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Fstética e Cosmética emt Clinica Integrada Restauradora rentes especialidades odontolégicas, tais como ortodontia, cirurgia ortogndtica, prétese e dentistica restauradora. Da mesma forma, so utilizados em especialidades médicas como cirurgia plastica, traumatoldgica e reparadora. Com 0 uso desses dispositivos ou divi- sores, as relagdes dureas podem ser facilmente identificadas para os dentes, maxilares, boca, face e, logicamente, para o corpo todo, antes e apés os tratamentos cirtirgicos, reabilitadores, restauradores ou orto- pédicos. ‘O compasso ou divisor simples ¢ um dispositive de duas hastes me- télicas em forma de X, cujo ponto de interseccao ou cruzamento permite a abertura ou fechamento das extremidades opostas (parte maior e me- nor) em proporcao aurea constante, isto é, na relacdo 1,0 para 1,618 (Fig. 3.42). Os dentes unitrios, em grupos ou relagdes dureas da boca inteira, podem ser identificados com esse dispositivo. Para se construir um instru- mento similar, basta lancar mao de duas hastes metélicas de aco inoxida- vel ou de plastico (com 161,8 mm de comprimento, 1,0 mm de espessura ¢ aproximadamente 10 mm de largura) e estabelecer a interseccdo no ponto dureo de diviséo em 100 mm para os segmentos maiores e 61,8 ‘mm para os segmentos menores (Figs. 3.42A e B), Isso permitiré que as duas extremidades opostas mantenham suas distancias constantes em proporcao durea durante a expansao ou diminuicdo da abertura. Um dos primeiros compassos bindrios em proporgao durea foi des- crito por Joseph,"* em 1954, que o chamou de compasso de seogito dourada. Nesse compasso, dois segmentos mais curtos, mantendo a relagao 1,0 para 1,618, sao adicionados as hastes de um divisor simples e unidos pelos extremos a fim de estabelecer um terceiro ponto entre as extremida- des maiores desse divisor (Fig. 3.43). A intersecgao ou ponto de unio dos segmentos menores permanecera constante e 6 0 ponto de divisio 4ureo entre a parte maior e menor quando 0 compasso é movimentado na abertura ou fechamento. Shoemaker & Nestor, em 1981, demonstraram a utilizagdo de dois compassos de diferentes tamanhos, por eles idealizados (Nestor-Shoema- ker Golden Link calipers), para andlise facial, dentofacial e dentéria em odontologia estética. Recentemente, foi lancado no mercado, pela fébrica de instrumentos odontologicos Safident da Suica, pela Dental Smiles e pela Dental Sem Li- mites do Brasil, o compasso bindrio Golden Ruler, cujas articulagdes per- mitem movimentos de abertura e fechamento entre as partes maior e menor em proporcao 4urea com bastante preciso (Fig. 3.44). A grande vantagem desse dispositive € que ele mantém constante as medidas de dimensdes maiores, como as da face, e de dimensGes menores, como as dos dentes. Possui também, acoplada na parte superior, uma régua milimetrada que marca as aberturas para avaliages de partes intercle- pendentes ou congruentes da face e da boca. Capitulo 3- Proporcao Aurea B19) fa BL Fig, 3.42 - Compasso ou divisor simples, cujas extremidades opostas se abrem e se fecham em duas partes, uma maior € outra menor, invariavelmente em propor¢ao aurea constante: A ~ similar de aco inoxidavel, confeccionado pelo Prof. Wilson Batista Mendes; B - de plistico com trava de abertura, confeccionado pelo Prof, Antonio Carlos Piccino. Fig 3.43: A — desenho esquematico do compasso binario, descrito por Joseph, M., que mantém constantes as suas proporcées dureas durante os movimentos de expansido ou diminuigao de abertura; B — similar de ago inoxidavel confeccionado pelo autor. Fig. 3.44 - Compasso Golden Ruler, projetado e fabricado pela $ ident da Suica (A) e pela Dental Smiles (B). El Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora PROPORCAO AUREA APLICADA A ODONTOLOGIA [105 incistoos centrais devem ser os dentes dominantes e mais obser- vados. | A odontologia estética deve seguir certos parametros matematicos e geométricos que, quando empregados pelo clinico ou pelo ténico de laboratério, possam proporcionar restauragdes com aparéncia estética agradavel e harménica. Essas leis geométricas e matematicas nao de- ver ser vistas como imutaveis, mas como um guia titil para reconstru- Ges estéticas anteriores extensas. As relagdes proporcionais nao sao novas; elas estiveram presentes durante toda a historia do ser humano. Muitas dessas proporgdes foram indubitavelmente usadas pelos dentistas, de forma intuitiva, porque pro- porcionavam uma boa aparéncia. Na busca de uma explicagao racional para o belo ou para a logica da natureza, os gregos descobriram e estabeleceram os conceitos de sime- tria, equilibrio e harmonia como pontos-chave da beleza de um conjun- to.** Analogamente, em odontologia estética trés elementos de compo- sigdo so requeridos simultaneamente para unidade e estética ideais em um sorriso: a simetria através da linha média, a dominancia anterior ou central e a proporgao regressiva, criados pela curvatura dentoalveolar do arco dentario.* A anilise cientifica cuidadosa de sorrisos harménicos mostrou que essa proporcao regressiva de aparecimento, juntamente com a simetria, a gradacéo e a dominancia, podem ser sistematicamente aplicadas para avaliar e melhorar a estética dentaria de modo previsivel >" Definidos por Lombardi” e Levin® e reavaliados por Rufenacht* e Snow,* esses principios constituem parametros estéticos que podem e devem ser aplicados pelo clinico quando da realizacao de procedimen- tos restauradores extensos. ‘A simetria ocorre quando se encontra correspondéncia de forma, cor, textura e posicionamento entre os elementos dentérios dos hemiarcos superiores. Pequenas variagdes so aceitaveis e podem até mesmo contri- buir com a composi¢ao dentofacial. ‘A dominancia refere-se ao fato de que os incisivos centrais devem ser os dentes dominantes e mais observados. A curvatura do arco dentario mostra cada vez menos os dentes na direcio distal. Quanto menos um dente é visivel, menos importancia tem no sorriso. Os incisivos centrais superiores, em virtude da sua posicéo no centro do arco, devem apare- cer cem por cento como os mais largos e brancos e assim os dentes mais predominantes vistos no aspecto frontal. Este é um exemplo de série regressiva descrita por Levin; Lombardi” e Snow: A partir do conhecimento do conceito de dominancia dos incisivos centrais, se reconhece que os incisivos laterais devem parecer proporcio- nalmente menores (62%) em relagdo aos centrais. Da mesma forma, a proporcao de aparecimento do canino em relacao aos incisivos laterais deve ser 62% menor e coincidente com a propor¢ao de aparecimento do primeiro pré-molar em relagdo ao canino (62% menor) ¢ assim sucess vamente, conforme se desloca para distal. Ficam assim definidos os con- ceitos de gradagao e proporcao regressiva de aparecimento, ou seja, ini: ciando pelos centrais, os dentes do segmento estético anterior (dentes visiveis durante o sorriso, podendo englobar também os pré-molares) “diminuem” gradativamente (62%) e sempre na mesma proporcéo em direcdo aos dentes posteriores. Asimetria, a dominancia ea proporcao dos dentes anteriores superio- res sio afetadas por muitos fatores como, por exemplo, a altura da coroa Capitulo 3 Proporgdo Aurea [Em sorrisos harmnicos, a perspec- tion pode ser percebida numa vis- ta frontal pela proporgao durea existente entrea largura do sorriso, 0 segmento dentério anterior ¢ 0 corredor bucel.