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O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO N.O 4
GRUPO I
Texto A
que adquirem, sobretudo para o leitor de hoje, efeitos de ordem literária. [...]
Por outro lado, os escritores “canónicos” (escrevendo com uma intenção
determinadamente literária) centraram muitas das suas obras na problemática da
viagem dos Descobrimentos, como é o caso de Gil Vicente nomeadamente no Auto da
Índia (1509) e, sobretudo, de Luís de Camões que dela faz a trama fundamental em Os
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Lusíadas (1572). Também os cronistas não podem deixar de reelaborar essa matéria,
por vezes em páginas que são das mais importantes, mesmo sob o ponto de vista
estético, deste capítulo: Gomes Eanes de Zurara na Crónica da Guiné, João de
Barros na Ásia.
Caso particular desta literatura é a proliferação que, durante a segunda metade do
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séc. XVI, e até mais tarde, conhece um género específico das nossas letras, o do
relato de naufrágios (constituído por uma narrativa específica e exclusiva de naus que
naufragam, com descrição pormenorizada das reações humanas a que o naufrágio dá
lugar, e do esforço trágico, por vezes baldado, pela sobrevivência); o mais antigo que
se conhece, de 1554, é o do Galeão Grande São João, conhecido por Naufrágio de
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Sepúlveda, de autor anónimo; outros, porém, merecem beneficiar igualmente da
atenção da análise literária, pela raríssima capacidade de escrita do patético, pela
descrição paralela do movimento físico e psicológico, pela aliança de uma crença
inabalável na missão militar e religiosa do espírito de conquista com um pendor
pessimista e desenganado que neles figuram a contraepopeia lusíada: Relação do
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Naufrágio da Nau Santiago, de Manuel Godinho Cardoso, Relação do Naufrágio da
Nau São Bento, de Manuel de Mesquita Perestrelo, Relação do Naufrágio da Nau
Conceição, de Manuel Rangel. Publicados em folhetos avulsos, são reunidos no séc.
XVIII por Bernardo Gomes de Brito na História Trágico-Marítima, em dois volumes
(1735-36).
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Em toda esta literatura, porém, avulta uma obra excecional, a Peregrinação de
Fernão Mendes Pinto, publicada em 1614, mas escrita antes de 1580.
http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/litviagens.htm
(excerto, acedido em 09.04.2017)
VOCABULÁRIO
1
consolida-se; apoia-se.
2
utilitária.
3
primordialmente.
1. Seleciona, em cada item, a alínea que completa cada frase de forma adequada,
de acordo com o sentido do texto.
1.1. No primeiro parágrafo (linhas 1-4), salienta-se a ideia de que as descobertas
marítimas
a) fundamentam a génese e a proliferação da literatura de viagens.
b) estavam sujeitas a condições atmosféricas adversas.
c) tinham em atenção percursos anteriores.
d) propagavam os conhecimentos náuticos.
1.2. De acordo com o que é dito no 2.º parágrafo (linhas 5-10), a literatura de viagens
a) surgiu antes dos roteiros e dos diários de bordo.
b) é posterior aos roteiros e aos diários de bordo.
c) consiste num texto de caráter técnico.
d) tece relatos meramente descritivos das navegações.
Texto B
Lê o excerto de Os Lusíadas.
Caso necessário, consulta o vocabulário.
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E disse: – “Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas1
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’ estranho ou próprio lenho2;
42
Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do húmido elemento3,
A nenhum outro humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mi que apercebidos4
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pola terra
Que inda hás-de sojugar com dura guerra.
©Edições ASA | 2018 − Alice Amaro – Novas Leituras 4
PORTUGUÊS 9.O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO N.O 4
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Sabe que quantas esta viagem
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem,
Com ventos e tormentas desmedidas;
E da primeira armada que passagem
Fizer por estas ondas insofridas5,
Eu farei de improviso tal castigo
Que seja mor o dano que o perigo!”
VOCABULÁRIO
1
transpões os limites; 2 nunca navegados por barco algum; 3 mar; 4 preparados; 5 indomáveis.
6. “Por todo o largo mar e pola terra/Que inda hás-de sojugar com dura guerra.”
(est. 42, versos 7-8)
6.1. Identifica o recurso retórico presente nos versos transcritos.
6.2. Esclarece o seu valor expressivo.
8. Explicita o valor simbólico da personagem, criada por Camões, que profere este
discurso.
GRUPO II
1. Identifica o verso que contém a sequência de palavras cujas classes são
“conjunção – verbo – determinante – adjetivo – nome – verbo”.
