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MÁQUINAS ELÉTRICAS

Engenharia de Controle e Automação


Circuitos magnéticos
O curso de máquinas elétricas
• Objetivos principais:
• compreender o princípio de funcionamento das máquinas elétricas;
• analisar o desempenho das máquinas a partir de modelos de
circuitos equivalentes;
• calcular parâmetros de transformadores e motores;
• estudar as especificações de motores.
• Importância da disciplina
• máquinas elétricas são amplamente utilizadas na indústria
Programa da disciplina
• Circuitos magnéticos
• Transformadores
• Máquinas de indução
• Máquinas de corrente contínua
• Motores de passo/servomotores
Bibliografia (livros da biblioteca)
FITZGERALD, A . E., Máquinas Elétricas.
6ª ed. Porto Alegre – Artmed, 2006

DEL TORO, V. Fundamentos de Máquinas Elétricas.


2ª ed. Rio de Janeiro – LTC, 1999

BIM, E. Máquinas elétricas e acionamento. 3ª ed. Rio


de Janeiro – Campus Elsevier, 2014.
Circuitos magnéticos
• Magnetismo
• Magnetismo: propriedade que um material possui de atrair metais
ferrosos. Materiais que detém tal propriedade são chamados de
ímãs;
• Ímãs podem ser encontrados na natureza (magnetita) ou obtidos
através de processos de fabricação;
• Propriedades magnéticas estão relacionadas com a estrutura do
átomo;
• Nos ímãs, os domínios magnéticos do material estão alinhados.

Domínios magnéticos
Domínios magnéticos
orientados de forma
alinhados dando origem
randômica
a um campo magnético.
Campo magnético
• Na região em torno de um ímã existe um campo
magnético, representado pelas linhas de campo;

(Boylestad, 2004)

• Um campo magnético descreve um volume no espaço


onde há uma alteração de energia, ou seja, o local
onde ocorre uma interação da força magnética com o
meio
Corrente elétrica e campo magnético
• Quando uma corrente percorre um condutor elétrico,
surge ao redor do mesmo um campo magnético
concêntrico.

(Boylestad, 2004)

• O sentido das linhas de campo pode ser determinado


através da regra da mão direita.

O sentido do campo
magnético é determinado
pelo sentido da corrente.
Espira e bobina

(Boylestad, 2004)
(Boylestad, 2004)
Linhas de campo têm o mesmo Distribuição das linhas de campo
sentido no interior de uma espira. em uma bobina é bastante similar
à distribuição de campo em um
ímã permanente.
Eletroímã
Aumento da intensidade do campo
magnético a partir da inserção de um
núcleo de material ferromagnético no
interior de uma bobina.

Eletroímã

Determinação do sentido do campo


usando a regra da mão direita

Entrando no plano

Representação do sentido da corrente no


condutor.
Saindo do plano
(Boylestad, 2004)
Magnetismo
• Fluxo magnético (Φ): nome dado a um conjunto de linhas
de campo magnético e é medido através da unidade
Weber (Wb);
• Um Weber representa o fluxo magnético que produz uma força
eletromotriz de 1 volt em um circuito composto por uma única
espira, sendo tal fluxo reduzido uniformemente a zero no intervalo
de um segundo.
Magnetismo
• Densidade de fluxo magnético (B): representa o número
de linhas de campo magnético por unidade de área, cuja
unidade de medida é o Tesla (T).


B
A
B = densidade de fluxo magnético (T)

 = fluxo magnético (Wb)

A = área (m2)

Logo, 1T = 1Wb/m2
Intensidade de campo magnético
• A intensidade do campo magnético (H) em uma bobina,
pode ser determinada através da quantidade de ampère-
espira (Ae) por comprimento da bobina (m). Logo, a
unidade da intensidade de campo é Ae/m.
• A intensidade do campo é diretamente proporcional à
quantidade de ampère-espira e inversamente
proporcional ao comprimento da bobina.

(Boylestad, 2004)
Materiais magnéticos
• O magnetismo é uma propriedade dos materiais que está
associada aos movimentos dos elétrons;
• Os movimentos dos elétrons ao redor do núcleo e em
torno de si mesmo (spin) dão origem à momentos
magnéticos;
• Quando materiais são submetidos a um campo
magnético externo, há um aumento da intensidade do
campo magnético. Tal aumento é medido através da
permeabilidade magnética ().
Materiais magnéticos
• A permeabilidade magnética () é uma medida da
facilidade com que as linhas de campo magnético podem
ser estabelecidas no material;
• A permeabilidade no vácuo é dada por:

7  Wb 
 0  4  10  
 Am 

• Permeabilidade relativa: razão entre a permeabilidade


do material e a do vácuo.

r 
0
Materiais magnéticos
• Quando um campo magnético é aplicado no vácuo, a
densidade de fluxo e a intensidade de campo apresentam
a relação:
Materiais magnéticos
• Susceptibilidade magnética: fator de proporcionalidade
calculado a partir da razão entre o momento magnético
induzido por unidade de volume de material (ou
intensidade de magnetização - M) pela intensidade de
campo aplicada (H).

