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Osea D0 Autor Doacao com encargo e causa contratual. Campinas: Milenium, 2004. Heitos contratuais perante terceiros. So Paulo: Qua Latin, 2007, Dados Internacionais de Catalogacio na Publicagio (CIP) Penteado, Luciano de Camargo Direito das coisas / Luciana de Camargo Penteado, SSo Paulo: Editora Revista dos Tribunals, 2008, 1, Direito civil ~ Brasil 2. Diteto das coisas ~ Brasil 3. Diretos reais ~ Brasil Titulo. 8.00393 cpu 3472061) Indices para catslogosistemstico: 1. Grasl: Dieito das Coi- 35: Direto civil 347.2461) 2. Brasil: Ditelo reais: Dielto civil 347.2061 LUCIA} XXII DIREITO POSSESSORIO. Sunnto: 166, Teorias da posse: 166.1 Teoria de F K, von Savigny; 166.2 Teoria de R. von Jhering ~ 167. Conceito ~ 168. Aquisicio e perda da posse ~ 169. Direito posse e direito de posse 170, Posse de diteitos - 171. Posse, figuras andlogas e especies: 71.1 Posse, detencio e tenga; 171.2 Posse justae injusta; 171.3 Posse de boa-fé ou de mae, 171.4 Posse ad usucapionem ead intendcta; 171.5 Posse diretae posse indireta; 171.6 Composse —172. Eleitos da posse: 172.1 Desforco imediato; 172.2 Agoes possess6rias; 172.3 Direito de percepcao dos fratos; 172.4 Direito de indenizacao por benfeitorias, 172.5 Dizeito de retencao 173, Responsabilidade do possuidor ~ Exereicio ~ Leituras recomendadas. ‘A posse ¢ considerada um dos temas de mais dificil estudo para o direito como um todo. Isto decorre da complexidade do fendmeno possessorio, como também da diversidade de suas manifestacdes, que torna drida a tarefa de reconducao do temaa alguns prinetpios unitarios. Deste modo, para evitar o tratamento das questoes mais, ‘complexas, o tema sera enfocado muito mais em sua perspectiva dogmitica que nas questdes subjacentes e nas teorias que justificam a posse e a protecio possesséria, sem entretanto, descuidar destas 166. Teorias da posse A posse ¢ considerada um dos temas de mais dificil estudo. Isto decorre da nao ficil percepeao dos casos em que se manifesta, bem como dasemelhanga que por vezes se observa em relacao a situacao dominial, Para explicar o conceito de posse, existem, das teorias fundamentais que se opdem, que sio a teoria de Savigny ea de Jhering, 166.1 Teoria de F. K. von Savigny Para Savigny aesséncia da posse estaria na intenco do possuidordeteracoisa ‘como sua. Dafse uilizarda expresso animusrem sibi habendi, deondeseaproveita para dizer que a teoria de Savigny 6 a teoria do animus, da intencio e, portanto, relacionando-se mais ao sujeito de direitos do que ao seu objeto, qualificar-se de teoria subjetivista. ‘Segundo aponta Pontes de Miranda, Savigny opera, como conceito deanimus afundar a posse, uma fusao entre os conceitos de posse interdital e posse para fim de uusucapido, sendoapenas posse aquelanomeada de ad interdicta. A posse seriaento formada pela detencZo somada ao animus domini. Entretanio,estaintencao deveser qualificada pelo fato de se exercer a posse com Snimo proprio e nio alheio.! Pontes de Miranda, Tratado de direito privado cit, .X,p. 26. A regs do ctedorpi feréncia do| possuidores Esta vi tra-se bastai a0 menos et posse pro su Demo a identificar posse deum ela mesma‘ queonaveg ele se sirva Savign de posse, qu se opte pela questies, 6 mais que un vinculadas.. fato; pelasst 6 infinitame: posse, nao s mesmo inde tragaram pai da posse pod entioquear do pode in fundamental dita; quero d mesmo, umé ‘dem, ibidem. Savigny, Trai en possession physiquemen batelier posse delunetdel! Savigny, Trait dem, p. 21-2 etconsideréee certain que de droit: par elle doublenature possession ne Drwero Possesomo 467 A regra savignyana, entretanto, encontra dificuldades para justificar a posse do credor pignoraticio e do enfiteuta, do seqiestratario e do precarista. Para manter a coeréncia de seu pensamento, o mestre germanico recorre ao conceito de trans- feréncia do direito de posse por parte dos ttulares de dominio a estas espécies de possuidores. Haveria assim uma espécie de tradicao do ius possessionis.? Esta visio € uma simplificagao