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(0510872022 17:10 PDF js viewer A primeira Esquadra da Marinha de Guerra, do creptisculo com 0 Reino Unido de Portugal ao alvorecer com o novo Império do Brasil 1820 — 1823* ‘The first squadron of the Navy, from the tnilight nith the United Kingdom of Portugal to the dann with the new Empire of Brazil 1820-1823 Johny Santana de Araijo Doutor em Histéria Social pala Universidade Federal Fluminense - UFR com pis-doutorado em His- ia pela Pontificia Universidade Catdlica de S80 Paulo - PUC-SP E professor do Departamento de Histéria (DH) da Universidade Federal da Piaut - UFPI: do Programa de Pés-Graduacao em Histéria do Brasil - PPGHB, e do Programa de 76s-Greduagao em Cléncia Politica -PFECP ambos na mesma Universidade. E bolaiste do Programa de Bole de Produtividade em Pesquisa (PQ UFP| 2020-2001), Membro do Inatitute Histérico © Geografico Brasileiro IHG2, Tem pes Piaui, Histéria do Brasil, Histér squieas dedicadas & Histéria do Internacionais, Histéria Militar Histéria das Cuerras «@ Confiitos Contemooréneos. Email: johnysant@gmail.com. RESUMO Em 1820, com a evolugéo da situagio politica propalada pelas Cortes em Lisboa, estando estes cada vez mais favoraveis & recolonizacao do Brasil, mas com a monarquia estabelacida no pais, os aparatos militares de sustentagao do império colonial portugués na América ncontravam-so cada vez mais divididos. O presente artigo pretende expor um quadro geral da marinha, cuja estrutura e dispositives encontravam-so desdobrados entre Portugal e Brasil. Apés a declaragio de independéncia ocorrido em sotembro de 1822, a constituigae da Marintia de Guerra do Brasil enfrentaria alguns desafios, ao que se refere 4 disposigéo dos meios navais, a constituigdo de suas tripulagées e do seu corpo de oficiais. Entre 1820 © 1823 @ Marinha portuguesa sofreria uma cisao que resultaria na eriagdo de uma forga naval brasileira preparada para uma ABSTRACT In 1820, with the progression of the political situation promoted by the courts in Lisbon, being increasingly favorable to the recolonization of Brazil, and with the monarchy established in the country, the military apparatus supporting the Portuguese colonial empire in South America was progressively divided. This article intonds to present 2 general picture of the Navy, whose structure and devices were deployed between Portugal and Brazil. During the process following the declaration of independence that took place in September 1822, the constitution of the Brazilian Navy would ace some challenges, the construction of naval resources, the constitution ofits crews, its officer coms with the purpose of the subsequent war Between 1820 and 1823, the new country's Navy vould undergo a transition that would result in the creation of a relatively prepared force that would help consolidate Brazil's independence, especially in the north of the nascent empire, whose model '9 recdbido ern 08 de setembro de Navigator: subsigios aa a historia ma 2 aprovado para aublioagéo em ima do Brasil, Rio Janel de novembre de 202 169% hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 ane (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A pameiza Esquadsa de Masinhs de Guezza, do crepéscule com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 guerra que ajudaria na consolidagao da independéncia no norte do Brasil, PALAVRAS-CHAVE: Marinha Real Porlu- guess; Independéncia do Brasil; Armada Im- perial Brasileira. UMA FORA NAVAL PORTUGUESA DESDOBRADA Os anos de 1820 6 1822 podem ser con- siderados criticos para a histéria de Portu- gal e do Brasil, ambos dividiam um status de Reino Unido, © que comegava a criar um certo incémodo junto as Cortes portu- guesas apés a Revolugao Liberal do Porto. ‘A Revolugao de 1820, na cidade do Por to, veio no seguimento do desoontentar mento que se sentia em face da situagao do pais que advinha de diversos fatores, como a auséncia do rei D. Jodo Vi, que se encontrava no Brasil; a abertura dos portos, brasileiros a comércio com outras nagdes, © a pormanéncia de governadores ingloses no poder. Este descontentamento fomen- tou o surgimento de ideias liberais, que levaram a criagao do Sinédrio em 1817, grupo secreto que planejava a revolugao. A Revolugao deurse a 24 de agosto de 1820 no Porto, originando a Junta Provisional de Governo do Reino, que imediatamente exi giu 0 regresso do rei, bem como eleigoes para as Cortes Constituintes, visando a criagao da Constituicao Portuguesa (RO- DRIGUES, 1907, p. 561; 568) © reflexo disso se faria sentir junto as Forgas Armadas, que se encontravam desdobradas entre dois mundos, nos inte- ressa particularmente 0 caso da Marinha, que sofreria uma divisao profunda em seus quadros profissionai sua estrutura fisica, ou soja, a sua Esqua- dra quo, ja em 1820, so encontrava litoral- mente desdobrada ao longo do Atlantico,! a0 ponto de efetivamente, em 1823, entrar fom cheque durante o processe que lovou a separagio do Brasil. militares @ em vould inspire an entire generation in the larger project ofstrenathening the Imperial State. KEYWORDS: Portuguese Royal Navy: Independence of Brazil; Brazilian Imperial Army Nos interessa neste texto mostrar um rotrato dessa Esquadra portuguesa/brasi= leira, © sua ruptura que formaria a futura Marinha Imperial do Brasil. Qual a face da Marinha portuguesa no Atlintico? Qual a sua composigéo, homens, navios, arso- nal, ensino? Como processo de ruptura levou a Marinha do Brasil ¢ parte desse espélio como forgas anteriormente uni- das a se dissolverem? Quais caminhos a nova Marinha Imperial Brasileira busoou em relagao as diretrizes de comando in- troduzindo novos conceit tradigao de origem inglesa? E, finalmente, como ocorreram os embates? Durante os anos 1806-1808, 0 peque- no pais de Portugal tornou-se a linha de frente no aprofundamento do conflito po- litico-econémico entre a Gré-Bretanha eo Império francés. No cerne das relagées an- glorportuguosas estava um comércio max ritimo mutuamente benéfico. Diante das tentativas francesas de fechar a Europa a0 comércio briténico, era importante que Lisboa, um importante ontreposto, perma necesse aberto. No contexto naval mais amplo, durante 1806-1808, 0 porto de Lis boa @ a Marinha portuguesa tornaram-se cada vez mais relevantes no contflito anglo- francés, Finalmente, Portugal tinha uma importante posse colonial na América do Sul: 0 Brasil, com suas matérias:primas © mercados potenciais, era uma regiao com oportunidades atraentes para 0 comércio britanico (ROBSON, 2011, p.27). Entre as missdes tipicas dos navios da Esquadra portuguesa, antes mesmo da transladacao da Familia Real para o Bra- sil, estava a escolta de navios mercantes, © a manutengao do Império ultramarino 71 “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo portugués que se estendia da América do Sul passando pela Africa ocidental oriental, até 0 Oceano Indico. A costa norte-africana do Mar Medi terrdneo até Tripoli era um reftigio dos piratas berbores. Um esquadrao portugués utllizava Gibraltar como baso temporaria, patrulhava permanentemente esta regido. Todos 0s anos, © comboio de navios mer- antes (80 ou mais em niimero), com de: no a india e ao Brasil, era escoliado até as IIhas Atlanticas; além disso, dificilmente encontraria piratas