ouvir seus pontos Adão. Por intermédio da transgressão
comparando outras diferenças. O Sr. de nossos primeiros pais, a morte veio
discorda muito com os ministros em para tôda a familia humana, e a huma­
outros princípios?” nidade não podia por si mesma subju­
“Tenho mêdo que a diferença em gá-la e obter imortalidade. Para subs­
muitos princípios importantes seja tão tanciar isto, veja primeiro, segundo e
grande quanto aquela referente à per­ terceiro capítulos de Genesis, Romanos
sonalidade de Deus. Mas se deseja real­ 5." Capitulo e 12.9 verso, e I Corintios
mente acompanhar-me na procura do 15.° Capitulo 21.9 e 22.9 versículos. Mas
Reino de Deus, e os outros estão dese­ de modo que êles não perecessem, Deus
jando, aseguro-lhe, isso me dará muito enviou seu filho, Jesus Cristo ao mun­
prazer”. do para satisfazer essa lei partida e li­
A uma única vóz, aprovação unâ­ vrara a humanidade do poder da morte.
nime foi expressada, e Mr. Brown con­ (João 3:16; Romanos 5:8; João 4:9).
E assim como todos se tornaram sujei­
tinuou dizendo: “ Nunca tive um desejo
tos à morte por Adão, assim todos res­
tão. grande nêsse sentido, e devo con­
suscitarão da morte através do sacrifí­
fessar, minha curiosidade duplicou-se”;
cio de Cristo (I Cor. 15:20-23; Rom.
“ Então” acrescentou Durant “to­ 5:12-19), e permanecerão ante o trono
maremos a tradução das Escrituras de: de julgamento do Senhor para respon­
King James, como o livro da lei, e “ Pro­ der pelos'seus próprios pecados e não
cure primeiro o reino de Deus” para- pela transgressão de Adão. (Atos 17:
nosso texto; e se antes de terminarmos, 31; Apoc. 20:12, 15; Mat. 16:27). Es­
descobrirmos que os ensinamentos do tou certo até o ponto em que cheguei?”
homem diferem dos ensinamentos de
“ Sim” disse o Dr., “ Eu o tenho se­
Cristo estarei até certo ponto justificado
em dizer que os religiosos têem trans­ guido com suas passagens, e tudo con­
sidero correto. Continue”.
gredido as leis, modificado as ordenan­
ças e quebrado o convênio sempiterna “ Então provei um dos princípios
(Isaias 24:5, Jeremias 2:13). errados dos que são chamados cristãos;
porque ^les acreditam que os pecado­
“Muito bem” disse Mr. Brown,..
res não terão as "mesmas chances que
“pode prosseguir”, e. obtendo a Bíblia
os justos na ressurreição. Jesus Cristo
da família continuou : “e ge.ndp.sua afir­
mativa correta, isso se.ria a.causa.par^•. .... .......................... ..... (.Continua à pág.,. 260) ....

