You are on page 1of 6

BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.

2, (2017) 44-49

ISSN 2177-2940
(Online)

ISSN 1415-9945
http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i2 (Impresso)

Os múltiplos desafios da biografia ao/à historiador/a


http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i2.39527

Benito Bisso Schmidt


Professor do Departamento e do PPG em História da UFRGS. Áreas: história do trabalho, história das relações de gênero,
história e memória, história das ditaduras no Cone Sul, homossexualidades, teoria e metodologia da história, historiografia,
história pública. bbissos@yahoo.com
____________________________________________________________________________________________________________________________

Resumo
O texto é um comentário sobre os artigos que integram o dossiê “Biografismo”. Busca-
Palavras Chave: se recuperar pontos de contato entre as diferentes abordagens, a fim de elencar aspectos
Biografia, Contexto, fundamentais referentes às relações entre conhecimento histórico e gênero biográfico na
Representatividade, atualidade. Os pontos priorizados são: as ligações entre indivíduo e sociedade,
Ficção, Narrativa, (incluindo-se as noções de “contexto” e “representatividade”), as tensões entre verdade
Ética.. e ficção na construção de narrativas biográficas e a dimensão ética associada às
biografias, na qual investiguei a trajetória intelectual do general Edmundo de Macedo
. Soares.

Abstract
The multiple challenges of the biography to the historian
Keywords: The text is a commentary on the articles that are part of the "Biographism" dossier. It
Biography, Context, seeks to recover points of contact between the different approaches, in order to list
Representativity, fundamental aspects regarding the relations between historical knowledge and
Fiction, Narrative, biographical genre in the present time. The prioritized points are: the links between
Ethics. individual and society (including the notions of "context" and "representativeness"), the
tensions between truth and fiction in the construction of biographical narratives, and
the ethical dimension associated with biographies.

Resumen
Los múltiples desafíos de la biografía al historiador/a
Palabras clave: El texto es un comentario sobre los artículos que forman parte del dossier "biografismo".
Biografía, Contexto, Se trata de recuperar puntos de contacto entre los diferentes enfoques, en orden a la lista
Representatividad, de aspectos básicos que se relacionan con las relaciones entre el conocimiento histórico
Ficción, Narrativa, y el género biográfico en el tiempo presente. Los puntos priorizados son: los vínculos
Ética. entre el individuo y la sociedad (incluyendo las nociones de "contexto" y
"representatividad"), las tensiones entre la verdad y la ficción en la construcción de las
narrativas biográficas, y el plano de la éticas relacionado con las biografías.