até chegar a costa bra- sileira, Numa data previamente acordada, uma esquadra ora onviada para fazor um cruzeiro ao largo da Madeira e, depois de recolher © comboio, acompanhé-lo até & seguranga do Tojo (LIGHT, 2003, p. 118). Na época das Guerras Napolednicas, especificamante no periodo do Blaqueio Continontal estabelecido pela Franca con- tra a Inglaterra, proibindo © comércio dos paises continentais, dois paises romperam com 0 Bloquoio, Russia e Portugal. Os por- tuguosos ameagados com a possibilidade de invasio, contavam com o apoio inglés no sentido de manter a integridade do pais frente & possibilidade de invasdo, ‘A maioria da documontacao © a bl bliogratia sobre as relagdes diplomaticas entre Portugal © Inglaterra raferem-se a preocupagae desses tiltimos para além do destino do Reino de Portugal, a questo estratégica de nao permitir que os fran- ceses se apossassem da Esquadra portu- guesa, © que reprosentaria uma preocu- ago a mais no equilibrio de forgas, uma vez que esta representava um dispositive estratégico no controle da navegacao pelo Allantico, e na ligagao das colénias portu- guesas na América, na Africa, @ na passa- gem para o Oriente, segundo Rabson: No contexto mais amplo de uma guerra. maritima anglo-rané era vital que a base naval de Lisboa e a Marinha portuguesa 78, “7 0 caisee nas maos de Napoledo. A ajuda naval briténica a Portugal foi confirmada no Tratado de Methuen. No caso de a Espanha ou a Franca declararem guerra a Portugal. a Gre-Bretenha © a Holanda declararlam guerra a essas poténcias © fomeceriam uma forga militar de 12.000 homens para a defesa do pais. A GraBretanha também se comprometeu a enviar um esquadréo da Marinha Real de orga igual au maior para qualquer frota hostil que pudesse estar na costa de Portugal e para ajudar a der as colénias portuguesas. SON, 2011, p. Havia-se cogitado a possibilidade de destruigao da Esquadra portuguesa se- melhante ao que a Royal Navy havia infli= gido & Esquadra dinamarquesa, om 1801 © 18072, caso 0 governo portugués nao ce desse &s pressoes inglesas. As Marinhas sueca, dinamarquesa & portuguesa eram vulneraveis as ambicoes francesas, enquanto 0 Tratado de Tilsit acrescentava 0s servigos da Marinha rus sa. Argumentou-se que Napoledo poderia invocar uma Frota francesa, holandesa, sueca, dinamarquesa © russa de pelo menos 60 navios de linha operando nas Aguas do norte, enquanto apenas metade desse niimero seria necessaria para trans portar uma possivel invasao francesa da IHanda (JAMES, 1837, Vol. 4, pp. 283-284), Palo tratado, o temor era que parecia “apoiar-se em boa autoridade" de que Nax poledo havia proposto ao Czar uma gran- de combinagao naval contra a Gra-Bretar nha, da qual Dinamarca ¢ Portugal seriam membros (HINDE, 1973, p. 171) Em 12 de novembro, o entiio minis: tro dos Negécios Estrangeiros, George Canning, estendou suas instrugdes de 7 de novembro ao embaixador inglés em Portugal, Percy Clinton Sydney Smythe, Visconde de Strangford, na forma de um hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 ane (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A primeiza Esquadia da Marina de Guerra, do crepisculo com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 ultimato’. Chegara a hora do Principe Re- gente D. Joao decidir; ele poderia se opor as oxigéncias francesas ou enfrentar um conflito com a Gra-Bretanha. Sea conven- 40 no tivesse sido ratificada, ou, uma vez ratificada, nao estivesse sendo cum- prida, seria interpretada como um sinal de “hostilidade determinada”. Neste caso, Strangford deveria instruir 0 Almiran- te Sidney Smith com a seguinte orcem: “Chegou a hora de sua execugao das ins trugées que Ihe foram fornecidas, com 0 objetivo de levar a efeito quaisquer medi- das de hostilidade contra Portugal, que possam estar em seu poder". eficaz dessas medidas seria, sem diivida, oataque dirato A Frota portuguesa no por- to de Lisboa", se isso nao fosse pratico, devia estabelecer e fazer cumprir “o mais rigoroso bloquoie da foz do Tajo”. A culpa por esta situacao recairia exclusivamente sobre os portugueses como uma “conse quénoia da sua recusa ou hesitagao em cumprir os seus campromissos cam Sua Majestade” (ROBSON, 2011, p. 151) Contudo, as forgas francesas invaciram Portugal, em 1807, devido alianga portu- guesa com a GréBretanha, levando a trans- foréncia da Familia Real ao Brasil. O principe regents de Portugal na época, D. Joao, gover: rnava formaimente o pais em nome de Maria | de Portugal desde 1799, Antecipando a in« ‘vaso do exército de Napoledo, D. Joao orde- noua transferéncia da Corte Real portuguesa para 0 Brasil antes que ele pudesse ser de- posto, Partindo parao Brasil em 29 de nove bro, a comitiva real navegou sob a protecao da Marinha Real Britanica, sendo cito navios, de linha, cinco fragatas e quatro embarca: (ges menores da Marinha portuguesa, sob o comando do Almirante Sir Sidney Smith. Em 5 de dezembro, quase a meio caminho entre Lisboa © Madeira, Sidney Smith, junto com © enviado da GréeBretanha a Lisboa, Strang ‘ord, rotomou & Europa com parte da flotilha britanica (FREITAS, 1968, p. 04), A ‘mais Um oficial de carreira da Marinha Real, chamado Graham Moore, assumiu 0 comando dos navios HMS Bedford, HMS London, HMS Marlborough © HMS Monar- ch, prosseguindo a missao de escoltar a Familia Real portuguesa até o Brasil (RO- BSON, 2011, p. 172). Os navios portugue- 905 ostavam sob o comando do Vico-Almi- rante Manuel da Cunha Souto Maior* No conjunto de Forgas Navais que se- guia 03 monarcas, os demais dispositi- os que compunham a Marinha viajavam juntamente com 0 grosso da Frota portu- guesa; embarcada na Nau Conde Dom Henrique, juntamente com a Familia Real, estava a Companhia de Guardas-Marinhas, que era comandada palo entao Capito de Mar © Guerra Dantas Persira, oficial cujos esforgos em embarcar todo 0 material pos- sivel para o Brasil revelava 0 seu desejo de garantir a continuagao da formagao dos futuros oficiais de Marinha através de uma academia para formagao dos guardas-mar rinhas (ALMEIDA, 2018, p. 12), Dantas Percira so destacaria ainda como um grande teérico da reforma naval em Portugal, esorevendo pelo menos dois textos classicos sobre as ideias em rela- go & capacidade da Marinha portuguesa’. Parte dessas ideias foi trabalhada ainda no Brasil, cuja grande obra realmente foi apli- cada no ensino dos guardas-marinhas. Apés a independéncia do Bra sil em 1822, a Companhia dos Guardas- -Marinhas acabou dividida em duas, uma da Marinha Real portuguesa @ outra da Marinha Imperial Brasileira. Os membros da companhia que nao adotaram a nacio- nalidade brasileira regressaram para Por- tugal no ano do 1825. Ao longo das Guerras Napoleénicas, a Marinha portuguesa havia variado pouco em forca, oscilando entre 11 € 13 navios de guerra em servigo, Além de um navio de 74 canhées langado em 1802, nao hou- ve acréscimos & forga da frota de batalha 79, “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 ang (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo nosanos anteriores 1807. De acordo com Glete, “a marinha portuguesa mudou pou- co em tamanho ou tarefas operacionais desde 0 inicio do século 16" (1993, p. 393) Em 1808, a Marinha portuguesa totalizava 54 navios, sando a forca de batalha com- posta por um navio de 80 canhées, seis de