| clinica. A posigao das bordas incisais e o contorno gengival determinam essa altura. Dentes maiores tém reflexao de luz e visibilidade aumenta- das, de tal sorte que, se um dos dentes nao dominantes como o incisivo lateral ou 0 canino apresentarem coroa clinica aumentada ou diminut- da, ocorrerd o rompimento dos prinefpios de gradagao e de unidade har- ménica da composicéo dentéria. Em sortisos harm6nicos, a perspectiva pode ser percebida numa vista frontal pela relagéo proporcional durea existente entre a largura do sor- riso, o segmento dentario anterior e 0 corredor bucal. Multiplicando-se metade da largura do sorriso por 0,618, obtém-se o valor aparente da me- tade do segmento dentério anterior de central a canino; 0 valor do seg- mento dentario anterior multiplicado por 0,618, por sua vez, estabelece a largura do corredor bucal. Dessa relagdo determina-se na vista frontal 0 dente-chave (dente de transigao entre os segmentos anterior e posterior), ou seja, se os pré-molares se enquadram ou nao no segmento dentario anterior, em vez dos caninos, em funcao da curvatura do arco (Fig. 3.57). Na composicao dentéria, a partir da linha média, cada segmento dentério pode apresentar a largura do incisivo central em proporcao u- rea com a largura do incisivo lateral; a largura do incisivo lateral tam- bém em proporgao aurea com o canino, assim como o canino deverd estar em proporcao durea com o primeiro pré-molar, numa progressio regressiva de aparecimento, ou seja, sempre na relacdo 1,618:1,0, ou 62% menos (Fig. 3.51). Muitos autores tém afirmado que a proporgio 4urea é a que mais freqtientemente promove um sorriso agraddvel e que deveria ser usada para proporcionar a composicao dentaria ideal.'4%2795974156 Ricketts,* em 1982, mostrou a ocorréncia da proporgao éurea em inti- meros tracados cefalométricos. Demonstrou também o padrao de cresci- mento mandibular em espiral logaritmica em proporcao durea a partir de pontos cefalométricos fixos. Marinho Filho, Teramoto & Andrade™ também mostraram a aplica- a0 da proporgao éurea na cefalometria. Por sua vez, Amoric® constatou a presenca dessa proporcao em tracados cefalométricos, nos diferentes estégios do crescimento facial. McArthur publicou um artigo no qual ele demonstra que a razdo média entre a largura do incisivo central superior e a largura do incisivo central inferior € de 1,62, 0 que nada mais é do que um outro exemplo de ocorréncia da proporgao urea. Shoemaker publicou uma série de artigos promovendo o uso da proporgao aurea como um coadjuvante da odontologia estética. A edicao de 1989 do Annals of Plastic Surgery inclui um estudo de Kawakami et al,” no qual investigaram a proporcao 4urea na aparéncia facial em individuos japoneses, comparando-os com caucasianos. Os va- lores encontrados foram utilizados em avaliagdes estéticas antes e apés cirurgias plasticas faciais. Aaplicacio pratica da proporcao aurea no tratamento da estética facial foi demonstrado por Mack Ele a utilizou em cirurgias estéticas para determinar a altura ideal da face. A fim de avaliar a relacdo da proporcao aurea com as larguras dos dentes superiores na composicao dentéria, Preston,” em 1993, utilizou uma amostra de 58 modelos de arcos dentérios de estudantes do segundo ano de Odontologia. A largura mesiodistal dos dentes (do canino ao segundo molar) foi medida indiretamente por meio de um programa de computa- [Tos os seres vivos, incluindo os Inumanos, so geneticamente pre- dispostos a se desenvolveremt se- guindo uma proporgio ideal. | Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora dor, depois da imagem dos modelos ter sido capturada, e diretamente por meio de um paquimetro. Os resultados obtidos, apesar da pequena abrangéncia da amostra, demonstraram que a proporgao éurea nem sem- pre é encontrada na composicao dentéria da populacéo em geral e, por isso, nao deveria ser empregada sistematicamente em todos os casos. Se- gundo Preston, ela serve como um guia de diagnéstico e deve ser adap- tada a cada caso em particular, de acordo com os critérios do clinico, le- vando em consideragao todos os principios estéticos e biolégicos ao con- feccionar as restauraces. A simulagao de estética, realizada com sistema restaurador adesivo de uso direto e modelos de estuclo com enceramentos para diagndstico, sao de fundamental importincia nesses casos. Segundo Levin,* os estudos de Stephen Marquardt sobre a aplicacéo da propor¢ao urea em cirurgia plastica influenciaram muito o Dr. Jack Preston, de tal sorte que hoje ele aceita totalmente o conceito da proporcao durea, contra- riamente as criticas iniciais, feitas com base no estudo de 1993. Marquardt,* utilizando uma série de pentégonos, desenvolveu uma “méscara facial” baseada na proporcéo 4urea para avaliar a forma e a harmonia facial. Aqueles individuos cujas faces se enquadraram na més- cara eram considerados mais atraentes e, segundo 0 autor, essa relagao parece ser independente da etnia. Segundo Jefferson", o conceito de proporgao durea dé suporte & pro- posicdo de que um padrao para a posicdo esquelética ideal ndo é apenas possivel, mas necessério, Necessério porque todos os seres vivos, inclu- indo os humanos, s4o geneticamente predispostos a se desenvolverem seguindo uma proporcao ideal. O autor tratou intimeros pacientes com problemas ortod6nticos, de diferentes racas, idades, sexos e outras var veis, utilizando mesmo perfil classico. Gil" props modelos de andllises cefalométricas baseadas na propor¢ao urea craniofacial e demonstrou que o cranio humano tem em sua estru- tura intimeras medidas em proporgao durrea, inter-relacionando-se de for- mas variadas e conferindo um equilibrio eficiente. Isso sugere que 0 cra- nio humano, assim como outras estruturas na natureza, preenche os re quisitos das leis da conservacao da energia, da conservacio dos tecidos e da profunda eficiéncia. Segundo esse autor, “o interesse em estimular as investigacdes relacionadas a proporcao urea se deve a conviccéo de que esta 6 uma forma de individualizar a avaliagao a partir das caracteristicas proprias de cada um, a0 contrério do que ocorre com a maioria das andli- ses cefalométricas, que se baseiam em padres da média da populacao’. ‘Andrade® demonstrou a ocorréncia da proporcao durea na denticao decidua e propée a sua utilizacdo para prever o espago para o primeiro, segundo e terceiro molar permanentes. Apesar de alguns autores* recomendarem a aplicacao de outras pro- porcées, a relacio aurea é seguramente a que apresenta maior ocorrén- cia nas artes, na arquitetura, na natureza, além das propriedades jé co- mentadas. Sendo assim, 0 seu uso é recomendado em grande nimero de casos, néo impedindo, porém, a aplicagao de outras relagies estéticas. ‘De acordo com Levin, em muitas escolas de Odontologia da Euro- pao estudo da proporcao aurea 6 compulsério e, considerando o crescente interesse da classe odontolégica de nosso pais pela estética e cosmética, parece légico que esse assunto deva ser incorporado ao contetido pro- gramatico das disciplinas obrigat6rias do ensino de graduagio € pos- graduacao das faculdades brasileiras. Capitulo 3 Proporgio Aurea COMPARAGAO ENTRE AS VARIAS PROPORGOES NA ODONTOLOGIA RESTAURADORA [Nao existe uma formula ou propor- fio tinica que funcione para todos Quando se consideram o tamanho e a forma dos dentes naturais, deve-se sempre manter a proporcao em mente porque esta, como jé de- monstrado, existe em formas organicas da natureza e em formas huma- nas e animais. Os elementos ou as composigées dentarias invariavelmente se con- formam com as varias proporgdes e, sendo assim, so considerados agra- daveis. Os dentes, que mantém a forma e relagdo entre si nos planos vertical e horizontal, podem exibir outras proporgdes e ainda ser conside- rados atraentes. Facilmente o efeito psicolégico das formas e a fenom nologia da percepgo podem gerar reagSes esteticamente favordveis. Nao restam diividas de que, mais cedo ou mais tarde, em qualquer distancia determinada que estiver o paciente, a atengao seré dirigida as propor- Ges, seja ela considerada ou nao a mais adequada para um determinado individuo. Abeleza ea harmonia da composigao dentofacial dependem em gran- de parte da presenca de um ntimero de relagdes proporcionais entre a composi¢ao dentdria e os elementos que estejam ligados & beleza mor- fol6gica, estrutural e biolégica da face. Atualmente ha um reconheci mento definido intuitivo ou uma tendéncia de restaurar os dentes, resta- belecendo