do pensamento do grande jurista, mas encon- tra-se bastante estendida no pensamento brasileiro, O CC parece té-la adotado, ‘a0 menos em parte, em matéria de usucapiao, pois exige uma posse qualificada, a posse pro suo, para a sua verificacao. Demonstrando a diferenca entre a posse e a detencao, justamente com vistas a identiticar no animus 0 fundamento da posse, afirma: “Todos admitem que é na posse de uma coisa em queseencontraa possibilidade, nao somentede dispor sobre elamesma fsicamente, mas ainda de a defender contra toda acio estranha. Assim é que o navegante possui o seu barco, mas nao a Agua sobre a que navega, ainda que ele se sirva de tim e de outro para chegar ao seu destino" > Savigny aponta para o fato de que existem duas questées centrais em matéria de posse, quiais sejam, em primeiro lugar, ser a posse um fato ou um direito. Caso score soihepehcogunia den ahematvs cl duatpoona Geeneos pinaia ces nema Guests, éevdente que em principio, econsiderada em s mesma, a posse ndo in mais que um simples fato; de outro lado, é certo que ha conseqiiéncias legais a ela smals vinculadas. Assim ela ésimultaneamente um fatoe um direito: porela mesma, éum, jenas fato; plas cas conseqiéncias, clase parece com um dreito, Cesta duplenatureza 6 infinitamente importante para tudo 0 que concerne a esta matéria. Com efeito, a posse, nao sendo em principio nada além de um simples fato, asua existéncia é até ‘mesmo independente de todasas regras que odireito civil, ou mesmo ojus gentium, tragaram para a aquisigao e perda dos direitos. € assim que a aquisigao ou a perda da posse pode resultarda violencia, ainda que esta nao seja um ato juridico. E assim — entao queanulidadedeumato, porexemplo, deuma doagaoaque'alteinsinuagao, ae nao pode impedir a aquisicao da posse. £ assim, enfim, antes mesmo desta idéia : fundamental, que a posse, ndo pode ser objeto de uma transmissao propriamente Ting. dita; quero dizer a partir de um possuidor anterior; ele adquire, a0 contrério, porele mesmo, uma posse nova, independente daquela do seu predecessor” > oveta 2 Ader, bide, rat, > Sag, alt dea posestn em dot rman ate, p. 2, “Toutes admeten quienes rse de en possession d'une chose lorsqu’on a la possibilité, non-seulement disposer soi-méme physiquement, mats enone de defend contre toute acon crmgee Cet an ue rims bateler pont bien son btn, mas non Feu sur lg navigue quoi se seve Pies duet dase pore se ing as + Sevigny Tite dela possesion ci, p. 20, sone Idem, p. 21-22." Quant a premirede es questions est evdent qu dans son principe, etconsidéréeenelle-méme, lapossession rest qu'un simple fit; ‘autre pat, ilestfoutaussi certain que des consequences légales y ont été attachées. Ains elle est la fois un fait et un. droit: par elle-meme, Cest un fait; par ses consequences, elle resemble aun droit, et cette double nature est infiniment importante pour tout ce quiconcernecette matiere. Enelfet, la possession n'étanten principe qu'un simple fait,son existence estparlaméme indépendante 468. Dineito 0xs Covsas 166.2 Teoria de R. von Jhering Ateoria de Jhering em matéria de posse é denominada também de teoria obje- tivista porque, para ele, o fundamento da posse 6 fato de. possuidorse apresentar socialmente como proprietario, dai ser conhecida sua assertiva de que a posse é a imagem do dominio (imago domini). O que caracterizaaposseé corpus, ouseja, 0 contatofisicodireto ou indireto como bem, uma relacdo que passa pela vsibilidade ‘oupossibilidade concreta ce reconhecer a posse e que se identifica coma chamada relac3o interna da posse.