Te cinco de 64 (GLETE, 1983, p. 376, 400), Em setembro de 1807, era composta por 13 navios de linha, 8 fragatas € 18 navios menoras®. A principal funcao da Marinha era salvaguardar os interesses maritimos portugueses, (ROBSON, 2011, p. 34) parti- cularmente o comércio com o Brasil. A URGENCIA DE UMA GUERRA Em 22 de janeiro de 1808, D, Jodo e sua Corte chegaram a Salvador, Brasil. La, © principe regente assinou a lei de “Aber: tura dos Portos” que permitia 0 comércio entre 0 Brasil 6 as “nagdes amigas” (BRA- SIL, Colecdo de Leis do Brasil - 1808, Pagi- ‘na 1, Vol, 1), Iss0 foi particularmente bené- fico para a Gra-Bretanha e pode ser visto como uma das muitas mansiras quo D. Joao encontrou para recompensar o Im pério britanico por sua ajuda, Essa nova lei, no entanto, quebrou 0 pacto colonial que permitia ao Brasil manter relages co- merciais dirotas apenas com Portugal. * Quando D. Joao, juntamente com a Fa- milia Real, aportou no Rio de Janeiro em 1808, trazia consigo, para além do que con- vencionalmente a historiografia, brasileira © portuguesa, afirma, a Esquadra Real, a Marinha portuguesa inteira com seus 23 nae vios de guorra, dos quais oite naus @ quatro fragatas, 0 Brasil passaria ser 0 ponto de convergéncia ¢ de operagdes da Marinha portuguesa (PEREIRA, 2005, p. 83). Uma das primeiras operagées foi a ex- pedigao de conquista da Guiana Francesa também auxiliada pelos ingleses, resul- tando em uma campanha vitoriosa para @ Marinha portuguesa. O Contra-Almiran- te Sir Sidney Smith, comandante da Esta: 80, “7 do do Brasil, havia negociado com 0 go- verno portugués, entao situado no Brasil, para realizar a operagao contra o territério francés da Guiana, para tanto tomou par te onavio HMS Confiance sob o comando do Capitéo James Lucas Yeo. Smith tinha conseguido a ajuda de uma Esquadra por tuguesa, com um efetivo composto por dois brigues armados, 0 Voador com 24 canhées eo Vinganca com 18 canhdes, um brigue desarmado, o Infante Dom Pedro, © © Cutter desarmado Ledo. Esta forga trans portou pelo menos 560 soldados ragulares portugueses ¢ brasileiros, complementa: dos por marinheiros @ fuzileiros navais a bordo dos navios, todos sob 0 comando do Tenente-Coronel Manuel Marques. Yeo deveria manter o comando geral da ope ragdo e juntou-se a forga portuguesa ao largo de Belém no inicio de dezembro de 1808, Em 15 de dezembro, ele atacou os distritos costeiros de Olapoque o Aproak, capturando ambos sem resisténcia, em preparagao para o avango sobre Caiena, capital da Guiana Francesa, a operagéo toda foi um sucesso". No Oriente, parte de uma Esquadra portuguesa formada pelo governador de Macau atuou para debelar uma série de agées de piratas que agiam na regido, havendo uma sucessio de combates navais entre uma flotitha de navios por tugueses*macaenses e chineses contra uma armada de piratas, as ages ocorre ram ao largo da cidade de Macau no peri- odo entre 15 de feversiro de 1809 © 21 de janeiro de 1810. © principal combate foi a batalha da Boca do Tigre travada na en- trada do canal do mesmo nome. Na sua maxima extensdo, a flotitha portuguesa teve seis barcos, todos eles navios do trés mastros, portanto equiva: lentes as corvetas de guerra, com uma guarnigao que rondava dos 100 a 160 ho- mens, equipados com 16 a 26 canhdes. Foram realizados trés combates nos quais hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 se (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A primeiza Esquadia da Marina de Guerra, do crepisculo com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 as Forgas Navais porluguesas, mesmo em desvantagem numérica, mas com supe rioridade no poder de fogo proporcionado pela artilharia, conseguiram manter 0 do- minio da cidade ¢ vencer a armada pirata, que contava com mais de 300 barcos". Apés a agao vitoriosa contra os fran- ceses na Guiana, o principe regente ciou uma campanha contra os primeiros movimentos de libertagao nas colénias espanholas da América do Sul. Apos uma primeira intervengao armada na Banda Oriental, interrompida aps um armisti- cio com os insurgentes liderados por José Gervisio Artigas em 1812, passou-se a conquista efetiva do territério, em 1816, sendo finalmente concluido no ano se- guinte. Tomaram parte nessa campanha, uma nau, uma fragata, cinco brigues & seis navios de transporte (PEREIRA, 2005, p. 56-57; 59), A Esquadra garantiu 0 con- trole do man bloqueando os portos de Maldonado © Montevidéu, onde foram de- sombarcadas forgas de fuzileiros navais, que efetuaram o primeira assalto, antes do avango de tropas terrestres. Durante a perman€ncia da Familia Real no Brasil, houve ainda uma opera- 0 de vulto roalizada polas Forgas Navals portuguesas dentro do proprio pais, que se deu para debolar a Insurreigao Pernam- bucana de 1817. Foram tomadas providéncias drésticas © urgontes para debolar © movimento, on tre elas bloquear a cidade de Recife. Na casio também foi feita a nolificagao as nagdes amigas do bloqueio dos ports da regio, ao tempo em que se despachou as pressas, om 2 de abril de 1817, sob as ordens do chefe de Divisdo Rodrigo José Ferreira Lobo, uma pequena Forga Naval, que ra composta por uma eapiténia, dois briguas @ uma escuna que operaram o blo= queio do porto do Recife (MOURAO, 2009, 23), enquanto na sequéncia se preparava a expedigao militar maior sob as ordens do Brigadeiro Luis do Rego Barreto, sendo en- viada do Rio de Janeiro para completar a primeira, uma divisdo naval sob as ordens do chefe de Divisao Brés Castano Barrato Cogomilho (MAIA, 1965, p43), Esta forca reuniu “a bordo das Naus Vasco da Gama 0 Rainha do Portugal, 0 do mais nove embareagées menores, quatro batalhées de infantaria, dois esquadries de cavalaria e um dastacamento de artilha- ria de oito pegas, perfazendo um total de cerca de 4.000 homens” (MOURAO, 2009, 1.23). Com o assédio & cidade do Recife polas tropas em terrae com o bloqueio da Esquadra no mar, 0s insurretes acabaram ‘em 20 de maio por abandonar a cidade, le- vando ao término do mavimento. Mas, anos depois, a cisiio do Rein Unido levou a uma guerra de libertagio colonial « a criagdo de uma Esquadra bra- sileica com parte dos navios apropriados da Esquadra portuguesa estacionada no Rio de Janeiro, ¢ marcaria a ruptura € 0 surgimento de uma nova forga. D. Pedro foi aclamado imperador do Brasil no Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1822. Tinha enormes tarefas pela fren- te, por exemplo, 0 reconhecimento de sua autoridade imperial pelas provincias; pro- blemas com as fronteiras; reconhecimen- to diplomético; relagdes com Portugal. Em setembro de 1822, 0 governo das Juntas das quatro Provincias do Norte (Para, Maranhao, Piaui e Ceara), que ocu- pavam um quarto do territério brasileiro, ‘ra fiol as Cortes portuguesas. A comuni= cago entre 0 Paré, Maranhao ¢ Lisboa era mais rapida do que entre o Rio de Janeiro @ Lisboa. As forcas portuguosas controla- vam 0s portos de Montevidéu, no Sul, ¢ S. Salvador da Bahia, no Nordeste, ¢ 08 refor {508 chegaram a este tiltimo em outubro. Quando a guerra eclodiu, © Império do Brasil teve que criar a sua Marinha de Guerra, valendo-se dos servigos de ofi- cials ostrangeiros, om sua maiorla de ori= 81 “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 eng (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo gem