relagdes geométricas na composicéo dentéria e dentofacial, em conformidade com uma determinada proporsao, para alcangar um resultado estético favordvel e eliminar os elementos que transmitem mo- notonia sem simetria dinamica ou campos de forgas que produzem ten- ses visuais antiestéticas (Figs. 3.45 e 3.46). Nao existe uma férmula ou proporcéo tinica que funcione para to- dos os casos, porque as dimensGes faciais dos arcos, da boca e do sorriso do paciente variam enormemente. Muitas vezes, a adequacio da sime- tria e harmonia, empregadas como complemento das proporgdes dos dentes existentes, pode levar a um sorriso atraente. Nessa individuali- zacio, devem-se combinar tais fatores para cada paciente, em ver. de uma formula tinica e imutavel, que pode levar a resultados fora das carac- teristicas fisiondmicas do paciente. Segundo Ward®, a avaliacao da vista frontal dos dentes € muito titil e a idéia de uma proporgao continua ou razao repetida, definidas por Lombardi,” nao esté necessariamente limitada & proporgao aurea. Isso implica, entretanto, que a raz3o entre as larguras dos incisivos central e lateral deve ser a mesma entre o lateral e 0 canino e assim sucessiva- mente. O clinico, dessa forma, pode usar a proporgao que for mais conve- niente para cada paciente. Muitas das proporgdes conhecidas, nas quais se associa a simetria, como definida por raz6es ou relagdes repetidas, podem proporcionar uma aparéncia harménica aos dentes humanos. A figura 3.47 ilustra algu- mas relagdes de largura dos dentes que podem ser empregadas nos trata- mentos restauradores estéticos, com base nas diferentes proporgGes geo- métricas, desde a proporgao de Platao (0.57%) até a de Lysippus (0,80%).. ‘A proporeao de Plato possibilitava uma étima aparéncia das editi- cages e obras de arte. Na sua f6rmula, a altura ou o comprimento do retangulo possuem 1,732 vezes a largura, ou seja, a relagio 1:1,732 = 58%; Lysippus empregou em suas esculturas a relagio 1:1,250 = 80%; Polyclitus, a relacdo largura/altura de 1:1,333 = 75%; na diagonal do quadrado a Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora c D) Fig. 3.45 - Relacido geométrica (proporgdo durea) aplicada na restaurago dos dentes antero-superiores: A ~ sorriso antiestético por falha da composicio dentéria, originada por auséncia de relagdes proporcionais da estrutura restaura- da dos dentes; B-composicao dentaria sem contraste e sem simetria dindmica, transmitindo monotonia; a restauragao das relagSes proporcionais dé forca e simetria dinamica a composicdo dentéria (C), proporcionando uma aparéncia estética e harménica ao sorriso (D), sem tensdes visuais e sem monotonia. Notar 0 condicionamento e crescimento do vvértice da papila interincisiva relaco corresponde a 1:1,414 = 71%; a relagio durea de Pitagoras equi- vale'a 1:1,618 = 61,8%; recentemente o grupo de estudo de Albers? suge- iu a relacdo 1:1,408 = 71%, como uma das opgdes para a Odontologia. Cada uma dessas diferentes proporcdes possui o seu senso de beleza e estética, apresentando em comum a simetria e a harmonia. Dependendo das dimensdes faciais, das composicdes dentérias e dentofacial e da lar- gura do sorriso, cada uma dessas proporgdes pode ser aceitavel para um determinado individuo (Fig. 3.47). Observa-se que cada uma das proporgdes ilustradas na figura 3.48 pode possibilitar simetria e harmonia iguais e equilibradas, além de es- tética satisfat6ria apenas para um sorriso individualizado ou casos espe cificos. A proporcio durea é mais abrangente porque proporciona me- Ihor qualidade atrativa para a maioria dos pacientes devido a maior do- mindncia dos incisivos centrais, caracteristicas coesivas e segregativas que expressam naturalidade e vivacidade & composicao dentéria. Capitulo 3 — Proporgio Aurea Fig. 346 — Restauracao das dimensdes geométricas (relagio largura/altura da coroa clinica e proporgao urea de aparecimento), aplicando a grade de Levin: A - sorviso prejudicado pela auséncia de relagées proporcionais dos incisivos superiores devido ao lesgaste e restauracoes insatisfatorias; B ~ falta de comprimento ou altura adequada dos incisivos possibilitainterferéncia poste- rior durante 0 movimento de protrusdo; C— grade de Levin tragada em milimetros para orientar o restabelecimento das relagoes proporcionais dos incisivos com os demais dentes; D tira de celuldide em posicao para faciitar a confecgao da muralha palatina sob pressio digital; E~ resina incisal transparente Sendo acrescentada sobre a muralha palatina para definir o halo incisal; Fe G — compasso de pontas secas conferindo a relacio estética langura altura dos incisivos durante as fases de acréscimos de material restaurador; H ~ controle das relagoes em proporcao éurea por meio da grade de Levin durante as fases restauradoras; I—compa- fagdo por meio da grade logo apés a remogao do dique de borracha; J - ponta diamantada de granulometria regular asperizando a superficie da restauracio; K ~ discos de granulometria seqiiencial estabelecendo o “polimento” sem remover totalmente 0s riscos determinados pela ponta diamantada; L disco de feltro e pasta especifica para resina composta dando o brilho final Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.46 ~ Aspecto final das restauragSes nos dois dentes (M) e em apenas um dente (N) simulando a textura do esmalte natural; (O) efeito estético de aparecimento dos tergos incisais com os labios entreabertos; P—aspecto do sorriso depois do restabelecimento das relagées proporcionais dos incisivos superiores. Capituto 3~ Proporgio Aurea Propero Dagens do Ouadredo Teatg er) sa \ c ? | Proporgiode Poets 898 75%) Properte de Lysppus 11,250 (80%) Fig. 3.47 - Comparagao entre as diversas proporgoes aplicéveis as relagies dentadrias: 0 desenho esque- mético representativo de cada uma das proporgoes possiveis de serem aplicadas aos dentes antero-su- periores permite notar que cada uma delas tem um, senso estético, possuindo, porém, em comum a si- ‘metria e a harmonia. Fssas proporgdes mudam e di- ‘minuem de cima para baixo a dimensao intercani nos € a dominancia de aparéncia dos centrais que, embora atrativa, torna-se menos 0 ponto central de atengdo. Dependendo do paciente, cada uma dessas proporgées pode ser aceitével para um determina- do sorriso e dimensdo da curva do arco. Segundo Ricketts,***** essas relacées dureas so encontradas nas pessoas que apresentam os sorrisos mais bonitos, as faces mais belas e os corpos mais graciosos. A natureza raramente é absoluta ou exata, mas essa relacio, como fendmeno fundamental do desenvolvimento, parece ser componente de um pla- no biol6gico mais abrangente, que realmente existe. As pessoas que nao tém essas proporcées nao sio to belas quanto as que possuem valores “divinos”, mas ainda assim podem ser atraentes por causa de um interesse estimulado na variagao. A proporgao aurea é um exemplo de harmonia na qual as forcas coesivas e segregativas estao igual- mente integradas, com uma qualidade que no é con- seguida com outra proporcao. GRADES DE LEVIN EM PROPORGAO AUREA A escolha e aplicagao da proporgao durea na ‘odontologia estética foi primeiramente mencionada e defendida por Lombardi,” em 1973, e desenvolvi- da por Levin, em 1978, e hoje varios parametros em conformidade podem ser considerados elementos es- senciais que participam na beleza estrutural ou bio- l6gica da composicao dentofacial, podendo ser siste- maticamente aplicados nas reabilitagdes protéticas, adesivas e eventualmente na ortodontia e cirurgia or- tognatica, Sabe-se que, apesar das diferencas de forma e tamanho entre os dentes, eles mantém entre si uma certa proporgéo, assim como os maxilares e a face. Essa proporcao entre os dentes é notada a partir dos incisivos centrais, em direcao aos posteriores. Levin® demonstrou que, numa viséo frontal, a relagdo de medidas entre o incisivo central, o lateral, a metade mesial do canino e dos pré-molares é percebi- da, nesta seqiiéncia, pelas