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André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 1

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4
1.1. CONCEITO ............................................................................................................................ 4
1.2. OBJETIVO ............................................................................................................................. 4
1.3. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................... 4
1.3.1. Judiciais ........................................................................................................................ 4
1.3.2. Administrativos ............................................................................................................. 4
1.4. INFUNGIBILIDADE COMO REGRA ......................................................................................... 4

2. HABEAS-CORPUS .................................................................................................................... 5
2.1. ORIGEM HISTÓRICA ............................................................................................................. 5
2.2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................................... 5
2.3. OBJETO ................................................................................................................................. 5
2.4. ALGUMAS HIPÓTESES DE CABIMENTO ................................................................................ 5
2.4.1. Para desentranhar prova ilícita em processo penal ..................................................... 5
2.4.2. Contra quebra de sigilo bancário ................................................................................. 6
2.4.3. Contra a imposição de sursis ........................................................................................ 6
2.4.4. Contra convocação de Comissões Parlamentares de Inquérito ................................... 6
2.4.5. Contra excesso de prazo em prisões cautelares ............................................................ 6
2.4.6. Trancamento da ação penal ou do inquérito policial ................................................... 6
2.5. ALGUMAS HIPÓTESES DE DESCABIMENTO .......................................................................... 6
2.5.1. Imposição de sanção administrativa ............................................................................. 6
2.5.2. Decretação de seqüestro de bens .................................................................................. 6
2.5.3. Determinação de perda de patente militar ................................................................... 6
2.5.4. Impetrações sucessivas e supressão de instância ......................................................... 6
2.5.5. Contra decisões do STF ................................................................................................ 7
2.5.6. Inabilitação para o exercício de cargo público ............................................................ 7
2.5.7. Pena de multa ............................................................................................................... 7
2.5.8. Pena restritiva de direitos ............................................................................................. 7
2.5.9. Pena integralmente cumprida ....................................................................................... 7
2.5.10. Suspensão de direitos políticos ................................................................................... 7
2.5.11. Punições disciplinares militares (art. 142, §2 o).......................................................... 7
2.5.12. Guarda de filhos menores ........................................................................................... 7
2.5.13. Impeachment ............................................................................................................... 7
2.5.14. Inquérito policial ........................................................................................................ 7
2.6. TIPOS .................................................................................................................................... 8
2.6.1. Preventivo (antigo salvo conduto) ................................................................................ 8
2.6.2. Liberatório ou Repressivo ............................................................................................. 8
2.7. LEGITIMIDADE ..................................................................................................................... 8
2.7.1. Pólo ativo – Impetrante ................................................................................................ 8
2.7.2. Beneficiário – Paciente ................................................................................................. 8
2.7.3. Legitimidade passiva (autoridade coatora ou impetrado): .......................................... 9
2.8. OUTRAS QUESTÕES IMPORTANTES ...................................................................................... 9
2.9. COMPETÊNCIA: .................................................................................................................... 9
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3. HABEAS DATA ......................................................................................................................... 10


3.1. OBJETO DE PROTEÇÃO ......................................................................................................... 10
3.2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................................... 10
3.3. PRESSUPOSTO JURISPRUDENCIAL........................................................................................ 10
3.4. PROCESSO SIGILOSO? .......................................................................................................... 11
3.5. LIMINAR ............................................................................................................................... 11
3.6. LEGITIMIDADE ATIVA .......................................................................................................... 11
3.7. LEGITIMIDADE PASSIVA ....................................................................................................... 11
3.8. COMPETÊNCIA ..................................................................................................................... 11

4. MANDADO DE SEGURANÇA ................................................................................................ 12


4.1. CONCEITO ............................................................................................................................ 12
4.2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................................... 12
4.3. RITO...................................................................................................................................... 12
4.4. OBJETO ................................................................................................................................. 12
4.5. HISTÓRICO ........................................................................................................................... 12
4.6. O MANDADO DE SEGURANÇA NO DIREITO BRASILEIRO ...................................................... 13
4.6.1. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)...................................... 13
4.6.2. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional) .................................................. 13
4.7. ILEGALIDADE E ABUSO DE PODER........................................................................................ 13
4.7.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional .................................................... 13
4.8. TIPOS: PREVENTIVO E REPRESSIVO ..................................................................................... 14
4.8.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional .................................................... 14
4.8.2. Celso Agrícola Babi (Do Mandado de Segurança, Forense) ....................................... 14
4.8.3. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)...................................... 14
4.8.4. Preventivo ..................................................................................................................... 14
4.8.5. Repressivo ..................................................................................................................... 14
4.8.6. Notícia do STF: ............................................................................................................. 14
4.9. DIREITO LÍQUIDO E CERTO .................................................................................................. 15
4.9.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional .................................................... 15
4.9.2. Hely Lopes Meirelles .................................................................................................... 15
4.9.3. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)...................................... 15
4.9.4. Acórdãos ....................................................................................................................... 15
4.10. DESCABIMENTO CONTRA LEI EM TESE .............................................................................. 15
4.10.1. Súmula ........................................................................................................................ 16
4.10.2. Acórdãos ..................................................................................................................... 16
4.11. CONTRA PROJETO DE LEI E PERDA DO OBJETO APÓS CONVERSÃO EM LEI ...................... 16
4.11.1. Acórdãos ..................................................................................................................... 16
4.12. AUTORIDADE RESPONSÁVEL .............................................................................................. 16
4.12.1. Celso Bastos (Do Mandado de Segurança) ................................................................ 16
4.12.2. Acórdão....................................................................................................................... 16
4.12.3. Súmula ........................................................................................................................ 16
4.13. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA ........................................................................... 17
4.13.1. Acórdão ....................................................................................................................... 17
4.14. NATUREZA JURÍDICA DA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA ................................... 17
4.14.1. Gustavo Nogueira ....................................................................................................... 17
4.14.2. Vedações à concessão de liminar ............................................................................... 17
4.15. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA NA SENTENÇA ............................................................. 18
4.15.1. Gustavo Nogueira ....................................................................................................... 18
4.16. CABIMENTO DA MEDIDA LIMINAR APÓS DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA ............................ 19
4.16.1. Hely Lopes Meirelles (Mandado se Segurança e Ação Popular, 8ª Edição) .............. 19
4.16.2. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional .................................................. 19
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4.16.3. Súmula ........................................................................................................................ 19


4.16.4. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional) ................................................ 19
4.16.5. Lei ............................................................................................................................... 20
4.17. RECURSO ADMINISTRATIVO E MANDADO DE SEGURANÇA ................................................ 20
4.17.1. Lei ............................................................................................................................... 20
4.17.2. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional) ................................................ 20
4.17.3. Hely Lopes Meirelles (Mandado de Segurança e Ação Popular – 21ª Edição) .......... 21
4.17.4. Othon Sidou (Do Mandado de Segurança, 3ª Edição) ................................................ 21
4.17.5. Acórdão (relator Min. Lafayete de Andrade).............................................................. 21
4.17.6. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional) ................................................ 21
4.17.7. Súmula ........................................................................................................................ 22
4.18. PROCEDIMENTO LEGAL OU QUESTÕES PROCESSUAIS ....................................................... 22
4.18.1. Lei ............................................................................................................................... 22
4.19. IMPETRANTE E IMPETRADO .................................................................................... 22
4.19.1. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva).................................... 22
4.19.2. Impetrado ou sujeito passivo ...................................................................................... 22
4.19.3. Processo Legislativo ................................................................................................... 23
4.19.4. Ministério Público ...................................................................................................... 23
4.20. CABIMENTO ........................................................................................................................ 23
4.21. DESCABIMENTO.................................................................................................................. 23
4.22. COMPETÊNCIA (EM FUNÇÃO DA AUTORIDADE) ................................................................. 24
4.23. PRAZO DECADENCIAL ........................................................................................................ 24

5. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO .......................................................................... 25

6. MANDADO DE INJUNÇÃO .................................................................................................... 27

7. AÇÃO POPULAR ...................................................................................................................... 30

8. DIREITO DE CERTIDÃO ........................................................................................................ 32

9. DIREITO DE PETIÇÃO ........................................................................................................... 33


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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONCEITO
Os remédios constitucionais, também conhecidos como “tutela constitucional
das liberdades”, são direitos-garantia que servem de instrumento para a efetivação
da tutela ou proteção dos direitos fundamentais. Em geral, são ações judiciárias
que procuram proteger os direitos públicos subjetivos.
São direitos de defesa de primeira geração quando visam uma omissão e de
segunda geração quando visam uma prestação positiva, social do Estado.

1.2. OBJETIVO
Exigir do destinatário (normalmente o Estado) uma ação ou omissão que
seja suficiente para evitar uma lesão ou reparar a lesão causada.
São direitos de defesa de primeira geração quando visam uma omissão do
Estado, ou seja, quando procuram resguardar a liberdade de agir ou não agir
conforme as liberdades públicas e são direitos de segunda geração quando visam
uma prestação positiva ou social do Estado, como a realização de um direito social.