“ Esta relac3o estaria profundamente ligada a nocao central do pensamento do mestre germénico, que é a nocdo de interesse. Segundo seu pensamento, a posse das coisas é a exteriorizacao da proprie- dade. Sob esta rubrica, afirma que “s6 esta noc3o pode expressar como a posse € a propriedade cobrem-se mutuamente, segundo 0 quer 0 interesse do comércio. Concebida assim a posse, acompanha sempre a utilizagao econémica da proprie- dade e o proprietério nao tem que temer que o direito o abandone enquanto use da coisa de uma maneira conforme a sua destinacio"” Sobre a genialidade da teoria de Jhering, afirma Pontes de Miranda que “teve 0 éxito brilhante de toda atividade que destr6i, mas, onde destruiu, algo constr6i”* Em sua visio, a distingao entre posse e detencao 6 uma distin¢ao que cabe a0 ‘ordenamento jurfdico positivo, ou seja,trata-se, ao fim e a0 cabo, de uma opcao legislativa.? Daf que o autor provando ter o corpus, incumbiria ao réu provar a nao qualificacao de posse de sua situagao juridica. Deve provar ser 0 autor detentor para ter sua pretensio acolhida. Esta questo seria no fundo uma escolha, donde o crater negativista da teoria de Jhering.'® Para ele, “corpus e animus so insepardvels, como a palavra e o pensamento. Desde o momento em que se dé o ato de apreensdo, a proximidade transforma-se «em relagao possesséria: nascem corpus e animus”."” Esta isdo também éuma simplificacdo, masencontra-se difundida entrenossos autores. Segundo a maioria deles, seria esta teoria que teria embasado a construcao dosistema possess6rio do CC. $6elaé compativel, por exemplo, comapossibilidade dda chamada divisao vertical da posse, em posse direta e posse indireta de toutes les rogles que le droit civil, ou meme le us gentium, on tracées pou Tacquisition et la perte des droits, Cest ainsi que T'acquisition ou la perte de la possession peut résulter dela violence, quoique celle-cine soit certes pas un acte juridique. Cestainsi encore quela naullicéd'unacte, par exemple d'une donationa cause du manque dinsinuation, ne pourrait tempecher Pacquisition dela possession. Cestains| enfin, coujours d'aprés cette meme idée fondamentale, que la possession ne peut guére faire Tobjet dune transmission proprement dite; je veux dire qu'un possesseur antérieur; il acquiert au contraire pour lui-meme une possession nouvelle, indépendante de celle de son predécesseur” Jhering, Laposesién, p. 218, Idem, p. 214-215, Pontes de Miranda, Tratado de direto privado cit, t X,p. 30. Neste sentido, a regra de direito, e nao a vontade determinaria a presenca da posse em ddeterminada situagio de diteito, Cf. hering, op. cit. p. 642. Pontes de Miranda, Tratado cit, t.X,p.31 Idem, ibidem, 167. Conceito A posse, nos te seja possuidor, consi qualquer poder fat: poder de fato que cor ‘modo, 0 poder de fat poderes faticamente, podera até mesmo st que a posse seja met conseqdéncias juricl Estas conseqite emsi. A posse € sup¢ sorias e da usucapia Por vezes, posse, como, po 10s autos de im como direito de que se falar em s Neste sentido, ju posse o cardter¢ Aleindo deciar direito transmis a ser apurada, e para que o dite pena ser anotad transmissao da f art, 495 do anti seria de se obse utilizacao do te como na pratica Pontesden eexameatento. relacao entre ter suas categorias, de tenga, de mo feito), outros er somente entram apenas fatos de TSP Ap.Cv. 327 3864, Ementa: "I Interesse processt Pontes de Mirand mbém deteoria obje- »ssuidor se apresentar va de que a posse éa = €0corpus, ouseja, 0 asa pela visibilidade tifica coma chamada igada &nogaocentral esse. jorizacao da proprie- essar Como a posse € teresse do comércio. -onémica da proprie- Jone enquanto use da de Miranda que “teve truiu, algo constréi".” istincao que cabe ao cabo, de uma op¢ao ia ao réu provara nao rser o autor detentor uma escolha, donde o lavra eo pensamento. midade transforma-se difundidaentre nossos nbasado a construcdo 0, comapossibilidade e indireta, acées pour Facquisition possession peut résulter Cestainsiencorequela insinuation,ne pourrait dapres cette meme idee ansmission proprement aire pour Iui-méme une a presenga da posse em Disero Possesonio0 469 167. Conceito A posse, nos termos do CC 1.196, que a define a partir da definicao do que seja possuidor, consiste no exercicio de um poder de fato. Entretanto, nao € todo € ‘qualquer poder fatico que se pode considerar como possessério. $6 ¢ possessorio 0 poder de fato que compreenda um exercicio de poderes inerentes ao dominio. Deste modo, o poder de fato deve ser de