medidas em propor¢éo 4u- rea. Esse conjunto de dentes se apresenta, na mesma azo, também com a largura do sorriso e, quando isto nao ocorre, notam-se os efeitos de uma expressio, sor- riso ou composicio dentaria menos agradaveis. Basea- do nesses princfpios, Levin® criou grades, em propor- ‘cdo durea, para avaliacao da medida da amplitude do sorriso e da porgao visivel dos dentes ~de grande utili- dade na selecdo e escolha de dentes artificiais e nas reconstrugdes protéticas e adesivas estéticas. Nessas grades, os incisivos centrais sao apresentados em uma ampla faixa de larguras (entre 7 e 10 mm) e os limites posteriores dos segmen- tos dentérios esquerdo e direito sao fixados de acordo com o dente mais proeminente que contorna o canto da boca, seja 0 canino ou 0 primeiro pré-molar (Fig. 3.49). Desse modo, as grades de Levin sao tragadas com Estética e Cosmeética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.48 —_Casos clinicos com dimensdes aproximadas apenas para ilustrar o diagrama apresentado na figura 3.47: A— composicao dentéria caracteristica da proporcdo de Platao (57%) com domindncia manifesta dos incisivos centrais; B— ligeira diminuigdo da dominancia dos incisivos centrais, caracterizando a proporgao urea (61,5%); C - composicio dentéria cuja proporgio de aparecimento do incisivo lateral em relaco ao central pela proporgao de Albers ou da diagonal do quadrado ¢ aproximadamente de 70% menos; nas proporgdes de Polyclitus corresponde a 75% (D) e, na de Lysippus, 80% (E). Pode-se notar a diminuigdo acentuada da dominancia dos incisivos centrais em relagao a largura dos incisivos laterais. trés (do incisivo central até 0 canino) ou quatro dentes (envolvendo 0 primeiro pré-molar), de acordo com o dente mais proeminente do seg- mento dentério antero-superior, que estabelece 0 limite posterior desse segmento e a dimensao do corredor bucal, ambos em proporgao durea com a metade do sorriso. Ouso dessa grade auxilia 0 dentista a detectar o que pode estar esteti- camente “errado” na relagao proporcional do segmento anterior e serve como um meio auxiliar durante as fases de planejamento, restauracéo, acabamento e para apreciacio visual do resultado do tratamento (Figs. 3.50 e 3.51). Utilizando calibradores ou compassos especiais (Figs. 3.42 e 3.44), que invariavelmente mantém uma proporcio durea constante entre as partes maior e menor, Levin*** observou que nas entices esteticamente agradaveis, vistas de frente, a largura do incisivo central esta na maioria das vezes em proporsao éurea com a largura do incisive lateral, que por sua vez. esta em proporcao durea com a parte anterior visivel do canino. “Numa vista frontal, a largura dos incisivos esté em proporgdo durea Capitulo 3 - Proporcaio Aurea 10 10 95 20 | 19 32,4 | | 30,7 9 9 85 | ) 4184 169 za __| | 8 8 7,5, | L477) 166 | 28,6 | | 268 Fig. 3.49 - Grades unilaterais de Levin em proporgdo durea (valores em milimetros): cada grade com trés ou quatro dentes apresenta as relacdes em proporcao durea existentes entre os elementos da metade do segmento dentério ante- rior em correspondéncia a largura determinada do incisivo central superior; as medidas maiores, fora da grade, refe- rem-se a metade do sorriso total; as menores, fora da grade, correspondem a metade do segmento dentario antero- superior, em proporcao com a metade do sorriso (61,8% ou aproximadamente 62% menor); os ntimeros, dentro da grade, referem-se a largura do incisivo central, de conformidade com orientacao de célculo relatada recentemente por esse autor Estética e Cosmétiea em Clinica Integrada Restauradora 2618 1618 10 ote 10 1618 Fig. 3.50 - Método caracteristico pelo qual a proporcao urea 6 aplicada de forma unilateral a largura dos dentes Antero-superiores: A ~ retangulos nos quais a altura ou o comprimento ¢ 1,618 vez.a largura e cada um é 0,618 vez menor que o outro; Bo incisivo central equivale a 10% de aparecimento numa vista frontal, que correspond a 1618; lateral aparece 61,8% menos que 0 central, valendo 1,0, enquanto 0 canino aparece 61,8% menos que o lateral pela sua ‘metade mesial, o que equivale a 0,618 na grade. Bl ei Fig, 3.51 — Forma bilateral de aplicagio da proporgio éurea ao segmento dentério antero-superior (de canino a canino), ‘numa perspectiva frontal de aparecimento com trés diferentes valores: A — valores em proporcio Aurea, numa progress3o ‘geométrica regressiva a partir da linha médlia; B valores em milimetros da largura que cada dente ocuparia do total da dlistincia intercaninos (na perspectiva frontal), correspondentes & proporcao urea de aparecimento; C valores em porcenta~ ‘gem durea de aparecimento de cada dente, correspondentes aos valores em milimetros e em proporgio éurea. Me __ 0 CAE Capitulo 3 - Proporcao Aurea com os outros dentes anteriores, isto é, sao as larguras como vistas e nao medidas.” Pode-se interpretar que um ou alguns elementos nao devem. sobressair em relagao ao conjunto (Figs. 3.52 e 3.53). De acordo com essa interpretacao, 0 fator proporcionalidade (tamanho aparente dos dentes em relacao ao conjunto) precisa ser entendido e considerado. E um fator relativo e varia amplamente, dependendo de outros fatores como posi- ao e alinhamento dos dentes, forma do arco e configuracao do sorriso. Para os odontdlogos, em termos numéricos, ao se observar uma pes- soa sortir, esse sortiso apresenta-se agradavel e harménico, quando a partir da linha média em direcao ao canino 0 tamanho aparente do inci- sivo lateral é aproximadamente 62% menor que o central e 0 canino 62% menor que o lateral. Matematicamente, a proporgao aurea esta presente quando existe uma relacdo de 1,618 para o incisivo central, de 1,0 para 0 Fig.3/ : A -a relagdo em proporgao durea qe existe entre os elementos (central, lateral e canino) do segmento anterior produz. uma imediata impressao de harmonia; B ~ apesar da “relagdo” em proporgdo aurea entre os incisivos centrais € 0 lateral, o tipo de proporcao existente entre o incisivo lateral e o canino perturba o arranjo anterior. Se Lael Fig. 3.53 — IlustragGes clinicas do diagrama visto na figura 3.52B: A ~ 0 equilibrio desse arranjo dental é perturbado pela ‘md relagao existente entre 0 incisivo lateral direito e o canino direito, que é visualizado em toda a sua largura; B- a posicao vestibularizada do canino e a desproporgao da relagao langura/altura entre os incisivos produz mais tensio visual do que as restauragées insatisfatorias dos dentes. Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Técnicas de aplicacao incisivo lateral e de 0,618 para 0 canino, como apresentado nas figuras 3.50, 3.51 e 3.52. Quando o pré-molar é acrescentado na grade, em fun- ao da maior ou menor curvatura do arco, ou nfaior dimensao do limite distal do segmento dentédrio anterior, seu valor proporcional de apareci- mento sera de 0,382. Os valores lineares da proporcéo urea podem ser aplicados nas for- mas unilateral e bilateral, de acordo com as variedades de relagdes quan- titativas das composigées dentaria, dentofacial e facial. Tradicionalmente, a andlise da proporgao aurea tem sido aplicada de forma unilateral, por meio das grades de Levin, correlacionando a largura do canino e do incisivo lateral com a largura do incisivo central do mesmo lado. A anélise unilateral do sorriso apresenta uma dificuldade dbvia: per- mite a avaliacdo da dominancia e da proporcao entre os dentes de apenas um segmento dentario anterior, mas nao da simetria de ambos os seg- mentos, dai a razdo de serem descritas as duas formas de aplicacéo da proporcao urea, correlacionadas com as relagGes faciais e com 0 sortiso. ‘As grades de Levin (Fig. 3.49) tém provado sua grande utilidade em ptétese e odontologia restauradora, quanto a deteccéo do que ¢ errado esteticamente e os olhos ndo podem evidenciar. As grades, obviamente, nao podem tomar o lugar da observacio ocular ou da sensibilidade clinica do operador, mas, quando se tem dificuldades, elas podem ajudar