• A susceptibilidade magnética pode ser relacionada com a


permeabilidade através de:
Materiais diamagnéticos
• Materiais diamagnéticos: sob ação de um campo
magnético externo, o campo magnético induzido no
material opõe-se ao campo magnético externo e
desaparece quando o campo externo é retirado.
• Materiais diamagnéticos possuem fraca susceptibilidade
magnética negativa e permeabilidade relativa pouco
menor do que 1.
• Exemplos: água, compostos orgânicos, gases nobres,
cobre, ouro, prata, bismuto, chumbo.
Materiais paramagnéticos
• Materiais paramagnéticos: o paramagnetismo resulta
na tendência de alinhamento dos dipolos magnéticos
atômicos ao campo magnético aplicado. A
susceptibilidade magnética resultante é positiva, mas
pequena (valores da ordem de 10-6 à 10-2). A
permeabilidade relativa tem valores próximos a
permeabilidade relativa do vácuo (varia de 1 a 1,01);
• O efeito paramagnético desaparece quando o campo
magnético externo é removido.
• Exemplos: alumínio, cromo, manganês, titânio, sódio,
oxigênio, platina, tungstênio.
Materiais ferromagnéticos
• Materiais ferromagnéticos: nos materiais
ferromagnéticos, os dipolos magnéticos são facilmente
orientados na direção de um campo magnético externo;
• Em materiais ferromagnéticos os campos magnéticos dos
elétrons juntam-se formando regiões denominadas
domínios magnéticos;
• Sem a aplicação de um campo magnético externo, os
domínios magnéticos estão orientados de forma
randômica.
• Nos materiais ferromagnéticos, quando o campo externo
é removido, grande parte da magnetização é conservada.
Materiais ferromagnéticos
• Materiais ferromagnéticos: quando um campo
magnético externo é aplicado, os domínios que estão
alinhados ao campo crescem, enquanto aqueles que
estão desalinhados, diminuem.
Materiais ferromagnéticos
• Aumento do campo magnético e crescimento dos
domínios alinhados ao campo aplicado.
Materiais ferromagnéticos
• Os materiais ferromagnéticos mais comuns são o ferro,
cobalto e níquel, além de compostos de ferro;
• Materiais ferromagnéticos possuem elevada
permeabilidade magnética, podendo alcançar valores de
permeabilidade relativa da ordem de 106.
Materiais magnéticos
• Ilustração da variação da densidade de fluxo em função
de um campo magnético externo aplicado para os
diferentes tipos de magnetismo.

B(T) Ferromagnético

Paramagnético
Vácuo (c=0)
Diamagnético

H(Ae/m)
Materiais magnéticos

Material Permeabilidade Classificação


magnética relativa
Água 0,999991 Diamagnético
Cobre 0,999995 Diamagnético
Oxigênio 1,000002 Paramagnético
Alumínio 1,000021 Paramagnético
Níquel 1000 Ferromagnético
Ferro 7000 Ferromagnético
Materiais ferromagnéticos
• Através dos materiais ferromagnéticos, é possível obter
elevadas densidades de fluxo magnético com níveis
relativamente baixos de força magnetizante.
• Densidades de fluxo elevadas são importantes para o
desempenho das máquinas elétricas, uma vez que o
aumento de tal densidade provoca aumento na
densidade de energia e nas forças magnéticas atuantes
nas máquinas.
• Os materiais magnéticos também são úteis para
concentrar e direcionar os campos magnéticos dentro de
caminhos bem definidos.
Curva de magnetização
• A relação B x H em um material ferromagnético é não
linear. Logo, µ não é constante.

B(T) Saturação magnética

4
3
Maior parte dos domínios já
alinhadas ao campo

2 Aumento do alinhamento dos


domínios. Efeitos magnéticos
1 irreversíveis.
H(Ae/m)
Crescimentos dos domínios
orientados com o campo:
alterações reversíveis.
Comportamento não-linear para μ

(Boylestad, 2004)
Curvas de magnetização para diferentes
materiais

(Edminister, 1980)
Histerese magnética

Densidade de fluxo residual

Força magnética coerciva

(Boylestad, 2004)
Histerese magnética
•A histerese ocorre em materiais ferromagnéticos
submetidos a campos magnéticos alternados, como é o
caso da operação de um transformador em corrente
alternada;
• O efeito de histerese produz calor no interior dos
materiais ferromagnéticos, dando origem às perdas por
histerese;
• Verifica-se que o calor desenvolvido por unidade de
volume do material é proporcional à área limitada pelo
ciclo de histerese;
• Portanto, quanto maior a área do ciclo de histerese, maior
serão as perdas por histerese.
Histerese magnética
• A largura do ciclo de histerese também dá origem a uma
outra classificação dos materiais ferromagnéticos;
• Materiais com ciclo de histerese estreito são classificados
como macios, enquanto materiais com ciclo de histerese
largo são classificados como duros.