1.3. CLASSIFICAÇÃO
Os remédios constitucionais são tradicionalmente conhecidos como ações
judiciais, porém, pode-se fazer a seguinte distinção:

1.3.1. Judiciais
São as tradicionais ações judiciais previstas no Art. 5º dos incisos LXVIII a
LXXIII, em ordem: Habeas Corpus (HC), Mandado de Segurança (MS), Mandado
de Segurança Coletivo (MSc), Mandado de Injunção (MI), o STF aceita o Mandado
de Injunção Coletivo (MIc), Habeas Data (HD) e Ação Popular (AP).

1.3.2. Administrativos
São também remédios constitucionais, porém, possuem natureza de petição
administrativa já que não são dirigidos ao judiciário e sim ao administrador público
(ou qualquer autoridade pública). Estão previstos no Art. 5º XXXIV: Direito de
Petição (DP) e Direito de Certidão (DP).

1.4. INFUNGIBILIDADE COMO REGRA


Os remédios constitucionais (judiciais) não podem, como regra, serem
utilizados em substituição de um outro remédio, ou seja, a regra é que não
fungíveis entre si, quando couber um remédio (HC, por exemplo) não caberá o MS
ou a AP.... Um remédio não pode ser sucedâneo do outro (como regra).
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2. HABEAS-CORPUS
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Regulado no Art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal

2.1. ORIGEM HISTÓRICA


Surgiu com a Magna Carta do rei João Sem-Terra (Magna Carta 1215) com
a seguinte finalidade: “Tomai o corpo desse detido e vinde submeter ao Tribunal o
homem e o caso”.
No Brasil o HC foi constitucionalizado na Constituição de 1891 embora tenha
sido previsto em lei em data pretérita.

2.2. NATUREZA JURÍDICA


O HC é uma ação constitucional de caráter penal, possui procedimento
especial, rito sumaríssimo – sem dilação probatória – e é gratuito para todos
independentemente de condição social (conforme o Art. 5º - LXXVII - são gratuitas as
ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania.).

2.3. OBJETO
Protege a liberdade de locomoção (em sentido amplo) embora seja
necessário perceber a locomoção como direito fim e não como direito meio. A
locomoção é o direito de ir, vir e permanecer ainda que de modo reflexo, indireto ou
oblíquo.
Art. 5º XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
No passado o Habeas Corpus já foi utilizado com maior amplitude, protegia
todos os direitos líquidos e certos, porém, com a entrada do Mandado de
Segurança em 1926 o HC foi restringido para o seu objeto próprio que é a
locomoção.

2.4. ALGUMAS HIPÓTESES DE CABIMENTO


2.4.1. Para desentranhar prova ilícita em processo penal
É possível utilizar o HC para impugnar a inserção de provas ilícitas em
procedimento penal e postular o seu desentranhamento, sempre que, da imputação
prevista no processo penal (ou inquérito), possa advir condenação a uma pena
privativa de liberdade.
Neste caso o impetrante usa o HC preventivamente para manter o status de
liberdade que atualmente possui.
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2.4.2. Contra quebra de sigilo bancário


Pode-se utilizar o HC para impugnar a validade da decisão que decreta a
quebra de sigilo bancário em processo penal uma vez que tal procedimento pode
advir medida restritiva à liberdade de locomoção se a pena a ser aplicada for
privativa de liberdade.

2.4.3. Contra a imposição de sursis


Sendo o sursis um benefício concedido ao apenado para que fique em
liberdade em troca da condição estabelecida, então, é cabível o pedido de HC em
favor de paciente beneficiado com a suspensão condicional da pena porque caso
não seja adimplente na condição prevista poderá ter sua liberdade cerceada.

2.4.4. Contra convocação de Comissões Parlamentares de Inquérito


Em caráter preventivo, é cabível contra ameaça de constrangimento à
liberdade de locomoção, materializada na intimação do paciente para depor em
CPI. A convocação contém em si a possibilidade de condução coercitiva da
testemunha que se recuse a comparecer, ou seja, quando a pessoa convocada a
depor perante a CPI entende que não foi convocada de forma correta ou que não
tem envolvimento com o caso.
Também é cabível para aquele que foi convocado como testemunha e quer
ver assegurado o seu direito de permanecer em silêncio.

2.4.5. Contra excesso de prazo em prisões cautelares


Para reprimir constrangimento ilegal à liberdade de locomoção do acusado-
preso, em face de abusivo excesso de prazo para o encerramento da instrução
processual penal.

2.4.6. Trancamento da ação penal ou do inquérito policial


O STF aceita que o HC seja utilizado como forma de trancar ação penal ou
inquérito policial que se mostre descabido, abusivo e com possibilidade de ferir-se
a honra do eventual impetrante do habeas.

2.5. ALGUMAS HIPÓTESES DE DESCABIMENTO


2.5.1. Imposição de sanção administrativa
As sanções administrativas (advertência, suspensão, demissão ou
destituição) não geram ameaça à liberdade de locomoção e por isso não é cabível
o HC.

2.5.2. Decretação de seqüestro de bens


Contra a decretação de seqüestro de bens não há ameaça à liberdade de
locomoção.

2.5.3. Determinação de perda de patente militar


Não há ameaça à liberdade de locomoção.

2.5.4. Impetrações sucessivas e supressão de instância


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Em regra o STF não aceita HC quando está pendente de julgamento outro


HC em Tribunal Superior sob pena de configurar-se supressão de instância.

2.5.5. Contra decisões do STF


Não cabe HC contra decisão de Turma ou do Plenário do STF, salvo em
caso de competência originária, ou seja, de ação penal em que o STF tenha
começado como Corte julgadora.

2.5.6. Inabilitação para o exercício de cargo público


A pena acessória de perda do cargo, por si só, não ameaça a liberdade de
locomoção.

2.5.7. Pena de multa


Atualmente o inadimplemento da pena de multa gera execução e não mais a
conversão em pena de prisão e por isso não há lesão nem ameaça à locomoção.

2.5.8. Pena restritiva de direitos


Inexistência de ameaça à liberdade de locomoção.

2.5.9. Pena integralmente cumprida


Inexistência de ameaça à liberdade de locomoção.

2.5.10. Suspensão de direitos políticos


Inexistência de ameaça à liberdade de locomoção.

2.5.11. Punições disciplinares militares (art. 142, §2o)


§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares.
Não haverá habeas corpus em relação ao mérito das punições disciplinares.
Não impedimento para o exame dos pressupostos formais de legalidade da
aplicação da punição (a hierarquia, o poder disciplinar, se o ato está ligado à
função e se a pena é suscetível de ser aplicada disciplinarmente).

2.5.12. Guarda de filhos menores


Inexistência de ameaça à liberdade de locomoção;

2.5.13. Impeachment
Como é sanção de índole político-administrativa, não pondo em risco a
liberdade de ir, vir e permanecer também não há hipótese de habeas corpus.

2.5.14. Inquérito policial


O mero indiciamento em inquérito policial quando há indícios ou fatos que
mostrem a legalidade do procedimento não constitui constrangimento ilegal que
possa ser atacado por habeas corpus; Não é idôneo para trancamento do inquérito
policial se presentes indícios de autoria de fato que configure crime em tese (se
inexistentes os pressupostos ou os fatos não configurarem crime o HC pode ser
usado). A simples apuração da notitia criminis não constitui constrangimento ilegal
a ser corrigido pela via do habeas corpus.
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2.6. TIPOS
2.6.1. Preventivo (antigo salvo conduto)
Alguém, pessoa física, se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção por ilegalidade (particular) ou abuso de poder
(particular ou poder público).
Cabe ressaltar que não é qualquer ameaça, esta deve ser grave, iminente,
possível, determinada... Ou seja, exige-se o justo receio e não só a ameaça.

2.6.2. Liberatório ou Repressivo


Quando a pessoa já se encontra sofrendo, efetivamente, violência ou coação
em sua liberdade de locomoção por abuso ou ilegalidade.
Aquele que já está preso ou impedido de se locomover utiliza-se do HC
repressivo.

2.7. LEGITIMIDADE
Diz-se legitimidade quanto aos participantes do processo de HC. Vejamos:

2.7.1. Pólo ativo – Impetrante


Qualquer pessoa, mesmo sem advogado – segundo o próprio estatuo da
OAB, pode impetrar HC.
Lei 8.906/94: Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
1
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais ;
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em
qualquer instância ou tribunal.
Muito interessante que o autor, impetrante, pode também ser o beneficiário
da ordem (o que é muito comum), neste caso é autor e paciente ao mesmo tempo.
Também é de se ressaltar que o autor pode pedir o HC em favor de terceira
pessoa. E aqui é possível encontrar então uma pessoa jurídica no pólo ativo, ou
seja, a pessoa jurídica pode pedir HC para beneficiar uma pessoa natural.
O STF admite que o paciente possa em seu favor, apresentar embargos
declaratórios no processo de HC mesmo sem advogado. Mas não admite a
reclamação para garantir a autoridade da decisão.
O STF entende obrigatória a assinatura do impetrante do HC. Embora não
exija capacidade civil, ou seja, além da capacidade postulatória não ser privativa de
advogado também não há necessidade de comprovação de capacidade civil.
O promotor (membro do Ministério Público) pode impetrar HC, exceto se for
comprovado que o HC vai prejudicar o paciente.