Dezembro. _de1952 - ------- ----- -------------- 255


NATAL. . . dos antepassados de Maria e José. Em
outras partes do mundo, o governo ro­
(Continuação da pág. 253) mano exigia que cada pessôa ficasse
Na obscuridade da noite, quando no lugar de sua residência, porém, na
José fébrilmente meditava no repentino Palestina, foi permitido aos Judeus se­
naufragio de seus anteriores projetos guir seus antigos costumes de voltar à
matrimoniais, um anjo do Senhor lhe região de seus antepassados para serem
apareceu em sonhos e lhe disse: “José, registrados. Por esta razão ambos ha­
filho de David, não temas em receber viam ido a Belem.
a Maria, tua mulher, porque o que nela Quando José e Maria chegaram ao
se concebe, é o Espirito Santo. E dará final de sua jornada, passaram por re­
a luz um filho, e seu nome será Jesús, banhos que pastavam nas colinas. Ali,
porque êle salvará o seu povo de seus o seu grande antecessor, David, havia
pecados” . cuidado de ovelhas na sua mocidade.
Quem poderá descrever a alegria Alí, Ruth, havia espigado os campos de
de José, com esta revelação que lhe trou­ trigo. Para Maria e José, esse lugar,
xe uma perfeita e grata compreensão do metro por metro, parecia saturado de
sagrado chamamento de Maria? E quem História Santa. À medida que José se
poderia imaginar a terna cena que pas­ apressava para chegar em Belem e pro­
sou, quando êle confiou a Maria que curar alojamento, sofria uma inquietu­
agora partilhava o seu segredo? O ca­ de crescente pelo bem estar e segurança
samento de José e Maria deve ter sido de Maria e seu filho, que estava na imi­
realizado logo em seguida. O anjo as­ nência de nascer. A situação era, para
sim lhe ordenou, e no censo ordenado os futuros pais, desesperadora, pois
por Cezar, foram especificadamente re­ não havia alojamento nem para uma
feridos como marido e mulher. mãe que já sentia as dôres do parto.
Foi em princípios de abril do ano A angústia e anciedade atormentavam
753 dos romanos, que ambos chegaram a mente de José enquanto conduzia sua
a Belem. A data certa destes aconteci­ trêmula espôsa ao único refúgio dispo­
mentos não se conhecia com certeza, nível, que era uma humilde mangedou-
até que no dia 6 de abril de 1830, o ra. Pobre imagem de conforto! Com
Senhor revelou que neste dia se cum­ pastos seco preparou um lugar para sua
priam 1830 anos desde a data do nas­ espôsa, que apesar de ser o melhor en­
cimento do Salvador, em carne. contrado, era completamente inade­
As autoridades admitiam que toda­ quado.
via, no dia 25 de Dezembro não se fes­ No mencionado ano de 753 dos ro­
tejava o Natal até o 4.9 século A. D., manos, a nação judaica jamais se atre­
mas que esta foi aceita por conveniên­ veu a sonhar que êsse seria o ano de
cia, pois em 25 de Dezembro se feste­ sua salvação. O tempo que o tão espe­
java o nascimento de Deus romano, o rado Messias nasceria entre os homens.
sol, sendo considerado um dia de festa Mas, nas côrtes celestes, as hostes de
nacional. Portanto, foi preciso, que a Serafim aguardavam em solene aten­
verdadeira data do nascimento de nos­ ção, para em triunfante canto, no mo­
so Salvador fosse confirmada irfcdiante mento em que o grande Jehová cruza­
revelação divina. ria as portas da mortalidade, e entraria
Belem era originalmente, a cidade no tabernáculo, carnal do filho dc Ma­
de David, e em conseqüência, o lugar ria. Só a uma milha de distancia, ron­