bas- tante. Muitas pessoas, inclusive os dentistas experientes, observam a pro- porcdo éurea na composicao dentéria de forma natural, do mesmo modo gue se divide uma fruta a0 meio ou se traga uma perpendicular. Deve ser enfatizado que estas sio medidas observadas, ndo mensuradas, isto 6, sao proporgées de aparecimento e nao o tamanho real dos dentes. Por isso, sua aplicacao rigida e simplista as composicées dentérias e facial nem sempre resulta numa evidéncia cem por cento manifesta e sua ocorréncia nem sempre é perieita ou exata. Parece mais fécil e obje- tivo considerar que o valor numérico linear da proporgao urea simples- mente tende a apontar uma qualidade de informac6es para a avaliac3o e restauragao estética da composicao dentéria, dentofacial e do sorriso. A atengao deve ser dirigida nao apenas para as manifestacdes dessa razio urea, quando aplicada a Odontologia, mas também para as variagdes sutis e fascinantes que a natureza exibe na face das pessoas. Desse modo, a experiéncia e a sensibilidade clinica do profissional tornam-se fatores preponderantes na andlise desses valores qualitativos e quantitativos, tanto na forma unilateral quanto na bilateral de aplicacao. Forma unilateral de aplicagao (grades de Levin) A proporgao aurea em Odontologia pode ser praticada, com muita facilidade, por meio das grades criadas por Edwin I. Levin (Fig. 3.49). Essas grades apresentam variagées que podem se adaptar a qualquer tipo de composigao dentaria planejada para adultos jovens e adultos, permitindo a melhor relacao de posicao e aparecimento gradual de den- tes estética e morfologicamente corretos (Quadro 3.1). Para tracar e aplicar a grade em proporcao Aurea podem ser empre- gados dois métodos: Copitut 3~ Proporgo Aurea Ps] Método 1 (Levin®**) medir a largura ou dimenséo mesiodistal do incisivo central, quando disponivel, com um compasso de ponta seca ou régua milimetrada; na falta dessa medida (auséncia de um incisivo central integro ou fora de posigao), deve-se calcular o tamanho real desse dente conforme descrito no capitulo 2; tracar e recortar a grade num papel-cartao que melhor se adapte as medidas obtidas (metade da largura do sorriso, metade do segmento dentério e largura dos dentes em proporgao durea); posicionar a grade de forma que se possam comparar as medidas dos dentes em proporcao durea em relacao ao valor da metade do sorriso, da metade do segmento dentario e do espaco negativo lateral. Quadro 3.1 - Método de aplicagao das grades de Levin: com uma largura determinada para o incisivo central superior, a largura da metade da parte visivel do segmento anterior, mostrando trés ou quatro dentes, é calculada de acordo com a relacdo proporcional regressiva que deve existir com a metade da largura do sorriso, a) b) °) e) Largura do | Largura da metade | Metade da | Largura do | Metade da | Largura da Largura do corredor bucal do segmento | largurado | incisivo | largurado| — metade do corredor bucal (quatro dentes) | anterior com — | sorriso | central sorriso | segmento anterior | (trés dentes) quatro dentes superior | (trés dentes) | com trés dentes 109 177 286 80 257 159 98 17 189 30,6 85 275 170 105 25 20,3 328 9,0 29,1 18,0 nA 13,1 21,2 343 95 30,7 19 n7 138 23 361 10,0 325 20,1 2A 13,9 25 364 105 340 21,0 13,0 © Método 2 (sugerido pelo autor) Figs. 354A e B: medir a largura do sorriso (com compasso de pontas secas ou régua milimetrada), dividir por 2 e multiplicar por 0,618 para obter o valor correspondente ao espaco ocupado pela metade do segmento estético anterior; o valor do segmento dentario é também multiplicado por 0,618 para se obter o valor aparente aproximado do corredor bucal; determinar a largura do incisivo central. Para se calcular a largura real do central, podem ser empregados os métodos descritos no capitulo 2; 0 mais simples e pratico parece ser aquele desenvolvido pelo autor do seguinte modo: multiplicando-se me- tade da largura do sorriso 32,5 mm por 0,309 (metade de 0,618) tem-se 10 mm, ou largura total do sorriso 65 x 0,155 (metade de 309) tem-se também 10 mm que correspondem a largura real do incisivo central; a largura do central é multiplicada por 0,618 para se obter a largura aparente do lateral e esta novamente por 0,618 para o canino; adaptar os valores obtidos as condigdes observadas clinicamente (espago disponivel e curvatura do arco) e tragar a grade num papel-cartao ou cartolina branca (Fig. 3.69). Observa-se que a quantidade de face vestibular visivel, em vista fron- tal, é determinada pela grade para se manter em proporcao aurea, Deve- se considerar apenas a metade mesial da face vestibular do canino ou do pré-molar. Os dentes naturais geralmente obedecem a proporcao urea, ‘mas sua restauracdo pode respeitar ou ndo esse prinefpio, o qual influir totalmente no resultado final do sorriso. Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora | BL - Fig. 3.54 - Exemplo de construcao da grade: A ~ inicialmente mede-se com compasso ou régua a largura do sorriso que, no caso, é igual a 65,0 mm e divide-se por 2 para obter a metade da largura do sorriso que € igual a 32,5 mm; multiplica- se a metade da largura do sorriso (32,5 mm) por 0,618 para obter o valor correspondent & metade do segmento dentério estético anterior (20,1 mm) e este também por 0,618 para obter a largura aparente aproximada do corredor bucal (12,4 mm); Ba largura real do incisivo central (10,0 mm), que corresponde a 1,618 na proporgao éurea, é multiplicada por 0,618 para obter a largura aparente do lateral (6,2 mm), que corresponde ao 1,0 da proporgao durea; a largura aparente do canino (3,8 mm), correspondente a 0,618, é conseguida multiplicando-se a largura aparente do lateral (6,2 mm) por 0,618. Assim tem-se uma grade bilateral em proporgao éurea, a partir da largura do sorriso pelo método aqui sugerido, ‘0u seja, de fora para dentro, contrario a forma unilateral de Levin®, tracada a partir do incisivo central. Num sorriso estético, os dentes, embora com diferentes formas e ta- manhos, mantém entre si uma certa proporcionalidade, a qual é notada a partir dos incisivos centrais em direcao aos elementos dentérios poste- riores. Assim, num procedimento restaurador adesivo, cujo objetivo é recuperar a estética mais natural possfvel, a proporcionalidade a ser al- cangada entre os elementos dentérios é aquela em que cada dente deve aparentar aproximadamente 62% do tamanho do dente mesialmente loca- lizado (Fig. 3.49). Esse conceito, quando nao respeitado, resulta num sor- riso com expressio desagradavel e desarménico (Fig. 3.53). Clinicamente, os casos mostrados na figura 3.53A e B sao situagdes nas quais a proporgao durea ndo existe, pois em ambos os sorrisos, 0 canino é visualizado em dimensdes maiores do que o incisivo lateral. As figuras 3.46 e 3.58, por sua vez, exibem uma situagao na qual se pode perceber a existéncia da proporgao urea entre os incisivos central e late- ral e entre o canino, tanto do lado esquerdo como do direito. Entretanto, tal regra nao 6 absoluta, pois, em alguns pacientes, mesmo com certa desproporcionalidade aparente, observa-se um sorriso harménico. Considerando-se o ntimero de estudos biométricos que visam predo- minantemente & descoberta das correlagdes numéricas entre os elemen- tos dentirios e faciais, ¢ baixo o indice de resultados satisfatérios quan- do uma determinada proporcao nao é aplicada. Isso sugere que as rela- «Ges qualitativas e especificas para cada individuo podem induzir a uma avaliacdo estética objetiva (Figs. 3.46, 3.56, 3.58 e 3.59). Sua determinago esta baseada no “senso estético” e resulta do treinamento constant, cons- ciente ou inconsciente, baseando-se grandemente nas proporcées. O de- safio é a integragao estética do elemento dentério nas composigées den- taria, dentofacial e facial harménicas, qualquer que seja a distancia em que se encontra o observador (Figs. 3.554 aC). Capitulo 3 ~ Proporeio / Proporcdes entre os dentes ¢ a face na forma