2.7.2. Beneficiário – Paciente

1
O STF entende que as Leis dos Juizados Especial Estadual e Federal prevalecem sobre a
disposição do Estatuto da OAB.
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O paciente, necessariamente, é pessoa natural. A pessoa jurídica não pode


ser titular do exercício do direito de locomoção.
O paciente pode ser qualquer pessoa natural, capaz ou incapaz, autoridade
pública ou particular.

2.7.3. Legitimidade passiva (autoridade coatora ou impetrado):


Qualquer pessoa natural que se encontre em posição de mando, que tenha
superioridade jurídica.
Autoridade pública pode ser impetrada por ilegalidade (desconformidade
direta em relação aos pressupostos legais) ou por abuso de poder (o ato se reveste
de legalidade, mas está viciado por excesso ou desvio de poder).
Particulares somente cometem ilegalidade, como por exemplo, o diretor do
hospital que mantém uma pessoa “internada” por falta de pagamento do
procedimento cirúrgico.

2.8. OUTRAS QUESTÕES IMPORTANTES


O HC pode ser restringido durante o estado de defesa e de sítio. Nestes
estados excepcionais caberá prisões administrativas.
O HC tem caráter cautelar – porém é possível pedir liminar quando
presentes os pressupostos da urgência e da verossimilhança das alegações (o
periculum in mora e o fumus boni iuris). Admite-se o pedido por fax ou meios
eletrônicos.
O Juiz concede a ordem de soltura de ofício quando souber de uma prisão
ilegal.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
O juiz não está adstrito aos fundamentos alegados, ou seja, o autor poderá
pedir para ser solto por motivo X e o juiz poderá conceder por outros motivos (Y ou
Z).
O HC tem preferência processual sobre qualquer outro processo.

2.9. COMPETÊNCIA:
o 102 I d;
o 102 I i;
o 102 II a;
o 105 I c;
o 105 II a;
o 108 I d;
o 108 II;
o 109 VII;
o 121 §3o
o 121 §4o V
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3. HABEAS DATA
Art. 5º LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
Regulado pela Lei 9.507/97.

3.1. OBJETO DE PROTEÇÃO


O HD é utilizado para informações pessoais, ou seja, para obter ou retificar
informações relativas à pessoa do impetrante.
Art. 5º XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;
Natureza mista, pois se admite o uso para o conhecimento (prazo de 48h
para decidir sobre a concessão do acesso e mais 24h para comunicar a decisão ao
solicitante) e retificação (prazo de 10 dias para se proceder à modificação) –
Um único Habeas Data pode obter o conhecimento e pedir a retificação, ou
seja, num mesmo processo é possível obter os dois resultados.
Cabe ressaltar que é um remédio instituído na CF de 1988.
Interessante ressaltar que a lei criou nova hipótese para impetração de HD:
“para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação
sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou
amigável” (prazo de 15 dias) – Esta hipótese deve ser utilizada para
complementação das informações, ou seja, para tornar possível a correta
interpretação do conteúdo da informação.

3.2. NATUREZA JURÍDICA


Ação Constitucional de caráter civil, gratuita e com conteúdo e rito sumário.
Possui preferência processual quanto aos demais feitos, exceto quanto HC e MS.
É uma ação personalíssima porque somente a própria pessoa do impetrante
que poderá utilizar o HD. Porém, admite-se que parentes de pessoa morta utilizem
HD para obter dados do morto ou retificar informações incorretas.
A jurisprudência tem negado para informações sigilosas ou imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado, porém, há doutrina indicando que como a
informação é pessoal não há que se falar em segredo para o próprio interessado.

3.3. PRESSUPOSTO JURISPRUDENCIAL


Têm como pressuposto a negação do pedido administrativo sob pena de a
parte ser carecedora de ação por falta de interesse processual – a negativa do
pedido por parte do detentor dos dados solicitados deverá ser dada em 48h,
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porém, para se instruir a inicial do Habeas Data a omissão só se configura após 10


dias para o conhecimento e após 15 dias para retificação ou adendo (nova hipótese
prevista na lei).

3.4. PROCESSO SIGILOSO?


A leitura do texto constitucional deixa transparecer que o Habeas Data para
retificação de dados seria um processo público, porém, esta não tem sido a
interpretação majoritária sobre o dispositivo posto que se trata de dados relativos à
pessoa do impetrante, então, a intimidade permite que o processo siga em segredo
de justiça.

3.5. LIMINAR
Não está prevista na lei, mas, a princípio seria possível a concessão mesmo
sendo um processo célere. A regra é a de que o Judiciário pode conceder
cautelares e liminares sempre que houver os pressupostos.

3.6. LEGITIMIDADE ATIVA


Pessoa natural, brasileira ou estrangeira e também pessoa jurídica, porém,
não se admite que a pessoa jurídica utilize em favor de associados, ou seja,
pessoa jurídica só pode pleitear o conhecimento ou retificação de dados próprios
da pessoa jurídica.

3.7. LEGITIMIDADE PASSIVA


Banco de dados oficiais ou públicos (ABIn ou CESPE, por exemplo) ou em
caráter público (SPC, Serasa).

3.8. COMPETÊNCIA
o 102 I d;
 102 II a;
 102 III;
o 105 I b;
 105 II;
o 108 I c;
 108 II;
o 109 VIII;
o 121 4o V;
o 125 §1o;
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4. MANDADO DE SEGURANÇA
Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;
O mandado de segurança é regulamentado pela Lei n. 1533/51 e 4.348/64,
além disso, subsidiariamente aplica-se o Código de Processo Civil.

4.1. CONCEITO
Ação constitucional para a tutela de direitos individuais – sejam de natureza
constitucional ou de natureza infraconstitucional.

4.2. NATUREZA JURÍDICA


Ação Constitucional de natureza civil (sempre) – mesmo quando interposto
em processos penais.

4.3. RITO
Especial e sumaríssimo. Rito diferenciado que procura fazer com que
prestação jurisdicional seja rápida e efetiva.

4.4. OBJETO
Direito líquidos e certos não amparados por habeas corpus ou habeas data.
Diz-se que tem alcance residual ou encontra seu âmbito de atuação por exclusão.
Não se aplica ao direito de locomoção ou ao direito de acesso ou retificação de
informações relativas à pessoa do impetrante já que estes possuem remédios
próprios. Logicamente também não se aplica para a proteção de direitos
constitucionais prejudicados pela falta de norma regulamentadora, até porque não
haveria o direito líquido e certo!

4.5. HISTÓRICO
O Estado de Direito surgiu em oposição ao Estado Absolutista. No Estado
Absolutista o soberano era irresponsável pelos seus atos em relação aos súditos,
sendo assim, os atos por ele praticados não eram impugnáveis por aqueles aos
quais se dirigiam. Michel Temer lembra da palavra Soberania que hoje é
características do Estado e antigamente era característica do monarca (soberano).
Acrescenta que após a doutrina da separação das funções estatais os indivíduos
deveriam ter meios de proteger seus direitos que foram declarados inclusive contra
o próprio Estado.
“A intenção foi impedir que o monarca, com o seu agir, vulnerasse direito
individuais. Prevaleceria a „vontade geral‟, expressa na lei”. Para isso o poder de
soberania seria passado ao Estado e aos indivíduos seriam dados meios ou
instrumentos assecuratórios dos direitos individuais.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 13

Como a vontade geral deveria prevalecer, a atividade administrativa


encontra na lei “sua nascente e o seu escoar”. A lei “vincula direta e imediatamente
a atividade do administrador, fazendo com que o ato a ser por ele expedido já
esteja predefinido na lei, ou, então, fixam-se opções de tal sorte que o
administrador entre vários caminhos, pode escolher um deles”.
Por isso se fala em ato vinculado e ato discricionário, porém, como se
percebe, ambos estão ligados à lei. “Varia a forma de ligação.”

4.6. O MANDADO DE SEGURANÇA NO DIREITO BRASILEIRO


4.6.1. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)
Fala que é uma criação constitucional brasileira.