britanica, entre escoceses, ingleses ¢ irlandeses. Thomas Cochrane, ex-oficial da Marinha britanica seria 0 comandante da primeira Marinha Imperial. A sua atu- agao junto a essa forga foi fundamental para rounir as varias provincias em torno do objetivo de unificagao do estado sobe- rano sob a Coroa de Pedro | Quando de fato as Cortes conseguem que a Familia Real retorne a Portugal, os Animos no Brasil se alteraram drastica- mente, '* pois a ideia nao havia sido bem resolvida pelo povo brasileiro,"@ a animo- sidade acentuou-se quando 0 governo de Lisboa, diante das dificuldades econémi cas e ressentidos pelo abandono em que se encontravam diante da auséncia do rei, trabalharam com afinco em retirar ao Bra- sil a condigéo de Reino Unido, Houve tentativas de levar 0 Principe D. Pedro para Portugal, pelas maos do go- vornador das armas do Rio de Janeiro, © General Jorge Avillez, © Principe Pedro se recusou a embarcar para a capital do Rei- no om Lisboa, diante do impasse @ com as tropas leais a Portugal ficando confinadas praia na Ponta da Armagao, em Niterdi, es tas foram entao intimadas a regressar a Me~ trépole (PEREIRA, 2005, p. 90). De fato, em- barearam em 15 de fevereiro de 1822, sendo escoltadas pelas Corvetas Maria da Gléria & Liberal; ardilosamente dois navios se afasta- ram do comboio, um dos quais onde viajava © General Avillez, © rumaram & Bahia para reforgar as forgas leais as Cortes. APARTICAO DA MARINHA REAL, E O SURGIMENTO DA MARINHA IMPERIAL BRASILEIRA Quando ocorre a Proclamagao da In- dependéncia do Brasil, a maior parte das tripulagdes dos navios de guerra estacio- nados no pais acedeu & ruptura propala- da por D. Pedro, principalmente os que se achavam fundeados no Rio de Janet 82. “7 roe no porto de Montevidéu. Na ocasicio, “passaram para o lado brasileiro oito aus, quatro fragatas, seis corvetas, seis, brigues, catorze escunas e trés charruas”. (SILVA, 2009, p. 64) No decurso das hostilidades viriam, ainda, a ser apreendidos uma fragata (requisitada pelo futuro imperador no de curso dos seus primeiros atos de rebeldia contra a Coroa portuguesa), dois brigues, quatro escunas e uma charrua. Nao con- tamos aqui com a captura da fragata ba- tizada como Imperatriz, no Para (de resto, pouco significativa no panorama global), pois, por se encontrar em construcao, néo tinha, ainda, sido aumentada ao efetivo. Com efeito, num pais onde a maior parte das ligagées se fazia por mar e era indispensavel garantir a unidade territo- rial eo abastecimento maritimo, é natural que D. Pedro, desde logo, se empenhasse om formar uma Marinha de Guerra capaz de defender a independéncia do novo Es- tado (PEREIRA, 2005, p. 95). Conforme se pode ler no decreto de criagao da Marinha Imperial de 13 de se- tembro de 1822: © Governo tomard todas as providéncias urgentes que se fazem necessarias para o nascente Império possuir_ uma Esquadra apta a defenderthe quar a extensa costa quer o fértil territério @ também capaz de assegurar 0 comércio de seus continuos portos, de vez que a Providéncia talhara para o Bresil 5 mais altos destinos de gloria e prosparidade que sé podem ser defendidos com uma Marinha respeitavel. (BRAGA, 20: O primeiro niicleo da Esquadra foi for- mado com os poucos navios suttos no Rio de Janeiro que estavam em condigées de navegar, aos quais se somaram alguns ad- quiridos no estrangeiro. No inicio de 1823, © imperador contava, ja, com uma nau, hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 me (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A primeiza Esquadia da Marina de Guerra, do crepisculo com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 Martim de Freitas, rebatizada de Pedio 1, trés fragatas, duas corvetas ¢ dois bri- ques, juntamente com outros navios me- nores (OS PORTUGUESES NA MARINHA DE GUERRA DO BRASIL, 1940, p, 198). Além da Nau Pedro /, 0s outros navios oram as Fragatas Joiranga (antiga Uniao), Niterdi (antiga Sucesso) e Real Carolina; as Corvetas Maria da Gléria @ Liberal (an- teriormente Gaivota do Mar); e os Brigues Real Pedro ¢ Guarani, este iltimo um mer- cante comprad, Existem algumas discre- pancias entre os varios autores, nomea- damente na classificagao das escunas © dos brigues, que em alguns casos se con fundem (especialmente quando falamos dos chamados brigues-escunas). Para co- mandar esta forga, requisitou os servigos do escocés Thomas Alexander Cochrane, que jd se notabilizara na organizagao das ‘Armadas do Peru edo Chile, Com ele vie- ram 28 oficiais © 500 marujos. Segundo Silva (SILVA, 2009, p. 64-66), a maquina do governo permaneceu relativa- mente intacta, assim comoa infraestrutura naval, seu pessoal e suas organizagdes - 0 Ministério da Marinha, 0 Conselho da Ma rinha, o Hospital, a Academia e o Estaleiro, ‘Ademais, 0 novo Império do Brasil pronta- mente se dotou de uma forga de combate a0 aprender 14 navios de guerra e 14 es cunas da Marinha portuguesa posiciona- das no Rio de Janeiro e no Rio da Prata, Na época final da dominagao portur guesa, Salvador possuia um estaleiro bem desenvolvido nesse period em que foram construidos os navios da linha de batalha Martin de Freitas - que se tornaria a Pedro I~ @ 0 Principe do Brasil. Gracas a0 fato de os portugueses terem aprovel tado as madsiras nobros oncontradas no Brasil, ideais para o tipo de construgéo naval (LIGHT, 20083, p.120). A independéncia ainda nao havia sido aloangada de forma conclusiva no Bra- sil. Quando Pedro fez sua declaragao em 1822, apenas a regio central ao redor do Rio de Janeiro estava sob controle brasi- leiro; 0 resto do pais continuou a ser domi nado por juntas e tropas portuguesas que ‘ocupavam as cidades ¢ capitais costeiras. Os locais mais significativos foram Belém, na foz do Amazonas: Sao Luis do Maranhao, no litoral norte; @ Salvador, ca- pital da provincia da Bahia e sede de um grande arsenal naval e guarnigao militar. Embora sitiada por um oxército brasilei= ro maltrapitho, Salvador era vista como 0 trampolim para a reconquista ¢ 05 refore gos ja vinham de Portugal. Fora as regides litordneas, 0 Piauf havia sofrido forte au- mento do contingente militar portugues gragas ao desembarque de tropas na ci= dado litoranea de Parnaiba comandadas pelo Major Joao José da Cunha Fidié, fa- cilitado por Forgas Navais. Na provincia ocorreria um dos embates capitals para © processo da independéncia no norte do Brasil, a batalha do Jenipapo, préximo a Vila de Campo Maior. Ainda que as forgas brasilsiras fossom compostas por militares o milicias patriéti- cas e conseguissem manter as guarnigoes de terra portuguesas sitiadas, 0 mar era por onde os portugueses recebiam sous ro- forgos. Com esta logistica, os portugueses aumentaram suas tropas, alm de recebe- rom suprimentos © conseguirem manter tum fluxo de navios de guerra junto & guar. igo de Salvador que estava sob coman- io do governador das armas da provincia Brigadeiro Inécio Luis Madeira de Melo (BRASIL, Introducto & histéria maritima brasileira. Rio de Janeiro, 2006, p. 75). Tal como no Pacifico durante a guerra do independéncia das colénias espanho- las, 0 dominio maritimo foi crucial, Somen- te tomando o controle do mar, 0 nascent Império do Brasil poderia interromper 0 fluxo de reforgos de Portugal, bloquear expulsar as guamigées inimigas @ tornar a independéncia uma realidade. 