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Geochim. Brasil., 9(2): 185-199, 1995 CONSIDERACOES SOBRE OS ELEMENTOS TERRAS RARAS EM APATITAS CV, Dutra’, M.L.L, Formoso? 1. Geowot Geolgla@ Sendegens Lida, MG 2 Unwersidade Fedaral do Re Grance do Su, Ins de Geodéncas, Poa, RS Recebide em 0895. Arovado para publeagdo a: 046 185, ABSTRACT Twenty five samples of apatites were analyzed for the rare carth elements: six of pegmatites; twelve associated to carbonatites (and alkaline rocks); three of sediments or sedimentary rocks; three of sedimentary rocks with advanced diagenesis or low-grade metamorphism; one sample of apatite associated to martite and also one sample of gorceixite (secondary phosphate originated by the weathering of apatites). The highest REE values are found in apatites associated to carbonatites in Angico dos Dias, Cataléo and Araxé. These rocks are very rich in REE. The apatite of Durango (México) has more than 9,000 ppm ETR. The apatites of sedimentary rocks show lower values of ZREE. The apatites of pegmatites have 800 to 1800 ppm of ZREE. ‘The apatites generally exhibit a REE normalized pattern with negative slope evidencing the LREE enrichment. The highest La/Yb are found in apatites of carbonatites. In sedimentary rocks they are lower. The apatite of Itataia (CE, Brazil) has La/Yb equal to 0,54. The negative anomalies of Eu are very conspicuous in pegmatites. Also apatites of sedimentary rocks show negative anomalies of europium. Typical negative anomalies of cerium, found generally in sea water, are present in the sedimentary apatites of Igarassu (PE, Brazil) and Florida (USA). The ratios CaO/P,0s of the studied apatites are between 1,24 and 1,47, with rare exceptions. Strontium and barium are higher in apatites of carbonatites. Niobium is quite important in the apatites of Cataldo and Araxa. The ratio Th/U is higher in apatites of pegmatites and lower in sedimentary apatites More analytical data, as well as more detailed studies, concerning the order of crystallization of apatites in pegmatites and igneous rocks are necessary, RESUMO Vinte e cinco amostras de apatitas, compreendendo seis de pegmatitos, doze associadas a carbonatitos (¢ rochas alcalinas), trés de sedimentos ou rochas sedimentares, trés de rochas sedimentares com diagénese avangada ou metamorfismo de baixo grau, uma amostra de apatita associada a martita (Durango, México) ¢, também, uma amostra de gorceixita (fosfato secundario oriundo da alteragto da apatita) foram analisadas para os elementos terras raras (ETR). Os valores mais elevados so encontrados em apatitas associadas a carbonatitos e, em especial, em Angico dos Dias, em Arax4 e em Cataléo, em rochas ricas em ETR. A apatita de Durango (México) contém mais de 9.000 ppm de ETR. As apatitas de origem sedimentar possuem ZETR mais baixo. Nas apatitas de pegmatitos, os teores variam de 800 a 1.800 ppm. As apatitas mostram, em geral, curvas de abundancia de ETR normalizados com inclinagéo negativa, ou seja, com enriquecimento em ETRL. As maiores razdes La/Yb sto encontradas nas apatitas de carbonatitos. Nas apatitas de rochas sedimentares, as razSes La/Yb sao mais baixas. Na apatita de Itataia, CE-Brasil, La/Yb é 0,54. As anomalias negativas de Eu sdo muito caracteristicas nos pegmatitos. Também as apatitas sedimentares (fosforitos) apresentam anomalia negativa de eurdpio, Anomialias negativas de cério, tipicas de ambiente marinho, aparecem nas apatitas sedimentares de Igarassu (PE, Brasil) e Florida (EUA). No que concerne a outros elementos, as apatitas estudadas tém geralmente a razio CaO/P,0, entre 1,24 e 1,47, com poucas excegdes. O estréncio e 0 bario tém teores mais elevados em apatitas de carbonatitos. O nidbio ¢ importante nas apatitas de Catalio e Araxé. A razio Th/U ¢ alta nas apatitas de pegmatitos © baixa nas apatitas sedimentares. Sao necessarios mais dados analiticos relativos a apatitas, como também estudos mais detalhados concernentes a ordem de cristalizagao das apatitas em rochas igneas ¢ pegmatitos. INTRODUGAO ‘As apatitas apresentam a férmula geral 05", s0,”, cro.", vo. Mio (YO«)s X2, em que. On’, cr M=Ca™*, com substituigSes possiveis por As posigdes M de Ca* nfo s&o todas Na’, Sr", Mg”, Mn’, Sc” ETR™ (0,85 a 1,2A°); equivalentes, tendo coordenagio 9 e 7 a 8. Seis Y=P, com substituigdes possiveis por Ca’* apresentam coordenaso 7 a 8 e quatro, 187 coordenag&o 9 (Burt, 1989). Os teores de ETR variam desde alguns décimos até quase 20%. Em apatitas, 0 maior contetido de ETR (Roeder et al, 1987) € de 19,2% (expressos em ETRO) no Complexo Granitico Peralealino de Pajarito, N. México, USA. Apatitas com teores superiores a 16,0% (ETRO) foram descritas em Mmanssaq, Groenlandia (Rénsbo, 1989) No Brasil, os maiores teores de ETR sto encontrados em apatitas associadas. a carbonatitos. Nesses complexos, as mesmas so, inclusive, mineradas em Araxé ¢ Tapira (MG), em Catalao I (GO) e Jacupiranga (SP). Grandes reservas de apatita também ocorrem em Salitre e Serra Negra (MG), Anitépolis (SC), Angico dos Dias (BA) e Maicuru (PA) (Mariano, 