4.6.2. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional)


O mandado de segurança foi introduzindo na Constituição de 1934. Michel
Temer relata que não há similar no direito estrangeiro.
Na nossa primeira Constituição (1824) eram previstos e direitos individuais,
porém, não havia instrumentos de garantia dos direitos. Ainda não havia a
previsão, em nível constitucional, do habeas corpus. Em 1891 o habeas corpus é
previsto em nível constitucional, porém, seu conteúdo era muito mais abrangente
do que se conhece hoje. A CF de 1891 ia além do direito de ir, vir, ficar e fala em
ilegalidade ou abuso de poder. “Qualquer direito violado em função de ilegalidade
ou abuso de poder seria por ele amparado.” Por isso se diz que o habeas corpus
fazia a função do mandado de segurança. Porém, em 1926 houve uma reforma
constitucional restringiu o habeas corpus para sua fronteira clássica que era a
proteção do direito de locomoção.
A jurisprudência, principalmente do STF, passou a aceitar a proteção dos
demais direitos por meio das ações possessórias e esta construção foi utilizada de
1926 até 1934. Quando a Constituição de 1934 cria o MS.
Em 1937 a nova Carta Constitucional elimina o mandado de segurança,
porém, novamente a jurisprudência, entendeu que continuaria em vigor a Lei 191
que havia regulado o mandado de segurança.
“Na Constituição de 1946 o mandado de segurança é previsto
expressamente, sempre para garantir direito líquido e certo...” Continuou previsto
nas Constituições seguintes de 1967 e na de 1969 com a Emenda n o 1.
Foi regulado novamente em âmbito infraconstitucional pela Lei 1.533 de
31/12/51.

4.7. ILEGALIDADE E ABUSO DE PODER


4.7.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional
“Tanto os atos vinculados quanto os atos discricionários são atacáveis por
mandado de segurança, porque a Constituição Federal e a lei ordinária, ao
aludirem a ilegalidade, estão reportando ao ato vinculado e ao se referirem a abuso
de poder estão se reportando ao ato discricionário.”
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 14

Mesmo na análise do ato administrativo discricionário não se fala em análise


do mérito, se fala em análise dos pressupostos autorizadores da edição do ato, na
falta de um dos pressupostos o ato estará contaminado pelo abuso de poder. No
ato discricionário a ilegalidade é indireta e mediata enquanto no ato vinculado a
ilegalidade é direta e imediata.

4.8. TIPOS: PREVENTIVO E REPRESSIVO


4.8.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional
“Para a concessão do mandado de segurança faz-se necessário comprovar
a lesão a direito líquido e certo. No entanto, existindo ameaça de lesão a direito
líquido e certo, cabível será o mandado de segurança preventivo, no sentido de
afastar tal ameaça a direito, nos termos do Art. 1o da Lei 1.533/51.”

4.8.2. Celso Agrícola Babi (Do Mandado de Segurança, Forense)


“O art. 1o da Lei 1.533, de 31.12.51, prevê a hipótese de concessão de
segurança a quem demonstrar justo receio de sofrer violação a direito líquido e
certo por parte da autoridade impetrada”. “A ameaça, a que se refere o texto legal,
sendo grave, séria, objetiva, autoriza o deferimento”.

4.8.3. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)


O repressivo é utilizado para se cessar o constrangimento ilegal já existente
enquanto o preventivo busca pôr fim à iminência de constrangimento ilegal a direito
líquido e certo.

4.8.4. Preventivo
Quando houver o justo receio de sofrer a violação ao direito líquido e certo.
Forte risco ou ameaça concreta, ou seja, tem de haver atos concretos ou
preparatórios de parte da autoridade impetrada, ou pelo menos indícios de que a
ação ou omissão atingirá o patrimônio jurídico da parte.
Como ainda há a possibilidade de lesão, não há que se falar em decadência
em 120 dias. Esta conta para efeito de interposição de MS repressivo.

4.8.5. Repressivo
Contra ilegalidade (ato vinculado) ou abuso de poder (ato discricionário)
cometidos por ação ou omissão. O preventivo transmuda-se para repressivo se já
houve a violação no curso do processo.

4.8.6. Notícia do STF:


25/11/2005 - 19:25 - Servidor do TJ/SE impetra MS contra resolução sobre o
nepotimo
A fim de manter-se no cargo, Clésio Monteiro Alves impetrou Mandado de
Segurança Preventivo (MS 25683), com pedido de liminar, contra ato normativo do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com a ação a Resolução 07/05
fixou o prazo de 90 dias, da publicação do ato, para que o servidor deixe o cargo
por ser descendente em primeiro grau (filho) de desembargador a quem é
subordinado.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 15

4.9. DIREITO LÍQUIDO E CERTO


4.9.1. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional
Min. Costa Manso, citado por Arruda Alvim dizia: “O fato é que o peticionário
deve tornar certo e incontestável”. E o Des. Luiz Andrade: “A controvérsia não
exclui juridicamente a certeza; vale dizer, sendo certo o fato, mesmo que o direito
seja altamente controvertido, isso não exclui, mas justifica o cabimento do
mandado de segurança... a controvérsia e a certeza jurídica, esta a ser conseguida
a final, na sentença, não são idéias antinômicas, não são idéias que
inelutavelmente brigam entre si. Portanto, o direito é certo desde que o fato seja
certo; incerta será a interpretação, mas está se tornará certa, mediante a sentença,
quando o juiz fizer a aplicação da lei ao caso concreto controvertido”.
O fato deverá se tornar incontroverso após a decisão judicial, entretanto,
para se transmitir a certeza ao magistrado não cabe fase probatória, as partes
deverão produzir, “documentalmente, todo o alicerce para sustentação da suas
alegações”.

4.9.2. Hely Lopes Meirelles


Direito líquido e certo “é o que se apresenta manifesto na sua existência,
delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração”.

4.9.3. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)


A via processual do mandado de segurança não admite a abertura de fase
instrutória, se as provas documentais não forem suficientes será necessária a
mudança para uma via ordinária, posto que faltaria um dos pressupostos que é a
liquidez e certeza exigidos para a impetração do mandado de segurança.
“A complexidade da discussão jurídica envolvida na lide não descaracteriza
a certeza e liquidez do direito”.
O MS não se presta a amparar meras expectativa de direitos, ou seja, se o
direito ainda não está líquido e certo não há que se falar em MS.
Como os fatos devem ser tornados incontroversos na apresentação da
petição, então não há dilação probatória, em regra as provas devem ser pré-
constituídas, apresentadas na inicial. As provas no MS só podem ser documentais.
A decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa
julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria (STF: 304);

4.9.4. Acórdãos
A impetração do mandado de segurança deve fundamentar-se em direito líquido e
certo, provado documentalmente ou reconhecido pelo coator, nunca em simples conjecturas
ou em alegações que dependam de outras provas, incompatíveis com o processo expedito
na Lei 1.533/51 (RE 75.284 STF).
O direito líquido e certo amparável pelo mandado de segurança supõe
demonstração em prova pré-constituída, sem margem a controvérsia e incerteza,
pressuposto que aqui não se configura” (MS 20.562).

4.10. DESCABIMENTO CONTRA LEI EM TESE


André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 16

4.10.1. Súmula
266 do STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese;

4.10.2. Acórdãos
O impetrante, na causa de pedir, precisa narrar fato concreto, que afronta direito
líquido e certo. Em se restringindo a argüir a ilegalidade de Portaria, investe contra norma
jurídica em teste. Impossibilidade do pedido (RT 676/180);
É plena a insindicabilidade, pela via jurídico-processual do mandado de segurança,
de atos em teste, assim considerados os que dispõem sobre situações gerais e impessoais,
têm alcance genérico e disciplinam hipóteses que neles se acham abstratamente previstas.
O mandado de segurança não é sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade e nem
pode substituí-la, sob pena de grave deformação do instituto e inaceitável desvio de sua
verdadeira função jurídico-processual (RT 657/210);

4.11. CONTRA PROJETO DE LEI E PERDA DO OBJETO APÓS


CONVERSÃO EM LEI
4.11.1. Acórdãos
Embora manifesto o vício formal, a lei, uma vez promulgada, não pode ser
desconstituída pela via do mandado de segurança, mas somente pela via da ação direta de
inconstitucionalidade. Assim, se impetrado o writ para atacar projeto de lei que fora
irregularmente aprovado mas não concedida a liminar para sustar o procedimento,
prosseguindo a atividade normal para a formação da lei, vindo esta, por fim, a ser
promulgada, a impetração perde seu objeto, sendo inaplicável à espécie o princípio da
estabilidade da lide. Deve ser o processo extinto sem julgamento de mérito, na forma do art.
267, VI, do CPC (RT 654/80);

4.12. AUTORIDADE RESPONSÁVEL


4.12.1. Celso Bastos (Do Mandado de Segurança)
“É utilizável contra uma pessoa considerada em si mesma autoridade, ou
contra alguém que tenha praticado um ato de força própria de autoridade”. Por
isso, concluiu o jurista que o mandado de segurança se destina a invalidar a
“especial força jurídica que reveste certos atos do poder público”.
Podem ser sujeitos passivos no mandado de segurança as autoridades da
União, Estados, DF e Municípios, além das autarquias, empresas públicas e
sociedades de economia mista exercentes de serviços públicos e, ainda, de
agentes de pessoas de direito privado no exercício de função pública delegada.