Duro Macio
Circuitos magnéticos
• Estrutura composta, em sua maior parte, por material
ferromagnético;
• O material ferromagnético tende a confinar a maior parte
do campo magnético nos caminhos delimitados pelo
circuito.

(Fitzgerald, 2006)
Circuitos magnéticos
• Considerações sobre o circuito magnético
• μmaterial >> μar → fluxo magnético confinado quase inteiramente no
núcleo;
• Núcleo tem seção reta e uniforme, portanto, a densidade de fluxo é
uniforme em uma seção reta qualquer;
• O campo magnético pode ser visualizado em termos de linhas de
fluxo formando laços fechados interligados com o enrolamento.
• O núcleo é excitado por um enrolamento de N espiras por onde é
conduzida uma corrente de i ampères. A fonte do campo magnético
é o produto Ni, em ampères-espiras (Ae) conhecida como força
magnetomotriz (FMM).
Circuitos magnéticos
• Considerações sobre o circuito magnético
• O fluxo magnético líquido que atravessa uma superfície S é a
integral de superfície da componente normal de B.

• Assumindo que a densidade de fluxo magnético é uniforme em


qualquer seção reta ao longo do núcleo:
Circuitos magnéticos
• Considerações sobre o circuito magnético
• Lei de Ampère: rege a produção de um campo magnético por uma
corrente.

• H: intensidade de campo magnético que é produzido pela corrente


líquida
• dl: elemento diferencial de comprimento ao longo do caminho de
integração
Circuitos magnéticos
• Considerações sobre o circuito magnético
• Para o circuito magnético em questão, onde μmaterial >> μar , o
caminho de integração, aplicado à lei de Ampère, é dado pelo
comprimento médio do núcleo (lc).
• A corrente líquida que percorre o caminho de integração é Ni, uma
vez que a bobina cruza o caminho de integração N vezes quando
está conduzindo a corrente I. Logo, a lei de Ampère torna-se:

• A intensidade de campo magnético no núcleo pode ser calculada


através de:
Circuitos magnéticos
• Considerações sobre o circuito magnético
• A relação entre intensidade de campo magnético (H) e densidade de
fluxo magnético (B) é uma propriedade do material onde se
estabelece o campo magnético;
• Supondo-se uma relação linear entre B e H, tem-se:

• H representa o esforço exercido pela corrente para estabelecer um


campo magnético;
•  representa a facilidade relativa de se estabelecer um campo
magnético em um dado material.
Análise de circuitos magnéticos
• Um método para análise de circuitos magnéticos consiste
em definir um circuito magnético cujo comportamento é
regido por equações análogas as de um circuito elétrico.

Corrente na bobina
produzindo fluxo é
análogo a uma
tensão que em um
circuito elétrico
produz a corrente.

(Fitzgerald, 2006)
Análise de circuitos magnéticos
• No circuito elétrico, a corrente é estabelecida por uma
fonte de tensão ou força eletromotriz. A grandeza
correspondente no circuito magnético é a força
magnetomotriz (FMM);
• A FMM também tem uma polaridade associada. O
terminal positivo é aquele de onde sai o fluxo e o
negativo é onde o fluxo volta a entrar;
• Enquanto no circuito elétrico a corrente é estabelecida
pela fonte, no circuito magnético, a FMM estabelece um
fluxo magnético. Portanto, o fluxo é a grandeza análoga
à corrente elétrica.
Análise de circuitos magnéticos
• Determinação da polaridade da FMM.

(Chapman, 2013)
Análise de circuitos magnéticos
• A relação entre tensão e corrente em um circuito elétrico
é dada pela Lei de Ohm.

• No circuito magnético, a relação entre a FMM e o fluxo é


dada por:


• Onde  é a relutância do circuito magnético
Análise de circuitos magnéticos
• Circuitos equivalentes

(Chapman, 2013)
Análise de circuitos magnéticos
• Relutância


Análise de circuitos magnéticos
• Relutância
• As relutâncias em um circuito magnético obedecem as
mesmas regras que as resistências em um circuito
elétrico.
• Análogo à condutância, a permeância é obtida pelo
inverso da relutância.