83, “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 ang (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo Outra deliberagao crucial foi a eriagao de uma subsorigao piiblica para a aquisi- go de navios de guerra, 0 entao ministro da Fazenda, Martim Francisco Ribsiro de Andrada, teve a ideia de criar uma subscri- go nacional e mensal, para se conseguir arrecadar {undo para compra ¢ manuten- go de navies, 2 apresentou ao Imperador Pedro | um Plano, com esse sentido, este foi aprovado quase de imediato ¢ posto fm execugao pela seguints forma, Todo 0 — cidadéo. que voluntariamente quiser concorrer para to util, © importante objeto, assignara com as agdes, que quiser © poder. Cada ago mensal € de oitacentos réis, & subscrig’o sera recebida no principio de cada més; mas 0 que no puder continuar a concorrer com a quantia, que subscreveu, no seré abrigado por modo algum. (SILVA, 1882, p.102) E ainda que todas as remessas deve- riam estar roferendadas polas respectivas CAmaras, © sendo acompanhadas da ida dos subseritores, para que na Corte se zes80 piiblico pela Imprensa. Os Governos das Provincias recomendario as cémaras, © cuidado, com que devem promoverestatacutilsubscripgao, © auniliardo promptamente acs Thesoureiros para que remetiam com seguranga os dinheiros, que estiveram em caixa, no tempo determinado, © Thesoureiro Geral & Francisco José da Rocha, na sua falla ou impedimento Antonio da Costa Pinto e Silva, Havia ainda uma listacomonomedosagentes encarragados de pi corte a subscriga E com ajuda de uma subscrigao pir blica, a primeira Esquadra nacional em teoria comegaria a adquirir verbas para aquisigao de navios, um ato mais simbéli- co do que pragmatico. Como na América 84 “7 espanhola, havia uma escassez critica de mao de obra naval. 0 Brasil, como Chile & Peru, era um pais sem populacao mariti- ma ou tradi¢ao maritima, Nao sé faltavam recrutas looais para tripular os navios que ‘compunham a nova Marinha do Brasil, mas também os ofioiais @ homens que ha- viam trabalhado nas embarcagées que o governo de Yosé Bonifacio havia coman- dado no Rio de Janeiro eram portugueses do nascimento e de lealdade duvidosa. Foi instado aos oficiais portugueses, ‘em dezembro de 1822, se entre eles ha- via interesse am permanecer no Brasil a fim do compor a nova Esquadra que ia ser formada, € aos que nao quisessem seria franqueado 0 deslocamento deles para Portugal (SILVA, 1882, p. 46). Era. uma medida urgente, tendo em vis- ta que a Marinha pr ‘om servigo, a fim de fazer frente & deman- da que surgira com a guerra que estava no horizonte. Pelo menos uma centena deles aceitou permanecer no Brasil. Ain- isava ser colocada da, segundo Silva, “As respostas de todos estes Oficiais foram dadas com o maior entusiasmo @ amor a causa do Brasil” (SILVA, 1882, p. 46). Alguns desses oficiais inclusive respon deram com forte aprego a convocagao de- clarando as raz6es do porqu ficar no Bra- sil, um deles foi o Capito de Mar e Guerra Joaquim Raimundo de Moraes Delamare, que no futuro assumiria a pasta da Mari= nha e seria um dos grandes responsaveis pela modemizagao da Esquadra de batalha com a introdugao de monitores. Respondendo como me cumpre, a0 seu contetdo, tenho a dizer: Que tendose-me proporcionado occasiao de regresear a Partugal como de proximo aconteceu em a Nao Rainha, o tenho deixado de fazer por tencionar persistir no Brazil onde sirvo ha 15 anos; & agora com mais gosto que nunca. Depois que Sua Magastade fez hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 sng (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A primeiza Esquadia da Marina de Guerra, do crepisculo com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 aos habitantes deste hemispherio @ graga de se daclarar seu Defensor Perpetua, fazendo com isto a felicidade deste vasto € riquissimo continente e de todos osceus habitantes, a cujonimero tenho a honra de pertencer, ¢ ue no desejo ser de moda algum privado, juntamente com minha mulher @ meus filhos, ave sando todos indigenas deste Paiz no anhelamos outra Patria mais que 0 Brazil, (SILVA, 1882, p. 5 Mas ainda era um numero pequeno, € havia uma necessidade grande de oficiais seniores, com palo menos razoavel experi- éncia de combate, em face dessa realida- de caberia ao governo brasileira preparar @ Marinha com uma lideranga adequada para fazer frente as forcas portuguesas que atuavam com carta liberdade no mar SOB COMANDO DE THOMAS COCHRANE A solugao brasileira foi procurar na Gré- -Bretanha ¢ na Irlanda os homens de que precisava, Os primeiros recrutas, encontra- dos no Rio de Janeiro, foram dois jovens subtenentes ingleses, William Eyre e Geor- ge Manson; ¢ trés oficiais superiores ~ um Capitao americano chamado David Jewitt, © Capito Mathias Welch da Marinha Real Portuguesa ¢ 0 Tonente John Taylor do HMS Blossom que, para furia do Almiran- tado, renunciou & sua comissao para se tomar um capitao de fragata na Marinha brasileira, Também chegaram ao Rio de Janeiro noticias de que a gloriosa carreira de Lord Cochrane no Pacifico terminara em amargas disputas sobre o pagamento € prémios em dinheiro, ¢ que o comandan- te estava procurando um novo emprego, Pedro prontamente ofereceuthe © posto de comandante-chefe da nova Marinha do Brasil com o posto do primeiro-almirante. Cochrane acaitou e chagou ao Rio em margo de 1823 acompanhado de cinco ofi- Ciais, todos comissionados no servigo bra: sileiro: um inglés, John Pasooe Grenfell; um escocés, James Shepherd e dois irlan- doses, 0 capitéo de bandeira de Cochrane, Thomas Sackville Crosbie, ¢ 0 comandante Bartholomew Hayden. nacionalidade do quinto oficial, Tenens Stephen Clewley, ndo foi registrada. Todos foram nomeados de acordo com 0 Decreto Imperial de21 de margo de 1823 (SILVA, 1882, p. 67), Segundo as palavras do proprio Lord, o imperador havia assagurado-Ihe “que, no tocante as embarcacées em si, a esqiua- dra estava quase pronta para o mar; mas que faltavam bons oficiais © marinheiros: acrescentando, que, se eu julgasse a pro- pésito tomar o comand, ele daria as ne- cessérias ordens ao seu ministro da Mari= nha” (COCHRANE, 2003, p.40). No dia 15, 0 imperador acompanhou Lord Cochrane em uma visita as embar- cages das quais ele aparentemente fez elogios, pois havia apreciado muito, pri cipalmente a Nau Pedro /, que acabou de- cidindo por tomé-la como nau capitania (COCHRANE, 2003, p.41), Nao era novidade a utilizacao de ofi- ciais ingleses na Marinha portuguesa. Du- ranto os anos de conflito, a Marinha da Gra-Bretanha empregou cerca de 120.000 homens (600/800 navios em servigo ati- vo); em tempo de paz 18,000. Com o fim das Guerras Napolednicas, houve uma sti bita diminuigao do emprego desses mar rujos ¢, como resultado dessa politica, 08 marinheiros perderam seus empregos, 05 fuzileiros navais voltaram para seus quar téis € 08 oficiais, sem navio, mas dispos- tos a servir, tiveram seu saldrio reduzido pela motade (LIGHT, 2003, p. 119). Esses niimeros sao ligeiramente maio- res, em outras anélises, mas em linhas gerais so convergentes, pois de acordo com Brian Vale no final das Guerras Napo- leénicas, a Marinha Real havia sido efeti- vaments desmobilizada. Em poucos anos, 85 “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 son (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo ontimero de navios em comissao havia ca- ido de 713 para 134 ¢ o niimero de homens de 140.000 para meros 23,000, Dos 5.264 oficiais comissionados da Royal Navy, 90% estavam desempregados ¢ ganhavam a vida com metade do salério, enquanto no nivel inferior havia um grande nimero de exaspirantes a oficiais © mestres (sargen- tos) que nao recebiam salério, Entre esses mithares, nao fol dificil encontrar oficials e homens ansiosos pelo pagamento e pré- mios em dinheiro oferecidos por uma guer ra estrangoira (VALE, 2006, p.102), Talvez tenha sido essa a principal ra- 20 que levou tantos a procurar emprego, primeiro na Marinha portuguesa e pos teriormente na Marinha do novo Império do Brasil, para além dos que serviram nas esquadras dos paises que se libertaram da Espanha, a exemplo do Chile, Peru © Argentina. Nos dltimos 40 anos do sécu- lo XVIII, so conhecidos os nomes dos 35 oficiais que efetuaram esta transferéncia (ntimero substancial em face da dimenséo da Marinha portuguesa, uma frota de cerca de 25/35 embarcagées). Alguns ainda esta- vam ativos em 1807; afrota que trouxe a Fa milia Real portuguesa para o Brasil incluia dois Bergantins, Lebre © Vinganca, A principal iniciativa de recrutamento brasileiro foi, entretanto, realizada nos portos de Londres © Liverpool no inver- no de 1822-1823. Instado pelo agente do Brasil na capital britanica, General Felis- berto Caldera Brant, que recebia relatos alarmantes sobre o envio de reforgos por: tugueses, 0 governo autorizou uma cam- panha de recrutamento e compra de gran des quantidades de armas @ provisdes navais (BRASIL, 1907). Em 26 de dezembro de 1822, Brant no- meou um compatriota, Anténio Meirelles Sobrinho, como vies-cénsul em Liverpool, onde esperava obter a maior parte dos ho- mens, Meiralles foi instruido a oferecer até £ 2,60 por més ~ um valor que se compar 86 “7 ra favoravelmente com os § 1,60 pagos a Marinheiros Capazes da Marinha Real - & recebeu a ordem de recrutar 150 marinhei- ros da maneira mais rdpida e clandestina possivel. Em Londres, Brant empregou um ex oficial da Marinha Real, James Thomp- son, como seu agente, Thompson foi no- meado capitéo de fragata da Marinha bra sileira e autorizado a encontrar cinquenta homens e cinco oficiais subalternos (Felis berto Caldeira Brant para José Bonifacio, 04/01/1823, BRASIL, 1907). ‘Bo que se refere ao corpo de marinheiros, Olivsira Lima, no entanto, observa que havia um sério problema em relacao aos marujos, tendo em vista que a maioria era de origem portuguesa e, se caso de fato o grosso da Es- quadra portuguesa decidisse atacara Esquar dra brasileira, haveria uma séria dficuldade. ‘Segundo consta, eles nao tinham nacionar lidade © “qualquer entusiasmo profissional, porque em grande parte fora recrutadia con- tra avontade” (IMA, 2019, p. 328). No entanto, durante os combates trax vados na costa da Bahia entre a nova Esquadra brasileira e a Esquadra portu- guesa, muitos marujos simplesmente se recusaram a guarnecer os canhdes dos navios e lutar, alegando o fato de serem conterraneos dos portugueses, como citar do no diario do Capelo da Armada Impe- rial, Padre Manoel Dores Para o governo imperial, aideia da pre- senga dos portugueses pela costa interes sava pois “se falava por exemplo em na-~ vios de guerra portugueses, que cruzavam aqui € acola, em velas que se avistavam vindo da Europa’, Inclusive que essas no- ticias se propalassem para melhor poder reforgar os meios de defesa, adaptando providéneias que de outro modo pode: riam ser ressentidas. O apelo ao elemento estrangeiro impunha-se, porém, especial mente na Marinha (LIMA, 2019, p. 330). A Esquadra operacional, a forga de combate, estava sob o comando do Lord hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 anne (0510872022 17:10 Nawigatar 34 PDF js viewer ‘A pameiza Esquadsa de Masinhs de Guezza, do crepéscule com o Reino Unido ‘de Dortogal ao alvorever com o nore Laspeae do Brael 1820 ~ 1823 Thomas Cochrane, mas para a Secretaria de Estado dos Negdoios da Marinha, ou seja, 0 Ministério da Marinha, havia sido nomeado por Decreto de 28 de outubro de 1822 0 Capito de Mar ¢ Guerra Luiz da Cunha Moreira, @ no dia 19de dezembro do mesmo ano, apds a reorganizagao do nistério, Cunha Moreira permansceu como ministro da Marinha (SILVA, 1882, p. 10). Além da Esquadra principal, havia na Bahia a flotilha de canhoneiras que ti- nha como base a Ilha de Itaparica, que havia sido organizada e comandada pelo patrao-mor do porto's, Joao Francisco de Oliveira Bottas, que j& hostilizava os por tugueses e seus navios. Em 29 de margo, Thomas Cochrane re- cebeu ordens para bloquear a Bahia e des- truir ou capturar qualquer navio portugues que la encontrasse. Cochrane partiui no dia 3 de abril com a Fragata Ipiranga © os cli ppers americanos Liberal © Maria da Gléria armados como corvetas. O Brigue Guarani a Esouna Real acompanharam a Esquadra para uso como navios de fogo®, mas oles nd estavam preparados para o combate. A Fragata Niteréi se juntou ao esquadrao em 29.de abril (COCHRANE, 2003, pp. 5-33). Onavio capitania do Almirante Cochra- ne, Pedro |, {01 classificado comoum navio de linha de 74 canhdes, embora pudesse ser considerado um navio de 64 canhées de terceita categoria pelos padrées da Royal Navy Na inspegao geral de avaliagao do es- tado dos navios, Cochrane descobriu que 0 tecidos das velas haviam se deteriora- do, de modo que estas eram frequente- ments rasgadas pelo vento, que os sacos, de pélvora eram inseguros de usar, & que 08 canhes nao poderiam ser usados sem limpé-los com esponjas entre os disparos. A tripulagéo da Pedro I produziu no- vos sacos de pélvora com flamulas, mas Cochrane permaneceu insatisteito com @ qualidade da pélvora @ lamentou a auséncia de mecanismos de pedernei- ra nos canhées, Sua tripulagao principal consistia em 160 marinheiros ingleses norte-america- nos € 130 fuzileiros navais negros recente- mente emancipados da escravidao, com © restante dos marinheiros portugueses marginalmente qualificados_pagando menos da metade do saldrio padrao para marinheiros experiontes. Nas palavras do capeléo da Esquadra a “oficialidade da Esquadra era em grande parte composta do profissionais estrangeiros, experimen- tados no oficio; a marinhagem continha tambam estrangeiros, mas predominavam rnela os elementos portugués © nacional, libertos e escravos" (DORES, 1938, p. 182), Cochrane considerou a tripulagao com 120 homens a menos de um complemento normal ¢ estimou que 300 homens a mais poderiam ser empregados efetivamen- te em condigdes de batalha. A experién- cia dos fwzileiros navais como eseravos levouros a acreditar que nao deviam ser designados para tarefas de limpeza como homens livres, pelo que os marinhsiros portugueses desempenhavam tarefas de limpeza em ver de praticar a marinharia. Em abril, chegou a Bahia a Esquadra brasileira comandada pelo Almirante Co- chrane, pronta para dar combate, No dia 30, os portugueses se prepararam para enfrentar a Esquadra brasileira, A Forga Naval portuguesa era comandada pelo Al- miranto Félix dos Campos. No inicio de maio de 1823, haveria um importante encontro naval no contexto da tontativa de bloquear o porto de Salvador, © assédio seria imposto pelo Almirante Thomas Cochrane, na ocasiao as frotas brasileira © portuguesa quase se