4.12.2. Acórdão
A autoridade administrativa que executa o ato administrativo considerado ilegal e
contra o qual se dirige o mandado de segurança é parte legítima para responder à ação.
Para tais efeitos, consideram-se atos de autoridade não só os emanados de autoridade
pública propriamente dita como, também, os praticados por administradores ou
representantes de autarquias e de entidades paraestatais e, ainda, os de pessoas naturais
ou jurídicas com funções delegadas (RT 640/62).

4.12.3. Súmula
510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 17

4.13. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA


É direito do impetrante (pede se quiser) e será concedida
discricionariamente pelo juiz.
É necessário que se atenda aos dois pressupostos: fumus boni iuris e
periculum in mora (verossimilhança das alegações e o perigo da demora, a
urgência de um situação aparentemente verdadeira). A liminar é uma decisão
provisória, poderá ser reformada posteriormente.
A liminar tem prazo normal de validade por 90 dias, prorrogável por mais 30
dias (prazo desconsiderado pela jurisprudência);

4.13.1. Acórdão
Concede-se a liminar no mandado de segurança quando seus fundamentos são
razoáveis, isto é, quando o pedido é viável à primeira vista e se o direito do impetrante, em
razão de sua transitoriedade, corre o risco de perecer caso não seja acautelado. A liminar é
de direito estrito, só se justificando sua concessão nos casos em direito admitidos (MS
242.143 TJSP);
o
O art. 7 da Lei 1.533/51 fala em juiz poderá conceder a suspensão do ato ao
despachar a inicial, porém, o termo juiz aqui foi empregado incorretamente e deve ser
interpretado em sentido lato, ou seja, como membro do Poder Judiciário, ou seja, como
Magistrado. Posto que qualquer instância está autorizada a conceder a liminar em mandado
o
de segurança e não só o juiz de 1 grau.

4.14. NATUREZA JURÍDICA DA LIMINAR EM MANDADO DE


SEGURANÇA
4.14.1. Gustavo Nogueira
Três correntes: Cautelar, Satisfativa ou Depende da situação.
Carlos Alberto Direito (Manual do Mandado de Segurança – baseado em
acórdãos do STJ): entende que é tutela antecipada, ou seja, a liminar é de
natureza satisfativa – consiste na antecipação da tutela.
Hely Lopes Meirelles (Mandado de segurança e Ação Popular): Diz que é
cautelar, ou seja, é um provimento de urgência, utilizado para assegurar o
resultado posterior do processo mediante a decisão final.
Eduardo Arruda Alvim (Mandado de Segurança em matéria tributária): A
liminar pode ser cautelar ou pode ser satisfativa, depende do caso em que se está
pedindo.

4.14.2. Vedações à concessão de liminar


O STF aceita, se for razoável e não houver excesso, que a liminar seja
limitada pela lei – mesmo sob o argumento doutrinário de que se estaria ferindo a
“separação dos poderes”. São casos de vedações à liminar:
 Ações ou procedimentos judiciais que visem a obter liberação de
mercadorias, bens ou coisas de procedência estrangeira;
 Visem à reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à
concessão de aumento ou extensão de vantagens;
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 18

 Para pagamento de vencimentos ou vantagens pecuniárias a


servidores da União, dos Estados ou dos Municípios e de suas
autarquias;
 Em MS coletivos;
A liminar poderá ser cassada (suspensão de segurança) pelo Presidente do
Tribunal.
Contra o indeferimento da liminar não cabe recurso.
A liminar pode ser revogada a qualquer tempo.
A liminar perde os efeitos se a sentença for improcedente.

4.15. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA NA SENTENÇA


4.15.1. Gustavo Nogueira
Pode-se pensar o seguinte: Se é antecipada não pode ser na sentença.
Porém o STJ já decidiu que é cabível. A decisão que concede a tutela antecipada
na sentença tem natureza jurídica de sentença.
Nelson Nery acha que é decisão interlocutória dentro da sentença.
A idéia é fugir do efeito suspensivo que será conseguido com a interposição
de apelação, pois, a concessão de antecipação na sentença, diminui uma das
desigualdades do sistema processual. Vejamos melhor a situação:
Se no pedido de inexistência de débito, há o pedido liminar para
retirar o nome do SERASA (é uma tutela antecipada), então, se o juiz negar
a antecipação da tutela em sede de liminar, restará que, ao final do
processo, julgando o pedido procedente (a inexistência de débito) caberá
apelação com efeito suspensivo. O autor terá que esperar o pronunciamento
final do tribunal acerca da apelação para ter seu nome retirado do SERASA,
já que a apelação interposta prorroga o efeito suspensivo da sentença do
juiz de primeiro grau.
Se, antes do contraditório, o juiz entende que há direito à tutela
antecipada e concede a liminar satisfativa, então, o réu poderá agravar (não
tem recurso, em regra, porém poderá ser conseguido). A sentença que
confirmar a tutela antecipada continuará produzindo efeitos após a sentença,
pois, não há efeito suspensivo da apelação em relação à liminar confirmada.
Conclui-se que:
A decisão provisória tem mais valor do que a sentença do juiz que é
definitiva (para este juiz) com caráter de certeza.
Enquanto não se retira o efeito suspensivo da apelação, a
jurisprudência tem feito malabarismo para entender que na sentença poderá
haver antecipação de tutela. O ideal é que fosse feito antes da sentença,
porém, a sentença que concede a tutela “antecipada” faz com que a
apelação não tenha efeito suspensivo.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 19

Por outro lado, se for retirado o efeito suspensivo, haverá uma chuva
de cautelares em sentido contrário, ou seja, pedindo efeito suspensivo ao
recurso de apelação.

4.16. CABIMENTO DA MEDIDA LIMINAR APÓS DENEGAÇÃO DA


SEGURANÇA
A concessão de liminar para o mandado de segurança tem fundamento legal
na Lei 1.533, art. 7o, II. Entretanto, após concedida a liminar o juiz que dará a
sentença na primeira instância não produzirá (ainda) coisa julgada, pois, da
decisão caberá apelação ao tribunal, daí a dúvida: A sentença do juiz revoga a
liminar do mandado de segurança se denegatória a decisão, mesmo que não
disponha a respeito?

4.16.1. Hely Lopes Meirelles (Mandado se Segurança e Ação Popular, 8ª


Edição)
Sustentava que o juiz, ao denegar a segurança, poderia adotar as seguintes
medidas: a) denegava a segurança e cassava a liminar; b) denegava a segurança
e matinha expressamente a liminar; c) denegava a segurança e silenciava quanto à
liminar, o que importava a sua mantença;
Mudou de opinião após a Lei 6.014, de 27.2.73 para entender que o
Presidente do Tribunal e subsequentemente o relator, decidirão, se denegada a
segurança, o que fazer a respeito do pedido de liminar.

4.16.2. Michel Temer: Elementos de Direito Constitucional


Entende que mesmo antes da modificação do CPC seria possível a
concessão da liminar pelo Tribunal ad quem, desde que previstos os pressupostos
de relevância dos fundamentos do pedido e inocuidade da medida se, a final,
concedida.
Não pode o juiz de primeiro grau degenerar a segurança e, ao mesmo
tempo, manter a liminar. “É que a sua denegação importava a falta de um dos
fundamentos legais autorizadores de sua concessão: a relevância dos
fundamentos do pedido.”

4.16.3. Súmula
405 do STF: Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento
do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da
decisão contrária.

4.16.4. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional)


Argumenta que pelo princípio da igualdade das partes no processo ou “como
se denomina, no direito processual civil, de princípio de paridade de tratamento das
partes, ou seja, os litigantes hão, no processo civil, de ser tratados igualmente” e
com base nas “Leis 1.533/51, art. 13, e 4.348/64, art. 4 o, as quais autorizam o
Presidente do Tribunal, a quem competir o conhecimento do recurso, a suspender
a execução da sentença concessiva de segurança ou suspender a liminar, a
requerimento de pessoa jurídica de direito pública interessada... (Lei 4.348/64, art.
4o) poderia a parte pedir ao Presidente do Tribunal a concessão de liminar desde
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 20

que estejam presente os dois requisitos estabelecidos na Lei 1.533/51, art. 7 o, II,
ainda que já tenha havido manifestação do juízo de 1 o grau denegando a
segurança.
Entende o jurista que só assim o Judiciário dará a posição que se espera
dele, ou seja, de ser uma medida paralisante da eficácia do ato administrativo,
impedindo lesão irreparável a direito individual, até final pronunciamento daquele
Poder.

4.16.5. Lei
1.533/51, Art. 7º - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
...
II - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido quando for relevante o
fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja deferida.