usar, gozar, dispor e reivindicar. Quem exerce tais poderes faticamente, isto é, independente de uma titulagao juridica formal, a qual podera até mesmo subsistir, ¢ o possuidor, sendo 0 exercicio do poder, a posse. Dai que a posse seja mero fato social, a que se atribuem, em determinadas hipsteses, conseqiiéncias juridicas. Estas conseqiténcias juridicas, entretanto, naose devem confundir coma posse emi. A posse ¢ suporte fatico de normas juridicas, notadamente das agoes posses- sorias ¢ da usucapiao. Por vezes, 0s tribunais se deparam com as dificeis questdes suscitadas pela posse, como, por exemplo, a referente a0 fato de ela poder ser objeto de par nos autos de inventario. Ela pode ser partihada porque, apesar de fato, integra, ‘como direito de posse, 0 patriménio dos sujeitos de direito, havendo, portanto, ‘que se falar em sucesso de posse, ou sucesso na posse, ainda que causa mortis. Neste sentido, julgou 0 TJSP: “Nao ha davida de que na vida pratica se confere & posse o cardter de direito, tanto que habitualmente ela é cedida por atos onerosos. Alei nao declara nulos esses atos, admitindo sua validade. Trata-se, portanto, de direito transmissive. ..) Se ha transmissibilidade e conseqiientemente a heranca a ser apurada, est presente o interesse processual e 0 inventirio deve prosseguir para que o diteito & posse do falecido seja partilhado entre seus herdeiros. Vale a pena ser anotado que o art. 1.206 do atual Cédigo Civil prevé expressamente a transmissao da posse aos herdeiros ou legatérios do possuidor, repetindo regra do art. 495 do antigo Cédigo, vigente na época da abertura da sucessao”.!” Apenas seria de se observar que a terminologia cienttfica mais apropriada recomenda a utilizagdo do termo direito de posse nestas circunstancias e no diteito & posse, como na pratica foi utilizado. Pontes de Miranda tem uma teoria toda particularda posse, que merece estudo eexame atento. Enunciandoem pequenas linhaso seu pensamento, afirma,sobrea relacdo entre tenga, detenc3o e posse: “o mundo juridico, conformea estrutura das suas categorias, a que correspondem poderes faticos, seleciona os suportes faticos de tenga, de modo que uns nao entrem no mundo juridico (tencas sem qualquer feito), outros entrem como posse e outros como detencio. Hi poderes féticos que somente entram para a usucapido, mas esses ndo sio, de si s6s, suportesfaticos; 0 ‘apenas fatos de tenga que se encaixam como elementos de suportes faticos”."” TSP, Ap.Civ. 327.916-4/0, el, Des, Mauricio Vidigal, j 23.11.2004, Bol. AASP 2466. p. 3864. Ementa: “Inventatio, Pretensao a patilha de direitos a posse. Extingao por falta de intetesse processual, Inadmissibilidade, Direitos transmissiveis. Apelagao provida”. Pontes de Miranda, Tratado cit, t.X,p-33. | 470. Diesiro pas Covsas 168. Aquisigao e perda da posse Como poder de fato que é, posse adquire-se e perde-se quando se tomam pos- siveis ou imposstveis os fatos de exercicio de poderes dominiais, Deste modo, acertou ‘0CCao nao mais elencar modos, ainda que exemplificativos, de aquisicao.e perda da posse, como fazia 0 CC/1916. Estando a posse no plano fatico, nao teria sentido se elencarem modos tipicos de aquisi¢ao. Assim que se torne possivel oexerciciode um, poder de fato, ocorre posse, estando a mesma configurada, Deste modo, preceitua 0 CC 1.204: “Adquire-sea posse desde o momento em que se torna possivel oexercicio, em nome proprio, de qualquer dos poderes inerentes a propriedade” A posse nao necessita ser adquirida pela propria pessoa que o pretende ou por seu representante. Dadaa realidade de um poder fatico, pode seradquirida ainda por terceiro sem mandato, desde que, posteriormente, haja a ratificacao. Como se trata de situacao de fato que merece a protecao do direito e que, para este fim especifico, encontra-se jurisdicizada, a posse transmite-se por heranga, do mesmo modo como estava no patrimdnio do de cujus. Existe, no CC 1.207, 0 principio da continuidade da posse, segundo 0 qual 0 sucessor prossegue a posse do antecessor. Existe uma continuidade de direito no