Escreve o número do item e a letra que indica a opção escolhida.
(A) “E por trabalhos vãos nunca repousas,” (est. 41, verso 4)
(B) “E navegar meus longos mares ousas,” (est. 41, verso 6)
(C) “Pois vens ver os segredos escondidos” (est. 42, verso 1)
(D) “Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,” (est. 43, verso 2)
2.1. Identifica a frase que não contém uma oração subordinada adverbial temporal.
Escreve o número do item e a letra que indica a opção escolhida.
lhas
GRUPO III
COTAÇÃO DO TESTE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III
ITENS DE RESPOSTA
Grupo I COTAÇÕES
1.1. a); 1.2. b); 1.3. c); 1.4. b); 1.5. c) 3x5=15
……………………………………………………………………………………............ ……….……
2. Resposta pessoal. NOTA: Caso o(a) aluno(a) apenas escolha um dos títulos
sem dar qualquer justificação, a questão deve ser cotada com zero pontos. 3
……………………………………………………………………………………............ ……….……
3. As estâncias integram-se na parte da “Narração” e nos planos da “Viagem” e
da “História de Portugal”. 3+1*=4
……………………………………………………………………………………............ ……….……
4. A personagem que profere o discurso é Adamastor e o seu destinatário a
“gente ousada”, ou seja, os navegadores portugueses, capitaneados por Vasco 2+1*=3
da Gama.
……………………………………………………………………………………............ ……….…..
5.1. O primeiro momento corresponde à estância 41 e aos quatro primeiros
versos da estância 42; o segundo, aos quatro últimos versos desta estância e à 2+1*=3
43.
……………………………………………………………………………………............ ……….……
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PORTUGUÊS 9.O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO N.O 4
Grupo II
1. (B) 2
……………………………………………………………………………………............ …….....….
2.1. (C) 2
……………………………………………………………………………………............ …….….…..
2.2. “Desde que o tempo fosse favorável” – oração subordinada adverbial
condicional; “os navegadores chegavam ao destino” – oração subordinante. 2+2=4
……………………………………………………………………………………............ …….….…..
3. Os Lusíadas, que Luís de Camões escreveu, glorificam o povo português.
OU Luís de Camões escreveu Os Lusíadas que glorificam o povo português. 2
……………………………………………………………………………………........... …….….…..
4. (A) Os portugueses hão de dominá-los.
(B) Os navegadores portugueses realizá-los-ão. 2x3=6
(C) O destino concedeu-lhas.
……………………………………………………………………………………............ …….….…..
5. (A) Predicado. 2x2=4
(B) Modificador do nome restritivo.
Grupo III
Na redação do texto, o aluno deverá:
– escrever um texto de opinião;
– cumprir as instruções fornecidas relativamente ao género textual e à
extensão do texto;
– produzir um discurso coerente do ponto de vista da informação fornecida e 30
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PORTUGUÊS 9.O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO N.O 4
da progressão textual;
– usar adequadamente parágrafos, marcadores do discurso e pontuação;
– utilizar vocabulário adequado, pertinente e variado;
– escrever com correção ortográfica e morfossintática.
Parte B
Despedidas em Belém
Que nas praias do mar está assentado, Por perdidos as gentes nos julgavam,
Que o nome tem da terra, pera exemplo, As mulheres cum choro piadoso,
Donde Deus foi em carne ao mundo dado. Os homens com suspiros que arrancavam.
Que apenas nos meus olhos ponho o freio3. De já nos não tornar a ver tão cedo.
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VOCABULÁRIO
1 2 3 4
a ermida de Nossa Senhora de Belém; penso; dificilmente contenho as lágrimas; receia
5.2. Enuncia os sentimentos manifestados por aqueles que ficam e as causas dos
mesmos.
6. Comenta a atitude dos navegadores nos últimos quatro versos da estância 88.
Parte B
3. Vasco da Gama narra a História de Portugal ao rei de Melinde, durante a Viagem até à
Índia, sendo, portanto, uma narrador participante
5.1. os que partem são os marinheiros, os que ficam são os familiares, amigos e curiosos
(“A gente da cidade”) que foram despedir-se dos argonautas
5.2. tanto as mulheres (“choros piedoso”) como os homens (“suspiros que arrancavam”)
sentem-se “saudosos”, “descontentes”, amargurados e desesperados, pois sabem que
se trata de uma viagem longa e perigosa (“tão longo caminho e duvidoso”) e, como
tal, temem não voltar a ver tão cedo, ou nunca mais, os seus entes queridos