Cap. 11 A Função Do Terapeuta

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1 1 A funcao do terapeuta O propésico da trap gestéica€ajudar Poe : redescobrir sua capacidade de dar-se conta do Cee "i realmente, seja qual for sua vivéncia ou sua eae Toda técnica pode ser utilizada habilmente ou, pelo contrétio, de forma incompetente e errdnea. As vezes, 0 que se pode dizer de bom ou de mau de uma técnica nao depende dela, mas da pessoa que autiliza e pela forma que a utiliza. Fagan e Shepherd (1973) descrevem uma série de caracteristicas que os terapeutas devem ter. Consideramos que sao boas qualidades, razio pela qual as incluimos neste texto. Esperamos que sirvam de guia para a formacio de futuros terapeutas gestilticos. Seja qual for a experiéncia que uma pessoa esteja vivendo, sua vi- véncia deve ser respeitada, Existem muitas maneiras de nao respeitar a experiéncia de uma pessoa durante seu trabalho terapéutico. O te- rapeuta deve té-las em mente, se nao quiser que seu trabalho se veja. afetado ou se converta numa forma de manipulagio da pessoa que vem em busca de ajuda. Algumas das maneiras mais comuns de interferir na experiéncia dos pacientes sao estas: * julgando; * ajudando de forma inadequada; * assinalando deveres e obrigacdes; 184 « dando explicagdes quando Nao é ° momey ‘NtO nem 5: de Vejamos em detalhe cada uma dey, 4 Situacéo, Julgar éuma forma de culpar, con, ie Quando, no grupo, alguém eee te i 2s emogoes OU sentimentos, para algumas nciar ara outtas, condendveis, extravagantes, oy aa tos criticos que podem surgir da parte ik “i al desprez0, zombaria ou condenacio, " hacat uma pessoa, € experimentar cer. SOaS Serio estranhos: tos. Com os sentimen. ju Bole Meade como -denada por sua experiéncia, € isto desalentaré os ea fees €con- abrir sua prOptia experiéncia e consequentemente sua pam denador, nestes casos, deve ser suficientemente ntsc loracio, ° e reconhecer a experiéncia de uma pessoa, por mais shine ve seja. Deve, também, ser capaz de frear as criticas dos outros tient, ejam elas verbais ou nao. Quando alguém julga ou recrimina a ae iéncia de outro, 0 coordenador pode fazer duas coisas: mas © PRIMEIRO. Pode assinalar 4 pessoa que esté julgando que o que ela estd fazendo é apenas uma fantasia e no um dar-se con- tado sentimento que esta critica esconde. © SEGUNDO. Pode explorar a experiéncia da pessoa que julga. Talvez essa pessoa esteja sentindo medo, vergonha, incémodo ou confusio, e essa é sua experiéncia. O julgamento nao lhe ser- vird para nada, exceto para que outras pessoas, cuja autocritica é se abstenham de experimentar vivéncias e sen- muito marcante, timinados pensando que timentos que também podem ser rec sio vergonhosos. judando is a tar uma pessoa - © i comuns de nao espe! ; Uma das maneiras mais eat edecem cies bém uma das formas mais aceitas Por nossa s 185 i id décla, correndo rapidamente em seu auxilio quando se sente mal oy incémoda Ser servigal com uma pessoa, apressar-se em consolé.ta, fazer-lhe uma brincadeira num certo momento para ajuda-la a evitar ros, impede a pessoa de vivenciat plenamente gy, 6 experimentando-as plenamente ¢ que yatros tantos sentimentos préprj. sentimentos dolo! tristeza, raiva, solidao, quando st se pode aceita-las ¢ assimilé-las como 0 4 ; de vivenciar a fundo estas sensagies sen, os. Este comportamento ; a evité-las ajuda a pessoa a integrar sentimentos a sua vida, permitin. do-lhe desenvolver-se como ser humano mais completo e integrado, O que acontece é que 0 ajudador, ao ajudar a outra pessoa, esté ten. tando de alguma maneira ajudar-se a si mesmo através do outro, Se cle chega a impedir que surjam no outro sentimentos dolorosos, acorrendo em seu auxilio, ele detém a expressio de sentimentos que seriam dolorosos para ele. Acontece também as vezes que 0 ajuda- dor, ao ajudar alguma pessoa, se convence a si mesmo e aos demais de que ele é capaz de ajudar os outros € nao precisa da ajuda de nin- guém. Quase todo ajudador tem sentimentos marcantes de desamparo que se atenuam quando pode ajudar a alguém. Isto se dé com mais frequéncia nas profiss6es de ajuda, como psicélogos, mestres ou as- sistentes sociais, para dar alguns exemplos. Para investigat e explorar nossos proprios sentimentos de desam- paro e evitar uma ajuda entorpecente, é preciso haver um didlogo ima- gindrio com alguém a quem se ajuda ou se trata de ajudar, desempe- nhando ambos os papéis para descobrir como esta tratando de aju- dar a si mesmo ajudando a outros. Quando uma pessoa trata de ajudar