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CASO CLÍNICO CÁSSIA (Valor total 4,0)

Cássia é uma jovem de 29 anos, reside com os pais, formada em pedagogia,


trabalha em uma escola privada da cidade de Natal. Procurou pela primeira vez a
psicoterapia por indicação de um profissional de saúde com a queixa principal de
tristeza profunda e sintomas de ansiedade. Tem chorado com frequência, sente-se
bastante desmotivada para iniciar qualquer tipo de tarefa. Apresenta sintomas como:
dores de cabeça, sonolência, falta de energia, irritabilidade, diminuição do apetite,
taquicardia e falta de ar. Cássia tem uma tendência a ter uma visão mais pessimista do
futuro, outro ponto importante é que seu pai também já teve diagnóstico de depressão.
Os sintomas se tornaram mais visíveis depois de sua reprovação em uma entrevista de
emprego em uma grande escola, na qual sonhava trabalhar desde a faculdade.
Inicialmente procurou um clínico geral que a orientou a buscar um psiquiatra e um
psicólogo.

A paciente sempre teve uma vida bastante ativa, estudou em escola particular,
que os pais pagavam com sacrifício, ingressou na universidade federal no primeiro
vestibular, conciliava a faculdade e estágio em duas escolas. Nunca foi vista como
“primeira de turma”, mas dificilmente ficava em provas finais na sua história escolar e
acadêmica. Os pais nunca a cobraram nos estudos, mas gostaria de ter tido mais
incentivo e suporte por parte deles. Muitas vezes afirma que acredita ser uma pessoa
incapaz. Afirma que os pais demonstram uma posição muito passiva diante da vida
com tendência a se conformar diante das dificuldades, esse inclusive é um dos
principais pontos de divergência entre ela e os pais. Os pais parecem ter dificuldades em
lidar com a depressão de Cássia, muitas vezes fingem não perceber o que esta
acontecendo com ela. Em um atendimento com a psicóloga, a mãe de Cássia chegou a
dizer: “é melhor não dar atenção, né? Porque se der ela não vai melhorar, ela não tem
motivos para estar assim!”. Perceber a “indiferença” dos pais era mais um fator que a
deixava triste e desmotivada no tratamento. A paciente menciona que os pais sempre
foram mais preocupados com o seu irmão mais velho e que ela sempre fica em segundo
plano por ser considerada “mais forte”, característica que ela não percebe nos dias de
hoje. Por hoje ter condições econômicas melhores, acredita que precisa sempre
proporcionar conforto aos pais para que eles a valorizem, assumindo assim muitas
responsabilidades que hoje tem dificuldades de cumprir por causa da depressão. Quando
não consegue cumprir a sua agenda apertada, sente-se automaticamente incapaz. Chega
a pensar “eu nunca vou dar conta do meu trabalho como deveria”, sente-se triste e, na
maioria das vezes, desiste do que estava fazendo.

Foram feitas algumas demissões na pequena escola em que trabalha e ela foi
uma das pedagogas escolhidas para ficar. Esse é um dos fatos que a deixa muito
ansiosa, pois para Cássia o fato de ter sido escolhida para ficar na empresa é mais uma
coisa para prendê-la em um trabalho que ela não gosta. No dia em que saiu a demissão
de algumas colegas, Cássia teve “uma crise de choro” e precisou ser internada num
pronto socorro com forte enxaqueca. Ela mal se dá conta de que o fato de ter sido
escolhida para ficar pode ser um ponto positivo e de reconhecimento pela qualidade de
seu trabalho. Na sua forma de ver as coisas, o fato de não ter sido demitida a leva a
pensar que está mais presa nesse emprego e reafirma a sua incapacidade de conseguir
algo melhor.

Cássia tem um bom grupo de amigos com os quais ela convive desde a infância,
esses normalmente dão apoio para que ela siga seu tratamento e se sinta encorajada a
buscar novas possibilidades de emprego. Conseguiram levá-la para praticar aulas de
dança de salão, fazendo com que se sinta mais animada. Por outro lado, estar em contato
com os colegas da faculdade é algo que a deixa frustrada, pois menciona que sempre se
sente em posição mais desfavorável que eles, isso faz com que evite as reuniões com os
colegas da faculdade. Sente-se angustiada em saber que alguns estão fazendo mestrado
ou estão trabalhando em escolas mais renomadas de Natal, enquanto ela permanece na
mesma escola de quando se formou. Além disso, teve um relacionamento amoroso
conturbado de sete anos com um rapaz, que terminou a mais ou menos 1 mês. Apesar de
já não gostar mais dele, ia levando o namoro, porque pensava que não conseguiria algo
melhor. Ele sempre foi grosseiro e infiel a ela, também não entendia a sua tristeza.
Sempre que brigavam, Cássia se sentia culpada e pensava (“O que posso estar fazendo
de errado para não agradá-lo? Jamais vou encontrar alguém como ele.”). Nessas
situações chorava muito e sempre pedia que ele a perdoasse. Quando o rapaz rompeu
com ela, teve certeza que não seria capaz de manter um relacionamento por muito
tempo, sendo tão insatisfeita com o seu trabalho.

