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Resenha de Livro

Curso de Formação em Terapia Relacional Sistêmica


Psicóloga Solange Maria Rosset

Nome do Livro:

Profunda simplicidade
Autor do Livro:

Will Schutz

Editora, ano de publicação:

Ágora, 1989
Relação dos capítulos
Prólogo

Introdução

Apanhado resumido sobre cada capítulo


Prólogo

Segundo o autor tudo o que existe está no mundo para desabrochar, para se
tornar o que é capaz de ser, nesse sentido são as próprias pessoas que
determinam a vida que levam ao fazerem as suas escolhas. Para escolher
melhor é preciso se conhecer, estar disposto a experimentar-se e ser
honesto consigo mesmo e com as pessoas a sua volta.

Introdução

Quanto mais as pessoas exploram o seu ser e as suas faculdades cognitivas e


sensoriais de todas as maneiras que eu forem capazes, mais aumentam a sua
autopercepção e mais tem controle sobre si mesmas.

Ao agir de forma verdadeira e ao tomar consciência das próprias escolhas é


possível assumir a responsabilidade pela própria vida e vivê-la da forma
como quiser.
1. PRINCÍPIOS

Holismo

Visão - Embora seja difícil reconhecer a unidade essencial corpo/mente, cada


vez mais, fica comprovada a importância de que as pessoas sejam olhadas
como um organismo integral e unificado, muitos sucessos estão sendo
possíveis quando o organismo é considerado como um todo. O holismo não
impede o exame detalhado das partes.

Personalidade e tecido - Existe uma relação entre o tecido do corpo e a


personalidade. "Os níveis da personalidade são equivalentes aos níveis de
tecido do corpo. As defesas psicológicas expressam-se no padrão de tensões
do corpo." p. 23 Ex. pessoa frágil, com pele frágil, quando tocada chora e
pessoa forte, rígida a pele parece aço.

Sabedoria popular sobre o corpo - Muitas expressões populares sobre


sentimentos corporais são literalmente verdadeiras, ex. "ter os dois pés no
chão, na ponta dos pés, empacado, cabeça dura, de pé sobre as próprias
pernas, segura as próprias pontas, ...". Essas expressões mostram as relações
óbvias entre os níveis emocional e corporal.

Pecado dos pais - Muitas vezes as crianças se deparam com os problemas


que os pais evitam ou não enfrentam diretamente.

Ausência de Limitações

Quando as pessoas aprendem a usar as suas capacidades, tornam-se capazes


de feitos cada vez mais 'impossíveis'.

As pessoas se tornam limitadas porque acreditam que são limitadas.


Infelizmente, os pais em geral são muito eficazes para conseguir que os filhos
acatem limitações...

Escolha

As pessoas são capazes de enfrentar qualquer situação que se configure.


Numa situação de poder, elas podem eliciar a parte fraca ou a força do outro,
no entanto, como todas as pessoas escolhem as próprias vidas, os problemas
devem ser vistos como uma decisão tomada individualmente. Cada pessoa
escolhe seu comportamento, seus sentimentos, seus pensamentos, suas
enfermidades, seu corpo, suas reações...

Inconsciente - Tem coisas que as pessoas preferem não ter consciência,


dessa forma, o inconsciente é, simplesmente, todas aquelas coisas das quais
as pessoas escolhem não tomar consciência.

Avaliação - Avaliar as coisas em bom-mau, certo-errado, moral-imoral... não


é algo usado na abordagem da profunda simplicidade. As coisas acontecem e
é isso o que existe, avaliar o que acontece é uma escolha pessoal que protela
a possibilidade da pessoa de descobrir os próprios sentimentos, por
exemplo, se a pessoa pensa que desejo sexual é uma imoralidade, ela pode
não se permitir saber que, em certas circunstâncias, sente esse desejo.

Pais - As pessoas sempre escolhem tudo na vida e não podem responsabilizar


ninguém por suas escolhas, ao aceitar essa responsabilidade é possível se
dedicar à tarefa de modificar algo, se a opção por essa.

Opções - Nem todas as opções são igualmente simples de serem


constatadas, por isso, é preciso ter conhecimento, domínio, consciência
corporal e controle para criar as condições necessárias para fazer uma
escolha diante de várias opções.

Sociedade - A estrutura social é decorrente das pessoas, quando as pessoas


são responsáveis por si mesmas e por suas escolhas, a estrutura social
fornecerá a base para a existência da melhor sociedade possível.