a outra, pressupde que esta necessita de ajuda e, ao mesmo tempo, estimula o sentimento de desam- paro da pessoa 4 qual tenta ajudar. Com isto a pessoa ajudada sempre podera manejé-la, a fim de que vé em sua ajuda sempre que no que- ira enfrentar situacdes que lhe sao dificeis. Desta forma, tanto 0 aju- dador como 0 ajudado dependerao mutuamente um do outro. Nesta situagéo aplica-se grande quantidade de energia: 0 ajudado a aplica em manipular os outros para que o ajudem, ¢ 0 ajudador em ajudat 0 186 Te utto, em vez de descobrir sua Necessidad Biro Ce seus Sentimentos de de. Todo mundo dispoe de um e utiliza para manipular os Outro: mente de utiliza-lo, A maioria d, Jigente e forte do que ngs eelas em muitas situagSes-limite em que Dorme py ENcial que al s otencial que algy, Mas vores s 8 deixando 5 mples- Muito mais ¢ que sio, £ Outras vere 8S Dessoas é Pensam a Quando nos dispomos aaj aser manejados por eles, ente seu aborrecimento em ver de fugir dessa experiéncia para evité-la, : Assinalando deveres e obrigacées Todo terapeuta deve evitar criat deveres ¢ obrigacdes em seus Pacientes, pois em vez de fazer oposicao as obrigacées impostas pela Sociedade com outras contrétias, o que faz é criat uma nova capa que S sobrepée as obrigacdes jd existentes. Se o terapeuta diz que uma Pessoa deveria ter uma experiéncia particular, esta ideia é um obsta- culo & verdadeira experiéncia dessa pessoa em cada momento, pois @stard mais dependente do que diz o terapeuta do que de sua propria experiéncia, desejos ¢ necessidades, e manipulard sua experiéncia Para adaptar-se aos desejos do terapeuta. 187 Explicando | ortamentos é um sistema base ee one apeitill mas 86 serve, na maiog; ‘ante aceito de “compreender” 2 €xP i vezes, para evitar a a Avei consigo. daveis ane cla om retar e justificar sao atividades da fantasia, ers eis experiéncia em vez de vivenciar e sent sio ena obstante, todo encontro genuino, todo dar-se cca tae rode aprofundamento na experiéncia a 5 walla int etptetan, do e explicando, mas vivenciando-a e, para in) us can cnet Ihes que nos levam a ela fazendo perguntas 8: Como vorg se sente? O que esta acontecendo com vocé neste momento? O ae esté sentindo e experienciando agora? Trata-se de Pergunt 2 dels que podem ajudar a tomar mais contato ¢ consciéncia dos detalhes especificos da vivéncia. e fa das riéncia e, com ela, os sentimentos desageg Isto, IE esgq Outra situago que todo coordenador de grupos deve evitar é 45. sumir a responsabilidade do grupo ou de algum de seus integrantes, O que pode fazer é tratar de manter alerta a atengao das pessoas s9- bre o dar-se conta de cada um, interrompendo qualquer coisa que interfira neste ponto. Caracteristicas do terapeuta Ja falamos antes do que todo terapeuta deve evitar se realmente quiser prestar um bom servigo a seu cliente. Vamos agora descrever as caracteristicas de que deve ser dotado para manejar bem um pro- cesso terapéutico. Segundo Fagan e Shepherd (1973) um terapeuta deve apresentar as seguintes caracteristicas: * pautacao; * controle; * poténcia; * humanidade; * compromisso. ytaGa0 € terapeuta deve ser capaz de y ae F econ! cas, sintomas, Movimentos, tom g heer uma Serie d ortamento da pessoa que ye, le v C Caracte. 'M fazer r . u 0S eve saber que 0 paciente, des de im: do aa , o consultério, vai lhe dando informa mom, , i = a lo toda a informacio possivel que G40, € seu cliente desde o primeiro enco o paciente Ihe traz do passado, co, en . to, em que entra em Pi "T1880 deve ir acumu. P s ae ae Compteender me. - Recolhera tanto os dados Ihe pe, ontrole Por mais clara que seja a pautacio ou diagnéstico do terapeuta, ele nao esta em condigées de assumir 0 controle das sessies, ma nada poderd fazer para que se opere a mudanga no paciente. ; Por controle entende-se a capacidade do terapeuta de conseguir eo cliente aceite seguir uma série de procedimentos fixados por podem incluir uma ampla gama de técnicas e jogos com os alha a terapia gestdltica. Se o paciente nao est disposto a ‘rata de manobrar e levar o terapeuta para onde ele de- assara as mios do cliente e pouco ou nada poderd o muais trab: olaborar ou t o controle desde o primeiro mo- jquer sintoma tem como fungao {clos a atwar exatamente como ° A importancia de conseguir mento se apoia no seguinte: qual procurar controlar os demais ¢ forcé-los opie paciente quer. O terapeuta deve contrariar 0 controle q\ 5 estabelecer: a8 tentard exercer sobre ele € © ambiente, rc varef condigdes necessdrias pata um bom So “i fans al e