256 A LI AH ONA
dando pelas imediações da cidade, os Não obstante, o fervor dos pastores não
anjos se preparavam para fazer conhe­ amorteceu, e êles voltaram ao campo,
cer sua presença, e os privilegiados re­ glorificando a Deus pelas coisas que ti­
ceptores da magnífica, foram certos pas­ nham visto e ouvido.
tores que se encontravam à noite no Maria entezourou estas coisas em
campo, vigiando seus rebanhos. seu coração. E a noite passou serena­
Esta visão veio da mortalidade pa­ mente, sem mais incidentes. Contrária
ra revelar a presença de um anjo cuja à crença comum, não houve adoração
glória e brilho se espalhou sôbre os pas­ dos Reis Magos, nem ouro, incenso e
tores, e estes pensando que seriam con­ mirra. Tudo isso veio depois, muitas
sumidos, retrocederam com grande te­ semanas depois.
mor, mas o anjo lhes disse: “Não te­ Depois de oito dias, José e Maria
mais, porque eu vos dou novas de gran­ levaram a criança ao sacerdote para
de gozo, que será para todo o povo: abençoar-lhe o nome e proceder à reu­
Nasceu hoje na cidade de David, um nião. O nome que lhe deram éra Jesús,
Salvador, que é o Cristo! E isto vos dou não é mais, Simão o grego modificado,
como um sinal. Achareis um menino en­ equivalente ao nome hebreu de Josué,
volto em panos, numa humilde mange- que originalmente significava “Jehová
doura. Este era o sinal esperado, e ins­ é nossa salvação”.
tantaneamente as hostes celestiais rom­ Depois disto, Maria esperou o des­
peram em canto, sendo seguidas pelos
cansou durante 32 dias, o período pres­
pastores: “Gloria a Deus nas alturas,
crito para a “purificação” . Então, José
e paz na terra aos homens de bôa von­
e Maria fizeram a viagem de seis mi­
tade”.
lhas à Jerusalem, para apresentar Je­
E aconteceu que os pastores des­
sús no templo. Cada faceta da lei de
ceram a cidade à procura da criança
Moisés foi devotamente observada por
que se encontrava envolta em panos,
êles, sendo a dedicação do primogênito
numa mangedoura.
para o serviço de Deus, um dos requi­
Quando entraram no estábulo, de
sitos.
fato encontraram a criança tal qual ha­
Era também exigido que Maria ofe­
via dito o anjo. Mas fóra disso não ha­
recesse um cordeiro e uma pomba, como
via nada de extraordinário na cena, pa­
holocausto. Porém, em caso de pobreza,
ra impressioná-los, posto que viram
aceitava-se duas pombas e é significati­
apenas um humilde camponez galileu e
vo que esta éra a oferenda de Maria.
sua espôsa com seu filho recem-nascido.
Não havia auréolas de luz sôbre a sua Vivia nesse tempo em Jerusalem,
cabeça, no entanto com a Glória dos um judeu sabio e devóto chamado Se-
anjos fresca em sua mente, os pastores mião. E tão justo havia sido, que o se­
contemplaram a criança adormecida, nhor o havia abençoado com uma re­
com devoção, temor e reverência. velação direta, prometendo-lhe que não
veria a morte antes que viesse o grande
E aconteceu que, logo que sairam,
Messias.
contaram a seus amigos e a todos que
quizeram escutar, da maravilhosa visão E aconteceu, que neste dia, quando
noturna e das coisas que haviam sido se detftcava ao seu trabalho, o Espirito
ditas concernentes á criança. Mas êles Santo veiu sôbre êle, ordenando-lhe que
não acreditavam. As escrituras dizem fosse imediatamente ao templo. Che-
simplesmente que êles se maravilharam. (Continua à pág. seguinte)