caso do sucessor a titulo universal ¢ uma continuidade que pode ser obtida para efeitos legais, mediante a faculdade de determinar a acessio possessionis. Osatos de mera permissao ou tolerancia nao induzem posse, assim como osatos violentos ou clandestinos, sendo depois de cessar a violencia ou clandestinidade, Salvo prova em sentido contratio, a posse de bem imovel faz presumir a das coisas méveis que nele estiverem. Quanto a perda da posse, € necesséria a perda do poder fatico. Esta pode se dar ainda contraavontade do possuidor. No caso especifico de esbulho, existe importante regra previstano CC 1.224, segundoa qual 6 se considera perdida, para quem nao 0 presenciou, no caso de abster-se de retomar a coisa, ou ainda, tentando recuperd-la tersido violentamente repelido. 169. Direito a posse e direito de posse Convém distinguir direito a posse de direito de posse. Assim, nao ha nada em. ‘comum entre o ius possidendi eo ius possessionis. O diteito a posse € prerrogativa dos, titulares de situacdes juridicas de direitos reais que compreendam fungio de goz0, Deste modo, o direito a posse € 0 direito a tera posse consigo que integra o dominio ‘ou os demais direitos de gozo para permitir 0 exercicio do contetido efetivo deste direito. 4 direito de posse ¢ consequéncia de estar alguém na situacado possesséria, € consequiencia da posse. Notadamente, consiste numa pretensao de protegao, de respeito. Assim, o direito do possuidor ter asituacado possessoria respeitada por todos, inclusive pelo proprietario, édireito de posse, que visa manter a paz social. 170. Posse de dit itos Einadmissivela posse de direitos pessoais. Posstem-se coisas ou bens que pos- sam seguir o regime das coisas, ou seja, possuem-se apenas ¢ tio somente bens que censejam asituacao ju posse do CC 1.196. C por atos que se assem buscar, sempre, um 0 Assim, por exent “Binadmissivel o inte atal direito devem se as situacdes juridicas do ECAD contra esta nao havia ameaca a p eleita pelo demandan ter o decreto de proib autores das obras mu proibitério, Inadmiss especial, éadmissivel aco eaospressupost dacontrovérsia. Prece direito autoral” (stim 171. Posse, figuras Dopontode vist destacar a presuncao com o cardter segund 171.1 Posse, deten ‘A posse nao se c emnome proprio det lidades, no exercicio. também denominade por esta dependencia em nome alheio, def favor as acdes interd poder € préprio e nac Sao detentores administra abibliote em relagao aos instru Hatencaéame cconseqitencia juridic 6 REsp. 04458/PR, 1 indo se tornam pos- Destemodo, acertou aquisigao e perdada no teria sentido se loexerciciodeum e modo, preceittiao possivel oexercicio, lade” \eo pretende ou por adquiridaainda por acto. o direito e que, para e-se por heranca, do se, segundo o qual 0 de de direitonocaso 1 obtida para efeitos is. c,assim comoosatos u clandestinidade, ‘faz presumir a das lico, Esta pode se dar ho, existe importante ida, para quem naoo ientando recuperd-la sim, nao ha nada em sse € prerrogativa dos dam funcao de gozo. te integra o dominio mnterido efetivo deste sitwacdo possessoria, nsao de protecao, de irespeitada portodos, ra paz social sisas ou bens que pos- tdo somente bens que Digero Possssao 471 censejam asituagao jurfdica de direito das coisas. Isto decorreda propria definicao de posse do CC 1.196. Conseqaéncia disto é que nao assistea direitos pessoaisafetados por atos que se assemelhem a perturbacdes, a tutela das acdes possessorias, Deve-se buscar, sempre, um outro remédio juridico tutelar. ‘Assim, por exemplo, encontra-sesumulado no ST) 228,0entendimentodeque “F inadmissivelo interdito proibitorio paraa protecao do direito autoral”. Violacoes tal direito devem ser tuteladas pelo remédio cautelar ou indenizatorio, conforme as situagdes juridicas apresentadas. Seguindo esta tradicao, decidit o ST) em acto do ECAD contra estabelecimento que utilizava musicas em determinado local que indo havia ameaca a posse do direito autoral. Afirmou-se: "No caso dos autos, a via Cleita pelo demandante foi precisamente a do interdito proibitério para. fim de ob- ter o decreto de proibicdo as rés de execugao musical, sem prévia autorizagao dos autores das obras musicais”. A ementa da decisao afirma: “Direito autoral. Interdito proibitorio. Inadmissibilidade. Recurso Especial. Decretacio de oficio, No recurso especial, Gadmissivelao ST} conhecer deoficio dasmatériasalusivas as condicoes da ‘aed e 0s pressupostos processuais, quando Ihe forsubmetidaaapreciagaoomérito dacontroversia. Precedentes, “E inadmissivel ointerdito proibitorio paraa protecao do direito autoral” (stimula 228-ST)). Recurso especial nao conhecido”.