Compaixão - Se a pessoa assume a responsabilidade por sua própria situação


e está disposta a conseguir melhorá-la, em geral não pede compaixão. A dor
é uma escolha pessoal, por isso não há como o outro removê-la, somente a
própria pessoa pode escolher não senti-la. A única coisa que se pode fazer de
fora é criar condições dentro das quais o outro sinta ser preferível modificar
o seu sentimento.

Ajudar - O terapeuta pode fornecer apoio temporário à pessoa, levando-a a


fortalecer a sua conscientização e a assumir a sua própria vida. Se a pessoa
escolhe atuar num nível baixo de consciência, ela não está a par do fato de
ser quem escolhe todas as coisas.

Empatia - As pessoas realmente escolhem todas as coisas e são responsáveis


por si mesmas, mas, de modo geral, não se permitem saber o que estão
escolhendo. O modo como estão num determinado momento indica o
quanto de percepção consciente há em suas escolhas. Assim, pode-se optar
por dar-lhes apoio enquanto elas descobrem sua responsabilidade pessoal,
quanto mais conscientes, mais se comportam como um organismo unificado
e conseguem que suas ações sejam completas. A infelicidade vem da
inconsciência.

Autocompaixão - É importante aceitar que existem momentos nos quais não


estamos conscientes dos motivos que levaram a escolher algo. Aceitar-se
torna o estado atual mais agradável, podendo seguir no ritmo que escolher.

Estupro - Ao investigar o que realmente se passou é possível entender


melhor o que está em jogo, tomando então medidas mais apropriadas para
modificar a situação, se é que se deseja fazer.

Morte - As pessoas também escolhem suas enfermidades e sua morte. Ficar


doente sempre tem muitas vantagens: alívio de responsabilidades, mostras
de simpatia, cuidados, descanso, benefícios, etc. Ter clareza de que cada
pessoa decide pela enfermidade e pela morte elimina seu poder de
manipulação sobre os outros.

Culpabilidade - Os atos, de forma geral, são acordos entre pessoas que


consentem neles. As leis existem para proteger as pessoas se si mesmas, são
para aquelas situações nas quais as pessoas fazem alguma coisa sem plena
consciência.

Espontaneidade - Mesmo sentimentos que parecem espontâneos são


escolhidos. Quando as pessoas se permitem aprender como reconsiderar as
próprias decisões, podem mudá-las.

Simplicidade

O yin da escolha - O único modo de aprender é escolher 'ouvir', permanecer


num estado de passividade e disponibilidade para o que o Universo tem a
dizer. A orientação yin ou receptiva, requer que o mundo seja sentido de tal
modo que o caminho a ser escolhido se torne óbvio. Ou seja, é preciso sentir
o que é essencial, o que é mais simples para cada pessoa. A conscientização
revela o caminho mais simples e correto.

Filhos - Quando os pais se tornam sensíveis ao desenvolvimento do filho, a


disciplina é mínima, só há brigas se os pais tentam deter o avanço do seu
caminho natural.
Fluir - Na maioria das vezes o fluxo de acontecimentos é o melhor caminho,
embora dificilmente as pessoas confiem nele. As se permitirem participar da
experiência dos acontecimentos e ao deixar tudo fluir, tudo fica mais simples
para as pessoas.

O simples - O Universo é simples, basta que as pessoas reconheçam isso. As


escolhas se tornam óbvias quando há entendimento. O entendimento
atravessa três etapas: simplista, complexa e profundamente simples.

Unidades das leis - Se algo é verdadeiro, deve ser simples o suficiente para
ser entendido por todos.

Naturalidade - A simplicidade dos alimentos, o poder curativo do corpo, a


evolução natural dos relacionamentos interpessoais, tudo implica em
soluções simples / naturais. Não há necessidade de forçar nada, se alguma
coisa não está acontecendo suavemente, significa que a situação externa
ainda não está pronta para dar suporte.

Jejum e Imagens dirigidas - É uma técnica capaz de produzir efeitos


extraordinariamente fortes, "...quanto menos estruturada a instrução, mais
provavelmente a imagem irá direto para o alvo da principal dificuldade
psicológica. O corpo/mente sabe onde precisa ir, a fim de elaborar um
problema, da mesma forma como o corpo sabe, com o jejum, do que se
livrar. Em ambos os sentidos, é uma questão de remover uma interferência
de origem externa, de modo que o próprio organismo tenha uma
oportunidade máxima de fazer o que precisa para otimizar seu próprio ser."
p. 69-70

Ensino - Bons professores criam condições para que os alunos encontrem seu
caminho mais facilmente, ou seja, permitem que o aluno flua como o que é e
quando a pessoa está inteiramente aberta e receptiva, a escolha é óbvia.