Dezembro de 1952 257


gou ao momento em que a cerimônia co­ devia a certas histórias, que haviam se
meçava. Tomou ternamente a criança originado de certos pastores, que sole­
nos braços, e com profunda emoção, nemente testificaram que Cristo exis­
levantando seu rosto ao céu, disse: tia em verdade.
“Agora, Senhor, despeça em paz o teu Apressadamente, Heródes consul­
servo, conforme a tua palavra. Porque tou-se com os sacerdotes e escribas.
meus olhos viram a salvação que virá “Onde dizem as profecias que seu Rei
para todo o povo. A luz para ser reve­ nasceria?” “ Em Belem, na cidade de
lada aos gentios, e a glória do teu povo David”, responderam. Freneticamente,
de Israel”. Heródes tramou um plano. Seguramen­
E Simeão, virando-se para Maria te, êle não devia submeter-se depois de
com espírito de profécia, predisse a tudo que praticara: o assassinato de
grandeza da missão que seu filho iria sua própria espôsa e filhos!, e que a
cumprir. E também a advertiu do so­ população supersticiosa podia reclamar
frimento que ela teria que suportar, um como o seu tão esperado Messias, O
sofrimento que seria como si sua alma Rei Divino. Com espírito de violento
fôsse transpasada por uma espada. ódio, urdiu o assassinato da criança,
Trinta e três anos depois, na cruz do quem quer que ela fôsse.
Calvário, Maria compreendeu o signi­ Chamando confidencialmente os
ficado literal da trágica profécia de Si- homens sábios, soube por êles que uma
mião. nova estrela havia aparecido no céu,
E havia também, no templo uma como sinal do nascimento do novo Rei.
devota fiel, que gozava do espírito de E Fleródes, depois de ouvi-los, fez-lhes
profécia. Era uma viuva de 84 anos, e prometer que fariam todo possivel para
servia no templo noite e dia. Seu nome encontrar o menino, afim de que tam­
éra Ana, e havia recebido um testemu­ bém êle pudesse ir adorá-lo. Os homens
nho do Espírito Santo de que Jesús éra sábios consentiram e partiram.
o tão esperado Messias e falava a to­ E aconteceu que a noite fizeram a
dos, e dava graças a Deus por haver viagem ràpidamente a Belem. E no ca­
vivido para ver o Salvador! minho regozijaram-se, pois novamente
Depois da cerimônia, José e Ma­ contemplaram a mesma estrela brilhan­
ria voltaram com Jesús a Belem. Por te que haviam visto na sua própria ter­
esse tempo haviam conseguido fixar re­ ra, que assinalava o nascimento do Sal­
sidência em uma casa, como detalhada­ vador, e que segundo lhes apareceu, os
mente menciona em Mateus. guiava ao lugar onde êle estava. Ma­
Foi por esta época, ou pouco de­ teus disse, que encontraram na casa
pois, que homens sábios vieram a Je­ prostando-se diante da criança para
rusalem, em busca do recem-nascido adorá-lo. Logo abriram seus tezouros e
Rei de Judeus. Sendo inocente, e não lhe ofereceram ouro, incenso e mirra.
tendo conhecimento do estado de coisas E quando êles se preparavam para
naquela parte do mundo, foram candi- partir, um anjo do Senhor apareceu em
damente a Heródes, pensando que êle sonhos, dizendo que não fossem á He­
estaria informado da identidac^? e pa­ ródes, mas que voltassem por outro ca­
radeiro do novo rei. minho.
Heródes perturbou-se muito com E assim fizeram êles. Do desco­
as palavras do sábio. A convicção que nhecido viream e para o desconhecido
estes homens tinham, seguradamente se se foram. Nada sabemos sôbre êles, nem