4.17. RECURSO ADMINISTRATIVO E MANDADO DE SEGURANÇA


A Lei 1.533/51 estabeleceu em seu art. 5o que:

4.17.1. Lei
1.533/51, Art. 5º - Não se dará mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independente de caução.
Coloca-se diante do intérprete o conflito entre esta norma e a norma do texto
constitucional que diz ser inafastável do Poder Judiciário uma lesão ou ameaça de
lesão a direito (Art. 5o, XXXV da CF);

4.17.2. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional)


“... havendo previsão legal de recurso administrativo para a instância
superior, fica vedado o acesso ao Judiciário enquanto não exaurida a via
administrativa? Qual o exato alcance daquele dispositivo legal?”
O insigne jurista chegou a afirmar que: “É preciso ressaltar, de logo, que a
garantia constitucional insculpida no art. 5o, LXIX, se destina a impedir lesão a
direito, individual, ou seja, este instrumento só é utilizável na medida em que se
efetiva vulneração a direito líquido e certo”. Cabe ressaltar, porém, que o mandado
de segurança, segundo o próprio texto constitucional é remédio a ser utilizado
diante da ameaça, conforme já ressaltado anteriormente.
Para Michel Temer para que uma lei seja proibitiva do pleno acesso ao
Judiciário teria ela que, ao mesmo tempo: a) determinasse expressamente a
necessidade do percurso da via administrativa; b) que o recurso administrativo
interposto tenha efeito suspensivo. Portanto, diz o jurista: “Anote-se não é o efeito
suspensivo, atribuído ao recurso, que impede a utilização do mandado de
segurança, mas sim que, em face desse efeito, desaparece a lesão autorizadora do
mandado de segurança”. Para ele se o recurso possui efeito suspensivo fica
desautorizada a impetração do mandado de segurança por ausência de lesão a
direito líquido e certo. Se inexistir lesão, inexiste hipótese para a segurança.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 21

Entende ser impossível a coexistência de recurso administrativo em


tramitação – ao qual a lei atribuiu efeito suspensivo – com a impetração de
mandado de segurança, porém, argumenta que não seria fator impeditivo desde
que o interessado abandonasse a via administrativa para optar, desde logo, pela
solução judicial.
Arremata que a não utilização do recurso administrativo no prazo
estabelecido por este não é causa de exclusão da utilização do mandado de
segurança, por isso, não se pode ler o citado art. 5 o da Lei 1.533/51 como condição
de afastabilidade da jurisdição e sim como impossibilidade jurídica de utilização
simultânea das duas medidas por ausência do pressuposto lesão a direito líquido e
certo necessário à impetração do mandado de segurança.

4.17.3. Hely Lopes Meirelles (Mandado de Segurança e Ação Popular – 21ª


Edição)
“Quando a lei veda se impetre mandado de segurança contra „ato de que
caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução‟ (art.
5o, I), não está obrigando o particular a exaurir a via administrativa para, após,
utilizar-se da via judiciária. Está, apenas, condicionando a impetração à
operatividade ou exeqüibilidade do ato a ser impugnado perante o judiciário. Se o
recurso suspensivo for utilizado, ter-se-á que aguardar o seu julgamento, para
atacar-se o ato final; se transcorre o prazo para o recurso, ou se a parte renuncia a
sua interposição, o ato se torna operante e exeqüível pela Administração,
ensejando desde logo a impetração. O que não se admite é a concomitância do
recurso administrativo (com efeito suspensivo) com o mandado de segurança,
porque, se os efeitos do ato já estão sobrestados pelo recurso hierárquico,
nenhuma lesão produzirá enquanto não se tornar exeqüível e operante”.

4.17.4. Othon Sidou (Do Mandado de Segurança, 3ª Edição)


Se o ato é de índole positiva e pode ser sustado mediante a simples
manifestação do recurso, enquanto é ele decidido, a potencial ação reparatória do
remédio pode ser postergada sem gravame para o queixoso, mesmo porque,
sustados os efeitos do ato, desaparece, pro tempore, o fato que possibilita curso ao
mandado de segurança, assim desfalcado do imprescindível direito líquido e certo”.
Explica que por esta razão, ou seja, por ainda não ter acontecido a lesão é
que o prazo decadencial só começará a correr da data da decisão do recurso não
provido, e diz ainda que não se trata da suspensão do prazo, porque o prazo ainda
não começou a fluir para ser suspenso, em verdade se tem que o prazo começará
a contar após a lesão estar configurada, “porque não se suspende o que não
começou a existir”.

4.17.5. Acórdão (relator Min. Lafayete de Andrade)


O mandado de segurança não está condicionado ao uso prévio de todos os
recursos administrativos, porque ao Judiciário não se pode furtar o exame de qualquer lesão
de direito. (RE 22.212 em 12.5.53).

4.17.6. Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional)


Conclui: “Unânimes, portanto, a doutrina e a jurisprudência ao entenderem
desnecessário o esgotamento da via administrativa para o acesso ao Judiciário,
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 22

ainda que a lei preveja a possibilidade de utilização de recurso ao qual se conferiu


efeito suspensivo”.

4.17.7. Súmula
429 do STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não
impede o uso do mandado de segurança contra omissão de autoridade.
430 do STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o
prazo para o mandado de segurança.

4.18. PROCEDIMENTO LEGAL OU QUESTÕES PROCESSUAIS


4.18.1. Lei
1.533/51, Art. 6º - A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos
artigos 158 e 159 do Código do Processo Civil, será apresentada em duas
vias e os documentos, que instruírem a primeira, deverão ser reproduzidos,
por cópia, na segunda.
Parágrafo único. No caso em que o documento necessário a prova do
alegado se acha em repartição ou estabelecimento publico, ou em poder de
autoridade que recuse fornecê-lo por certidão, o juiz ordenará,
preliminarmente, por oficio, a exibição desse documento em original ou em
cópia autêntica e marcará para cumprimento da ordem o prazo de dez dias.
Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a
ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. O escrivão extrairá
cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

4.19. IMPETRANTE E IMPETRADO


4.19.1. Rodrigo César Rebello Pinho (Sinopses Jurídicas – Saraiva)
A pessoa que ingressa em juízo com o mandado de segurança é
denominada impetrante, podendo ser qualquer pessoa, física ou jurídica.

4.19.2. Impetrado ou sujeito passivo


Sempre autoridade pública – com poder de decisão – ou no exercício do
poder público – sempre é quem detenha de competência para corrigir a ilegalidade,
podendo a pessoa jurídica de direito público, da qual o impetrado faça parte,
ingressar como litisconsorte.
No caso de delegação a autoridade é o delegado (mas o foro é o foro da
delegante – se forem de esferas diferentes).
Se houver erro na atribuição da autoridade coatora, o juiz não pode
determinar a substituição do pólo passivo, deve julgar extinto sem mérito.
Necessita legitimidade própria, mas pode ser usado por entes
despersonalizados e órgãos públicos com capacidade processual para a defesa de
suas prerrogativas e atribuições: Mesas da Casas Legislativas, Presidências dos
Tribunais, Chefias dos MPs e dos TCs.
Também pode ser usado por agentes políticos na defesa de suas atribuições
e prerrogativas: Governador de Estado, prefeitos, magistrados, deputados,
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 23

senadores, vereadores, membros do MP, membros do TC, Ministros de Estado e


Secretários de Estado;

4.19.3. Processo Legislativo


Deputados e Senadores podem impetrar mandado de segurança contra o
processo legislativo – controle de constitucionalidade preventivo de formação de
uma lei – quando o processo legislativo, por si só, tenha desrespeitado norma
constitucional.

4.19.4. Ministério Público


O MP atua como fiscal da lei e possui prazo de cinco dias para dar seu
parecer.
Em âmbito penal o MP não pode usar o MS para afastar o contraditório,
sendo assim o réu é chamado para integrar o pólo passivo como litisconsorte.

4.20. CABIMENTO
 Contra atos administrativos de qualquer dos poderes;
 Para a tutela jurídica do direito de reunião;
 Para a tutela jurídica do direito de obtenção de certidões;
 Contra o processo legislativo que desrespeita as normas
Constitucionais (inclusive para EC – controle concreto concentrado e
preventivo);
 Leis e decretos de efeitos concretos;
 Contra a omissão diante de uma petição ao administrador público;

4.21. DESCABIMENTO
 Não cabe contra lei ou ato normativo em tese; Porque a lei em si não
causa lesão, os atos administrativos que efetivam ou concretizam a lei é
que podem ser atacados por MS; Lembre-se que o MS não pode ser
substitutivo do controle de constitucionalidade abstrato;
 Não pode ser substituto da ação popular (STF, Súmula: 101) e nem
serve para tutelar direitos difusos – salvo o MS coletivo;
 Não cabe contra sentença que transitou em julgado; Não pode ser
utilizado como substitutivo da ação rescisória;
 Não cabe contra ato judicial passível de recurso ou correição (STF,
Súmula: 267); Abrandou-se para aceitar se a decisão for teratológica ou
se a impetração for de terceiro que não foi parte no feito e deveria ter
sido, para evitar que sobre ele venham a incidir os efeitos da decisão
proferida;
 Contra ato que caiba (e foi utilizado) recurso administrativo com efeito
suspensivo: Se quiser usar o MS pode, porém, abre-se mão do recurso
administrativo;
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 24

 Atos interna corporis: Pelo princípio da separação dos poderes não


pode o judiciário se envolver em matérias relacionadas direta e
exclusivamente às atribuições e prerrogativas das casas legislativas;
 Contra decisões do STF: Não importa se decididos monocraticamente,
se em turmas ou se pelo plenário;
 Concessão de vantagens a servidores públicos para corrigir o vício na
isonomia quando uma lei concede a uma categoria uma benesse não
estende a categoria similar. Neste caso só cabe a declaração de
inconstitucionalidade da lei que quebrou o princípio da isonomia.
 Discricionariedade das punições disciplinares: Pode atacar a
incompetência, a formalidade ou a ilegalidade da sanção disciplinar;

4.22. COMPETÊNCIA (EM FUNÇÃO DA AUTORIDADE)


Contra ato de tribunal o competente será o próprio tribunal; Outros casos
deve-se observar os diversos dispositivos constitucionais acerca da matéria.