Comunidade - as pessoas fazem parte de um grupo maior e grande parte de


sua gratificação deriva do relacionamento com o outro. A alegria vem de
realizar o potencial interior e de concretizar o potencial de se tornar parte de
um todo maior.

Yin e Yang da escolha - Como o mundo é simples, existe um fluxo natural que
torna as escolhas simples e óbvias. As pessoas podem descobrir esses
caminhos naturais quando estão abertas e receptivas, quando sintem o que
está dentro de seu corpo e o que está fora.
Verdade

Verdade - A verdade realmente liberta a pessoa, por torná-la mais consciente


de si mesma, de sua genuinidade, de seus experiências, pensamentos e meus
sentimentos. Percepções conscientes são honestas, por isso, para comunicar
algo verdadeiro é preciso tanto ser consciente quanto honesto. A
comunicação da verdade promove o enriquecimento interpessoal.

Honestidade - Quando não há honestidade não há espontaneidade, e assim


as pessoas perdem energia e deterioram seus relacionamentos, ficando
exaustas e cansadas, pois bloqueiam e retém grande parte de si mesmas.

Hipocrisia e privacidade - Reter informações e omitir dados são modos


sofisticados de mentir. As pessoas aprendem que tem que mentir com
relação a algumas coisas, e mentir de tal jeito que os outros não percebam a
mentira. "Mentir decorre de uma indisposição para nos aceitarmos." p. 79
"Quanto mais sinto-me bem comigo mesmo, e quanto mais aceito todas as
formas de ser, menos importante se torna a privacidade." p. 79 "A propósito,
prefiro que saibam, pois assim poderei ter um diálogo realmente humano.
Não precisarei permanecer num nível superficial e hipócrita." p. 79-80

Vivacidade - As pessoas tendem a falar o que é conveniente para que os


outros lhe apreciem. As mentiras bloqueiam o autoconhecimento, pois
impedem a pesquisa do próprio ser e detém os contatos interpessoais. Já a
verdade é excitante, as pessoas se desvendam em suas múltiplas camadas e
se conectam com os outros, vêm à excitação e o entusiasmo de viver.

Consciência - O compromisso de olhar para dentro de si, sem medo, como


verdadeiramente é, aumenta a autoconsciência.

Saúde e enfermidade - Com a tomada de consciência, vem o controle do


corpo, a pessoa é capaz de colocá-lo no estado que desejar e pode evitar
enfermidades e machucados. Ao retirar a consciência de partes do corpo
(por não gostar delas), a pessoa dissocia essa parte, entrando em guerra
consigo mesma. Assim, as partes do corpo que ficam doentes ou machucadas
são aquelas que ficaram fora do campo de percepção consciente ou aquelas
que a pessoa escolheu conscientemente adoentar ou machucar. Qualquer
enfermidade ou moléstia é resultante de um conflito, é psicossomática, no
sentido de que a pessoa a escolheu em resposta à sua situação presente de
vida. "A enfermidade faz parte do estilo de vida." p. 90
Completamento

Ciclos de energia - O comportamento humano pode ser percebido como uma


série de ciclos de energia, o qual tem início com algum desequilíbrio. Frente
ao desequilíbrio, a pessoa mobiliza determinados recursos (motiva-se para
algo), prepara-se para alguma forma de movimento e expressa num ato o
comportamento para o qual se preparou. A ação conduz a um re-equilíbrio.

Completar os ciclos, resulta em aprendizagem e maturação, pois a pessoa


precisa: perceber, pensar, mover-se, sentir. As dificuldades surgem quando
os ciclos não são completados, bloqueios em qualquer um dos pontos
interferem em todos os níveis do ser: interpessoal, intrapsíquico e físico.

Motivação - Tem início quando a pessoa experimenta seu desequilíbrio


(tanto externo, quanto interno). Se for agradável, a pessoa simplesmente
mantém a experiência em andamento, se for desagradável, pode passar á
modificação de seu estado. A pessoa se bloqueia, quando se impede de
completar o ciclo: negando (auto-engano, reprimir os sentimentos "Está tudo
bem") ou distorcendo (não ver claramente o que está se passando, escolher
não identificar o desequilíbrio). Bloqueio da motivação : deixa o corpo
esquecido, fora de contato, vulnerável a enfermidades e a lesões. A pessoa
deixa de conscientizar-se de suas sensações corporais.

Preparação - Se a pessoa permite que o ciclo continue, após a identificação


do desequilíbrio, prepara-se para iniciar ações que desencadeiem o re-
equilíbrio. Tanto a negação (negar a si mesmo ou ao outro que está se
preparando para fazer algo) quanto à distorção (distorcer a intenção para si
mesmo ou para o outro) detêm o ciclo de energia, antes que a preparação se
complete. Bloqueio da preparação : deixa o corpo sem tônus. A pessoa deixa
de pensar no que fazer, fica indecisa.