unilateral - objetivando a segmentagio durea de um tragado linear que corresponde ao arranjo do segmento dentério antero-superior, como nas grades de Levin, pode- se aplicar uma relacdo existente entre a largura dos olhos e a distancia interocular, assim como com a largura do sorriso em relacao ao segmen- to dentario. A significancia dessas correlagdes contribui para se obter a definicdo de linhas guias contrastantes, usadas para manter a integracdo de todos os componentes dentofaciais. Para se conseguir um real nivel de qualificagdes estéticas, esses elementos (segmento dentério anterior, largura do sorriso e espaco negativo lateral) devem ser correlacionados com parmetros faciais que apresentem relagdes proporcionais idént cas (Figs. 3.55 e 3.56), Assim, toda vez que se emprega na pratica odon- tolégica a relagio 1,618:1,0:0,618, como por exemplo nas grades de Levin, esta se langando mao da pro- porcao durea em progressdo geométrica regressiva ou em niimeros inteiros da série de Fibonacci 85:3, por exemplo. Por isso, a utilizacdo dessa proporcio urea na odontologia estética ¢ singular, ndo s6 pela ocorréncia desses ntimeros nas coisas belas da natu- reza, mas por introduzir um elemento qualitativo ou denominador comum que unifica os elementos de um todo para gerar uma aparéncia estética, Proporgiio entre os dentes ¢ 0 sorriso — Levin de- monstrou que o espaco negativo lateral, a érea escu- ra que aparece entre o segmento anterior dos dentes, eo canto da boca durante 0 sorriso, est em propor- cao éurea com a metade da largura desse segmento anterior (Fig. 3.55B) Em um sorriso agradavel e estético, os espacos escuros entre os cantos da boca e o arco dentario for- mam uma “cortina de fundo”, na qual o segment estético anterior é conformado, caracterizado e pro- jetado. Além disso, esse segmento esta em propor- ‘Gao urea com a largura do sorriso. O segmento esté- tico anterior visto frontalmente é limitado pela con- vexidade vestibular dos caninos ou dos pré-molares (dente dominante) e externamente pelo espaco ne- gativo até os cantos da boca. A convexidade dos ca- ninos ou do pré-molar constitui o ponto-chave do seg- mento estético anterior ou limite de transicdo entre os dentes anteriores e posteriores durante 0 sorriso. Ao se empregar a grade apropriada para estabe- lecer a largura proporcional dos dentes, deve-se ob servar 0 quanto de proximidade existe entre 0 can- to da boca sorrindo e a linha tragada na margem da grade. A distancia entre a linha tragada no tiltimo dente ea linha tragada na margem da grade junto ao canto da boca corresponde ao espaco negativo lateral, o qual estd em proporcaio aurea (62% menor) com a metade do segmento estético anterior (Fig. 3. Fig, 3.55 - Cortelacdo entre as distancias oculares (A), do segmento dentério unilateral, com a metade do sor: riso e espaco negativo lateral (B) e a proporgao éurea dos dentes (C). As linhas verticais estao espagadas em proporgao aurea com seus correspondlentes valores nu- Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.56 - Demonstracdo da aplicacao unilateral da proporgio éurea por meio da grade de Levin: A e B ~ sorriso antiestético por falha da composigao dentéria, devido ao tamanho reduzido dos incisivos centrais superiores em rela- ao aos laterais; C e D ~ grades de Levin tracadas para orientar o restabelecimento das relacdes proporcionais dos incisivos com os demais dentes. Notar como o tracado da largura dos dentes da grade a partir da linha média dentéria nao corresponde ao que os segmentos dentérios apresentam. E e F ~ diastemas entre o lateral e 0 canino de ambos os lados permitiram, por meio de argolas ortodénticas e borrachas para separacao dentéria, conseguir espaco para restau- rar a largura correta dos incisivos centrais; G e H — argolas ortodénticas, mantidas no primeiro e no segundo dia, ¢ borrachas, mantidas no terceiro e no quarto dia. Capitulo 3 Proporeio Aurea o P 7 6 Fig. 3.56: I e J - espaco conseguido entre o central ¢ o lateral apés quatro dias de movimentagao; K - com o dique de borracha colocado, a grade de Levin € posicionada para controlar as relagGes proporcionais de largura, altura e de aparecimento de cada dente; L~aplicacao de jato de éxido de aluminio para tornar a superficie de esmalte mais reativa; M - largura demasiada do incisivo lateral em relaco ao central sendo checada com compasso de pontas secas; N ~ depois de um ligeiro desgaste, a largura mesiodistal do incisivo se enquadrou nos padrées da proporcio 4urea; O ~ segmento dentério do lado direito depois de reconstruido; P - vista frontal para comparar o segmento dentario recons- truido, de acordo com a grade em proporcdo durea, com a condicao inicial do lado esquerdo; Q = visao frontal depois dos segmentos da direita e da esquerda reconstrufcos Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.56: R — teste fonético (promtincia dos fonemas /v/ e /f) para avaliar 0 toque leve das bordas incisais no lébio inferior durante a prontincia dessas letras. Notar que o contomo dos dois incisivos esté vestibularizado, ou seja, um pouco fora do plano neutro. S ~ajuste do sobrecontorno vestibular com ponta ciamantada para acabamento, posicionando (05 tergos incisais para “dentro da boca”; T - vértice cuspideo do canino sendo remodelado e apontado sem interferir na sua dimensdo vertical; U ~ vista lateral da posigao correta do segmento dentario dentro do plano neutro sem colidir com o lébio inferior durante o fechamento bucal; V ~ vista frontal do segmento dentério antero-superior apés acaba- mento, ajuste oclusal e polimento; W ~ grade de Levin unilateral demonstrando as relagGes proporcionais de apareci mento no sentido Anteroposterior e proporsao largura/altura de cada dente no contexto da composicio dentéria; X ~ aspecto final do sorriso do paciente apés a finalizacao do caso, em que as relagées proporcionais de largura real e aparente dos dentes foram restabelecidas; ¥ — controle clinico de quatro anos; Z — vista aproximada dos incisivos depois de quatro anos em fungao, na qual se percebe uma performance satisfat6ria do sistema restaurador adesivo de uso direto para esse perfodo. Capitulo 3 Proporgao Aurea [Ui erro comum é desconsiderar 0 espaco negativo lateral e o princt- pio de gradagao durante a recons- frugio dos dentes... Aescolha da grade pode ser determinada pela medida da largura do sorriso dividida ao meio. Sea linha média dos incisivos superiores tracada na grade nao coincidir com a linha média da face, pode-se ajustar a discre- Pncia por movimentagao ortodéntica, pequenos movimentos através de métodos mecanicos, por acréscimo de massa restauradora ou eventual- mente por desgaste de um ou mais dentes (Figs. 3.58C, 3.59 e 3.598). ‘Um erro comum é desconsiderar o espaco negativo lateral e o princi- pio de gradacao durante a reconstrucao dos dentes, fazendo com que o espago neutro apareca cheio de dentes quando o paciente sorri, as vezes se estendendo até o molar. O efeito é como um quarto cheio de méveis sem espaco para movimentagao ou como se diz “o paciente sorri com os molares”. Quando o espaco neutro fica cheio, desaparece o efeito do dente dominante no final do segmento estético anterior e inicio do posterior que estabelece o limite lateral interno do espaco negativo. Os dentes pa- recem definhar, desde o central até 0s molares, ¢ o sorriso fica sem profun- didade, perspectiva ou gradacao e vigor visual (Fig. 357A). O problema final é decidir qual a forma, caracteristica e local exato do limite lateroposterior do segmento estético anterior em relagio ao canto da boca e com espaco negativo. Em um sorriso, o incisive central domina e deve ser comparado a nota fundamental de uma miisica. Usan- do a mesma analogia, o préximo dominio harménico deve ser a regiao do canino ou do pré-molar. Um desses dentes deve ser dominante para marcar claramente o limite lateroposterior do segmento estético anterior € 0 canto da boca, a fim de destacar