Artigo recebido em 20/02/2017. Aprovado em 05/04/2017


45 BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.2, (2017) 44-49

Apresento neste texto alguns modo quase caricatural, por Lucien Febvre
comentários sobre os quatro artigos que (1985) nas primeiras décadas do século XX
compõem o dossiê “Biografismo” da revista continua pairando nas cabeças de muitos/as
“Diálogos”, os quais oferecem ao/à leitor/a um colegas que, visando evitar tal pecha, optam por
panorama diversificado de temas e problemas termos como “trajetória” (provavelmente à
que estão no cerne dos debates contemporâneos espera da “benção sociologizante” de Pierre
referentes às articulações e tensões entre Bourdieu (1996)) ou “percurso”. Infelizmente,
conhecimento histórico e gênero biográfico. Boa portanto, ainda se faz presente o temor de
parte dessas problemáticas, como a relação entre Alexandre Avelar que, ao elaborar sua tese de
indivíduo e sociedade, e entre verdade e ficção, doutorado, “dizia não fazer uma biografia”,
ou a dimensão moral e ética da escrita de “vidas”, embora reconheça hoje que estava
não são propriamente novas, ao contrário, tem completamente imerso nas discussões sobre o
acompanhado esses gêneros – o histórico e o tema.
biográfico – desde o seu surgimento quase De todo modo, os textos que seguem
simultâneo na Antiguidade Clássica. Contudo, evidenciam de modo contundente as
ganham importância e significações diversas na potencialidades (e também os riscos) do
atualidade quando a biografia parece (re)adquirir
empreendimento biográfico para os/as
plena legitimidade como caminho adequado historiadores/as. São artigos muito diferentes
para a narração e explicação do passado. Mas entre si. Dois deles têm uma perspectiva mais
sejamos cautelosos com esse otimismo! As teórica: o de Avelar, o qual busca “discutir
desconfianças permanecem. Ainda há muitos algumas questões proeminentes do debate
historiadores/as que, por razões diversas, se recente sobre o gênero biográfico, como os
mostram reticentes em apostar na biografia, modos pelos quais os biógrafos produzem o
talvez premidos/as por constrangimentos enquadramento dos personagens e as tensões
institucionais, mas, acredito, principalmente por entre as dimensões ficcional e factual”, a partir
associarem o gênero a formas já bastante de uma releitura de sua própria trajetória
criticadas de fazer história, vinculadas aos intelectual, especialmente de sua tese de
“vultos notáveis” e aos “grandes fatos”. Por doutorado; e o de Maria da Glória Oliveira, que
vezes, desculpam-se dizendo que não estão objetiva discutir “as relações entre o gênero
interessados em estudar “apenas” a vida de um biográfico, a ficção e a história, através da análise
indivíduo, mas que querem articulá-la a do prefácio das Vies imaginaires, de Marcel
processos e contextos sociais mais amplos. Em Schwob”. Os outros dois estudos priorizam
outras ocasiões, afirmam que não querem questões de caráter metodológico, ao
examinar a “vida toda” de uma pessoa, do examinarem as potencialidades e dificuldades do
nascimento à morte, mas sim alguns períodos de uso dos arquivos pessoais para a escrita
sua existência. A resposta à primeira questão biográfica: Heloisa Helena de Jesus Paulo enfoca
poderia ser: qual biografia feita por o papel desses acervos na análise de “trajectos
historiadores/as na atualidade separa indivíduo e políticos dos exilados nos países de
sociedade? À segunda, se objetaria: porque uma acolhimento” e das “redes de contacto dos
biografia tem que contar necessariamente uma exilados”, com base em pesquisa sobre os
vida do começo ao fim? E mais ainda: é possível exilados portugueses republicanos na Espanha e
narrar uma vida “toda”, ou o que se conta é no Brasil; já Wilton C. L. Silva, a partir de
sempre uma seleção, mais ou menos arbitrária, diversos exemplos retirados da bibliografia,
de certos acontecimentos de uma existência? De examina os “desafios da pesquisa biográfica
qualquer forma, o medo de ver seu trabalho através de arquivos pessoais”.
ligado à “história historicizante” denunciada, de
46 BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.2, (2017) 44-49