258 A L1AHONA
seus nomes, número ou nacionalidade, terra natal. Ao que parece, José e Maria
pois tudo o que se tem dito deles, é esperavam viver eternamente em Belem,
méra ficção. O único sinal deixado nas mas quando a pequena caravana se
páginas da história, se reduz a uns ver­ acercava da região, souberam que Ar-
sículos das escrituras. chelão, o cruel filho de Heródes, gover­
No entanto, o impaciente Heródes nava esta parte do reino. Fadigados co­
aguardava o retorno dos magos, mas mo estavam, continuaram sua viagem,
quando a toda esperança exgotou, en- e passaram pelas colinas da Galiléia,
colerizou-se muito, e ordenou a seu chegando finalmente a Nazareth, onde
guarda que descessem á Belem e ma­ resolveram firmar seu lugar.
tassem todas as crianças com menos de Em todas essas circunstancias, três
2 anos. E os soldados se apressaram grandes profécias se cumpriram literal­
a obedecer, efetuando violentamente um mente: Que Jesús nasceria em Belem,
dos mais horriveis crimes infligidos por que (passaria) ao Egito, e, finalmente,
um despósta cruel sôbre uma indefesa que seria chamado Nazareno. Ainda que
comunidade. Mas Jesús não estava ali. cada profecia pareça contradizer as
Nem bem haviam partido os homens outras, todas as três tiveram, mercê da
sábios do oriente, um anjo preveniu a sabedoria dos céus, perfeito cumprimen­
José que tomasse Maria e Jesús e fos­ to. Em nenhuma promessa do proféta
sem ao Egito, onde permaneceriam em concernente a êle deixou de reconciliar-
segurança enquanto o ódio de Heródes se com as profécias.
roubava das desesperadas mães de Be- Aqui pois, está a história conhecida
lem, os filhos menores. do Natal. Os fatos simples são a prova
Porém, quando Heródes ordenou de sua autenticidade, e tudo o mais que
esta matança, uma horrivel retribuição for apresentado, é só invenção do ho­
lhe alcançou, arrebatando sua própria mem. A agradevel e iluminada arvore
vida. No preciso instante que havia ven­ dos dias da Roma pagã, a excitante vi­
dido sua alma para conservar o trono, sita de São Nicolau do quarto século
Heródes se encontrou agonizando em da tradição cristã, e o feliz e alegre Pa­
repugnante enfermidade. Seus últimos pai Noel, é pura e moderna imaginação.
dias se consumiram em tão grande ago­ Porém contudo o mais importante
nia, que antes do fim, tratou de suici­ é que sobrevive o espirito de paz sobre
dar-se. Com a morte rondando, Heródes a terra e boa vontade para com os ho­
descobriu que além disso mais intimos mens. Nunca, em nenhum outro tempo
cortezãos se haviam revoltado contra do ano, a paz vem a ser uma realidade
êle. universal, como no tempo de Natal.
A morte foi uma libertação grata Mais amigos são recordados e mais ini­
para o torturado corpo de Heródes, e migos são esquecidos. E isto não é se­
para o povo, uma benção que celebra­ não uma sombra das coisas que ainda
ram com grande festa. virão. Longe de nós, e rodeado por le­
Enquanto isso, nas margens do giões de hostes celestiais, este mesmo
Nilo, José e Maria aguardavam com o Jesús espera o tempo em que voltará a
infante Jesús. Antes que os mensageiros terra. neste glorioso dia quiçá muito
pudessem levar noticias à população, mais próximo do que pensamos, que
um anjo revelou á José que Heródes es­ nós chamamos Milênio, haverá um Na­
tava morto, e que em conseqüência dis­ tal de paz sobre a terra que durará mil
to deveriam voltar imediatamente á sua anos.