enfron- taram, a agao resultou teoricamente num impasse, tendo em vista que a Esquadra brasileira, apesar de estar numericamen- to om dosvantagem, tentou impor uma agao ofensiva, mas perdeu a capacidade 87 “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 sane (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo de sustentar agao contra a frota portugue- sa por causa da recusa dos marujos por: tugueses a servigo da Esquadra Imperial de tomar parte na agao. A narrativa desse embate foi retratada pelo frei capelio ofi- cial da Esquadra, ¢ pelo proprio Cochrane: No dia 4 fizemos a de: inesperada de 13 sotavents, que se achou sera esquadra, inimiga saindo do porto com vistas de prevenirou de levantar o bloqueio. Pouco depois, © Almirante Portuguez formou linha de batalha para nos receber, consistinda a sua fora n’uma nau de linha, cinco fragatas, Cinco corvetas, um brigue, e uma escuna. (COCHRANE, 2003, p. 54) O encontro das duas Esquadras ocor reu em 4 de maio de 1823 - 0 resultado desse primeiro combate ficou indefinido, por ter ocorrido desobediéncia dos mari- nheiros de origem portuguesa na Esqua- dra brasileira, Pouco depois do nascer do sol, em 4 de maio de 1823, a Esquadra brasileira detectou a linha de batalha portugue- sa como 13 navegando a sotavento”. Para compensar a inferioridade numérica dos navios brasilsiros, Cochrane tentou cortar a linha portuguesa para engajar os quatro navios da retaguarda antes que eles pudessem manobrar os navios furgonetas para evitar _inferioridade numérica localizada. Cochrane sinalizou seu esquadrdo para segui- lo enquanto manobrava a Pedro J para corlar a linha portuguesa atrés da Fra- gata Constituicao © frente do navio de tropas portuguds Princesa Real. A Nau Po- dro | abriu togo contra a Princesa Real ao meio-dia, em antecipacao, o restante da Esquadra brasileira iri tros trés navios portugueses. Nesse ponto, os mal pagos mari nheiros portugueses a bordo dos navios enfrentar os ou- 88, “7 brasileiros demonstraram lealdade a Portugal e nao ao Brasil. A Ipiranga, a Ni- teréi @ a Liberal nao conseguiram seguir Nau Pedro [ao aleance da artilharia dos navios portugueses, Dois marinheiros portugueses designados para o paiol de pélvora a bordo da Pedra I prenderam os marujos responsaveis pela pélvora que haviam sido enviados para carregar a pélvora que recarregaria os canhées, Apenas a Maria da Gléria, com uma tripulagao de brasileitos treinados pelo Capitao francés Beaurepaire, estava ofeti- vamente enfrentando o inimigo. Cochrane se desvinculou com sucesso ao reconhe cer a incapacidade de obter uma vanta- gem localizada; ¢ impodiu a tripulagao portuguesa da Escuna Real de entragar seu navio brasileiro ao inimigo. Outras agdes ocorreriam como desdo- bramento desta, a perseguigao a Esquadra portuguesa, que evacuou as tropas sob comando do General Madeira de Melo, foi um dos feitos mais notaveis realizados pela jovem Esquadra de Cochrane, bem como as agdes seguintes no Maranhéo e no Para’®, Em novembro de 1823, as forgas imperiais brasileiras controlavam todos os territérios. Com a independéncia conquistada viriam as negociagées para o reconheci- mento da independéncia, diants dessa © com a mediagéo da Gré-Bretanha, no es- pélio da negociagao, a questao da Esqua: dra portuguesa apossada pelo Brasil foi discutida. Durante essa primeira conferéncia, 0 ministro do Exterior de Portugal revelou a Stuart os sacrificios que a Corte de Lisboa esperava do Brasil e que eram os seguin- tes: 12) o montante da metade da divida portuguesa, contraida durante a guerra contra a Franga; 2%) metade do dote das duas princesas casadas na Espanha; 3°) © valor dos bens, edificios ¢ mobilidrio adquirido por D. Joao VI durante sua per- hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 139 (0510872022 17:10 PDF js viewer Navigator 34 ——_Aprimena Esquaa du Maina de Guets, do crepieeulo com o ino Unido Ge Dortogal ao avocecer com o nove impéno do Basal 1800 1603 manéncia no Brasil e 4°) a parte da Marinha portuguesa deixada nos portos do Brasil. A indenizagao correspondente a satisfagao dessas exigéncias deveria elevar-se aproxima- damente a 3 milhdes de libras estarlinas (FREITAS, 1958, p. 224), 0 que de fato 0 novo governo brasiloiro tova quo arcar CONCLUSAO, Durante 0 processo de independéncia, o nascente Império do Brasil passaria por uma prova de fogo, a guerra contra Portugal, ¢ para tanto dependeria de vitdrias militares tan= toem terra quanto no mar. Mas para onde quer que balangasse os esforgos, sem diivida um resultado positive ao Brasil, dependeria essencialmente de uma boa campanha na- val. A vitéria seria assegurada pela capacidade de bloquear, como fez na Bahia; de lutar em mar aberto como fez no Atlantico, ao perseguir a Esquadra portuguesa que retornava a Lisboa, ¢ de projetar forga, como fez no Maranhao no Para, e por fim de garantir 0 abastecimento das forgas que davam combate em terra. O papel da jovem Marinha bra- sileira foi de suma importncia na construgao da emancipagao politica do pais, As autoridades imperiais souberam a tempo criar os meios necessérios para que esse nicleo de poder naval se expandisse e se tornasse forga dominante no Atlantico Sul, mas principalmente defendendo os interesses do pais no Prata, deixando um legado de tradigao e profissionalismo. Atradigéio em grande medida fol logada pela astiicia © habilidade do primeiro coman- dante da Esquadra, 0 Lord Thomas Cochrane. Depois de formar sua tripulagao e equipar seus navios, om abril de 1823 Cochrane liderou a Esquadra brasileira para fora do Rio de Janeiro om um cruzeiro de audacia 9 sucesso surpreendentes. Em uma campanha do apenas seis meses, bloqueou ¢ expulsou um Exército portugués e uma Esquadra Naval muito superior de sua base na Bahia; em seguida, expulsou-os das aguas brasileiras e perseguiu-os até 0 outro lado do Atlantico. Elo entao enganou as guarnig6es portuguosas para que evacuassem 0 Maranhao © Belém, deixando as provincias do Norte livres para jurar fidelidade ao Império, No final do ano, 6 pais havia se livrado de todas as tropas portuguesas e era, para todos os efei- tos, independents. Se 1823 foi o ano da vitéria da Marinha do Brasil, 1824 foi o ano da consolidagao. (Os homens de Cochrane primeiro se posicionaram na prevengao de qualquer tenta- tiva de invasao portuguesa e, posteriormente, em 1824, cooperaram com o Exército na derrota do movimento republicano em Pernambuco durante a Confederacao do Equador. A experiéncia da primeira Forga Naval brasileira legaria uma geragao de oficiais prepara: dos para os desatios de consolidagao do Império do Brasil, ao longo do século XIX. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Tiago Manuel de. 