Ação - Se a pessoa se permite tomar consciência de seu desequilíbrio e se


prepara para agir, o próximo passo é descarregar a energia que mobilizou.
Negar a ação é negar ou se enganar sobre algo que a pessoa fez "Eu não
disse isso." A distorção é uma re-interpretação ou tentativa de anulação do
que foi feito ou dito, refere-se a defender-se ou justificar-se sem admitir a
verdade. Bloqueio da ação : deixa o corpo bloqueado. Se a pessoa está em
conflito quanto à sua ação, a energia de seu corpo não é descarregada, a
pessoa fica empacada, não se move, e, assim, fica irritada e impaciente.

Sentimento - Um ciclo completo inclui: motivação, preparação, ação e os


sentimentos de plenitude que decorrem de uma ação concluída. Se o ato foi
bem-sucedido, o novo equilíbrio do corpo/mente causa satisfação e não
exigirá mais atenção. Caso contrário, inicia-se um novo ciclo, geralmente com
melhores chances de êxito, devido a experiência anterior. Negar o
sentimento impede uma vivência plena: "Legal! Mais!...". A distorção de um
sentimento também causa dificuldades, pois a pessoa não experimenta seus
verdadeiros sentimentos com relação as suas experiências. Bloqueio na
sensação : deixa o corpo encouraçado, a musculatura fica tensa e rígida. A
pessoa se nega a sentir, acha que não é sensível e uma sensação de vazio é
experimentada.

Problemas corpo mentais - Os problemas emocionais podem ser de dois tipo:


negações (experiências inconclusivas) e distorções (mentiras), ambos
decorrentes de ciclos de energia bloqueados ou incompletos. A experiência
suprimida jamais desaparece, é empurrada para o fundo do corpo e lá é
guardada por meio de uma expressão física, geralmente uma tensão
muscular.

Completamento de ciclos - É importante criar condições para que os ciclos de


energia sejam sempre completados e plenamente vivenciados. "Se todos os
ciclos energéticos inconscientes forem trazidos à consciência e completados,
então todas as escolhas serão realizadas com consciência, dentro da esfera
de vontade." p. 100

Dimensões Básicas

Desenvolvimento individual - O desejo de contato ou inclusão na família está


presente desde os primeiros estágios de vida. A relação de inclusão é a
primeira forma predominante de vínculo humano, depois se inicia a fase de
socialização, na qual a relação humana primária centraliza-se em torno da
distribuição de controle , poder e responsabilidade, neste momento a criança
ora administra a própria vida, ora obedece às ordens dos pais e de outros
adultos. Conforme a criança vai amadurecendo (4 a 6 anos), surge como
evento interpessoal dominante a complexidade do amor e das relações de
afeto . A criança vivencia amor, ciúmes, rivalidade com os irmãos, amizades
com outras crianças.

Inclusão, controle e afeto são os aspectos interpessoais dos estágios oral,


anal e fálico, respectivamente.

Formação de grupo - O grupo é formado por meio de um procedimento


específico que define a inclusão grupal, são estipulados limites de quem está
dentro e de quem está fora. Assim que está formado, o grupo diferencia
papéis e distribui o poder, atribuindo tarefas e estabelecendo relações de
poder entre seus participantes. Estes procedimentos determinam os padrões
de controle. No entanto, para que um grupo sobreviva é necessário criar
vínculos pessoais entre seus membros, para que não cresçam as rivalidades,
os desejos pessoais não satisfeitos e as sabotagens e conseqüente abandono
do grupo.

"Na formação de grupos, emergem as mesmas dimensões que surgem no


desenvolvimento infantil, ou seja, inclusão, controle e afeto. Estas três
dimensões caracterizam todos os níveis de organização social. Entendê-las
simplifica a compreensão da fonte dos desequilíbrios e das motivações das
pessoas, grupos, nações e mesmo de partes do corpo." p. 105

Inclusão : As pessoas decidem se querem ou não fazer parte de um certo


grupo (inclusão, exclusão, pertinência, proximidade). O desejo de ser incluído
manifesta-se como desejo de atenção, de interação, de ser distinto dos
demais. Na inclusão as pessoas se comportam conforme se sentem a
respeito do que significam como pessoa:

• Quando introvertidas e sub-sociais - querem manter distância dos outros,


usam a auto-suficiência para existir, consideram-se sem valor, insignificantes
e sem importância;

• Quando extrovertidas e ultra-sociais - buscam incessantemente as outras


pessoas e querem ser procuradas, não suportam ficar só, procuram ser
poderosas (controle) ou queridas (afeto);

• Quando sociais (neste caso o problema de inclusão foi bem resolvido na


infância) - a interação com as outras pessoas não apresenta problemas, ficam
bem com ou sem a presença de outras pessoas, se comprometem em alguns
momentos e em outros evitam se envolver, se sentirem que é melhor.
Sentem que tem valor e que são importantes.