Dezembro de 1952 *£»$$$£$$ 259


não envia homens ao mundo com o pro­
pósito de pregar doutrinas erradas, por­
Uma discussão que isso causa confusão e Deus não é
autor de confusão e discórdia, mas de
entre Médico... paz (I Cor. 14:33). Paulo disse: —
Se qualquer homem pregar outra dou­
trina, seja êle amaldiçoado. (Oal. 1:8,
9). A primeira condição é esta: acredi­
tar que existe um Deus (não aquele
(Continuação da pág. 255) mencionado no Livro de Orações In­
glês), mas Aquele que criou o homem
não morreu pelos nossos pecados indi­
em sua própria imagem, e ter fé naque­
viduais, exceto com a condição de acei­
le Deus e em Jesus Cristo que Êle en­
tarmos o plano que êle traçou, o qual viou”.
nos trará a remissão dos nossos peca­
dos. A única maneira pela qual pode­ “Continue” disse o grupo em con­
mos provar que o amamos é conservan­ junto.
do os seus mandamentos (João 14:15); “Bem” continuou Durant, “a espé­
portanto, se dizemos que amamos a cie de fé requerida é aquela que capaci­
Deus e não guardamos os seus manda­ tará o homem debaixo de qualquer cir­
mentos, somos mentirosos e não possuí­ cunstância a dizer: “não me envergo­
mos a verdade. (I João 2 :4 ). Creio ter nho do Evangelho de Cristo; porque
provado que existe algo defeituoso em êle é o poder de Deus para a Salvação
seu entendimento dos atributos de Deus, (Rom. 1:16). Essa é a espécie de fé
e penso que posso provar que êles tam­ pela qual o mundo foi estruturado, pela
bém não guardam os Seus mandamen­ qual Noé preparou uma arca; pela qual
tos. Cristo deu-nos a entender duas coi­ o Mar Vermelho foi cruzado como se
sas que devem os homens se lembrar estivesse em terra sêca; pela qual as
enquanto estiverem à procura do “ Reino muralhas de Jericó cairam; foi por fé
de Deus”. Primeiro que devemos seguí- que reinos foram subjugados; retidão
Lo; segundo, que, quando Êle deixou foi lavrada; promessas eram obtidas e
seus discípulos, Êle enviaria o conforta­ as bôcas dos leões eram fechadas. (Heb.
dor que os guiaria a tôda a verdade; 10:32, 38). Esta fé vem de ouvir a pa­
portanto devemos seguir Cristo e acei­ lavra de Deus (Rom. 10:17) e a falta
tar todos os princípios que foram ensi­ dessa fé, e ausência de jejum causaram
nados por seus discípulos enquanto es- mesmo aos apóstolos um fracasso em
tavam de posse do Espírito Santo, ain­ ocasiões de expulsar demônios. (Mat.
da que isso provasse estar o mundo in­ 17:14, 20). Não é de se admirar então
teiro em êrro”. que sem fé é impossível agradar a Deus?
Fé então, é a grande pedra fundamental
“Até êste ponto seus argumentos
do caminho celestial que conduz à sal­
são razoáveis, também de acordo com
vação. Quanto mais procuramos a ver­
as Escrituras Sagradas; e como não
dade eterna mais descobrimos que Deus
existe outro nome a nós dado, exceto o
obra por princípios naturais. Tudo o
de Jesus Cristo pelo qual pqtlemos ser
que Êle deseja de nós é claro e simples.
salvos (Atos 4:12), o Sr. pode agora
E ’ muito natural que o princípio de fé
dispôr as condições ante nós, mas dê-
deveria ser o primordial à nossa salva­
nos capítulo e versículo, conio#já disse
ção. Com qual princípio estamos mais
antes, para que saibamos que o Sr. fala
familiarizados? Fé é o primeiro grande
corretamente”.
princípio governando todas as coisas;
“Agora examinaremos as condi­
ções; mas primeiro lembrem que Deus (Continua à pág. 263)