o espaco negativo e © vigor visual contido no arco (Figs. 3.57B eC). Desse modo, é importante a odontologia restauradora estabelecer a exata forma, caracteristica e dimensao do limite lateroposterior do arco para que fique em completa harmonia com a pro- fundidade visual projetada pela perspectiva frontal do sorriso do paciente (Figs. 3.58 e 3.59). Contudo, parece nunca ser idéntico em ambos os lados, ficando as ‘vezes impossfvel 0 segmento anterior todo ficar em proporcao éurea com a metade da largura do sorriso. Algumas vezes, o canino deveré ocupar ‘esse ponto, tendo trés dentes em proporcao aurea para a metade da largu- ra do sorriso, e em outras ocasides o pré-molar devera dominar 0 canto do arco. Nesse tiltimo caso, quatro dentes deverao estar em proporgao durea em relagdo a dimensao da metade do sorriso. As grades represen- tam ento os espacos para trés ou quatro dentes e o tinico modo de se chegar a uma decisao final é testar ambas as grades na boca ou no mode- Jo de estudo. Apenas para simular complicagées, pode parecer também. que em um lado existam trés dentes em proporgao e, do outro, quatro (Fig. 3.57). Assim como a musica € o estudo da harmonia do som no espaco, a proporcao é 0 estudo da harmonia das estruturas no espaco. Forma bilateral de aplicagao da proporgio aurea Lombardi” descreveu a importancia da unidade e harmonia da com- posicéo dentaria para a percepeao de sorrisos agradaveis. Da mesma forma que o arranjo individual dos objetos em uma pintura contribui para a unidade da composicdo, o arranjo individual dos dentes em um sortiso determina o seu impacto estético. ‘Um sorriso esteticamente agradavel tende a exibir alto grau de sime- tria através da linha média (Figs. 3.60 e 3.66). Dentes uniformemente posicionados em um arranjo equilibrado com o arco contribuem indivi- rn Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.57 — Diferentes limites (dente dominante) do segmento estético anterior com o posterior em relagio ao canto da ‘boca e ao espaco negativo: A -auséncia de dente dominante no final do segmento estético anterior implica em auséncia de corredor bucal; B - dominancia de caninos; C - dominancia de pré-molares; D - dominancia de canino do lado esquerdo e pré-molar do lado direito. dualmente para a aparéncia do todo. Em contraste, um arranjo assimétrico dos dentes provoca uma aparéncia irregular, desequilibrada ou de den- tes posicionados ao acaso™ (Figs. 3.60B e C). Classicamente, a aplicacao e a andlise da composig4o dentéria pela proporcao durea s4o baseadas na largura mesiodiistal aparente dos dentes anteriores quando vistos pelo aspecto frontal (Figs. 3.51 e 3.52). Prati camente, a presenca ou auséncia de proporgao durea em um sortiso so avaliadas medindo-se os dentes no aspecto frontal com compasso ou ré- gua milimetrada, onde o incisivo central deve aparecer (na visao frontal) mais largo que 0 lateral e este mais largo que 0 canino, demonstrando uma seqiiéncia de aparecimento em progressio geométrica regressiva urea, Portanto, se o arranjo dos dentes est em proporcao aurea, a relacao 1,618:1,0 para os dentes anteriores assegura a largura relativa de 1,618:1,0:0,618 para o incisivo central, para o lateral e para 0 canino, res- pectivamente (Fig. 3.60). Resulta, portanto, a nogao de que praticamente a auséncia ou presenca da proporcio urea, segundo Snow; sao baseadas na largura aparente do incisivo lateral para calcular essa relacéo unila- teralmente (Figs. 3.61 e 3.62). | | Capitulo 3 — Proporgao Aurea , 3.58 - Demonstragao da aplicagao clinica da grade em uma tinica sessdo de atendimento, numa situagao de urgén- cia estética: A — sorriso alto ¢ invertido do paciente mostrando que os dentes antero-superiores esto fora de uma proporcao estética de aparecimento. Notar que os incisivos laterais apresentam comprimento, largura e projecao exage- radas em relagao aos incisivos centrais, B—na prova da grade projetada com base na largura do sorriso e do segmento dentirio, pode-se notar a relacéo desarménica de aparecimento a partir da linha média (centrais estreitos e curtos € Jaterais longos ¢ largos); C - 0 passo inicial do tratamento consiste em diminuir, por desgaste, a largura exagerada dos incisivos laterais, a fim de aumentar a largura dos centrais, conforme pode ser visto em D e E. ee Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.58: F - pino rosqueado em dentina para reforgar a restauracao adesiva das pontas dos caninos que também estavam desgastadas. Notar o bisel periférico de forma chanfrada determinado ao redor da borda incisal. G — aspecto do segmento dentério direito, restaurado de acordo com a grade, em relagao ao do lado esquerdo, ainda nao restaura- do; H— uso eventual de separagao mecénica imediata para conseguir espaco adicional e proporcional ao central e a0 lateral, conectando-os com o canino; I - segmento dentario depois de reconstruido; J - apés a remogao do dique de borracha, ajustes por desgaste e acabamento inicial, pode-se notar que os dentes apresentam uma relagao proporcional de conformidade com a grade; K — aspecto do sorriso apés 0 acabamento inicial. Comparar com o sorriso antes da restauragdo das proporsdes harmonicas. Apesar da dificuldade decorrente do sorriso alto apresentado pela paciente, 0 resultado estético pode ser considerado satisfatério, considerando-se que todo o tratamento foi realizado em uma tinica sessdo de atendimento, caracterizando a resolucéo de uma urgéncia estética. Essa contemporizacao depois da estabili- zagao oclusal e dentéria poderd ser ou nao refeita com procedimentos restauradores diretos ou indiretos, dependendo da ‘condigéo econémica do paciente. Capitulo 3 - Proporcao Aurea Fig. 3.59 - Demonstracio da aplicagio clinica da grade em situagao de urgéncia estética, com uma fase pré-operat6ria para movimentagao dos dentes: A - sorriso antiestético de paciente adulto jovem devido a alteragdes de cor, tamanhos desproporcionais dos dentes e desgaste acentuado das bordas incisais; (B) relagées de contato extensas no sentido incisocervical com os dentes pressionados entre si por falta de espacos cervicais suficientes; C — com os labios entreaber- tos nao se notavam as bordas incisais dos dentes Antero-superiores, mas to somente as bordas dos inferiores por falta de apoio labial, caracterizando uma boca envelhecida; D — a primeira fase do tratamento constitui uma prévia separa- @@o lenta com argolas ortodénticas, complementada com ampliagdo dos espacos interproximais cervicais por desgaste mecanico; E - esse desgaste foi feito com o contra-angulo Dentatus, cujas pontas em forma de cunha, diamantadas e de plstico, s4o acionadas no sentido vestibulolingual em movimentos de vai-e-ven; F - aspecto da regido cervical depois da ampliagao dos espacos interproximais para acomodacio das papilas interdentirias, restabelecendo assim a distan- cia biol6gica horizontal; G - matriz-guia de acetato fixada em posicao para facilitar a reconstrugao coronéria com sistema restaurador adesivo de uso direto; H—as bordas incisais dos dentes ntero-superiores tornam-se visiveis com 4s labios entreabertos e deram maior suporte ao lébio superior, tornando-o mais everso; I - sorriso esteticamente satisfat6rio, considerando que o tratamento foi realizado de forma urgente em apenas duas sessdes de atendimento, Estética e Cosmética em Clin Fig. 3.60: A ~ sorriso com unidade e harmonia, depois da restauracio do segmento dentério antero-superior com sime~ tria, domindncia e proporgées balanceadas; B ~ sorriso desequilibrado pois os dentes foram restaurados de forma idual, sem considerar a largura do arco e sem corrigir a posicao e o alinhamento dentérios; C- sorriso com arranjo dentario ao acaso, causando assimetria e desequilfbrio. A figura 3.61B mostra como a avaliagao unilateral da proporcao au- rea pode gerar confusao ou dificuldade de andlise se a largura mesiodis- tal dos incisivos laterais for muito diferente. Nessa circunstancia, os