São textos instigantes que evidenciam a referido prefácio de Schwob, considerado por
fertilidade e os desafios da pesquisa biográfica no ela inspirador para as discussões
campo do conhecimento histórico. Em função de contemporâneas a respeito da biografia,
sua diversidade, é difícil tecer articulações entre eles, atentando à proposta do autor de “registrar o
mas foi o que tentei fazer, reconhecendo certa
caráter único das existências tanto de indivíduos
artificialidade no empreendimento. Assim, a partir de
uma leitura muito pessoal e situada no campo de célebres quanto dos anônimos”. Paulo, por sua
minhas preocupações relacionadas ao tema, elenquei vez, evidencia que abordar “a história das redes
um conjunto de três problemáticas que comparecem emigratórias contempla duas histórias nacionais,
nos artigos, com maior ou menor desenvolvimento. que compreende espaços e tempos
diferenciados”. Portanto, “tal como o emigrante
A primeira diz respeito ao tema, que ou o exilado, o historiador também deve ter a
perpassa sob várias formas a filosofia ocidental habilidade de trabalhar com dois, ou mais,
desde, no mínimo, a Antiguidade Clássica, das contextos distintos”. Por fim, Silva, de certa
relações entre indivíduo e sociedade, ação e maneira, também aborda a questão, ao enfocar
determinação, sujeito e estrutura, voluntarismo e documentos institucionais (processos judiciais e
determinismo (para citarmos algumas laudos periciais, entre outros) como escritas
designações presentes na bibliografia). Nesse biográficas. Diz ele: “Tal narrativa, mesmo
sentido, Avelar, ao evocar o processo de escrita condicionada por sua dimensão institucional,
da sua tese, lembrou-se do peso da micro- permite, entre suas dobras e emendas, uma
história na sua formação intelectual, por isso, forma de singularização do indivíduo”.
tratou de encarar o personagem que estudava, o
general Edmundo de Macedo Soares, como um Tais reflexões apontam, como já referi
“fio condutor” ou uma “brecha” de acesso ao acima, para uma das problemáticas centrais da
passado, através do qual buscava dar conta de escrita biográfica: a forma de “tramar” as
processos históricos mais amplos relacionados, vivências singulares com os contextos onde elas
em especial, à industrialização e à política externa se realizaram, sem subsumi-las ao coletivo e, ao
brasileiras, sobretudo no período Vargas. mesmo tempo, sem destacá-las dele. Por isso,
Tentava, então, identificar “caracteres de concordo plenamente com Avelar quanto
tipicidade e de singularidade” de Soares, a fim de discute a noção de contexto, e manifesta seu
revelar “aproximações com determinados temor de que esse seja tomado como uma
grupos e quadros sociais e afastamento em “moldura rígida”, um “palco” onde os atores e
relação a outros”. Hoje reconhece o “risco, para atrizes entram depois que o “cenário” (outra
uma biografia” de “uma supervalorização do metáfora recorrente quando se fala de contexto)
contexto como instância explicativa”, muitas já está formatado. O resultado, como adverte
vezes encarado como um “palco” ou uma Loriga, é melancólico: “um fundo de cena fixo,
“moldura” onde as tramas acontecem. Também sem impressões digitais” (LORIGA, 1998, p.
destaca que, quando da realização de sua 248).
pesquisa de Doutorado, “a escolha em estudar a Não há receita para encontrar a “justa
trajetória de Macedo Soares era facilmente medida” entre ações individuais e determinações
justificável pela representatividade que este coletivas. Talvez só na própria construção da
personagem carregava”, mas, desde a atualidade, narrativa tal questão possa se resolver (ou não),
critica, apoiado em reflexões de Adriana Barreto e aí, como evidencia Oliveira, a inspiração da
de Souza, essa noção pelo fato de que ela negaria Literatura.é fundamental. Um ponto de partida
a biografia como lugar de produção de uma talvez seja pensar o contexto como um campo
escrita da história. de possibilidades plástico e dinâmica, onde o
Oliveira realiza uma leitura atenta do indivíduo elabora e transforma seus projetos,
BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.2, (2017) 44-49 47

exercendo sua liberdade, sempre social e na noção de “biografema” de Barthes, enfatiza