200 A LIAHONA
Ajudando outros... nas de muitos países, pois a vida na co­
munidade, como é fomentada pela Igre­
(Continuação da pág. 249) ja, poderá ser a salvação nos anos fu­
verá um tempo em que o seu objetivo turos.
não seja necessário, pois os pobres que O Plano do Bem-estar funciona,
estão sempre conosco não são os mes­ mas, mesmo dentro da Igreja, ninguém
mos pobres, pois levantam-se uns, ou­ é obrigado a participar. Respeitando o
tros caem e precisam ser auxiliados pa­ livre arbítrio do homem, a Igreja esta­
ra serem erguidos novamente. O plano belece princípios que, se forem segui­
cresce de acôrdo com a experiência e dos, sobrepujarão os males presentes e
tem o mesmo valor nos tempos de pros­ proporcionarão costumes melhores. Se­
peridade como nos tempos de necessi­ guir a direção da Igreja significa sacri­
dade. Nos dias de fartura êle ensina fício e devoção. Apesar de lidar com
economia e indústria; nos dias de es­ pães e peixes, o plano mórmon não ofe­
cassez dá um exemplo de auxílio pró­ rece bilhete para refeição em troca do
prio e de bondade fraternal. Este plano batismo da pessoa.
está tendo uma influencia reformatória A história testifica que o Mormo-
cm toda a Igreja, pois dá a cada mem­ nismo nunca converteu alguem oferecen­
bro alguma coisa em que pensar, mes­ do benefícios materiais. Pelo contrário,
mo àqueles que não são atingidos ime­ perseguição, e mais trabalhos têm sido
diatamente: gastar menos, desperdiçar quase sempre o preço de pertencer à
menos. A medida que um irmão se en­ Igreja. Somente a filosofia sobre a qual
contra com o outro no terreno comum é fundado, a convicção intensamente re­
do serviço do Senhor, uma quantidade ligiosa que o impele para a frente, po­
de esforços criativos está sendo trazi­ derá atrair o investigador honesto ao
da à Igreja. Combatendo um mal co­ Plano. Através dele a Igreja permane­
mum com uma vontade comum estare­ cerá, como sempre permaneceu, pronta
mos proporcionando a um povo inteiro e disposta, quando os homens pedirem
uma conciencia crescente e uma apre­ alimento, a dar-lhes pão em vez de pe­
ciação de sua própria força, de seus dra, e o pão, assim oferecido, tornar-
próprios recursos, de suas próprias rea­ se-á doce com o espírito divino de amor
lizações e tradições. Em nome da reli­ e ajuda.
gião, a fé que move montanhas foi posta
*
a trabalhar, resolvendo problemas que
aparecem na vida Você está preparado para cuidar
O Plano de Bem-estar, trabalha de si próprio e de tudo o que é seu? Que
contra o dia, que certamente virá, em segurança teria voce para si próprio e
que crescerá o movimento do dinheiro para sua familia se seu emprego fa­
fácil tanto na cidade como no campo e lhasse? O que aconteceria se você não
o problema dos desempregados se tor­ pudesse comprar nada nas lojas? Sabe
nará grande demais para o governo. A que o Brasil importa aproximadamente
Igreja olha paia esse futuro com preo­ 90% do trigo por ele consumido? Que
cupação, pois, então, o programa en­ segurança contra a fome teria voce se
frentará o seu teste mais severo. os navios não entrassem nos portos bra­
Entrementes. todo o país tem in­ sileiros por algumas semanas?
teresse pelo que a Igreja está fazendo. Algumas sugestões para garantir
Como resultado de investigação e con­ o seu futuro, daremos na “Liahona”
sulta procedente de pessoas que não de janeiro.
pertencem à Igreja, o Plano está sendo
conhecido em cidades, grandes e peque­ (Continua no próximo mês)

Dezembro de 1952 261


Dois d i a s . . . são meus, devido ao maior presente de
(Continuação da pág. 247) Deus. Seu Filho, para o mundo.
Como estou ciente dos significati­
muito humildes o tempo de sua vinda vos objetos que representam aquêle ani­
pareceu ser acertado para o estabeleci­ versário há tanto tempo -— a estrela de
mento da verdade divina. Belem, o bimbalhar dos sinos e o arden­
Hoje à noite, quando penso no Bos­ te fogo, guardando vivo a sagrada casa
que Sagrado, é estimulante imaginar a e tradições familiares — eu também re­
coluna de luz celestial que apareceu sô­ lembro novamente o nascimento do nos­
bre José Smith e pensar no sentimento so proféta.
sublime que encheu sua alma. É impres­
Justamente agora, sinto um pro­
sionante relembrar que êle livrou-se da
fundo orgulho em minha herança. Sinto
incerteza que havia em seu íntimo, ten­
a corrente de progresso desde a época
do recebido positivo conhecimento na
de dois significativos dias. Eu sei que o
questão que lhe era tão chegada.
mundo tem mudado desde que a estrela
O Salvador e o Proféta, ambos
brilhou sôbre Belem e os anjos canta­
possuíam olhos que pareceram ler os
ram “ Hosana”. O mundo tem mudado
coração dos homens e mulheres. Ambos
desde que as árvores deram ao nosso
reconheceram a fé que existe nos ho­
proféta dos últimos dias, um sentimen­
mens e mulheres, seu poder e capacida­
to de segurança e os pássaros fizeram
de para servir o mundo; ambos senti­
musica que quasi uniu céu e terra, en­
ram a paz que vem da comunicação com
quanto êle procurava sabedoria do Pai.
a natureza. Ambos sentiram a presen­
ça de Deus, durante horas tranqüilas. Sei que somos sabedores do des­
Então mais tarde ambos foram acusa­ prezo mostrado aos princípios que ho­
dos de blasfêmia; Jesús declarou ser mens esclarecidos valorizam e sabem
Êle proprio o filho de Deus; José Smith ser verdadeiros e fundamentais.
proclamou ser um proféta de Deus. Por No entanto, em lembrança de dois
suas próprias mortes ambos resumiram dias, paz, tranqüilidade e profunda fé
e fizeram chegar aos corações dos ho­
mens, a mensagem que tinham procla­
mado em palavras. A morte do proféta
José Smith foi um martírio significativo,
segundo o de Jesús no calvário, para a Missionários Desobrigados
redenção de toda a humanidade.
Assim não é estranho que nós, co­
mo Santos dos Últimos Dias tenhamos
paz em nossas almas, nesta época de
Natal. As grandes pedras fundadoras,
da vida e salvação, estão conosco —
aquêles princípios que alicerçam nossa
Igreja e que fazem-na única.
Um olhar para os presentes sob a
árvore, traz-me uma pulsação de expec­
tativa. Penso nos presentes valiosissi-
mos que são meus não nos presentes sob
a árvore, mas nos presentes espirituais
que são meus para sempre. Estts últi­ B L A IN E H. W E N D E L L D.
mos presentes são meus, devido do que HARDCASTLE W IN E G A R
aconteceu no bosque sagrado há mais R. D. 2, Box 473 877 East 2nd South
Sandy, Utah Salt Lake City, Utah
de cem anos passados. Estes presentes