Controle : As pessoas decidirão sobre as áreas do poder, da influência e da


autoridade. O desejo de controlar é variável conforme a necessidade de ter
autoridade sobre os outros até o desejo de ser controlado e isentado de toda
a responsabilidade. Os problemas de controle seguem os da inclusão,
quando o grupo começa a se desenvolver e se iniciam os relacionamentos
interpessoais, as pessoas assumem e buscam papéis diversificados e as lutas
pelo poder, a competição e a influência passam a ter uma importância
central, gerando confrontos. Subjacente ao comportamento de controle está
à percepção da própria competência, da capacidade de enfrentar o mundo
de estar à altura das outras pessoas. Assim a pessoa pode:

• Abdicar de seu poder - aceita uma posição subordinada;

• Ser extremamente dominadora - prova que é capaz;

• Ser democrata (neste caso as relações de poder e de controle foram bem


resolvidas na infância) - é confortável para a pessoa dar ou não ordens,
seguí-las ou não dependendo do que for apropriado à situação.

Afeto : Refere-se a sentimentos de proximidade. O afeto é uma relação


diádica (ocorre entre pares de pessoas), ao passo que tanto a inclusão
quanto o controle são relações que podem ocorrer ou em diádas, ou entre
uma pessoa e um grupo. Ao formarem-se os vínculos afetivos, as pessoas se
aproximam, e, a sensação de poder ser amado está sempre latente nas
condutas do indivíduo na área do afeto:

• Quando a pessoa se sente sub-pessoal - evita elos mais íntimos com outras
pessoas, fica num nível distante e superficial.

• Quando a pessoa é super-pessoal - fica extremamente próxima dos outros


e quer que ou outros se aproximem, para ser querida a pessoa tenta
conquistar aprovação, sendo extremamente pessoal, agradável, íntima,
confiável.

• Quando pessoal - a interação emocional íntima com outra pessoa não


constitui problema. A pessoa sente-se bem tanto numa relação pessoal
íntima quanto numa situação que exige distanciamento emocional.

Desenvolvimento do grupo - As fases de inclusão, controle e afeto também


ocorrem no desenvolvimento dos grupos, geralmente nesta mesma ordem:
Fase de Inclusão (grupo começa a se formar, as pessoas procuram descobrir
onde se encaixam, decidem se vão ficar dentro ou fora); Fase de Controle
(define quem está por cima e quem está por baixo, inclui tomadas de
decisão, compartilhamento de responsabilidades e distribuição de poder);
Fase de Afeto (as pessoas expressam seus sentimentos: positivos, hostis, de
ciúmes ou de formação de pares); Ciclagem (aspectos referentes à inclusão,
controle e afeto que são novamente abordados e aperfeiçoados conforme o
momento, até chegar num nível satisfatório de resolução); e, Separação
(ausências, atrasos, dispersão, esquecimento de tarefas... a importância e
validade do grupo são minimizadas e diminui o envolvimento geral).
No processo de separação do grupo, os sentimentos pessoais, positivos e
negativos são trabalhados primeiros (afeto). A seguir, a discussão focaliza o
líder e os motivos para ter consentido ou se revoltado contra os desejos da
liderança (controle). Posteriormente, vem a discussão acerca das
possibilidades de continuar o grupo e acerca do nível de compromisso de
cada pessoa; por fim, é discutido o fato de os membros do grupo estarem
indo a direções diferentes e não serem mais membros de um mesmo grupo
(inclusão).

Escolha de uma enfermidade específica - Toda doença é resultado de um


conflito que escapa à consciência, é um das tentativas de enfrentar uma
situação de vida. As pessoas escolhem suas enfermidades conforme as
dimensões de inclusão, controle e afeto. Enfermidades de Inclusão (se refere
aos limites entre eu e o resto do mundo: pele, órgãos sensoriais, sistemas
corporais que entram em intercâmbio com o meio ambiente: sistema
respiratório e sistema digestivo-excretor). Enfermidades de Controle (o
controle do corpo é feito pelos músculos, pelo esqueleto, pelo sistema
nervoso e as glândulas endócrinas). Enfermidades do Afeto (o afeto é
expressado pelo corpo na forma de amor - com o coração - e de sexo - com
os genitais. O sistema circulatório é uma expressão do estado afetivo).