* 171. Posse, figuras andlogas e espécies Doponto de vista das classificagSes da posse quese veraoadiante, ¢importante destacar a presuncdo segundo a qual se entende que a posse presume-se mantida como carter segundo o qual foi adquirida. 171.1 Posse, detencao e tenca ‘A posse nao se confunde coma detencio ea tenca. A posse consiste no exercicio emnome proprio de um poder dodominio, adetencio consiste, numa de suasmoda- Iidades, no exercicio em nomealheio. Por conta disto, nestas situacbes, o detentor € também denominado de serventuario de posse, sendo sua situacao juridica marcada por esta dependéncia em relacdo ao possuidor efetivo. O detentor pode, ainda que fm nome alheio, defender a posse contra ameacas ou agressdes, mas ndo tem sett favor as agées interditais, A detencao distingue-se da posse direta porque nesta 0 poder é proprio e naquela o poder € alheio. sao detentoreso empregado que utiliza materiais do patrao,o bibliotecario que administra a biblioteca, o mandatario que cuida de objeto do mandante, o operatio fem relacao aos instrumentos de trabalho, como € 0 caso da fresa. ‘Jaa tenca éa mera situacdo material de apreensio fisica do bem, sem qualquer conseqiencia juridica protetiva M4 REsp, 94458/PR, rel. Min, Barros Monteiro, j 15.02.2001, DJU 09.04.2001. 472. Diwerro pas Corsas 171.2 Posse justa e injusta A posse podera ser justa ow injusta. A posse justa define-se por antagonismo em relacdo & posse justa. A posse justa éa posse que nao é violenta, nem clandesti- na, nem precéria. A posse, quando for de alguma destas modalidades sera injusta qualificativo nao retira de modo absoluto o direito de posse, mas apenas aponta para. situagao andmala do quadro possessorio e para a possibilidade de defesa do Proprietario ou possuidor legitimo com maior presteza. Posse violenta éa quese obtém ou se mantém comemprego de forca. Esta forca pode serdirigida contra pessoa do possuidor ou contrasua familia, ouaindaa partir do bem, indiretamente. Posse clandestina € a posse que se obtém ou se mantém as ocultas, sem uma projecdo social, de modo que se escondaa figurado possuidor dasociedade.O oposto da clandestinidade é a publicidade. A posse precéria € a posse obtida mediante abuso de confianca. Configura-se, ordinariamente, nas situagdes em que o possuidor, inicialmente, possuia de modo legitimo, mas entretanto, normalmente pelo descumprimento de cldusula contratual, passa possuir de modo precario.E 0 caso do comodatario notificadoadevolugaodo bem ao comodante, mas que, nada obstante isto, nao o devolve, ou ainda do arren- datario mercantil que constituido em mora nao devolve ao arrendante o bem objeto de leasing. A posse precaria pressupoe uma relacao de confianca prévia. Nao se deve confundir a posse precéria em simesmo considerada coma posse a titulo precério, isto é, o vicio da posse com uma situacao contratual de dependencia, Neste sentido, Bevilaqua afirma: “O vicio, naturalmente, nao esta na precariedade da posse. E perfeitamente licita a concessio da posse de uma coisa, titulo precario, isto é, paraserrestituida, quando o proprietério a reclamar. O vicio esta na recusa da restituigdo, a que se obrigara o possuidor".”” 171.3 Posse de boa-fé ou de mé-fé A posse pode se qualificar também em posse de boa ou de mé-fé. Para esta classificacdo, levam-se em conta outros critérios, quais sejam, 0 estado subjetivo do ossuidor. A posse de boa-fé éa posse do que ignorao vicio ou obstaculo que impede aaquisicdo do direito, enquanto a de ma-fé é a posse daquele que € ciente do vicio. Apposse com justo titulo faz presumir a boa-fé A posse de boa-fé s6 perderd seu cardter nos casos em que as circunstancias permitem presumir que o possuidor nao ignora que possui indevidamente. 