You are on page 1of 4

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Licenciatura em Antropologia

Antropologia Urbana

Docente: Margarida Paulo

Discente: Nilza Massangaie

3ºAno/ 1º Semestre 2022

Referência bibliográfica

Hannerz, Ulf. 1980. “The search for the city”. In: Exploring the City. Inquiries toward
an Urban Anthropology, pp. 58-73. New York: Columbia University Press.

Hannerz (1980) aborda a questão do urbanismo a partir dos trabalhos desenvolvidos na


escola de Chicago, onde os autores discutem a questão da cidade, a dicotomia urbano-
rural. Entretanto, o autor discute urbanismo, tentando defini-lo de maneira válida para
todos os tempos e em todos os lugares. O autor argumenta que a forma como o
urbanismo é exposto à heterogeneidade da cidade e se move através de contactos com
vários indivíduos e grupos, ele passa a aceitar a instabilidade e a insegurança como
normais, uma experiência que aumenta seu cosmopolitismo e sofisticação. O autor
baseou-se n método de revisão de literatura

O autor explica que passar por muitos empregos, vizinhanças e interesses em sua vida
impede o morador da cidade de se comprometer demais com outras pessoas. Apesar de
1
toda a sua mobilidade, ele não pode adquirir uma visão geral da complexidade de sua
comunidade como um todo, por razões como essa, o comportamento colectivo na cidade
tende a se tornar imprevisível.

O autor explica que a discussão da dicotomia urbano-rural não é recente, pois, muitos
estudos dos antropólogos e sociólogos estavam mais preocupados nas características
territoriais, pelo que os estudos de Redfield influenciaram muitos antropólogos
modernos. No entanto, a dicotomia foi transformada em um continuum, em
reconhecimento ao facto de que as sociedades reais ou modo de vida nem sempre
mostravam um ajuste de vida muito próximo a qualquer um dos tipos polares, mas
poderiam colocar entre eles.

O autor diz que para um antropólogo, seu apelo pode em grande parte, com ênfase nas
relações sociais e nas formas de pensar realizar grandes feitos no estudo do fenómeno
urbano. Segundo o autor, Wirth vê a cidade como um sistema fechado, pois, a relação
entre cidade e sociedade surge como uma influência unidireccional, agindo sobre seus
arredores através de um processo de difusão, e remodelando-os a sua própria imagem,
opondo-se da cidade popular uma visão semelhante a de Redfield, identificando uma
força importante para desorganização na sociedade popular. A cidade de Wirth é
grande, densa e heterogénea.

Entretanto, o autor considera que Wirth quase não tinha nada a dizer sobre como um
modo de vida urbano pode ser mantido em condições não urbanas, dado o entendimento
de que ele só pode se originar nas circunstâncias encontradas na própria cidade. No
geral, é claro que o modo de vida urbano é encontrado em sua forma mais reconhecível
na cidade, sob a influência directa dos três factores de tamanho, densidade e
heterogeneidade. Assim, não existe um acordo universal sobre o quão populosa uma
comunidade deve ser para assumir o status urbano.

O autor explica que a vida social não é um fenómeno de massa, ocorre, em grande parte,
em pequenos grupos, na família, nos bairros vizinhos, na igreja, em grupos formais e
informais, entre outros. Todas as generalizações sobre a natureza da vida social na
cidade devem se basear em estudos desses universos menores, e não sobre declarações
apriori sobre a cidade como um todo.

2
Velho, Gilberto. 2003. “O desafio da proximidade”. In: Pesquisas Urbanas: Desafios
do Trabalho Antropológico, pp. 11-19. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Velho (2003) faz uma análise de Antropologia nas últimas décadas onde afirma que a
antropologia ampliou o seu campo de actuação tornando difícil indicando o objecto que
tenha sido analisado. O autor argumenta que de 1930 a 1960 no Brasil, a preocupação
era estudar a etnologia e estudo de camponeses ou de situações tradicionais como os que
constituíam o objecto dos estudos de comunidade. O autor baseou-se no método de
observação participante e revisão de literatura sobre estudos antropológicos virados para
o contexto urbano.

O autor explica que a partir dos anos 70, houve uma significativa alteração de enfoque e
de pesquisa onde os antropólogos que pesquisavam nas cidades passaram
progressivamente a terem interesse de investigar sistemas e redes de relações (as
favelas, processos sociais mais amplos). Nesta perspectiva os carnavais, malandros e
heróis de Roberto da Matta constituiu um marco com as suas analises de rituais da
sociedade brasileira, os cultos afro brasileiros, a classe trabalhadora, as camadas
populares em geral, os grupos desviantes entre outros foram temas privilegiados.

O autor explica a partir do trabalho de pesquisa que realizou num dos edifício em
Copacabana, baseado sobretudo na observação directa e no contacto permanente com os
moradores que pesquisou dois grupos os nobres e anjos, mas o foco principal do
trabalho estava nos nobres com que as quais convivia com regularidade tendo feito
várias entrevistas complementado com observação participante. Entretanto, a pesquisa
foi importante e crucial o movimento de estranhar o familiar, pois assentou e fortaleceu
certas características do seu perfil intelectual.

O autor explica que hoje estudar o próximo, o vizinho, o amigo já não é um


empreendimento tão excepcional e os trabalhos de pesquisa sobre camadas médias,
género, geração, família e parentesco, religião, política implicam lidar com
problemática da familiaridade e do estranhamento e este movimento é característico da
produção antropologia brasileira. O autor explica também que em 1960 a pesquisa sobre
o desvio e comportamento desviante (doença, prostituição, e homossexualidade) foi
uma área que teve impacto dentro dos estudos urbanos.

3
O autor diz que os indivíduos na sua singularidade, também se tornam matéria da
antropologia na medida que eram percebidos como sujeitos de uma acção social
constituída a partir de redes de significados. Portanto, essa perspectiva era fundamental
para lidar com o universo de camadas médias superiores que estudou, porque tratava
claramente de indivíduo com discurso e práticas de crítica e inovação.

O autor conclui que as possibilidades de fazer um trabalho de pesquisa e ser bem-


sucedido dependem das peculiaridades das próprias trajectórias dos próprios
pesquisadores, que poderão estar mais inclinados ou aptos a trabalhar com maior ou
menor grau de proximidade de seu sujeito. No entanto, não há fórmulas nem receitas
mas sim tentativas de armar estratégias de investigação. Assim cada pesquisador deve
buscar suas trilhas próprias a partir do conjunto de mapas possíveis.

You might also like