Infância - Também pode ser vista nestas estágios: Inclusão (interação pais-
filhos, estimulação e, indulgência. Coesão da família). Controle (democracia e
promoção de independência. Disciplina imposta pelo pai e supervisão da
mãe). Afeto (afetividade, aprovação e aceitação da criança. Afeto do pai e da
mãe).

Psicanalistas - As diferenças entre Freud, Jung e Adler podem ser


relacionadas com as dimensões de inclusão, controle e afeto. Freud
focalizava a libido e sua manifestação e sublimação (afeto). Adler falava do
desejo de ter poder (controle). Jung falava da relação das pessoas com a
natureza (inclusão).

Natureza - eu - As pessoas se relacionam com a natureza também a partir das


três dimensões. Querem viver, se incluir, são parte do cosmos. Estabelecem
influências sobre as forças da natureza para sobreviverem. E, conjugam
expressões pessoais de união e harmonia (ou o oposto) aos fenômenos
naturais.

Eu - tu - Existem instituições de grupos exclusivamente masculinos ou


femininos, para lidar com cada uma das dimensões: Inclusão (economia e
política). Controle (serviço militar). Afeto (casamento). "As instituições
criadas para lidar com a questão do controle e da afetividade heterossexual
são as mais completamente elaboradas. As instituições para lidar com a
afeição homossexual e com a inclusão são as menos desenvolvidas. Isto
sugere onde estamos em nosso desenvolvimento como civilização e que
tipos de instituições devemos criar, para que possamos prover as dimensões
humanas básicas de instituições que as viabilizem." p. 124

2. APLICAÇÕES

Princípios de aplicação

Objetivo - O objetivo de qualquer instituição social é a criação de condições


sociais nas quais as pessoas possam sentir facilidade na determinação e na
escolha de suas próprias vidas. Este objetivo é alcançado removendo-se os
obstáculos à autodeterminação e cirando circunstâncias que incentivem a
autoconsciência.

Liberdade - Permissão para qualquer ação executada, com consciência do


que está fazendo, que não interfira na vida de outras pessoas.

Acordo - Permissão para qualquer ação consciente feita entre duas ou mais
pessoas, e que não seja impingida aos outros.

Verdade - Dado que elimina a desonestidade, cria condições para facilitar a


tomada de consciência.

Simplicidade - Provê soluções profundamente simples para problemas que as


pessoas optaram por resolver através de instituições. As soluções
profundamente simples aprofundam o entendimento do problema e liberam
energia para outros setores da vida.

Escolha - Cria condições nas quais as pessoas preferem achar mais fácil
perceber que são elas que escolhem as próprias vidas. Quando as pessoas
não se permitem saber disso, bloqueiam-se de seguir sua autodeterminação.

Opções - Cria condições nas quais as pessoas escolhem achar fácil tornarem-
se conscientes de existirem condições. Se a pessoa não se permite saber que
existem outras possibilidades interrompe sua autodeterminação.
Auto-responsabilidade - Quando a lei aceita um argumento como "Não fui
responsável pelo que fiz. Estava apenas obedecendo a ordens." Isto estimula
culpar os outros e tornar-se dependente, desencorajando a independência.

Conscientização - Quando a pessoa é isentada da responsabilidade porque


"não sabia o que estava fazendo", a falta de consciência e o auto-engano são
estimulados, e a conscientização é desestimulada.

Transição - Garante um período de tempo mínimo para a alteração nas


práticas sociais que permitem à pessoa inconsciente tornar-se consciente e
realizar uma escolha deliberada. O intervalo de tempo só existe com a
finalidade de apoiar uma transição até a autodeterminação e só deve
prevalecer por um período limitado de tempo. Se a pessoa inconsciente
escolhe continuar inconsciente, o intervalo é interrompido.

Direito

As instituições sociais premiam a inconsciência. A sociedade recompensa o


mal, a vítima e o indigente. As pessoas tem o direito de serem inconscientes,
mas não tem o direito de exigir recompensas da sociedade por ter optado
pela inconsciência.

Algumas reações das outras pessoas podem ajudar a pessoa a tornar-se mais
consciente e assim a ampliar o leque de opções para a próxima atuação
social. "Existe somente um crime: criar condições que tornem mais difíceis de
alcançar as opções desejadas pelas pessoas." p. 138 "Se as decisões tomadas
pelas pessoas afetarem apenas a elas próprias, estas interferirão ao mínimo
na sociedade e estimularão a responsabilidade pessoal ao máximo." p. 139

Qualificação profissional

Mentiras criam uma série de dificuldades para a própria pessoa e para as


pessoas a sua volta, pois as coisas não se encaixam e é preciso gastar uma
energia extra para harmonizá-las. Infelizmente, diplomas não protegem as
pessoas de profissionais incompetentes. A auto-responsabilidade é a chave
para muitas das dificuldades enfrentadas pelas pessoas em várias áreas da
vida. É preciso ensinar as pessoas a serem responsáveis por si próprias.