171.4 Posse ad usucapionem e ad interdicta A posse também pode ser classificada como posse ad usucapionem e ad inter- dicta. Bevilaqua, Direito das coisas, v.1,p. 51. A posse para fir a aquisicao da prop de um aspecto da po existemespéciesde} ‘© possuidor ase val Pignoraticio,!* do lo evenda financiado, A posse adusue: ‘nao se confunde con tos da posse. Esta dis no direito romano.” inconteste, mansae essencial a configur: objetivamente verifi ComoafirmaLe “atitulo de proprieta A posseatitulo ‘mos da usucapiao (5 contestacao judicial. gadaimprocedente, todos, como situacac inequivoca, nao deix do ato como de outra A posse interdit sorias, como aacao d 171.5 Posse direta A posse tambén daquele que exerce u dia este contato por indireta. Na afirmaca Aposse diretaé« to, a posse ou proprie derivada, obsta ao us alheia, o que The ret pressupostos deste in Neste sentido, Pon CE. idem, ibidem, Nequete, op-cit, p. ™ Bevilaqua, Direito ¢ Idem, p.36-37, — _ ie Disero Possestito 473 ‘Aposse para fins de usucapido éaquelaque retine os requisitos necessarios para a aquisicao da propriedade de acordo com o referido modo de aquisigao. Trat de umaspecto da posse como fator de eficacia do fato juridico da usucapiao. Assim, existem especies de posse quenao sao ad usucapionem e que, portato, ndoautorizam © possuidor a se valer do instituto. Isto ocorre, por exemplo, coma posse do credor ignoraticio,'*do locatario, do titular de posse oriunda de compromisso de compra vend financiado, enquanto nao pagas as prestacdes, posse ad usucapionem élemento do suportefatico da usucapiao, Destemodo, ‘nao se confunde com a posse em si mesma considerada, nem tampouco com os efei- tos da posse. Esta distin¢ao, embora ndo com a mesma clareza, jé houvera sido feita no direito romano.” A posse ad usucapionem reine os caracteres de ser continua ¢ se por antagonismo lenta, nem clandesti- alidades sera injusta e, mas apenas aponta bilidade de defesa do gode orca. Esta forca nilia, ouaindaapartir | as ocultas, sem uma inconteste, mansa e pacifica. Além disso, € posse pro suo, ou animo domini. Isto €, € asociedade. O oposto essencial a configuragao de uma posse para fins de usucapiao que haja a intengao, objetivamente verificavel, de tera coisa como sua, ifianga. Configura-se, ‘Comoafirma Lenine Nequete, sto caracteres da posse ad usucapionem que estaseja eae de Lae “a titulo de proprietario, continua, ininterrupta, publica, pacifica e inequivoca” fon ddoadeveluraodc Apossea tulo de proprietario éaquela dita prosuo e examinada quando trata- eoaaaini denen! ‘mos da usucapiao (55.2.1). A posse continua ¢ ininterrupta é aquela que nao sofreu endante o bem objeto contestacdo judicial ou extrajudicial, ou tendo sofridoa primeira, foi a demanda jul- ca previa gada improcedente, a posse publica é aquela nao clandestina e socialmente vista, por todos, como situacao possesséria. Além disso deve ser pacifica, isto €,nao violenta, € a aa inequivoca, nao deixando margens para interpretacdes que permitam aqualificacao doato como de outra espécie, como, por exemplo, de detengao. ‘est na precariedade aa E : : coisa, titulo precario, A posse interdital é aquela que merece a protecao dos interditos eacdes posses- sorias, como a agao de proibicao, a acao de mamutencao e a acao de reintegracio. vicio esta na recusa da 171.5 Posse direta e posse indireta A posse também se divide em posse direta e posse indireta. A posse direta € a ade mé-fé. Para esta daquele que exerce um contato fisico imediato sobre o bem. Jé a posse indireta me- estado subjetivo do dia este contato por meio de negécio juridico. A posse direta convive com a posse sbstaculo queimpede indireta. Na afirmacao de Beviliqua, sao duas posses paralelas."” que € ciente do vicio. A posse direta é derivada da indireta, sendo pressuposto para que surja, portan- to, a posse ou propriedade de um sujeito, anteriormente a esta.” A posse, quando que as circunstancias derivada, obsta ao usucapiao, justamente por ser posse decorrente da propriedade devidamente. alheia, o que lhe retira o caraier pro suo, necessério para a verificagao de todos os pressupostos deste instituto, sucapionem e ad inter- "4 Neste sentido, Pontes de Miranda, Tratado cit. t. Xp. 20. © Ch idem, ibidem, ™ Nequete, op.ct.,p. 67, Bevilaqua, Direito das coisas ct, ¥.1,p.35. 