1989). ‘AS apatitas dos carbonatitos mostram enriquecimento importante. de ETRL. (elementos terras raras leves), enquanto, em algumas apatitas de pegmatitos graniticos, 0 enriquecimento de ETRL nao € tao nitido ov mesmo inexiste Vinte ¢ seis amostras, compreendendo seis de pegmatitos graniticos, doze associadas a carbonatitos (e rochas alcalinas), trés de sedimentos ou rochas sedimentares, trés de rochas sedimentares com diagénese avangada (ou mesmo metamorfismo de baixo grau), uma amostra de apatita associada a Oxidos de ferro (Durango, México) e uma de gorceixita (fosfato secundério oriundo da alteragio da apatita) foram analisadas. O objetivo deste trabalho é comparar 0 contetido total ¢ pardmetros de ETR em apatitas de pegmatitos, de rochas alcalinas e carbonatitos, rochas sedimentares e, ainda, rochas sedimentares com diagénese avancada. Sio apresentados também os pardmetros Eu/Eu*, Ce/Ce*, Lal¥b, Gd/Yb, ZETRL/ ZETRP e ZETR. Os pardmetros Eu/Eu*, Ce/ Ce*, La/Yb e Gd/Yb referem-se aos valores ja normalizados. METODOS ANALITICOS © método analitico adotado foi aquele utilizado por Dutra (1984, 1989). Determina doze ETR, com pré-concentracao em resina trocadora de fons, utilizando ICP (Plasma de acoplamento indutivo). Os valores de ETR foram normalizados em relagao a condritos, segundo Evensen et al. (1978). ‘As amostras foram solubilizadas apenas com HCI concentrado a quente, pois a finalidade era nfo dissolver outros minerais, mas apenas 03 fosfatos. 188 As amostras provenientes de pegmatitos (monocristal) © as. amostras oriundas de carbonatito apresentam sempre _facil solubilizag#o, nao resultando delas nenhum residuo insolavel. Entretanto, em amostras de apatitas sedimentares ¢ metamérficas, apesar de serem adotados 0s mais diversos processos de purificago (tais como liquidos densos ¢ separador Franz), foi notado sempre o aparecimento de algum tipo de “residuo insoltivel” que foi desprezado. O residuo insolivel & comumente constituido por silicatos, minerais de titanio e minerais de bério. No caso da gorceixita de Araxé, o residuo contém nidbio. © CaO e 0 P05 foram determinados por fluorescéncia de raios X, de maneira a poder avaliar o real teor de apatita no caso dos concentrados. Também Sr, Ba, Th, Y, Nb e Cl foram determinados por fluorescéncia de raios X;_U, por fluorimetria, € F, por eletrodo de fon especial. CARACTERIZAGAO DAS APATITAS ESTUDADAS © contetdo de ETR das apatitas é apresentado na Tabela 1 e os pardmetros relativos aos ETR, na Tabela 2. Durango, México Em conseqténcia da cor amarela, da transparéncia ¢ da forma cristalina perfeita das suas apatitas, Durango é uma das ocorréncias de apatite mais bem estudadas no mundo. Constitui, dada a sua pureza, um fosfato padréo analitico do United States Geological Survey (usGs) ‘A apatita de Durango é associada a 6xidos de ferro (magnetita, hematita e martita) Apatitas dessa associagao com minério de ferro podem conter mais de 1% de ETR (Young et al., 1969). Seus cristais ocorrem em fissuras ou cavidades na martita, mas também so observados intercrescimentos de xido de ferro/ apatita. Crandalita € também descrita como produto de alteragao dos fosfatos primérios. Segundo os autores mencionados acima, os 6xidos de ferro. nao contém == ETR, concentrando-se, estes elementos, na apatita. A apatita de Durango (amostra 30 nas Tabelas 1 e 2) apresenta importante anomalia negativa de curdpio (provavelmente herdada) € nao apresenta anomalia de cério. A razio La/ Yb € de 59,4, mostrando a alta dominancia de ETRL sobre ETRP. A razio Gd/Yb de 2,89 Tabela | - Valores de ETR (ppm) das apatitas estudadas. OUTROS ELEMENTOS MENORES ‘APATITAS DE CARBONATITOS BRASILEIROS F208 [} oF Ba u Th ¥, Nb a F % % pom ppm ppm Pm Fpm ppm em ppm 428 34 4980 340 Lis 7 210 210 2 - 36 465 4800-38500 Lis 100 360 260 L20 : 7500 “0000 Lis ro 360 160 60 : a8 541 5730 2 Lis Lis 200 Lio 140 7 418 54) $730 2 Lis Lis 200 Lio 140 : 367 533 3100 400 Lis Lis 2 Lio 40 4900 29 48 - - : - : : - : 393 532 7600 790 Lis Lis 190 Lio 300 é 3985 504 8290 uo Lis Lis 210 L190 360 - 21 526 6000 5100 Lis Lis 130 55 37 11000 234 18600 171100 Lis Lis 76 430 120 : APATITAS DE PEGMATITOS 3 % a0 130 1) 1300 oo TI 7% 23000 488 332 220 L20 2 300 2 L10 820 - 412 325 310 9 24 630 8 Lo 950 21000 413 552 220 L20 2 700 Lio Lio 149015100 - 340 L20 Lis 160 560 160 6000 : APATITAS SEDIMENTARES 356 2 100 0 er 7 360 Tio B F 345 494 580 30 120 Lis 190 L109 4038000 312 39.7 20 190 Lis Las 7 L109 92 10000,0 267 315 140 130 Lis Lis 2 L190 26 19000 uo aa 600 150 Lis Lis 2 0 170 : 33 493 1350 2 iui 2 120 Lio 2 10000 revela que a curva de abundancia de ETR suaviza-se bastante, dos ETR médios para os pesados (Fig. 1). © teor total de ETR € de 9095 ppm (= 1%), levemente inferior, mas nfo cons- picuamente, aos valores descritos na literatura (pouco maior que 1%, Young et al., 1969), |-B- Apatitas dos pegmatitos |-B-1- Pegmatito Limoeiro © pegmatito Limoeiro (Virgem da Lapa, MG) tem como rochas encaixantes os quartzo- biotita xistos Macatibas (Pré-cambriano) e é geneticamente relacionado com os granitoides Coronel