historicamente determinada1. Além disso, “a biografia enquanto criação (e não somente
partindo da afirmação de Paulo, arrisco dizer que como representação de um real já vivido)”. Tal
não só o estudo de emigrantes e exilados exige a perspectiva é central na abordagem de Oliveira
análise de dois ou mais contextos. Mesmo os que afirma: “O jogo entre arte, ficção e realidade
“sedentários” têm suas vidas cruzadas por atravessa os escritos de Schwob e, no caso
múltiplos processos que entrelaçam variáveis específico das Vidas imaginárias, assinala a defesa
locais, nacionais e internacionais. Mais uma vez da biografia em sua dimensão estética e poética”,
não há fórmulas prontas, somente o feeling ensinamento que, para a autora, deve inspirar
dos/as historiadores/as para dosar até onde ir os/as historiadores/as biógrafos/as. Avelar,
no estudo e na narrativa de tais processos, de igualmente, acentua o trânsito presente na
modo a transmitir ao leitor a tensão entre a vida biografia, e considerado incômodo por
contada e o mundo que a tornou possível. muitos/as historiadores/as, “entre as
expectativas de verdade e a fantasmagoria da
Também a noção de representatividade
ficção”. Destaca que o gênero é de grande
evocada por Avelar me parece central a este
interesse para o conhecimento histórico
debate. E aí me limito a enumerar algumas
“exatamente por sua capacidade de
questões: porque, normalmente, nos
desestabilizar as oposições entre o ser e o
restringimos à ideia de representatividade para
mundo, literatura e história, fato e ficção, sujeito
justificar a aposta em uma biografia? A
e objeto”. Reavaliando o processo de escrita de
singularidade, por si só, não legitimaria a escolha
sua tese, reconhece que “A escrita e a narração
de um/a personagem? Como estabelecer a
eram questões que não pareceram significativas
representatividade? Apenas por métodos
naquele momento, e pouco me interrogava
quantitativos e seriais? Alguém, individualmente,
sobre como a ordenação dos capítulos se
pode encarnar uma média de múltiplas variáveis?
conformava a um perfil que poderia ser
Até que ponto alguém é representativo de um
inteiramente subvertido se outras fossem as
coletivo maior para além, é claro, da
minhas estratégias de contar sua vida”. Paulo,
representação política? Porque nos
por sua vez, devido ao caráter de seu texto, mais
preocupamos mais com a representatividade
centrado em um recorte empírico singular, não
quando os/as personagens são
chega a abordar esse tema.
desconhecidos/as? Alguém perguntaria pela
representatividade de um Getúlio Vargas, por Todas essas considerações remetem ao
exemplo? estatuto ambíguo da biografia, um “gênero de
fronteira” (AGUIAR, MEIHY e
O segundo aspecto que perpassa a
VASCONCELOS, 1997) ou um “gênero
maioria dos artigos diz respeito às tensões entre
híbrido” (DOSSE, 2009), praticado em vários
verdade e ficção na construção de narrativas
campos de produção discursiva, como o
biográficas, ponto particularmente sensível para
Jornalismo, a Literatura, o Cinema, a
a disciplina histórica que, desde a sua
Antropologia e a História, entre outros. Sem
constituição no século XIX, e não obstante a
adentrar no difícil e amplo debate relativo ao
crítica feita ao objetivismo empirista, tem na
caráter literário do discurso histórico, assinalo
busca da verdade o horizonte epistemológico e
apenas que a biografia exige do biógrafo muita
ético de seu fazer. Neste sentido, Silva acentua a
consciência de seus recursos narrativos, pois são
“dimensão técnica e histórico-social” da
eles que configuram o/a personagem que se quer
constituição dos arquivos pessoais e, com base