4.23. PRAZO DECADENCIAL


A lei determina que o MS tem prazo decadencial para sua interposição de
120 dias a contar da ilegalidade ou abuso de poder que tenha se tomado
conhecimento.
Sendo prazo decadencial este não se suspende e não se interrompe.
O prazo é de 120 dias a contar do conhecimento do fato (exclui o dia de
início e conta-se o dia do término).
O prazo não é exigível se o MS é impetrado preventivamente, não há como
contar prazo quando o MS é preventivo.
O prazo não corre se o impetrante protocolizou a tempo, mesmo que perante
juízo incompetente.
Interessante ressaltar que o prazo não influi no direito material, ou seja, não
se perde o direito material e sim a possibilidade de utilização da via célere e
sumaríssima que é o MS.
Atos de trato sucessivo, que se seguem no tempo, para cada ato haverá um
prazo próprio e independente para a impetração do MS, ou seja, a lesão se renova
periodicamente.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 25

5. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO


Instituído na CF de 1988 Mesmo que individual, porém muda-se o
impetrante com a finalidade de facilitar o acesso a juízo (direito individuais
homogêneos, coletivos e difusos). O interesse pertence à categoria, o impetrante
age como SUBSTITUTO PROCESSUAL – legitimação extraordinária sem
necessidade de autorização expressa (impetram em seu nome, mas na defesa
dos interesses de seus membros ou associados). Se um grupo usa o MS para
defender direitos individuais semelhantes é hipótese de litisconsórcio ativo.
A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
favor do associados independe da autorização destes (STF: 629); A entidade de
classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria (STF: 630);
Legitimidade ativa
Partido político com representação no CN (basta um parlamentar); O STJ
entende que o Partido só pode buscar direitos dos filiados e em questões políticas
– posição criticada pela doutrina;
Organizações sindicais, entidades de classe e associações: Devem estar
legalmente constituídas, em funcionamento há pelo menos um ano (a maioria da
doutrina entende que somente as associações precisam cumprir este requisito) e
atuarem na defesa dos seus membros ou associados (pertinência temática); Não
há necessidade de autorização específica dos membros ou associados (deve haver
uma previsão expressa no estatuto social);

Legitimidade - Mandado de Segurança Coletivo - Tributo (Transcrições) (v.


Informativo 367) RE 196184/AM* RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE Voto:
1. O Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas entendeu, com fundamento no art. 5º, LXX, da Constituição, pela
legitimidade ativa do Partido Socialista Brasileiro para impetrar mandado de segurança coletivo contra decreto do prefeito de
Manaus que altera a planta de valores imobiliários para efeito de lançamento do IPTU, e que, conseqüentemente, majorou o
tributo. A discussão que se apresenta no recurso extraordinário é saber se partido político pode impetrar mandado de
segurança coletivo, substituindo a todos os contribuintes do IPTU. Dispõe o inciso LXX do art. 5º, da Constituição: "LXX - o
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b)
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos interesses de seus membros ou associados." A tese do recorrente no sentido da legitimidade dos partidos
políticos para impetrar mandado de segurança coletivo estar limitada aos interesses de seus filiados não resiste a uma leitura
atenta do dispositivo constitucional supra. Ora, se o Legislador Constitucional dividiu os legitimados para a impetração do
Mandado de Segurança Coletivo em duas alíneas, e empregou somente com relação à organização sindical, à entidade de
classe e à associação legalmente constituída a expressão "em defesa dos interesses de seus membros ou associados" é
porque não quis criar esta restrição aos partidos políticos. Isso significa dizer que está reconhecido na Constituição o dever
do partido político de zelar pelos interesses coletivos, independente de estarem relacionados a seus filiados. Também
entendo não haver limitações materiais ao uso deste instituto por agremiações partidárias, à semelhança do que ocorre na
legitimação para propor ações declaratórias de inconstitucionalidade. Com efeito, o Plenário desta Corte, no julgamento da
ADIMC 1.096 (DJ 07/04/2000), entendeu que o requisito da pertinência temática é inexigível no exercício do controle abstrato
de constitucionalidade pelos partidos políticos.

Objeto:
Direito dos associados, independentemente do vínculo com os fins próprios
da entidade impetrante, exigindo-se, entretanto, que o direito esteja compreendido
na titularidade dos associados e que exista ele em razão das atividades exercidas
pelos associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar, próprio, da
classe.
Competência:
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 26

o Depende da categoria da autoridade coatora e sua sede funcional,


sendo definida nas leis infraconstitucionais, bem como na própria CF;
o Os próprios Tribunais processam e julgam os mandados de
segurança contra seus atos e omissões;
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 27

6. MANDADO DE INJUNÇÃO
Ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial – instituído
na CF 1988.
Quando a omissão legislativa for relevante para se desfrutar de direitos
individuais referentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Ex: Art. 37 VII e
7º XXI; Curar a síndrome da inefetividade das normas constitucionais, porém em
âmbito individual e concreto;
Tem como pressuposto norma constitucional de eficácia limitada
(previsão constitucional) – É possível a criação de MI no âmbito estadual para
controlar as omissões que prejudiquem o exercício de direitos previstos na
Constituição Estadual.
É possível o MI coletivo com os mesmos legitimados para o MS coletivo; não
cabe liminar;
Sujeito passivo
CN ou PR para lei nacional ou federal e demais autoridades para outros
casos;
É possível de ser criado/previsto em âmbito estadual;
O próprio MI é auto-aplicável, pode-se utilizar as regras para o MS.
Posições
Concretista
Declara a omissão e implementa o exercício;
Exemplo
o
Art. 195 §7 – MI-232-1 RJ
o o
Art. 8 §3 ADCT – MI-283-5/DF e MI 384
Geral
Terá efeito erga omnes. (não aceita – violação à separação dos
poderes)
Individual
Efeito só para o autor da ação (aceita excepcionalmente);
Direta
Implementa imediatamente – efeitos concretos para o autor da
ação – não aceita;
Intermediária
Fixa o prazo de 180 dias (ou outro) para a implementação e se
não regulamentado no prazo o autor passa a ter o direito – aceita pela
doutrina e excepcionalmente (dois casos) aceita no STF (há
necessidade de fixação de prazo pelo constituinte e nos dois casos o
poder público estava no pólo passivo da obrigação);
Não concretista
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 28

Posição adotada pela Jurisprudência do STF – só reconhece a mora do


legislador – passa a ter a mesma eficácia da ADIN por omissão, tornando inócua a
decisão judicial;
Competência
o 102 I q;
o 102 II a;
o 105 I h
o 121 §4o V;
o 125 §1o;
SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Notícias STF
Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007
Supremo determina aplicação da lei de greve dos trabalhadores privados aos servidores
públicos

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (25), por unanimidade, declarar a
omissão legislativa quanto ao dever constitucional em editar lei que regulamente o exercício do
direito de greve no setor público e, por maioria, aplicar ao setor, no que couber, a lei de greve
vigente no setor privado (Lei nº 7.783/89).
A decisão foi tomada no julgamento dos Mandados de Injunção (MIs) 670, 708 e 712, ajuizados,
respectivamente, pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santo
(Sindpol), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa (Sintem) e
pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado do Pará (Sinjep).
Ao resumir o tema, o ministro Celso de Mello salientou que "não mais se pode tolerar, sob pena de
fraudar-se a vontade da Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva
inércia do Congresso Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis
- a quem se vem negando, arbitrariamente, o exercício do direito de greve, já assegurado pelo texto
constitucional -, traduz um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade, pelo valor e
pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República".

Celso de Mello também destacou a importância da solução proposta pelos ministros Eros Grau e
Gilmar Mendes. Segundo ele, a forma como esses ministros abordaram o tema "não só restitui ao
mandado de injunção a sua real destinação constitucional, mas, em posição absolutamente
coerente com essa visão, dá eficácia concretizadora ao direito de greve em favor dos servidores
públicos civis".