Murta. Trata-se de um pegmatito zonado (Correia Neves et al., 1980) com cinco zonas: a) zona de borda, b) zona mural, ¢) zona intermediaria, d) niicleo de quartzo € e) corpos de substituigao. Os minerais principais sao pertita, plagioclasio, quartzo,_ muscovita, biotita, schorlita e granada, A fluorapatita ocorre como acessério nos corpos de 189 substituigao em que predominam cleavelandita, quartzo anédrico ou euédrico e muscovita de gro fino. Em relagdo aos ETR (Fig. 1), a apatita {amostra 4) apresenta EETR=306,9, valor baixo, mesmo para pegmatitos. A anomalia negativa de eurépio € importante (0,32) € nfo apresenta anomalia de cério, La/Yb € 1,53 € EETRL/EETRP ¢ 2,35, mostrando (como também pode-se observar na Figura 1) que o padrao de distribuigao de ETR encontra-se em uma linha quase paralela ao cixo das abcissas. Gd/Yb 0,77, evidenciando que a curva de distribuigao € levemente ascendente na directo dos ETRP © contetido mais baixo de ETR na apatita do pegmatito Limoeiro deve-se a sua cristalizagao tardia (nos corpos de substituigdo), com a provavel utilizagio dos ETR por minerais de cristalizagao mais precoce. A anomalia negativa de Eu também pode ser explicada pela cristalizagao anterior de feldspatos. As baixas razdes La/Yb e Gd/Yb (a primeira, pouco maior que um, e a segunda, Tabela 2 = Parémetros La/Yb, Gd/Yb, Ew/Eu, Ce/Ce*, EETR, ZETRL/EETRP para as apatitas estudadas. (Todos os dados s4o normalizados em relago aos condritos) (Evensen, et al., 1978). Nineo da Ta Cave Ege Cae DETR —-EETRU amosra TR? T ae oe 130 Tas ie 2 230 088 ia 88 Isr 3 249 033 ui ust 167 4 133 032 00 307 235 5 472 ost rer) 1982 292 7 239 083 00 969 170 ® on 06 Lit 647 2336 9 509 09s a3 $792 158 0 30.1 092 ost as a8 " 982 ost 049 iar 1823 2 oa 098 LI 4383 169 B 576 039 ons 489 13.78 4 953 033 06 as 180 Is 667 ost U6 ey 102 7 306 03s Lor 2706 363 18 87 03s 00 7483 2 19 0 082 cor 7483 212 » 3a 079 05a $588 3h 2 70 082 M2 237 30s 2 97 ost 094 279 33 py 378 om 03 97 881 2 loss 089 059 us 678 2% 528 064 092 3235 sat n 1029 087 04s 332 S80 » 934 037 108 2098 74 30 S84 035 E09 5085 259. Anise de ameostas de apa N* Ol- Pegmatito cams, BA 1N02- Pegmatito Monteiro. PB. N*03-Pegmatito lambs, BA, N= 04- Pegmatito Limocira, MG, N= 05- PegmatitoCapim Grosso, BA. N= 07-Pegmatito lamba, BA, IN 08- ApatitaCristaling, Arex, MG, N09. Apatta Mirocristaling, Araxa, MG. N2 10+ Apaita - Carbonatito. Tapia. MG. N® 11> Apatita, Jacupirangs SP - Pade IPT, NO 12- Apatta-Decomposta, rx, MO, N® 13- Apaita-Fosfeil.Tapira. Araxd, MG. N° 14- Rocha Fositica Jacupitanga, SP - Pade IPT. Ba menor que um) ndo so incomuns em apatitas de pegmatitos graniticos, como ¢ 0 caso de Timmins, Ontério (Mariano, 1989). 1-8-2 Area de Pedras Altas (Ipir) - NE - Bahia Na drea de Pedras Altas (Ipiré) - (NE - Bahia), rochas piroxénicas (diopsiditos) so as principais hospedeiras das ocorréncias de apatita, Estas rochas estéo situadas entre 0 lineamento estrutural de diregio NW-SE © a feigdo estrutural que passa nas imediagdes de Itaberaba, com idade superior a 2700 M.a. Os diopsiditos dispdem-se em faixas com larguras variadas, entre 50 a 150m, sempre em concordancia com a diresfo geral dos granulitos, gnaisses ¢ migmatitos encaixantes. Pegmatitos de composigdo sienitica cortam os diopsiditos, sendo os condicionadores da 19: Ags 0+ Ap 190 N® 1S- Apatita~ Carbonato Dolomitico, Jacupirangs, SP IN® 17- Rocha Carbonatito, Angico dos Dias, 2A. N® 18. Apatita,Angico dos Dias. BA. ‘Aungico dos Dias, BA ‘Caalto, GO. N*21- Gorceiita, Arak, MG. Fearusi, PE. N#26- Apatita Florida - NBS, BUA Florida, EUA, N29 Apatita,Itatia, CE 1N230- Apatita, Durango, México. mineralizagéo da apatita que se encontra associada @ vermiculita, a opala, a calcedénia e a escapolita. A origem atribuida (Veiga & Couto, 1981) aos jazimentos de apatita deve-se & interagdo de dois processos: 1) metamorfismo de _—_seqiiéncias sedimentares célcio-peliticas, 2) metassoma- tismo posterior com enriquecimento de fésforo, fluor e cloro, relacionado a pegmatito de composigao sienitica, formando concentragdes remobilizadas de apatita 0 teor de EETR (1792 ppm; amostra 5 - Tabela 1) é 0 maior dentre as apatitas de pegmatitos, sendo explicavel por tratar-se de pegmatito de composigao sienitica. A anomalia negativa de eurépio € a comum apresentada pelas apatitas de pegmatito (0,51). La/Yb ¢ 47 © ZETRL/ZETRP & 29, mostrando enri- quecimento. em ETRL. Gd/Yb é 4,44, evidenciando variagdes nfo muito fortes entre AMOSTRA (ppm) / CHONDRITOS (op) Gotu moa bh we Vou HL AMOSTRA 1 Apatta do Pegmatte Comisdo- BA Mento a se tomes -88 a: imeem 528 ca Copim Grosso -BA Drange ( México ) Figura 1 - Padroes de distribuigdo de ETR de apatitas de pegmatitos. Observa-se_ 0 comportamento anémalo das apatitas_ de pegmatito de Limoeiro (MG). os ETR médios e os pesados. positiva de cério ¢ observada. As apatitas dos trés outros pegmatitos graniticos [(Camisto- BA; Monteiro-PB Itambé- BA (duas amostras)] formam padrdes de ETR similares, correspondendo, prova- velmente, & composig&o geral desse tipo de apatita, Observa-se que as anomalias