Análise de circuitos magnéticos

(Fitzgerald, 2006)
Análise de circuitos magnéticos
• Para completar a analogia entre circuitos elétricos e
magnéticos, pode-se generalizar a equação:

• Onde é a FMM que atua para impulsionar o fluxo em


um laço fechado de um circuito magnético;
• : queda de FMM no k-ésimo elemento de um
laço do circuito;
• Tal relação é análoga à 2ª Lei de Kirchhoff (lei das
tensões nas malhas)
Análise de circuitos magnéticos
• De forma análoga à 1ª Lei de Kirchhoff (lei das correntes
nos nós), tem–se que em um nó de um circuito
magnético, o fluxo líquido é igual a zero.

• Quando se utilizam os conceitos de circuitos magnéticos


em um núcleo, os cálculos de fluxo são sempre
aproximados, tendo, no melhor dos casos, exatidão de
cerca de 5% do valor real.
Analogia entre circuitos elétricos e circuitos
magnéticos

Circuito magnético Circuito elétrico


Fluxo magnético (Φ) Corrente elétrica (I)
Força magnetomotriz ( ) Força Eletromotriz (U)
Relutância ( ) Resistência (R)
Permeância (Ƥ) Condutância (G)
=Φ U = RI
Exercício 1
• Para o circuito magnético, a seguir, a área de seção do núcleo é
constante e igual a 10cm2, o comprimento médio do núcleo é de
20cm e a bobina tem 90 espiras. Supondo uma permeabilidade
relativa para o material igual a 7000 e uma densidade de fluxo
magnético no núcleo igual a 1T, determine:
a) A relutância do núcleo
b) O fluxo magnético
c) O valor da corrente
i
+
N 
-
Exercício 2
• Para o circuito magnético, a seguir, a área de seção do núcleo é
constante e igual a 10cm2, o comprimento médio do núcleo é de
20cm e do entreferro de 1mm. A bobina tem 90 espiras. Supondo
uma permeabilidade relativa para o material igual a 7000 e uma
densidade de fluxo magnético no núcleo igual a 1T, determine:
a) A relutância do núcleo
b) A relutância do entreferro
c) O fluxo magnético
d) O valor da corrente
Exercício 3
• Para o circuito magnético, a seguir, determinar o valor da corrente necessária
para estabelecer um fluxo magnético de 2,5x10-3 Wb. A característica de
magnetização (BxH) é conhecida. Sabe-se que o comprimento médio do
núcleo (lc) é de 0,4m. A área de seção transversal é a mesma em todo o
circuito e vale 2,5x10-3m2. O número de espiras da bobina é igual a 100.

i
+
N 
-
B=1T

H=200Ae/m
Exercício 4
• Para o circuito magnético, a seguir, determinar o valor da corrente
necessária para estabelecer um fluxo magnético de 2,5x10-3 Wb. A
característica de magnetização (BxH) é conhecida. Sabe-se que o
comprimento médio do núcleo (lc) é de 0,4m e do entreferro (lg) de 1x10-3m. A
área de seção transversal é a mesma em todo o circuito e vale 2,5x10-3m2. O
número de espiras da bobina é igual a 100.
Exercício 5
• O núcleo do circuito magnético, a seguir, tem permeabilidade relativa
igual a 1500. Em função do efeito de espraiamento, a área efetiva
dos entreferros é 5% maior do que o seu tamanho físico. Se a
corrente da bobina for igual a 1A, quais serão os valores de fluxo
para as pernas esquerda, central e direita do núcleo? Qual é a
densidade de fluxo em cada entreferro?
l3 l1 l2
Indutância
• Do ponto de vista de circuitos elétricos, a tensão em um
indutor é dada por:

• Essa mesma tensão pode ser descrita pela lei de


Faraday em termos de fluxo produzido por um corrente
em uma bobina de um indutor com N espiras

 = valor instantâneo do fluxo magnético variante no tempo


Indutância

• Para os casos onde o fluxo é diretamente proporcional ao


valor da corrente (relação linear):



Indutância


Exercício 6
Para o toróide de seção reta retangular, a seguir, determinar o valor da
indutância, sabendo-se que r1=80mm, r2=100mm, a=20mm, N=200 e
que a permeabilidade relativa do material é igual a 900.
Referências bibliográficas
• BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos. 10.ed. São Paulo:
Pearson do Brasil, 2004.
• DEL TORO, V. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 2. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1999.
• EDMINISTER, J.; A. Eletromagnetismo. São Paulo: McGrawHill do Brasil,
1980.
• FITZGERALD, A . E., Máquinas Elétricas. 6ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
• CHAPMAN, S. J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Porto Alegre:
MacGrawHill, Bookman, 2013.

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