in- cisivos centrais devem ser medidos para determinar se possuem largu- ras idénticas. Entretanto, os incisivos laterais parecem ter larguras dife- rentes, devido ao alinhamento deficiente e & sobreposigao. Como resul- tado, relagdes numéricas diferentes sao obtidas para a proporcio dos dois incisivos centrais com os laterais e os caninos, apesar do fato deles serem idénticos na langura. Na figura 3.62, os incisivos centrais tém larguras iguais, entretanto, a avaliagao pela proporcao aurea unilateral mostra uma relagao com o late- ral maior para o incisivo central superior direito que para o esquerdo, apesar de o lateral esquerdo ser mais estreito que o direito. Mais uma vez, 0s resultados potencialmente confusos surgiram porque os incisi- vos laterais foram usados para calcular a relacao de forma unilateral e, assim, restaurados individualmente no fechamento dos diastemas que existiam entre os centrais e os laterais. Esses exemplos demonstram como célculos unilaterais nao propor- cionam acesso numérico significativo da simetria e, assim, nenhuma re- comendacao quantitativa confidvel para o desenvolvimento da unidade e do balanco requeridos por um sorriso esteticamente agradavel. Clara- mente, para a proporcdo Aurea ser mais titil na odontologia estética, ela deve ser adaptada para a forma bilateral e facilitar a andlise do conjunto de dentes que compdem 0 segmento dentério dos lados direito e esquer- do do arco antero-superior (Figs. 3.67 a3.72). Para tanto, utiliza-sea grade também na forma bilateral (Fig. 3.67). ‘A forma bilateral da proporcao urea é a mais comum das variagdes sutis observadas na natureza e na dentigao natural. Sob o ponto de vista maternaticn ¢ geométrica,{é (oi visto que numa linha seccionada ou di- vidida em proporgao durea (em um ponto dureo), as distancias A +B =B = 1,0 + 1,618 = 0,618 = 1,0 (Fig. 3.631 e 2). Ao serem alinhados os pontos médios de B e C, colocando as linhas uma ao lado da outra, como demonstrado na figura 3.63 — 3, 0 resultado sera no apenas uma relacao proporcional da “maior parte com o todo”, mas também do outro lado da linha média uma relacao simples da parte “maior com a parte me- Capitulo 3 — Proporcao Aurea 145 Fig, 3.61: A - uma pequena diferenca na largura mesiodistal do incisivo lateral superior direito em relagao ao incisivo lateral superior esquerdo numa vista frontal nao é suficiente para romper o equilibrio de um sorriso porque o alinha- mento, o arranjo dentério e a curvatura do arco apresentam-se equilibrados quando analisados bilateralmente; B — arco com dentes mal-alinhados, ao serem analisados bilateralmente, produzem relagdes desproporcionais entre os incisivos centrais ¢ laterais. Apesar de os incisivos centrais terem a mesma largura, os laterais parecem ter larguras diferentes, devido ao alinhamento deficiente e sobreposicao dentéria. nor” (Fig. 3.63 — 4 e 5). Uma proporcao Aurea bilateral ocorre quando uma certa distancia ou dimensao de um segmento mantém uma relacdo proporcional com uma outra, que por sua vez estd em relacdo durea a uma terceira e assim sucessivamente (Fig. 3.63 — 6). Exemplos dessas relacdes so demonstrados nas figuras 3.64 ¢ 3.65 No caso dos dentes, a forma bilateral da proporgao aurea engloba e enquadra as grades de Levin, que sao unilaterais, isto é, a partir da linha média e da metade do sorriso. Assim, 0 incisivo central inferior (menor dente da boca) pode ser usado como referéncia inicial para demostrar como a forma bilateral funciona clinicamente em proporgio aurea pro- gressiva, Os dentes, unitérios ou em grupo, podem ser medidos com exatidao por meio do calibrador de ligacdo perfeita. Esse dispositivo permite a avaliacao das proporcdes éureas na boca inteira. Na falta deste, pode-se empregar um compasso de ponta seca e régua milimetrada para avaliar as proporgdes dentérias de aparecimento dos dentes. E interessante notar que o incisivo central superior tem uma propor- do éurea de 1,618:1,0 com o incisivo inferior e a largura total de ambos 0 incisivos centrais inferiores é perfeita em relacdo a dos dois incisivos centrais superiores;a largura dos dois incisivos centrais superiores é 4urea em relagdo aos quatro incisivos superiores e destes com a distancia entre 0s pré-molares (Fig. 3.64). Além destas, como ponto de interesse, a distan- cia entre os caninos superiores tende a ser 4urea em relagdo a distancia entre os primeiros molares superiores, desde 0 plano mesial do canino até o sulco vestibular dos molares.”*° Uma vez mais deve ser lembrado que estas relagGes e medidas baseiam-se na largura aparente dos dentes, como observadas no aspecto frontal e nao na largura real dos dente: Assim, cabe a seguinte explicacio: a partir dos dados das dimensoes médias dos dentes (ver Tabela 2.1, Cap. 2), a largura tipica da coroa do incisivo central superior é de 8,7 mm e, do incisivo lateral superior, 65 mum. Isso faz com que 0 incisivo central tenha 1,338 vez 0 tamanho do Estéticn e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.62 — Fechamento de diastemas com resultado antiestético devido & aplicagao unilateral da proporgio éurea: A - presenca de diastemas e conseqiiente auséncia de relagdes proporcionais no segmento dentério anterior entre os incisi- vos centrais e laterais (B e C) de ambos os lados; D e E ~ incisivos laterais restaurados individualmente, nao observando a relacdo com os demais dentes do arco, em especial com os incisivos centrais, que deveriam também ter recebido acréscimo de resina para aumento da largura endo somente da altura; F — a visdo e a restauracio unilateral de cada segmento dentario impossibilitam avaliar a composig4o como um todo, prejudicando a estética do sorriso na visio frontal; G - sorriso apds a confeccao de novas restauracées, utilizando a proporcao Aurea na forma bilateral. Capitulo 3~ Proporgao Aurea ase» 05 "S05 ox 1-020 05 7708 1 0000 4) 1618 5) 2818 oe 18 Fig. 3.63 - Forma bilateral da proporgéo éurea pelo alinhamento das partes sobre a linha média do segmento: 1 e 2- secgio urea unilateral; 3, 4, 5 e 6 ~ forma bilateral aurea. lateral, e este tenha 0,747 vez menos 0 tamanho do central. Mas a partir da perspectiva frontal, a curva do arco de formato normal faz com que 0 incisivo lateral parega mais estreito. Portanto, em vez da largura total dos quatro dentes superiores medir 30,4 mm, se projetada em uma linha reta ela parecera 1 mm menor de cada lado e, portanto, quase Aurea em relacdo & largura total dos dois incisivos centrais isolados. No formato normal do arco superior, a préxima progresso encontrada esté na dis- tancia entre os primeiros pré-molares em relacao 4 dimensao dos quatro incisivos superiores (Fig. 3.64A). Prosseguindo com 0 raciocinio, agora para os dentes da mandibula, a largura dos incisivos inferiores esté em proporgao durea em relagao distancia intercaninos (por meio do arco) que, por sua vez, guarda uma relacéo proporcional com a distancia entre os segundos molares (Fig. 3.64). PORCENTAGEM AUREA Snow, em recente artigo, discutiu a eficiéncia da aplicago unilate- ral da proporgao durea, por consideré-la um instrumento de andlise ma- tematica titil para avaliar a dominancia e a proporgao do arranjo dos dentes anteriores, mas nao da simetria dos segmentos dentérios antero- superiores dos lados direito e esquerdo da linha média. Com base nessa argumentacao, considerou a anilise bilateral da lar- gura aparente individual dos dentes como uma porcentagem da largura total aparente do segmento dentério anterior e propés 0 conceito de “por- centagem durea” como sendo de aplicacao mais titil no diagndstico e desenvolvimento da simetria, dominancia e proporgao para sorrisos es- teticamente agradaveis. Supondo que um determinado arranjo dentério esteja em proporgao durea, a relagdo da largura aparente dos dentes Antero-superiores, de canino a canino, deve ser de 0,618:1,0: 1,618:1,618:1,0:0,618, Se esses valo-

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