Trechos do voto (MI 712 / PA) do Ministro Celso de Mello:


Essa omissão inconstitucional do Poder Legislativo, derivada do inaceitável inadimplemento do seu
dever de emanar regramentos normativos - encargo jurídico que foi imposto ao Congresso Nacional
pela própria Constituição da República - encontra, neste “writ” injuncional, um poderoso fator de
neutralização da inércia legiferante e da abstenção normatizadora do Estado.
O mandado de injunção, desse modo, deve traduzir significativa reação jurisdicional, fundada e
autorizada pelo texto da Carta Política que, nesse “writ” processual, forjou o instrumento destinado a
impedir o desprestígio da própria Constituição, consideradas as graves conseqüências que
decorrem do desrespeito ao texto da Lei Fundamental, seja por ação do Estado, seja, como no
caso, por omissão - e prolongada inércia - do Poder Público.
Não obstante atribuísse, ao mandado de injunção, desde o meu ingresso neste Supremo Tribunal, a
relevantíssima função instrumental de superar, concretamente, os efeitos lesivos decorrentes da
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 29

inércia estatal - posição que expressamente assumi, nesta Suprema Corte, no MI 164/SP, de que fui
Relator
(DJU de 24/10/89) -, devo reconhecer que a jurisprudência firmada na matéria pelo Pleno do
Supremo Tribunal Federal orientou-se, de modo claramente restritivo, em sentido diverso.
A jurisprudência que se formou no Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento do MI 107/DF,
Rel. Min. MOREIRA ALVES (RTJ 133/11), fixou-se no sentido de proclamar que a finalidade, a ser
alcançada pela via do mandado de injunção, resume-se à mera declaração, pelo Poder Judiciário,
da ocorrência de omissão inconstitucional, a ser meramente comunicada ao órgão estatal
inadimplente, para que este promova a integração normativa do dispositivo constitucional invocado
como fundamento do direito titularizado pelo impetrante do “writ”.
Esse entendimento restritivo não mais pode prevalecer, sob pena de se esterilizar a importantíssima
função político-jurídica para a qual foi concebido, pelo constituinte, o mandado de injunção, que
deve ser visto e qualificado como instrumento de concretização das cláusulas constitucionais
frustradas, em sua eficácia, pela inaceitável omissão do Congresso Nacional, impedindo-se, desse
modo, que se degrade a Constituição à inadmissível condição subalterna de um estatuto
subordinado à vontade ordinária do legislador comum.
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 30

7. AÇÃO POPULAR
Reprimir ou impedir dano aos bens públicos por atos ou contratos, protege
interesses difusos – inserida na Constituição de 1934 e regulamentada pela Lei
4.717/65;
Poder de vigilância do povo. Forma de exercício da soberania popular –
democracia direta e participação política (há quem defenda que a natureza seria
coletiva e por isso não seria um direito do cidadão);
Ação popular é assim, um meio do qual se pode valer qualquer
cidadão do povo, para comparecer perante o estado juiz, referindo-lhe a
existência de ato lesivo ao patrimônio público, onde quer que esteja e
independentemente de quem o detenha, estendendo-se ao ataque à
imoralidade administrativa ou que fira qualquer outro bem entre os que
pertencem ao grupo dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.
Cidadão: Pessoa natural, brasileiro nato ou naturalizado, maior de 16 (não
precisa de assistência e não precisa comprovar direito subjetivo, basta o interesse
geral, difuso, justamente o que faz diferir do MS coletivo) e o português equiparado
(O português equiparado é considerado cidadão); gozo dos direitos políticos – título
de eleitor ou certificado de equiparação; Se tiver com direito políticos perdidos ou
suspensos não há legitimidade. O MP pode continuar uma ação, jamais propô-la –
o MP detém a ACP que é concorrente para os efeitos da AP;
Os requisitos normais para uma ação judicial: interesse e legitimidade
ficam mitigados na ação popular, pois basta a legitimidade (cidadão) e não o
interesse subjetivamente considerado;
Objetivo (basta a potencialidade lesiva e não o dano em concreto):
a) Patrimônio histórico e cultural;
b) Patrimônio público;
c) Meio ambiente; e
d) Moralidade pública (amplia muito – admite-se mesmo sem lesão
patrimonial).
Tipos: Pode ser preventiva ou repressiva e admite concessão de liminar;
Pode ser contra ação ou omissão;
 Não cabe contra atos jurisdicionais porque estes possuem meios próprios
de impugnação;
 Pode ser utilizada como meio de controle de constitucionalidade
incidental ou difuso, mas, não pode ser utilizada como controle abstrato,
ou seja, contra lei em tese;
 Se julgada improcedente haverá o duplo grau de jurisdição
(remessa obrigatória);
Custas: Valores cobrados no curso de um processo judicial.
Ônus da Sucumbência (conseqüências de ser perdedor): Parte
perdedora pagar para a parte vencedora os honorários advocatícios.
Competência: Não há prerrogativa de foro para autoridades;
Coisa julgada: secundum eventum litis – Se a ação for julgada procedente
ou improcedente por ser infundada produzirá efeito de coisa julgada oponível erga
omnes. Se a improcedência se der por deficiência de provas, haverá apenas a
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 31

coisa julgada formal, podendo outro cidadão intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
Competência:
o Dependem da origem do ato ou omissão a serem impugnados;
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 32

8. DIREITO DE CERTIDÃO
Não podem ser cobradas taxas.
Natureza individual;
As certidões são utilizadas para declarar fatos ou atos registrados em
documentos, atas, livros e outros instrumentos utilizados pelo poder público.
Obtenção de certidão (somente para situações já ocorridas) para defesa de
um direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal, desde que
demonstrado seu legítimo interesse.
O Estado deve fornecer as informações solicitadas (salvo as de sigilo
constitucional) sob pena de responsabilização civil do Estado e pessoal da
autoridade;
O STF TEM RECONHECIDO O DIREITO DE OBTER CERTIDÃO
INDEPENDENTEMENTE DA DEMONSTRAÇÃO DA FINALIDADE ESPECÍFICA
DO PEDIDO.
Da negativa cabe mandado de segurança; Prazo de 15 dias – LEI 9.051/95;
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 33

9. DIREITO DE PETIÇÃO
―O direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras,
qualifica-se como importante prerrogativa de caráter democrático. Trata-se de
instrumento jurídico-constitucional posto a disposição de qualquer
interessado — mesmo daqueles destituídos de personalidade jurídica —, com
a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as instituições estatais, de
direitos ou valores revestidos tanto de natureza pessoal quanto de
significação coletiva.‖ STF: ADI 1.247
Peticionar significa solicitar, requerer, pedir, pleitear, também pode ser
exercido com o propósito de reclamar, denunciar, representar.
Legitimados: Pessoa natural, jurídica ou entes sem personalidade
jurídica – não há, a princípio, limitação quanto à idade. Pode ser usada
coletivamente (vários peticionários) ou em nome coletivo (um ente em nome
dos associados);
Âmbito (dimensão) individual e coletivo. É um direito político;
INVOCAR A ATENÇÃO DOS PODERES PÚBLICOS SOBRE UMA
QUESTÃO OU SITUAÇÃO. Não há necessidade de interesse processual ou
lesão a direito individual.
Prerrogativa democrática (não pode cobrar taxas – exceto as
previstas no texto constitucional como as taxas judiciárias);
STF entende que a Reclamação para assegurar sua competência tem
natureza jurídica de Petição.
STF entende que não viola a gratuidade a existência de depósito
prévio para a análise de recurso administrativo;
Não se exige advogado;
Instrumento de participação político fiscalizatório dos negócios do
Estado que tem por finalidade a defesa da legalidade constitucional e do
interesse público geral, seu exercício está desvinculado da comprovação
da existência de qualquer lesão a interesses próprios do peticionário –
apesar de ser informal deve ser escrita e assinada.
Finalidade: Dirigir a quaisquer autoridades públicas petições,
representações, reclamações ou queixas destinadas à defesa dos seus
direitos, da Constituição, das Leis ou do interesse geral.
Exemplo 1: Art. 335 do Código de Processo Penal: "Recusando ou
demorando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém
por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
competente, que decidirá, depois de ouvida aquela autoridade."
Exemplo 2: Lei 4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade) Art. 1º O
direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa,
civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções,
cometerem abusos, são regulados pela presente Lei”.
Não pode ser utilizado como sucedâneo da ação penal, não pode
ser utilizado para se peticionar em juízo direito próprio sem os requisitos da
ação penal ou sem atender aos requisitos próprios dos atos processuais,
André Alencar dos Santos DIREITO CONSTITUCIONAL 34

como os recursos. Também não pode ser alegado para se postular em juízo
sem a presença do advogado (capacidade postulatória); STF também rejeita
a utilização do direito de petição como ação popular penal, ou seja, o povo
fazer as vezes do Ministério Público.
Se não resolver em prazo razoável (não fala qual) cabe MS;

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