Medicina

A medicina baseia-se no pressuposto de que o especialista é o médico, é ele


quem tem o poder e conhece as enfermidades. O paciente é visto como uma
vítima que não tem a mínima culpa nem relação com sua doença e livra-se
de sua doença através de agentes externos desvinculados de si próprio. Se
essa idéia fosse abandonada, o paciente seria visto como o responsável por
contrair enfermidades, e, assim o único que poderia curá-las.

Se a pessoa decide ficar doente, em algum nível de sua consciência,


enfraquece seu corpo e deixa de eliminar toxinas criando um ambiente
tóxico para o desenvolvimento de vírus, detém o funcionamento do sistema
imunológico enfim, as decisões relativas às enfermidades são tomadas ao
longo da vida, conforme o organismo se desenvolve. Dessa forma, a cura
também está dentro do corpo do indivíduo, o qual precisa somente escolher,
num nível certo de consciência, ficar bem e aprender mais e mais a respeito
de seu corpo/mente. Ir ao médico e tratar o problema sem descobrir a
origem da enfermidade não elimina a doença. As pessoas precisam começar
a assumir a responsabilidade por sua própria cura, ao médico cabe ajudar o
paciente a entender como e por que permitiu contrair aquela enfermidade,
dotando-o de técnicas para lidar com o problema por si mesmo.

Política

Em uma sociedade satisfatória, termos como ajuda, compaixão, empatia e


assistência não se equiparam à responsabilidade social. As pessoas podem
ser estimuladas a perceberem e se conscientizarem do por que fazem a
escolha de sofrer tanto. Ajudar é muito mais do que dar apoio, "Fazer com
que o "oprimido" assuma responsabilidade por sua opressão parece uma
conduta não liberal, mas esta postura restitui o poder ao oprimido." p. 159

Bem-estar - comportar-se de maneira a gostar de si mesmo ajuda a pessoa a


se motivar e a motivar os outros. Dar as coisas aos outros é tratá-los como
crianças, o que dificulta para eles conseguirem suas coisas sozinhos. Uma
forma de ajudar é dar por tempo limitado (3 anos por exemplo), até que a
pessoa se torne independente, ou dar educação até que as pessoas se
preparem profissionalmente. "Essa nova política exige confiar nas pessoas.
Se as pessoas permitirem tomar consciência, poderão administrar suas
próprias vidas, como o desejarem..." p. 163

Cobrança de impostos - "Impostos são contribuições de cada um a projetos


grandes demais para serem eficientemente implantados por pessoas isoladas
e que serão de proveito para a coletividade, ou quase toda a população. Não
são necessários quando cada um se sustenta de modo adequado e
suficiente." p. 164
Esportes

Quando esportes realizados em equipe funcionam bem, os treinadores


conseguem utilizar todos os seus jogadores, no sentido de todos darem
apoio uns aos outros e dedicarem o melhor de seus esforços durante o jogo.

Competição - torna-se prejudicial quando permite enganar, quando enseja


um dispêndio excessivo de energia a ganhar ou ainda quando representa
diminuir o adversário. A competição é válida quando permite que a pessoa
desenvolva parte de seu potencial, a partir da presença do outro, o que
requer evoluir para uma vivência além da competição.

Juízes - a presença de juízes quase sempre gera problemas, os jogadores


sabem qual é a marcação correta e o que é preciso fazer, um acordo mútuo
entre jogadores tem mais poder do que o veredicto do juiz, a opinião dos
jogadores é determinante, se os jogadores não chegarem a uma decisão
então se sustenta a decisão do juiz. O princípio do acordo mútuo torna
pública a ética dos esportistas, essa solução é simples e se baseia na
honestidade, na responsabilidade e na tomada de consciência.

Feldenkrais - sua abordagem sobre o funcionamento corporal poderia


revolucionar o atletismo, ele refere que as pessoas usam o corpo num nível
muito baixo de eficiência, são utilizados poucos músculos e nenhum deles
participa efetivamente do movimento. Os exercícios de Feldenkrais têm
como finalidade integrar todos os músculos do corpo, para que o movimento
seja feito com o mais elevado nível de elegância e graça, e com o mínimo
esforço. O aquecimento para a atividade física é mais adequado quando os
músculos não são forçados e, sim movendo-os repetidamente até atingirem
seu limite. A consciência corporal é a chave para minimizar lesões.