de eurépio variam de 0,45 a 0,53 (as apatitas dos peg- matitos Limoeiro e Capim Grosso situam-se abaixo desses valores). As anomalias de cério so inexistentes a levemente positivas. As razdes La/Yb situam-se entre 20 ¢ 30 (com excegdo dos mesmos pegmatitos citados acima), EZETRL/EETRP encontra-se entre 14 e17, SETR varia de 800 a 1150, também com as excegdes mencionadas, Leve anomalia ll - ETR em Apatitas de Carbonatitos Associados a Macigos Alcalinos As apatitas associadas a carbonatitos, em especial de Angico dos Dias, de Araxé e de 191 Cataldo, apresentam valores mais elevados em ETR. Convém salientar que os valores dos coeficientes de partig&o (Kd) de apatitas em carbonatitos so muito altos. Angico dos Dias merece especial referéncia por apresentar a idade de 2011 Maa. (idade U-Pb) (Silva et al., 1988) ¢ ser deformado tectonicamente. I-A - Apatita de Angico dos Dias © Complexo Angico dos Dias, uma associag’o carbonatitica pré-cambriana, ¢ constituido por sienitos © carbonatitos, com algum piroxenito e lampréfiro. Segundo Silva et. al. (op. cit.), 0 complexo Angico dos Dias apresenta as seguintes peculiaridades: a) 0 carbonatito tem alto conteido de apatita, superior a 14%, em média; b) os sienitos ndo sto fenitos e nfo foi observada fenitizagao; ¢) 0s contetidos de Nb, Th e U das diversas litologias sdo anomalamente baixos; d) as rochas principais, carbonatitos e sienitos, esto deformadas. A presenca de carbonatito é evidenciada pelos produtos de decomposig&o, pois os afloramentos so raros. O carbonatito contém calcita dominante, apatita verde clara, com forma ovéide, mica, magnetita e pseudo- morfitos serpentinizados de olivia. Ha concentragdes localizadas de apatita, Segundo Silva et. al. (op.cit.), 0 efeito catacléstico gera recristalizac&o parcial ou total dos carbonatitos. A. apatita manteve comportamento riptil, enquanto outros minerais sto dutilmente deformados Os carbonatitos de Angico dos Dias tém teores de ETR que se aproximam de 2706 ppm, sendo 2633 ppm ETRL. Grossi Sad & Dutra (1989) mostram que os teores de ETR so superiores aos dos carbonatitos de Itapirapua e Jacupiranga, com um fracionamento de leves maior que nesses outros dois carbonatitos (Fig. 2). A apatita de Angico dos Dias, segundo Dutra & Formoso (1991), apresenta um teor total de ETR de 7483 ppm, sendo 7217 ppm referentes a ETRL. As razdes La/Yb_ situam- se entre 140-180 © a razio ZEETRL/ZETRP € de, aproximadamente, 27. Nao ha anomalia de cério ea de eurépio € levemente negativa (0,82-0,85). A apatita de Angico dos Dias apresenta um teor de ETR superior as apatitas de outros macigos alcalinos estudados, sendo, apenas, superada pela apatita de Durango, México, que constitui uma ocorréncia peculiar. Embora a apatita de Angico dos Dias AMOSTRA (ppm) CHONDRITOS( (eG fh Sn GG Ty te er Tee + AMOSTRA 17 - Corbonatito- Angles dos Blas - BA 18 Apatita de corbonetito = Angie aos Dias - BA "19 Apatita Residual - Angie dos Dies - 28 Figura 2 - Padrdes de distribuiggo de ETR do carbonatito © das apatitas de Angico dos Dias (BA), tenha idade superior a 2000 Ma. ¢ seja tectonicamente deformada, 0 conteido de ETR foi preservado, mostrando que néo houve perda (ou houve pequena perda) desses elementos. A razio La/Yb (140) evidencia o grande fracionamento de ETRL como acontece, também, nos carbonatitos da Area. II-B - Complexos Alcalino-Carbonatiticos (Cretéceo-Terciério) As idades K-Ar dos macigos alcalino- carbonatiticos situam-se entre 65 a 130 M.a. (Ulbrich & Gomes, 1981). Um episédio mais antigo, de 110-130 Ma inclui os macigos de Jacupiranga, Ipanema e um mais jovem, de 60 290 M.a., inclui Cataldo I, Tapira ¢ Araxd. II-B-1- Jacupiranga, SP Os carbonatitos de Jacupiranga (sovitos) intrusivos em magnetita clinopiroxenitos. Hirano et al. (1987), com base em critérios petrolégicos, reuniram os carbonatitos de Jacupiranga cm quatro grupos: calcita carbonatito, calcita carbonatito rico em magnetita, calcita carbonatito rico em apatita € dolomita carbonatito. Fluorapatita € 0 Gnico 192 fosfato dos carbonatitos, ocorrendo em graos ovoides ou prismaticos, geralmente, em diémetro de 0,2 a 2 mm. Os grios ovéides sto mais comuns. As apatitas, em geral, encontram~ se pouco alteradas, e apresentam um conteudo de ETR de 1300-1400 ppm. Como acentece com apatitas associadas a carbonatitos, a razao La/Yb é elevada, aproximadamente 66, © a razio ZETRL/EETRP € 17. A razdo Gd/Yb ¢ 14, mostrando, também, a predominancia de ETRM sobre ETRP. Apresenta anomalias pouco significativas de Eu e Ce (proximas a 1). Dentre as apatitas de complexos alcalino- carbonatiticos estudadas, as de Jacupiranga tem os teores menos elevados de ETR (Fig. 3). U1-B-2- Tapira (MG) Os carbonatitos de Tapira (sovitos) encontram-se associados a piroxenitos, peridotitos, traquitos, sienitos ¢ silexitos (). A Area exposta aproximada do complexo ¢ de 33 Km’ ea idade € de 70 milhdes de anos. As i 7 § § baa mu ehhy wo wwe “++ AMOSTRA 11 - corbonette Paso IT Jocupron-SP + * 10 Apatite de Tir (Carbenatito) = MG eo s + ae Recta Fosfica veupionge - SP = "1B Apafte de Jocupiange - SF (Concentrate 4e Corbonatite Dolomitco 20~ Apatita de Catoléo - 60 Figura 3 - Padres de distribuigao de ETR de apatitas de Jacupiranga, Tapira e Cataldo. Observa-se 0 comportamento diferente de Catalio em relagio a Jacupiranga e Tapira, rochas encaixantes so quartzitos e xistos do grupo Canastra, Pré-cambriano Superior (Rodrigues et. al., 1984). Os carbonatitos consistem de calcita, flogopita, magnetita, apatita, perovskita, pirita e titanita. Os carbonatitos (e rochas associadas) sofreram alteragao lateritica com um manto de alteragao de espessura média de 30m. Pode atingir até 250m em alguns locais. As amostras da apatita de Tapira (10 € 13) mostram EETR entre 1400-1500 ppm, conteido relativamente —baixo, quando comparado com o de outras apatitas de carbonatitos. A razio La/Yb é elevada, situando-se entre 50 e 100, mostrando o fracionamento normal nos __carbonatitos (ZETRL/ZETRP situa-se entre 13 € 18). Gd/ Yb encontra-se entre 6 ¢ 10. A anomalia negativa de eurépio é muito pequena, mas a relativa ao cério (0,67 € 0,75) € importante. Mariano (1989) nao apresenta essa anomalia negativa em apatita de Tapira. NI-B-3-Araxé (MG) © complexo ultrabasico-alcalicarbona- titico de Araxé € intrusivo em seqiéncias metassedimentares pré-cambrianas do Grupo Araxé. A idade é de 91 M.a. (Loureiro & Figueiredo, 1989). O cardter intrusive gerou uma estrutura démica nas rochas encaixantes. A existéncia dessa estrutura contribuiu para a formagao de um manto de intemperismo muito espesso, onde estéo situadas importantes jazidas residuais de nidbio. As rochas do complexo so, predomi- nantemente, glimeritos, beforsitos, noritos, foscoritos, lampréfiros e silexitos (?). Os minerais dominantes nos carbonatitos sao dolomita, ankerita, calcita, apatita, barita, magnetita, flogopita, anfibélio, perovskita, pirocloro e pirita. © manto de intemperismo tem espessura média de 80 m, atingindo 230 m em alguns locais. Os teores de ETR no manto de intemperismo sfo elevados, podendo constituir depésitos econdmicos de ETR; 800.000 toneladas com teor médio de 13.5% de TR:03 (depésito da area Zero) ou 2.500.000 toneladas a 6,3% de TR203. Também os ETR podem estar associados ao minério fosfético a0 minério de nidbio. A area Zero (Mariano, 1989) contém, principalmente, gorceixita/ goyazita, que constituem uma provavel fonte supergénica, com possibilidades econdmicas de ETR, no complexo Araxa (Fig. 4) No caso de Araxa, além de serem analisadas as apatitas, foi também analisado um AMOSTRA. ppm] /CHONORITOS (9pm) Gon Ww Shab h mow he + AMOSTRA 8- Apatite Cristalina Araxé = MS eg. croeristating Aroxd = MS Araxé*decomposta MG 21- Fostate Secundari (orcenta} ‘arand MG Figura 4 - Padrdes de distribuigdo de ETR de apatitas de Araxé ec também de gorceixita (fosfato secundério). Observa-se a semelhanga da curva da gorceixita (secundéria) com a das apatitas, que geraram a gorceixita concentrado de _gorceixitas, da alteragdo lateritica das apatitas. © ZETR das apatitas de Araxa atinge valores de 5700-6300 ppm (amostras 8, 9, 12 Figura 4). A razto La/Yb atinge valores de 50- produto 90, mostrando a elevada concentragao e importante fracionamento dos ETR. As anomalias de eurépio ¢ cério sio pouco significativas. O padrdo de ETR do concentrado de gorceixitas € muito similar ao das apatitas de Araxd. O conteitdo total de ETR & de 2737 ppm; La/Yb é de 78 ¢ ZETRL/ZETRP é de 30,5. A anomalia de eurdpio é levemente negativa (0,81) € a de cério, levemente positiva (1,10). A razio Gd/Yb 6 de 6, mostrando a suavizagéo da curva descendente dos ETR médios para os pesados. No caso de Araxd, € evidente 0 elevado contetido de ETR das apa- titas © 0 padrdo (ou assinatura) das gorceixitas € semelhante ao das apatitas dos carbonatitos. 11-B-4- Cataléo Cataléo 1(GO) apresenta-se como um corpo de forma oval com cerca de 24 Km? de rea exposta e com idade de 83 M.a., sendo constituido por —_carbonatito, __peridotito, piroxenito (serpentinito), silexito (2) € glimeritos. As rochas encaixantes so quartzitos com micaxistos subordinados (Grupo Araxd). O carbonatito € constituido por calcita, apatita, flogopita, serpentinas, magnetita, pirita, barita, titanita, monazita, zire4o, pirocloro, perovskita € fluorita. A alterag&o intempérica foi profunda, com espessura média de 30m, atingindo 250m em alguns locais (Rodrigues et al., 1984). As mineralizagdes associadas 0 macigo sao fosfato, nidbio, titanio, ETR e vermiculita Vé-se, na Figura 3, que 0 padrao de ETR da apatita de Cataléo € caracteristico de carbonatito e de rochas alcalinas associadas. Se comparadas as curvas relativas as apatitas de Tapira e Jacupiranga, observa-se que a concentragto de ETR ¢ mais elevada, atingindo amostra/condrito para o La, por exemplo, o nivel de 10000. O contetido total de ETR é igual a 5585 ppm, semelhante as concentragdes encontradas em apatitas de Araxé, ¢ inferior aquelas de Angico dos Dias (7480 ppm). A razdo La/Yb é de 344, enquanto SETRL/ZETRP é 31,4, mostrando a curva altamente descendente das apatitas de Catalao, compardvel, mas superior & de Angico dos Dias. No caso das