1 Para as noções de “campo de possibilidades” e “projeto”, ver VELHO, 1999.


48 BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.2, (2017) 44-49

analisar. Tais recursos não dizem respeito apenas biográfico do exilado” é “ir contra ‘heróis’ e
à forma, mas às próprias escolhas ‘mitos’ forjados”, atributo, segundo ela, de
epistemológicas do/a autor/a. Assim, por “quem tem coragem e dados para o fazer…”.
exemplo, a utilização de flashbacks e diálogos, tão Por fim, Silva assinala que “As referências
comum nas biografias literárias e jornalísticas, metodológicas da arquivística, em relação aos
pode ser de grande valia às biografias históricas, arquivos pessoais, podem causar um efeito de
para se expressar, por exemplo, o tempo da distorção da memória historicizada, pois sem o
memória e as relações dos indivíduos com os/as devido cuidado reafirmam a monumentalização
seus/suas contemporâneos/as. Como fazer isso dos homens notáveis, patrimonializados através
sem romper com os protocolos da operação de seus livros, objetos, móveis ou mesmo
historiográfica? O lugar acadêmico teria espaços edificados, em contraste com uma frágil
flexibilidade suficiente para permitir essas lembrança – na maioria das vezes fragmentada e
ousadias? Georges Duby dispensou as notas e reduzida à história oral – dos homens comuns”.
imaginou diálogos em seu Guilherme Marechal Tais afirmativas remetem, como disse
(1987) e Natalie Davis (2007) permitiu-se ela antes, aos dilemas éticos da biografia. Por um
própria dialogar com suas personagens do século lado, temos a tensão, seguidamente judicializada,
XVII, mas isso seria possível aos/às jovens
entre “direito à informação” e “direito à
historiadores/as que escrevem suas dissertações privacidade”, especialmente quando se tratam de
e teses? narrativas sobre pessoas famosas. Nessa
Por fim, o terceiro aspecto que transita perspectiva, concordo que um dos propósitos da
nos artigos que se seguem diz respeito à biografia é desfazer monumentos,
dimensão ética associada às biografias. Oliveira “desmitologizar” memórias oficiais e
lembra a tensão, inerente ao gênero biográfico, consolidadas a respeito dos/as personagens que
entre pretensão à verdade e vocação analisamos, o que pressupõe, sem dúvida, muita
moralizante. Assim, entre os biógrafos, “o pesquisa e, com frequência, coragem. Mas
problema da verdade encontra-se suspenso certamente não com a ideia de mostrar a
frente a outras questões que o gênero põe em “verdade” por trás dos mitos/monumentos (do
evidência, como a evocação da memória, a tipo “a verdade nunca antes revelada sobre...”,
exemplaridade e a afirmação de valores morais e tão comum às biografias sensacionalistas), e sim
coletivos”. Avelar, de maneira geral, fala do de analisar a construção histórica das narrativas
desejo implícito à biografia “de compreender o mitológicas/monumentais, os/as agentes que as
outro” e, ao tratar de sua investigação sobre edificaram, as disputas nelas envolvidas, os
Edmundo de Macedo Soares, diz que muitas de efeitos que provocaram, as versões que foram
suas descobertas iam de encontro “ao expurgadas.
monumento em que sua memória se Por outro lado, não creio que devamos
transformou”. Em suas palavras, “Tomá-lo negar completamente o valor moral das
como um pensador de uma forma autoritária de biografias. Não se trata de reativar o topos da
organização socioeconômica era provocar “história mestra da vida”, eixo do regime antigo
fissuras e tensões em uma matriz discursiva que de historicidade (HARTOG, 2013), o qual
estava próxima do caráter extraordinário do pressupõe a regularidade e a repetição. Mas
grande homem”. Já Paulo enfatiza que um dos talvez seja possível, sem abrir mão da “pretensão
“passos fundamentais para o historiador que à verdade”, tomarmos nossos/as personagens
pretende trabalhar com o exílio e, sobretudo, não como modelos a serem seguidos ou
para aqueles que, a partir de um arquivo pessoal, evitados, mas como inspirações para criarmos
pretendem reconstruir o trajecto político ou novos projetos de futuro, de modo a rompermos
BB Schmidt. Diálogos, v.21, n.2, (2017) 44-49 49

com o presentismo característico da VELHO, Gilberto. Projeto e metamorfose: antropologia das


sociedades complexas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999
contemporaneidade; como, parodiando Hannah
Arendt (2003, p. 9), “iluminações” em “tempos
sombrios”. Nesse sentido, me parece
fundamental atentar para as “frágeis
lembranças” dos “homens (e mulheres)
comuns”, de modo a reforçar o compromisso
político com a polifonia e com a pluralidade, de
modo a ampliar o nosso repertório de
referências históricas e, por conseguinte, de
possibilidades futuras.
Este texto trouxe mais questões e
problemas do que respostas e soluções. Sinal da
fertilidade dos artigos que lhe serviram de base.
Certamente os/as leitores/as, ao percorrê-los,
farão outras perguntas e proporão outras chaves
de leitura, evidenciando os múltiplos desafios
trazidos pela biografia ao campo do
conhecimento histórico

Referências
AGUIAR, Flávio; MEIHY, José Carlos Sebe e
VASCONCELOS, Sandra Guardini (orgs.). Gêneros de
fronteira: cruzamentos entre o histórico e o literário. São
Paulo: Xamã/Centro Angel Rama, 1997.

ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo:


Companhia das Letras, 2003.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO,


Janaína e FERREIRA, Marieta de Moraes (orgs.). Usos &
abusos da história oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1996.

DAVIS, Natalie Zemon. Nas margens: três mulheres do


século XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

DOSSE, François. O desafio biográfico: escrever uma vida.


São Paulo: EdUSP, 2009.

DUBY, Georges. Guilherme Marechal ou o melhor


cavaleiro do mundo. Rio de Janeiro: Graal, 1987.

FEBVRE, Lucien. Combates pela História. Lisboa:


Presença, 1985.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e


experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

LORIGA, Sabina. A biografia como problema. In:


REVEL, Jacques (org). Jogos de escalas: a experiência da
microanálise. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1998.

You might also like