Educação

Para seguir os princípios da profunda simplicidade, uma instituição


educacional deveria se concentrar em duas áreas:

- Criar condições que favorecessem a aprendizagem (criar ambientes


propícios a cada disciplina, mudar o ritmo das aulas criando workshops,
fazendo grupos em locais isolados, deixando a avaliação a cargo dos próprios
estudantes, e, decidindo cooperar ou não com a proposta do aluno).
- Permitir aos alunos que assumissem a máxima responsabilidade por sua
própria aprendizagem (planejar o seu próprio caminho, percebendo o que
quer aprender e como fazê-lo).

Família

Casamento - alguns aspectos individuais só vem à tona durante um


relacionamento. Uma relação de profunda simplicidade entre um casal,
precisa ser honesta e cada um precisa assumir a responsabilidade por si
mesmo. Pode-se realizar um acordo explícito sobre os comportamentos
conjuntos.

Criar filhos - a honestidade e a escolha são os elementos chave. Dizer sempre


a verdade (em todos os momentos) é determinante para estabelecer a
credibilidade e pressupõe que a criança é capaz de lidar com o mundo. As
crianças têm uma noção de que há algo errado e muitas vezes investem
grande energia tentando dar sentido a acontecimentos estranhos. A falta de
honestidade pode retardar o processo de conscientização da criança.

Nascimento - O ideal é que os pais se planejem e se preparem antes de


conceberem seus filhos. Estar numa condição ótima em todos os sentidos
(físico: jejuar, purificar o corpo, exercícios, sol, ar fresco, repouso; e,
emocional), antes do momento da concepção pode ser o maior presente
para os filhos. O parto dever ser o mais natural, simples e responsável
possível (sem drogas, dirigido pela mãe, luz baixa...). Durante a
amamentação, a mãe deve criar as condições mais simples e nutritivas
possíveis para o filho. Deixar o filho acostumar-se com o seu mundo interno,
prestar atenção às pessoas, saber quando o está incomodando... é
importante para ele aprender a enfrentar a realidade. É preciso somente
seguir a energia dele, alimentá-lo, limpá-lo, incluí-lo em todos os momentos
do casal e se possível não violá-lo com procedimentos invasivos (circuncisão,
vacinas, exames desnecessários). "Quanto mais a criança tiver seus desejos
satisfeitos enquanto for pequena, mais forte será seu ego e mais fácil será,
quando adulto, para ela enfrentar as contrariedades que lhe ocorrerem." p.
183

Viver

Quanto mais as pessoas se conscientizam da responsabilidade de suas


escolhas e da importância da honestidade, mais podem mudar a sua forma
de ser. Com mais honestidade podem ser mais livres e claras, quando
escolhem podem sentir-se fluir mais. A vida deixa de ser tão complicada
porque a pessoa percebe que a influencia o tempo todo.

Escurecimento

O Escurecimento é um workshop em que todas as regras habituais são


modificadas, as pessoas passam uma semana sendo horríveis (são
superficiais, tentam causar boa impressão, contam mentiras para obterem o
que querem, culpam os outros pelos problemas, bebem bastante, andam de
modo rígido, respiram de forma limitada, fumam...). Ao final do workshop as
pessoas tornam-se mais conscientes de como se torturam e de como fazem
para sentirem-se péssimas. A partir da conscientização as pessoas percebem
como fazem suas escolhas e como tudo o que fazem é passível de se
mudado.

Apreciação pessoal sobre o livro


As informações apresentadas pelo autor são de extrema importância para o
desenvolvimento pessoal e para a prática psicoterápica individual, de casal,
famílias e grupos.

A abordagem do autor sobre temas como conscientização, escolha,


responsabilidade pessoal, verdade, honestidade, fases de desenvolvimento,
ciclos de energia... auxilia a ampliar a visão sobre a forma como as pessoas
agem, se comportam e se relacionam e também sobre o próprio processo
psicoterápico. Ambos, tem realmente um fluxo natural simples, que se
observado torna as escolhas simples e óbvias, no entanto, é preciso
desenvolver a percepção e a conscientização a respeito do que se faz, de
modo a responsabilizar-se pelas escolhas realizadas.

Fica clara a necessidade de o profissional conscientizar-se e responsabilizar-


se por suas escolhas durante o processo e também de ser um facilitador para
o processo de desenvolvimento de autonomia do cliente, o qual é o
responsável por suas escolhas.

Nome do autor da resenha e data: : Janice Ornieski de Souza / Fevereiro de


2004.
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