apatitas de Cataldo I, chama a atengdo as anomalias negativas significativas de Eu (0,79) e, principaimente, de cério (0,54). A razio Gd/Yb € 28,1, mostrando suavizagao similar a apatitas de outros carbonatitos. E importante enfatizar os teores altos de ETR de apatitas de carbonatitos, especialmente, Angico dos Dias, Araxé e Catalio. A concentraggo de ETR nas apatitas de Anitépolis, SC, € de, aproximadamente, 0,12% (Pereira et al. 1991) € 0 carbonatito (sovito) da mesma érea possui ZETR igual a 774-779 ppm (Furtado, 1989). A apatita retrata 0 conteido relativamente baixo de ETR no carbonatito. As apatitas de Tapira e Jacipiranga apresentam valores relativamente préximos aqueles de Anitépolis. Em Lages, 0 ankerita carbonatito & muito rico em ETR (Scheibe & Formoso, 1982), com valores da raza rocha total/ condrito superiores a 10000 para os trés primeiros ETRL, mas ndo havendo dados sobre © teor de ETR em apatitas Ill - Apatitas de Rochas Sedimentares Dentre as apatitas de rochas sedimentares tipicas, foram selecionadas dois tipos de amostras: a apatita de Igarassii (PE) e a apatita da Florida, inclusive aquela relativa ao padréo NAS-120 194, Os fosforitos marinhos constituem a maior fonte de fosfato existente, e 0 conteado médio de ETR desses fosfatos (Mariano, 1989) varia de 100 a 1000 ppm. Embora sejam fontes potenciais da recuperagio de ETR, como o conteido é relativamente baixo e ha outras possibilidades de extrago menos cara de ETR, no houve tentativas, pelo menos importantes, de aproveitamento de ETR dos fosfatos sedimentares © fosfato de Igarassu (PE) ocorre em depésitos sedimentares, ao longo da faixa costeira, ao norte de Recife. O horizonte rico em fosfatos encontra-se entre os calcérios da Formacio Gramame e os arenitos da Formagao Beberibe (Baltar et al, 1984), Apresenta 1,2 m de espessura. As reservas de fosfato atingem 36,5 milhdes de toneladas, com cerca de 8 milhoes de toneladas de P,0;. Os fosfatos concentram-se nas fragdes granulométricas mais finas. Os principais minerais s80 quartzo e fluorapatita padrdo de ETR dos fosfatos de Igarassu mostra algumas caracteristicas _peculiare: como, por exemplo, anomalia negativa de céi A Agua do mar apresenta anomalia negativa de cério. A explicagdo dada seria 0 baixo tempo de residéncia do cério (e dos ETR, em geral) na agua do mar, devido 4 oxidago e hidrolise do cério, com a respectiva precipitagto de seus hidroxidos © 6xidos. Fato similar ocorre nos perfis lateriticos continentais (Formoso et al, 1989 ¢ Braun et al, 1990), onde pode, inclusive, aparecer cerianita, Carpenter e Grant (1967) mostram que Ce’ na agua do mar (pH ~ 8) precipita como hidréxido de cério coloidal Assim, a precipitag’o dos ETR nos fosfatos, nas vasas carbonaticas e a sorgio nos argilominerais constituem os mecanismos de diminuigdo da concentragdo de ETR na agua do mar ¢ explicam a anomalia negativa de cério nas apatitas sedimentares marinhas. O fosforito da Florida também apresenta anomalia negativa de cério (0,45), enquanto 0 padrio NBS-apatita Florida (purificada) apresenta anomalia menos significativa (0,82). As anomalias negativas de eurépio so bem caracteristicas; estendendo-se de 0,64 a 0,69. So, provavelmente, herdadas de areas fontes. © teor total de ETR do fosforito de Igarassu atinge 1473 ppm, enquanto, na Florida, atinge 323 ¢ 352 ppm. O fosforito de Igarassu € menos puro, contendo constituintes mais ricos em ETR. As razdes La/Yb encontram-se entre 5 ¢ 10, evidenciando que 0 fracionamento dos ETR nao é tio nitido como nas apatitas de carbonatitos ¢ de pegmatitos Os padrdes de ETR das apatitas sedimentares sdo mais suaves, ndo havendo fracionamento muito nitido entre ETRL ¢ ETRP, assim como entre os ETRM (médios) e os ETRP. IV- Apatita de Rochas Metassedimentares IV-A- Apatita de Itataia, CE © depésito de P-U de Itataia esté incluido uma seqiéncia de rochas metassedi- mentares de natureza clastica, vuleano- sedimentar e quimica. Ha niveis associados a carbonatos e gnaisses do grupo Caicé (Saad et AL, 1984; Netto, 1984) com idades de 1700- 2000 M.a.. Ainda, segundo os primeiros autores, 0 grau de metamorfismo da area dos fosfatos encontra-se entre facies xistos verdes anfibolito. A principal zona de fosfato apresenta-se, sob forma amebéide, com extenstio de 900 a 1000 m ¢ espessura de 150 200 metros. A hipétese de génese mais aceita seria aquela de associago dos fosfatos de Itataia a sedimentos marinhos de plataforma. As influéncias do vulcanismo e também da matéria organica, que reduziriam 0 U a U**, que pode entrar na estrutura da apatita, nao podem ser omitidas (Fig. 5). em 4b AMostra 22 - Apotito de Pats de Minor Ma "ag. reed - 8a Hotes = CE Figura 5 - Padroes de distribuicdo de ETR de apatitas de rochas metassedimentares. Observa-se_ 0 crescimento dos ETRP nas apatitas de Itataia (CE) ¢ 0s baixos teores das apatitas de Ireré (BA), 195 ‘As apatitas de Ttataia apresentam um padrio peculiar de ETR , mas que se aproxima de apatitas sedimentares marinhas. A anomalia de cério caracteristica dos minerais marinhos (herdada da agua do mar) é inexistente. A