i onha as C’ , is © terapeuta advirta, P i rocedi- Fprecko a5 B conseguir © controle mediante P! ra esforcos do paciente pal _ 189 = utilizando os sintomas ou qualquer outro a Deve estar atento para que 9 mare aeaarr roca, o asuste ou 0 luda. Deve set habil para aan ec vslhe parega demasiado entretido, © deve esa eo mentos gestalticos, io to que surjaem cada momento. Pacien. ‘We ele T atent, mio o engan Jo. Se 0 paciente conse, 0 para que nio o leve & comiseragao. P BLE algun, destesobjetivos, a carefa do terapeuta se verd seriamenteaferaq, estes objetivos, Poténcia O terapeuta deve poder ajudar seu paciente aacreditar ¢ eviden. ciar seus servigos; se percebe que nfo é capa de ajudé-lo, deve fy, abertamente com ele ¢ expressar-lhe seus Pensamentos ¢ sentimen, tos em relacao as suas diividas de nao poder ajudé-lo, Uma pessoa que solicita uma assisténcia terapéutica specifica tem direito a esperar que lhe seja oferecida. Por esta razio, o terapeuta deve ter o maior e mais amplo conhecimento possivel de t€cnicas, jg. 80s, experimentos ¢ procedimentos para indicar instrugdes e Sugesties que possam superar a inércia do cliente e promover o movimento, Cada tipo de psicoterapia tem técnicas nas quais baseia sua forma de agire 0 tratamento que oferece. Também sabemos que, psicandlise utiliza a interpretacao e a andlise. Outros Praticam a hipnose, analisam transag6es, dio sugesties, etc. Uma das contribuicdes mais importantes da terapia gestltica estd no poder de suas técnicas. Elas permitem alcangar com grande rapidez niveis emocionais e de compensacio muito profundos, Ac. deira quente é uma das técnicas mais poderosas e rapidas para pro- porcionar conhecimentos e mudangas importantes e duradouros. Humanidade O termo humanidade Supe no terapeuta um interesse ¢ cuide- do por seu paciente num plano pessoal e afetivo, Funda-se em sut 190 de seu cliente. Falar-lhe de suas pro ie 6 pertinente ¢ adequado ao momento, fi qcontra.em Sua capacidade de advertir e as vs experiéncis quando uumanidade também se ct sinalar as centati — yciente faz em busca de uma mai i ees Fe @ Maior autenticidade, ¢ para dar. “he . lhe apoio & reconhecimento. E, por tltimo, também se Ae | i i a optia abertura para um maior crescimento, o qual servird em sua delo.aseu cliente. , 0 qual servird de mo- O terapeuta deve indagar €m sua propria interioridade para sa- her em que momento sd sua presenca pode contribuir de forma mais importance Para 9 PrOcsss0 de desenvolvimento, ¢ quando uma sim- ples reacdo espontanea ¢ natural de um ser humano frente a outro é mais valiosa do que todo seu interesse e afa terapéutico. Compromisso Todo processo terapéutico exige um certo nimero de compro- missos mais ou menos rigidos ou de maior ou menor importancia. terapeuta assume compromisso com sua profissao desde 0 em que decide dedicar-se a ela. Este primeiro compromis- fissio implica outra série de compromissos, entre os desenvolvimento de suas capacidades, tanto de hhecimento. Isto requer altas doses de inte- \co continuo em seu desenvolvimento ‘ar seus conhecimentos. Implica, ia que utiliza, ao elaborar € ‘a didria e de seu interesse s mais amplos, implica do para ela com traba- ‘moment so com sua pro! quais esté 0 continuo compreensao como de conl resse e de energia. Implica um avan. pessoal e em seu interesse por aument: também, tratar de fazer aportes & teori criar novas formas obtidas de sua pritic: e inclusive, levado a horizonte: particular; po & pesquisa, contribuin dedicar certo temy hos, escritos e atividades docentes. 191 tes, ele contrai 0 compromisso dec OMe a uanto a seus client ¢ ° acidades e treinamento para levar bom dé-los e de ampliar suas cap termo uma terapia. Nenhum terapeutd pode evitar que por periodos de Maiog ou menor duragio, se sinta deprimido, enfastiado, aborrecido ¢ com ¢ vidas a respeito das técnicas que utiliza ou de seu proprio valor ¢o, x terapeuta. As vezes ocorte-Ihe ver-se inclinado a outras qu. sagen eee a pequis ou docénci B natural que ist dey os hecctsom conta e no descartado por medo de mudanca oy o qualquer outra razi0. eh ‘As vezes pode acontecer que 0 terapeuta entre em conflito ¢o dois dos requsitos mencionados acima, como 0 controle ou a fae nidade. Neste caso, seu comportamento se modificara, crate a a énfase de uma situacao a outra na medida em que a situacao ass 7 o exigir. Tudo dependerd de seu modo de ser, de sua flexibilidad, . do que achar mais conveniente em cada momento. a 192

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