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As Pessoas Sensíveis
As Pessoas Sensíveis
SENSÍVEIS
Sophia de Mello Breyner Andresen
Biografia da autora
• Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro 1919
no Porto, onde passou a infância.
• Publicou os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia.
• Foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos
infantis.
• Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos,
artigos, ensaios e teatro. Traduziu Eurípedes, Shakespeare,
Claudel, Dante e, para o francês, alguns poetas portugueses.
• A escritora caracterizou-se por uma atitude interventiva, tendo
denunciado ativamente o regime salazarista e os seus seguidores.
• Após o 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em
1975, pelo círculo do Porto, numa lista do Partido Socialista.
• Faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em
2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos
mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.
As Pessoas Sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas «Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
O dinheiro cheira a pobre e cheira E não:
À roupa do seu corpo «Com o suor dos outros ganharás o pão»
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Porque não tinham outra Das grandes estátuas balofas e pesadas
O dinheiro cheira a pobre e cheira Ó cheios de devoção e de proveito
A roupa
Que depois do suor não foi lavada Perdoai-lhes Senhor
Porque não tinham outra Porque eles sabem o que fazem
Análise do Poema
Neste poema denuncia-se a exploração social da
classe do povo.
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas A expressão “as pessoas sensíveis” é irónica, pois
Porém são capazes representa os ricos que não eram sensíveis
De comer galinhas perante os mais pobres, vivendo da sua
exploração.