presenga de matéria organica, que é a provavel responsavel pela redugio do U* a U*, deve manter 0 cério na forma trivalente em solucao. A anomalia negativa de eurdpio (0,57) aparece também nas demais apatitas sedimentares estudadas. O comportamento excepcional da apatita de Itataia é concernente as razdes La/ Yb (0,54), ZETRL/EETRP (1,74) e Gd/Yb (0,29), mostrando a importante abundancia dos ETRP. Uma hipétese que poderia ser considerada é a presenga de U* e ETRP, em solugéo, na forma de complexos com carbonates, e, a partir desses complexos, a participagdo desses cations na estrutura da apatita, em substituig’o ao Ca”. Em suma, 0 comportamento da apatita de Itataia, em relagio aos ETR, ¢ bastante peculiar. Ainda, 0 teor total de ZETR & relativamente baixo (109,79). 1V-B- Apatitas de Patos de Minas e de Irecé (BA) Boujo et al. (1994) _desereveram depésitos de fosfatos sedimentares que ocorrem no Proterozdico Médio e Superior e no Cambriano do Brasil e oeste da Africa, constituindo uma provincia de fosfatos Afro- Brasileira. Irecé (BA) e Patos de Minas (MG) pertencem a essa provincia. O fosfato de Irecé (BA) (Boujo et al., 1994) € constituido por 98% de apatita, 2% de esmectita, em superficie, ¢ 74% de apatita, 24% de dolomita e 2% de esmectita, em profundidade. O fosfato de Patos de Minas € formado por 60% de apatita, 15% de quartzo, 16% de mica branca, 1% de caolinita, 2% de goethita e 3% de fosfatos supérgenos (crandalita, wavelita). Observa-se, tipicamente, no ultimo caso, a influéncia da alteragao_ intempérica. ‘AS apatitas de Patos de Minas ¢ Irecé mostram, em linhas gerais, 0 comportamento das apatitassedimentares. Ambas nao apresentam anomalias de cério (0,94 e 1,03, respectivamente), indicando que o ambiente foi redutor, provavelmente com cério na forma trivalente, e ambas apresentam anomalia negativa de eurdpio (0,51 © 0,71, respec tivamente). A origem dessas_anomalias negativas ¢ discutivel, _ provavelmente, relacionando-se com a natureza da drea de origem do material. As razdes La/Yb sto relativamente baixas, caracteristicas de fosfatos sedimentares. As razbes Gd/Yb sto, respectivamente, 2,75 € 1,50, mostrando que no h4 importante fracionamento entre os elementos terras raras médios e os pesados. Nao € observado 0 enriquecimento de ETRP como em Itataia. As quantidades totais de ETR (ZETR) sto relativamente baixas. Para Patos de Minas € 279,57, e, para Irecé, 91,73. Este Ultimo valor representa o fosfato com 0 teor mais baixo de ETR dentre os estudados. Outros Elementos Na Tabela 3, vé-se os resultados analiticos relativos a outros elementos (alguns maiores € outros menores). A raza CaO/P,0s, para as apatitas (em concentrados) estudadas, ndo mostra grandes variagdes. Assim, as apatitas de carbonatitos tém essa razdo compreendida entre 1,249 € 1,452 (respectivamente, Cataldo. € Jacupiranga) Nos pegmatitos, as apatitas tém a razio compreendida entre 1,092 (pegmatitos Monteiro) € 1,374 (Itambé) ‘Nas apatitas sedimentares ou metas- sedimentares, CaO/P,0s varia desde 1,274 (Patos de Minas) a 1,462 (Itataia). As apatitas sedimentares tfpicas (Igarassu ¢ Florida) apresentam valores. intermediérios. Os fosfatos do Proterozsico Médio/ Cambriano Inferior apresentam razdes CaO/ POs (Boujo et al. op. cit.) entre 1,28 e 1,75, mas com a maioria dos valores entre 1,30 € 1,40 Dentre os elementos menores, 0 Sr e 0 Ba sto os mais importantes. As apatitas de rochas carbonatiticas apresentam, em geral, os teores maiores de estroncio e birio. O contetido de estréncio situa-se entre 3100 ppm (em Jacupiranga) e 8290 ppm (em Angico dos Dias). A gorceixita é um mineral de bario (Ba, ETR Al; (PO4): (OHs H0), conseqten- temente, € normal que apresente um teor de 17,11% de Ba (e 1,86% de Sr). A alta concen- tracdo de estroncio deve representar a presenca de goyazita em menores quantidades. © conteiido de estréncio das apatitas de pegmatitos estudados varia de 220 ppm a 410 ppm. A concentragao de bario é muito baixa, pois apenas a apatita do pegmatito de Camisio (BA) atinge valor acima do limite de detecgao do método (49 ppm). ‘As apatitas sedimentares © metassedi- Tabela 3 - Dados analiticos de outros elementos estudados para as mesmas amostras. ie % ¥T = a oF or = = ¥ = Br Be a 7 is as aat 2 1s = Se aut is Ed is Bal En a = moe Ed i Za Saas ie i ie sus io ise ise rn be Sas as mB? as te ai ie Fed Ey ae i Sear pod Mss 2 Sa Sa as Sie Sh ite ees ie in wee ri 0 io lant ios ah 20 ne ist ie isa er ola a m2 saa eae “ 2 as is he Ln Si Be a 28 oa iss 3 Be Se Bs 38 na 2 as 2M 38 me fs Re ‘man Eg ite tie taste 1224 Apt st A ‘Noo. Apt - Carat, Tape MG N22 Apa ln ‘No T-Apain Jpn $e PT 126 Apts Pia NBS ELA 121 Apa Deep Ama MO. Ye Apa ana Tp Ach MG 1° 1¢ Roa este peg, SPP 7 ‘Ne age Pin CUA 233 Apa tata CE N° Apa Dr, dss mentares apresentam —concentragdes de estréncio © bério também relativamente baixas (entre 100 © 600 ppm para o Sr e 27 a 190 ppm para 0 Ba). No caso do estrdncio, as excecdes so Patos de Minas (2720 ppm) € Itataia ( 1850 ppm), que constituem ambientes peculiares. © nidbio € — importante apenas nas