262 A LIAHONA
P ro te g id o por um
c a r r a m a n c h e l ainda
está co nservado o
t r o n c o da ú n ic a ar
v o re que os p io n e i­
ro s a c h a r a m no V a ­
le do L a g o S a lg a d o
na sua e n tr a d a em
1847.

vem ao meu coração. E agora enquanto Di sc u s sã o a m i g s v e l . . .


olho as velas na mesa e as guirlandas ( Continuação da pág. 260)
de pinheiro em cada janela, a lareira e mas embora tão grande, ela é morta,
belissima árvore de Natal, significativo sem as obras. (Tiago 2:14, 17). Não
do nascimento de nosso Salvador, eu devemos esperar salvação por simples­
novamente relembro o acontecimento do mente ter fé de que Jesus é o Cristo,
Monte Cumorah. Meu coração está fe­ porque os demônios possuem também
liz e eu sinto que a vida é bôa, nesta êsse conhecimento. (Tiago 2:19).
época de Natal. (Continua no próximo mês)

da Missão Brasileira em Novembro e Dezembro

YOLANDA H Y G IN O D E
P A U L H. F A R R E L J. R ODO T GU ES F R E IT A S
W IL C O X O L S E N JR. Rua j osé Clemente Rua Monsenhor
315 South Ist West 4240 South 13th East Pereira 166 - San­ João Soares 17 -
Hyrum, Utah Salt Lake City, Utah tos, S. P. Sorocaba, S. P.

Dezembro de 1952 263


DIAGRAMA VISUAL
Introduzimos neste número algumas diagramas que visualmente mostram
o relativo valor nutritivo de diversos alimentos comuns.

O têrmo “porção”, é um têrmo de medida adotado na Universidade de


Columbia, na Nova York, em estudos feitos de nutrição. E ’ baseado numa média
de trinta porções de cada elemento nutritivo necessário (ao mínimo) diariamente
por um homem moderadamente ativo. Homens com trabalho leve, donas de
casa, e crianças precisam menos em geral; jovens precisam mais proteína, fer­
ro, Vitamina C; e todas, crianças até moços, precisam mais cálcio.

Nestas diagramas é dado as porções dos elementos contidos numa por­


ção média do alimento.
Pelos exemplos abaixo vemos que uma laranja ou dez bananas fornecem
toda Vitamina C necessária num só dia . . . e etc.

banana
(7 n t u m ) l CRrnwE (m n iRR)

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