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Ltd, 2011 on “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 sen (0510872022 17:10 PDF js viewer Joby Santana de Araifo RYAN, Antony. N. “The Causes of the British Attack upon Copenhagen in 1807.” The En- glish Historical Review, 68, n® 266 (1953): 37-55. Accessed September 4, 2021. httpy/www. jstororg/stable/555118. SILVA, Jorge Manuel Moreira. A marinha de guerra portuguesa desde o regrosso de D. Joao VI a Portugal ¢ 0 inicio da regeneragao (1821-1851) - Adaptagao a uma Nova Re- alidade - Mestrado em Histéria Maritima, Universidade de Lisboa Faculdade de Letras: Departamento De Histéria, 2008. SILVA, Theotonio Meirelles da. Apontamentos para a Hisiéria da Marinha de Guerra Brazl- Ieira (Rio de Janeiro, 1882) Vol. 2. VALENTIM Aloxandra, Os sentidos do Império. Questao nacional © questao colonial na crise do antigo ragime portugués, Porto: Afrontamento, 1993. NoTAS * Sobre a rotina de operacdes da Esquadra portuguesa ao longo do Atlantico na fase ante- rior & independéncia, ver: SILVA, Jorge Manuel Moreira. A marinha de guerra portuguesa desde 0 regresso de D. Jodo VI a Portugal e o inicio da regeneragao (1821-1851) - Adap- tagdo a uma Nova Realidade - Mestrado om Histéria Maritima, Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Departamento De Histéria, 2009, p. 31:34. * Durante 0 Bloquelo Continental, o estado portugues tentou contornar maximamente as imposigées francesas prometendo aceitar as condigdes do bloqueio, 20 tempo em que encenava uma faisa demonstragao de hostilidade em relagao a Inglaterra, mas combinava secretamente com estes um projeto para garantir a retirada da Familia Real para o Brasil Dessa forma, Portugal encontrava-se em uma estranha situagdo de quase estado de guerra contra amioos. O que. claramente, demonstrava ser um exercicio de neutralidade, mas que eelava um destino trégico 0 seu territéri, as consequéncias advindas de qualquer deciséo levariam a invasio e ocupagdo francesa, ou um ataque direto da Inglaterra, especialmente a sua Marinha de Guerra e seus portos, para evitar que caissem na mao dos franceses. Sobre a ruptura do bloqueio por parte de Portugal, ver: GOTTERI, Nicole. Napoleda e Portugal Lisboa: Editorial Teorema, 2006; ROBSON, Martin, Britain, Portugal and South America in the Napoleonic Wars: Alliances and Diplomacy in Economie Maritime Conflict, Londen: |B Tau: ris & Co. Ltd, 2011. Ver também o classico trabalho: MACEDO, Jorge Borges de. O bloqueio continental: Economia e guerra peninsulat 2" ad. Lisboa: Gradiva, 1990. *Ver sobre as duas agdes: JAMES, William. The Naval History of Great Britain: From the Declaration of War From the Declaration George IV, Londan: Richard Bentley, 1837, Volume 3; RYAN, Antony. N. “The Causes of the British Attack upon Copenhagen in 1807.” The English Historical Review 68, no. 266 (1953) 37-55. Accessed September 4, 2021, httpd /www.jstorora/stable/5551 18, War by France in 1798 to the Accession of “Foreign Office, 69/56, Portugal - Canning a Strangford, n° 14, em 12de novernbro de 1807. 92, “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 ame (0510872022 17:10 PDF js viewer Navigator 34 A isin Esgunia de Mia de Gos, do carpio como Reino Unido we ‘de Portugal ao alvorecer cou o novo finpéne do Bus 1820 ~ 1823 * Foreign Office, and Foreign and Commonwealth Office: Emeasey and Legation, Portugal: General Correspondence 179/6 * Sobre 0 comando portugués da frota de transmigragéo ver: LIGHT, Kenneth. A Viagem Maritima da Familia Real: a transteréncia da Corte portuguesa para o Bras!l. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2008. 2 Ambos 08 trabalhos foram publicados em 1821, ¢ tinham os seguintes titulos: “Esbogo da organizagéo € regime da Marinha conforme convem aos dictames da razéo../por Justico: la’ e "Reflexdes sobre a marinha ou discurso demonstrative do esboco da organisacao © regime de repartigio naval portugueza/por Justicole * Sobre a composigdo da marinha portuguesa em 1807 Ver: Foreign Office, 63/64, Portugal Strangford a Canning, n° 151, em 08 de setembro de 1807 * Para uma maior compreensao sobre os projetos de formagao de um império luso-brasi- leiro como componente de parte da politica de reformas propaladas pelo estado portugués & época de Pombal em meados do século XVIll, ver: VALENTIM Alexandre, Os sentidos do império. Questo nacional e questo colonial na crise do antigo regime portugués, Porto: Afrantamento, 1993, Sobre a historiografia a respeito da abertura dos partos ver: MATTOS, Renato de. Verses e interpretages: revisitando a historiogratia sobre a abertura dos portos brasileiros (1808). Historeto.rev.hist.reg.focat, Medellin, v9, n. 17, p. 473-505, Jun, 2017, Disponivel em . [acessado em 18 nov. 2021], "Sobre a agao 2 os desdobramentos politicos @ diplomaticos em Caiona ver: GOYCOCHEA, Luts Felipe de Castilhos. A diplomacia de Dom Jodo VI em Cafena. Ria de Janeira: Editora GIL, 1963, Sobre a Forga Naval portuguesa ¢ a batalha, ver: ANDRADE, Jasé Ignacio. Meméria dos feitos macaenses contra 08 piratas da China e da entrada violenta dos inglezes na cidade de Macéo, Lisboa: Na Typografia Lisbonense, 1835. * Sobre o contexto dos debates e discussdes entre os ministros do rel a respeito do retorno de Dom. Jaao VI a Portugal e 0 impacto dessa dacisao no Brasil podem ser encontrado em um texto classico de época intitulado: éLe Réi et la Famille Royale por Bragance Doiven: tHlls, en Circanstancas Prasentes, Taaurner & Portugal o Bien Raster au Brésil?, (O rele a familia real de Braganga, nas atuais circunstancias, deveriam retornar a Portugal ou permanecer no Brasil?) 0 texto aparentemente foi escrito em 1821 pelo Coronel Francisco Cailhé de Geine que havia se estabelecido na Carte de Dom Jodo VI. Ele havia se tornado informante da Intendéncia Geral de Policia da Carte do Rio de Janeiro, lago era um simpa- tizante do monarca portugués. A expresaao, brasileira, nao est sendo utilizado aqui de forma conceitual ou para deter- minar o gentilico tendo em vista que nao ha antes do fim do sécule XVill documentos que mencionem "brasileiros” como alguém que fosse natural do Brasil, até apés a independén- cla eram usados os tetmos brasiliense @ ou brasiliano. Sobre a ideia de povo que compés 93, “7 hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 sn (0510872022 17:10 PDF js viewer Jolony Santana de Araijo 0 Brasil a 6poca da independéncia, ver: PEREIRA, Luisa Rauter. O conceite politico de povo no periado da Independéncia: histéria € tempo no dabate politico (1820-1823), Revista Brasileira de Historia [online]. v. 28, n. 66 gp. 31-47, 2013. Disponivel em: . Epub 10 Fev 2014, ISSN 1806-9347. hitpsi//doi, org/'0,1390/S0102-01882013000200003. [acessado em 20 nov. 2021] Em varios trechos o capeléo da Esquadra relata a dificuldade que o Lord. Thomas Cochrane teve que lidar com a recusa em lutar dos marujos portugueses da Esquadra Imperial. Ver: DORES, Manoel Moreira da Paixéo. “Diario do capelao da esquadra imperial comandada por Lord Cochrane -11 de abril a 9 de novembro de 1823", In GARCIA, Redal: fo. Anais da Biblioteca Nacional — 1938, Vol. LX, Rio de Janeiro: Servigo Grafico do Ministério da Educagao, 1940, * Oficial que tem cob sua responsabilidade o servigo dos arsenais da Marinha e da capita nia dos portos. * Navio de fogo ou Brulote era um barco preparado com uma grande quantidade de explo- sives para ser usado em abalroamento, ver: KIRSCH, Peter. Fireship: The Terrar Weapon of the Age of Sail, Barnsley: Seaforth, 2009, Em nautica, significa o lado contrario ac de onde vem o vento. “Yer sobre: COCHRANE, Thomas John. Narrativa de servigos no libertarse o Brasil da domi- rnacao portugueca. Brasilia: Senado Federal, Coneelho Editorial, 2008. hitps lw portaldeperodicos.marinha millbrlindex phpinavigatoraricllview/2431/2488 rene

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