apatitas de Araxé (e também na gorceixita) e Cataléo, que sio importantes jazidas de nidbio. O ‘trio comporta-se geoquimicamente como um ETR pesado (embora nao o seja_ pela sua configurag&o eletronica). Os teores de {trio das apatitas dos carbonatitos variam de 72 a 360 ppm. As apatitas de Araxé sto as mais ricas nesse elemento. No que concerne as apatitas de pegmatito, a de Itambé (BA) tem 690 ppm e a do pegmatito Monteiro (PB) tem 72 ppm. As apatitas sedimentares também nfo tém contedido de itrio uniforme. A fosforita de Igarassu contém 560 ppm, enquanto a de Irecé tem 22 ppm. A apatita de Itataia tem 120 ppm de itrio, coincidindo com o enriquecimento de ETRP e urinio na mesma. Os teores de uranio ¢ tério sao altamente irregulares. Nas apatitas dos carbonatitos, apenas as de Araxé tém um contetido de tério significative (47 a 100 ppm). As demais apresentam valores abaixo do limite de detecgio do método, ‘AS apatitas de pegmatito apresentam o teor de tério bastante superior ao de uranio, atingindo a razio Th/U valores de algumas dezenas. A apatita do pegmatito de Itambé apresenta as maiores concentragdes de Th (1300 ppm) e U (140 ppm). No caso das apatitas sedimentares, 0 uranio pode aparecer em maior quantidade que 0 tério. A fosforita de Igarassit e 2 da Florida apresentam teores de urénio superiores a 100 ppm e a apatita de Itataia contém 1110 ppm de uranio, constituindo Itataia um depésito de urdnio e fésforo. ‘As apatitas estudadas pelos autores sdo fluorapatitas, apresentando, algumas, teores significativos de cloro Na Tabela 3, sto incluidas algumas anélises do verdete Abaeté (MG), apatita em rocha metassedimentar, apenas para com- paragto A apatita de Durango (México), pelos teores de Th, Y, Nb, Sr mostra estar associada @ rochas com tendéncias alcalinas. CONCLUSOES 1+ ZETR mais elevado € encontrado em apatitas associadas a carbonatitos, em especial, 197 Angico dos Dias, Arax4 ¢ Cataliio. Angico dos Dias sofreu metamorfismo ¢ tem idade de 2011 M.a, (U/Pb), mas preserva o alto conteido de ETR. Araxd e Catal¥o so os macigos alcalinos (Cretéceo-Tercidrio) em que 0 teor de ETR das apatitas é mais elevado. Na apatita de Durango (México), ZETR € 9000 ppm. 2+ As apatitas de origem sedimentar possuem EETR mais baixo, especialmente Irecé ¢ Itataia (metassedimentares). Também a apatita da Florida, BUA, tem baixo EETR (323 ppm) 3 = Bm geral, as curvas de abundincia de ETR normalizadas apresentam _ inclinagao negativa - enriquecimento em ETRL. 4- A razio (La/Yb)y de apatitas em pegmatitos: 20-30 (média) pegmatito Limoeiro: 1,5-1,6 Capim Grosso (composigtio sienitica - 47) ‘em carbonatitos: > 50 Angico dos Dias - 140 Cataldo - 344 em rochas sedimentares: 5-10 Irataia (Ue matéria orgdnica) - 0,54 (enriquecimento em ETRP) 5- A raztio Eu/Eu* de apatitas em pegmatitos: 0,32-0,50 pegmatitos Limoeiro - 0,32 em carbonatitos: 0,8-1,0 goreeixita (Araxé) - 0,82 (herdada) em rochas sedimentares: 0,51-0,71 apatita Durango (México): 0,34 6 - A razdo Ce/Ce* de apatitas em pegmatitos ~ 1 em carbonatitos ~ 1 (exceto Tapira e Cataldo, que apresentam anomalia negativa disereta de Ce). em sedimentares: Igarassu (0,59), Florida (0,82 € 0,45) - herdadas da Agua do mar. Patos de Minas, Irecé Itataia - n&o mostram anomalias de cério(ambientes especiais, provavelmente, redutores). 7 - Outros elementos a, a maior parte das apatitas estudadas tém razio Ca0/P20s entre 1,240 € 1,470, com poucas excegdes. b. os teores de estréncio © bario, como seria de esperar, st mais elevados para apatitas de carbonatitos. Os teores de bario das apatitas de pegmatitos sdo baixos. As apatitas sedimentares apresentam também baixos teores de estréncio e bario, No caso de estréncio, Patos de Minas ¢ Itataia contém importantes teores. 8 - O nidbio é importante apenas nas apatitas de Catalio e Araxé (e também na goreeixita). Catalfo e Araxa so jazidas de niébio. 9 - Os teores de itrio oscilam entre 72 a 360 ppm nas apatitas de carbonatitos. As apatitas sedimentares tém conteiidos de itrio variados. A apatita de Itataia tem 120 ppm de ftrio, coincidindo com iniportantes concen- tragdes de ETRP ¢ uranio. ‘As apatitas dos pegmatitos apresentam teores de {trio variados entre 72 € 690 ppm. 10 - A distribuigao dos teores de urdnio ¢ torio € altamente irregular. Nos carbonatitos, apenas as apatitas de Araxé tém uma concentragao de tério significativa (47 a 100 ppm). ‘Nas apatitas de pegmatitos, a razio Th/ U pode atingir algumas dezenas ‘Nas apatitas sedimentares, 0 urdnio tende a ser superior ao tério. As apatitas da Florida e de Igarassu apresentam teores de urdni superiores a 100 ppm e a apatita de Itatai contém 1110 ppm de urdnio, associada a jazida de urénio. ie analiticos rel So necessérios mais dados ivos a apatitas, como também, estudos mais detalhados relativos a sua ordem de cristalizagao em rochas igneas € pegmatitos, assim como de minerais associados com nte de partigéo elevado em relago aos REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BALTAR, C.A.M; BARROS, M.L.; Pi NETO, J. 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