1 – É possível perceber algum fator predisponente e algum fator protetor no caso de


Cássia? Se sim, qual ou quais? Justifique sua resposta com base nos conceitos de fator
predisponente e fator protetor.

2 – É possível perceber algum fator desencadeante e algum fator de manutenção no caso


de Cássia? Se sim, qual ou quais? Justifique sua resposta com base nos conceitos de
fator desencadeante e fator de manutenção?

3 – Explique a crença central e crença intermediária do caso de Cássia, levando em


consideração o conceito e as diferenças entre crenças intermediárias e centrais e o papel
da história de vida da paciente na formação dessas crenças.

4 – Indique duas situações nas quais seja possível observar uma situação, seu respectivo
pensamento automático, emoção vivenciada e o comportamento resultante. Poderá
responder essa questão em formato de esquema.
Estudo de caso

Daniel, 23 anos, sexo masculino, adulto jovem, filho mais novo de dois irmãos,
atualmente estudante de nível superior. Apresentava como queixas principais ansiedade
em diversas situações sociais, dificuldades em realizar seu trabalho de conclusão de
curso e na escolha profissional. Narra que seus pais sempre foram de lhe cobrar
resultados, elogiando suas realizações poucas vezes. As atenções da casa eram voltadas
para o seu irmão mais velho que sempre se destacava nos estudos e nos esportes, tendo
muitos admiradores no período em que estudavam na mesma escola. Daniel
considerava-se uma criança tímida. Tinha alguns amigos, mas deixava que eles o
procurassem para falar e interagir, sendo mais quieto. Na sala de aula do colégio em que
estudava, procurava sentar nas cadeiras que ficavam próximas à parede, para que não
chamasse muito a atenção. Apresentava bom rendimento escolar. Aos 12 anos, já era
obeso e chegou a sofrer bullying na escola. Depois disso, o paciente foi se isolando
socialmente, refugiando-se em seu quarto e evitando ao máximo sair de casa.

Diversas vezes nas sessões, chegou a afirmar que acreditava ser uma pessoa
desagradável e indesejada. Por isso, se tivesse muita proximidade com as pessoas,
poderia ser desprezado. Sendo uma boa estratégia, manter-se afastado em contato
apenas com seu grupo estreito de amigos (Amália e João). Ingressou no curso de
engenharia da computação e, apesar do seu bom rendimento, evitava participar de
seminários para não ter que se expor para a turma e sofrer rejeição. Em um desses
seminários foi “obrigado” a falar em público para poder ganhar a nota, sentiu
taquicardia, suor frio e sensação de desmaio. Esse mal-estar o impediu de continuar a
apresentação e acabou sendo substituído por um colega de grupo.

Ao ir para frente da sala, lembra-se de ter pensado o quanto as pessoas poderiam


“mangar” dele e apontá-lo como um ridículo. Outro obstáculo tem sido nas orientações
do seu Trabalho de Conclusão de Curso, o professor de Daniel é um tipo mais formal
que não procura ter uma relação mais próxima com seus alunos. Em alguns momentos
de orientação, Daniel se sente envergonhado de dar sua opinião sobre a condução do
trabalho, aparentando uma certa dependência das determinações de seu professor. Pensa
que o professor acha as suas ideias ruins e que irá desconsiderar a sua opinião, embora o
tema do seu TCC seja algo que atrai o seu interesse desde os primeiros anos da
graduação. Como tem muitas dificuldades de conversar com desconhecidos, Amália
sempre se oferece para resolver suas pendências na secretaria da faculdade, pois sabe o
quando isso é difícil para o amigo.

1 – É possível perceber algum fator predisponente e algum fator protetor no caso de


Daniel? Se sim, qual ou quais? Justifique sua resposta com base nos conceitos de fator
predisponente e fator protetor.
2 – É possível perceber algum fator desencadeante e algum fator de manutenção no caso
de Daniel? Se sim, qual ou quais? Justifique sua resposta com base nos conceitos de
fator desencadeante e fator de manutenção?

3 – Explique a crença central e crença intermediária do caso de Daniel, levando em


consideração o conceito e as diferenças entre crenças intermediárias e centrais e o papel
da história de vida da paciente na formação dessas crenças.

4 – Indique duas situações nas quais seja possível observar uma situação, seu respectivo
pensamento automático, emoção vivenciada e o comportamento resultante. Poderá
responder essa questão em formato de esquema.

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