2 Idem, p. 36-37, 474. Dinero pas Corsas ( possuidor indireto tem a posse no seu patrimonio, nada obstante nao poder contar como exercicio efetivo do seu contetido econdmico porcontadequeomesmo esteja no poder do possuidor direto. Eaeste que cabeaadministracao do bem. Tema posse direta, por exemplo, oarrendatario, olocatario, 0 comodatatio, 0 depositario, 0 credor pignoraticio no penhorcomum. Téma posse indireta oarrendante, o locador, ‘o comodante, 0 depositante, o devedor no penhor comum. A divisao da posse em direta ¢ indireta nao anula a protecdo possessoria que deve ser deferida a cada um dos titulares da situacdo possessoria, mesmo um contra © outro para a protecto do contetido efetivo de seu direito de posse. Por conta da ‘mediacao quese estabelece, alguns denominam esta distincao de desmembramento vertical da posse, por oposica0 ao desmembramento horizontal da posse, que ocorte, por exemplo, na compose. 171.6 Composse A composse consiste na modalidade de exercicio conjunto da posse por mais de um sujeito de direitos. A situacdo de fato e 0 exercicio do poder possessério, que € de fato, compartilha-se com uma ou mais pessoas. Por conta disso, denomina- se o desmembramento da posse, na composse, de desmembramento horizontal O compossuidor deve respeitar 0 exercicio dos poderes possessorios dos demais compossuidores. 172. Efeitos da posse Diante da dificuldade em se compreender aesséncia do fendmeno possess6rio, acaba por ser importante capitulo do estudo da posse a percepcao do que sejam os chamados efeitos da posse. Sao eles 0 desforco imediato, as acdes possessorias, 0 direito de percepgio dos frutos, o direito de indenizagio por benfeitorias e 0 direito de retencao. 0s efeitos da posse podem irradiar quando do ingresso da posse no mundo juridico. Isto pode ocorrer quando ela se torna elemento do suporte fatico de um ilicitoabsoluto, Nos demais casos, 0 efeito da posse depende da vit6ria do verdadeiro possuidor ou proprietario, ou ainda correspondem propriamente ao exercicio do poder de fato. 172.1 Desforgo imediato O desforco imediato e a legitima defesa de posse sio atos de protecdo que o ordenamento defere ao possuido para, diretamente, defenderasituacao possess6ria. E.um caso excepcional de auto-tutela, em que o possuidor ameacado, em momento imediatamente posterioraameaca, tomaa frente sua defesa e, utilizando-sedos meios proporcionais, protege a sua situacao. 172.2 Ages possessérias Outro direito deferido pelo ordenamento sao as acdes possessorias. As acdes ossessérias sao a protecio judicial da posse, quando um ato ilicito de ameaga, turbagao ou esbulho do poder de fato. Vis percepeao de que a p houve por bem prote Distinguem-se possess6rio tenha sid as aces seguem 0 ri partir desta distincao A posse velha, tradici fluencia do direito ar mais célere, em acao, possuidor orientados [As agoes posses possibilidade de se re de que se encontra n ‘convertaa turbacao ¢ plasticidade com que Dilidade das possess¢ Masasacdes pos to, na propria contest dadedereconvencio material, na medida ¢ Importante regt quem € 0 possuidor, ficar comprovado qu dirigida a acao posse posse ou deterioraca esbulho (CC 1.212). Diante do fato d ficuldade promunciac tiltimas regras para a do proprietatio do pr timamente, dado que de posse, que édo pn Do ponto de vis sto duplices e fungiv sedizente possuidor, orientado a tutela po recebimiento, haven¢ pressuposto fatico, re 172.2.1 Agdo Aagao de proibi ameaca. A ameaca se

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